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ESQUIZOFRENIA TEÓRICA: OS EFEITOS DOS GOVERNOS DE FRENTE POPUPAR EM PARTE DA VANGUARDA COMUNISTA
Menezes, Jean Paulo Pereira de. Doutorado em Ciências Sociais, UNESP Marília.
RESUMO: neste texto procuro apresentar alguns dos trágicos efeitos da frágil formação política partidária da esquerda socialista diante do apoio aos governos de frente popular na América Latina (chavismo na Venezuela e lulismo no Brasil). Tal situação histórica possibilita o que chamo de esquizofrenia1 teórica, dificultadora de uma caracterização sobre as “frentes populares”, levando parte da vanguarda socialista à capitulação diante de um programa revolucionário que algumas ainda postulam. Assim, esta parte da esquerda se constrói diante de uma variável que vai desde o discurso vazio à defesa de um capitalismo humanizado. Fato que me parece bem típico da herança da Segunda Internacional e da Terceira Internacional degenerada pelo stalinismo. A priori, como síntese destes elementos citados acima, elenco como características esquizofrênicas: 1)- incapacidade de caracterização diante do próprio Programa que se auto define como revolucionário; 2)- incapacidade de um debate sincero diante da vanguarda revolucionária marxista; 3)- incapacidade de assumir o papel que cabe a vanguarda da classe trabalhadora; 4)- incapacidade de avançar no diálogo de unidade de ação contra o capital; e, 5)- imaturidade diante da crítica sincera, “magoando-se”, na maior tradição da moral judaico-cristã com a inferência direta de seus críticos. Não tenho a pretensão aqui de constituir um artigo acadêmico, embora alguns recursos de exposição sejam utilizados.
Produzir um texto com determinada acidez e como o caráter de classe
requer do autor a preocupação de não se transformar em produtor de
instrumentos para a classe oposta. Ao se escrever para parte da esquerda,
mesmo que o texto seja claramente direcionado a esta parte, este continua
sendo um texto. E como todo texto, está sujeito a perca de toda pretensão de
domínio sobre ele. E é nesta fatalidade que inicialmente reside uma das
preocupações do autor.
Não pretendo aqui alimentar os porcos, os vampiros e os lacaios. Mesmo
que isso ocorra, é da mais absoluta importância que se afirme: este texto não
1 Embora muitos camaradas entendam que este tipo de expressão faça parte de uma tradição conservadora, ligando-se até mesmo a um pensamento neopositivista, ou mesmo higienista, não o utilizo aqui nesta perspectiva. A figuração da palavra esquizofrenia, aqui, é utilizada para fazer a crítica da própria ideia de estandarte que carrega parte da esquerda socialista, acreditando que são os verdadeiros caracterizadores da conjuntura, o que os levam a sustentar a participação e o apoio as frentes populares.
faz coro a qualquer pensamento da classe burguesa e de seus serviçais. Trata-
se de preocupações no âmbito da própria esquerda, fundantes para a
continuação da luta na “Pré-história” que ainda vivemos. E esta luta é toda luta
da classe trabalhadora contra a classe burguesa. Todavia, se o que se escreve
aqui for objeto instrumental dos lacaios da burguesia só estaremos constatando
o oportunismo que marca o papel vampiresco dos intelectuais da burguesia em
ação no cotidiano. Uma vez demarcado esta fatalidade, passo ao que mais nos
interessa.
Esquizofrenia é uma psicose que proporciona aos seus portadores a
capacidade de enxergarem coisas que os restantes não enxergam.
Precisamente, apenas o psicótico é capaz de ver o que não existe para os
outros, sobretudo porque esta visão é fruto da sua imaginação, da sua psicose.
É importante notar que o esquizofrênico não é necessariamente um retardado
mental e que esta situação não invalida, necessariamente, a vida. A grande
problemática que se coloca a este psicótico é a dificuldade, em muitos casos,
de conseguir distinguir, ao caracterizar o cotidiano, a realidade social e
“realidade” fruto da sua esquizofrenia.
Sobre a esquizofrenia, o que tudo indica, as ciências vêm cada vez mais
avançando na caracterização desta situação psicótica, o que proporciona aos
esquizofrênicos maiores perspectivas de entendimento sobre o seu
comportamento e mesmo uma fração de respeito social, distanciando o
esquizofrênico do preconceito ainda marcante na sociedade capitalista.
Colocado desta maneira, apresento aqui alguns apontamentos sobre a
esquizofrenia teoria de parte da vanguarda socialista que se reivindica
revolucionária e defensora de um programa partidário revolucionário.
Marcadamente, com uma figuração de linguagem, a partir de
semelhanças entre a esquizofrenia objeto de estudo das ciências e a
esquizofrenia teórica como objeto de crítica de outra parte da vanguarda
socialista que postulam a reconstrução da Quarta Internacional. Não
apresento aqui apontamentos desrespeitosos aos esquizofrênicos dos dois
tipos (reais e teóricos figurativos da esquerda), mas também não escrevo para
amaciar o que é duro ou mesmo acariciar o que é agressivo. Escrevo aos
camaradas de unidade contra o capital na mais direta e franca tradição crítica
fundada por Marx e Engels. Assim, se as palavras parecerem pesadas,
acertadamente a serão, mas se parecerem desrespeitosas, e se de fato forem,
estou disposto a assumir sinceramente o erro das palavras. Mas apenas se
forem reais as acusações de desrespeito!
Parte da vanguarda de esquerda, há tempos, vem sendo atormentada por
uma espécie de esquizofrenia teórica que, na melhor das situações, fragiliza a
leitura do tempo presente diante da constituição do Programa Revolucionário.
Refiro-me, sobretudo, aos militantes dos PCs no interior da vanguarda de
esquerda. Nem mesmo o PCB foge esta situação esquizofrênica2. Vejamos o
que é publicizado em um dos seus meios de comunicação sob o título “O
legado de Chávez”:
“Comentários de intelectuais que atuam na Venezuela e dirigidos a todos aqueles que acompanham a Revolução Bolivariana da Venezuela e estão curiosos de saber o que acontecerá a esse país depois do imenso impacto emocional causado pela morte prematura (e ainda não bem esclarecida) do Comandante Hugo Rafael Chávez Frías, líder inconteste dessa original revolução que possui um caráter heterodoxo” (O Legado de Chávez, 2013).
Revolução original? Qual? Sinceramente, Marx quando se refere ao
conceito de Revolução, detidamente Revolução Social, não se refere a
reformas atreladas ao capital e ao imperialismo (não esqueçamos que Chávez
jamais rompeu o fornecimento de petróleo ao tão criticado EUA) e a
perseguições aos líderes sindicais. Inconteste? Esta sentença é bem típica de
um finalismo historicista que encontramos facilmente como elementos que
ajudam a compor o stalinismo. Heterodoxo, realmente, bem heterodoxa e isso
é um elemento firme da frente popular e exatamente uma característica que a
limita ao jogo do capital.
Em outro documento fica ainda mais nítido o posicionamento desta
organização (repito, com muitos camaradas comprometidos) em relação ao seu
apoio ao chavismo:
“O secretário-geral do PCB, Ivan Pinheiro, encontra-se em Caracas para as manifestações de despedida do povo venezuelano de seu presidente Hugo Chávez. Ao lado da militância do Partido Comunista da Venezuela (PCV), Ivan participa dos importantes atos públicos populares, que deixam
2 É certo que muitos militantes desta organização não sofrem desta psicose e que travam uma luta interna contra a esquizofrenia teórica nas suas fileiras. Entretanto não me deterei a escrever desta luta interna. Cabendo aos camaradas a manifestação de suas barricadas na fraternal crítica aos companheiros de organização.
claro ao imperialismo e à oposição de extrema-direita daquele país que o legado de democratização e participação popular na vida política da Venezuela não serão facilmente esquecidos pelo povo. Com agenda no país vizinho até domingo, Ivan também representa o PCB em reuniões das forças progressistas e revolucionárias da Venezuela, externando nosso internacionalismo proletário e desejo de que a classe trabalhadora venezuelana prossiga com as conquistas até agora obtidas no período chavista e aprofunde seu processo revolucionário para a transição ao socialismo” (PCB presente à despedida de Chávez, 2013).
Embora o documento informativo do PCB3 faça alusão ao processo
revolucionário rumo à transição para o socialismo, ainda é muito vaga a ideia
de socialismo na plataforma de frente popular do chavismo. Sem serrar os
olhos à luta dos trabalhadores venezuelanos neste momento histórico e de
toda a sua busca de organização para avanços revolucionários, reafirmo que
sem Programa Revolucionário não é possível avançar à revolução social. E é
evidente aqui que não penso no Programa apenas como um formal documento,
mas sim em objetivações pré-ideadas a partir do mundo real e inicialmente
caótico como apreende parte dos camaradas comunistas.
Esse comportamento psicótico pode ser plenamente identificado em
relação às frentes populares. O apoio aos governos de frente popular é
apenas o fenômeno do que pretendo aqui escrever: o problema da
esquizofrenia teórica no interior da esquerda comunista, com efeito, a parte
estalinista desta esquerda4.
Sem a pretensão de apresentar uma caracterização única do que é uma
frente popular e o governo de frente popular, é, assim mesmo, necessário
apontar algumas características desta composição que conspira contra a
classe trabalhadora e que arrasta parte da esquerda para o seu universo
3 Evidentemente a totalidade dos documentos do PCB apresentam muito mais do que apresento aqui. Noto desta forma para não ser desleal na crítica fraterna, embora ácida.4 Estas preocupações apontadas neste texto também são extensivas, gritantemente, a uma fração trotskista que se apresentam mais como seitas idiotizantes da Quarta Internacional. Estes se apresentam como os únicos revolucionários, os donos da IV-Internacional, a vanguarda da vanguarda, os mais puros representantes da Oposição de Esquerda. Evidentemente não passam de esquerdistas da pior espécie, pois colaboram mais para a classe burguesa do que para a construção da unidade de ação contra o capital. Estes “trotskistas” mais expressam o comportamento da classe média que se lambuza brincando de revolucionários, distantes da classe trabalhadora. Estes estão mais vinculados as “baladinhas” do que as responsabilidades de um militante. Ou seja, a crítica que aponto aqui é plenamente extensiva à parte dos trotskistas também, pois não estão imunes a este comportamento psicótico marcante em parte da vanguarda socialista. Em outro momento me deterei a essa fração que reivindicam o trotskismo em nosso tempo presente.
dissipador da realidade da classe trabalhadora como o faz o vento com a
neblina pantanosa que afoga o ser humano na mais clara visão daquilo que
não existe: a segurança, a claridade e a beleza que não há na maioria dos
pântanos.
A frente popular não é uma manifestação inédita, também não é um
fenômeno homogênio que se possa tratar indiscriminadamente. Isso não
impossibilita tratar de suas linhas gerais, compartilhadas em suas mais
diversas manifestações, desde 1936 na França e Espanha até 2013 no Brasil e
Venezuela (para ficarmos apenas com um breve recorte temporal, por motivos
óbvios de um artigo).
León Trotsky, já se manifestava em relação à frente popular na Espanha
em seu texto “Menchevismo e Bolchevismo na Espanha” de 1936:
Seria, no entanto, ingenuidade pensar que, na base da política do Comintern) na Espanha estivessem alguns "erros" teóricos. O stalinismo não se guia pela teoria marxista, nem por qualquer teoria que seja, mas, empiricamente, pelos interesses da burocracia soviética. Entre eles mesmos, os cínicos de Moscou riem-se da "filosofia" da Frente Popular à la Dimitrov. Eles têm, porém, à sua disposição, para enganar as massas, numerosos quadros de propagandistas desta fórmula sagrada, sinceros ou canalhas, ingênuos ou charlatães. Louis Fischer, com sua ignorância e auto-suficiência, seu estado de espírito de argumentador provinciano organicamente surdo para a revolução, é o representante mais repugnante desta confraria pouco atraente. A "união das forças progressistas", o "triunfo das idéias da Frente Popular", o "dano causado pelos trotskistas à unidade das fileiras antifascistas"... Quem acreditaria que o Manifesto Comunista foi escrito há 90 anos? (TROTSKY, 1936).
O texto, além de apontar enfaticamente a existência da problemática da
burocracia stalinista (ainda hoje marcante no interior de parte da esquerda),
evidencia a crítica de León em relação e esse fenômeno que nos ocupamos.
Trotsky também coloca aqui uma questão importante que é a estética da crítica
sincera no interior da esquerda mundial, sem poupar palavras que poderiam
incomodar ouvidos selados pela esquizofrenia teórica.
Sobre esse recurso da frente popular, a Liga Internacional dos
Trabalhadores, em seu VIII Congresso Mundial de 2005, apresenta a seguinte
consideração:
“Nas teses sobre América Latina dizemos que ‘a combinação de pelo menos quatro fatores: o atual caráter da crise econômica, a debilidade e crise dos regimes, o Ascenso do movimento de massas e a crise de direção, fortalece a tendência a construir projetos de colaboração de classes’. Hoje isso já não é apenas uma tendência: os governos de Frente Popular são uma realidade da América Latina” (Marxismo Vivo, 2005: 19).
Esta caracterização se mostrou acertada e poderia reafirmar com
segurança neste presente imediato ao observar a conjuntura política no Brasil
com o Lulismo, na Venezuela com o Chavismo e há pouco no Paraguay com o
Luguismo (que não deixou de existir com a queda de Fernando Lugo). Nestes
países parte da esquerda colaboraram com a composição de frente popular,
apoiando e se engajando nas campanhas eleitorais e no cotidiano de luta
deformada e contraditória a um programa revolucionário internacional
proletário.
Uma vez constituído estes governos de frente popular, todo o discurso
anti-imperialista se desmorona ao passo que a colaboração de classe envolve
a classe burguesa em toda “governabilidade”, comprovando como é vazia toda
crítica que possam apresentar fenomenicamente à classe trabalhadora. Logo
ao poder do Estado o governo de Frente trata de se mostrar para o que veio:
conciliação de classes, mediação covarde diante dos movimentos sociais e
sindicais, buscando conter qualquer avanço de organizações partidárias
revolucionárias.
À parte da esquerda utilizada como cabo eleitoral no processo eleitoral,
destina-se algumas migalhas atreladas a tal governabilidade no Estado.
Quando não, destina-se apenas o discurso de aliados e promessas de
reformas, distante de um caráter classista, internacional e revolucionário,
embora insistam em continuar defendendo esses pontos de luta. O que vemos,
facilmente, é a criação de uma caricatura de parte da esquerda comprometida
até o pescoço com os interesses da classe dominante, se fazendo donas da
capacidade de confusão de parte da vanguarda e da classe trabalhadora. O
que em última instância pode sem sombra de dúvidas ser caracterizado como
traição a um programa revolucionário, sobretudo se se trata de parte da
esquerda que se reivindica internacionalista.
Presos a um programa burguês, taticamente desenhado pela burguesia
internacional, terminam por colaborar para a reprodução do capital e para o
retardamento da organização da classe trabalhadora rumo à estratégia
revolucionária. Assim, a parte da vanguarda de esquerda passa a sustentar
que “nosso governo” é o menos pior; que o “nosso governo” é o que é possível
neste momento da história; que o “nosso governo” é um governo dos
trabalhadores; que a frente popular deu vida ao “nosso governo”!
Por Marx! O que isso significa? Não tenho a resposta única. Entretanto
tenho uma resposta (há que se dar a devida atenção ao artigo indefinido aqui)
para esses fenômenos no interior da esquerda. Esta situação coloca muitos
militantes em posicionamentos brutalmente equivocados com caracterizações
que só existem para eles mesmos e suas organizações reformadas. E as
manifestações dessa esquizofrenia teorica criam, mesmo que não sejam
eternas, uma série de incapacidades em parte da esquerda, acirrando a crise
de suas organizações, e, principalmente, provocando grave confusão na classe
trabalhadora. Como León Trotsky ainda coloca no texto já citado:
Estas verdades não são, de modo algum, o fruto de uma análise puramente teórica. Ao contrário, elas representam a conclusão irrefutável de toda a experiência histórica, ao menos a partir de 1848. A história moderna das sociedades burguesas está repleta de frentes populares de todos os tipos, quer dizer, combinações políticas as mais diversas para enganar os trabalhadores. A experiência espanhola é um novo elo trágico (TROTSKY, 1936).
Estas incapacidades5 não devem ser entendidas como eternas, mas
podem durar toda uma vida e a vida dos trabalhadores não está hipotecada
pelo reino dos céus, o que nos coloca a tarefa da crítica sincera aos
esquizofrênicos de nosso presente imediato. Passo assim para o
desenvolvimento dos pontos elencados no resumo deste texto:
1)- Incapacidade de caracterização diante do próprio Programa que
se auto define como revolucionário. Se determinada organização postula um
programa internacionalista da classe trabalhadora, como pode ser possível a
conciliação de classes? Resposta direta: não pode. Ao postularem este
posicionamento se auto-declaram como traidores do movimento
5 Incapacidades no sentido de não conseguir, de ser insuficiente, de não ser capaz e de não ter competência de distinguir para além do fenômeno.
internacionalista, restando o desespero para sustentar suas falácias com
discursos fortemente contraditórios aos interesses da classe explorada pelo
capital. Exemplo claro (e objetivo) disso é o degenerado PC do B, que a há
tempos deixou de se preocupar com um Programa Revolucionário, mesmo que
vomite em suas propagandas (bem timidamente) algo sobre um socialismo
democrático que mais expressa o liberalismo econômico ao lado de uma noção
de democracia amplamente defendido pela burguesia mais reacionária e
charlatã que a história pode nos servir. Como podemos ler:
“O PCdoB quer um Brasil socialista, um país verdadeiramente democrático e soberano. A conquista deste objetivo estratégico passa pela vitória da linha política aprovada na sua 9ª Conferência Nacional: atuar pelo êxito do governo Lula na realização das mudanças.Desde a posse de Lula, novas forças políticas e sociais estão à frente do governo da República brasileira. A partir de então elas têm diante de si um difícil desafio: o de governar um grande país diante da insurgência do grande capital nesses últimos anos. O novo governo tem a tarefa de superar seus limites para que seja possível a realização do projeto de mudanças com crescimento da economia, a afirmação da soberania nacional, valorização do trabalho e distribuição de renda, abrindo assim caminho para a construção de um novo projeto nacional de desenvolvimento superando as limitações do governo Lula” (Quem é e o que quer o Partido Comunista do Brasil ,2013).
E ainda:
“Tendo sido uma dos construtores da histórica vitória, os comunistas decidiram apoiar e participar do governo Lula e integram a sua base de sustentação política. Julgam que têm a responsabilidade de contribuir para que o governo resgate os compromissos que assumiu com a nação. Esta é a primeira vez que participam diretamente no ministério do governo federal e exercem a liderança da bancada do governo na Câmara dos Deputados” (Ibidem).
A integração à frente popular, inevitavelmente, não corresponde a
unidade de ação na luta pela construção revolucionária junto a classe
trabalhadora, pelo contrário, representa a capitulação brutal de organizações
que possuem inserção na classe trabalhadora, instrumentalizando suas ações
no sentido de convergir com os interesses da classe burguesa no interior do
Estado gerenciador do capital em benefício da classe dominante. Jamais
atendendo os interesses da classe trabalhadora, internacionalmente explorada
e ideologizada por seus cretinos esquizofrênicos que se empenham
verdadeiramente em disseminar o estado psicótico que vivem (muito bem
financiados pelo capital), buscam se sustentar freneticamente junto aos
trabalhadores com propagandas vazias e falsas como se pode ver em cadeia
nacional da data de 28.03. 2013.
2)- Incapacidade de um debate sincero diante da vanguarda
revolucionária marxista. O esquizofrênico não pode participar de forma
sincera do debate em relação à construção da direção revolucionária, pois isto
lhe custaria assumir o papel de capituladores o que custaria o afastamento de
parte da vanguarda da classe trabalhadora que ainda acredita nas visões do
psicótico teórico. Assim, preferem se refugiar nas baias do estado que lhe
financia para não fazerem nada do que o “patrão” não deseje. Não há
possibilidade do debate sincero pelo fato de já não existir sinceridade no
comportamento desta parte da esquerda. Não há um posicionamento entre
camaradas divergentes, mas sim de cretinos traidores de classe e resistentes
anti-internacionalistas. Nesta situação o que mais repudiam é o debate, pois
suas ideologias não se sustentariam a crítica revolucionária, por isso preferem
a caricaturarização a distância da crítica sincera. Preferem os jantares com a
burguesia, a aristocracia rural e o capital financeiro, pois se sentem mais a
vontade entre os seus verdadeiros parceiros de classe. Aterrorizam-se quando
se deparam com a crítica anti-esquizofrênica, pois isso se limitam a construção
de tautologias para os seus.
3)- Incapacidade de assumir o papel que cabe a vanguarda da classe
trabalhadora. Tomaram um posicionamento de classe que os impedem de
levar a cabo o projeto revolucionário, pois seu papel de condutor não é rumo à
revolução e sim a reforma, mesmo quando não se há reformas6. Não podem
conduzir a lugar algum que não seja as contas bancárias do capital financeiro,
ao crédito que cada vez mais aliena a classe trabalhadora. O único papel que
assumem é o de charlatões, de gigolôs a serviço do capital. Provocando a mais
violenta confusão entre os militantes que ainda possam se encontrar nestas
fileiras nefastas da frente popular. Por mais que sapateiem, seus dias não
6 Uma leitura que colabora com esta questão é o livro publicado pela Editora do Instituto José Luis e Rosa Sundermann em 2011: “Um reformismo quase sem reformas, uma crítica marxista do governo Lula em defesa da revolução brasileira” de Valério Arcary.
serão eternos, pois a prova da história (assim como todo comportamento
stalinista) o movimento se apresenta preso a múltiplas possibilidades, e, entre
elas, o seu próprio desmascaramento.
4)- Incapacidade de avançar no diálogo de unidade de ação contra o
capital. Os frentistas populescos não são capazes desta tarefa, mais uma vez,
pelo simples fato de esta não ser sua estratégia. Convergem com a classe
burguesa, negam a abolição da propriedade privada, o internacionalismo
proletário. Defendem a democracia burguesa, não a operária, seu método de
ação é o burocratismo, não o centralismo democrático. Defraudam a melhor
tradição marxista ao demolirem os princípios do materialismo histórico e
dialético. Filiam-se a pior tradição socialista, aos capituladores da Segunda
Internacional e aos burocratas degenerados da Terceira Internacional
stalinizada. O capital não é o seu problema, pois seu maior problema são os
meios para sustentarem seus discursos para continuarem galgando o apoio da
classe trabalhadora para os seus patrões: a burguesia. E neste intento, os
quartistas sempre serão um empecilho que dever ser ignorado, caricaturizado,
tratorado em nome da coalizão conciliadora e sua participação nas migalhas do
Estado.
5) Imaturidade diante da crítica sincera, “magoando-se”, na maior
tradição da moral judaico-cristã com a inferência direta de seus críticos.
Este pondo se direciona, assim como os demais, a organizações que no seu
seio ainda se encontram militantes que devem ser entendidos como
camaradas, sinceros, militantes sérios, comprometidos com o internacionalismo
proletário, entretanto, confusos e contraditórios por conta da mais absoluta
crise de suas direções. Muitos camaradas fazem a defesa mais ingênua
possível da frente de popular, pois também não estão isentos da psicose
disseminada por suas organizações. Com toda sinceridade, este camarada não
foge a regra da esquizofrenia aqui anunciada rapidamente. A crise de direção
revolucionária e a falência da formação política no interior de suas
organizações acabam por gerar em suas fileiras o mais deplorável militante: é
aquele que, ironicamente, não milita. Uma característica forte em boa parte da
esquerda de nosso presente imediato. Este “militante”, normalmente é muito
bem intencionado, mas absolutamente perdido no meio da perdição. Não
poderia ser diferente. Aqui a esquizofrenia teoria se faz gritar para todo mundo
ouvir, pois não sabem o que de fato é uma frente popular, limitam-se ao
significado mais imediato das palavras e da reprodução da mentalidade
pequeno-burguesa. Entendendo que a frente popular se trata da união do povo,
das massas, todos juntos rumo a um mundo melhor, mais justo, mais honesto,
mais humano e mais feliz. Nada mais revelador da brutal destruição que essas
organizações conseguem provocar em parte da vanguarda e dos simpatizantes
de um Programa que realmente seja Revolucionário.
Tratando-se desse último psicótico é memorável algumas situações em
que se apresentam como militantes, como internacionalistas, postuladores do
fim da propriedade privada e das classes, entretanto, quando questionados
acerca do chavismo, do lunismo, do evomoralismo, do luguismo (...) quase
vomitam o pâncreas. Apavoram-se e se refugiam no mais absorto
comportamento judaico cristão, despido de qualquer crítica a este
comportamento moral que todos nós somos criados (ao menos nos últimos
milênios). Ficam tristes ao receberem a crítica sincera como nos ensina Marx e
Engels, apelando até mesmo por ficarem de “mal” o que revela a mais absoluta
falta de formação teórica para compreender o papel da crítica entre os
revolucionários bolcheviques.
Essa imaturidade esquizofrênica não pode nos distanciar destes últimos
esquizofrênicos que fiz referência, pois este é a expressão mais fenomênica da
capitulação das organizações pelegas que insistem em falar em nome da
classe trabalhadora, negligentes na formação política de seus militantes e que
morrem na praia do idealismo. Estes camaradas esquizofrenizados
teoricamente presos ao mais vulgar idealismo apresentam-se como parte da
síntese de nossas tarefas como bolcheviques: desenvolver a crítica em todas
as instâncias como constitutiva da luta prática concreta no tempo presente e
não apenas como uma manifestação de diletantismo intelectualizante junto a
esta parte da vanguarda equivocada.
Espero, até aqui, ter incomodado os capituladores conciliadores de
classes e não ter desrespeitado os camaradas confundidos por suas
organizações já degeneradas ou em estado de decadência e plena confusão
organizativa. Que seja contínuo o debate sincero entre os camaradas e que se
apresente a crítica da crítica, também sem se esconder nas baias da
burocracia e da meritocracia acadêmica. Com a palavra: os frentistas.
Referências citadas no texto:
ARCARY, VALÉRIO. Um reformismo quase sem reformas: uma crítica marxista do governo Lula em defesa da revolução brasileira. Editora Sundermann – São Paulo-SP, 2011.
MARXISMO VIVO. Leste Europeu: Restauração e Revolução. Revista de Teoria e Política Internacional. N. 12 – Ano 2005.
O LEGADO DE CHAVEZ. PCB. Disponível em: <http://pcb.org.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=5698:o-legado-de-chavez&catid=54:venezuela>. Acesso em: 28.03.13.
QUEM É O QUE QUER O PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL (Parte 1). PC do B. Disponível em: <http://www.pcdob.org.br/texto.php?id_texto_fixo=4&id_secao=145>. Acesso em : 28.03.2013.
TROTSKY, LEÓN. Menchevismo e Bolchevismo na Espanha. Disponível em: < http://www.marxists.org/portugues/trotsky/1936/mes/espanha.htm>. Acesso em: 28.03.2013.