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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS Programa de Pós–Graduação em Fármaco e Medicamentos Área de Produção e Controle Farmacêuticos ESTABILIDADE FÍSICA E METODOLOGIA ANALÍTICA PARA FORMULAÇÕES FARMACÊUTICAS CONTENDO CETOCONAZOL ANDRÉIA CRICCO PERARO Dissertação para obtenção do grau de MESTRE Orientadora: Profa. Titular Erika Rosa Maria Kedor - Hackmann SÃO PAULO 2001

Estabilidade física e metodologia analítica para formulações

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  • UNIVERSIDADE DE SO PAULO FACULDADE DE CINCIAS FARMACUTICAS

    Programa de PsGraduao em Frmaco e Medicamentos rea de Produo e Controle Farmacuticos

    ESTABILIDADE FSICA E METODOLOGIA ANALTICA PARA FORMULAES FARMACUTICAS CONTENDO

    CETOCONAZOL

    ANDRIA CRICCO PERARO

    Dissertao para obteno do grau de

    MESTRE

    Orientadora: Profa. Titular Erika Rosa Maria Kedor - Hackmann

    SO PAULO 2001

  • Ficha CatalogrificaElaborada pela DivisA0 de Biblioteca e

    Documentao do Conjunto das Qumicas da USP.

    Peraro, Andria CriccoP427 e Estabilidade fsica e metodologia anaHtica para formulaes

    farmacuticas contendo cetoconazol / Andria CriccoPeraro. -- So Paulo, 2001.

    116p.

    Dissertao (mestrado) Faculdade de CinciasFarmacuticas da Universidade de So Paulo. Departamentode Farmcia.

    Orientador: Kedor-Hackmann, Erika Rosa Maria

    1. Medicamento: Controle de qualidade 2. Formulaesfarmacuticas 3. Estabilidade: Medicamento: Anlise farmacuticaI. T. 11. Kedor-Hackmann, Erika Rosa Maria, orientador.

    615.19015 CDD

  • ANDRIA CRICCO PERARO

    ESTABILIDADE FSICA E METODOLOGIA ANALTICA PARA FORMULAES FARMACUTICAS CONTENDO

    CETOCONAZOL

    Comisso Julgadora

    Dissertao para obteno do grau de MESTRE

    Profa Titular Erika Rosa Maria Kedor Hackmann

    Orientadora/ Presidente

    Profa Titular Maria Ins Rocha Miritello Santoro

    1 Examinador

    Profa Dra Magali Benjamin de Arajo

    2 Examinador

    So Paulo,27 de junho de 2001

  • O Senhor o meu rochedo, e o meu lugar forte , a minha fortaleza , em quem confio Salmo 18

    No basta saber, preciso aplicar. No basta querer, preciso fazer

    Goethe

  • Aos meus avs maternos Paulo Cricco e

    Maria Riberti Cricco e paternos Alcino Peraro e

    Alcinda Rogatto Peraro pela existncia de meu

    melhor presente: meus pais .

  • profa Dra Magali Benjamin de Arajo , pela amizade

    e pelo primeiro grande incentivo para a realizao deste trabalho

  • AGRADECIMENTOS

    Profa Titular Erika Rosa Maria Kedor Hackmann, pela orientao, amizade e

    colaborao.

    Coordenadoria do Programa de Ps-Graduao em Frmaco e

    Medicamentos do Departamento de Farmcia da Faculdade de Cincias

    Farmacuticas da Universidade de So Paulo.

    Aos meus pais Ademar Peraro e Durvalina Cricco Peraro, pelo amor, incentivo

    e fora.

    Ao meu irmo Luciano Cricco Peraro, pela amizade, auxlio e incentivo. Ao Adilson Cornlio dos Reis, pelo apoio, incentivo, fora e determinao.

    profa Titular Maria Ins Rocha Miritello Santoro, pela amizade, incentivo e

    sugestes.

    profa Dra Maria Amlia Barata da Silveira pelo apoio e ateno.

    s amigas Ftima Cristina Franco e Silva, Fernanda Pereira Ribeiro, Maria Rita

    Rodrigues, Roberta Ribeiro Gonalez, pelo apoio, companheirismo e pacincia.

    Aos amigos e colegas de graduao Adalberto Tsutsumi, Diogo Teixeira

    Carvalho, Flvia Garcia, Irany Mesquita Coelho Moraes, Magda Damares de

    Oliveira, Monica Silva Coelho Caracillo, Paula Marie Gardino Timmer, Oswaldo

    Miguel Jnior e Roberto Parise Filho, pelo apoio e companheirismo.

    Ao amigo e colega Dr Martin Steppe, pelas sugestes, apoio, companheirismo e

    colaborao.

  • Aos colegas do Laboratrio de Controle de Qualidade Fsico- Qumico Adriana

    Osrio, Aldo Adolar Maul, Andria Montoro Taborianski, Anil Kumar Singh,

    Beatriz Resende Freitas, Daniella Almana G. C. Oliveira, Elizngela Abreu

    Dutra, Ixis Ivette Taymes Hidalgo, Maria Gabriela de Arajo, Maria Segunda

    Aurora Prado e Njla Mohamed Kassab, pelo auxlio, compreenso, amizade e

    colaborao.

    Dra Ins de Almeida Gonalves pelos espectros no infravermelho.

    funcionria Iria Raimunda da Silva pelo carinho, compreenso e colaborao.

    Ao prof.Titular Joo Fernandes Magalhes pelo apoio e incentivo.

    s profas Dra Eliane Orsine e Dra Elizabeth Ap. Gianoto pelas correes e

    sugestes.

    Ao prof Dr Jorge Seferin Martins pelo apoio.

    s funcionrias Luzanira Maciel e Regina Maura Rojas, pela colaborao.

    s colegas Bianca Fedriz de Carvalho e Celina Y. Motizuki pelo auxlio na

    execuo deste trabalho.

    Ao colega do Laboratrio de Farmacotcnica Marcelo Guimares, pelo auxlio

    no estudo das formulaes.

    profa Dra Maria Valria Velasco, pela colaborao e correes.

    s funcionrias do Laboratrio de Farmacotcnica Claudinia e Carla, pelo

    fornecimento de matrias-primas.

  • Elizabete C. S. Paiva, secretria do Programa de Ps-Graduao em

    Frmaco e Medicamentos, pela ateno e colaborao.

    s funcionrias da Biblioteca do Conjunto das Qumicas Adriana de Almeida

    Barreiros e Leila Aparecida Bonadio, pela reviso das referncias bibliogrficas.

    Aos funcionrios da Secretaria de Ps-Graduao da Faculdade de Cincias

    Farmacuticas da Universidade de So Paulo Benedita E. S. Oliveira, Elaine M.

    Ychico e Jorge de Lima, pela ateno e colaborao.

    Aos Laboratrios ISP, Chemy Union, EMS, pelo fornecimento de matrias-

    primas.

    Fundao de Amparo Pesquisa de So Paulo ,FAPESP, pelos recursos

    financeiros que possibilitaram a realizao deste trabalho.

    Ao Senhor(a) assessor(a) da FAPESP pelas sugestes e correes realizadas

    durante a execuo deste trabalho.

    A todos que direta e indiretamente colaboraram pela realizao deste trabalho.

  • RESUMO

    O cetoconazol um derivado imidazlico com atividade antifngica,

    empregado no tratamento de grande variedade de infeces cutneas.

    O objetivo deste trabalho foi a padronizao e a validao dos mtodos

    analticos empregando-se a espectrofotometria no ultravioleta ( UV ) por

    derivada de primeira ordem e a cromatografia lquida de alta eficincia ( CLAE )

    para a determinao do cetoconazol em formulaes farmacuticas sob a forma

    de creme obtidas no comrcio e formuladas em laboratrio. O estudo da

    estabilidade fsica das formulaes obtidas em laboratrio foi realizado aps o

    armazenamento sob diferentes condies de tempo, temperatura e umidade.

    O mtodo espectrofotomtrico no UV por derivada de primeira ordem foi

    padronizado a 257nm , no intervalo de concentrao de 5,0 a 30,0 g/mL em

    metanol. O coeficiente de correlao linear foi de 0,9997, o percentual de

    recuperao foi de 100,24%. A mdia do desvio padro relativo foi de 0,56%

    para a amostra simulada e 0,41% para a amostra comercial.

    A determinao de cetoconazol por CLAE foi realizada empregando-se

    uma coluna LiChrospher 100 RP- 18 ( 5m ) e fase mvel constituda por uma

    mistura de trietilamina em metanol( 1:500 ) e soluo de acetato de amnio em

    gua (1:200 ) na proporo de 75 : 25 v/v, com vazo de 1,0 mL/min e

    deteco no UV a 225 nm. O terconazol foi utilizado como padro interno. O

    coeficiente de correlao linear foi de 0,9981, o percentual de recuperao foi

    de 100,88%, a mdia do desvio padro foi de 2,13% para a amostra simulada e

    1,25% para a amostra comercial.

    A amostra simulada apresentou comportamento pseudoplstico e

    tixotropia em decorrncia das medidas reolgicas obtidas experimentalmente.

  • ABSTRACT

    Ketoconazole is an imidazole antifungal agent used in the treatment of

    great variety of skin infectious diseases.

    The aim of this research was the standardization and the validation of two

    analytical methods, first derivative ultraviolet ( UV ) spectrophotometry and

    high performance liquid chromatography( HPLC ) to determine ketoconazole in

    commercial and simulated cream dosage forms preparations. The validated

    methods were used to study the stability of the simulated cream after storage

    under high temperatures and high percentage of humidity.

    First derivative UV spectrophotometry was standardized at 257 nm, in a

    range of concentration from 5.0 to 30.0 g/mL in methanol. The coefficient of

    correlation was 0.9997 and the recovery average was 100.24%. The average

    relative standard deviation ( RSD ) was 0.56% for simulated preparation and

    0.41 % for commercial preparation.

    The determination of ketoconazole by HPLC was performed using a

    LiChrospher 100 RP-18(5m ) column, a mobile phase consisting of

    triethylamine in methanol (1:500) and ammonium acetate solution in water(1:200

    ) 75:25 ( v/v ), a flow rate of 1.0 mL/min and UV detection at 225nm.

    Terconazole was used as internal standard. The coefficient of correlation was

    0.9981, the recovery average was 100.88%, the average relative standard

    deviation ( RSD ) was 2.13% for the simulated preparations and 1.25% for the

    commercial preparations.

    The rheological measurements showed that the simulated preparation

    presented pseudoplastic and thixotropic behavior.

  • SUMRIO

    1 INTRODUO 2

    2 REVISO DA LITERATURA 4

    2.1 GENERALIDADES 4

    2.2 ANTIFNGICOS 5 2.2.1 Antifngicos derivados dos imidazis 6

    2.3 CETOCONAZOL 8 2.3.1 Aspectos gerais 8 2.3.2 Sntese 11 2.3.3 Estereoisomeria do cetoconazol 14 2.3.4 Mtodos de anlise de formulaes contendo cetoconazol 15

    2.4 EMULSES 17 2.4.1 Definio 17

    2.4.1.1 Componentes da emulso 18 2.4.2 Estudo de estabilidade de emulses 18

    2.4.2.1 Reologia 21 2.4.2.2 Tamanho das partculas 22 2.4.2.3 Mtodos qumicos utilizados no estudo da estabilidade 23

    3 OBJETIVOS 26

    4. MATERIAL E MTODOS 27

    4.1 Material 27 4.1.1 Solventes e Solues 27 4.1.2 Frmacos empregados como substncias de referncia 27 4.1.3 Matrias-primas 28 4.1.4 Equipamentos e acessrios 28 4.1.5 Formulaes estudadas 29

    4.1.5.2 Obteno do creme com cetoconazol a 2% 35 4.1.6 Amostras 36

    4.2 Mtodos 37 4.2.1 Identificao do cetoconazol matria-prima 37

    4.2.1.1 Ponto de fuso 37 4.2.1.2 Cromatografia em camada delgada 37 4.2.1.3 Espectroscopia no infra - vermelho 37 4.2.1.4 Estudos Termoanalticos 38

    4.2.2 Ensaios espectrofotomtricos preliminares 38 4.2.6 Ensaios cromatogrficos preliminares 39

    4.3 Validao da metodologia analtica 40 4.3.1 Padronizao do mtodo espectrofotomtrico 40

    4.3.1.1 Construo da curva de calibrao 41

  • 1

    4.3.1.2 Pesquisa de interferentes a partir de excipientes 41 4.3.1.3 Aplicao do mtodo padronizado s amostras creme 42

    4.3.2 Padronizao do mtodo cromatogrfico 44 4.3.2.1 Construo da curva de calibrao 45 4.3.2.2 Pesquisa de interferentes a partir de excipientes 45 4.3.2.3 Determinao do limite de deteco e limite de quantificao 47 4.3.2.4 Aplicao do mtodo padronizado s amostras creme 47

    4.4 Estabilidade fsica do cetoconazol em creme 49 4.4.1 Caractersticas organolpticas 50 4.4.2 Anlise de pH 50 4.4.3 Comportamento reolgico 51

    5 RESULTADOS 52

    5.1 Identificao do cetoconazol matria-prima 52 5.1.1 Ponto de fuso 52 5.1.2 Cromatografia em camada delgada 53 5.1.3 Espectroscopia na regio do infravermelho 54 5.1.4 Estudos Termoanalticos 55 5.1.5 Ensaios preliminares com as diferentes formulaes 56 do creme com cetoconazol a 2% 56

    5.6 Validao da metodologia analtica 59 5.6.1 Padronizao do mtodo espectrofotomtrico por derivada de 1 ordem 59

    5.6.1.1 Construo da curva de calibrao 59 5.6.1.2 Pesquisa de interferentes a partir de excipientes 61 5.6.1.3 Aplicao do mtodo padronizado s amostras creme 62

    5.6.2 Padronizao do mtodo cromatogrfico 66 5.6.2.1 Construo da curva de calibrao 67 5.6.2.2 Pesquisa de interferentes a partir de excipientes 69 5.6.2.3 Determinao dos Limites de Deteco e Quantificao 70 5.6.2.4 Aplicao do mtodo padronizado s amostras creme 70

    5.7 Estabilidade fsica do cetoconazol em creme 73 5.7.1 Caractersticas organolpticas 73 5.7.2 Anlise de pH 74 5.7.3 Comportamento reolgico 75

    6 DISCUSSO 93

    7 CONCLUSES 101

    8 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 103

  • 2

    1 INTRODUO

    O cetoconazol um derivado imidazlico com atividade antifngica. Foi

    lanado no Brasil sob a forma de comprimidos, contendo 200 mg de

    cetoconazol, creme tpico e xampu na concentrao de 20 mg/g. O

    cetoconazol na forma de comprimidos vem sendo substitudo por outros

    antifngicos administrados por via oral por apresentar alguns efeitos

    colaterais indesejveis, como a hepatotoxicidade 82; 96. O cetoconazol creme

    a 2% continua sendo muito utilizado no combate de diversas infeces

    cutneas. ainda eficaz no combate dermatite seborrica e vrias

    infeces causadas por diferentes espcies de fungos. Recentemente tem

    sido usado contra acantomebase disseminada 88; 91. O cetoconazol xampu a

    2% muito utilizado no combate caspa 44.

    No incio do sculo os medicamentos tinham como origem fontes

    magistrais e oficinais e no havia problema com a estabilidade, pois alm do

    nmero reduzido de matrias-primas, as frmulas farmacuticas eram

    preparadas e imediatamente fornecidas ao paciente o que implicava em

    pouco ou nenhum tempo de armazenamento. Aps a 2a Guerra Mundial

    muitos frmacos de origem natural foram isolados, suas frmulas qumicas

    elucidadas e obtidos por sntese qumica. Novos frmacos foram sendo

    sintetizados em nmero cada vez maior resultando em novas formulaes

    farmacuticas. O processo da industrializao veio favorecer o arsenal

    teraputico, mas trouxe problemas como: mudana na escala de trabalho

    acarretando tempo de exposio fatores ambientais, risco de interao

    fsica, qumica e microbiolgica. Houve mudanas na comercializao

    trazendo problemas com o transporte e armazenamento dos produtos

    farmacuticos.

  • 3

    A estabilidade de um produto farmacutico fator relevante e crtico,

    principalmente em pases de clima variado. Nesse sentido, marcante a

    influncia do excipiente, principalmente nos medicamentos de uso tpico 34.

    A estabilidade definida como sendo o perodo de tempo em que um

    produto mantm sua vida til, preservando as mesmas propriedades e

    caractersticas que possua na ocasio de sua fabricao. Dentre os tipos de

    estabilidade temos a estabilidade:- qumica, onde cada ingrediente ativo

    mantm sua integridade e potncia declarada, entre os limites

    especificados;- fsica, em que as propriedades fsicas originais incluindo

    aparncia, uniformidade e suspendibilidade so conservadas; -

    microbiolgica, na qual a esterilidade ou resistncia ao crescimento

    microbiolgico mantida de acordo com os requisitos especificados; -

    teraputica, em que deve permanecer inalterada a atividade farmacolgica

    do produto e - toxicolgica, onde no pode ocorrer aumento significativo da

    toxicidade97.

    A degradao de princpios teraputicos durante o armazenamento e

    o transporte o maior problema, principalmente em pases de clima tropical.

    O prazo de validade, que em pases de clima temperado funciona como uma

    maneira adequada de prever degradaes, pode no ser o mesmo nos

    pases tropicais, mesmo que o medicamento seja armazenado em materiais

    de acondicionamento apropriados 78.

    Diante disto, temos que a introduo constante de novos frmacos na

    teraputica, com estruturas qumicas das mais variadas, impe o estudo da

    estabilidade dos medicamentos visando a garantia de prazos de validade

    compatveis com o tempo necessrio para a comercializao e com as

    exigncias da legislao.

  • 4

    2 REVISO DA LITERATURA

    2.1 GENERALIDADES

    As micoses so classificadas em superficiais e profundas ou

    sistmicas. As micoses superficiais so predominantes e apresentam

    distribuio universal. So manifestaes tegumentares causadas por

    diferentes espcies e gneros de fungos que possuem em comum o

    tropismo para invaso do tegumento cutneo. Caracterizam-se por produzir

    leses na pele, mucosa, plos, unhas, dobras periungueais, conduto auditivo

    externo zonas cutneo-mucosas, entretanto no invadem os tecidos mais

    profundos 24, 26. As micoses profundas ou sistmicas so causadas por

    organismos que vivem livremente na natureza ou em materiais orgnicos

    em decomposio. Estas infeces esto freqentemente limitadas a certas

    reas geogrficas. Podem ser assintomticas, desenvolver sintomatologias

    brandas e em alguns casos podem evoluir para doenas graves ou fatais 55.

    As micoses superficiais podem ser reunidas em trs grandes grupos:

    dermatofitoses, ceratofitoses e candidase04 .

    A disseminao de micoses superficiais tem aumentado

    significativamente por fatores como: convivncia em certos ambientes

    coletivos, reaes climticas(calor, umidade), vesturios(tecidos sintticos,

    sapatos apertados) que acumulam o calor e a umidade corporal. Contribuem

    tambm para a disseminao destas micoses o emprego, em larga escala,

    de contraceptivos orais, antibiticos de amplo espectro de ao e, at

    mesmo, o excesso de higiene com o favorecimento de proliferao de

    fungos oportunistas 26.

    As micoses profundas ou sistmicas so raras, porm seu ndice tem

    aumentado nos ltimos anos devido a infeces por fungos oportunistas92.

  • 5

    Os fungos so abundantes na natureza, podendo tambm estar

    presentes no organismo humano.Espcies de Candida podem estar

    presentes na mucosa digestiva, no trato respiratrio e genital. Outros, como

    Cryptococcus e Aspergillus podem ser aspirados pelo homem e no causar

    doena, devido ao sistema imune celular que o protege 45, 54. Entretanto,

    estados subnutricionais, organismos debilitados (aidticos, cancerosos,

    diabticos), modificaes fisiolgicas (gravidez), longo tempo de

    hospitalizao e, principalmente, avanos mdicos na teraputica

    imunossupressora, como a quimioterapia do cncer, ou o tratamento de

    transplantados renais, contribuem para aumentar o nmero de pacientes

    vulnerveis. Estes estados propiciam o desenvolvimento de infeces por

    fungos oportunistas e so causas freqentes de morbidade e de morte 45, 55.

    De uma maneira geral, o homem acometido pelas micoses,

    independente de sexo, cor e idade. Somente as micoses superficiais so

    transmitidas de homem para homem45.

    2.2 ANTIFNGICOS

    Por muitas dcadas, o desenvolvimento de substncias antimicticas

    foi ofuscado pelo grande impulso dado bacteriologia95.

    Antes de 1950, no existia tratamento confivel ou seguro para

    micoses profundas e a teraputica das micoses superficiais dependia de

    preparaes tpicas empricas51.

    O tratamento de infeces por fungos iniciou-se com a descoberta

    dos antibiticos polinicos representados pela nistatina e anfotericina B51. A

    nistatina foi isolada por HAZEN e BROWN36 do Streptomyces noursei em

    1949, estando disponvel comercialmente desde 195151. A anfotericina B foi

    isolada do fungo Streptomyces nodosus, em 1956, por GOLD e

    colaboradores26.

  • 6

    Apesar de suas desvantagens, como administrao intravenosa lenta

    e efeitos adversos, tais como febre, nuseas e toxicidade renal, a

    anfotericina B foi o nico antimictico fidedigno de amplo espectro de ao

    at 1970.27;28;51

    OXFORD e colaboradores70 isolaram, em 1938 a griseofulvina.

    Entretanto sua ao antifngica s se tornou conhecida em 195827;51.

    Em 1944, WOOLLEY103 constatou a atividade antifngica e

    antibacteriana do benzimidazol. Esta informao foi, no entanto, ignorada,

    uma vez que as infeces micticas no eram muito notadas na poca.

    Uma nova gerao de substncias antifngicas iniciou-se com

    produtos sintticos tais como, a flucitosina, sintetizada por DUSCHINSKY e

    colaboradores39 em 1957, disponvel no comrcio desde 1963, e o tolnaftato

    que foi preparado por MIYASAKI e colaboradores63 em 1963, cuja ao

    antifngica foi estudada em 196851

    JERCHEL e colaboradores revisando as observaes de

    WOOLLEY103 verificaram, em 1952, que alguns compostos benzimidazlicos

    substitudos apresentavam notvel atividade antifngica. Este fato despertou

    interesse em outros pesquisadores, iniciando-se, em 1969, com os

    derivados imidazlicos, uma nova classe de antimicticos muitos dos quais

    vm sendo introduzidos com xito nas ltimas dcadas23.

    2.2.1 Antifngicos derivados dos imidazis

    Em 1969, houve um grande avano no tratamento de micoses, com a

    introduo dos derivados imidazlicos: o clotrimazol, o miconazol, o

    econazol e em seguida o isoconazol101.

    Estes compostos foram as primeiras substncias com atividade

    teraputica contra um grande nmero de leveduras, dermatfitos, fungos

    dimrficos e algumas bactrias gram-positivas95.

    O cetoconazol foi sintetizado em 1978 e introduzido na teraputica em

    1981 por HEERES e colaboradores38. Seu desenvolvimento significou um

    avano na quimioterapia antifngica27.

  • 7

    Outros avanos na terapia antifngica foram representados pelo

    terconazol de uso tpico, fluconazol, de uso oral e parenteral e itraconazol,

    de uso oral. A terbinafina, alilamina sintetizada em 1978, utilizada na

    teraputica de infeces dermatofticas.

    Recentemente surgiu um novo antifngico tpico da classe dos

    imidazis, o nitrato de sertaconazol, particularmente ativo contra espcies de

    Candida15. Outro derivado imidazlico o voriconazol, que mostrou

    melhores resultados contra Candida sp do que a anfotericina B, fluconazol e

    itraconazol 09;22.

    Recentes pesquisas com outros novos derivados imidazlicos tm

    mostrado bons resultados: eberconazol apresenta maior eficcia contra

    espcies de Candida e Cryptococcus neoformans, comparando-se com

    clotrimazol e cetoconazol 96; o SCH 5659205, mostrou melhor atividade

    antifngica in vitro do que o fluconazol, itraconazol e cetoconazol. Outro

    imidazlico o AFK-108, tem mostrado melhor atividade antifngica in vitro,

    em relao a outros imidazlicos40.

  • 8

    2.3 CETOCONAZOL

    2.3.1 Aspectos gerais

    O cetoconazol um derivado imidazlico com atividade antifngica.

    Quimicamente denominado cis-1-acetil-4-{4-[2-(2,4-diclorofenil)-2-

    (1H-imidazolil-1-metil)-1,3-dioxilanil-4-metoxi]fenil}piperazina. Sua frmula

    molecular C26H28Cl2N4O4 e seu peso molecular 531,4451:

    CH3CON N OCH2O

    O

    CCl

    CH2 NN

    Cl

    Figura 1- Estrutura qumica do cetoconazol

    Consta da Farmacopia Americana 24a edio e apresenta-se como

    p branco, levemente amarelado, inodoro, facilmente solvel em

    diclorometano, solvel em cidos e em metanol, parcialmente solvel em

    etanol e praticamente insolvel na gua 06, 11, 98.

    No Brasil, o cetoconazol, foi lanado no comrcio sob a forma de

    comprimidos, contendo 200mg de cetoconazol, creme tpico contendo

    20mg/g e xampu tambm na concentrao de 20mg/g 16, 50.

  • 9

    As principais formulaes farmacuticas contendo cetoconazol

    comercializadas no Brasil esto relacionadas no quadro abaixo 17, 50:

    Quadro 1 - Principais formulaes farmacuticas contendo cetoconazol comercializadas no Brasil

    Nome comercial Forma farmacutica Laboratrio

    Candiderm creme Ach

    Candoral comprimidos Ach

    Cetoconazol comprimidos Bergamo

    Cetoconazol comprimidos, creme, xampu Neo-Qumica

    Cetonax comprimidos, creme, xampu Janssen-Cilag

    Cetonil comprimidos, creme, xampu Stiefel

    Cetozol comprimidos, creme, xampu Cazi

    Ketocon comprimidos Cibran

    Ketonan comprimidos, creme, xampu Marjan

    Miconan comprimidos, creme, xampu Ativus

    Nizoral comprimidos creme, xampu Janssen-Cilag

    Noriderm comprimidos, creme EMS

    Cetoconazol comprimidos Davidson

    Cetoconazol comprimidos Ducto

    Cetoconazol Bunker comprimidos creme xampu Bunker

    Cetozan comprimido creme xampu Royton

    Cetoconazol creme (Medicamento Genrico Lei 9.787/99)

    Teuto Brasileiro

    Cetoconazol comprimidos Teuto Brasileiro

    Cetoconazol comprimidos, creme Green Pharma

    Cetoconazol comprimidos, creme, xampu Honorterpica

    Fungoral comprimidos, creme, xampu Farmion

    Cetoconazol comprimidos, xampu Luper

    Arcolan creme Galderma

  • 10

    As associaes com cetoconazol mais comercializadas no Brasil so:

    Candicort (cetoconazol, betametasona) e Novacort (cetoconazol,

    betametasona, sulfato de neomicina) ambas produzidas por Ach

    Laboratrios S/A e Cetocort(cetoconazol, betametasona) de Laboratrio

    Teuto Brasileiro 16, 17, 50.

    O cetoconazol foi o primeiro antifngico ministrado por via oral.

    Apresenta amplo espectro de atividade que inclui Candida sp, Cryptococcus

    neoformans, Coccidioides immitis, Histoplasma capsulatum, Blastomyces

    dermatitides e diversos dermatfitos29. O cetoconazol tambm tem sido

    testado em pacientes portadores de cncer de prstata 89.

    O cetoconazol creme a 2% tem sido usado topicamente no tratamento

    de diversas infeces cutneas.

    O cetoconazol um agente fungicida contra Pityrosporum ovale, um

    importante fator etiolgico na dermatite seborrica. Diversos estudos clnicos

    tm demonstrado a eficcia do tratamento antifngico com cetoconazol

    tpico em dermatite seborrica 21, 93 . A eficcia do creme com cetoconazol

    equivalente ao cetoconazol de uso sistmico, sem a desvantagem da

    hepatotoxicidade, causada pelo uso sistmico repetido 30.

    Vrios estudos provaram uma maior eficcia e segurana do

    cetoconazol creme a 2% contra dermatite seborrica do que a hidrocortisona

    creme a 1%, que tambm usada para essa finalidade 47, 68, 73.

    Tinea pedis, Tinea cruris, Tinea corporis so infeces fngicas muito

    comuns. So causadas por uma variedade de organismos e mostram uma

    resposta muito varivel ao tratamento. Estudos demonstraram que o

    cetoconazol creme a 2% tem sido eficaz e seguro no tratamento dessas

    infeces . O cetoconazol atua contra as espcies de fungo Trichophyton,

    Microsporum e Epidermophyton causadores dessas infeces56.

    Para a Tinea pedis, conhecida como p de atleta, nem sempre os

    dermatologistas indicam um tratamento tpico, mas estudos provaram que o

    cetoconazol creme a 2% muito eficaz contra essa infeco31.

    SAVIN e HORWITZ82 estudaram formulaes contendo cetoconazol

    creme a 2% e creme placebo e ainda compararam com o cetoconazol usado

  • 11

    por via oral contra Tinea versicolor. Os resultados mostraram que o

    cetoconazol realmente eficaz quando comparado com seu creme placebo,

    e em comparao com cetoconazol via oral tambm mostrou maior eficcia

    contra Tinea versicolor. Esses autores verificaram, nesse mesmo trabalho,

    atravs de autoradiografia que a penetrao do cetoconazol se restringe ao

    estrato crneo e estrato granuloso, no havendo absoro percutnea.

    O cetoconazol creme a 2% mostrou maior eficcia quando comparado

    com a mesma formulao contendo miconazol72.

    Diversos estudos foram feitos para o tratamento eficaz de doenas de

    pele de vrias origens e foram conseguidos bons resultados utilizando

    combinaes com dipropionato de beclometasona(0,025%),

    cetoconazol(2%) e fusidato de sdio(2%)85. Combinaes de fusidato de

    sdio, butirato de clobetasona e cetoconazol, foram usadas no tratamento de

    superinfeco por fungos e por bactrias 13;18;71.

    Outro uso recente do cetoconazol creme a 2% est sendo no combate

    a acantomebase disseminada, doena causada por uma ameba da espcie

    Acanthomoeba sp, que causa infiltraes na pele podendo levar morte,

    atacando principalmente pacientes imunocomprometidos 88;91 .

    2.3.2 Sntese A sntese do cetoconazol demonstrada no Esquema 1.

    A 2,4 dicloroacetofenona submetida a uma ciclizao com glicerol

    na presena do benzeno-1-butanol e do cido p-toluenossulfnico(1), levando formao do produto (2); este pela ao do bromo, transforma-se em cis-2-(2,4-diclorofenil)-2-bromometil-4-hidroximetil-1,3-dioxolano(3), o qual benzoilado com cloreto de benzoila, resultando o cis-2-(2,4-

    diclorofenil)-2-bromometil-4-benzoiloximetil-1,3-dioxolano(4). A condensao deste com 1-H-imidazol produz o cis-2-(2,4-diclorofenil)-2-(1-H-imidazol-

    1metil)-4-benzoloximetil-1,3-dioxolano(5), o qual, em meio bsico, debenzoilado, dando cis-2-(2,4-diclorofenil)-2-(1H-imidazol-1-metil)-4-

    hidroximetil-1,3-dioxolano(6). A reao do (6) com cloreto de metanossulfonila produz o cis-2-(2,4-diclorofenil)-2-(1H-imidazol-1-metil)1,3-

  • 12

    dioxolano-4-metilmetanossulfonato(7). Finalmente, este composto condensado com 1-acetil-4-(4-hidrofenil)piperazina, por meio de hidreto de

    sdio em benzeno-dimetilssulfxido, produzindo o cis-1-acetil-4-{4-[2-(2,4-

    diclorofenil)-2-(1H-imidazolil-1-metil)-1,3-dioxilanil-

    4metoxi]fenil}piperazina(cis I) 38.

    Esquema 1- Sntese do cetoconazol(cis I)

  • 13

  • 14

    2.3.3 Estereoisomeria do cetoconazol O cetoconazol um antifngico com amplo espectro de ao. A base de sua atividade antifngica o bloqueio da converso de lanosterol em

    ergosterol, necessrio para manter a integridade da membrana dos

    organismos celulares. O ponto especfico da interveno qumica parece

    envolver a inibio da enzima do citocromo P-450.

    O cetoconazol tem mostrado um efeito inibitrio similar na enzima

    correspondente responsvel pela converso de lanosterol em colesterol em

    humanos80. Em adio a isso, o cetoconazol tem mostrado inibio em

    inmeras outras enzimas do citocromo P-450, envolvendo esteroidogneses

    e metabolismo de frmacos. Um exemplo bem conhecido a diminuio de

    nveis de andrognios em pacientes masculinos que usam cetoconazol por

    um longo perodo. O cetoconazol tambm tem mostrado bloqueio adrenal na

    esteroidognese e tem apresentado interferncia no metabolismo da

    testosterona08, 47 . Essas propriedades tm levado o cetoconazol a ser

    utilizado no tratamento contra o cncer de prstata e a sndrome de

    Cushing80 .

    Essa variedade de aes do cetoconazol, esto relacionadas com

    seus ismeros, pois estes se diferenciam quanto s propriedades

    farmacolgicas.

    O cetoconazol uma mistura racmica de cis(2S,4R) e cis(2R,4S)

    enantimeros. So numerosas as diferentes propriedades farmacolgicas

    entre esses estereoismeros.

    Os quatro estereoismeros do cetoconazol agem inibindo as enzimas

    do citocromo P450. Os ismeros cis(2S,4R) e (2R,4S) so mais potentes

    inibidores da 14-dimetilase do lanosterol de mamferos do que os

    diasteroismeros trans (2R,4R) e (2S,4S), por isso os ismeros cis possuem

    atividade antifngica superior. O ismero cis(2S,4R) trs vezes mais

    potente que seu similar cis (2R,4S)80

    Diversos estudos buscam a sntese dos 4 estereoismeros do

    cetoconazol, para a obteno de compostos mais puros08, 80 .

  • 15

    2.3.4 Mtodos de anlise de formulaes contendo cetoconazol Para comprimidos contendo cetoconazol, ABOUNASSIF e EL-SHAZLY01, sugeriram o uso de duas tcnicas rpidas e quantitativas. A

    primeira foi uma titulao potenciomtrica em meio no-aquoso, onde o

    ponto de equivalncia foi detectado graficamente por potenciometria

    diferencial. A segunda tcnica foi a ressonncia nuclear magntica,

    envolvendo a integrao dos sinais de prton do grupo metila do

    cetoconazol, usando benzocana como padro interno.

    DAS14 props para anlise de cremes e pomadas contendo

    cetoconazol, uma rpida identificao e quantificao atravs da

    cromatografia em camada delgada e densitometria. O cetoconazol foi

    separado dos excipientes utilizando uma mistura de propores iguais de

    clorofrmio e lcool isoproplico. Em seguida foi aplicado em placa de slica

    gel F254, utilizando como fase mvel n-hexano : clorofrmio : metanol :

    dietilamina(50:40:10:1) e quantificado por densitometria.

    A espectrofluorimetria foi o mtodo de anlise para xampu utilizado

    por EL-BAYOUMI e colaboradores20. Usou-se um gel-xampu com

    cetoconazol a 2%.

    Para a anlise de cremes e comprimidos contendo cetoconazol, foi

    proposto por EL-SHABOURI e colaboradores19, a espectrofotometria,

    baseada na formao de complexo de carga de transferncia. Esse

    complexo foi formado pelo frmaco(cetoconazol) como doador de eltrons e

    o iodo como receptor. O mtodo apresentou rapidez, simplicidade e

    sensibilidade.

    SADEGHII e SHAMSIPUR81 , sugeriram a extrao do cetoconazol

    contido em creme e comprimido, utilizando uma mistura de 1:1 de um

    complexo formado por cido pcrico em pH 2,5 e clorofrmio, e analisados

    por espectrofotometria em 410nm.

    A Farmacopia Americana 24a edio98, preconiza para comprimidos

    a cromatografia lquida de alta eficincia, utilizando como fase mvel uma

    mistura de diisopropilamina em metanol 1:500/soluo de acetato de amnio

  • 16

    em gua 1:200 na proporo de 7:3, coluna C-18 de 30cm x 3,9 mm e

    detector UV a 225nm.

    HACKMANN e colaboradores 48, 67, propuseram para a anlise de

    cetoconazol em comprimido e creme , a espectrofometria direta no

    ultravioleta, usando como solvente o cido clordrico 0,01mol/L e leitura em

    222 e 269nm; no mesmo trabalho foi proposta a cromatografia liquida de alta

    eficincia(CLAE), utilizando como fase mvel uma mistura de

    diisopropilamina em metanol 1:500/ soluo de acetato de amnio em gua

    1:200 na proporo a 8:2 e coluna LiChrospher 100RP-18(5m) Merck

    medindo 12,5 cm x 4mm, detector a 225nm e terconazol como padro

    interno.

    LOW e WANGBOONSKUL 57 descreveram um mtodo para anlise

    de cetoconazol comprimido, creme e xampu, utilizando a CLAE. Os autores

    utilizaram uma coluna de octadecilslica medindo 200 x 4,6 mm. A fase

    mvel foi constituda por acetonitrila 60% e ortofosfato dissdico

    hidrogenado a 20 mM e 0,2% de dietilamina v/v, em pH 4,0., vazo de 1,5

    mL/min e detector UV a 232nm

    ARRANZ e colaboradores03 pesquisaram recentemente uma nova

    metodologia de anlise para o cetoconazol, aplicando a eletroforese capilar,

    uma tcnica moderna e que apresenta vantagens em comparao com

    outros mtodos, como a alta eficincia em separaes, curto tempo de

    anlise, uso de pequenos volumes de amostras e reagentes, alta

    versatilidade e completa automao. Nesse trabalho os autores conseguiram

    atravs da eletroforese capilar, a separao de uma mistura contendo

    cetoconazol, econazol e clotrimazol. Essa tcnica tambm foi utilizada para

    a anlise de medicamentos que contm esses antifngicos separadamente,

    obtendo-se bons resultados, podendo essa tcnica ser utilizada no controle

    de qualidade de amostras que contenham esses antifngicos.

  • 17

    2.4 EMULSES 2.4.1 Definio

    Emulses so preparaes farmacuticas obtidas pela disperso de

    duas fases lquidas imiscveis ou praticamente imiscveis.74

    As emulses so o tipo mais comum de sistemas de liberao usados

    em produtos cosmticos. Elas permitem que ampla gama de ingredientes

    sejam liberados de maneira rpida e conveniente nos cabelos e na pele. Os

    tipos de emulses usados so normalmente materiais semi-slidos formados

    por uma poro aquosa(hidrfila) e uma poro oleosa(lipoflica). Essas

    duas pores constituem as fases interna e externa da emulso. A fase

    interna composta pelos materiais que formam as minsculas partculas

    dispersas(ou emulsificadas). Normalmente, a fase externa(tambm chamada

    de fase contnua) a mais abundante das duas.84

    Emulso O/A e A/O: a mais tpica das emulses aquela na qual o

    leo est disperso na gua. Compreensivelmente, ela chamada de

    emulso leo-em-gua(O/A). Um outro tipo de emulso simples a emulso

    gua-em-leo(A/O), na qual a gua torna-se emulsificada. Se uma emulso

    do tipo O/A ou A/O depende de vrios fatores, entre os quais a

    concentrao de cada um dos materiais no sistema, o tipo de emulsificante e

    a tcnica empregada no processamento de criao da emulso.

    Emulses mltiplas: alm da emulso simples, de duas fases,

    podem ser desenvolvidos sistemas mais complexos. Essas emulses podem

    ter vrias fases internas e so conhecidas como emulses mltiplas. So

    verdadeiras emulses dentro de emulses. Por exemplo, a gua pode ser

    dispersa num leo que, posteriormente, disperso numa outra fase aquosa.

    Essa a chamada emulso gua/leo/gua(A/O/A). Outras emulses

    mltiplas podem apresentar mais trs, quatro ou mais fases internas.

  • 18

    2.4.1.1 Componentes da emulso Fase oleosa: esta fase formada por compostos no polares,

    tipicamente incompatveis com a gua. Entre tais compostos podemos citar

    gorduras, leos e cra e todos os seus derivados, inclusive alcois graxos,

    cidos graxos, steres, hidrocarbonetos, glicerdeos e silicones.

    Fase aquosa: esta parte da emulso formada pela gua e demais materiais hidrfilos do sistema. Podem ser materiais umectantes, como

    glicerina ou propilenoglicol, polmeros hidrossolveis que do espessamento

    ou do condicionamento, conservantes, corantes,eletrlitos ou ingredientes

    caractersticos, como extratos vegetais ou protenas hidrolisadas.

    Emulsificantes: so os compostos que possibilitam a emulsificao,

    estabilizando a disperso da fase interna na fase contnua. So tensoativos

    que reduzem a tenso superficial entre as fases. Os emulsificantes tpicos

    so molculas com uma poro hidrfila e uma poro lipoflica. So

    classificados como aninicos, catinicos, no-inicos ou anfteros,

    dependendo da natureza de seu principal grupo hidrossolvel. Ao serem

    colocados na gua, os emulsificantes tm a tendncia de alinhar-se de modo

    a minimizar a interao entre suas extremidades hidrfilas e lipfilas.

    Havendo quantidade suficiente de emulsificante, podem formar-se estruturas

    esfricas chamadas micelas. Essas estruturas so agregados nos quais as

    caudas lipoflicas orientam-se para o centro da micela e as cabeas

    hidroflicas formam a superfcie externa.84 As emulses so usadas oralmente, parenteralmente e

    topicamente(cremes,por exemplo)07.

    2.4.2 Estudo de estabilidade de emulses

    Os sistemas emulsificados leo em gua ou gua em leo so

    considerados termodinamicamente instveis79 . O uso do agente

    emulsificante indispensvel para a formao da emulso, pois exibe a

  • 19

    habililidade de baixar a tenso superficial da gua ou de reduzir a tenso

    interfacial entre duas substncias imiscveis 102 .

    As preparaes farmacuticas e cosmticas so planejadas seguindo

    as orientaes tcnicas e bsicas de boas normas de fabricao e devem

    permanecer estveis por vrios meses aps a sua produo, mesmo quando

    sujeitas s mais variadas espcies de agresses do meio ambiente, como

    por exemplo: luz(radiaes ultravioleta, visvel e infravermelho), altas e

    baixas temperaturas, oxignio do ar, estresse mecnico em funo do

    transporte, reaes qumicas e contaminao microbiana 10, 42, 76, 77, 79.

    A emulso dever manter suas caractersticas originais de forma

    aceitvel por um perodo finito, o qual normalmente denominado prazo de

    validade 10, 42, 49, 76, 77, 79.

    O estudo da estabilidade tem por objetivo prever se o produto

    suportar as condies adversas do ambiente por determinado tempo, em

    condies normais de armazenamento.Para isso, procede-se ao teste de

    envelhecimento acelerado do produto. Este teste poder fornecer

    antecipadamente uma indicao dos problemas, que podero ocorrer nas

    formulaes e dizer se o produto ou no estvel 10, 42, 49, 64, 69, 76, 77, 79.

    Dentre os fatores que afetam o tempo de vida e merecem ateno

    especial num planejamento do estudo de estabilidade envolvendo emulses,

    destacam-se a temperatura, luz, umidade, efeitos mecnicos, tamanho das

    partculas, comportamento reolgico e eficcia de conservantes 46, 77, 102 . Os estudos sobre a desestabilizao das emulses mostraram que existem quatro mecanismos principais que so a cremagem ou cremeao,

    a floculao, a coalescncia e a inverso. Esses mecanismos, embora

    explicados separadamente, ocorrem simultaneamente na emulso.

    Cremagem: as gotculas em uma emulso possuem diferentes

    densidades e esto, portanto, propensas a passar por um processo de

    desestabilizao conhecido como cremagem. Trata-se de um processo

    segundo o qual as partculas menos densas tendem a ir para o topo. A

    emulso fica com duas sees, uma delas tendo maior quantidade da fase

  • 20

    interna e outra com maior quantidade da fase externa. A formao da

    cremagem representa um problema pouco grave para a estabilidade porque

    nenhuma das partculas realmente se combina. Esse fenmeno pode ser

    revertido por agitao.

    Floculao: durante este processo as gotculas da fase interna

    formam uma associao fraca e reversvel. O fenmeno tipicamente

    causado por uma carga inadequada sobre as micelas, o que reduz a fora

    de repulso entre elas. As duas partculas permanecem distintas e no h

    alterao nas dimenses. Isso pode ser demonstrado por meio de duas

    bolas de bilhar e fazendo-as tocar uma na outra. Enquanto elas se tocam,

    forma-se uma associao. No entanto, essa associao pode ser facilmente

    rompida pela remoo de uma das bolas. Da mesma forma a floculao em

    uma emulso pode ser revertida por meio da agitao do sistema. Por esse

    motivo, a floculao um problema de pouca gravidade para a estabilidade

    da emulso.

    Coalescncia: quando duas gotculas da fase interna se aproximam

    o suficiente, elas se unem para formar uma gotcula maior. Esse processo

    representa um problema srio para a estabilidade, por ser irreversvel.

    Quando um nmero grande de partculas coalesce, o resultado uma

    separao completa das duas fases. Existe um fenmeno semelhante

    chamado amadurecimento Ostwald segundo o qual as partculas da fase

    interna tendem a combinar-se em dimenses iguais. Ele tambm pode levar

    separao das fases.

    Inverso: a separao uma das conseqncias do processo de

    desestabilizao da emulso e a inverso de fase outra conseqncia.

    Quando ocorre a inverso de fase, a fase externa torna-se fase interna e

    vice-versa. Uma alterao dessas normalmente indesejvel porque as

    caractersticas fsicas da emulso resultante sero diferentes da original. A

    inverso e a separao de fases promovem a inutilizao de uma emulso.

  • 21

    medida em que as emulses se tornam instveis, sua composio

    fsico-qumica pode variar. Podem-se usar diferentes mtodos para

    determinar o grau de desestabilizao. O mtodo mais simples o da

    observao direta, e verificaes de viscosidade e de pH. Outros mtodos

    mais sofisticados envolvem tcnicas de disperso de luz, medio de

    condutividade, avaliao microscpica e at ressonncia magntica

    nuclear(RMN).64, 69, 84 As caractersticas reolgicas observadas no estudo da estabilidade

    fsica das emulses so viscosidade da fase interna, viscosidade da fase

    externa, proporo fase-volume, emulsificantes usados e sua quantia,

    efeitos eletroviscosos, distribuio das partculas. Outros testes realizados

    so aparncia e velocidade de sedimentao07.

    As razes que podem levar a disperso e coalescncia so a

    incompatibilidade qumica entre emulsificante e outro componente, a escolha

    imprpria do tensoativo, a alta concentrao de eletrlitos, a baixa

    viscosidade e a temperatura07.

    2.4.2.1 Reologia

    A reologia estuda as condies de fluidez e de deformao da

    matria, que so influenciados por foras externas. O comportamento

    reolgico do material pode ser medido como resultado dessas foras. Esse

    estudo envolve a determinao de caractersticas complexas das

    substncias, como a viscosidade, a consistncia, a plasticidade e a

    elasticidade. A viscosidade definida como a resistncia para o fluxo e

    medida pela proporo da fora de cisalhamento(fora aplicada) e pelo

    gradiente de velocidade(movimento). Se o gradiente muda durante a

    aplicao, a mudana da fora pode ser descrita por uma curva de fluxo em

    funo do aumento ou diminuio do gradiente de velocidade. Dividindo-se a

    fora de cisalhamento pelo gradiente de velocidade, para cada ponto,

    resultar a curva de viscosidade 53;66;86

    A consistncia a propriedade apresentada pelos corpos de

    resistirem s deformaes permanentes que uma dada carga tende a

  • 22

    provocar-lhe. No caso dos corpos fludos(gases ou lquidos newtonianos)

    esta resistncia deformao depende da viscosidade do fluido, grandeza

    fsica e mensurvel. Considerando o oposto destas condies tem-se os

    corpos slidos, cuja resistncia deformao s pode ser avaliada

    empiricamente pela dureza. Tem-se tambm os lquidos no-newtonianos e

    os corpos semi-slidos, como as emulses. A consistncia desse tipo de

    material deriva da soma e da interferncia de fatores como as foras de adeso e de coeso, elasticidade, viscosidade, tixotropia e estrutura

    micelar.76

    Os lquidos no-newtonianos e os corpos semi-slidos podem

    classificar-se quanto s suas propriedades reolgicas em trs grupos

    fundamentais, estabelecidos de acordo com o tipo de escoamento que

    apresentam quando submetidos a uma fora externa: plsticos,

    pseudoplsticos e dilatantes76.

    As emulses so consideradas lquidos no-newtonianos, pois no

    seguem a lei de Newton de fluidos viscosos, ou seja, no mostram

    proporcionalidade direta entre fora de cisalhamento e gradiente de

    velocidade. Nesse caso, a viscosidade varia em funo de gradiente de

    velocidade 53, 62, 90. Tambm so consideradas pseudoplsticas, pois

    mostram uma diminuio na viscosidade quando o gradiente de velocidade

    aumenta 99, 100 .

    A tixotropia a capacidade de um sistema em apresentar baixa

    viscosidade quando sofre cisalhamento e a capacidade de recuperar sua

    estrutura aps determinado perodo de tempo66.

    2.4.2.2 Tamanho das partculas As partculas que compem a fase interna da emulso so

    polidispersas(isto , apresentam dimenses variveis), e suas dimenses

    mdias que so usadas na classificao da emulso. Por exemplo, se seu

    dimetro mdio for menor do que 100 ela passa a ser referida como

    emulso micelar. Com o dimetro de partculas cuja mdia esteja situada

    entre 100-2000 a emulso passa a ser chamada de microemulso.

  • 23

    Partculas com dimetro mdio maior formam uma macroemulso, que o

    tipo mais comum utilizado na formao de produtos cosmticos84.

    Dentre os mtodos para avaliar a estabilidade de emulses, est o

    exame microscpico, que determina o tamanho, a forma e a distribuio das

    gotculas da fase dispersa das emulses.

    A distribuio irregular do tamanho e a agregao de partculas, so

    sinais de alerta quando se avalia o comportamento de um dado sistema em

    funo de seu agente emulsificante 99,102. Conseqentemente, deve-se optar

    pelas emulses que forneam gotculas menores, quando tratadas em

    condies semelhantes, visto que estas tornam-se mais estveis quanto

    menores e mais uniformes forem o tamanho de suas partculas 49 .

    A distribuio do tamanho de partculas determina a estabilidade ou

    instabilidade da emulso, em funo do aumento do tamanho das partculas,

    desde que estejam dentro dos padres especificados pela literatura de 0,5

    10 m 25 .

    2.4.2.3 Mtodos qumicos utilizados no estudo da estabilidade

    A instabilidade das emulses tambm pode ser resultado da

    instabilidade qumica (principalmente hidrlise de tensoativos), destruio

    microbiana de um componente crtico da emulso, ou por processos

    fotoqumicos.79

    Os ensaios qumicos devem estabelecer se as substncias contidas

    nas amostras, conservadas em condies adequadas, permanecem

    inalteradas ou se parcial ou totalmente alteradas. Para isso necessrio

    identificar a substncia e verificar se no h formao de produtos que

    inicialmente no existiam; em seguida necessrio a determinao

    quantitativa das substncias em ensaio e, se possvel, seus produtos de

    alterao. Uma tcnica insubstituvel para identificao completa das

    substncias inalteradas e de seus possveis produtos de alterao a

    cromatografia em camada delgada. Os mtodos de anlises quantitativas

    devem ser, por sua vez muito especficos de maneira a poderem distinguir

    entre frmaco inalterado e produto de degradao: um mtodo que no

  • 24

    garante esta diferenciao no serve para estabelecer se um medicamento

    estvel. Mtodos de anlise especficos podem ser conseguidos

    empregando-se tcnicas como cromatografia em papel ou coluna,

    cromatografia preparativa em camada delgada, cromatografia gasosa,

    cromatografia lquida de alta eficincia, espectrofotometria no ultravioleta,

    espectroscopia no infravermelho e ressonncia magntica nuclear 12.

    sempre recomendvel, antes de se tirar concluses sobre a

    estabilidade fornecida pelos dados experimentais de laboratrio, determinar-

    se a preciso dos mtodos atravs da estatstica. Diversos fatores podem

    alterar a estabilidade de um produto farmacutico. Cada componente quer

    terapeuticamente ativo ou inativo, pode afetar a estabilidade. Outros fatores,

    chamados extrnsecos como a temperatura, luz, ar (especificamente o

    oxignio, dixido de carbono e vapores de gua), umidade, local de

    acondicionamento tambm alteram a estabilidade. H tambm os fatores

    intrnsecos como: incompatibilidade, pH, hidrlise, racemizao e

    oxidao61,97.

    O controle da estabilidade pode ser feito atravs de estudos

    preliminares e acelerados. De acordo com a resoluo GMC 53/96 do

    Mercosul 41, 65 o programa de estudo de estabilidade deve levar em

    considerao o mercado para o qual est destinado o produto e as zonas

    climticas em que ser utilizado. O Brasil se enquadra na zona climtica

    IV32, 33, 41 que definida como quente e mida, portanto as condies de

    armazenamento so 30C- 70% de Umidade Relativa(UR) para estudos

    preliminares e para estudos acelerados as condies foradas de

    armazenamento so 40C-75% UR para 6 meses ou 50C-90% de UR para

    3 meses. O estudo preliminar da estabilidade pode ser realizado a partir de

    uma exposio, por breve tempo, em condies drsticas como:

    autoclavao sucessiva, alta temperatura, luz solar direta, uso de agentes

    oxidantes e redutores, umidade e centrifugao. Todos esses ensaios

    devero ser feitos com produtos do mesmo lote ou lotes diversos, mas com

    substncias obtidas pelo mesmo processo de sntese. Esses ensaios podem

    dar informaes sobre a vida mdia e possveis alteraes, permitindo a

  • 25

    seleo de melhores formulaes. No entanto, o estudo acelerado da

    estabilidade deve ser baseado em: seleo de ensaios de envelhecimento,

    de acordo com a forma farmacutica em exame; subdiviso das amostras

    em material de acondicionamento de diversos tipos para selecionar o mais

    adequado; esquema de verificao bem definido e o mais especfico

    possvel, para conseguir em tempo mais breve e de forma mais segura, a

    coleta de dados essenciais para avaliao da forma em exame 34, 35, 37 . O

    objetivo do estudo acelerado verificar a necessidade de aumentar a dose

    do princpio ativo e determinar o prazo de validade da substncia

    analisada37, 97.

  • 26

    3 OBJETIVOS

    -Seleo de mtodos analticos para a determinao do cetoconazol

    em formulaes farmacuticas sob a forma de creme obtidas no comrcio e

    simuladas em laboratrio;

    -Validao e padronizao da metodologia analtica

    espectrofotometria derivada no ultravioleta, utilizada para a determinao do

    cetooconazol em creme;

    --Validao e padronizao da metodologia analtica cromatografia

    lquida de alta eficincia, tambm utilizada para a determinao do

    cetooconazol em creme;

    -Estudo de estabilidade acelerada de formulaes farmacuticas

    creme contendo cetoconazol;

    -Estudo da estabilidade fsica do cetoconazol em preparaes

    farmacuticas creme obtidas em laboratrio, sob diferentes condies de

    armazenamento.

    -Estudos reolgicos das amostras de creme obtidas em laboratrio e

    armazenadas sob diferentes condies de temperatura e umidade em

    tempos determinados.

  • 27

    4. MATERIAL E MTODOS

    4.1 Material

    Todos os reagentes utilizados foram de grau analtico e as matrias-

    primas de grau farmacutico.

    4.1.1 Solventes e solues

    -acetato de amnio(Merck)

    -acetato de etila(Merck)

    -acetato de sdio(Merck)

    -cido actico glacial(Merck)

    -cido clordrico(Merck)

    -clorofrmio(Merck)

    -diisopropilamina(Merck)

    -etanol 96%(Merck)

    -metanol para cromatografia(Merck)

    -n-hexano(Merck)

    -trietilamina(Merck)

    4.1.2 Frmacos empregados como substncias de referncia

    -cetoconazol padro (United States Pharmacopeia)

    - terconazol matria-prima(Janssen-Cilag)

  • 28

    4.1.3 Matrias-primas -Butilidroxitolueno B.H.T.(Galena)

    -Cetiol V oleato de decila(Galena)

    -Cetoconazol (Americhem-Laboratrios Prieto S/A(Panam-Panam)) teor : 99,73%

    -Cetoconazol (Laboratrios Ach) teor : 100,92%

    -Cetoconazol (Laboratrios EMS) teor : 99,5%

    -Chemynol I imidazolidiniluria(Chemy Union)

    -EDTA (Merck)

    -Germal II diazolidiniluria(ISP do Brasil)

    -Isocil PC metilcloroisotiazolinona e metilisoclorotiazolinona(Chemy

    Union)

    -Lanette Nlcool cetoestearlico; cetoestearilsulfato de sdio(Galena)

    -Merguard 1200 metilbromoglutaronitrila e fenoxietanol (Calgon-

    Galena)

    -Nipagin metilparabeno(Galena)

    -Nipazol propilparabeno(Galena)

    -Polawax cera autoemulsionante(Galena)

    -Propilenoglicol(Galena)

    -Vaselina liquida(Galena)

    4.1.4 Equipamentos e acessrios

    -Agitador mecnico com hlice adaptvel- tica

    -Balana analtica- OHAUS

    -Balana eletrnica BG 200 GEHAKA

    -Banho ultrasnico Thornton T14

    -Clula DSC50 acoplada com acessrio para resfriamento

    automtico(LTC50) IQ-USP

    -Coluna cromatogrfica Merck LiChrospher 100RP 18(5m)

    -Cromatgrafo lquido modelo CG 480, munido de injetor de loop fixo

    de 20L

  • 29

    -Detector ultravioleta, modelo CG 435

    -Espectrofotmetro infravermelho Bomem, com transformador de

    Fourier

    -Espectrofotmetro UV/Visvel Beckmann-DU srie70, acoplado a

    computador e impressora, com cubeta de quartzo de 1cm de caminho tico

    -Estufa tica regulada a 40C

    -Estufa Fanem regulada a 50C

    -Integrador modelo CG-200

    -Manta aquecedora

    -Medidor de ponto de fuso (Melting Point SMP1 Stuart Scientific)

    -Membrana Millipore

    -Milli Q Plus Milipore obteno de gua

    -Placas de slica gel 60 F 254(Merck)

    -pHmetro DM 21 Digimed TE 901

    -Potes de plstico de poliestireno capacidade de 30 g

    -Potes de vidro tipo III capacidade de 30 g

    -Refrigerador Tropical Peabody, mantido a 10C

    -Termobalana Shimadzu modelo TGA-50 IQ-USP

    -Termo-higrmetro

    -Viscosmetro rotacional Brookfield RVT com dispositivo

    para pequenas amostras Spindle SC4-29

    4.1.5 Formulaes estudadas As formulaes do creme base 58, 59 para incorporar cetoconazol a 2% preparadas em laboratrio e submetidas a estudos preliminares, foram as

    seguintes:

  • 30

    Formulao 1

    Nome comercial Nome qumico Funo

    Fase aquosa(A) %p/p

    Propilenoglicol 5,00 Propilenoglicol Umectante

    Nipagin 0,15 Metilparabeno Conservante

    gua destilada q.s.p. 100,0 Veculo

    Fase oleosa(B) %p/p

    Polawax 15,00 Cera auto-emulsionante Cera auto-emulsionante

    no inica

    Vaselina lquida 5,00 Vaselina lquida Emoliente

    Nipazol 0,05 Propilparabeno Conservante

    Formulao 2

    Nome comercial Nome qumico Funo

    Fase aquosa(A) %p/p

    Propilenoglicol 3,00 Propilenoglicol Umectante

    Nipagin 0,15 Metilparabeno Conservante

    gua destilada q.s.p. 100,0 Veculo

    Fase oleosa(B) %p/p Polawax 20,00 Cera auto-emulsionante Cera auto-emulsionante

    no inica

    Vaselina lquida 2,00 Vaselina lquida Emoliente

    Nipazol 0,05 Propilparabeno Conservante

    Fase C %p/p cido ctrico 4,00 cido ctrico Solubilizante

    Trietanolamina 5,00 Trietanolamina Neutralizante de pH

  • 31

    Formulao 3

    Nome comercial Nome qumico Funo

    Fase aquosa(A) %p/p

    Propilenoglicol 5,00 Propilenoglicol Umectante

    Nipagin 0,15 Metilparabeno Conservante

    EDTA dissdico 0,20 EDTA dissdico Quelante

    gua destilada q.s.p.100,0 Veculo

    Fase oleosa(B) %p/p Polawax 15,00 Cera auto-emulsionante Cera auto-emulsionante

    no inica

    Vaselina lquida 5,00 Vaselina lquida Emoliente

    Nipazol 0,02 Propilparabeno Conservante

    B.H.T. 0,05 Butilidroxitolueno Antioxidante

    Fase C %p/p Merguard 1200 0,30 Metildibromoglutaronitril e

    fenoxietanol

    Conservante

    Formulao 4

    Nome comercial Nome qumico Funo

    Fase aquosa(A) %p/p

    Propilenoglicol 5,00 Propilenoglicol Umectante

    Nipagin 0,15 Metilparabeno Conservante

    EDTA dissdico 0,20 EDTA dissdico Quelante

    gua destilada q.s.p.100,0 Veculo

    Fase oleosa(B) %p/p Lanette N 15,00 Disperso coloidal de

    alcois graxos e sulfato de

    cetil-estearila

    Base auto-emulsionante

    Cetiol V 3,00 Oleato de decila Emoliente

    Vaselina lquida 5,00 Vaselina lquida Emoliente

    Nipazol 0,02 Propilparabeno Conservante

    B.H.T. 0,05 Butilidroxitolueno Antioxidante

  • 32

    Formulao 5

    Nome comercial Nome qumico Funo

    Fase aquosa(A) %p/p

    Propilenoglicol 5,00 Propilenoglicol Umectante

    EDTA dissdico 0,20 EDTA dissdico Quelante

    gua destilada q.s.p.100,0 Veculo

    Fase oleosa(B) %p/p Polawax 15,00 Cera auto-emulsionante Cera auto-emulsionante

    no inica

    Vaselina lquida 5,00 Vaselina lquida Emoliente

    B.H.T. 0,05 Butilidroxitolueno Antioxidante

    Fase C %p/p Merguard 1200 0,30 Metildibromoglutaronitril e

    fenoxietanol

    Conservante

    Formulao 6

    Nome comercial Nome qumico Funo

    Fase aquosa(A) %p/p

    Propilenoglicol 5,00 Propilenoglicol Umectante

    EDTA dissdico 0,20 EDTA dissdico Quelante

    gua destilada q.s.p.100,0 Veculo

    Fase oleosa(B) %p/p Polawax 15,00 Cera auto-emulsionante Cera auto-emulsionante

    no inica

    Vaselina lquida 5,00 Vaselina lquida Emoliente

    B.H.T. 0,05 Butilidroxitolueno Antioxidante

    Fase C %p/p Chemynol I 0,50 Imidazolidiniluria Conservante

  • 33

    Formulao 7

    Nome comercial Nome qumico Funo

    Fase aquosa(A) %p/p

    Propilenoglicol 5,00 Propilenoglicol Umectante

    EDTA dissdico 0,20 EDTA dissdico Quelante

    gua destilada q.s.p.100,0 Veculo

    Fase oleosa(B) %p/p Polawax 15,00 Cera auto-emulsionante Cera auto-emulsionante

    no inica

    Vaselina lquida 5,00 Vaselina lquida Emoliente

    B.H.T. 0,05 Butilidroxitolueno Antioxidante

    Fase C %p/p Germal II 0,50 Diazolidiniluria Conservante

    Formulao 8

    Nome comercial Nome qumico Funo

    Fase aquosa(A) %p/p

    Propilenoglicol 5,00 Propilenoglicol Umectante

    EDTA 0,20 EDTA dissdico Quelante

    gua destilada q.s.p.100,0 Veculo

    Fase oleosa(B) %p/p Polawax 15,00 Cera auto-emulsionante Cera auto-emulsionante

    no inica

    Vaselina lquida 5,00 Vaselina lquida Emoliente

    B.H.T. 0,05 Butilidroxitolueno Antioxidante

    Fase C %p/p

    Chemynol I 0,50 Imidazolidiniluria Conservante

    Isocil PC 0,05 Mistura de isotiazolinonas Conservante

  • 34

    Formulao 4A

    Nome comercial Nome qumico Funo

    Fase aquosa(A) %p/p

    Propilenoglicol 5,00 Propilenoglicol Umectante

    EDTA dissdico 0,20 EDTA dissdico Quelante

    gua destilada q.s.p.100,0 Veculo

    Fase oleosa(B) %p/p Lanette N 15,00 Disperso coloidal de

    alcois graxos e sulfato de

    cetil-estearila

    Base auto-emulsionante

    Cetiol V 3,00 Oleato de decila Emoliente

    Vaselina lquida 5,00 Vaselina lquida Emoliente

    B.H.T. 0,05 Butilidroxitolueno Antioxidante

    Formulao 4B

    Nome comercial Nome qumico Funo

    Fase aquosa(A) %p/p

    Propilenoglicol 5,00 Propilenoglicol Umectante

    Nipagin 0,15 Metilparabeno Conservante

    gua destilada q.s.p.100,0 Veculo

    Fase oleosa(B) %p/p Lanette N 15,00 Disperso coloidal de

    alcois graxos e sulfato de

    cetilestearila

    Base auto-emulsionante

    Cetiol V 3,00 Oleato de decila Emoliente

    Vaselina lquida 5,00 Vaselina lquida Emoliente

    Nipazol 0,02 Propilparabeno Conservante

  • 35

    Formulao 4C

    Nome comercial Nome qumico Funo

    Fase aquosa(A) %p/p

    Propilenoglicol 5,00 Propilenoglicol Umectante

    gua destilada q.s.p.100,0 Veculo

    Fase oleosa(B) %p/p Lanette N 15,00 Disperso coloidal de

    alcois graxos e sulfato de

    cetilestearila

    Base auto-emulsionante

    Cetiol V 3,00 Oleato de decila Emoliente

    Vaselina lquida 5,00 Vaselina lquida Emoliente

    As fases A e B foram aquecidas em manta aquecedora temperatura

    de 70C. A fase aquosa(A) foi vertida sobre a oleosa(B) sob constante

    agitao, com o auxlio de um agitador mecnico com hlice, at atingir

    consistncia. Os componentes da fase C, juntamente com o cetoconazol

    foram adicionados a uma temperatura em torno de 45C.

    4.1.5.2 Obteno do creme com cetoconazol a 2% Em um gral de porcelana triturou-se at p fino o cetoconazol,

    exatamente pesado, a fim de se obter concentrao de 2%, e adicionou-se

    uma pequena quantidade de propilenoglicol para solubiliz-lo. Acrescentou-

    se aos poucos o creme base ao gral contendo cetoconazol e misturou-se

    para obter uma formulao homognea.

    Na Formulao 2 foi usado o cido ctrico para solubilizar o cetoconazol, e trietanolamina para corrigir o pH.

    Todas as formulaes foram acondicionadas em frascos de plstico e

    de vidro com capacidade de 30g e submetidas a estudos preliminares em

    diferentes condies de armazenamento.

  • 36

    4.1.6 Amostras A formulao que se mostrou mais adequada para os estudos de

    estabilidade e seleo de mtodos de anlise foi a Formulao 6(amostra simulada): Formulao 6

    Nome comercial Nome qumico Funo

    Fase aquosa(A) %p/p

    Propilenoglicol 5,00 Propilenoglicol Umectante

    EDTA dissdico 0,20 EDTA dissdico Quelante

    gua destilada q.s.p.100,0 Veculo

    Fase oleosa(B) %p/p Polawax 15,00 Cera auto-emulsionante Cera auto-emulsionante

    no inica

    Vaselina lquida 5,00 Vaselina lquida Emoliente

    B.H.T. 0,05 Butil hidrxitolueno Antioxidante

    Fase C %p/p Chemynol I 0,50 Imidazolidiniluria Conservante

    Cetoconazol 2,00 Cetoconazol Antifngico

    Dentre as vrias amostras de creme com cetoconazol que so

    comercializadas no Brasil, a amostra utilizada foi o creme com cetoconazol a

    2% do Laboratrio Teuto(Medicamento Genrico Lei 9.787/99):

    Cetoconazol.............................................................................................20 mg

    Excipiente( Metilparabeno, propilbarabeno, lcool etlico, EDTA dissdico,

    Polawax , polissorbato 80, propilenoglicol) q.s.p. ......................................1 g

  • 37

    4.2 Mtodos 4.2.1 Identificao do cetoconazol matria-prima

    A identificao do cetoconazol matria-prima foi realizada de acordo

    com as monografias encontradas nas Farmacopias Americana98 e

    Britnica06. Para o ensaio de identificao da matria-prima cetoconazol em

    cromatografia em camada delgada foram utilizadas as amostras de trs

    diferentes laboratrios( Ach, Americhem, EMS )e nos demais ensaios

    utilizou-se a matria prima cetoconazol do laboratrio Americhem.

    4.2.1.1 Ponto de fuso

    Foi determinado o ponto de fuso da amostra de cetoconazol

    utilizando o aparelho Melting Point SMP1 Stuart Scientific.

    4.2.1.2 Cromatografia em camada delgada

    Para a identificao atravs da cromatografia em camada delgada

    foram preparadas solues de amostras de cetoconazol matria prima de

    trs laboratrios diferentes na concentrao de 10mg/mL em clorofrmio e

    aplicadas em cromatoplacas em vidro 20 X 20 cm recobertas com Silica gel

    60 F254 Merck e comparadas com uma aplicao do cetoconazol padro,

    tambm na concentrao de 10mg/mL. A fase mvel utilizada foi composta

    pela mistura de n-hexano: acetato de etila: metanol: gua: cido actico

    glacial( 27: 40: 30: 2: 1) . Para a revelao das manchas foi utilizado vapor

    de iodo 97, 98 .

    4.2.1.3 Espectroscopia no infravermelho

    A amostra foi identificada por espectroscopia na regio do

    infravermelho(IV). Primeiramente foi transformada em pastilha de KBr, e

  • 38

    determinada de acordo com as recomendaes da literatura11. O espectro

    obtido foi comparado com um espectro relatado na literatura.

    4.2.1.4 Estudos termoanalticos Calorimetria exploratria diferencial (DSC)

    Condies experimentais: cadinho de alumnio(parcialmente

    fechado), massa de amostra em torno de 1,9mg, atmosfera de

    nitrognio(50mL/min), programao de aquecimento desde temperatura

    ambiente at 600C, razo de aquecimento de 10C/min.

    Termogravimetria (TG)

    - calibrao do instrumento com padro de oxalato de clcio.

    - condies experimentais: cadinho de platina, massa de amostra

    em torno de 4,5 a 5 mg, atmosfera dinmica de

    nitrognio(50mL/min), programao de aquecimento desde

    temperatura ambiente at 900C, razo de aquecimento de

    10C/min. 4.2.2 Ensaios espectrofotomtricos preliminares Para a anlise do cetoconazol matria-prima e do cetoconazol creme

    a 2% por espectrofotometria no UV, foram obedecidas as seguintes

    condies experimentais: velocidade de 300nm/min, limite de absorbncia

    de 0,000 a 1,000; cubeta de quartzo de 1 cm de espessura.

    Os parmetros utilizados para a anlise do cetoconazol matria-prima

    foram os seguintes:

    - solvente metanol ; concentrao de 25g/mL de cetoconazol

    matria-prima; comprimento de onda mximo( max) 244 nm;

  • 39

    - solvente metanol ; concentrao de 220g/mL de cetoconazol

    matria-prima; max de 296 nm;

    - solvente cido clordrico 0,01 mol/L; concentrao de 270g/mL de

    cetoconazol matria-prima; max 269nm.

    Todas essas anlises foram efetuadas por espectrofometria direta no

    UV e por espectrofometria derivada no UV.

    As amostras de cetoconazol creme a 2% foram analisadas seguindo

    os parmetros abaixo:

    - solvente cido clordrico 0,01 mol/L; concentrao 200g/mL de

    cetoconazol ; max 269nm espectrofotometria direta no UV;

    max 218,5nm espectrofotometria derivada no UV;

    - solvente cido clordrico 0,01 mol/L; concentrao 200g/mL de

    cetoconazol ; max 269nm espectrofotometria direta no UV;

    concentrao 25g/mL; max 218,5nm espectrofotometria

    derivada no UV;

    - solvente metanol; ; concentraes 20g/mL e 5g/mL de

    cetoconazol ; max 244nm espectrofotometria direta no UV;

    max 257nm espectrofotometria derivada no UV.

    4.2.6 Ensaios cromatogrficos preliminares Escolha do solvente

    Foram testados os solventes cido clordrico 1mol/L ; mistura de

    diclorometano e metanol(1:1) e metanol.

  • 40

    Fase mvel

    Foram testados os seguintes tipos de fase mvel:

    - mistura de trietilamina em metanol(1:500) e soluo de acetato de

    amnio em gua(1:200) nas propores de 7:3 e 75:25;

    - diisopropilamina em metanol(1:500) e soluo de acetato de amnio

    em gua(1:200) nas propores 7:3 e 8:2.

    Colunas cromatogrficas empregadas

    - coluna cromatogrfica Nova Pack C18 300 mm x 3,9mm;

    - coluna cromatogrfica: Merck LiChrospher 100 RP-18 (5m) em

    LiChroCART medindo 4mm x 12,5mm.

    4.3 Validao da metodologia analtica

    4.3.1 Padronizao do mtodo espectrofotomtrico Aps terem sido realizados os ensaios preliminares, foram estabelecidos os seguintes parmetros:

    - Intervalo de leitura dos espectros de absoro: 211 295 nm.

    - mximo para o cetoconazol: 244 nm em espectrofotometria

    direta no UV e 257 nm em espectrofotometria derivada no UV de

    primeira ordem.

    - Velocidade de varredura dos espectros de absoro: 300 nm/min

  • 41

    - Solvente: metanol para cromatografia

    - Cubeta de quartzo de 1 cm.

    - Assentamento das ordenadas: 0,500

    - Delta lambda ( ):2 nm

    - Mtodo quantitativo: zero pico

    - Ordem da derivada: 1a

    Verificou-se que a derivatizao dos espectros no UV direto melhora a

    visualizao dos mesmos. Padronizou-se como mtodo de anlise a

    espectrofotometria derivada no UV. 4.3.1.1 Construo da curva de calibrao

    Foram pesados 25,0 mg de cetoconazol padro e transferidos para

    balo volumtrico de 100,0 mL, completando-se o volume com metanol,

    obtendo-se uma soluo final de 250,0 g/mL.

    Desta soluo a 250,0 g/mL foram transferidas alquotas de 0,5; 1,0;

    1,5; 2,0; 2,5 e 3,0 mL para bales de 25 mL e completou-se o volume com

    metanol, obtendo-se concentraes de 5,0; 10,0; 15,0; 20,0; 25,0 e 30,0

    g/mL de cetoconazol em cada balo volumtrico.

    As derivadas das leituras das absorbncias destas solues foram

    efetuadas a 257 nm, empregando-se metanol como branco.

    4.3.1.2 Pesquisa de interferentes a partir de excipientes Especificidade

    a) Preparao da soluo padro

    Foram pesados 10,0 mg de cetoconazol padro e transferidos para

    balo volumtrico de 100,0 mL, completou-se o volume do balo com

    metanol, desta soluo transferiu-se uma alquota de 5,0 mL para balo

    volumtrico de 25,0 mL, completou-se o volume com metanol e obteve-se

    uma soluo de concentrao final de 20,0 g/mL.

  • 42

    b) Preparao da soluo da amostra creme simulada(formulao 6) Foram pesados 500,0 mg de creme de cetoconazol a 2%,

    equivalentes a 10,0 mg de cetoconazol e transferidos para balo volumtrico

    de 100,0 mL, dissolvendo-se o creme com metanol, levou-se a soluo 15

    minutos em ultrassom e depois completou-se o volume com metanol.

    A soluo foi filtrada em papel de filtro quantitativo, rejeitando-se os

    primeiros 10,0 mL e do filtrado transferiu-se uma alquota de 5,0mL para

    balo volumtrico de 25,0 mL, completou-se o volume com metanol,

    obtendo-se uma concentrao final correspondente a 20,0g/mL.

    c) Preparo da soluo da amostra creme comercial

    Essa soluo foi preparada conforme item 4.3.1.2b., utilizando a

    amostra creme comercial de cetoconazol a 2%.

    d) Preparo da soluo da amostra placebo

    Pesou-se 500,0 mg de creme base sem cetoconazol, procedendo-se

    conforme o preparo da soluo amostra de creme com cetoconazol (item

    4.3.1.2 b).

    e) Preparo da mistura de soluo padro e soluo da amostra

    placebo

    Foram pesados 10,0 mg de cetoconazol padro e transferidos para

    balo volumtrico de 100,0 mL, completou-se o volume do balo com

    metanol, desta soluo transferiu-se uma alquota de 5,0 mL para balo

    volumtrico de 25,0 mL, e nesse mesmo balo transferiu-se uma alquota de

    5,0mL da soluo placebo concentrada, completou-se o volume do balo

    com metanol.

    Todas essas solues foram analisadas por espectrofotometria

    derivada no UV.

    4.3.1.3 Aplicao do mtodo padronizado s amostras creme Desvio padro relativo - Preciso

  • 43

    a) Preparao da soluo padro

    Foi utilizada a mdia aritmtica das leituras de 3 solues padro de

    20 g/mL preparadas como descrito no item 4.3.1.2.

    b) Preparao da soluo amostra creme simulada(formulao 6) Foram preparadas 10 solues de amostra creme simulada de

    acordo com o descrito no item 4.3.1.2. Todas as solues com concentrao

    final de 20,0 g/mL , foram analisadas por espectrofotometria derivada no

    UV.

    c) Preparao da amostra creme comercial

    Foram preparadas 10 solues de amostra creme comercial de

    acordo com o descrito no item 4.3.1.2. Todas as solues com concentrao

    final de 20,0 g/mL, foram analisadas por espectrofotometria derivada no

    UV.

    Teste de recuperao - Exatido

    a) Preparo da soluo padro

    Foram pesados 25,0 mg de cetoconazol e transferidos para balo

    volumtrico de 100,0 mL, completando-se o volume com metanol, obtendo-

    se uma soluo de concentrao final de 250,0 g/mL.

    b) Preparo da soluo amostra creme comercial

    Foi pesado 1,25 g da amostra creme comercial, equivalente a 25,0 mg

    de cetoconazol e transferiu-se para balo volumtrico de 100,0 mL,

    dissolvendo-se com metanol em banho de ultrassom por 15 minutos.

    Completou-se o volume com metanol, obtendo-se soluo a 250,0 g/mL.

    Filtrou-se essa soluo, rejeitando-se os primeiros 10,0 mL, desse

    filtrado foram coletadas alquotas para o teste de recuperao.

  • 44

    c) Procedimento

    Alquotas de soluo padro e de amostra creme foram transferidas

    para balo volumtrico de 25,0 mL, conforme o procedimento

    seguinte:

    Amostra creme

    250,0 g/mL

    Padro

    250,0 g/mL

    Concentrao final

    1 1,0 mL ________ 10,0 g/mL

    2 ________ 1,0mL 10,0 g/mL

    3 1,0 mL 1,0mL 20,0 g/mL

    4 1,0 mL 1,5 mL 25,0 g/mL

    5 1,0 mL 2,0 mL 30,0 g/mL

    Essas solues foram analisadas por espectrofotometria derivada no

    UV.

    4.3.2 Padronizao do mtodo cromatogrfico

    Aps vrios experimentos, foram fixados os seguintes parmetros:

    Fase mvel: mistura de trietilamina em metanol 1:500 e soluo de

    acetato de amnio em gua 1:200 na proporo de 75:25.

    A fase mvel foi filtrada em membrana para filtrao Millipore de

    0,5m e desgaseificada antes de ser utilizada.

    Vazo: 1,0 mL/min

    Deteco no UV: 225 nm

    Atenuao: 7 A.U.F.S.

    Temperatura ambiente( 25C 1C)

    Volume de injeo: 20 L

    Coluna: LiChrospher 100RP-18(5mm) Merck

  • 45

    Solvente: metanol

    As solues foram filtradas em unidades filtrantes HV MILLEX

    0,45 m, antes de serem injetadas no cromatgrafo.

    4.3.2.1 Construo da curva de calibrao

    a) Preparao da soluo padro

    Foram pesados exatamente 10,0 mg de cetoconazol e transferidos

    para balo volumtrico de 100,0 mL, dissolvendo-se e completando-se o

    volume com metanol, obtendo-se soluo de concentrao final de 100,0

    g/mL de cetoconazol .

    b) Preparo da soluo de padro interno

    Foram pesados exatamente 25,0 mg de terconazol e transferidos

    para balo volumtrico de 100,0 mL, dissolvendo-se e completando-se o

    volume com metanol, obtendo-se soluo de concentrao final de 250,0

    g/mL de terconazol .

    c) Procedimento

    Alquotas de 2,0; 3,0; 4,0; 5,0; 6,0; 7,0 e 8,0 mL da soluo padro

    foram transferidos para balo volumtrico de 10,0 mL e em cada balo de

    10,0 mL foi acrescentado uma alquota de 2,0 mL da soluo de padro

    interno a 250,0 g/mL, completou-se o volume de cada balo com metanol,

    obtendo-se solues com concentraes de 20,0; 30,0; 40,0; 50,0; 60,0;

    70,0 e 80,0 g/mL de cetoconazol e 50,0g/mL de terconazol. 4.3.2.2 Pesquisa de interferentes a partir de excipientes

    Especificidade

  • 46

    a) Preparao da soluo padro

    Foram pesados 10,0 mg de cetoconazol e transferidos para balo

    volumtrico de 100,0 mL, completando-se o volume com metanol. Desta

    soluo transferiu-se uma alquota de 4,0 mL para balo volumtrico de

    10,0mL e uma alquota de 2,0 mL da soluo de padro interno a

    250,0g/mL, completou-se o volume com metanol e obteve-se uma

    concentrao final de 40,0 g/mL de cetoconazol e 50,0g/mL de

    terconazol.

    b) Preparao da soluo amostra creme simulada(formulao 6)

    Foi pesado 1,0 g da amostra creme simulada, equivalente a 20,0 mg

    de cetoconazol e transferido para balo volumtrico de 100,0 mL, adicionou-

    se cerca de 80,0 mL de metanol e submeteu-se a soluo ao banho de

    ultrassom por 15 minutos e completou-se o volume com metanol. Filtrou-se

    esta soluo, rejeitando-se os primeiros 10,0 mL, do filtrado transferiu-se

    uma alquota de 2,0 mL para balo volumtrico de 10,0 mL e uma alquota

    de 2,0 mL de soluo de padro interno a 250,0 g/ml, completou-se o

    volume com fase mvel e obtendo-se uma concentrao final de 40,0 g/mL

    de cetoconazol e 50,0 g/mL de terconazol.

    c) Preparo da soluo amostra placebo

    Foi pesado 1,0 g de creme base sem cetoconazol e procedeu-se

    conforme o preparo da soluo amostra creme, sem adicionar padro

    interno, descrito anteriormente.

  • 47

    4.3.2.3 Determinao do limite de deteco e do limite de quantificao

    Procedimento:

    Foram preparadas solues contendo 20,0; 30,0; 40,0; 50,0 e 60,0

    g/mL de cetoconazol e em cada soluo foi acrescentado 50 g/mL de

    padro interno terconazol. Foram efetuadas trs determinaes para cada

    concentrao e calculado o desvio padro entre os resultados obtidos a

    partir das razes entre as reas de padro e padro interno.

    O clculo para o limite de deteco(LD) e limite de quantificao(LQ)

    foi realizado pelas frmulas94:

    LD = Desvio Padro mdio X 3,3

    Inclinao da curva de calibrao

    LQ = Desvio Padro mdio X 10

    Inclinao da curva de calibrao

    4.3.2.4 Aplicao do mtodo padronizado s amostras creme Desvio padro relativo - Preciso

    a) Preparao da soluo padro

    Foram preparadas trs solues padro conforme item 4.3.2.2a.e

    efetuadas trs leituras de cada soluo padro. Utilizou-se a mdia

    aritmtica dessas leituras como valor do padro.

  • 48

    b) Preparao da soluo de amostra creme simulada(formulao 6)

    A soluo de amostra creme simulada foi preparada conforme

    descrito no item 4.3.2.2b. Foram realizadas 10 determinaes para cada

    amostra e os resultados foram analisados estatisticamente.

    c) Preparao da soluo de amostra creme comercial

    A soluo de amostra creme comercial foi preparada conforme

    descrito no item 4.3.2.2b. Foram realizadas 10 determinaes para cada

    amostra e os resultados foram analisados estatisticamente.

    Teste de recuperao - Exatido

    a) Preparao da soluo padro

    Foram pesados 25,0 mg de cetoconazol padro e transferidos para

    balo volumtrico de 100,0 mL, dissolvendo-se e completando-se o volume

    com metanol, obtendo-se uma soluo de 250,0 g/mL.

    b) Preparao da soluo de amostra creme comercial

    Foi pesado 1,0 g da amostra creme, equivalente a 20,0 mg de

    cetoconazol e transferiu-se para balo volumtrico de 100,0 mL, adicionou-

    se cerca de 80,0 mL de metanol e submeteu-se essa soluo ao banho de

    ultrassom por 15 minutos, depois completou-se o volume com metanol.

    Filtrou-se esta soluo contendo 200,0 g/mL de cetoconazol. Esse filtrado

    foi utilizado para preparar as solues diludas para realizar o teste de

    recuperao.

  • 49

    c) Preparao da soluo de padro interno

    Foram pesados 25,0 mg de terconazol padro e transferidos para

    balo volumtrico de 100,0mL, dissolvendo-se e completando-se o volume

    com metanol, obtendo-se uma soluo de 250,0g/mL.

    Procedimento:

    Alquotas de soluo padro e de amostra creme foram transferidas

    para balo volumtrico de 25,0 mL, conforme procedimento que segue:

    Amostra creme

    250,0 g/mL

    (filtrado)

    Padro

    250,0 g/mL

    Concentrao

    final de cetoconazol

    1 4,0 mL ________ 40,0 g/mL

    2 ________ 4,0mL 40,0 g/mL

    3 4,0 mL 1,0 mL 50,0 g/mL

    4 4,0 mL 2,0 mL 60,0 g/mL

    5 4,0 mL 3,0 mL 70,0 g/mL

    Em todos os bales volumtricos foram transferidas alquotas de 5,0

    mL da soluo de padro interno a 250,0 g/mL, sendo a concentrao final

    de terconazol(padro interno) em cada balo 50,0 g/mL

    4.4 Estabilidade fsica do cetoconazol em creme

    a) Condies de armazenamento das amostras

  • 50

    Aps o preparo de um lote de 3 kg da Formulao 6(amostra simulada), este foi dividido em amostras acondicionadas em frascos de vidro

    tipo II e frascos plsticos de poliestireno com capacidade de 30 g. Foram

    feitas coletas dessas amostras aps 48 horas do preparo e analisadas

    quanto s caractersticas fsicas.

    Em seguida, as amostras foram armazenadas em trs condies

    diferentes: 10C, 40C e 75%U.R.(umidade relativa)* e 50C e 90%U.R.**.

    *Para atingir a umidade de 75%U.R. e temperatura de 40C, as

    amostras foram armazenadas em dessecador contendo soluo saturada de

    acetato de sdio e armazenado em estufa a 40C. A umidade de 75% foi

    medida atravs de termo-higrmetro.

    ** A umidade de 90%U.R. e temperatura de 50C foram atingidas

    adicionando-se gua destilada em dessecador e armazenando- o em estufa

    a 50C. A umidade de 90%U.R., tambm foi medida atravs de termo-

    higrmetro.

    b) Anlise das amostras de cetoconazol creme

    As amostras a 50C e 90%U.R. foram coletadas e analisadas nos

    tempos 7, 14, 28, 42 dias, as amostras a 40C e 75%U.R. nos tempos 7 e 28

    dias e as amostras a 10C foram analisadas aps 1 ms de armazenamento.

    As caractersticas fsicas foram analisadas atravs de sua aparncia,

    pH e comportamento reolgico.

    4.4.1 Caractersticas organolpticas

    As amostras armazenadas temperaturas diferentes foram

    observadas em relao a cor e odor em tempos pr determinados.

    4.4.2 Anlise de pH

  • 51

    O pH das amostras foi analisado nos tempos e temperaturas

    determinados. Foram preparadas solues a 10% da amostra creme76. O pH

    inicial dessa formulao foi de 5,6.

    4.4.3 Comportamento reolgico

    As anlises foram realizadas temperatura ambiente utilizando-se

    13,0 g da amostra, em viscosmetro rotacional Brookfield e spindle SC4-29.

    As amostras foram submetidas aos seguintes gradientes de velocidade:

    0,125; 0,25; 0,625; 1,25; 2,50; 5,00; 12,50 e 25,00 1/s. O tempo

    estabelecido para cada leitura do torque foi de 2 minutos.

  • 52

    5 RESULTADOS

    5.1 Identificao do cetoconazol matria-prima 5.1.1 Ponto de fuso

    Cetoconazol Faixa de fuso C

    Matria-prima 148 154

    Padro USP 148 152

  • 53

    5.1.2 Cromatografia em camada delgada

    Figura 5 - Cromatografia em camada delgada do cetoconazol 1- Padro cetoconazol

    2- Matria-prima (Laboratrio EMS) 3- Matria-prima (Laboratrio Ach) 4- Matria-prima (Americhem)

    O sistema eluente composto pela mistura de n-hexano; acetato de

    etila; metanol; gua; cido actico glacial(27:40:30:2:1) permitiu a

    identificao das manchas do cetoconazol padro e das amostras de

    matria-prima cetoconazol. Os Rfs podem ser observados na Tabela 1.

  • 54

    Tabela 1 - Valores de Rf do cetoconazol padro e das amostras de matria-prima

    Amostra Rf

    Padro cetoconazol 0,67

    Matria-prima EMS 0,66

    Matria-prima Ach 0,67

    Matria-prima Americhem 0,66

    5.1.3 Espectroscopia na regio do infravermelho

    Figura 6- Espectro infravermelho do cetoconazol matria - prima

  • 55

    5.1.4 Estudos termoanalticos

    Figura 7 - Curva DSC do cetoconazol. Condies: cadinho de alumnio com massa de amostra em torno de 1,9mg,sob atmosfera dinmica de N2(50 mL), da temperatura ambiente a 600C, com razo de aquecimento de 10C/min.

    Figura 8 Curvas TG/DTG do cetoconazol Condies: cadinho de platina com massa de amostra entre 4,5-5 mg, sob atmosfera dinmica de N2(50 mL), da temperatura ambiente a 900C, com razo de aquecimento de 10C/min.

  • 56

    5.1.5 Ensaios preliminares com as diferentes formulaes

    do creme com cetoconazol a 2%

    Todas as amostras de creme com cetoconazol a 2%, inicialmente possuam colorao branca. Para cada amostra com cetoconazol submetida

    diferentes temperaturas, preparou-se uma amostra de creme sem

    cetoconazol e submeteu-se s mesmas condies. Todas as amostras de

    creme base sem cetoconazol, submetidas diferentes temperaturas, no

    sofreram alterao de cor.

    As tabelas abaixo, indicam quais amostras sofreram alterao de cor,

    pela influncia do tempo e temperatura:

    Tabela 2 - Formulaes contendo cetoconazol a 2% submetidas a temperatura de 10C Tempo(dias) 7 15 30 45 60 Amostras Formulao 1 S A S A S A S A S A Formulao 2 S A S A S A S A S A Formulao 3 S A S A S A S A S A Formulao 4