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ESTATUTO DA FAMÍLIA: RETROCESSO EM MATÉRIA DE DIREITOS HUMANOS? Giuliana Yukari Murakami da Paixão 1 Jamille Saraty Malveira 2 RESUMO: O presente trabalho visa analisar o Projeto de Lei nº 6583 proposto pelo Deputado Anderson Ferreira e que dispõe acerca do Estatuto da Família. A análise temática gira em torno da observação de parâmetros legais e doutrinários que ditam o direito de família contemporâneo, bem como a tendência jurídica humanista quanto à mutabilidade do instituto da família, criando uma imagem do Direito como reflexo das relações sociais, cujos valores são cada vez mais modificados. A base de observação é o PL Estatuto da Família e sua característica de retrocesso ao direito humano de constituição familiar, o que resulta na não contemplação do Princípio da Irretroatividade dos Direitos Humanos, doutrinariamente evidenciado no âmbito jurídico pátrio. Palavras-chave: Direito de família. PL 6583. Estatuto da Família. Direitos humanos. ABSTRACT: This study aims to analyze the Bill No. 6583 proposed by Mr Anderson Ferreira and its possession concerning the Statute of the Family. Thematic analysis revolves around the observation of legal and doctrinal parameters that dictate the right to contemporary family as well as the humanist legal trend as the mutability of family institute, creating an image of law as a reflection of social relations, whose values are each again modified. The basic observation is the PL - Statute of the Family and its kicking feature the human right of family constitution, which results in no contemplation of non-retroactivity principle of human rights, doctrinally evidenced in the Brazilian legal framework. Keywords: Family law. LP 6583. Statue of Family. Human rights. 1 INTRODUÇÃO O presente trabalho pretende desenvolver uma acepção crítica quanto ao Projeto de Lei n° 6583/2013, proposto pelo então deputado federal Anderson Ferreira baseado nas evidências histórico-sociais que permeiam a concepção de Família dentro do viés jurídico-político e social no Brasil e, em matéria de Direitos Humanos, no mundo. O tema em questão tornou-se um acirrado debate entre civis e políticos em todo o país, acentuando a atuação de tradicionalistas para a efetivação do 1 Graduanda do curso de Bacharelado em Direito pela Faculdade de Belém FABEL (2014- Atual), Monitora da disciplina de Metodologia do Trabalho Científico, Presidente do Interact Club Belém-Sul, Membro-efetivo da LAJUPA Liga Acadêmica Jurídica do Pará, Estagiária da 6ª Procuradoria Criminal do Estado do Pará. E-mail: [email protected] 2 Advogada especialista em Direito de Família e Sucessões. Mestra em Direito Civil pela Universidade de Coimbra título reconhecido pela UFPA. Diretora de Relações Públicas do Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM). Membro da Comissão de Direito da Criança e do Adolescente da OAB-PA. Professora universitária. E-mail: [email protected]

ESTATUTO DA FAMÍLIA: RETROCESSO EM MATÉRIA DE … · mercado de trabalho, retirando do homem a exclusividade da subsistência. ... Nas palavras de Malveira (2015), “é patente

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ESTATUTO DA FAMÍLIA: RETROCESSO EM MATÉRIA DE DIREITOS

HUMANOS?

Giuliana Yukari Murakami da Paixão1 Jamille Saraty Malveira2

RESUMO: O presente trabalho visa analisar o Projeto de Lei nº 6583 proposto pelo Deputado Anderson Ferreira e que dispõe acerca do Estatuto da Família. A análise temática gira em torno da observação de parâmetros legais e doutrinários que ditam o direito de família contemporâneo, bem como a tendência jurídica humanista quanto à mutabilidade do instituto da família, criando uma imagem do Direito como reflexo das relações sociais, cujos valores são cada vez mais modificados. A base de observação é o PL – Estatuto da Família e sua característica de retrocesso ao direito humano de constituição familiar, o que resulta na não contemplação do Princípio da Irretroatividade dos Direitos Humanos, doutrinariamente evidenciado no âmbito jurídico pátrio. Palavras-chave: Direito de família. PL 6583. Estatuto da Família. Direitos humanos. ABSTRACT: This study aims to analyze the Bill No. 6583 proposed by Mr Anderson Ferreira and its possession concerning the Statute of the Family. Thematic analysis revolves around the observation of legal and doctrinal parameters that dictate the right to contemporary family as well as the humanist legal trend as the mutability of family institute, creating an image of law as a reflection of social relations, whose values are each again modified. The basic observation is the PL - Statute of the Family and its kicking feature the human right of family constitution, which results in no contemplation of non-retroactivity principle of human rights, doctrinally evidenced in the Brazilian legal framework. Keywords: Family law. LP 6583. Statue of Family. Human rights.

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho pretende desenvolver uma acepção crítica quanto ao

Projeto de Lei n° 6583/2013, proposto pelo então deputado federal Anderson

Ferreira baseado nas evidências histórico-sociais que permeiam a concepção de

Família dentro do viés jurídico-político e social no Brasil e, em matéria de Direitos

Humanos, no mundo.

O tema em questão tornou-se um acirrado debate entre civis e políticos

em todo o país, acentuando a atuação de tradicionalistas para a efetivação do

1 Graduanda do curso de Bacharelado em Direito pela Faculdade de Belém – FABEL (2014-Atual), Monitora da disciplina de Metodologia do Trabalho Científico, Presidente do Interact Club Belém-Sul, Membro-efetivo da LAJUPA – Liga Acadêmica Jurídica do Pará, Estagiária da 6ª Procuradoria Criminal do Estado do Pará. E-mail: [email protected] 2 Advogada especialista em Direito de Família e Sucessões. Mestra em Direito Civil pela Universidade de Coimbra – título reconhecido pela UFPA. Diretora de Relações Públicas do Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM). Membro da Comissão de Direito da Criança e do Adolescente da OAB-PA. Professora universitária. E-mail: [email protected]

estatuto supracitado tomando como pressuposto a criação de uma estrutura

basilar familiar na sociedade contemporânea.

Dentro deste enquadramento, questiona-se a validade do PL 6583/13 no

ideal formado não somente por juristas como por cidadãos, cujos direitos foram

adquiridos e garantidos anteriormente. Em uma análise jurídica humanística,

haveria retrocesso em matéria de direitos humanos, ferindo o princípio da

irretroatividade dos mesmos?

Indubitavelmente, as discussões elencadas a partir desta vertente

conservadora são diversas e o resultado das decisões parlamentares poderá

afligir milhares de pessoas em todo o Brasil. Não obstante, faz-se mister levantar

opiniões críticas para a realidade em volta desta dialética, pois o conceito de

família é algo que deve ser entendido como dinâmico – característica que o

sistema jurídico brasileiro não possui no que tange ao processo legislativo de

direitos fundamentais – e essencial para a sociedade, visto que a família é “a

primeira noção que um ser humano tem do mundo” (MALVEIRA, 2015, p. 107).

Nesse diapasão, a pesquisa realizada será bibliográfica, valendo-se de

fatos recorrentes relacionados ao tema, breve estudo acerca da irretroatividade

dos direitos humanos e os aspectos condicionais para o retrocesso, concisa

comparação das pretensões intertemporais ilógicas dos projetos de lei n°

2.285/2007 e o mais recente, fonte de estudo neste trabalho, o de n° 6583/2013,

bem como noções doutrinárias a respeito dos novos modelos familiares,

perpassando pela evolução histórica dos tipos de família que fomentaram os

ideais atuais desta concepção.

Isto posto, a relevância do papel das famílias como grupos sociais

imprescindíveis é notória, e sua adequação jurídica é também primordial, sendo

necessárias doutrinas e opiniões críticas para decidir se deve existir uma

homogeneidade ou alteridade de seu significado.

2 BREVE EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO INSTITUTO FAMÍLIA: do pater

familiares à “família lego”

Indubitavelmente, a concepção de família passou por inúmeras

transformações, seja por fatores externos ou internos a este instituto. O que se

presume, certamente, é que desde os tempos primitivos houve necessidade de

agrupar pessoas com algum fito em comum estritamente ligado à sobrevivência3

(MALVEIRA, 2015).

As famílias antigas eram caracterizadas, essencialmente, pela religião.

Isto é, seus vínculos afetivos não eram considerados pilares para a formação do

agrupamento familiar e, sim, os vínculos espirituais, tornando a família uma

“associação religiosa, mais que associação natural” (COULANGES, 2004, p. 37).

A forte evidência da religião nas relações familiares pode ser observada a partir

do casamento.

Para ambos os sexos, o casamento é de caráter sério, pois para moça

significa a adaptação ao culto a outro “fogo sagrado”, deslocando sua

religiosidade àquela a qual o marido está interligado; quanto ao homem, cabe a

responsabilidade de integrar uma estranha à sua casa, fazendo-a cultuar seus

antepassados tal como as mulheres de sua família. (COULANGES, 2004, p. 37-

38).

Não tão diferente, embora os aspectos morais continuassem

imprescindíveis para constituição da família, o vínculo realizado na Roma Antiga

detinha-se em atender interesses políticos, com a finalidade de assegurar a

organização interna e de proteção externa aos membros, formando, assim, a

gens, lideradas pelo pater familias. (JUSTO, 2008, p. 14 apud MALVEIRA, 2015).

O cristianismo, enquanto corrente filosófica, gerou novo paradigma no

pensamento social, influenciando diretamente no sistema jurídico vigente,

agregando valores que passaram a tornar-se primordiais para a formação da

família na Idade Média. Valores esses que, mesmo convergindo com demais

filosofias de cunho teológico, ainda estão fortemente presentes na mentalidade

hodierna.

Todas as construções familiares supramencionadas possuíam teor

religioso, interligadas ao núcleo familiar central, mas que detinham a noção

tradicional de família, sendo aquela constituída por um homem e uma mulher

como genitores juntamente com os seus descendentes sanguíneos.

Bastardos e mães solteiras grávidas eram exemplos de grupos rejeitados

pela mentalidade social da era pré-moderna, pois eram marginalizações do ideal

cristão de Família ou, obscuramente, o ideal familiar criado pela sociedade

3 Maria Berenice Dias (2009) considera o instinto de perpetuação da espécie e a aversão natural do ser humano à solidão como equivalentes à sobrevivência.

conservadora, cujas intenções reais variavam desde orgulho sanguíneo até

planos político-econômicos.

Entretanto, embora haja evidências sobre outros modelos familiares ainda

em épocas anteriores, as novas configurações desses grupos ligados por

afetividade somente transpareceram a partir, principalmente, do final da

Segunda Guerra Mundial, onde surgiu grande abertura dos Direitos Humanos

devido às atrocidades cometidas durante a conflagração global.

Dentre tantos direitos resguardados, tem-se objetivamente a proteção à

família no artigo 16 da Declaração Universal de Direitos Humanos, trazendo este

instituto como núcleo fundamental da sociedade e, portanto, como tal deve ser

resguardado pelo Estado, cuja composição é, notoriamente, feita pela própria

sociedade.

Ainda aqui, a ideia unívoca de família ainda persiste, como se esta fosse

um modelo único e imutável. Porém, mesmo com a conotação evidenciada pelo

singular, pode-se perceber que houve evolução no que tange às diversas

concepções de família que, após circunstâncias culturais e históricas,

possibilitaram maior visibilidade.

Habermas refere-se aos grupos emergentes como produtos advindos da

construção histórico-social que perpetuou pelo mundo na metade do séc. XX.

(LUBENOW, 2010). A necessidade de modificar padrões devido às novas

demandas sociais faz parte da realidade democrática ao qual não somente o

ordenamento jurídico pátrio, como também o internacional está inserido.

O movimento feminista, bem como a transparência de grupos vulneráveis

como negros e homossexuais, surgiu neste contexto histórico tão mundialmente

perturbador que foi o século XX.

Neste diapasão, a difusão de novos clamores sociais foi preenchendo o

rol de direitos constituídos na Carta Magna brasileira de 1988 e cada vez mais

ampliados no sistema jurídico nacional por meio de decisões judiciais.

Dentre os ramos específicos do direito, o direito de família ganhou notória

mutabilidade. Novos modelos familiares foram surgindo no direito – e, aqui,

refere-se também às jurisprudências dos Tribunais brasileiros –, embora já

existissem de fato há muito tempo.

Segundo Maria Berenice Dias (2009, p. 28), o eixo de transformação do

instituto família se deu a partir do momento em que a mulher ingressou no

mercado de trabalho, retirando do homem a exclusividade da subsistência.

Entretanto, essa construção de novo paradigma das relações jurídicas, que se

iniciou a partir da Revolução Industrial, tendo como sujeitos também a figura

feminina teve seu ápice, no que tange ao direito de família, a partir do século

passado.

Houve, então, a solidificação de novos modelos familiares que

apresentaram profundo sentimento de reinvindicação aos seus anseios pessoais

que, com a visibilidade de outros grupos, também representaram a coletividade.

Nas palavras de Malveira (2015), “é patente nesse novo universo as

prerrogativas e direitos individuais”. Esses direitos individuais é o que

possibilitam a garantia de construir famílias de diferentes tipologias, não mais

intrincadas às suas antecessoras brevemente e historicamente relatadas neste

trabalho.

Daí surgem novos conceitos ligados a esses infinitos modelos familiares.

Destaca-se, aqui, o conceito utilizado por Malveira (2015), que traça a ideia de

Família LEGO as diversas concepções de família na atualidade, pois ipsi literis:

Em virtude do escopo precípuo que ela carrega, qual seja, o de felicidade, surgiram várias formas de constituição da família com fito de atender às necessidades especiais de cada indivíduo. Assim, o conceito de família atualmente tem um único pressuposto que é o afeto, mas guarda uma infinidade de peças independentes que podem ser encaixadas ao bom alvitre dos sujeitos que fazem parte de um mesmo grupo familiar. (MALVEIRA, 2015).

O termo didático e metafórico vem com o esforço de entender e aceitar as

diversas formações familiares que a realidade jurídica brasileira, bem como

mundial, necessita resguardar para a efetivação do Estado Democrático de

Direito que, entre tantas outras garantias, agrega valores sociais e princípios que

envolvem a ideia de família e a individualidade das escolhas, bem como

autonomia para tais, para a construção de grupos ligados por afetividade.

2.1 Diversos modelos familiares como realidade no ordenamento jurídico

pátrio: breve evolução legislativa do Direito de Família no Brasil

No período colonial, o ordenamento jurídico pátrio estava subordinado às

relações político-econômicas com Portugal e, portanto, toda a legislação

adotada estava vinculada às Ordenações Afonsinas, Manuelinas e Filipinas, que,

influenciadas pela religiosidade católica cristã, religião oficial tanto da colônia

quanto da metrópole, não admitiam outras formas de famílias que não fosse

aquele modelo exemplificado nos dogmas católicos. (CRUZ, WAQUIM, 2014)

As primeiras constituições possibilitaram maior rol de direitos

fundamentais. Porém, segundo Cruz e Waquim (2014), somente a Constituição

de 1891 preocupou-se, efetivamente, com a regulação das entidades familiares

na medida em que o casamento civil tomou a forma oficial da constituição de

uma família.

Posteriormente, o Código Civil de 1916, com conceito discriminatório e

estreito de família, que era vista somente sob a ótica do matrimônio, não vigorou

totalmente no âmbito legislativo. Houve, devido às transformações sociais pelas

quais a figura feminina passava – que, daqui, insurge a ideia da força da esfera

pública como pilar de deliberações acerca dos grupos estigmatizados e

marginalizados no enfoque de Habermas (LUBENOW, 2010) – transformação

legal infraconstitucional.

Maria Berenice Dias (2009, p. 30) aponta para a instituição do divórcio

legitimada pela EC 9/1977 e Lei 6.515/1977, que se tornou legalmente

oficializada pelo aumento do número de separações de fato. O contexto histórico

ao qual o Brasil se inseriu nas décadas de 70 e 80 possibilitou esse novo

panorama dissociativo, sob a égide da Libertinagem (“Sexo, drogas e Rock’n

Roll”). Cita, ainda, a referida autora:

O surgimento de novos paradigmas – quer pela emancipação da mulher, quer pela descoberta de métodos contraceptivos e pela evolução da engenharia genética – dissociaram o conceito de casamento, sexo e reprodução. O moderno enfoque dado à família pelo direito volta-se muito mais à identificação do vínculo afetivo que enlaça seus integrantes. (DIAS, 2009, p. 30).

A Constituição Federal de 1988 engendrou a igualdade de gênero, o que

plasmou uma nova realidade jurídica dentro do direito de família e,

consequentemente, das sucessões.

Nota-se, entretanto, que o Código Civil de 2002, apesar de posterior à

Carta Magna vigente, não trouxe avanços significativos no direito de família,

tendo que sofrer inúmeras alterações após sua sanção. Uma das mudanças

ocorridas foi a implementação da guarda compartilhada – tempos depois,

ressalta-se (Lei n. 11.698/2008). (DIAS, 2009, p. 31-32).

Percebe-se, nesse compasso, que as jurisprudências percorrem mais

celeremente o caminho ideal adotado pela doutrina do direito de família e

realidade social brasileira, pois estabelece circunstâncias próximas à noção de

afetividade hodiernamente mais completa e apraz para a sociedade.

Indubitavelmente, a importância dos órgãos colegiados e suas decisões

são de suma importância para o avanço jurídico nesta área do direito e, de

maneira concreta, torna-se uma pressão para os efetivos avanços legislativos no

que tange às garantias das famílias atuais.

2.2. Ação Direta de Inconstitucionalidade 4277

Entre os avanços referentes ao tema em comento, cumpre-se destacar a

Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 4277, tendo sido primeiramente

impetrada Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental, proposta pelo

Governador do Estado do Rio de Janeiro, no qual elencava os descumprimentos

dos direitos fundamentais de casais homoafetivos, os quais lhes era negado os

mesmos direitos e garantias previstos, e comumente disponíveis a casais

heterossexuais. Após análise dos pedidos e partes, o Ministro Relator Ayres

Britto entendeu que a ADPF em questão estava contida na ADIn nº 4277,

impetrada posteriormente.

A peça trazia em seu escopo alusão aos princípios da igualdade,

liberdade, segurança e dignidade da pessoa humana, além da interpretação

conforme a Constituição do art. 1723 do Código Civil, que regula a união estável.

Através de voto fundamentado doutrinária, normativa e filosoficamente, o

magistrado do Excelso Tribunal, desempenhou o fenômeno da mutação

constitucional. Segundo Barroso (2015, p. 158), tal procedimento de via informal,

tem como objetivo a transformação da semântica e do alcance das normas

constitucionais, sem a necessidade de modificação do seu texto, caracterizando

a plasticidade da Carta Magna.

Sendo assim, o ministro relator procedeu sua interpretação conforme a

Constituição, baseando-se predominantemente em seus dispositivos que tratam

do instituto família e, em se tratando do art. 226, esclarece que seu principal

escopo está em seu caput, visto que garante ser a família detentora de especial

proteção do Estado.

Ao analisar tais normas, trouxe alume os princípios constitucionais

arguidos pelo requerente na ADI 4277, que ratificam a importância de preservar

a família. Por fim, seu voto, no mérito, foi favorável à ação proposta.

Interessante observar um dos apontamentos feitos pelo Ministro Luiz Fux

em seu voto ao citar importante exegeta, Robert Alexy, cujo preceito analógico

permite que, quando não houvesse razão para tratamento jurídico diferenciado

a uma situação fática, incorre a aplicação de mesmo tratamento. Tal método

interpretativo culmina na conclusão lógica e não-filológica dos art. 226, § 3º da

Constituição Federal e art. 1723 do Código Civil.

Por fim, unanimemente, o Supremo Tribunal Federal expediu acórdão

favoravelmente à Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 1723, concedendo aos

casais homoafetivos o reconhecimento de união estável paralelamente a casais

heterossexuais, com eficácia erga omnes e efeito vinculante.

Como salientado por Angeluci, Justina e Nascimento (2014), percebe-se

que tal decisão é um marco para o reconhecimento das diferentes modalidades

familiares que estão surgindo no país:

Vê-se uma grande transformação no ordenamento jurídico brasileiro quanto à concretização dos Direitos Humanos cabendo, agora, ao Legislativo efetivar essa decisão, principalmente no tocante aos dispositivos infraconstitucionais discriminatórios e contrários a esta decisão, para que assim o tripé do Estado trilhe a solidificação dos preceitos e princípios do Estado democrático de Direito.

3 PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE DOS DIREITOS HUMANOS

Direitos humanos são aqueles assegurados pela esfera internacional e

nacional que visam garantir os direitos imanentes à natureza humana de forma

a propiciar a dignidade nas relações interpessoais e, também, individuais. São,

portanto, dotados de um caráter suprapositivo na medida que asseguram à

humanidade as garantias de proteção à sua dignidade.

Isto posto, o Princípio da Irretroatividade dos Direitos Humanos (também

denominada de Proibição ou vedação ao retrocesso), coíbe toda e qualquer

prática legal ou jurisdicional que venha a retroceder direitos já adquiridos ou já

concretizados4.

Os dispositivos constitucionais, no Brasil, que vedam o retrocesso são

citados por Ramos (2014, p. 97) em ordem sequencial: Estado Democrático de

Direito (art. 1°, caput); Princípio da Dignidade da Pessoa Humana (art. 1°, III);

Aplicabilidade imediata das normas definidores de direitos fundamentais (art. 5°,

§ 1°), o que impossibilitaria ao legislador propor promessas projetistas sem

compromisso real e legal; Segurança jurídica (art. 1°, caput e art. 5°, XXXVI – a

lei não prejudicará direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada); por

fim, cláusula pétrea do art. 60, § 4°, IV, que protege rigorosamente os direitos e

garantias individuais5.

Para Ramos (2014, p. 97), existem três condições para possível

diminuição de direitos humanos que são:

a) justificação de estatura jusfundamental: ou seja, que exponha nos

argumentos para tal celebração, o mesmo viés humanístico para a criação de

direitos humanos, tendo como pilar a dignidade humana em seu âmbito individual

e coletivo;

b) a diminuição deve superar o “crivo” da proporcionalidade: haverá de

ocorrer análise do princípio da proporcionalidade dentro do caso hipotético para

que haja retrocesso, respeitando os requisitos básicos de razoabilidade

(adequação – relação entre meios e fins; necessidade – não há outro caminho

para alcançado direito almejado; e proporcionalidade stricto sensu – análise

entre direito valorado e direito que irá ceder para que o primeiro tome forma).

(GUERRA, 2007).

c) que o núcleo do direito em questão seja preservado: isto é, o direito

modificado deverá, ainda, manter garantias para os indivíduos mesmo que

supostamente alterado para benefício de todos.

Mediante tais fatores, é possível compreender a importância desse

princípio para a harmonia das relações jurídicas dentro de um Estado

4 Segundo Ramos (2014, p. 96), este princípio também é denominado de “efeito cliquet” ou entrechment (entricheiramento) que, ipsi literis: “consiste na preservação do mínimo já concretizado dos direitos fundamentais, impedindo o retrocesso, que poderia ser realizado pela supressão normativa ou ainda pelo amesquinhamento ou diminuição de suas prestações à coletividade”. 5 Que, no viés deste trabalho, refere-se ao direito de constituir família por livre e espontânea vontade, preservando a liberdade de escolha.

Democrático de Direito, que tende a preservar e concretizar direitos

fundamentais à existência digna do ser humano.

4 PROJETO DE LEI: ESTATUTO DA FAMÍLIA

Em se tratando do ramo cível de família, o projeto não é inovador. Houve,

anteriormente, projetos ligados ao IBDFAM (Instituto Brasileiro de Direito de

Família) que garantiam maiores direitos às entidades familiares.

Entretanto, irônica e ilogicamente, o então deputado Sérgio Barradas

Carneiro propôs em 2007, o PL nº 2285, denominado Estatuto das Famílias, de

forma a engrandecer o instituto da família em direitos e deveres, contendo 274

artigos em seu escopo. O projeto de lei impõe, consequentemente, um “conceito

elástico das entidades familiares” (PALERMO, 2008), cujos laços de afetividade

advindos da convivência são princípio-lógicos para a concepção e constituição

de uma família”.

Por outro lado, o PL apresentado pelo deputado Anderson Ferreira

apresenta uma visão restrita, enquanto que o PL de Barradas é amplificador.

Dispõe o PL 6583: Art. 2º Para os fins desta Lei, define-se entidade familiar como o núcleo social formado a partir da união entre um homem e uma mulher, por meio de casamento ou união estável, ou ainda por comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes.

Exclui, portanto, famílias socioafetivas, homoafetivas, poliparentais e

demais outras formas de constituição familiar já asseguradas por grande parte

da jurisprudência e doutrina nacional.

Como justificativa, não alude aos modelos supracitados, embora traga em

seu estatuto diversas possibilidades de proteção à entidade familiar,

regulamentando ações de política pública que visem a prevenção de problemas

relacionados a drogas, álcool e gravidez na adolescência, o que permite

determinadas ações positivas por parte do Estado.

Percebe-se, em sua justificativa, contornos para não adentrar detalhes

acerca das escolhas semânticas empregadas no art. 2º do projeto de lei, mas

atende às seguintes conjecturas: “A família vem sofrendo com as rápidas

mudanças ocorridas em sociedade, cabendo ao Poder Público enfrentar essa

realidade, diante dos novos desafios vivenciados pelas famílias brasileiras”.

Em um raciocínio lógico, se a família sofre tamanhas mudanças, o papel

do Legislativo e do Executivo não seria atender não somente às dificuldades

enfrentadas pelas famílias, mas também proteger e garantir os direitos das novas

famílias?

Cria-se uma atmosfera dúbia na premissa do deputado Anderson Ferreira,

que ainda cita:

Acredito firmemente que a felicidade do cidadão está centrada sobretudo na própria felicidade dos membros da entidade familiar. Uma família equilibrada, de autoestima valorizada e assistida pelo Estado é sinônimo de uma sociedade mais fraterna e também mais feliz. (PL N. 6583/2013, grifo nosso).

As palavras em destaque produzem paradoxo na análise do Projeto de

Lei e suas intenções. Autoestima valorizada seria reconhecer que a família existe

e, consequentemente, assegurar-se-iam direitos a ela. Se há profunda

preocupação com o instituto família e este faz parte de um processo de

construção social harmônico, o não reconhecimento de determinados modelos

familiares, seja por qual motivo expresso ou tácito, indubitavelmente denigre a

autoestima daqueles que formam entidades familiares aquém daquelas

estipuladas por lei.

Pode-se analisar analogicamente os termos utilizados no Estatuto da

Família em seu art. 2° e o art. 226 da CF/88 em seu § 3°, que dita: “para efeito

da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher

como entidade familiar, devendo e a lei facilitar sua conversão em casamento”.

Por análise jurisprudencial do STF, posteriormente elucidada neste trabalho, o

conteúdo do artigo não restringe a união estável somente entre homem e mulher,

pois não cita palavras de restrição.

Segundo Lôbo:

Não há, pois, na Constituição, modelo preferencial de entidade familiar, do mesmo modo que não há família de fato, pois contempla o direito à diferença. Quando ela trata de família está a referir-se a qualquer das entidades possíveis. Se há família, há tutela constitucional, com idêntica atribuição de dignidade.

Todavia, observando, ainda, o art. 2° do Projeto de Lei em questão, o

Deputado enfatiza a conjunção entre um homem e uma mulher. Os dois

pronomes indefinidos (um e uma) ressalvam, sutilmente, que a entidade familiar

somente é constituída por um homem e uma mulher. A preposição entre, em

ambos os casos, traduz noção de ligação, convergência, completude, criando

significado restrito.

Não cabe avaliar as intenções escusas do parlamentar no PL em tela, pois

suas justificativas são anexadas no documento do Estatuto da Família. Contudo,

hipoteticamente, se houvesse defesa da moralidade incutida nas intenções do

parlamentar (que não cita a opção pela definição da entidade familiar), baseadas

em crenças religiosas – vistas também como culturais, portanto de proteção legal

– não poderá, entretanto, atingir os direitos de outrem em um Estado

Democrático de Direito, onde a liberdade de expressão é princípio, bem como a

liberdade individual.

Há necessidade de manter a tênue linha limite entre estes dois princípios

e adaptá-los à dignidade da pessoa humana que permeia o ordenamento jurídico

pátrio atualmente. Destarte, este argumento é falível e descartável, pois

representa visão etnocêntrica6 por parte de determinados grupos que apoiam

este Estatuto.

Destarte, o projeto de lei 6583 possui uma dúbia intenção, pois apresenta

parâmetros legais para o alcance dos problemas pelos quais a família perpassa

na atualidade, mas não abarca as diferentes formas de família presentes na

realidade brasileira.

5 INCONSTITUCIONALIDADE E RETROCESSO DO PROJETO DE LEI

A interpretação extensiva sistemática e teleológica do Supremo Tribunal

Federal resultou no reconhecimento de união estável entre casais do mesmo

sexo. A seguir, ementa:

3. TRATAMENTO CONSTITUCIONAL DA INSTITUIÇÃO DA FAMÍLIA. RECONHECIMENTO DE QUE A CONSTITUIÇÃO FEDERAL NÃO EMPRESTA AO SUBSTANTIVO “ FAMÍLIA” NENHUM SIGNIFICADO ORTODOXO OU DA PRÓPRIA TÉCNICA JURÍDICA. A FAMÍLIA COMO CATEGORIA SÓCIO-CULTURAL E PRINCÍPIO ESPIRITUAL. DIREITO SUBJETIVO DE CONSTITUIR FAMÍLIA. INTERPRETAÇÃO NÃO-REDUCIONISTA. O caput do art. 226 confere à família, base da sociedade, especial proteção do Estado. Ênfase constitucional à instituição da família. Família em seu coloquial ou proverbial

6 Rocha delega: “etnocentrismo é uma visão do mundo onde nosso próprio grupo é tomado como

centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos através de nossos valores, nossos modelos, nossas definições do que é a existência” (1988, p. 5).

significado de núcleo doméstico, pouco importando se formal ou informalmente constituída, ou se integrada por casais heteroafetivos ou por pares homoafetivos. A Constituição de 1988, ao utilizar-se da expressão “ família” , não limita sua formação a casais heteroafetivos nem a formalidade cartorária, celebração civil ou liturgia religiosa. Isonomia entre casais heteroafetivos e pares homoafetivos que somente ganha plenitude de sentido se desembocar no igual direito subjetivo à formação de uma autonomizada família. Família como figura central ou continente, de que tudo o mais é conteúdo. Imperiosidade da interpretação não-reducionista do conceito de família como instituição que também se forma por vias distintas do casamento civil. Avanço da Constituição Federal de 1988 no plano dos costumes. Caminhada na direção do pluralismo como categoria sócio-político-cultural. Competência do Supremo Tribunal Federal para manter, interpretativamente, o Texto Magno na posse do seu fundamental atributo da coerência, o que passa pela eliminação de preconceito quanto à orientação sexual das pessoas. (ADPF 132 RJ. Rel. Ayres Brito. Tribunal Pleno. Julgamento em 05/05/2011).

A decisão ocorreu em maio de 2011, portanto, anterior ao projeto de lei

do Estatuto da Família.

A mesma decisão, prolatada pelo Supremo Tribunal Federal, órgão de

maior competência judiciária no Brasil, estatuiu que as uniões estáveis entre

homoafetivos e, consequentemente o reconhecimento dos mesmos como

família, era válida e legal, garantindo então os direitos dos pares de mesmo sexo

a construir a afetividade nos ditames expressos pela Constituição e dispositivos

infraconstitucionais, cabendo a esse novo ente familiar os mesmos direitos e

deveres dos atribuídos à família composta por casais heteroafetivos.

Portanto, consta-se na garantia dos direitos destes cidadãos, bem como

para os demais modelos familiares, visto que a decisão do STF possui efeito

erga omnes e sua interpretação alude a não-restrição da concepção de família

por via de literalidade legal.

A lógica de um Estado Democrático de Direito, mediante seus legisladores

e intérpretes, é não retroceder direitos garantidos como o supramencionado,

visto que o Princípio da Irretroatividade dos Direitos Humanos é basilar para a

formação da harmonia jurídico-social da Nação.

A inconstitucionalidade do PL 6583 se observa no pilar de sua edificação,

que é o art. 2º, pois estabelece limites para a construção da família para,

posteriormente, elencar ações políticas voltadas para a proteção dela.

Diante de tais circunstâncias, outros modelos familiares não seriam

agraciados pelas garantias aludidas no Estatuto da Família, sendo

desconsiderados e, novamente, marginalizados apesar das recentes conquistas

no âmbito jurídico e, também, político.

Não obstante as ações voltadas à proteção da família, o Projeto de Lei nº

6583 fere princípio constitucional (presunção de constitucionalidade das leis) por

ser inconstitucional não em sua plenitude, mas no dispositivo único que destina

o Estatuto para grupo restrito de pessoas, e também atinge negativamente o

princípio supranacional de irretroatividade dos direitos humanos, cujo seio de

formação foi o novo paradigma ao qual o Direito no Brasil e no mundo instalou-

se para manutenção de sociedade harmônica.

6 CONCLUSÃO

Historicidade, relações ligadas por afetividade, marginalização de

indivíduos por escolhas distintas e conquistas políticas, sociais e jurídicas

constituem a realidade da Família na circunscrição nacional.

Garantias pressupõem conquistas, muitas vezes, árduas por parte dos

beneficiados. A mutabilidade das relações intersubjetivas são não um reflexo do

Direito, mas este é construído por essas mutações.

O direito se constrói mediante valores por vias de situações fáticas em

uma eterna dialética entre o ser e o dever-ser. Valores estes que são suscetíveis

a constantes modificações de acordo com a mentalidade social vigente, seja esta

plasmada em realidades econômicas, políticas, sociológicas, antropológicas ou

históricas.

Não houve, nesse paradigma de modelos familiares, uma inversão de

valores e sim construção de novos valores, que devem ser atendidos pelo

sistema jurídico pátrio, pois a constituição familiar é inextrincável ao rol de

direitos humanos, visto que é base de formação dos indivíduos em uma

sociedade.

E, neste diapasão, o Projeto de Lei nº 6583 não está nos moldes

necessários para atender a tantas demandas de construção familiar, que

carecem de atenção devida do Poder Legislativo no tocante à formatação de

ações políticas que visem adequar todas as formas de família que estão em

constante construção na sociedade, conforme entendimento de Angeluci,

Justina e Nascimento (2014), ao concluírem que há uma necessidade de atitude

ativa do Legislativo para evitar fundamentalismos contrários e discriminatórios

aos direitos das diversas entidades familiares.

Destarte, é indubitável mencionar a irretroatividade de direitos humanos

do PL 6583 em todo seu escopo, pois o equívoco – seja este proposital ou não

– observado no seu art. 2º é a gênese para a construção de todo o Estatuto e

que, mesmo diante de jurisprudências, doutrinas, projetos de lei outrora

propostos que respeitam a dignidade da pessoa humana, o mesmo ainda

persiste para análise nas Casas Legislativas.

REFERÊNCIAS

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