6
Essa reflexão nasce de experiências ministeriais próprias, observações e constatações em outros ministérios. Ela fala de pastoras e pastores feridos. Neste momento, em vários lugares do Brasil existem inúmeros obreiros/as consagrados/as chorando. Quem sabe até acabaram de consolar alguém. Tiraram forças do poço da graça, socorreram a muitos, mas eles/as mesmos/as se encontram tristes, abalados/as, cansados/as, desanimados/as, passando por necessidades várias. No momento que escrevo estas palavras, um grande número de obreiros e obreiras do Senhor está considerando deixar o ministério, entregar suas credenciais, pararem com tudo. São cuidadores/as feridos/as que precisam receber cuidados. Sem dúvida nenhuma as lutas fazem parte do ministério. Homens e mulheres de Deus são provados/as. Na Bíblia existem diversos textos que comprovam isso. Mas vou citar uma passagem que gosto muito. Sei que ela pode arrepiar alguns irmãos, pelo fato de que ela se encontra no Livro de Eclesiástico, um dos Deuterocanônicos, os quais se encontram na versão grega (Septuaginta), mas não fazem parte do texto hebraico, não estão na Bíblia Protestante 1 , existem somente na Bíblia Católica. Faço sem crise, embora respeite os pudores alheios, todavia, 1 . Lutero, quando traduziu a Bíblia para o alemão em 1534 (antes do Concílio de Trento), não se furtou a verter também aqueles escritos; verdade é que os colocou em apêndice à sua edição, com o título de 'Apócrifos', isto é, livros que não devem ser estimados como a Escritura Sagrada, mas que são bons e se podem ler com utilidade" (BETTENCOURT, Estêvão Tavares. "Diálogo Ecumênico: Temas Controvertidos". Rio de Janeiro:Lumen Christi, 3ª ed., 1989, pp. 17- 21). A Bíblia de Lutero não é "caso isolado". As primeiras Bíblias protestantes em inglês também traziam os deuterocanônicos, como se vê a seguir: A "Bíblia de Tyndale" (também conhecida como "Bíblia de Matthews"), de 1537 a 1551. A "Grande Bíblia" de Coverdale (também conhecida como "Bíblia de Cromwell" ou "Bíblia de Cranmer"), de 1539 a 1541: A "Bíblia de Geneva" (usada pelos Puritanos que vieram para a América e citada milhares de vezes por Shakespeare), de 1560 a 1617. A "Bíblia do Bispo" (publicada oficialmente pela Igreja Anglicana em resposta à "Bíblia de Geneva"), de 1568 a 1582. A "King James Version", de 1611 em diante (só a partir de 1824 é que algumas editoras protestantes passam a omitir os deuterocanônicos de suas Bíblias):

Essa RUM ALERTA AOS QUE SÃO CHAMADOS PARA O MINISTÉRIO PASTORAL” - Um apelo ao cuidado integral de quem cuida

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Essa reflexão nasce de experiências ministeriais próprias, observações e constatações em outros ministérios. Ela fala de pastoras e pastores feridos. Neste momento, em vários lugares do Brasil existem inúmeros obreiros/as consagrados/as chorando. Quem sabe até acabaram de consolar alguém. Tiraram forças do poço da graça, socorreram a muitos, mas eles/as mesmos/as se encontram tristes, abalados/as, cansados/as, desanimados/as, passando por necessidades várias.No momento que escrevo estas palavras, um grande número de obreiros e obreiras do Senhor está considerando deixar o ministério, entregar suas credenciais, pararem com tudo. São cuidadores/as feridos/as que precisam receber cuidados.Sem dúvida nenhuma as lutas fazem parte do ministério. Homens e mulheres de Deus são provados/as. Na Bíblia existem diversos textos que comprovam isso. Mas vou citar uma passagem que gosto muito. Sei que ela pode arrepiar alguns irmãos, pelo fato de que ela se encontra no Livro de Eclesiástico, um dos Deuterocanônicos, os quais se encontram na versão grega (Septuaginta), mas não fazem parte do texto hebraico, não estão na Bíblia Protestante , existem somente na Bíblia Católica. Faço sem crise, embora respeite os pudores alheios, todavia, como atualmente tem sido bem comum pregadores citarem livros de autores da atualidade, alguns até heréticos, não vejo problema em citar um pouco da sabedoria de Jesus, filho de Sirac:

Citation preview

Essa reflexo nasce de experincias ministeriais prprias, observaes e constataes em outros ministrios. Ela fala de pastoras e pastores feridos. Neste momento, em vrios lugares do Brasil existem inmeros obreiros/as consagrados/as chorando. Quem sabe at acabaram de consolar algum. Tiraram foras do poo da graa, socorreram a muitos, mas eles/as mesmos/as se encontram tristes, abalados/as, cansados/as, desanimados/as, passando por necessidades vrias.

No momento que escrevo estas palavras, um grande nmero de obreiros e obreiras do Senhor est considerando deixar o ministrio, entregar suas credenciais, pararem com tudo. So cuidadores/as feridos/as que precisam receber cuidados.Sem dvida nenhuma as lutas fazem parte do ministrio. Homens e mulheres de Deus so provados/as. Na Bblia existem diversos textos que comprovam isso. Mas vou citar uma passagem que gosto muito. Sei que ela pode arrepiar alguns irmos, pelo fato de que ela se encontra no Livro de Eclesistico, um dos Deuterocannicos, os quais se encontram na verso grega (Septuaginta), mas no fazem parte do texto hebraico, no esto na Bblia Protestante[footnoteRef:1], existem somente na Bblia Catlica. Fao sem crise, embora respeite os pudores alheios, todavia, como atualmente tem sido bem comum pregadores citarem livros de autores da atualidade, alguns at herticos, no vejo problema em citar um pouco da sabedoria de Jesus, filho de Sirac: [1: . Lutero, quando traduziu a Bblia para o alemo em 1534 (antes do Conclio de Trento), no se furtou a verter tambm aqueles escritos; verdade que os colocou em apndice sua edio, com o ttulo de 'Apcrifos', isto , livros que no devem ser estimados como a Escritura Sagrada, mas que so bons e se podem ler com utilidade" (BETTENCOURT, Estvo Tavares. "Dilogo Ecumnico: Temas Controvertidos". Rio de Janeiro:Lumen Christi, 3 ed., 1989, pp. 17-21). A Bblia de Lutero no "caso isolado". As primeiras Bblias protestantes em ingls tambm traziam os deuterocannicos, como se v a seguir: A "Bblia de Tyndale" (tambm conhecida como "Bblia de Matthews"), de 1537 a 1551. A "Grande Bblia" de Coverdale (tambm conhecida como "Bblia de Cromwell" ou "Bblia de Cranmer"), de 1539 a 1541: A "Bblia de Geneva" (usada pelos Puritanos que vieram para a Amrica e citada milhares de vezes por Shakespeare), de 1560 a 1617. A "Bblia do Bispo" (publicada oficialmente pela Igreja Anglicana em resposta "Bblia de Geneva"), de 1568 a 1582. A "King James Version", de 1611 em diante (s a partir de 1824 que algumas editoras protestantes passam a omitir os deuterocannicos de suas Bblias): ]

Meu filho, se te ofereces para servir ao Senhor, prepara-te para a prova. Endireita teu corao e s constante, no te apavores no tempo da adversidade. Une-te a ele e no te separes, a fim de seres exaltado no teu ltimo dia. Tudo o que te acontecer, o aceita, e nas vicissitudes que te humilharem s paciente, pois o ouro se prova no fogo, e os eleitos, no cadinho da humilhao Eclesistico 2. 1 a 5.O texto acima j demonstra que o verdadeiro chamado traz consigo a promessa de provao, indubitavelmente no tem como separar uma coisa da outra. Vocao e sofrimento so faces do ministrio pastoral. No Novo Testamento Paulo o exemplo claro de algum chamado para sofrer. Em relao a Saulo, Jesus disse a Ananias: Vai, porque este para mim um instrumento escolhido para levar o meu nome perante os gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel; pois eu lhe mostrarei quanto lhe importa sofrer pelo meu nome. (Atos 9:15,16).

De fato o sofrimento, a renncia, as provaes fazem parte do ministrio, porm isso no anula a consolao de DEUS. O mesmo Paulo que fora chamado para sofrer pelo nome de Cristo, foi por Deus consolado. Em meio as suas provaes, o Apstolo dos gentios escreveu em II Cor. 7. 4 a 7: Grande a minha franqueza para convosco, e muito me glorio a respeito de vs; estou cheio de consolao, transbordo de gozo em todas as nossas tribulaes. Porque, mesmo quando chegamos Macednia, a nossa carne no teve repouso algum; antes em tudo fomos atribulados: por fora combates, temores por dentro. Mas Deus, que consola os abatidos, nos consolou com a vinda de Tito; e no somente com a sua vinda, mas tambm pela consolao com que foi consolado a vosso respeito, enquanto nos referia as vossas saudaes, o vosso pranto, o vosso zelo por mim, de modo que ainda mais me regozijei.

Hoje se fala muito sobre o crescente nmero de pessoas que abandonam o ministrio. Dentre os vrios motivos so mencionados a solido e a depresso. A meu ver isso ocorre pelo fato de necessitar um maior cuidado com quem cuida; o/a pastor/a tambm precisa de cuidado, bem como a famlia pastoral tambm necessita de cuidado, ateno. Muitas vezes a igreja acha que basta orar por seu/sua pastor/a. Orao importante e vlida, mas no o suficiente, a presena, a companhia, o valorizar, o abraar, o amar, o deixar descansar na folga, nas frias, visitar no s para partilhar problemas, mas para estar junto a ele/a, tudo isso e muito mais, somado a orao, certamente ajudar a realizao de um pastorado sadio e comunidade de f igualmente sadia. A igreja precisa entender que no resgate de feridos no cada vez mais vasto campo de solido e depresso pastoral, "Deus no manda criaturas anglicas para resgatar, consolar e curar o anjo da Igreja, Ele envia pessoas humanas. Indubitavelmente, a Fonte de consolao Divina, mas o instrumento, o canal por onde a consolao flui humano." Paulo fora consolado por Deus atravs de Tito.

Penso que precisa existir um ministrio mais efetivo no sentido de "cuidar de quem cuida". O ministrio pastoral ao mesmo tempo em que exercido em meio a pessoas, e para pessoas, muito solitrio. No h comunho, companheirismo, parceria de julgo nem mesmo entre os colegas pastores. Sinto que faz falta, algo semelhante ao que Paulo fez com Timteo. Eu, enquanto pastor, e sei de muitos outros colegas, passamos por momentos em que necessitamos de ouvir de outro colega, Bispo, SD, lder... algo assim: Tu, pois, filho meu,...2 Timteo 2:1

O exrcito de Deus est cheio de generais feridos, os quais sangram em seus lares, mas escondem as feridas no plpito. Tais servos e servas precisam de nossas oraes e aproximaes. Ns pastores precisamos nos aproximar mais. tempo de comunho ministerial, a qual refora a vocao e prolonga a vida pastoral.Quando ns pastores/as nos encontramos, infelizmente, o assunto que rola entre ns quase sempre em torno de crescimento da igreja, freqncia aos cultos, recepo de novos membros... uma verdadeira fogueira de vaidade se alastra, onde os nmeros relacionados ao rol, salrio e ao tamanho do templo falam mais alto crepitando em meio ao fogo da superproduo pastoral, ao passo que dentro do peito se sufoca a dor, o estresse, a solido, a depresso, o problema conjugal ou com os filhos, as contas atrasadas por conta da baixa arrecadao da igreja, ocasionada ora por ser uma comunidade pequena e pobre, ora pelo fato de que embora tenha muitos membros, alguns at ricos, os tais sempre querem receber muito do pastor, mas pouco ou nada esto dispostos a doar ou se doar a ele. Ns pastores somos bons ouvintes em relao aos problemas alheios, mas verdadeiramente tememos falar de nossos fracassos, principalmente quando o assunto arrecadao financeira, o que est ligado ao crescimento da membresia. H trs anos, conversando com um colega de outra denominao, ele falou que estava preocupado, havia muitas noites que no dormia, no comia direito, sentia dores de cabea, no corpo, pois no tinha alcanado a cota de membros a ser recebido aquele ano. (Estimular o pastor a alcanar metas, se configura vinculo empregatcio, produo, o que d ganho de causa na justia, h precedentes no Brasil) Havia batizado doze pessoas no primeiro semestre e o desafio era batizar vinte e quatro no segundo, mas ele s tinha oito candidatos. Estava to desesperado que pensava em colocar simpatizantes como membros arrolados, pois no iria suportar no congresso ser humilhado frente aos relatrios dos colegas dele, por ter PRODUZIDO to pouco. Ele surtou... no aguentou a presso, largou tudo. A pena aplicada pela liderana da Instituio Religiosa pelo no cumprimento da cota era ser transferido, como tinha esposa trabalhando e filhos estudando, ele largou o ministrio, embora fosse um excelente pastor, muito bom conselheiro, amigo, presente, mas nada disso foi levado em considerao frente frieza das estatsticas.

Certa vez ouvi de um Bispo a quem amo muito, a seguinte colocao: "Eu no ministrio pastoral fao o que posso, o que no posso deixo para Deus, confio nele." Quando ouvi tais palavras elas me ajudaram muito, pois eu estava em crise, disposto a largar tudo. A Igreja um organismo vivo, destinado a crescer. Deus quem acrescenta. Uma comunidade sadia crescer naturalmente. Embora a estratgia de crescimento numrico e qualitativo seja vlida, os frutos no so resultado de produo meramente humana, pois do contrario no sero discpulos e sim nmeros, linha de produo e no frutos de converses genunas. Cientes disso devemos nos organizar, planejar, mas acima de tudo, deixar de lado a competio para ver quem tem a maior igreja, a maior arrecadao, o maior nmero de lderes, de clulas, de pequenos grupos... Enquanto pastores passemos a orar uns pelos outros, a nos visitar, a telefonar, mandar um email, marcar encontros entre famlias pastorais. Isso trar sade ao corpo pastoral, comunho, solidariedade... Certamente um corpo pastoral sadio ir gerar um rebanho igualmente sadio e os frutos superabundaro.

Pesquisas mostram que a solido e a depresso tm derrubado ministros/a do Senhor. Ministrios esto sendo encerrados precocemente no pela ausncia de Deus, mas pela ausncia do humano. Talvez voc me considere um herege por isso que vou escrever, mas no me importo, importa passar a frente o que Deus me entregou. Existem momentos na vida que, embora, Deus sendo Tudo somente a presena Dele no nos basta. Prova disso que Ado desfrutava da comunho da Divindade, todos os dias na virao do dia havia uma interao entre o humano e o Divino, comunho plena, porm apesar disso, apesar de estar no mais belo paraso, Ado se sentiu solitrio. Soa estranho falar de tristeza e solido no paraso, apesar da presena e da comunho com Deus. De fato parece estranho, mas no , pois o prprio Deus viu e entendeu que Ado precisava de algum como ele, por isso criou a mulher, algum que lhe fosse igual. Pessoas humanas, mesmo as crists, at mesmo os servos mais consagrados precisam de pessoas, de amigos, irmos...

Segundo veicula em alguns sites: Um estudo realizado pela Universidade Duke, nos Estados Unidos, revelou que o ofcio pastoral pode causar danos graves sade do pastor. A pesquisa realizada entre pastores da Carolina do Norte mostrou que o fato de eles se preocuparem excessivamente com os fiis pode lev-los a adquirir doenas crnicas e depresso. Rae Jean Proeschold-Bell, diretor de pesquisas e professor no Instituto de Sade Global da Universidade de Duke, comentou sobre o resultado do estudo, Os pastores reconhecem a importncia de cuidar de si mesmos, mas, isso fica em segundo plano quando comparado com as suas responsabilidades profissionais, que inclui cuidar da comunidade. Os nmeros da pesquisa revelam que mais de 10% dos pastores so depressivos, o que representa quase a metade da mdia nacional, e ainda tem os que adquirirem doenas crnicas como diabetes, asma, artrite e hipertenso. Alm da m alimentao, a presso interna para que o pastor seja exemplo, viva fielmente, apoie a comunidade, etc, contribuem para a evoluo das doenas. Outros estudos semelhantes j foram realizados, como por exemplo, um feito pela Igreja Luterana, que apresentou resultados parecidos, apontando vrios pastores com problemas de sade fsica e mental.[1]

Penso que a soluo para tais problemas a comunho pastoral. Pastores/as unidos/as, irmanados/as em Cristo jamais sero deprimidos/as. Enquanto corpo pastoral ns precisamos uns dos outros, o isolamento enferma o ministro e com o tempo mata o ministrio. Um ministrio pastoral compartilhado, onde cada colega ajuda a carregar o fardo do/a outro/a tudo que o diabo mais abomina e teme, pois sabe que isso lhe impede o agir em muitas reas de nossas vidas. No existe nada to poderoso contra as trevas do que a comunho da Igreja, principalmente de seus lderes. cuidando daquele/a que cuida que se multiplicar o numero dos que so por ele/a cuidado. Pastores/as com corpos e mentes sadias geraro e pastorearo ovelhas igualmente sadias, as quais por sua vez se multiplicaro. O inverso disso suicdio pastoral. Pois do que vale lotar templos e mais templos se vier perder a sanidade no ministrio? (Rev.Jos do Carmo da Silva Pastor Metodista).