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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE   UERN FACULDADE DE LETRAS E ARTES   FALA DEPARTAMENTO DE LETRAS ESTRANGEIRAS   DLE CURSO: LETRAS (HABILITAÇÃO EM LÍNGUA INGLESA E SUAS RESPECTIVAS LITERATURAS) JEAN CARLOS NOGUEIRA DE CARVALHO JÚNIOR  UM ESTUDO COMPARATIVO-DEMONSTRATIVO DOS SISTEMAS VOCÁLICOS DO PORTUGUÊS BRASILEIRO, INGLÊS BRITÂNICO E INGLÊS IRLANDÊS Mossoró  RN 2016

Monografia Jean - Fonética

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

 – UERN

FACULDADE DE LETRAS E ARTES  – FALA

DEPARTAMENTO DE LETRAS ESTRANGEIRAS  – DLE

CURSO: LETRAS (HABILITAÇÃO EM LÍNGUA INGLESA E SUAS

RESPECTIVAS LITERATURAS)

JEAN CARLOS NOGUEIRA DE CARVALHO JÚNIOR 

UM ESTUDO COMPARATIVO-DEMONSTRATIVO DOS SISTEMAS VOCÁLICOSDO PORTUGUÊS BRASILEIRO, INGLÊS BRITÂNICO E INGLÊS IRLANDÊS

Mossoró – RN

2016

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JEAN CARLOS NOGUEIRA DE CARVALHO JÚNIOR

UM ESTUDO COMPARATIVO-DEMONSTRATIVO DOS SISTEMAS VOCÁLICOS

DO PORTUGUÊS BRASILEIRO, INGLÊS BRITÂNICO E INGLÊS IRLANDÊS

Monografia apresentada à Faculdade de Letras e

 Artes da Universidade do Estado do Rio Grande doNorte – UERN, Departamento de Letras Estrangeiras – DLE, como requisito obrigatório para a obtenção dotítulo de Licenciado em Letras Habilitação em LínguaInglesa e Suas Respectivas Literaturas.

Orientador: Prof. Dr. Clerton Luiz Felix Barboza

Mossoró-RN

2016

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JEAN CARLOS NOGUEIRA DE CARVALHO JÚNIOR

UM ESTUDO COMPARATIVO-DEMONSTRATIVO DOS SISTEMAS VOCÁLICOS

DO PORTUGUÊS BRASILEIRO, INGLÊS BRITÂNICO E INGLÊS IRLANDÊS

Monografia apresentada à Faculdade de Letras e

 Artes da Universidade do Estado do Rio Grande doNorte  –  UERN, Departamento de LetrasEstrangeiras – DLE, como requisito obrigatório paraa obtenção do título de Licenciado em LetrasHabilitação em Língua Inglesa e Suas RespectivasLiteraturas.

Orientador: Prof. Dr. Clerton Luiz Felix Barboza

 Aprovada em ___ / ___ / ____

BANCA EXAMINADORA

 ___________________________________________Prof. Dr. Clerton Luiz Felix Barbosa (Orientador)

 ___________________________________________Prof. Esp. Wanderley da Silva (1º Examinador)

 ____________________________________________Prof. Me. José Mariano Tavares Junior  (2º Examinador) 

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Dedico esse trabalho de Monografia a todos

os meus familiares, professores, amigos e

alunos que constantemente me incentivaram

e incentivam na busca de todos os meus

objetivos profissionais e pessoais.

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AGRADECIMENTOS

 À minha família pelo apoio incondicional, em especial a minha mãe SusanaSousa e minha avó Alice, por sempre estarem lá quando preciso e por acreditarem na

minha capacidade. 

 Ao meu professor e orientador Clerton Luíz Felix Barbosa, por toda paciência

e atenção do mundo em me acompanhar nessa jornada, e me passar todo

conhecimento necessário para que eu conseguisse concluir este trabalho.

 Ao professor Mariano Tavares, por toda atenção e incentivo para que eu

voltasse pra Mossoró e terminasse o curso.

 Á professora Keyla Maria Frota Lemos, por toda atenção e orientação durante

a conclusão deste trabalho.

 Ao professor José Roberto Barbosa, por ter me apresentado a Linguística de

forma fácil e verdadeira.

 Ao professor Wanderley Da Silva por toda atenção e incentivo.

 À todos os outros professores da FALA no qual já tive a oportunidade de ser

aluno.

 À minha companheira Liviam Soares, por acreditar em mim, pelo incentivo

diário e ajuda nos momentos mais difíceis. Obrigado.

 À Maitê Lima, por tudo que fez por mim das vezes que estive na Irlanda, para

sempre grato.

 Ao Gerry Crowe, por ter me concebido a única oportunidade de trabalho em

Dublin, e assim nascer uma amizade.

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RESUMO

Este trabalho é o resultado de uma análise e demonstração dos sistemas

vocálicos de três variedades linguísticas: português brasileiro, inglês britânico e inglêsirlandês, através do estudo sobre a teoria e método das Vogais Cardeais. No primeiro

capítulo abordamos o estudo sobre as Vogais Cardeais Primárias e suas principais

características, e então seguimos em direção aos sistemas vocálicos postos à

investigação, análise, e comparação. De início demonstraremos o sistema vocálico do

português brasileiro com o foco exclusivo nas sete vogais tônicas, em seguida

fazermos uma pequena comparação com o sistema vocálico do inglês britânico

conhecido também por RP - Received Pronunciation, que também tem o seu sistema

vocálico analisado em referência às vogais cardeais. Finalizamos o nosso estudo

demostrando o sistema vocálico do inglês irlandês, como também características dos

sons das vogais dessa variedade, comparando também com o sistema vocálico e

algumas características de RP.

PALAVRAS-CHAVE: Sistema Vocálico, Vogais Cardeais, Português

Brasileiro, Inglês Britânico, Inglês Irlandês.

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ABSTRACT

This work is the result of an analysis and demonstration of the vowel systems

of three linguistic varieties: Brazilian Portuguese, British English and Irish English,through the study of the theory and method of Cardinal Vowels. In the first chapter we

approach the study of the Primary Cardinal Vowels and their main features, and then

headed towards the vowel systems made available to research, analysis and

comparison. Initially we demonstrate the vowel system of Brazilian Portuguese with

exclusive focus on the seven stressed vowels, then compare to the vowel system of

British English also known by RP - Received Pronunciation, which also has its vowel

system analyzed on the basis of the cardinal vowels. We end our study by

demonstrating the vowel system of Irish English, as well as the characteristics of some

vowel sounds that range this variety, and comparing it to the vowel system and

characteristics of RP.

KEYWORDS: Vowel System, Cardinal Vowels, Brazilian Portuguese, British

English, Irish English.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO  ............................................................................................ 10

2 FUNDAMENTAÇÂO TEÓRICA  .................................................................. 14

2.1  Introdução  ............................................................................................ 14

2.2 TEORIA DAS VOGAIS CARDEAIS....................................................... 14

2.2.1 Vogais Cardeais Primárias........................................................... 17

2.3 SISTEMA VOCÁLICO DO PORTUGUÊS BRASILEIRO ....................... 21

2.4 SISTEMA VOCÁLICO DO INGLÊS BRITÂNICO .................................. 25

2.5 SISTEMA VOCÁLICO DO INGLÊS IRLANDÊS........................................ 30

2.5.1 Irlanda Como Área Linguística ........................................................ 31

2.5.2 O Inglês De Dublin Nos Dias Atuais ................................................ 33

2.5.3 A Mudança Vocálica De Dublin........................................................ 36

2.5.4 Vogais No Inglês de Dublin .............................................................. 36

3 CONCLUSÃO  .............................................................................................. 40

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 42

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Extremos da região vocálica ................................................................ 16Figura 2 Figuras identificando a área vocálica no aparelho fonador .................. 17

Figura 3 Quadrilátero vocálico contendo as oito VC Primárias .......................... 18

Figura 4 : As Vogais Cardeais Primárias expressas em termos das principais

características articulatórias: (alto↔baixo); (anterior↔posterior) e

(arredondado↔não-arredondado) ...................................................................... 19

Figura 5 Quadro de classificação das vogais quanto ao arredondamento dos lábios,

anterioridade/posterioridade e altura. ................................................................. 20

Figura 6 Quadro das vogais do Português Brasileiro ......................................... 22

Figura 7 Representação de cada vogal tônica em uma palavra......................... 23

Figura 8 Quadro dos fonemas vocálicos do PB em distinção de abertura da

mandíbula........................................................................................................... 24

Figura 9 Quadrilátero vocálico com a localização das vogais do PB no dialeto de

Belo Horizonte .................................................................................................... 25

Figura 10 Atlas do som do Inglês na Inglaterra .................................................. 27

Figura 11 Símbolos fonêmicos das vogais de RP .............................................. 28

Figura 12 Vogais de RP localizadas dentro do diagrama das VC ...................... 29

Figura 13 Terminologia das ilhas britânicas ....................................................... 31

Figura 14 Irlanda como área linguística ............................................................. 33

Figura 15 Conjunto de realizações lexicais em cinco principais variedades de inglês

Irlandês .............................................................................................................. 35

Figura 16: Referências das vogais do inglês irlandês no aparato vocálico ........ 37

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1 INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como objetivo geral, analisar, demonstrar e comparar

os sistemas vocálicos de três variedades linguísticas, português brasileiro, inglês

britânico e inglês irlandês, através do estudo sobre a teoria e método das Vogais

Cardeais. A partir do estudo sobre as Vogais Cardeais Primárias, seguimos em

direção aos sistemas vocálicos postos à investigação, análise, e comparação.

No que remete os objetivos específicos deste trabalho iremos:

a) Fazer um estudo básico sobre a teoria das Vogais Cardeais com

foco nas Vogais Cardeais Primárias;

b) Fazer um estudo básico sobre o sistema vocálico do português

brasileiro com foco nas sete vogais tônicas;

c) Comparar o sistema vocálico do português brasileiro com inglês

britânico.

d) Analisar o sistema vocálico do inglês britânico

e) Analisar, demonstrar e comparar os sistema vocálico do inglês

irlandês em relação ao inglês britânico.

Buscamos então responder a seguinte pergunta: de que maneira os

sistemas vocálicos do inglês irlandês e britânico diferem do português brasileiro?

Temos por hipótese básica que os sistemas vocálicos do inglês irlandês

e britânico diferem do português brasileiro principalmente em relação à duração

das vogais em seus pontos de realização no seu quadrilátero vocálico.

Segundo Roberto Lado (1957, apud Souza, 1967) aponta que, para

compararmos dois ou mais sistemas de sons de línguas naturais, devemos

levantar pelo menos três perguntas: (1) a língua nativa tem algum fonemafoneticamente semelhante ao da língua alvo estudada? (2) as variantes são

similares entre as línguas? (3) os fonemas e suas variantes são similarmente

distribuídas?

Muitos trabalhos já fizeram estudos sobre comparações entre os sistemas

vocálicos do português do Brasil e o inglês, como Sousa em 1967 que fez uma

análise entre a fonologia do português brasileiro e inglês americano por exemplo.

 Aqui exploraremos além do sistema vocálico do português brasileiro, o inglêsbritânico, e com maior ênfase no sistema vocálico do inglês irlandês.

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 Alguns termos são utilizados para se referir ao inglês falado na Irlanda,

tais como: hiberno-inglês, anglo-inglês e inglês-irlandês. Neste trabalho será

usado o termo inglês-irlandês ou IR por denotar geograficamente a sua

localização. Aqui trataremos o estudo sobre as vogais do inglês falado na

República da Irlanda, mais precisamente na região do condado de sua capital

Dublin.

Sobre o inglês irlandês temos o conhecimento que no meio acadêmico há

vários trabalhos que registram toda sua área linguística, sendo ela estudada e

revista por vários autores ao longo do tempo, como Joyce (1910) com um dos

trabalhos pioneiros sobre essa variedade do inglês.

O inglês na Irlanda continuou ainda sendo estudado nos últimos anos,

dentre os autores principais podemos destacar Henry (1957), Bliss (1979), Wells

(1986), Hickey (2007) e Amador-Moreno (2010). Tais trabalhos são importantes e

que nos serve de valiosa fonte de pesquisa na ampliação do conhecimento de

como o inglês é falado na Irlanda.

Segundo Wells (1986), devemos reportar nossa atenção para algumas

principais influências históricas e linguísticas do inglês irlandês: a fixação e

relações linguísticas do inglês introduzidas e criadas pela colonização inglesa,

particularmente do oeste da Inglaterra (anglo-irlandês); do dialeto escocês, e o

tipo de sotaque escocês ligado a ele, introduzido pela parte norte da ilha pela

Escócia (Scotch-Irish); da língua indígena irlandesa em si, também conhecida

como gaélico, gaélico irlandês e/ou erse.

Para o estabelecimento da fonética e fonologia do inglês irlandês, é

necessário reconhecer e considerar alguns aspectos remanescentes da fonética

e fonologia do gaélico. No capítulo a respeito do inglês irlandês deste trabalho

realizaremos um estudo sobre todas essas e outras características a respeito dafonética e fonologia do sistema vocálico dessa variedade do inglês.

O inglês é uma língua falada por mais de oitocentos anos na Irlanda,

fazendo com que o inglês irlandês se tornasse a sua variedade mais antiga fora

da Grã-Bretanha. A globalização da língua inglesa é um assunto considerado

muito importante, principalmente para os futuros professores e alunos de língua

inglesa conhecerem as variedades regionais desse idioma.

Um fator importante na decisão e escolha do tema deste trabalho, é o fatode que muitos brasileiros nos últimos anos estão escolhendo a Irlanda como

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destino na intenção de ter uma experiência e aprender um segundo idioma na

Europa, estudar em universidades ou escolas de idiomas, trabalhar, ou imigrar.

 A facilidade de conseguir um visto para trabalho permanente e a grande

oferta de cursos de inglês oferecidos pelas escolas de idiomas na Irlanda, são um

dos principais fatores que muitos brasileiros têm escolhido esse país em busca

dessa experiência. O Brasil é o segundo país não europeu com o maior número

de residentes na Irlanda, de acordo com o site do Irish Naturalisation and

Immigration Service (INIS), responsável pelo controle de imigração do país.

Por ter tido a oportunidade de viver na capital Dublin , este autor deparou

com algumas experiências vividas por estudantes e imigrantes brasileiros em suas

tentativas na aprendizagem e comunicação em inglês, e em suas dificuldades em

ouvir e/ou entender o inglês irlandês falado pelos nativos. A maioria dessas

pessoas enquanto estudaram inglês no Brasil, estiveram em maior parte expostos

ao inglês norte americano ou inglês britânico.

 Assim foi observado que a diferença entre essas variações linguísticas

como um dos principais fatores para esses brasileiros irem de encontro com a

deficiência no entender ou compreender o inglês falado pelo os irlandeses.

 Aqui fazemos uma busca maior sobre o conhecimento dessa variação do

inglês. Por ser um dos poucos trabalhos que abordam estudos sobre fonética e

fonologia do inglês irlandês no Brasil, e por termos o conhecimento do valor do

estudo aqui apresentado, acreditamos ser um ponto importante na área de

estudos sobre aprender e ensinar a pronuncia de outras variedades do inglês.

 A modalidade de pesquisa adotada para esse trabalho é bibliográfica,

descritiva quanto aos seus objetivos, e qualitativa em relação a sua abordagem.

Este trabalho é resultado do estudo e de coleta dos principais trabalhos já

publicados que apresentam estudos sobre o inglês na Irlanda, e estudos emfonética e fonologia das vogais do inglês irlandês, inglês britânico e do português

brasileiro. Intencionamos organizar um panorama básico sobre como identificar

as diferenças e semelhanças das vogais na fala dessas três variações.

No início da introdução deste trabalho, falamos inicialmente sobre o nosso

objetivo, analisar e comparar os sistemas vocálicos de três variedades linguísticas

através do estudo sobre a teoria e método das Vogais Cardeais com foco na

Vogais Cardeais Primárias. Discorremos um pouco sobre o inglês irlandês durante

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sua história, e principais trabalhos que abordam a fonética e fonologia dessa

variedade.

No primeiro capítulo, abordaremos a respeito da teoria das vogais

cardeais com o foco nas vogais cardeais primárias, tendo como base

fundamentada os trabalhos de Jones (1917) e Abercrombie (1967) a fim de

orientar o futuro leitor como identificar essas vogais no aparelho fonador.

No segundo capítulo, direcionamos o nosso estudo para o sistema

vocálico do português brasileiro, a partir daqui abreviado para PB, com o foco nas

sete vogais tônicas.

No terceiro capítulo, descrevemos o sistema vocálico do inglês britânico,

a partir daqui abreviado para RP, com base em Jones (1976), Abercrombie (1967)

entre outros.

No quarto capítulo, buscamos descrever o sistema vocálico do IR, e

comparar esse sistema com o sistema vocálico de RP.

No quinto e último capítulo, teremos a conclusão de todos os resultados

obtidos no nosso estudo.

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2 FUNDAMENTAÇÂO TEÓRICA

2.1 Introdução

Os estudos sobre a descrição vocálica das línguas naturais se deu através

de dois grandes ramos com objetivos parecidos mas com métodos diferentes.

Esses estudos envolvem descrições vocálicas de cunho articulatório ou acústico,

para obtermos uma descrição mais plausível de sistemas vocálicos devemos

utilizar ambos estudos, nesse trabalho somente o primeiro ramo será pertinente

ao nosso estudo.

O primeiro ramo e pioneiro, no qual foi baseado em observações

articulatórias, resultou em uma importante descrição qualitativa da produção

vocálica das línguas naturais envolvendo a produção das vogais com relação a

um determinado parâmetro articulatório-auditivo estabelecido. Tal parâmetro

consiste de um sistema de oito vogais denominadas Vogais Cardeais.

Pela realização e comparação das Vogais Cardeais, um linguista poderia

com grande nível de eficiência descrever o sistema vocálico de uma dada língua.

O desenvolvedor dessa teoria foi o professor britânico Daniel Jones (1881-1967),

utilizando pela primeira vez em seu dicionário de pronúncia do dialeto do sul daInglaterra chamado English Pronouncing Dictionary . Trataremos sobre a teoria

das Vogais Cardeais na seção 2.2 e sobre as Vogais Cardeais Primárias em 2.2.1

2.2 TEORIA DAS VOGAIS CARDEAIS

 Através da teoria e do método das Vogais Cardeais nos permite

caracterizar qualquer segmento vocálico de qualquer língua natural. A ideia de

adotar-se um sistema de pontos de referência para a classificação de vogais foi

inicialmente proposta por Ellis (1844, apud  Abercrombie, 1967). O termo “cardeal”

se refere ao sistema de quatro pontos geográficos inicialmente determinados por

Bell (1867). As vogais do inglês mais tarde foram classificadas na primeira edição

do “English Pronouncing Dictionary”  em 1917 pelo professor Daniel Jones a partir

da teoria das Vogais Cardeais, como foi dito anteriormente. 

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 Atualmente o IPA (International Phonetic Alphabet) classifica as vogais de

acordo com tal método IPA (1982, 1996).

Uma Vogal Cardeal, abreviada (VC), é definida segundo Abercrombie

(1967) como:

... um ponto de referência fixo e imutável estabelecido dentro do limiteda área vocálica, ao qual qualquer outro som vocálico pode serrelacionado diretamente. Um conjunto destes pontos de referênciaconstitui um sistema de vogais cardeais e qualquer vogal em qualquerlíngua pode ser 'identificada' neste sistema. (Abercrombie (1967:151)

 As vogais são produzidas em uma área relativamente pequena da boca,

assim temos: as vogais palatais (as mais frontais), vogais velares (parte posterior),

a língua que pode ficar mais para frente ou mais para parte de trás, mais alta ou

mais baixa, e os lábios que podem ser mais ou menos arredondados.

Quando uma vogal é produzida, o dorso da língua, região mais importante

para a produção vocálica, sempre apresenta a forma de uma pequena elevação.

Existem certos limites dentro da cavidade bucal para que o posicionamento dessa

elevação produza sons vocálicos e não consonantais.

 A forma da área na qual a língua se move é idealizada de modo a formar

um quadrilátero, onde a posição de cada som diferente de vogal pode ser marcada

por um ponto.

 As principais características do sistema das vogais cardeais podem ser

classificadas segundo Abercrombie (1967) como:

  As VC são selecionadas arbitrariamente; uma VC é um recurso

descritivo não pertencente a nenhuma língua.

  As VC são de qualidade invariável e exatamente determinadas.

  As VC são vogais periféricas: o ponto mais alto da língua para cada

uma delas ocorre nos limites extremos da área vocálica (linha

periférica).

  As VC são auditivamente equidistantes.

  As VC são em número de oito.

 A área vocálica compreende a parte da cavidade bucal onde a língua

assume diferentes posições articulatórias como mencionamos antes, e é

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delimitada por uma linha periférica representada por uma figura trapezoide

abstrata denominada quadrilátero vocálico. Contudo segundo Abercrombie

(1967), a região vocálica periférica é mais semelhante a um formato oval.

 A primeira vogal encontrada é produzida com a língua na mais alta

posição e anterior possível na cavidade bucal se posicionando ao palato, assim

temos: o som [i]. A segunda vogal delimitada é produzida com o posicionamento

da língua mais baixa e posterior possível puxando-a para a garganta, assim

temos: o som [ɑ ]. 

 Abaixo temos uma representação das extremidades da área vocálica, o

ponto assinalado na porção mais alta da figura indica o ponto da VC [i], e o seu

correspondente assinalado na porção inferior a localização da VC [ɑ ]. 

Figura 1 Extremos da região vocálica

Fonte: Adaptada de ABERCROMBIE, 1967 

 A figura a seguir mostra as duas formas da área vocálica em duasperspectivas, a da esquerda representa a área vocálica sugerida por Abercrombie

(1967), em formato oval da área, e a figura da direita indica a representação em

forma de trapézio proposta por Jones. A representação da área vocálica em forma

de trapézio passa a predominar na literatura, Cristófaro Silva (1999).

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Figura 2 Figuras identificando a área vocálica no aparelho fonador

Fonte: Cristófaro Silva, 1999.

 Aqui fechamos o capítulo a respeito da teoria geral da Teoria das Vogais

Cardeais, no capítulo a seguir reportamos nosso estudo a respeito das Vogais

Cardeais Primárias.

2.2.1 Vogais Cardeais Primárias

 As Vogais Cardeais Primárias são enumeradas de 1 a 8 em sentido anti-

horário, o ponto VC1 corresponde à vogal [i] e o ponto VC5 corresponde à vogal

[ɑ]. Em direção descendente entre VC1 e VC5 temos três pontos equidistantes,

esses três pontos correspondem respectivamente às vogais cardeais VC2, VC3,

VC4. Nos outros três pontos equidistantes em direção ascendentes em relação a

VC1 e VC5 estão respectivamente as vogais VC6, VC7, VC8.

 Assim temos oito vogais cardeais primárias representadas por seus

símbolos também representadas na Figura 3.

VC1 [i] VC2 [e] VC3 [ɛ] VC4 [a] VC5 [ɑ] VC6 [ɔ] VC7 [o] VC8 [u] 

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Figura 3 Quadrilátero vocálico contendo as oito VC Primárias

Fonte: Adaptada de INTERNATIONAL PHONETIC ASSOCIATON, 1999.

O procedimento apresentado a seguir para classificar vogais cardeais

primárias, nos permite definir todos os pontos da linha periférica e caracterizarmos

a área vocálica.

Este contorno da linha periférica da área vocálica pode ser observado ao

pronunciarmos em sequência as vogais primárias [i, e, ɛ, a, ɑ , ɔ, o, u].

Uma articulação produzida na linha periférica ou na área interior

delimitada por esta linha periférica será um segmento vocálico. Segmentos que

são produzidos fora da linha periférica correspondem a segmentos consonantais.

Um segmento consonantal é um som que ao produzido obtém algum tipo

de obstrução nas cavidades supraglotais para que haja total ou parcial obstrução

da corrente de ar, podendo haver ou não haver fricção. Diferente de um segmento

consonantal um segmento vocálico é um som que para ser produzido, não há

interrupção da passagem da corrente de ar na linha central, não havendo assim

obstrução ou fricção no trato vocálico.

Vale aqui salientar que as cinco primeiras Vogais Cardeais [i], [e], [ɛ], [a], 

e [ɑ ]  respectivamente, não apresentam arredondamento labial ao serem

produzidas, por outro lado as VC [ɔ], [o], [u],  possuem arredondamento labial

progressivo em suas características de realização.

 Abercrombie (1967) enfatiza a identificação dos parâmetros articulatórios

de altura (alto ↔ baixo) e de posição da língua (anterior ↔ posterior). Ladefoged

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(1996) sugere que o diagrama das VC incorpore o parâmetro articulatório

referente à posição dos lábios (arredondado ↔ não-arredondado). Assim temos

esta proposta na representação tridimensional das VC Primárias representada

abaixo.

Figura 4: As Vogais Cardeais Primárias expressas em termos das principais característicasarticulatórias: (alto↔baixo); (anterior↔posterior) e (arredondado↔não-arredondado)

Fonte: Christofaro silva, 1999.

Segundo Barboza (2008.p.24), todos os sons consonantais ou vocálicos

podem ser decompostos em traços acústicos-articulatórios que em seu conjunto

compõem características referente a um dado som, tais traços estariam

relacionados à caracterização de vogais. A partir de Chomsky e Halle (1968, apud  

Barboza, 2008), são apresentados em sequência alguns traços pertinentes à essa

discussão.

a) Vocálico – não-vocálico: sons vocálicos são produzidos na cavidade oral

de forma que a constrição mais radical não exceda a altura das vogais

[i] e [u] e cujas cordas vocais produzam o vozeamento;

b) Alta – não-alta: sons altos são produzidos pela elevação da língua acima

do nível ocupado pela mesma em posição neutra;

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c) Baixa – não-baixa: sons baixos são produzidos pelo posicionamento da

língua abaixo do nível ocupado por ela na posição neutra;

d) Posterior – não-posterior: sons posteriores são produzidos pela retração

do corpo da língua em relação à posição neutra;

f) Arredondado  – não-arredondado: sons arredondados são produzidos

com um estreitamento dos lábios.

No quadro abaixo podemos ver uma representação da classificação das

vogais cardeais primárias quanto ao arredondamento dos lábios,

anterioridade/posterioridade e altura, adaptado de Cristófaro Silva (1999).

Figura 5 Quadro de classificação das vogais quanto ao arredondamento dos lábios,anterioridade/posterioridade e altura.

Fonte: Cristófaro Silva 1999.

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Como mencionado antes, através da teoria e do método das Vogais

Cardeais podemos caracterizar qualquer segmento vocálico de qualquer língua

natural. É de suma importância o conhecimento de tal teoria por parte do

estudante de fonética a fim de explorar qualquer sistema vocálico com a intenção

de expandir o seu estudo sobre os sons de uma determinada língua.

 Aqui encerramos a seção sobre a Teoria das VC e o método das VC

Primárias. Na próxima seção faremos uma introdução básica acerca das vogais

do PB, direcionamos nosso estudo para a sistematização das vogais do PB a partir

do conhecimento e estudo das VC e iremos compará-las com as vogais do inglês

britânico.

2.3 SISTEMA VOCÁLICO DO PORTUGUÊS BRASILEIRO

O português é uma língua do subgrupo das línguas românicas, tem uma

variedade que é falada no Brasil com cerca de 205 milhões de habitantes (IBGE,

Censo Demográfico 2013). Neste capitulo trataremos e daremos foco as sete

vogais tônicas existentes no sistema vocálico do PB, da aplicação da Teoria dasVC e uma caracterização básica.

Desde o começo da nossa alfabetização somos ensinados que no

alfabeto da língua portuguesa do Brasil existem cinco vogais. No entanto em

relação aos estudos das vogais do português brasileiro, se vai muito além do que

cinco símbolos usados para representá-las. A língua oral apresenta na verdade

sete fonemas vocálicos que se comportam de maneira específica, dependendo

da sua posição em relação ao acento tônico.Discursamos aqui sobre as vogais do PB baseando-se nas discussões de

Cristófaro Silva (1999,2001), Marusso (2003), Câmara Jr (1995).

O português do Brasil apresenta um quadro de vogais que são definidas

de acordo com a posição da sílaba a que pertencem em relação à tonicidade da

palavra, e mutáveis dependendo do processo de neutralização que sofrem.

 A melhor opção para podermos com plenitude caracterizarmos as vogais

do PB e identificar as suas variedades, é através da tonicidade das sílabas da

palavra, no sentido de que a sílaba tônica é o contexto ideal para representá-las.

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 A sílaba tônica é a sílaba mais proeminente da palavra, as sílabas menos

proeminentes se denominam sílabas átonas, sendo assim as sílabas átonas antes

da tônica se denominam pretônicas e as depois se denominam pós-tônicas.

 A seguir temos uma representação básica do quadro das sete vogais

tônicas do PB.

Figura 6 Quadro das vogais do Português Brasileiro 

Fonte: Barboza 2008.

Podemos assim observar que as vogais tônicas do PB assumem um

quadro categórico composto de sete vogais /i, e, ɛ, a, ɔ, o, u/ distribuídas em todas

as posições possíveis e em formato triangular invertido apresentando

características próprias e não possuindo as mesmas características de articulação

em relação as Vogais Cardeais.

Os segmentos vocálicos do PB podem assumir essas setes

representações sem apresentar variações de um dialeto para o outro, exceto os

pontos no qual apresentam uma diferença na produção dessas vogais entre as

pessoas do nordeste e sul/sudeste do Brasil.

Segundo Leite e Callou (2002) no falar do nordeste brasileiro falantes

nativos dessa região preferem realizações abertas dos sons vocálicos médios: [ɛ] 

e [ɔ].  No sul/sudeste do país, entretanto, encontramos preferencialmente

realizações fechadas: [e] e [o]

Em termos de qualidade articulatória podemos classificar as vogais orais

tônicas do PB, em seus diferentes dialetos, da seguinte maneira:a) /i/ - vogal alta, anterior, não-arredondada

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b) /e/ - vogal média-alta, anterior, não-arredondada

c) /ɛ/ - vogal média-baixa, anterior, não-arredondada

d) /a/ - vogal baixa, central, não-arredondada

e) /ɔ/ - vogal média-baixa, posterior, arredondadaf) /o/ - vogal média-alta, posterior, arredondada

g) /u/ - vogal alta, posterior, arredondada

 A seguir temos uma representação de cada vogal tônica em uma palavra.

Figura 7 Representação de cada vogal tônica em uma palavra

Fonte: Christofaro silva, 1999.

Em Silva (2007), ao estabelecer-se o inventário dos fonemas vocálicos do

português, nota-se que essa língua faz uso de todas as distinções possíveis

quanto ao parâmetro “abertura de mandíbula”, ou seja, distinguem-se vogais

abertas de fechadas, fechadas de meio-fechadas e estas de meio-abertas, e

assim por diante.

Este não é um fato comum nas línguas do mundo: o português é uma das

poucas línguas que organiza seu sistema vocálico com base na distinção de

abertura da mandíbula.

 A seguir temos um quadro dos fonemas vocálicos do PB em distinção de

abertura da mandíbula por Adelaide H. P. Silva. (2007)

/i/ m[i]co

/e/ m[e]do

/ɛ/ m[ɛ]tro

/a/ m[a]to

/ɔ/  m[ɔ]to

/o/ m[o]rro

/u/ m[u]ro

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Figura 8 Quadro dos fonemas vocálicos do PB em distinção de abertura da mandíbula

Fonte: Silva. 2007 

Podemos caracterizar as vogais do português em relação com a VC mais

próxima de seu ponto de produção vocálica, apresentamos aqui uma descrição

de cada uma das vogais em questão (dialeto de Belo Horizonte).

a) a realização da vogal /i/ do PB é mais baixa e posterior que a VC [i];

b) a realização da vogal /e/ do PB é bastante próxima à VC [e];

c) a realização da vogal /ɛ/ do PB é bastante próxima à VC [ɛ];

d) a realização da vogal /a/ do PB é mais recuada e ligeiramente mais

elevada que a VC [a];

e) a realização da vogal /ɔ/ do PB é bastante próxima à VC [ɔ];

f) a realização da vogal /o/ do PB é bastante próxima à VC [o];

g) a realização da vogal /u/ do PB é mais baixa que a VC [u].

Para uma melhor representação e compreensão das descrições acima,

temos abaixo a figura de um quadrilátero vocálico do dialeto de Belo Horizonte,

apresentado por Cristófaro Silva (1994, apud  Cristófaro Silva, 1999).

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Figura 9 Quadrilátero vocálico com a localização das vogais do PB no dialeto de Belo Horizonte

Fonte: Cristófaro Silva 1994.

Diferenças de duração vocálica são normalmente encontradas em nossa

língua materna apenas quando comparamos sílabas tônicas (mais longas) e

átonas (mais curtas). Podemos, pois, dizer que o traço de duração vocálica no PB

associa-se à realização de acento tônico, não servindo como um diferenciador

entre diferentes fonemas em uma mesma posição prosódica, Barboza (2008).

 Assim podemos concluir que o PB além de possuir algumas diferenças na

produção e localização das vogais em relação as VC ele é mais compacto. Há

então um consenso entre os linguistas quanto às vogais orais tônicas do PB que

são /i, e, ɛ, a, ɔ, o, u/ determinadas. As vogais do Português não possuem distinção

envolvendo aspectos de alongamento vocálico em nível fonêmico, como no

Inglês.

2.4 SISTEMA VOCÁLICO DO INGLÊS BRITÂNICO

Neste capitulo abordaremos basicamente o sistema vocálico do inglês

britânico em relação às vogais cardeais.

Há muitos sotaques e dialetos diferentes em toda a Inglaterra e as

pessoas muitas vezes são muito orgulhosas de seu sotaque local ou dialeto. No

entanto, sotaques e dialetos também destacam as diferenças de classes sociais

e idade.

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Escreveu Wells (1982) que os três maiores grupos de dialeto reconhecível

na Inglaterra são: Southern English dialects, Midlands English dialects e Northern

English dialects. 

O sotaque do inglês britânico mais conhecido pelas pessoas fora do Reino

Unido é o Received Pronunciation, Wells (1982). Muitas vezes abreviado para RP,

é um sotaque de inglês falado na Inglaterra. Ao contrário de outros sotaques do

Reino Unido, não é identificado como uma região específica ou como um grupo

social particular, embora tenha ligações com o sotaque do sul da Inglaterra. RP

está associado com falantes escolarizados e discurso formal.

 Ao escrever seu dicionário de pronuncia em 1916, o foneticista Daniel

Jones descreveu RP como o sotaque " geralmente mais ouvido na fala cotidiana

nas famílias de pessoas do sul inglês, que foram educadas nos grandes colégios

públicos". Embora esta descrição não agrade a muitos, RP ainda é o sotaque

geralmente representado nos dicionários, ou pela rede de comunicação BBC, e

também usado como modelo para o ensino de inglês como língua estrangeira.

Talvez por essa razão, RP é muitas vezes visto como um sotaque

imutável; um padrão contra o qual outros acentos podem ser medidos ou julgados.

Há uma variação considerável dentro de grupos de pessoas que são ditas

falantes de RP, o termo é interpretado por pessoas diferentes, e RP em si mudou

consideravelmente ao longo do tempo. A seguir uma representação básica do

mapa do dialeto do inglês britânico.

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Figura 10 Atlas do som do Inglês na Inglaterra

Fonte (http://www.picturesofengland.com) 

O inglês britânico RP é geralmente descrito como tendo vogais breves,

vogais longas e ditongos, Wells (1997). A duração vocálica pode ser distintiva emvárias línguas, como no inglês.

Em inglês, as vogais cardeais estão ligadas a conjuntos lexicais para

padronizar as percepções de localização da vogal ao longo da alta anterior aos

baixos pares posteriores. Todas as variedades inglês empregam os mesmos

fonemas, mas nem todas as variedades empregam os fonemas com as mesmas

palavras. Por exemplo, em inglês britânico RP, a palavra happy  tem um fonema

/i/ pronunciado, na ortográfica /y/, enquanto em inglês americano GA, o General

 American, tem um fonema /I/ pronunciado, na ortográfica /y/.

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 A variedade RP do inglês britânico, com vinte fonemas vocálicos (inglês

padrão americano tem quinze), tem um sistema vocálico relativamente grande, o

que é característico de línguas germânicas (a sueca tem ainda mais vogais).

Em RP há sete vogais curtas, cinco vogais longas e oito ditongos. As doze

primeiras vogais e seus correspondentes símbolos fonêmicos são mostrados na

figura abaixo para uma maior facilidade na identificação dessas vogais no

quadrilátero vocálico.

Figura 11 Símbolos fonêmicos das vogais de RP 

Fonte: Adaptado de Wells 1997.

 A seguir podemos ver as vogais de RP localizadas dentro do diagrama das

VC baseado em Wells (1997). As vogais fora da figura são as próprias Vogais

Cardeais.

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Figura 12 Vogais de RP localizadas dentro do diagrama das VC

Fonte: Adaptado de Wells (1997) 

 Assim temos as vogais de RP descritas e classificadas em relação as

vogais cardeais:

a) [i:] – anterior fechada não-arredondada como em see /si:/ 

b) [i] – anterior fechada não-arredondada como em bit  / bit/

c) [ɛ] – anterior fechada não-arredondada como em pen / pɛn/

d) [a] – anterior aberta não-arredondada como em man /man/ 

e) [ɑ ] – anterior aberta mais pra trás que pra frente, lábios neutros como

em star /stɑ:/

f) [ʌ] - central meio-aberta não-arredondada como em cup /k ʌ p/ 

g) [ɜ:] – central entre meio-aberta e meio-fechada não-arredondada como

em bird / bɜ:rd/ 

h) [ə] – central entre meio-aberta e meio-fechada não-arredondada como

attack / əˈtæk / 

i) [ɔ] – posterior meio-aberta com lábio ligeiramente arredondado como

em hot  /hɔt/

 j) [ɔ:]  – posterior intermediária entre aberta e semi-aberta arredondada

como em thought /θɔːt/

k) [ʊ] – posterior fechada arredondada como em good  /gʊd/

l) [u:] – posterior fechada arredondada como em moon /mu:n/

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 Assim podemos observar que as vogais em RP são bem próximas em

relação as vogais cardeais em seu posicionamento, apresenta também uma breve

ou quase nenhuma diferença principalmente nas vogais centrais.

Fechamos aqui nossa análise acerca do sistema vocálico de RP, no

capítulo a seguir trataremos sobre o inglês irlandês e sobre o seu sistema vocálico.

2.5 SISTEMA VOCÁLICO DO INGLÊS IRLANDÊS

 A fonologia do inglês irlandês é derivada de muitas variedades diferentes

na Irlanda, que partilham características, mas que são distintas. Está além do

escopo deste trabalho lidar com as diferenças e todos os detalhes, portanto, a

“noção geral” será tratada aqui. Se alguém é interessado em olhar mais de perto

a pronúncia de variedades de IR, o melhor ponto de partida é observar o A Sound

 Atlas of Irish English que contém mais de 1.500 gravações de oradores de toda a

ilha, de diferentes faixas etárias e ambos os sexos, das cidades e do campo etc.

 A fim de lidar com a fonologia aqui teremos uma sistema de conjunto

lexical, originalmente concebido por John Wells e apresentado em Wells (1982),

aqui oferecido no decorrer deste capítulo.

 Alguns termos são utilizados para se referir ao inglês falado na Irlanda,

tais como: hiberno-inglês, anglo-inglês e inglês-irlandês. Neste trabalho será

usado o termo inglês-irlandês ou IR por denotar geograficamente a sua

localização. Aqui trataremos o estudo sobre as vogais do inglês falado na

República da Irlanda, mais precisamente na região do condado de sua capital

Dublin.

Segundo Wells (1986), devemos direcionar nossa atenção para algumas

principais influências históricas e linguísticas do inglês irlandês: a fixação e

relações linguísticas do inglês introduzidas e criadas pela colonização inglesa,

particularmente do oeste da Inglaterra (anglo-irlandês); do dialeto escocês e o tipo

de sotaque escocês ligado a ele, introduzido pela parte norte da ilha pela Escócia

(Scotch-Irish); da língua indígena irlandesa em si, também conhecida como

gaélico, gaélico irlandês e/ou erse.

Nos capítulos seguintes mostraremos algumas outras características

pertinentes encontradas na nossa pesquisa sobre o IR.

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2.5.1 Irlanda Como Área Linguística

Começamos nosso estudo sobre as vogais do inglês irlandês conhecendo

a Irlanda em relação a Inglaterra geograficamente como mostra a figura seguinte.

.

Figura 13 Terminologia das ilhas britânicas

Fonte: http://www.thejournal.ie/

O Inglês Irlandês, como a mais antiga variedade do Inglês fora da Grã-

Bretanha, tem um grande número de características que são únicas da Irlanda.

Muitas dessas características refletem a interação e influências do

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estabelecimento da Inglaterra e Escócia, trazendo elementos do dialeto britânico,

e a relação do inglês com a língua irlandesa, como já posto na nossa introdução.

Podemos dizer que o inglês hoje falado na Irlanda é um resultado de três

principais influências linguísticas que moldaram essa variedade, são eles: o Inglês

introduzido pela Inglaterra, o Gaélico Escocês (principalmente falado na parte

norte da Inglaterra); e por último não menos importante, o Gaélico Irlandês, língua

nativa da Irlanda, que hoje tem o status de língua oficial na República da Irlanda

(Wells, 1982, 417).

 Algumas características dessa mistura continuaram desde os primeiros

tempos até o presente, outras desapareceram com o aumento da

homogeneização do inglês irlandês. Mudanças internas do próprio dialeto, novos

elementos e influências linguísticas, ainda continuam desenvolvendo a língua.

 A Irlanda linguisticamente é dividida em suas principais regiões, como

mostra a figura a seguir.

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Figura 14 Irlanda como área linguística

Fonte: Irish English Resource Centre 

2.5.2 O Inglês De Dublin Nos Dias Atuais

Nesse capítulo exploraremos um pouco o inglês falado em Dublin e em

todo seu condado, mostrando as principais variações e mudanças regionais entre

as maiores cidades dessa região.

Dublin é considerada a principal força que molda hoje o inglês na Irlanda,

consequência da sua importância regional e também por conta do grandecrescimento econômico que aconteceu nos anos 80 e 90, culminando em seu

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status de metrópole, que aumentou suas conexões internacionais, imigração de

estrangeiros, e expansão de sua população.

Essas mudanças econômicas e demográficas criaram muitas

consequências na pronúncia do inglês na cidade. Em seu estudo “Irish English,

Research and Developments”, Hickey menciona umas das principais

características dos sons de vogais do Inglês em Dublin, denominada Dublin Vowel

Shift   (Mudança da Vogal em Dublin), tendo assim uma elevação e

arredondamento das vogais baixas posteriores (/ ɒ/→/ɔ/, / ɒː/→/ɔː/, /ɔː/→/oː/),

retração do ditongo /ai/ (/aɪ/→/ɑɪ/), e aumento do ditongo / ɒɪ/ (/ ɒɪ/→/ɔɪ/→/oɪ/)

(Hickey 2007, 26).

Para melhor entendimento da figura 15 a seguir, aconselhamos um estudo

prévio e aprofundado no reconhecimento dos símbolos dos sons apresentados

nesse conjunto lexical.

Um conjunto lexical consiste de um grupo de palavras no qual todas têm

a mesma pronúncia para um determinado som de uma determinada variedade.

Por exemplo, o conjunto lexical TRAP é usado para se referir a pronúncia que os

falantes de uma variedade tem pra /æ/. Então, se os falantes usam [a] ou [ε] em

TRAP é esperado que eles irão usar [a] ou [ε] em todas as outras palavras que

contêm esta vogal, palavras como bad, latter, shall. A vantagem disto é que, em

vez de falar sobre a vogal /æ/ em variedade x, pode-se simplesmente se referir à

essa vogal na lexical TRAP.

Conjuntos lexicais foram apresentados pela primeira vez de forma

explícita no terceiro volume de Accents Of English de John C. Wells, Wells (1982)

citado por Hickey (2007).

Estes foram destinado a cobrir as vogais de RP e suas realizações em

sotaques do inglês em todo o mundo. No entanto, tornou-se cada vez maisevidente que o grupo não foi suficiente para lidar com as distinções fonéticas

presentes em muitas formas de Inglês fora de RP. Na figura 15 podemos analisar

um escopo do conjunto de realizações lexicais de vogais em cinco principais

variedades hoje presente no inglês irlandês

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Figura 15 Conjunto de realizações lexicais em cinco principais variedades de inglês Irlandês

Fonte: Irish English Resource Centre

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2.5.3 A Mudança Vocálica De Dublin

Na atual Irlanda a principal instância da mudança linguística é sem dúvida

essa mudança na pronúncia do inglês de Dublin. Para entender o funcionamento

dessa mudança é preciso perceber que no decurso da década de 1980 e 1990 a

cidade passou por uma expansão sem precedentes no tamanho da sua população

como foi já mencionado anteriormente. Os imigrantes que chegaram lá

principalmente para aproveitar as oportunidades de emprego resultantes do boom 

econômico, formaram um grupo de falantes socialmente móveis, e essa parte da

população tem sido a chave local principal para a mudança da língua.

 A mudança que surgiu nas últimas duas décadas do século 20 foi denatureza reativa: alto-falantes começaram a se afastar em sua fala dapercepção do popular Inglês de Dublin, um caso clássico de dissociaçãoem um ambiente urbano. Esta foi uma dissociação foneticamenterealizada por uma reversão do unrounding e redução das vogais típicasdo Inglês de Dublin. (Hickey 2003 p.9. Tradução nossa).

 A reversão foi sistemática em natureza, com arredondamento das baixas

vogais posteriores e a retração do ditongo /ai/ e a elevação do ditongo />i/,

representando a maioria dos elementos salientes dessa mudança (Hickey 2003b).

2.5.4 Vogais No Inglês de Dublin

Salientamos que os estudos aqui apresentados são resultados dos

principais trabalhos encontrados no âmbito à respeito de IR, boa parte das

informações aqui encontradas foram retiradas do site Irish English Resource

Centre e em Hickey (2007) no seu trabalho Irish English History And Present Day

Forms.  A seguir temos uma figura representando algumas principais

características de vogais de IR, Hickey (2007). 

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Figura 16: Referências das vogais do inglês irlandês no aparato vocálico

Fonte: Hickey 2007. 

Vogais Longas: quase todas as vogais que ocorrem de forma

independente também podem ser encontrada antes de /r/. Como IR é rótico não

há ditongos correspondentes à /ə, εə, υə / em RP.

Vogais curtas: A distinção entre /æ/ e /a:/ é fraca, há uma tendência para

retrair /æ/ especialmente antes consoantes vozeadas como em man /mæn/,

falantes mais conservadores podem ter /æ/ para [ε] em many  e any . A vogal meio-posterior /ʌ/ tem uma realização mais para trás do que RP como em burn sendo

[ bʌn] e não [ ban] como em RP. Vogais curtas normalmente fundem-se com /r / para

se obter um longo rotacismo de vogal, explicamos melhor sobre o termo rótico e

rotacismo no parágrafo à respeito do Local Dublin English.

Redução de vogal: O schwa /ə/ é encontrado como uma vogal pretônica e

curta, como em about  [ə baʊt].

Local Dublin English  (ou popular Inglês de Dublin) aqui refere-se a um

tradicional e ampla variedade da classe trabalhadora falada na capital Dublin. É a

única variedade do inglês irlandês que na história anterior era não-rótico; no

entanto, é hoje fracamente rótico.

Diz-se rótico quando /r / é pronunciado no final da sílaba, ao contrário de

sotaques não-cirróticos que apenas o marcam como uma extensão da vogal

anterior no qual /r / é pronunciado antes de uma consoante como em hard  e nas

extremidades de palavras como em far .

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O inglês local de Dublin tem uma centralização para /ai/, ou seja, [əi]. O

sotaque de Dublin local também é conhecido por um fenômeno chamado de

"quebra da vogal", em que os sons das vogais /aʊ/, /aɪ/,  /uː/, e /iː/  em sílabas

fechadas são "quebradas" em duas sílabas, aproximando de [ɛwə],  [ə jə],  [uwə], 

e [ijə], respectivamente.

 A quebra de vogais longas altas do inglês de Dublin são realizadas como

duas sílabas com um hiato entre as duas, quando ocorrem em sílabas fechadas.

O elemento de hiato é [ j] com vogais anteriores, e [w] com vogais posteriores.

(Hickey 2007).

a) clean [klijən] mas: be [ bi:]

b) fool [fuwəl] who [hu:]

 A des-silabificação de longas vogais altas se estendem a ditongos que

têm um ponto final elevado, como pode ser visto nas seguintes realizações.

a) time [tə jəm] mas : fly [fləi]

b) pound [ pɛwən] how [hɛu]

Outras características vocálicas proeminentes do inglês de Dublin estãolistados na sequência.

a) Afrontamento de /au/

down [dɛʊn] —  [deʊn]

O afrontamento do ditongo /au/ que é muito parte da nova pronúncia, não

é tanto um paralelo de RP como nas formas vernáculas do inglês, especialmente

em Londres e os condados ingleses e além. Na Irlanda, esta é uma característicado inglês de Dublin que avançou entre os a falantes, portanto tornou-se uma

característica da nova pronúncia.

b) Vogais historicamente curtas antes de /r / 

circle [sɛ:kl]

first [f ʊ:s(t)]

c) Inglês moderno inicial /u/ curto.

Dublin [dʊ blən]

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Segundo Hickey (2007), não há necessariamente uma influência

significativa do inglês britânico no surgimento das formas do inglês de Dublin, mas

pode haver paralelismos, e estes parecem ser apenas coincidências para cada

paralelismo que possa ser encontrado, há razões internas na língua para as

variedades existentes no inglês irlandês. Em muitos aspectos, o sistema de vogal

do IR é diferente da demais variedades tradicionais de RP. As diferenças são

quase exclusivamente devido ao caráter conservador do IR. Há uma grande

semelhança com o sistema vocálico do Inglês Moderno Inicial, do que do

tradicional inglês britânico.

Quando se considera inglês britânico no contexto do inglês irlandês, o

primeiro ponto a salientar é que o primeiro não é algo que é considerado como

digno de ser imitado pelos irlandeses, e certamente não na forma de RP. Muito

pelo contrário é o caso: para qualquer pessoa irlandesa de imitar um sotaque

inglês é tornar-se ridículo na frente de sua / seu irlandês compatriota.

Vejamos a seguir mais alguns aspectos de realização de ditongos em IR. 

Retração de / ai /  - A realização de /ai/ como [ɑi], é paralelo com a mesma

pronúncia em muitas formas do inglês britânico do sul. No entanto, aqui a

comparação deve acabar. Pois no inglês de Dublin houve em grande medida, e

ainda há, uma distribuição determinada pelo qual foneticamente /ai/ só é retraído

antes de voiced consonants, por ex; em PRIDE , mas não em PRICE , no conjunto

lexical, Hickey (2007).

Elevação de vogal posterior - A articulação elevada de vogais baixas

posteriores que tem começado recentemente na Irlanda, é uma característica

estabelecida no inglês britânico do sul, e é parte de uma mudança muito grande

a respeito das vogais longas nos quais iniciadas no final do Middle English. Noentanto, a elevação das vogais posteriores no inglês irlandês não é uma

continuação de um processo histórico mais antigo, mas uma reação aos valores

das vogais abertas existente no popular inglês de Dublin, Hickey (2007).

O afrontamento do ditongo /au/ que é muito parte da nova pronúncia, não

é tanto um paralelo de RP como as formas vernáculas de inglês, especialmente

em Londres e os condados ingleses e além. Na Irlanda, esta é uma característica

do inglês de Dublin que avançou entre os a falantes, portanto tornou-se umacaracterística da nova pronúncia.

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3 CONCLUSÃO

Pela realização e comparação das Vogais Cardeais, um linguista podercom grande nível de eficiência descrever o sistema vocálico de uma dada língua,

 Através da teoria e do método das Vogais Cardeais nos permite caracterizar

qualquer segmento vocálico de qualquer língua natural. Foi por meio dessa teoria

que os principais autores nesse campo da fonética conseguiram descrever os

sistemas vocálicos das línguas. Complementando que a nossa hipótese em base

da Teoria Das Vogais Cardeais a mesma se fez presente ao analisarmos os

sistemas vocálicos das três variadas aqui postas à análise, ou seja, os sistemasde RP e IR diferem quase que significativamente principalmente em relação à

duração das vogais em seus pontos de realização no seu quadrilátero vocálico

em relação à PB. Assim podemos também observar que o PB além de possuir

algumas diferenças na produção e localização das vogais em relação as VC, ele

é mais compacto.

Em inglês, as vogais cardeais estão ligadas a conjuntos lexicais para

padronizar as percepções de localização da vogal ao longo da alta anterior aos

baixos pares posteriores. Todas as variedades inglês empregam os mesmos

fonemas, mas nem todas as variedades empregam os fonemas com as mesmas

palavras. Em RP podemos observar que as vogais do inglês britânico são bem

próximas em relação as vogais cardeais em seu posicionamento, apresenta

também uma breve ou quase nenhuma diferença principalmente nas vogais

centrais.

Vimos que há diferenças fonológicas entre IR e RP, e apesar da

proximidade geográfica com a Inglaterra e de toda influência do inglês na Irlanda,

ao longo da história IR obteve suas próprias características, que vão desde a

miscigenação do gaélico irlandês com inglês trazido pelos ingleses até os dias

atuais no qual IR ainda sofre fenômenos de mudanças, como a mudança vocálica

de Dublin por exemplo, que está sempre se renovando junta com outras

características locais.

Essas características são bem próprias da Irlanda como vimos algumas

delas em a Mudança da Vogal em Dublin, tendo uma elevação e arredondamento

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das vogais baixas posteriores (/ ɒ/→/ɔ/, / ɒː/→/ɔː/, /ɔː/→/oː/), retração do ditongo /ai/

(/aɪ/→/ɑɪ/), e aumento do ditongo / ɒɪ/ (/ ɒɪ/→/ɔɪ/→/oɪ/). Vogais Longas: quase todas

as vogais que ocorrem de forma independente também podem ser encontrada

antes de /r/. A des-silabificação de longas vogais altas se estendem a ditongos

que têm um ponto final elevado. A quebra de vogais, "quebra da vogal", em que

os sons das vogais /aʊ/, /aɪ/, /uː/, e /iː/  em sílabas fechadas são "quebradas" em

duas sílabas, aproximando de [ɛwə],  [ə jə],  [uwə],  e [ijə],  respectivamente. O

afrontamento do ditongo /au/ que é muito parte da nova pronúncia, não é tanto um

paralelo de RP como nas formas vernáculas do inglês, especialmente em Londres

e os condados ingleses. A Retração do ditongo /ai/ como em [ɑi], pois em Dublin

houve ainda há uma distribuição determinada pelo qual foneticamente /ai/ só é

retraído antes de voiced consonants.

Todas essas e outras características não só de IR mas também das outras

duas variedades aqui estudadas, devem ser aprofundadas de fato, contudo

através desse estudo vimos que há um caminho longo para que possamos

descrever melhor sistemas vocálicos de línguas naturais, e que alunos e

professores de inglês tenham mais conhecimento que IR é uma variedade

importante e que deve ser estudada.

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