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ESPORTES ALTERNATIVOS COMO PRÁTICA ......alternativos, além daqueles tradicionais como handebol, vôlei, basquete e futsal, pode representar o preparo do aluno para executar determinadas

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ESPORTES ALTERNATIVOS COMO PRÁTICA PEDAGÓGICA MOTIVADORA NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

RODOY,Tania Lotici1

BRANDL,Carmem Elisa Henn2 RESUMO

Motivar nossos alunos para o desenvolvimento das atividades escolares é assunto que faz parte do cotidiano das nossas escolas e gera certa angustia e preocupação nos profissionais da educação. Percebe-se, a cada ano que passa, que os alunos estão cada vez mais apáticos para aprender. Essa situação se agrava e fica mais evidente na adolescência, fase da vida marcada por grandes conflitos interiores e sociais. Partindo dessa problemática, o objetivo do trabalho foi verificar se a prática pedagógica de esportes alternativos pode auxiliar na motivação dos educandos nas aulas de Educação Física. A pesquisa faz parte do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, aplicado na Escola Estadual do Campo São Pedro, com alunos do 9º ano do Ensino Fundamental. Esse trabalho foi desenvolvido com estratégias pedagógicas como pesquisas bibliográficas, recursos áudio visuais, atividades práticas e teóricas, individual e em grupos e preenchimento, pelo docente e pelos discentes, de fichas de avaliação da participação, da motivação e da aprendizagem dos conteúdos. Os resultados foram satisfatórios tendo em vista que o propósito foi alcançado no que diz respeito a uma maior motivação e participação nas aulas de Educação Física. No entanto, sugiro que o conteúdo apresentado seja desenvolvido nas escolas como ferramenta para compreensão de que os esportes clássicos são importantes, mas que, além deles, existem inúmeras possibilidades que podem representar novas formas de construção individual ou coletiva de aprendizagem.

Palavras-chave: Educação Física; Motivação; Esportes alternativos.

1.Professra da Rede Pública Estadual/Núcleo Regional de Educação de Francisco Beltrão –PR. Professora do Programa de Desenvolvimento

Educacional - PDE. Especialista em Treinamento Esportivo. E- mail: [email protected]

2. Professora Doutora da Universidade estadual do Oeste do Paraná UNIOESTE – Campus de Marechal Cândido Rondon, Orientadora PDE. E-mail:

[email protected].

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1. INTRODUÇÃO

A escola é uma organização dinâmica e multifacetada, sendo assim, entender

essa realidade em movimento não linear, é fundamental para que o conhecimento

ganhe significado para o aluno, de maneira que aquilo que lhe parece sem sentido

seja problematizado e aprendido.

Enquanto componente curricular, a Educação Física que não é uma disciplina

isolada da Escola e do contexto em que vivemos, busca, acima de tudo, formar

pessoas que compõe nossa sociedade. Instigar o aluno a pensar sobre o meio em

que vive, partindo da contextualização dos conteúdos, bem como suas

possibilidades de aplicação, é ponto fundamental e norteador da práxis do processo

educativo.

Para Brandl; Nista-Piccolo; Brandl Neto (2010):

“A educação Física enquanto componente curricular, inserida no Projeto Político Pedagógico da escola deve contribuir, da mesma forma que as outras disciplinas, para a formação geral do aluno, bem como para sua aprendizagem significativa dos conhecimentos produzidos na área (p.01)”.

Dessa forma, o aluno/cidadão, inserido no processo como agente

transformador, pode contribuir para as melhorias no lugar onde vive através de suas

ações, fruto do conhecimento científico elaborado, sistematizado e aplicado. Abordar

temas que levam a emancipação dos sujeitos é requisito para o sucesso do

processo ensino-aprendizagem. Segundo Darido e Rangel (2005),

“[...] a pedagogia mais apropriada deve versar não somente sobre questões de como ensinar, mas também sobre como elaboramos conhecimentos, valorizando a questão da contextualização dos fatos e do resgate histórico. Essa percepção é fundamental na medida em que possibilita a compreensão, por parte do aluno, de que a produção da humanidade expressa uma determinada fase e que houve mudanças ao longo do tempo (p.12)”.

É notório que muitas coisas mudaram em nossa sociedade contemporânea e

a escola não pode ficar alheia a essas mudanças. Tudo isso se torna evidente

quando nos deparamos com situações relevantes como a velocidade dos avanços

da tecnologia, das informações em que nem sempre conseguimos acompanhar,

seus benefícios e seus riscos; quando uma nova estrutura familiar se forma; as

facilidades da vida moderna, entre outros. São novos conceitos, novas concepções,

uma nova forma de pensar e agir.

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Sob essa perspectiva, a Escola e a Educação Física também avançaram,

porém, não na proporção desejada.

Escola e componentes curriculares, neste caso a Educação Física, estão

intimamente ligados um ao outro e ao contexto em que estão inseridos, neste

sentido não dependem apenas de ações isoladas para promoverem as melhorias

necessárias. Compõem uma estrutura complexa, burocrática, que está em constante

processo de mudança em todos os sentidos, seja no pedagógico, na estrutura física,

nos sistemas de informações, entre outros.

Mesmo com um notável progresso, ainda temos muitas carências no que diz

respeito a falta de espaços para a prática, estrutura física inadequada ou inexistente,

equipamentos sem segurança, pouco material esportivo, recursos tecnológicos que

não funcionam, prédios conjugados, quadras a céu aberto, ambiente insalubre, são

alguns dos problemas que temos que superar em nosso cotidiano escolar para que

as aulas de Educação Física possam ter um maior êxito.

A realidade é esta, não temos como fugir, mas também não podemos nos

conformar, temos que nos adaptar e constantemente atuar para transformar, fazer o

melhor. Paralelo a isso, um novo perfil de aluno chega as nossas escolas, para

tanto, precisamos compreender essa estrutura num contexto maior, não apenas na

sua superficialidade, a aparência, a realidade prejulgada, mas sim, na sua essência,

como a sociedade está organizada, o contexto, os fatos.

Trabalhar a Educação Física partindo dessas considerações é um desafio,

pois esses fatores interferem diretamente no comportamento, nas atitudes, nas

ações e reações do sujeito escolar. A desmotivação, entre outras consequências nos

alunos, é evidente. Nesse ambiente, atualmente, percebe-se uma grande

preocupação dos professores em relação ao número de alunos que não participa

efetivamente dessa disciplina dizendo-se desmotivados, prejudicando assim o seu

aprendizado.

“O processo motivacional influencia diretamente o ensinar e o aprender de cada educando. A importância está em conhecer os motivos que estão implícitos nas ações dos alunos, se intrínsecos ou extrínsecos, e, sobretudo, em ter consciência de que esses motivos são elaborados nas relações interpessoais – em se tratando da educação escolar, nas relações proporcionadas pelas práticas educativas. (SANTOS; BERNARDI; BITTENCOURT; p.04, 2012).

O desinteresse dos alunos pelas aulas de Educação Física na escola é

grande. Sabemos que alguns fatores externos e internos à Escola contribuem para

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esse quadro, entre eles pode-se citar: utilização do tempo livre não estruturado em

que o mesmo está de sobremaneira vinculada a atividades sedentárias como, por

exemplo, a televisão, jogos eletrônicos, enfim, uso das mídias; falta de incentivo da

atividade física por parte da família, resultando assim a falta da prática na

infância/adolescência; falta de políticas públicas para adoção de hábitos saudáveis

com vistas a promoção da saúde e qualidade de vida; falta de materiais e de

instalações adequadas para realização de atividades; fatores como timidez, falta de

habilidades motoras, baixa autoestima, qualquer forma de violência que se reflete na

escola; necessidade de ingresso no mercado de trabalho; entre outros.

Outras razões são apontadas como fator de desinteresse pelas aulas de

Educação Física, como por exemplo, no estudo realizado por Darido (2004), a autora

conclui que há um progressivo afastamento dos alunos da Educação Física na

escola, e também fora dela, especialmente no Ensino Médio. Um dos fatores

desencadeantes desse afastamento seria a repetição dos programas de Educação

Física: os programas desenvolvidos no ensino fundamental são os mesmos do

ensino médio, que segundo CARA; SAAD, (2011), de forma geral, se restringiriam à

execução dos gestos técnicos esportivos.

Ao longo da minha experiência docente percebo, a cada ano, que os alunos

estão mais desmotivados. Constata-se que os mesmos aparentam estar sempre

cansados, não reagem aos estímulos, querem sempre ficar sentados, tem aparência

e atitudes de pessoas apáticas, inventam desculpas para não participarem das aulas

entre outras manifestações dos educandos.

Enquanto professora, essa percepção gera angústia, frustração, preocupação

e acima de tudo muita reflexão quanto a minha prática pedagógica e novas

metodologias á serem implementadas na superação destes desafios.

Em relação à influência cultural na identificação e na permanência dos alunos

nas aulas de Educação Física, Bidutte (2001) considera que as influências da

personalidade de cada indivíduo, suas experiências individuais e o ambiente social

da escola são fatores determinantes na motivação para as aulas de Educação

Física.

Cabe salientar, que os procedimentos didáticos pedagógicos do professor,

também influenciam sobre a qualidade das aulas e, consequentemente, sobre a

motivação do aluno. O professor que leva a sério o que faz que alie à sua

competência técnica ao compromisso de ensinar, que desperta a criatividade e

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conduz os alunos à reflexão, certamente não terá alunos desinteressados ou

desanimados, mesmo porque, o professor leva grande vantagem sobre os demais

componentes curriculares, pois a Educação Física, por si só é uma prática

motivadora (ALMEIDA; CAUDURO, 2007).

Os conteúdos são componentes importantes na Educação Física, e seu

desenvolvimento auxilia o professor para que chegue aos objetivos desejados,

através de variações na forma de planejar e conduzir as aulas. Ensinar esportes

alternativos, além daqueles tradicionais como handebol, vôlei, basquete e futsal,

pode representar o preparo do aluno para executar determinadas habilidades por

meio da descoberta do prazer de se exercitar (RESENDE, 2016).

Desta forma, este estudo deu ênfase aos jogos e esportes alternativos como o

badminton, tênis de mesa e futsac.

“O ensino do esporte nas aulas de Educação física deve sim contemplar o aprendizado das técnicas, táticas e regras básicas das modalidades esportivas, mas não se limitar a isso. É importante que o professor organize, em seu plano de trabalho docente, estratégias que possibilitem a análise crítica das inúmeras modalidades esportivas e do fenômeno esportivo que, sem dúvida, é algo bastante presente na sociedade atual (PARANÁ, 2008, p.64)”.

Considerando a desmotivação dos alunos nas aulas de Educação Física, seu

comportamento e suas atitudes como motivos de preocupação, de grandes

questionamentos, de muita inquietude e porque que não dizer, de muita frustração

da minha prática pedagógica enquanto educadora, pensei ser fundamental uma

reflexão sobre vários aspectos considerados importantes ao tema abordado: a

desmotivação dos escolares, nas aulas de Educação Física e os esportes

alternativos como possibilidade de uma prática motivadora.

Diante do problema exposto, o objetivo geral do trabalho foi de verificar se as

práticas educativas, do badminton, do tênis de mesa e do futsac auxiliam na

motivação dos educandos nas aulas de Educação Física.

2. METODOLOGIA

A pesquisa foi desenvolvida na Escola Estadual do Campo São Pedro,

localizada na Linha São Pedro, interior do Município de Santa Izabel do Oeste,

Estado do Paraná que recebe alunos da comunidade citada e arredores.

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Em virtude do êxodo rural e de outras escolas do campo nas proximidades,

esta tem poucos alunos, que, por sua vez, trabalham com suas famílias na

exploração da atividade pecuária e agrícola especialmente em aviários ou é

empregado e recebe benefícios do Governo Federal como o Bolsa Família. O

estabelecimento de ensino assume como prioridade a educação do campo para a

permanência dos mesmos no campo.

Para que o projeto tivesse um bom desenvolvimento foi dividido em três

etapas: Primeiro uma pesquisa bibliográfica; seguida da elaboração do material

didático; e, por fim, a pesquisa de campo, com caráter descritivo.

2.1 Pesquisa bibliográfica

Na pesquisa bibliográfica, como o nome já pressupõe, se utiliza de um

conjunto de fontes, principalmente de livros. Segundo Lakatos e Marconi (1987,

p.66),

“[…] a pesquisa bibliográfica trata-se do levantamento, seleção e documentação de toda a bibliografia já publicada sobre o assunto que está sendo pesquisado, em livros, revistas, jornais, boletins, monografias, teses, dissertações, material cartográfico, com o objetivo de colocar o pesquisar em contato direto com todo material já escrito sobre o mesmo”.

2.2 O material didático

A partir dos estudos realizados elaborou-se um material didático-pedagógico,

com possibilidades para a prática educativa motivadora, que teve como conteúdo os

esportes alternativos badminton, tênis de mesa e futsac e as orientações

metodológicas da Pedagogia Histórico-Crítica.

Os esportes alternativos são atividades contempladas nas Diretrizes

Curriculares Estaduais do Paraná, porém, pouco praticados no ambiente escolar. Os

Esportes tradicionais, ou clássicos, a saber, o Voleibol, o Basquetebol, o Handebol,

o Futsal e o Basquetebol, são conhecimentos importantes da cultura corporal de

movimento, no entanto, na diversidade cultural promovida pela sociedade

atualmente, limitar-se a esses conteúdos nas aulas de Educação Física, seria negar

aos alunos o “novo”. Por este motivo, se escolheu trabalhar com os jogos e esportes

alternativos, mais especificamente com o badminton, tênis de mesa e futsac.

A pedagogia histórico-crítica serviu de referencial metodológico para

desenvolvimento de atividades teóricas, práticas, pesquisas, debates, leitura,

interpretação, áudio, vídeos imagens, entre outros. Justifica-se essa escolha tendo

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em vista que se pretendeu estimular e proporcionar novas formas de conhecimento,

fazendo com que os alunos vivenciassem, praticassem com regras adaptadas e

oficiais os esportes alternativos, bem como refletissem sobre suas ações.

No livro, Uma Didática para a Pedagogia Histórico-Crítica, de João Luiz

Gasparim, (2009), encontramos os procedimentos didáticos que buscam estimular a

construção do conhecimento escolar. Esta construção passa por três fases: prática,

teoria e prática ou ação, reflexão, ação.

Destas três fases resultaram cinco passos que procuram traduzir o movimento

do trabalho pedagógico proposto pela pedagogia histórico crítica, que segundo

Gasparim (2009) são:

1) Prática social inicial do conteúdo: O primeiro passo do método

caracteriza-se por uma preparação, uma mobilização do aluno para a construção do

conhecimento escolar. É uma primeira leitura da realidade, um contato inicial com o

tema a ser estudado.

2) Problematização: A problematização é o fio condutor de todo o

processo de ensino-aprendizagem. Todavia, este momento é ainda preparatório, no

sentido de que o educando, após ter sido desafiado, provocado, despertado e ter

apresentado algumas hipóteses de encaminhamento, compromete-se teórica e

praticamente com a busca da solução para as questões levantadas. O conteúdo

começa a ser seu. Já não é mais um conjunto de informações programáticas. A

aprendizagem assume, gradativamente, um significado subjetivo e social para o

sujeito aprendente.

3) Instrumentalização: Este terceiro passo do método realiza-se nos

atos docentes e discentes necessários para a construção do conhecimento

científico. Os educandos e o educador agem no sentido da efetiva elaboração

interpessoal da aprendizagem, através da apresentação sistemática do conteúdo

por parte do professor e por meio da ação intencional dos alunos de se apropriarem

desse conhecimento.

4) Catarse: A catarse é a síntese do cotidiano e do científico, do teórico e

do prático a que o educando chegou, marcando sua nova posição em relação ao

conteúdo e à forma de sua construção social e sua reconstrução na escola. É a

expressão teórica dessa postura mental do aluno que evidencia a elaboração da

totalidade concreta em grau intelectual mais elevado de compreensão. Significa,

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outrossim, a conclusão, o resumo que ele faz do conteúdo aprendido recentemente.

É o novo ponto teórico de chegada; a manifestação do novo conceito adquirido.

5) Prática social final dos conteúdos: A prática social final, é a nova

maneira de compreender a realidade e de posicionar-se nela, não apenas em

relação ao fenômeno, mas a essência do real, do concreto. É a manifestação da

nova postura prática, da nova atitude, da nova visão do conteúdo no cotidiano. É, ao

mesmo tempo, o momento da ação consciente, na perspectiva da transformação

social, retornando à Prática Social Inicial, agora modificada pela aprendizagem.

2.3 A pesquisa de campo

A pesquisa de campo caracterizou-se como descritiva, que, segundo Gil

(1991, p.46) “tem como objetivo primordial a descrição das características de

determinada população ou fenômeno [...]”, justificando ainda que este tipo de

pesquisa é muito utilizado por pesquisadores que se preocupam com a atuação

prática. Roesch (2005) explica que a pesquisa descritiva qualitativa possibilita

estudar os fenômenos dentro de um contexto, sendo esta apropriada para a

avaliação formativa, bem como para a análise dos resultados na construção de uma

intervenção.

Participaram da pesquisa onze alunos do 9º ano da Escola Estadual do

Campo São Pedro.

Na primeira etapa da pesquisa, realizada antes de iniciar o projeto de

implementação, foi aplicado um questionário com o objetivo de diagnosticar se há e

quais os motivos do desinteresse dos alunos pela prática esportiva nas aulas de

Educação.

“O questionário é um instrumento de coleta de dados com questões a serem respondidas por escrito sem a intervenção direta do pesquisador. Normalmente anexa-se, no início, uma folha explicando a natureza, sua importância e a necessidade de que o sujeito responda de forma adequada às questões, (MOROZ, 2002, p.66)”.

Após a aplicação e análise do questionário foi realizada a implementação do

projeto na Escola a partir do material didático elaborado. A carga horária totalizou

em 32 (trinta e duas) horas-aula junto aos alunos, e 32 (trinta e duas) horas-aula na

preparação das aulas e atividades administrativas. Neste momento estiveram

envolvidos os parceiros da escola como a equipe pedagógica, direção, professores e

participantes do GTR – Grupo de Trabalho em Rede.

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Durante as intervenções foram realizadas avaliações contínuas através de um

diário de campo e fichas de avaliação e auto avaliação preenchidas pelo professor e

pelos alunos. Após as intervenções foi aplicado novamente um questionário com o

objetivo de comparar a participação, envolvimento e aprendizagem dos alunos antes

e após a implementação do projeto.

A análise do conteúdo de cada depoimento se deu pela busca de unidades de

significado que permitiu compreender o processo e seus resultados. Neste sentido,

não se vislumbrou conhecer quantos alunos acharam isso ou aquilo da prática, ou

quantos gostaram ou deixaram de gostar de uma atividade específica. Desejava-se,

no entanto, conhecer o que o conteúdo e a metodologia de ensino, como um todo,

representou para aquele que o vivenciou.

3. RESULTADOS

Os resultados, acompanhados de sua análise serão apresentados por etapa

realizada.

3.1 Resultado dos questionários

Para identificar a motivação dos alunos para as aulas de Educação Física foi

aplicado um questionário de pré e pós intervenção. Dos onze alunos, nove

responderam.

Na pré intervenção, a primeira questão, abordou sobre a percepção dos

alunos sobre para que serve a Educação Física. As respostas foram todas numa

mesma direção: para ensinar a praticar esportes, para jogar bola e apenas uma

resposta no sentido de promoção da saúde.

A segunda pergunta foi se eles participavam das aulas de Educação Física.

Oito responderam sim e um respondeu não. As justificativas para a resposta

afirmativas foram porque faz bem para a saúde, pra ganhar nota, gosta de jogar e

outras semelhantes. Já a negativa porque não gosta de esportes com contato físico.

A pergunta de número três queria saber se eles se achavam alunos

motivados a participar das aulas de Educação Física. Cinco alunos responderam

sim, dois não, um mais ou menos e um respondeu as vezes. Para os que disseram

sim, em suas justificativas consideraram que se sentem bem fazendo esportes,

desenvolve o raciocínio, tem força de vontade de aprender as coisas, a professora

motiva. Para os que responderam não o principal motivo é a mesmice dos esportes

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como futsal e vôlei, o que respondeu mais ou menos se sente desanimado, com

pouca vontade e a que respondeu as vezes foi em virtude da discriminação dos

colegas. Identificou-se que dos quatro alunos que se sentem desmotivados três são

meninas e um menino.

Situação semelhante a evidenciada acima, foi encontrada por DEODATO

(2012) que, em sua pesquisa concluiu que: “o esporte é o principal conteúdo

trabalhado nas aulas de Educação Física dos alunos durante o Ensino Fundamental,

sendo o futsal o esporte mais praticado”.

Quanto a problemática da mesmice dos esportes tradicionais na grande

maioria de nossas escolas e as possibilidades para minimizar essa prática, a partir

do seu estudo DEODATO (2012), afirma que:

“Esta realidade também se repete em muitas escolas, fazendo com que professores busquem modificar essa situação através de aulas atrativas, com metodologias diferenciadas, conteúdos variados e sistemas de avaliação que motivem o alunos a se interessar sobre a aula de Educação Física e consequentemente valorizá-la como área do conhecimento”.

O último questionamento foi sobre o que eles achavam necessário mudar nas

aulas de Educação Física. Três alunos responderam nada. Os demais querem

aprender coisas novas, jogos com menos contato físico e que os menos habilidosos

possam participar.

Após a intervenção o mesmo questionário foi aplicado e foi verificado que

houve uma evolução nos conceitos, novas formas de ver e viver a Educação Física,

novas concepções, novos conhecimentos, novo repertório de respostas.

Na primeira questão, para que serve a Educação Física, as respostas foram

para aprender e praticar novos esportes e para melhorar a saúde e a qualidade de

vida.

A segunda pergunta foi se eles participavam das aulas de Educação Física.

Todos responderam sim. As justificativas foram porque faz bem para a saúde,

aprenderam novos esportes e gostam de praticar, uma das poucas aulas que eu

aprovo, é bom para o meu desenvolvimento.

A pergunta de número três queria saber se eles se achavam alunos

motivados a participar das aulas de Educação Física. Oito alunos responderam sim

e um mais ou menos. Para os que disseram sim, em suas justificativas consideraram

que gostam de jogar, que teve oportunidade de se descobrir, que é legal. A menina

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que respondeu mais ou menos foi em virtude de ter gostado das aulas quando os

esportes são de raquetes, sem contato físico.

O último questionamento foi sobre o que eles achavam necessário mudar nas

aulas de Educação Física. Todos responderam nada. Em seus porquês, dizem que

está perfeito do jeito que está, que deveria ter mais aula de Educação Física pois

está passando muito rápido, que as aulas são ótimas, que conheceram esportes e

materiais nunca visto antes, que não mudariam nada mas gostariam de aprender

esgrima e que a quadra esportiva fosse melhor.

De acordo com Teixeira e outros (2011):

“Muitas das atitudes que professores de Educação Física têm durante as aulas, os conteúdos ministrados, o desinteresse ou despreparo em trabalhar com todo o leque de conteúdo que a disciplina possui, a estrutura precária do ambiente em que se realiza as aulas de Educação Física, assim como a disponibilidade de materiais é fator primordial para a motivação ou a falta dela para os alunos em relação a prática das aulas. Por isso destaca-se a importância do professor estar ciente dos estudos sobre motivação e poder analisar, através das necessidades dos seus alunos, e elaborar estratégias para uma melhora na realização do seu trabalho e consecutivamente despertar o interesse de seus alunos”.

A cada aula que acontecia, de acordo com a metodologia utilizada, o

interesse e a motivação foi aumentando, os reais motivos pelo desinteresse foram

apontados, ações pedagógicas foram implementadas e participação deles nas aulas,

crescente e garantida. Todos partiram de um mesmo princípio: esportes novos,

ninguém é melhor que ninguém, a questão de gênero amenizada e por

consequência, a aprendizagem aconteceu.

Observe a tabela a seguir que faz um comparativo do questionário de pré e

pós intervenção no que diz respeito a pergunta número três: Você se considera um

aluno motivado a participar das aulas de Educação Física?

Tabela 01: Resultado sobre a motivação dos alunos para as aulas

de Educação Física pré e pós intervenção

Respostas Pré Fi Pré % Pós Fi Pós %

Sim 05 56 % 08 89 %

Não 02 22 % 00 0,0 %

Mais ou menos 01 11 % 01 11 %

As vezes 01 11 % 00 0,0 %

Total 09 100% 09 100%

Considerando as respostas dos alunos no questionário aplicado, fica evidente

que os esportes alternativos tiveram resultado positivo para meninos e meninas do

nono ano da Escola Estadual do Campo São Pedro no que diz respeito a motivação.

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A motivação no ambiente escolar muitas vezes acontece com pequenas

ações, não no extraordinário. Ter sensibilidade e saber utilizar esses sinais a favor

da aprendizagem, em harmonia com o conhecimento científico, pode fazer a

diferença em nossas aulas.

3.2 O diário de campo e o relato da experiência: implementação do material

didático

Para a implementação do material didático de esportes alternativos, trinta e

duas aulas foram trabalhadas com atividades práticas, teóricas e avaliativas

relacionadas ao badminton, futsac e tênis de mesa.

Antes de relatar sobre cada esporte trabalhado é importante fazer algumas

considerações que foram fundamentais para o êxito da implementação e registradas

no diário de campo, que muito ajudou na eficácia da minha prática docente e nas

mudanças necessárias no decorrer do processo.

Nesta escola do campo a turma era pequena, com onze alunos, dos quais

dois quase sempre estavam ausentes, os demais tinham frequência.

Este foi o primeiro ano que trabalhei nesta Escola. Com o objetivo de

conhecer a turma, fiz uma sondagem teórica e uma prática. A teórica foi através de

um questionário que os alunos responderam verbalmente em sala de aula. Neste

bate papo, quis saber quem eram esses sujeitos, seu nome, idade, seu esporte

preferido, o esporte que não gostavam, que esporte gostariam de aprender além da

sua perspectiva de sonho para sua vida profissional. A sondagem prática foi

realizada na quadra. Ofertei através de um circuito atividades voltadas aos esportes

alternativos que seriam trabalhados.

A partir disso fui elaborando conceitos sobre a turma e como intervir nessa

realidade. O observado causou preocupação. Percebi que o esporte preferido era o

futsal, que os “bons” sempre jogam e os “ruins” ficam de fora, meninos jogam e

meninas ficam sentadas, que alguns são apáticos, desmotivados, conformados com

a situação, alguns apenas participam por obrigação das aulas de Educação Física,

que o número reduzido de alunos da turma e de praticantes dificultava o andamento

da aula.

Em virtude deste diagnóstico, ao constatar a superioridade masculina sobre a

feminina no que diz respeito a participação e habilidades motoras, achei ser

fundamental abordar o tema gênero em relação aos esportes. Aproveitei o Dia

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Internacional da Mulher – 08 de Março para debatermos sobre as diferenças entre

homens e mulheres no esporte. O objetivo foi mostrar que as mulheres não são

inferiores aos homens, porém fatores físicos, biológicos, sociais, culturais entre

outros, devem ser considerados e respeitados também no contexto escolar.

Após o debate, para que a teoria tivesse um significado mais eficaz, fizemos

uma aula prática de atletismo: arremesso de peso. As diferenças ficaram mais

evidentes, os alunos compreenderam porquê homens competem com homens e

mulheres competem com mulheres, que na escola o esporte é solidário, não

competitivo, que todos devem ter a oportunidade de aprender, que jogamos com o

outro, não contra o outro, que precisamos do colega mesmo que seja do sexo

oposto para compor uma equipe e acima de tudo que temos que respeitar as

diferenças, sejam elas quais forem.

A partir dessas atividades, da construção coletiva das regras de boa

convivência e da necessidade de ensinar algo novo, onde todos começassem do

mesmo ponto de partida, sem “fortes” ou “fracos”, tive a certeza de que os esportes

alternativos seriam motivadores e desafiadores para aqueles alunos.

O primeiro desafio foi conquistá-los. Tarefa nada fácil, foi necessário cautela,

profissionalismo entre outras competências para que eles se tornassem receptivos a

proposta.

Sem imposições, fomos construindo juntos o conhecimento. Achei viável

começarmos pelo badminton. Depois de algumas aulas, a bola de futsal já não era

mais a preferida, foi ficando de lado. Como estavam participando de forma efetiva,

combinamos que a alguns textos teóricos estudariam em casa e na escola faríamos

apenas as considerações sobre eles. Então foi elaborada uma apostila e entregue

aos alunos. O conteúdo teórico despertou a curiosidade e o interesse.

A essa altura não queriam mais perder aula prática pois tinham o material,

colegas para jogar e tempo disponível para isso. Como os alunos residem em

diferentes comunidades no interior do município isso é inviável em outros momentos.

A quadra esportiva da escola é precária, as linhas que delimitam os campos

de jogo não aparecem, não é coberta, geralmente o sol é muito intenso. Junto com

os alunos tornamos essa dificuldade em oportunidade de aprendizagem. No único

espaço que tem sombra parcial, pintamos uma quadra de badminton e

confeccionamos a rede de jogo, que também serviu dentro da proposta para

praticarmos o futsac.

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Pelo fato da escola ter turmas com poucos educandos, a quadra que fora

pintada foi muito útil. Nela todos as turmas puderam praticar outros esportes, como

vôlei, caçador, futevôlei, entre outros. O contato dos alunos com o material utilizado

é mais duradouro, mais intenso, o local ficou mais aconchegante, convidativo, de

acordo com a realidade deles. Ficou oportuno e eficiente no processo educativo.

Quanto aos demais materiais, sempre que solicitado, a direção da escola e

equipe atenderam ao pedido.

Na sequência, faço algumas considerações de cada um dos esportes

trabalhados previstos na unidade didática.

O badminton foi o esporte de maior aceitação entre os alunos. De fácil

aprendizagem, proporcionou diversão e conhecimento. As demais turmas da escola

também quiseram aprender.

Neste caso, a prática social final deste conteúdo ficou evidente quando no

Festival de Esportes Alternativos, em uma tarde recreativa, os alunos do nono ano

ensinaram aos demais alunos e equipe da escola a prática desse jogo. As raquetes

foram se deteriorando na medida que as aulas iam sendo ministradas. Com o auxílio

dos alunos, reaproveitamos as mesmas revestindo-as com meia calça (meia fina),

bem esticada, técnica que deu certo, foi funcional.

Para minha surpresa, recebo na escola a mãe de uma aluna que espontaneamente diz:

“... eu sou a mãe da sua aluna Maria, agradeço por você ter despertado em minha filha a vontade de praticar atividades físicas, ela sempre reclamava que não gostava das aulas de Educação Física porque sempre era a mesma atividade e quem não se destacava ficava fora dos jogos. Você despertou na Maria o interesse da prática de atividades físicas. Vejo que as reclamações acabaram e agora até está feliz por participar juntamente com outros alunos as atividades propostas, principalmente o badminton”.

Enfim, o depoimento desta mãe é a celebração de uma conquista além do

esperado.

Sobre o futsac, pode-se afirmar que quando ensinamos um esporte novo

temos a vantagem de que todos partem de um mesmo ponto. Por ser novo, não há

melhores ou piores, bons ou ruins, é sempre uma nova proposta de aprendizagem

além de ser uma possibilidade de superação, principalmente para aqueles alunos

que são ou sentem-se excluídos das aulas.

Nas aulas teóricas desse jogo, o fato de ter sido um paranaense o criador

deste esporte, fez com que houvesse motivação pelo conhecimento. A curiosidade

foi aguçada fazendo com que os alunos se interessassem, os mesmos foram

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estabelecendo comparações entre o futsac com outros esportes, seja na contagem

de pontos, quadra, número de jogadores e outras regras estudadas.

Dessa forma, após a realização das atividades previstas na unidade didática

referente ao futsac, os alunos, meninos e meninas, de modo espontâneo

começaram a praticar o futevôlei, na quadra por eles feita. Adaptamos algumas

regras e hoje a sensação do momento na escola é o futevôlei, pois agradou aos que

sempre jogaram futsal e também aos que não gostam de jogar com o pé e sim com

as mãos. Oportunizou-se a vivência de um jogo diferente, o futsac e evoluímos para

outras possibilidades no caso o futevôlei.

O tênis de mesa já era praticado na escola. Então avançamos para o jogo de

duplas e fizemos algumas atividades adaptadas para que os alunos aprendessem

sobre a empatia. A reflexão após a vivência foi produtiva, com muitos significados

para a aprendizagem.

Vale a pena registrar a atividade avaliativa da confecção da raquete de tênis

de mesa. Todos utilizaram madeira, material por eles disponível em abundância, sua

criação era livre e na hora do jogo a raquete foi funcional, atingindo assim um dos

objetivos propostos.

Houve um grande envolvimento e participação dos alunos, o trabalho foi

realizado conforme o previsto na forma recreativa e também em alguns momentos,

raros, de maneira competitiva.

Com essa atividade, ficou claro que alguns esportes ensinados na escola

continuam a ser praticado fora dela com algumas adaptações em virtude da

realidade que cada um dispõe. Justifica-se essa afirmação pelo fato de que após as

atividades realizadas na escola com o material produzido pelos alunos, alguns

pediram para levar a raquete para casa para continuarem jogando.

É possível afirmar que quando os alunos fazem parte do processo ensino-

aprendizagem como agentes construtores do conhecimento, os mesmos assumem

um novo comportamento, uma nova atitude no seu cotidiano a partir do significado

que o saber lhe proporcionou.

Vejamos o depoimento da pedagoga da escola, professora Cleide:

“... os resultados observados foram significativos. Com esse projeto houve incentivo para os esportes alternativos como: badminton, tênis de mesa e futsac, sendo que os alunos estavam acostumados a praticar sempre os mesmos jogos e atividades... abrir mão de seus esportes preferidos foi um desafio... a partir do momento que começaram a aprender, conseguiram perceber que o esporte vai além de uma bola de futsal... a Educação Física

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está entre as disciplinas preferidas dos alunos, no entanto sempre há resistência de alguns alunos, ao começar fazer a aula, aprenderam e gostaram, observei que alunos tímidos e retraídos se envolveram nos jogos se socializando com os demais colegas... no Festival de Esportes Alternativos, uma aluna me ensinou as regras e a jogar badminton. Naquele momento voltei a ser criança e consegui realizar o jogo pelo prazer, e digo mais, gostaria de praticar o badminton como um esporte na minha vida”.

3.3 Avaliação do processo: As fichas de avaliação

As atividades avaliativas foram acontecendo no decorrer do processo de

implementação da unidade didática conforme planejado. Fichas foram utilizadas

pelos alunos para contemplar a auto-avaliação e pela professora as fichas de

avaliação. Para ambos, o propósito era o de avaliar a participação e o envolvimento

dos alunos no processo de ensino.

Avaliar não é tarefa fácil, requer muita cautela, discernimento,

comprometimento e responsabilidade para com as ações docentes e discentes.

Porém, é uma exigência do nosso Sistema de Ensino e deve ser realizada.

Ao referir-se sobre o assunto Silva (2007, p.103) relata que:

“Na educação o ato de avaliar constitui-se num processo de

encaminhamento para detectar o estado em que se encontram as pessoas e os demais elementos envolvidos no cotidiano dos espaços educacionais, no sentido de estabelecer determinada comparação entre o que se conseguiu realizar e o que se objetiva atingir, para o estabelecimento de juízos de valor”.

Já a auto avaliação é uma prática pouco utilizada no cotidiano escolar, é um

valioso instrumento de verificação do processo de ensino e aprendizagem que

contribui de forma significativa para o crescimento e desenvolvimento de nossos

educandos. Porém, muitos educadores receiam em utiliza-la por diversos fatores

entre eles a falta de confiança nos educandos. Para SILVA (2007, p.105):

“A auto avaliação é um instrumento concebido para possibilitar que os alunos analisem o seu próprio desempenho, destacando pontos positivos e negativos, necessidades ou avanços, em busca do alcance de seus propósitos, os quais consistiriam, mais imediatamente, em uma aprendizagem significativa de determinado conhecimento, no domínio de determinadas competências e em sua consequente aprovação no processo”.

De acordo com o que foi planejado, a avaliação e a auto-avaliação foi

realizada por meio de fichas. Os resultados tanto dos alunos quanto da professora

não se diferem muito e podem ser analisados a seguir.

A Ficha de avaliação da participação foi preenchida diariamente pela

professora para os onze alunos durante 26 aulas práticas e/ou teóricas, exceto nas

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aulas em que foram realizadas as avaliações. Para se obter o total, multiplicou-se o

número de alunos pelas aulas trabalhadas.

Tabela 02: Resultados da turma em relação a frequência e participação nas aulas.

Critérios avaliativos Frequência Percentual

Faltou 32 11%

Esteve presente, mas não participou 11 4 %

Esteve presente e participou 37 13 %

Esteve presente, participou e colaborou 206 72 %

Total 286 100%

De acordo com os resultados da tabela 02 podemos concluir que os alunos

foram participativos. Das trinta e duas faltas, doze são de um mesmo aluno

(trabalhador e com idade superior a da turma frequentada) e sete de um outro.

Sendo assim, é possível afirmar que a maioria dos alunos que frequentou as aulas

participou e colaborou.

Para a avaliação da participação no que diz respeito ao cumprimento das

tarefas, também foi utilizada uma ficha, preenchida pela professora, com critérios

pré-determinados. Foram realizados seis trabalhos que serviram de avaliação da

aprendizagem no decorrer do processo. Para obter o total, multiplicou-se a

quantidade de alunos pela quantidade de avalições, segue o resultado abaixo

conforme a Tabela 03.

Tabela 03: Resultados da turma em relação ao cumprimento das tarefas.

Critérios avaliativos considerados Frequência Percentual

Não fez o trabalho/tarefa 15 23 %

Fez o trabalho/tarefa mas pouco elaborado 3 3 %

Fez o trabalho/tarefa e cumpriu com o que foi proposto 14 21 %

Fez o trabalho/tarefa bem elaborado 34 53 %

Total 66 100%

Nesta tabela os dados mostram que a maioria dos alunos fez o trabalho/tarefa

bem elaborado e cumpriu com o que foi proposto.

Para a tabela 04, os alunos realizaram sua auto-avaliação em relação aos

trabalhos/tarefas, preenchendo as fichas de acordo com os critérios propostos. O

total é o produto da multiplicação da quantidade de alunos pela quantidade de

tarefas solicitadas.

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Tabela 04: Resultados da turma em relação a auto avaliação dos trabalhos/tarefas.

Critérios avaliativos Frequência Percentual

Não fiz o trabalho/tarefa 15 23 %

Fiz o trabalho/tarefa mas pouco elaborado 02 3 %

Fiz o trabalho/tarefa e cumpri com o que foi proposto 14 21 %

Fiz o trabalho/tarefa bem elaborado 35 53 %

Total 66 100%

Os dois educandos faltosos contribuíram para que o primeiro critério tivesse

um percentual considerável, mas, podemos concluir que a maioria dos alunos

realizou os trabalhos de maneira satisfatória ou bem elaborados, o que

possivelmente contribuiu com a aprendizagem.

Da mesma forma que na auto avaliação de trabalhos e tarefas, em relação a

participação e aprendizagem os alunos puderam realizar sua própria avaliação. Este

resultado foi obtido de acordo com a quantidade de alunos da turma nas aulas

práticas e/ou teóricas, exceto nas aulas de avaliações e foi preenchida diariamente

pelos alunos de acordo com a legenda proposta. Para obter o total, multiplicou-se os

onze alunos pelas vinte e seis aulas realizadas.

Tabela 05: Resultados da turma em relação a auto avaliação da participação e aprendizagem.

Critérios avaliativos Frequência Percentual

Não participei da aula 27 9 %

Participei mas não compreendi 2 1 %

Participei e compreendi 80 28 %

Participei, compreendi e realizei as atividades com facilidade

177 62 %

Total 286 100%

De acordo com os dados apresentados na tabela, é possível concluir que

houve participação, compreensão e a realização das atividades pela maioria dos

alunos.

3.4 Sobre o GTR – Grupo de Trabalho em Rede

Como atividade do PDE, aconteceu o GTR- Grupo de Trabalho em Rede,

ofertado aos professores da Rede Estadual de Educação do Estado do Paraná que

teve como tutora quem produziu este artigo.

Com o título “Esportes Alternativos como prática esportiva motivadora para

jovens estudantes do Ensino Médio”, a capacitação contou com dezenove inscritos

sendo que destes a maioria concluiu as atividades propostas com êxito.

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De acordo com os relatos dos cursistas, não houve mudanças significativas

que merecessem destaque entre o que foi planejado e o que foi implementado e que

a proposta contribuiu muito para a melhoria da prática pedagógica docente dos

cursistas.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento do Projeto de Intervenção Pedagógica contribuiu de forma

significativa para a melhoria da minha prática pedagógica no cotidiano escolar. Foi

uma oportunidade de repensar e intervir sobre a minha ação docente e também

sobre o tema proposto: esportes alternativos como prática pedagógica motivadora

na Educação Física escolar.

O objetivo deste trabalho que foi verificar se os esportes alternativos como o

badminton, futsac e tênis de mesa poderiam motivar os alunos a participarem mais

das aulas de Educação Física foi atingido. Tal afirmação justifica-se quando

observamos os resultados dos questionários de pré e pós intervenção. Na pré

intervenção 56% dos educandos sentiam-se motivados a participar das aulas de

Educação Física. Já no pós intervenção, 86% garantiram estar motivados a

participar das aulas. Também o processo avaliativo demonstrou participação,

envolvimento e aprendizagem significativa dos conteúdos propostos.

No decorrer da aplicação da intervenção pedagógica, a qual possibilitou

atividades esportivas diferentes das habituais, percebeu-se que os esportes

alternativos representaram o lúdico, o benefício do prazer, da alegria, de novas

formas de ser, agir e reagir dos educandos. O desafio de motivá-los para outras

práticas, além dos esportes tradicionais, aconteceu de forma espontânea, sem

imposições, através do diálogo, da construção e reconstrução, da adaptação e

readaptação, do planejamento e replanejamento e do respeito ao contexto cultural

que influencia na formação do ser humano. Juntos descobrimos outras

possibilidades que vão além do jogo de bola.

A metodologia utilizada contribuiu muito para a implementação da proposta. A

partir do estudo da “Pedagogia Histórico Crítica” foi possível compreender a

importância da participação ativa dos alunos e a mediação do docente no processo

de ensino-aprendizagem. Os efeitos desta pedagogia em relação a aprendizagem

merecem destaque, pois os alunos fazem parte da construção do conhecimento e da

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avaliação da aprendizagem. Dessa forma, os educandos envolveram-se cada vez

mais nas aulas, o conhecimento prévio, bem como a realidade vivida por eles, foi

utilizada em favor de novas formas individual ou coletiva de construção do

conhecimento.

No que diz respeito ao processo de avaliação e auto avaliação dos alunos, foi

possível afirmar que foram ativos, sentiram-se valorizados, reconhecidos e por

consequência cada vez mais motivados a participar.

Espero com este trabalho poder auxiliar os profissionais da educação que

buscam a melhoria da sua práxis através dos esportes alternativos, dizer que o

mesmo foi de grande importância tanto para mim quanto para aqueles que

participaram. Juntos, celebremos essa conquista!

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