17
A D IVERSIDADE DA G EOGRAFIA B RASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO 6704 ESPAÇOS FÍSICO-NATURAIS, ORGANIZAÇÃO ESPACIAL E TERRITÓRIO. ENSAIANDO OUTRAS PERSPECTIVAS TEÓRICAS PARA ANÁLISE GEOGRÁFICA. JÉMISON MATTOS DOS SANTOS* 1 Resumo: Nesse artigo, discute-se além da compreensão do espaço geográfico apoiado na realidade do município de Campo Formoso-Ba, a partir de uma concepção de análise integrada - do complexo- geossistêmico -, dialoga-se com perspectivas científicas mais “recentes”, para colocar a necessidade de mais atenção por parte dos geógrafos na busca de outras perspectivas de investigação, para o aprimoramento da análise geográfica. Com um olhar que produza outro sentido de inserção num prisma futuro, ao analisar espaços-territórios, paisagens que apresentam contextos e cenários cada vez mais complexos, caracterizados por uma intrincada associação de desordem (ou variedade) e ordem (ou restrição) e incerteza. Palavras-chave: Espaços físico-naturais, organização espacial, complexidade e território. PHYSICAL-NATURAL SPACES, SPATIAL AND TERRITORY ORGANIZATION: REHEARSING OTHER THEORY PERSPECTIVES FOR GEOGRAPHICAL ANALYSIS. Abstract: In this article, we discuss beyond the comprehension of geographical space supported by the reality of the city of Campo Formoso-Ba, from a conception of integrated analysis - geosystemic complex - if dialogue with scientific perspectives more "recent"to put the need for more attention from geographers in search of other perspectives of research to the improvement of geographical analysis. With a look that produces another way of insertion in a future perspective, to analyze space-territories, landscapes that present contexts and scenarios increasingly complex, characterized by an intricate association disorder (or variety) and order (or restriction) and uncertainty. Key-words: physical-natural spaces, spatial organization, landscape, territory, complexity. Introdução Em geral, é notório que as diversas formas de uso e ocupação das terras no Brasil e no mundo apresentam uma forte ligação com os modelos produtivos de expropriação da natureza, associado ao potencial ambiental de um dado espaço geográfico, em função dos atributos econômicos e formas de apropriação, por exemplo, das atividades - agrícolas, pecuárias, industriais, urbanas, turísticas, dentre outras. E verifica-se que, em locais específicos do território brasileiro, nordestino * Acadêmico do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal Fluminense/UFF-RJ. E- mail de contato: [email protected].

ESPAÇOS FÍSICO-NATURAIS, ORGANIZAÇÃO ESPACIAL E … · E verifica-se que, em locais específicos do território brasileiro, ... estratégia de apropriação quase unilateral e

Embed Size (px)

Citation preview

A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO

DE 9 A 12 DE OUTUBRO

6704

ESPAÇOS FÍSICO-NATURAIS, ORGANIZAÇÃO ESPACIAL E TERRITÓRIO. ENSAIANDO OUTRAS PERSPECTIVAS TEÓRICAS PARA

ANÁLISE GEOGRÁFICA.

JÉMISON MATTOS DOS SANTOS*1

Resumo:

Nesse artigo, discute-se além da compreensão do espaço geográfico apoiado na realidade do município de Campo Formoso-Ba, a partir de uma concepção de análise integrada - do complexo-geossistêmico -, dialoga-se com perspectivas científicas mais “recentes”, para colocar a necessidade de mais atenção por parte dos geógrafos na busca de outras perspectivas de investigação, para o aprimoramento da análise geográfica. Com um olhar que produza outro sentido de inserção num prisma futuro, ao analisar espaços-territórios, paisagens que apresentam contextos e cenários cada vez mais complexos, caracterizados por uma intrincada associação de desordem (ou variedade) e ordem (ou restrição) e incerteza. Palavras-chave: Espaços físico-naturais, organização espacial, complexidade e território.

PHYSICAL-NATURAL SPACES, SPATIAL AND TERRITORY ORGANIZATION: REHEARSING OTHER THEORY PERSPECTIVES FOR GEOGRAPHICAL

ANALYSIS.

Abstract: In this article, we discuss beyond the comprehension of geographical space supported by the reality of the city of Campo Formoso-Ba, from a conception of integrated analysis - geosystemic complex - if dialogue with scientific perspectives more "recent"to put the need for more attention from geographers in search of other perspectives of research to the improvement of geographical analysis. With a look that produces another way of insertion in a future perspective, to analyze space-territories, landscapes that present contexts and scenarios increasingly complex, characterized by an intricate association disorder (or variety) and order (or restriction) and uncertainty. Key-words: physical-natural spaces, spatial organization, landscape, territory, complexity.

Introdução

Em geral, é notório que as diversas formas de uso e ocupação das terras no

Brasil e no mundo apresentam uma forte ligação com os modelos produtivos de

expropriação da natureza, associado ao potencial ambiental de um dado espaço

geográfico, em função dos atributos econômicos e formas de apropriação, por

exemplo, das atividades - agrícolas, pecuárias, industriais, urbanas, turísticas, dentre

outras. E verifica-se que, em locais específicos do território brasileiro, nordestino

* Acadêmico do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal Fluminense/UFF-RJ. E-mail de contato: [email protected].

A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO

DE 9 A 12 DE OUTUBRO

6705

atrela-se com essas atividades a implementação de um suporte com base em

equipamentos de elevada precisão e tecnologias de ponta (pacotes tecnológicos).

Essa dinâmica espacial alicerçada a partir de fluxos determinados entre conexões

de agentes locais e globais, insere parte expressiva dos municípios nordestinos no

atual contexto capitalista; que é definido essencialmente pelo mercado.

Toma-se, como referência para fundamentar esse ensaio o município de

Campo Formoso (Estado da Bahia) e entorno (fig.01). Os espaços físico-naturais

que configuram o referido município foram definidos por processos longínquos e

duradouros correlatos à própria evolução do sistema Terra, que se materializou

como um conjunto geológico-geomorfológico (a geologia revela a existência de

rochas antigas e metassedimentares da Serra da Jacobina, além de coberturas

Terciárias e Quaternárias recentes em planícies aluviais dos rios; seu modelado

exibe os pedimentos funcionais ou retocados por drenagem incipiente, planaltos

cárstico, pediplano sertanejo, serras e maciços residuais, dentre outros) composto

por “paisagens perfeitas”1 que são as formas características do sertão nordestino e,

podem ser interpretadas a partir do modelo teórico geossistêmico, ou seja, pelo

conjunto de geossistemas.

Fig. 01. Carta imagem - Localização do município de Campo Formoso - Bahia. 2013.

A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO

DE 9 A 12 DE OUTUBRO

6706

A partir de uma “criação imperfeita”, Campo Formoso (C.F.) é cobiçado

historicamente e adquire valor de troca (séc. XVIII, tem início a exploração mineral -

o salitre - usado para fabricar pólvora usada na guerra, seguido das fazendas de

gado, etc.), onde parte do seu espaço-território definido primordialmente por sua

base material – os sistemas geoambientais –, são apropriados e/ou explorados a

partir de uma lógica produtiva de mercado que agudiza a problemática

socioambiental da eminente “débâcle” dos sistemas de vida, no qual acumula-se

capital e desacumula ambiente.

As relações de poder, de controle e dominação atrelam-se à exploração do

capital, regulando a apropriação dos recursos naturais, no qual de tempos em

tempos produzem-se outras territorialidades, a reboque das flutuações no cenário

econômico/político mais amplo. A lógica do passado representada por um modo de

vida camponês é paulatinamente suplantado pelo mercado de “commoditties”.

Entretanto, nesse texto para além da compreensão do espaço geográfico

(apoiado na realidade de C.F.) a partir do desenvolvimento de estudos integrados -

do complexo-geossistêmico, dialoga-se com perspectivas científicas mais “recentes”,

para colocar a necessidade de mais atenção por parte dos geógrafos na busca de

outras perspectivas de investigação, para o aprimoramento da análise geográfica.

Com um olhar que produza outro sentido de inserção num prisma futuro, ao analisar

espaços-territórios, paisagens que apresentam contextos e cenários cada vez mais

complexos, caracterizados por uma intrincada associação de desordem (ou

variedade) e ordem (ou restrição) e incerteza.

1 – Desenvolvimento

As atividades socioprodutivas que organizam e/ou desorganizam (produzem,

re-ordenam o espaço) C.F. e impelem algumas características particulares que

definem a situação ambiental hodierna e sua inserção global na denominada

economia de mercado, se dá essencialmente pelas atividades industrial e comercial

via mineração, agropecuária (soma-se a produção de sisal). Mas, recentemente o

turismo ecológico e científico.

A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO

DE 9 A 12 DE OUTUBRO

6707

Em destaque a geologia do município revela um complexo máfico/ultramáfico

responsável pelas mineralizações mais importantes de cromo conhecidas no Brasil,

as maiores jazidas de cromo estão situadas na Serra de Jacobina que contorna o

município em toda a região, além do cromo a existência de rochas graníticas

revelam também jazidas de cristais de rocha, esmeralda, ametistas, calcita e

calcário. Este é aproveitado em uma unidade industrial de cimento (CISAFRA).

O complexo de Campo Formoso possui 11 minas, todas com lavra a

céu aberto, com desmonte mecânico e uso de explosivos, localizadas ao

lado norte da Serra de Jacobina situadas nas comunidades de Catuaba,

Cascabulhos, Camarinha, Campinhos, Pedrinhas, Valérios, Coitezeiro,

Limoeiro, Mato Limpo, Gameleira e Vigita (CPT, 2012).

Atualmente, a argila utilizada na fábrica de cimento vem junto com o

calcário extraído das duas jazidas em funcionamento. Hoje, se encontram

em processo de lavra pela CIMPOR duas jazidas de calcário localizadas na

Tiquara, município de C. F., com reservas potenciais estimados em 800

milhões de toneladas de calcário” (op. cit)

A fração mais significativa da atividade mineral na microrregião do Piemonte

da Diamantina é levada para o mercado internacional - ferro exportado,

principalmente, para a Coréia do Sul, Londres, China e Japão; o Cromo (Japão) e

Esmeralda (Índia).

A agricultura na região, bem como em C.F. é a principal fonte de renda das

famílias, seguida, respectivamente, das atividades produtivas de criação de cabra,

ovelha e a criação de gado, trabalhador rural (diarista), dentre outras.

Neste contexto supracitado o arranjo espacial (sistemas de relações) é

alicerçado principalmente na mineração e revela o processo de seletividade

espacial, que conformou/conforma o município de Campo Formoso. Porém,

consubstancialmente deve-se também analisar a relação de seletividade (homem-

natureza) das comunidades (p.ex: dos camponeses). Constrói-se assim a ideia da

formação espacial como formação geoambiental, toma-se como referência a

concepção de ambiente de Tricart – na qual o homem que dá sentido ao ambiente.

A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO

DE 9 A 12 DE OUTUBRO

6708

Ruy Moreira entende a seletividade espacial como “processo de eleição do

local com que a sociedade inicia a montagem da sua estrutura geográfica" (Moreira

2010).

A organização espacial da sociedade começa com a seletividade. Espécie

de ponte entre história natural e a história social do meio, a seletividade é o

processo de eleição do lugar do(s) respectivo(s) recurso(s) que inicia a

montagem a sociedade da estrutura espacial das sociedades (ibidem).

Entretanto, a organização espacial, aqui é entendida como um sistema

funcional e estruturado espacialmente em rede a partir das relações travadas no

interior da sociedade, de uma dada paisagem, de um certo lugar, região, território

(p.ex: hierarquia campo-cidade ou cidade-campo; natureza das relações – clima-

rocha, solo-relevo – uso e ocupação das terras; relações de poder).

Recoloca-se esse conceito para referir-se ao uso e ocupação das terras em

C.F, que dinamizado pelos agentes locais e globais produzem repercussões

negativas nos sistemas geoambientais, afetando diretamente os recursos escassos

– terra, solo e água – e indiretamente os rios temporários, a flora, a fauna. Além de

aumentar a vulnerabilidade social expressa pelos índices, indicadores

socioeconômicos (p.ex: IDHM – apoiado nos indicadores de escolaridade, trabalho,

renda, percentual de pobres, dentre outros) expressos por índices muito baixos e

que vem exibindo uma sensível elevação a partir da última década2. Essa

problemática é revelada e compreendida por uma parte dos acadêmicos como

aspectos e impactos ambientais ou degradação dos recursos naturais (considero

melhor a expressão degradação dos sistemas de vida) e, ocasiona alterações ou as

vezes mudanças ambientais irreversíveis.

A seletividade de maneira geral, (e, em Campo formoso), apresenta algumas

implicações que é importante também perscrutar: os processos de segregação

espacial; antecipação espacial; fragmentação espacial e a marginalização espacial.

Os estudos no Piemonte da Diamantina3 – onde se insere C.F. - elaborados

pela Comissão Pastoral da Terra, em 2012, afirmam que:

o processo de concentração fundiária tende a aumentar. Observa-se (...) ao

passo que algumas fazendas vão sendo desapropriadas e que alguns

A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO

DE 9 A 12 DE OUTUBRO

6709

Fundos e Fechos de Pastos são regularizados, outros tantos Pequenos

Agricultores perdem suas terras para latifundiários e empresas da

mineração em razão do endividamento bancário, dos males do minifúndio

(pouca terra, terras “fracas” e “cansadas”), da baixa rentabilidade, da falta

de água tratada e encanada, de energia, saúde e segurança no campo, e

da ausência de políticas públicas adequadas.

A microrregião pesquisada não foge a esta regra. Seu índice de Gini médio

atingiu um patamar máximo de 0,784 na década de 1980 e se manteve em

0,726 a partir de 1996. Atualmente, as comunidades camponesas

(Assentamentos, Fundos de Pastos e Pequenos Agricultores) dominam

apenas 4% (quatro por cento) da área total do Piemonte da Diamantina, ou

seja, 68.879.648 de um total de 1.727.022 hectares (segundo dados do

INCRA). A maior parte das terras e das águas continuam mesmo em

poucas mãos, concentrada e dominada por fazendeiros e grupos

econômicos da mineração (op.cit).

Os dados da Bahia, razão entre a área de Reforma Agrária (RA) e área

municipal em 2009 esclarecem mais os fatos. Observa-se que a Área Municipal

corresponde a 680.600 (ha) e 13810 (ha) é a Área de Reforma Agrária e apenas

2,03% foi a Área Reforma Agrária no município de C.F.

Uma vez que os camponeses não se apropriam da parte significativa da

riqueza gerada por seu trabalho, atinge-se diretamente sua sobrevivência e

possibilidades socioeconômicas. Inicia-se um ciclo abusivo de desestruturação das

comunidades (até atingir o núcleo familiar), atuando como uma forçante incisiva para

o abandono do campo (some-se ainda a concentração de renda e da propriedade).

Ao analisar as questões anteriormente colocadas, reflete-se que essa

estratégia de apropriação quase unilateral e continuada do espaço geográfico, tem

repercussões negativas no “padrão de organização” do sistema ambiental de C.F.,

pois afeta a qualidade e quantidade dos recursos e desequilibra alguns

compartimentos geomorfológicos e sua biogeografia (p.ex: o canal fluvial do Salitre),

bem como induz a crescente subtração do estado de conservação do complexo

geoambiental, definido como - o conjunto dos processos e inter-relações dos

A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO

DE 9 A 12 DE OUTUBRO

6710

elementos e fatores que compõem o ambiente, envolvendo, além dos componentes

físicos e bióticos, também os socioeconômicos, políticos, culturais e institucionais -.

Diante disso, elucida-se que um dos aspectos principais são a forte pressão

exercida historicamente pela: mineração e a agropecuária – suas formas indevidas

de manejo das terras (desmatamento, queimadas, depauperação dos solos) e da

água (barramentos dos canais fluviais, poluição, contaminação); incorporação de

novas áreas para mineração; ausência de políticas públicas voltadas para: proteção,

gestão e controle do espaço-território e apoio financeiro aos camponeses.

As materialidades/espacialidades4 desses fenômenos e processos induzem-

nos a delinear um quadro por vezes simplista de indicadores biofísicos de

degradação para o entendimento do processo de desertificação! Pesquisas são

realizadas em escalas local até estadual e outras mais generalizadas, feitas em

âmbito regional e nacional, que necessitam de maior aprofundamento a partir de

outras visões de fazer ciência.

Explicita-se a assertiva acima ao colocar que a questão central a ser

repensada se dá primordialmente a partir da re(visão) de mundo que nos é imposta

historicamente, a partir de teorias e ideias ultrapassadas, fundadas numa lógica

puramente matematizada, física e economicista da natureza, bem como por

inúmeras estratégias de mercado desde os primórdios da acumulação do capital até

introduzir mais explicitamente a orientação para uma sociedade de consumo, em

detrimento da sobrevivência da própria humanidade.

Essas estratégias políticas, econômicas e científicas, a priori, de explicação

do mundo nos lograram perdas irreparáveis nas diversas escalas do viver, bem

como afetam danosamente a sustentabilidade do semiárido, do Planeta.

Recorre-se a Baudrillard em Simulacros e Simulação (1981) para refletir sobre

mais um aspecto fundamental, pois o autor coloca que:

a ilusão do sistema consiste em oferecer uma explicação perfeita descolada

da realidade imperfeita. Sustenta que a sociedade e a economia funcionam

porque as pessoas acreditam que existe uma racionalidade intrínseca na

economia e na sociedade.

A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO

DE 9 A 12 DE OUTUBRO

6711

Por isso, tem-se a falsa impressão que as forças motoras dos desajustes são

exclusivamente de ordem natural – p.ex: das secas e das mudanças do clima, etc. –

desatrelando e ocultando os aspectos da sociedade de consumo, da economia de

mercado e as ingerências no uso do território (p.ex: privatização, apropriação

desigual da riqueza produzida socialmente) determinadas pelos diversos agentes

produtores do espaço e reguladas pela política em suas múltiplas escalas e

contextos: local, regional e internacional.

Todavia, destaca-se que também é importante relacionar a tipologia dos usos,

intensidade das transformações no complexo geoambiental e a expressão espacial

das ações do processo de ocupação das terras (a sinergia entre esses fatores e

aqueles ligados a sociedade), que geram tensões no sistema ambiental e,

possivelmente, produzem ou induzem a ocorrência dos processos de degradação

(desertificação) no semiárido brasileiro, nordestino (p.ex: Campo Formoso-Ba).

Entende-se que a leitura do espaço geográfico, a exemplo da realidade de C.

F. pode ser iluminada a partir do esforço de integração dos estudos físico-naturais

com os aspectos ligados à dinâmica do espaço-território, ou seja, buscar articular os

aspectos do geossistema ao território na perspectiva do ordenamento.

Com isso ao abordar a paisagem deve-se partir primeiro de uma premissa

fundamental bem precisada por Haesbaert (2006) ao considerar que:

o espaço geográfico é moldado ao mesmo tempo por forças econômicas,

políticas, culturais ou simbólicas e “naturais” que se conjugam de formas

profundamente diferenciadas em cada local” E, pode ser revelado pela

“dinâmica: econômica, política, social, cultural e natural” (op.cit).

Repensando em parte a citação acima descrita; se verifica que cada vez mais o

espaço geográfico é conformado a partir do tipo particular de substrato natural que

interessa as forças econômicas e políticas, devido sua possibilidade de apropriação

em termos do potencial de expropriação de suas riquezas (p.ex: naturais, culturais,

etc).

Mas, a apropriação dos recursos naturais geralmente está atrelada a ideia de

posse, dominação e pressupondo relações de poder (HAESBAERT, 2004; 2006).

A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO

DE 9 A 12 DE OUTUBRO

6712

Assim entendido “o poder, classifica e distingue indivíduos aptos e não aptos a

usufruir destes recursos (SOUZA, 2006)”. A luz da realidade local, nas atividades da

mineração e pecuária está relação de poder também está presente, pois envolve um

rol de agentes sociais com interesses variados e as respectivas modalidades de

exploração; tem-se como exemplo na região que envolve C. F.: a mineração

industrial, a mineração artesanal, a pecuária extensiva e intensiva, dentre outras.

Visitando os estudos de Silva (2013), apreende-se que:

a estratégia adotada pelo capital para a dominação do território é apropriar-

se de recursos naturais e controlar os indivíduos pela ideologia. Essa ação

do capital condiciona como força política o cotidiano dos sujeitos no seu

lugar de construção objetiva e subjetiva. Esse território contém elementos

contraditórios expressados na sua territorialidade. A força que domina a

vida na comunidade, no âmbito das suas relações internas e externas, gera

interesses e conflitos entre as classes sociais, mediatizados pelas relações

de poder.

As relações de poder, de controle e dominação atrelam-se à exploração do

capital, regulando a apropriação dos recursos naturais, no qual de tempos em

tempos produzem-se outras territorialidades, a reboque das flutuações no cenário

econômico/político mais amplo. A lógica do passado representada por um modo de

vida camponês é paulatinamente suplantado pelo mercado de “commoditties”.

A partir de um estudo recente sobre a geografia da mineração (...) e o

mercado de commodities minerais na Amazônia Brasileira Coelho (et.al, 2012) traz

três colocações elucidadoras que apoiam a análise e podem ser facilmente inseridas

no contexto de C.F., onde afirma:

os processos de (re)organização socioespacial, associados à expansão de

atividades industriais que conferem novas funções aos núcleos urbanos

diversos, vinculam-se ao deslocamento de populações migrantes atraídas

pelas atividades econômicas novas ou “renovadas”; (b) às mudanças na

apropriação de terras e recursos naturais”(COELHO, et.al, 2012 apud

CLARK, 1999; SANTOS, 1982; COELHO et.al.,2005).

A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO

DE 9 A 12 DE OUTUBRO

6713

as atividades minerais (as extrativas, quer caracterizadas como garimpeiras,

agora semi-motorizadas, quer as grandes, as médias e as pequenas

empresas mineradoras industriais) foram e ainda são fatores importantes de

ocupação/expansão, estruturação, desestruturação/reestruturação de

diversas áreas no Brasil, criando ou ampliando fronteiras econômicas e

mesmo fronteiras políticas, não sem gerar problemas sociais e ambientais

variados.

Sem desconsiderar as conexões entre redes internacionais/nacionais

(relações internacionais/nacionais desequilibradas e injustas ao mundo

periférico em commodities minerais ou agrícolas. Tempo por tempo,

espaços por espaços, marcados por abundâncias ou carências de

demandas industriais e de governanças estatais e estaduais diversas.

“Cada espaço tende a seguir seu manifesto destino (op. cit.)

Constatam-se, essas carências e desequilíbrios através da intensificação de

tensões sociais em C.F. onde os campesinos são levados aos conflitos por força de

um modelo de desenvolvimento que tem a clara intenção de desestruturar as

comunidades (de fundo e fechos de pasto, assentamentos, pequenos agricultores,

quilombolas, extrativistas, dentre outras). Com isso só lhes resta lutar em defesa dos

seus direitos, dos seus modos de vida!

Reflete-se também que o Estado é o principal agente de transformação do

espaço-território e articulador do capital internacional, onde historicamente beneficia

particularmente as elites locais. Além disso, tem orientado as políticas públicas para

os setores urbano-industriais, promovendo o ordenamento territorial e ambiental

priorizando os setores privados da economia. Deve-se observar também a

participação efetiva de outros agentes ligados ao capital industrial e comercial nesse

constructo.

Inserem-se os autores abaixo citados para iluminar as questões supracitadas,

pois afirmam que:

Todo o esforço político das últimas décadas foi concentrado na intenção de

integrar a produção agrícola ao mercado externo, tanto como consumidora

de produtos industriais quanto como fornecedora de matéria-prima para a

agroindústria da transformação. A desigualdade foi o traço mais marcante

no processo de modernização agrícola. A ocupação do território brasileiro

A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO

DE 9 A 12 DE OUTUBRO

6714

gerou na maior parte do País, um regime de terras de tipo latifundiário que,

ainda hoje mantém elevada a concentração de terras, reservando aos

latifundiários vantagens competitivas e à imensa maioria dos agricultores,

os interstícios econômicos e geográficos” (MORAES, 1994).

Em decorrência do processo histórico de ocupação desordenada de terras

no território brasileiro e através de uma política agrária discriminatória, a

produção familiar, de maneira geral, sempre esteve à margem da estrutura

produtiva” (ROMEIRO, 1998).

Faz-se referência também a importância da reflexão sobre a territorialidade

expressa através de Neto (2011) apoiado a partir de Haesbaert (2004),

Assim, sugere-se pensar a territorialidade como uma relação

que se estabelece entre a sociedade e o espaço, implicando

numa apropriação material e/ou simbólica, nos termos de

Haesbaert (2004), assegurando, em consequência, a

reprodução da vida material. A formação de territórios seria um

componente essencial para realização da vida social; e a

territorialização um processo de marcação do espaço pela

sociedade. Os territórios são inscrições espaciais da sociedade

conformadas no âmbito das relações sociais (NETO, 2011,

apud HAESBAERT, 2004).

Além da compreensão do espaço geográfico a partir do desenvolvimento de

estudos integrados - do complexo-geossistêmico associado ao espaço-território -,

coloca-se a demanda de mais atenção por parte dos geógrafos na busca de outras

perspectivas teórico-metodológicas para aprimorar sua análise, a saber.

2. ENSAIANDO OUTRAS POSSIBILIDADES PARA A ANÁLISE GEOGRÁFICA.

A ciência geográfica em si pode ser considerada como complexa,

primordialmente pelo grau de entrelaçamento entre as escalas de tempo geológico e

social esboçando quadros diversos e uma dinâmica espacial eivada de

A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO

DE 9 A 12 DE OUTUBRO

6715

intercruzamentos e multidimensionalidades, que certamente demandam parcerias

com outros campos de conhecimento para apreender a inteireza do espaço

analisado, a partir de uma das suas áreas de investigação científica (p.ex: o

ordenamento territorial e ambiental). Entretanto, para aglutinar mais viscosidade aos

estudos geográficos cada vez mais se deve estar atento às outras perspectivas de

análise, que envolvem hodiernamente os estudos sobre a complexidade e caos.

Ressalva-se que a complexidade não é algo novo e sim algo inerente a

própria evolução da vida, dos sistemas físicos-naturais, das sociedades.

Ao tomar como referência Suertegaray (2004), corrobora-se a discussão

sobre geografia e complexidade uma vez que:

Tem na ciência geográfica a compleição de um conhecimento

multidimensional, que produz a epistemologia da complexidade como

princípio e, investiga partindo da física terrestre, a biosfera a até as

materializações da sociedade. Traduz-se nessa ciência que reflete sobre a

produção do espaço fundada no binômio sociedade-natureza.

A geografia vista pelo viés da complexidade é delineada por um conjunto de

sistemas circunspetos atrelados aos elementos e fatores dinamicamente. Em geral,

esboçam estados, comportamentos imprevisíveis e padrões de organização, que em

certa medida podem ser identificados (rede de drenagem fluvial, a rede urbana, etc.)

e outros dificilmente podem ser previstos (p.ex: a mudança do clima, mudanças nas

questões do desenvolvimento político e econômico - imposição de choques

econômicos e imposições tecnológicas, etc).

MORIN (2002) assinala que,

a organização constituirá a chave e o principal preceito na construção da

complexidade, onde o encadeamento de relações entre componentes ou

indivíduos produz uma unidade complexa ou sistema dotado de qualidades

desconhecidas quanto aos componentes ou indivíduos.

A etimologia do termo complexo vem do latim, complexus, que significa

entrelaçado ou torcido junto. E podemos analisá-la a partir de 04 modelos básicos

A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO

DE 9 A 12 DE OUTUBRO

6716

de complexidade: determinística; estatística; algorítmica e sistêmica. Essa última é a

que mais se alinha a abordagem geográfica. A complexidade sistêmica no seu

enfoque busca - estudar os sistemas complexos em suas dimensões estática,

dinâmica, funcional, organizacional e comportamental e integrar a teoria dos

sistemas à teoria da complexidade visando à modelagem de sistemas do mundo

real.

Como tal, entendendo o espaço geográfico tão complexo quanto à ciência

geográfica evoca-se a necessidade de incorporação das noções de complexidade, a

exemplo dos sistemas complexos!

Porém o entendimento simplista da noção dos sistemas complexos é que

duas ou mais diferentes partes ou componentes que devem estar de algum modo

relacionado, formando uma estrutura estável. Todavia, a noção de estabilidade aqui

está relacionada particularmente aos estudos de sistemas complexos. No qual se

compreende que a estabilidade é relativa, dinâmica e a evolução de um sistema

desse tipo traz consigo elementos com diferentes estados – equilíbrio, desequilíbrio

e não equilíbrio5.

O cerne da discussão é balizado numa visão capaz de suplantar a

polarização entre duas abordagens clássicas, reducionismo e holismo, permitindo a

análise de sistemas que apresentam simultaneamente as características da

distinção e da conexão.

Porém, esclarece-se que a dinâmica dos sistemas complexos é caracterizada

por uma intrincada associação de desordem (ou variedade) e ordem (ou restrição).

Aliada a essa discussão é possível associar os ousados princípios do Caos e Auto-

Organização que foge a explicação no escopo deste trabalho.

Partilhando a respeito das concepções de uma geógrafa experiente, alinhava-

se que,

não obstante, o espaço geográfico é dinâmico. Sua dinâmica é

representada pelo movimento, o girar do círculo. Este giro expressa a ideia:

um todo uno, múltiplo e complexo. Esta representação é elaborada no

sentido de expressar a concepção de que: o espaço geográfico pode ser

lido através do conceito de paisagem e ou território, e ou lugar, e ou

ambiente; sem desconhecermos que cada uma dessas dimensões está

contida em todas as demais. Paisagens contêm territórios que contêm

A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO

DE 9 A 12 DE OUTUBRO

6717

lugares que contêm ambientes valendo, para cada um, todas as conexões

possíveis (SUERTEGARAY, 2000).

Esses princípios propugnados no escopo do texto certamente nos permite

refletir sobre a possibilidade de tecer outras interpretações e podem apoiar os

estudos geográficos principalmente devido à natureza dos fenômenos, processos

espaciais em suas múltiplas escalas e os fatores intervenientes na dinâmica geral e

particular do binômio sociedade-natureza (espaço-território, paisagem-território,

etc.), que esboçam cada vez mais complexidade, ordem e desordem estabilidade e

instabilidade em espaços enredados e definidos por intervenções políticas,

econômicas, culturais, dentre outras.

Além disso, outras expressões passam a ser cada dia mais corriqueiras no

contexto científico global – incertezas estruturais, turbulências – entendidas como

resultado direto e indireto das transformações tecnológicas aceleradas atreladas ao

“boom” da informação e conhecimento.

3. PALCO E CENÁRIO DAS CONSIDERAÇÕES E INQUIETAÇÕES.

No atual contexto científico de incertezas e miopias teóricas, algo

transparente é que os processos de retroalimentação positiva são paulatinamente

perturbados em escala local até que os sistemas físico-naturais/ambientais entrem

em colapso e, certamente produzam resultados cada vez mais danosos a sociedade

em suas múltiplas escalas de interação até alcançar o global. Por tudo isso, é

estratégico considerar que a fórmula da consciência para a construção dessa outra

concepção de mundo (companhia, cooperação, união, simultaneidade) é dada pela

expressão - COABITAR SEM DESTRUIR A SOCIOECONOMIA DOS DIFERENTES

MODOS DE VIDA!

Reforça-se a expressão acima através do trabalho de Ab' Saber (2003),

importante referência, ao tomar emprestado um retalho de sua obra, na qual o autor

afirma –

mais do que simples espaços territoriais6, os povos herdaram paisagens

e ecologias, pelas quais certamente são responsáveis. Desde os mais altos

escalões do governo e da administração até o mais simples cidadão, todos

têm uma parcela de responsabilidade permanente, no sentido da utilização

A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO

DE 9 A 12 DE OUTUBRO

6718

não predatória dessa herança única que é a paisagem terrestre. Para tanto,

há que conhecer melhor as limitações de uso específicas de cada tipo de

espaço e de paisagem. Há que procurar obter indicações mais racionais,

para preservação do equilíbrio fisiográfico e ecológico.

Almeja-se aqui o refinamento de suas ideias, a partir de duas reflexões: a)

não é mais possível pensar em considerar os espaços territoriais como simples; b) é

impossível conceber a paisagem, o território com algo descolado da base físico-

natural e vice-versa.

A esteira da discussão nos conduz a conceitualizar o espaço geográfico como

uma combinação dinâmica e dialética do simples e complexo onde suas

materialidades, suas territorialidades expressam espacialmente o “modus operandi e

o modus vivendi” de cada sociedade. Podendo perquiri-los a partir do seus – “temas

como os recortes espaciais do lugar, da região, o das redes e das escalas”

(SANTOS (1996; 2002).

Contudo, é preciso dizer clara e abertamente à sociedade que não existe

nenhum sistema econômico, político ou tecnologia que dê conta da crescente

escassez de recursos naturais, quando a “regra de ouro” é estruturada por um

modelo único de desenvolvimento (predador, agudizador das desigualdades

socioeconômicas e promotor da violência). É preciso alertar mais enfaticamente que

a taxa de reposição da natureza expressa por um tempo geológico (os serviços

ambientais prestados) não tem solução matemática delineada por esse modelo de

desenvolvimento baseado no consumo da natureza em sua essência: homens,

mulheres e demais seres que habitam e estruturam nosso Planeta Água.

Por fim é factível exprimir que esse(s) caminho(s) geográfico(s) possível(eis)

de ser pavimentado(s) por um pensamento complexo, nos coloca num movimento

também de incertezas metodológicas de abordagem e de procedimentos. Por certo

nos encaminha para sermos alquimistas modernos, com intuito de amalgamar

construções teóricas-conceituais e de método a partir dos refinamentos possíveis de

seus elementos fundantes, para superar a anterior (costumeira) forma de pensar e

fazer ciência, dissociando o que compreende-se desde muito tempo - que é algo

indissociável (homem, sociedade, natureza) -, pois o objetivo maior que é a

A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO

DE 9 A 12 DE OUTUBRO

6719

integração do conhecimento científico, se reverbera na superação dos desafios

contemporâneos da humanidade, da urgência de uma sociedade mais equânime e

plural, que somos capazes de construir enquanto cidadãos-geógrafos.

4. Referências bibliográficas

AB' SABER. Os Domínios de natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas. SP: Ateliê editorial. 2003. BAUDRILLARD, J. Simulacres et simulations. Paris: Galilée.1981. COELHO, M.C.N; MONTEIRO, M.A; BARBOSA, E.J da S. Geografia da mineração em mutações: fronteiras de commodities minerais, corredores de exportações e cidades. Território 16. EGLER, C.A., CASTRO,I. De, HOEFLE, S.W.. Rio de Janeiro: Garamond. 2012. 128 p. ALMEIDA, J & NAVARRO, Z. Reconstruindo a agricultura: ideias e ideais na perspectiva do desenvolvimento rural sustentável. Porto Alegre: UFRGS, 1998. 323 p. GLEISER, M. Criação Imperfeita. Cosmo, Vida e o código oculto da natureza. Editora Rio de Janeiro: Record. 5ª. Ed. 2012. HAESBAERT, R. Ordenamento territorial. Instituto de Estudos Sócio-Ambientais. Boletim Goiano de Geografia. Vol. 26, n1. Jan/jul. 2006. ______. O mito da desterritorialização: do “fim dos territórios” à multiterritorialidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004. JARA, C. J. A sustentabilidade do desenvolvimento local. Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA). Brasília: Secretaria do Planejamento do Estado de Pernambuco-SEPLAN, Recife. 1998. 316p. MOREIRA, Ruy. As categorias espaciais da construção geográfica das sociedades. GEOgraphia, Niterói/RJ, UFF/EGG. Vol. 3, no 5, 2001. MORIN, E. Educação e complexidade: os setes saberes e outros ensaios. In: ALMEIDA, M. C. e CARVALHO, E. A. (orgs). Edgar Morin. São Paulo: Cortez, 2002 ______. O método 1: a natureza da natureza. Porto Alegre: Sulina, 2002a. NETO, A.S.C. Redes sociais e territorialidade no Semi-árido Brasileiro. Revista Geográfica de América Central, Costa Rica: Número Especial EGAL, 2011. p. 1-18. PHILLIPS, J. D. Perfect landscape. Geomorphology, 84, 159–169, 2007. MORAES, A. C. R. Meio ambiente e ciências humanas. São Paulo: HUCITEC, 1994. 100p. RENWICH, W.H. Equilibrium, disequilibrium, and noneequilibrium in the landscape. Geomorphology, 5 (3-5): 265-276.1992. ROMEIRO, A. R. Meio ambiente e produção familiar na agricultura, In Agricultura familiar: desafios para a sustentabilidade. Coletânea. Aracaju: Embrapa-CPATC, SDR/MA. 1998,.276p. SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo: Hucitec,1996.

A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO

DE 9 A 12 DE OUTUBRO

6720

SANTOS, Milton. O País distorcido: o Brasil, a globalização e a cidadania. Publifolha: São Paulo, 2002. SOJA, Edward W. Uma concepção materialista da espacialidade. In: BECKER, Bertha K.; COSTA, Rogério H.; SILVEIRA, Carmen B. (Org.). Abordagens políticas da espacialidade. Rio de Janeiro: UFRJ/Departamento de Geografi a/Programa de Pós-Graduação em Geografi a, 1983. p.22-74 SILVA G.F. da. As disputas territoriais no Maranhão. In: Ensaios sobre a questão agrária. REIS, A. T. & BATISTA, ANDRÉA F. (org.).1.ed. São Paulo: Outras Expressões, 2013. SOUZA, M.J.L. de. O território: sobre espaço e poder, autonomia e desenvolvimento. In: Castro, I.E. et al. Geografia: conceitos e temas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil. 2006. p. 77-116. SUERTEGARAY, D.M.A. Espaço geográfico uno e múltiplo. In: SUERTEGARAY, D.M.A.; BASSO, L.A. & VERDUM, R. (orgs.). Ambiente e lugar no urbano: a grande. Porto Alegre: Editora da Universidade/UFRGS, 2000. SUERTEGARAY, D.M.A. Geografia física e geomorfologia. Uma (Re)leitura. Ijuí: Ed. Unijuí, 2002. SUERTEGARAY, D.M.A. Ambiência e pensamento complexo: Resignific(ação) da Geografia. In: Silva, A.D. & Galeno, A. (orgs.). Geografia – Ciência do Complexus. Ensaios Transdisciplinares. Curitiba: Ed. Sulina/UFPR, p. 181-208, 2004. SUERTEGARAY, D.M.A. A subordinação que recria e reinventa a natureza. Texto de exposição realizada na mesa-redonda “Perspectivas da geografia Latino-Americana no século XXI”, como parte da programação do X Encontro dos Geógrafos da América Latina (EGAL). São Paulo: USP, 2005, 12p. (Mimeo).

NOTAS DE FIM:

1. Ideia de que as paisagens têm traços em comuns, mas nunca se repetem. Para aprofundar a

discussão consultar a obra - The Perfect Landscape de Jonathan D. Phillips. Revista

Geomorphology, 84 (2007) 159–169.

2. Maiores informações sobre o IDMH para Campo Formoso-Ba e outros municípios brasileiros -

visitar site: http://www.atlasbrasil.org.br/2013/pt/perfil_m/campo-formoso_ba#caracterizacao.

3. Ver documento da Comissão Pastoral da Terra, Diocese de Sr. do Bonfim-Ba. Relatório da

Mineração X Comunidades Camponesas, 2012.

4. Espacialidade é vista com a “expressão material das relações sociais”, com base em SOJA

(1983), as interações entre processos sociais e naturais, bem como da política e os padrões

de organização espaciais (p.ex: os latifúndios irrigados X minifúndios de sequeiro que se

materializam através da diferenciação espacial).

5. Para aprofundar essa discussão – consultar o estudo de Renwich, W.H. (1992). Equilibrium,

disequilibrium, ande noneequilibrium in the landscape. Geomorphology, 5 (3-5): 265-276.

6. O negrito é nosso.