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8/14/2019 estado_sao_paulo_pag_5
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Economistadestacaquenosedevemisturarasresponsabilidades dopoderpblicoe dasempresasprivadas
Voluntrias dispensampolciana
luta contra a prostituio infantil
Quem:RogerAgnelli
Leonencio NossaENVIADO ESPECIALJURUTI E PARAUPEBAS(PA)
Antes, acompanhadas da pol-cia,elaspercorriambares,pros-tbulos e hotis de Juruti paracombater a explorao sexualdecrianas.Comotempo,ogru-po de mulheres ligado Pasto-raldaCrianaeaoConselhoTu-telar percebeu que os policiaisqueasacompanhavameramin-formantes dos donos dos esta-
belecimentos. Mesmo diantedos riscos oferecidos por cafe-tes, policiaiscorruptose trafi-cantes, o grupo de mulheresmantmarondanoturna.Nopodemos confiar na polcia, eladriblaagente,dizaprofessoraaposentadaRosineideBarroso.Essasmulhereschegamalevaras crianas prostitudas paracasa,comorevelouo Estadonaedio de ontem.
Rosineideavaliaqueacidadeno estava preparada para ocrescimento, com a chegadados investimentos na mina de
bauxita,daAlcoa.Noestva-mosestruturadosparaessepro-
jeto. Temos muitas adolescen-
tesnasdrogasenoalcoolismo.AservidorapblicaVarluceAu-gustadosSantos,integrantedaronda, diz que a explorao se-xualdecrianasestavaincuba-da coma chegada daempre-sa,o problema setornou maiorevisvel.Aprpriafamliajuru-tiense sofreu o impacto. Quemera agricultor no interior veioparaacidade,afirma.Asem-presas no do trabalho paraquem no tem instruo, afir-ma. Na cidade, os pais, analfa-
betos, tapam os olhos e deixamas coisasacontecerem.
Varluce ainda cita casos decrianasagredidas.Muitosho-mens que vieram trabalhar namina,comfamlialonge,seapro-
veitamdasmeninas.Eosgesto-
res pblicos no se preocupa-ramcomaquestodainfncia.Mas ela admite que a empresademonstra interesse em deba-tero problemacom os morado-res,masfaltapolticapblicapa-ra combater a explorao se-xual. At hoje no tem nada
concreto para permitir s ado-lescentesdeixaremarua.Rosi-neide tambm lamenta que aspreocupaes da empresa nochegaram no tempo certo.Veio tarde. Ningum sabe oque fazercom os filhos,diz.EtambmfaltaestruturadaJusti-a. No temos promotor e juiz,os casos so resolvidos em bi-
do,a quatro horas debarco.
S UM CARROParauapebas parece uma cida-de do interior paulista. Ou-tdoors com anncios de em-preendimentos imobilirios,prdios em construo, centro
movimentado noite, com jo-vens circulando por bares comroupas de marcas,motos e car-rosluxuosos.Amaioriadosmo-radores, porm, vive em quar-tosalugadosoucasebresemlo-teamentosirregulares.Aspes-soas vm atradas pela propa-ganda de riqueza, diz EdsonBarbosa,do ConselhoTutelar.
MariaAlexandraSilva,presi-dente do Conselho, avalia queotamanho reduzido das mora-diasagravaoproblemadosabu-sosdentrode casa. Famliasdeat dez pessoas dividem quar-tos de 20 m. De 100 casos emmdia de denncias de agres-
so que chegam ao conselhopor ms, a maioria por abusopraticado por familiares. So25 casos de explorao sexualtodo ms. J esteve pior. Hojea gentediz:so s25.
ElaadmitequeoConselhoes-tnumasituaomaisconfort-
vel em sua regio, a ponto defazerdoaes.Parauapebas,po-
rm,scontacomumcarropa-raajudarnaapuraodedenn-cias. H pouco tempo, esseve-culo estavaem reforma.O Cor-po de Bombeiros, num treina-mentodeagentes,recortouote-to com um maarico sem darsatisfaes.
economista e presidenteda Vale, a segunda maiormineradorado mundo
Anteriormente, esteve por20anosno Bradesco e comandoua Bradespar
Atuouainda em Globocabo,Latasa, VBCe CPFL
Agentes eram informantes da rede de abusos que se formou aps o avano na extrao de bauxita no Par
Roger Agnelli:presidentedaVale
Entrevista
Os prefeitosquenoinvestem
BRASLIA
Presidente da Vale, a segundamaior mineradora do mundo,RogerAgnelli, disse ao Estadoque no se deve misturar asresponsabilidades do poder p-
blico e das empresas privadas.Se os Estados e municpios fi-zessem o que est escrito naConstituio, usar os royaltiespara investir em infra-estrutu-ra e educao, vrios prefeitosno estariam se queixando.Eles no investem.
Como o senhor avalia o problemada explorao sexualde crianas?A prtica da explorao sexualinfantil nefasta, no pode-
mos aceitar e compactuar.Mas existe uma certa confu-so entre o que deve ser feitopelo poder pblico e pela inicia-tiva privada. Em Parauapebase nas reas em torno das ope-raes de Carajs, o que temosfeito desenvolver com a co-munidadee as prefeituras par-cerias no sentido de criar pro-
jetos para saneamento, sade,educao e tratamento degua. Temos feito parceriastambm com o Ministrio dasCidades e o governo do Esta-do.Os recursosque a gentepa-ga de royalties so importan-tes para o municpio. Nos lti-mos anos, esse valor foi multi-plicado por trs, porque o pre-o do minrio subiu e a CFEM(Contribuio Financeira pela
Explorao de Recursos Mine-rais) fixada com base no pre-o de venda do minrio. O po-der pblico que tem de olhar,investir mais em educao e
chamar parcerias com a inicia-tiva privada. De maneira ge-ral,existe desvirtuamento des-sesrecursos.Isso o que acon-tece. No falta dinheiro. Tal-
vez faltem projetos porque fal-ta capacitao na maioria dascidades.Vriosmunicpiosme-nores no tm condies de fa-zer projetos do PAC (Progra-ma de Acelerao do Crescimen-to). Ns estamos ajudando osmunicpios a fazer.
Masas melhoriasno sovisveis.Parauapebas j foi refernciaem termos de IDH (desenvolvi-mento).Tivemos a gestode al-gunsprefeitosque foicalamito-sa. No se pensou em longoprazo. (...) O presidente Luladizque temde terreforma pol-tica. Sem dvida tem de ter,porque a gente precisa pararde pensar nas prximas elei-es.Temos de pensar o Brasilpara os prximos 40 anos.
H muita exploraosexual na re-
gio.A empresa tem responsabili-dadesocial?
Sim, em absoluto. A prostitui-o infantil um problema quetodostm de atacar.A ao so-cial da Vale forte. Temosuma fundao com vrios pro-
jetos, dentre os quais o afetivosexual, voltado aos homensque vo trabalhar no sistema,para evitar prticas como es-sa. O que preciso deixar cla-ro que no se pode confundiro papel do Estado com o papelda empresa. Uma empresatem detrabalharde formapre-
ventiva, no pode se furtar,porque a regra do jogo essa.Agora, o papel de polcia doEstado. O combate prostitui-o (competncia) do poderpblico,a participao das em-presas auxiliar. por issoque acreditamos na importn-cia dereforaro papeldo Esta-do. H dois anos, mudamos o
sistema de portaria de Cara-js. Reduzimos o tempo de des-carregamento de equipamen-tos de dois dias para trs ho-ras. A questo da prostituioinfantil, infelizmente, umarealidade querepudiamos. Fi-co indignado ao ver esse tipode coisa. Quando investimosem Cana dos Carajs foi umadas preocupaes. O primeiropedido ao prefeito foi para ti-rar um prostbulo que tinha naporta da cidade.
Os prefeitos cobram mais partici-paoda empresa.Est muito fcil, hoje, para al-gumas autoridades, jogar oproblema no colo do governodo Estado ou da iniciativa pri-
vada. Eles (os polticos) tm deolharparasi mesmos. Onde es-tamos no faltam recursos pa-ra os municpios. O que falta seriedade no trato da coisa p-
blica. Em Parauapebas, o pre-
feito claramente gosta de dis-curso, mas fazer no faz. Esse o ponto. No discurso cam-peo. Agora, olhar a questo
social e do desenvolvimentoso-cial a longo prazo, fazer parce-rias e respeitar o prximo, issono faz.
Interlocutores do Planalto dizemqueo presidenteLulareclama quea Vale noinveste.Voc acredita?!
O sr.aceitadiscutirmudanasnos
royalties?Aceito, no vejo problema. NoBrasil, o que menos se quer
ver o imposto subir. Quandose fala em royalties de petr-leo, bom no esquecer que agentepagana gasolina e nodie-sel os maiores preos (impos-tos) do mundo. No se esqueade que a Petrobrs, bem oumal, monoplio. No se es-quea que quanto mais se car-rega na carga tributria, maispaga o consumidor. Quantomais aumenta a carga, mais setira competitividade da inds-tria. O grande problema dosEstados e das empresasexpor-tadoras est no ICMS, na LeiKandir. Como compensar? To-dosperdem. O royaltyda mine-raono royalty, uma con-tribuio, no tributo. E se osEstados e municpios fizessemo que est escrito na Constitui-o, usar esses royalties parainvestir em infra-estrutura eeducao, vrios prefeitos noestariam se queixando. Elesno investem.
CELSO JUNIOR/AE24/8/2006
USODEROYALTIES Estadostm de fazero queest naConstituio
RONDANOTURNAA professora aposentada RosineideBarroso (esq.) e a servidorapblicaVarluce Augusta dosSantosmantmvisitas a barese prostbulos, apesar dosriscos
CELSO JUNIOR/AE
Por duas semanas,o Estadonavegou1.682 kmpelo RioAma-zonas e percorreu outros 400km de carro, para retratar a ex-plorao infantil na Amaznia.Os reprteres ganharam o 4.ConcursoTim Lopespara Proje-tos de InvestigaoJornalstica,realizado pela Andi e pelo Chil-
dhood Instituto WCF-Brasil,comapoio de Unicef,OIT, Fenaje Abraji.O valor dabolsa-repor-tagem, R$ 9,4 mil, ser doadoaosFundosEstaduaisdos Direi-tosda Crianae doAdolescentedo Amazonase do Par.
RETRATOS DO BRASIL q
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SEGUNDA-FEIRA,8 DE SETEMBRO DE 2008 CIDADES/METRPOLE C7O ESTADO DE S. PAULO CIDADES/METRPOLE C7