Esterilização Do Ar

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  • ESTERILIZAO DO AR

    Prof Msc. Claudia Ramos Santana

  • 1. INTRODUO

    At a 2 Guerra Mundial:

    impossibilidade de garantir assepsia;

    dificuldade em produzir em larga em escala (vitaminas,

    antibiticos etc.);

    os produtos elaborados eram aqueles cuja produo

    tornava o meio imprprio (etanol, acetona, etc.).

  • Aps a 2 Guerra Mundial:

    Foram desenvolvidas estratgias que permitiram a

    conduo de processos em larga escala e em condies de

    assepsia.

    Em particular a possibilidade de se efetuar a esterilizao

    de grandes volumes de ar, necessrios aos processos

    biolgicos aerbios.

  • O nvel de preocupao com a esterilidade do ar depende

    da maior ou menor suscetibilidade do processo quanto a

    contaminantes.

    Caso o meio de cultivo, ou as condies impostas no reator

    (pH, temperatura), seja extremamente seletivo, os cuidados

    podem ser atenuados.

    Mas a ocorrncia de contaminaes pode interferir

    negativamente no que se refere obteno de algum

    rendimento.

  • 2. AEROSSIS MICROBIANOS

    Os microrganismos podem ser provenientes do solo,

    plantas e gua;

    So colocados em suspenso pela movimentao do ar e

    esto freqentemente associados a partculas de poeira.

    Quantidade e qualidade varia com a umidade (>n de

    clulas vegetativas); Temperatura; Vento ( extremamente

    elevada); Chuva ( drasticamente reduzida); Maior exposio

    luz favorece contagem de espcies termorresistentes (esporos

    bacterianos).

  • Para a escolha do local de captao de ar para processo:

    Evitar locais contaminados como locais junto ao solo;

    Evitar locais particulares e sujeitos a um maior nvel de

    contaminao.

  • 3. AMOSTRADORES

    A determinao da concentrao de microrganismos

    suspensos no ar atmosfrico realizada atravs do uso de

    dispositivos designados genericamente de amostradores.

    Esses instrumentos tambm so empregados para a

    verificao da efetiva esterilizao do ar destinado ao

    processo.

  • De uma forma geral todos os amostradores funcionam de

    maneira semelhante. O princpio bsico deles consiste em:

    Reter os microrganismos suspensos em um determinado

    volume de ar;

    Dar condies para que estas clulas proliferem de modo

    que seja possvel a contagem de colnias, para quantificao.

  • Desse mtodo geral pode-se concluir que:

    No se pode assegurar total reteno dos microrganismos

    de diferentes amostradores;

    Na coleta, h a possibilidade de destruio de certas

    espcies;

    As clulas suspensas no ar podem estar associadas

    partculas de poeira, podendo ocorrer a existncia de mais de

    uma clula por partcula;

    difcil um meio de cultura que todas as espcies se

    desenvolvam em determinado intervalo de tempo.

  • Quando se quer efetuar testes de efetividade de

    esterilizao de um dado sistema, pode-se quantificar a

    eficincia de reteno de um filtro:

    Onde:

    N1 = concentrao de microrganismos no ar antes da

    passagem pelo filtro.

    N2 = concentrao de microrganismos no ar aps da

    passagem pelo filtro.

    100N

    NN

    1

    21

  • 3.1. Tipos de Amostradores

    a) Impinger

    A Figura 1 mostra um exemplo tpico desse tipo de

    amostrador:

    Figura 1: All-glass impinger (AGI). (1) Entrada do ar; (2) Sada do ar (Bomba de vcuo)

  • Consta de um recipiente de vidro com cerca

    de 10 mL do lquido coletor, que pode ser gua

    destilada;

    Ao se iniciar a amostragem do ar liga-se a

    abertura 2, a uma bomba de vcuo, de forma a

    reduzir a presso dentro do recipiente;

    O ar entra no amostrador pela abertura 1,

    borbulhando no lquido coletor atravs de um

    tubo de vidro;

    Terminada a tomada de amostra, o frasco

    agitado, para promover desagregao;

    A concentrao de microrganismo

    determinada atravs dos mtodos usuais de

    diluies e contagem de colnias.

  • b) Amostragem por Filtrao

    Consiste em:

    Fazer passar o ar atravs de um elemento filtrante, para

    reter os microrganismos suspensos;

    Posteriormente coloca-se esse material em suspenso em

    um volume conhecido do lquido coletor;

    Agita-se vigorosamente;

    Efetua-se a determinao da concentrao de

    microrganismos atravs dos mtodos usuais de diluies e

    contagem de colnias.

  • Alternativamente, pode-se aps a passagem

    do ar atravs do elemento filtrante dar condies

    para que as clulas proliferem no prprio

    coletor.

    Um amostrador tpico dessa categoria o

    amostrador de algodo (Figura 2).

    Esse amostrador apresenta os inconvenientes

    da dificuldade em suspender as clulas retidas,

    alm de provocar a destruio de clulas

    vegetativas.

    Figura 2: Amostrador de algodo.

    (1) Entrada de ar; (2) Sada do ar (bomba de vcuo).

  • c) Amostradores de fenda ou orifcio

    O princpio bsico de funcionamento consiste em:

    Fazer com que o ar amostrado incida sobre a superfcie de

    um meio de cultura slido, ocasionando, por uma mudana

    de direo do ar, a reteno destas partculas no meio.

  • A Figura 3 mostra

    esquematicamente um amostrador de

    fenda:

    Consta de uma placa de petri, com

    meio de cultura slido presa a um

    disco horizontal giratrio;

    O ar entra por um tubo vertical que

    possui, na extremidade inferior, uma

    fenda atravs da qual as partculas

    em suspenso no ar so lanadas

    contra a superfcie coletora;

    Aps a amostragem, a placa de

    petri retirada, fechada em

    condies de assepsia e incubada.

    Figura 3: Amostrador de fenda. (1)

    Placa de Petri; (2) Disco giratrio; (3)

    Tubo e fenda (entrada de ar); (4) Sada

    do ar pra o medidor de vazo e bomba

    de vcuo; (5) Caixa metlica.

  • 4. MTODOS PARA A ESTERILIZAO DE AR

    4.1. Esterilizao por Equipamento

    A esterilizao do ar por calor seco exige temperaturas

    relativamente elevadas, assim como tempos de permanncia

    nestas temperaturas tambm elevados.

    Em aplicaes industriais h necessidade de vazes de ar

    bastante elevadas, portanto, a esterilizao de ar por calor

    seco encontra apenas aplicaes para pequenas instalaes.

  • Na tabela 1 tm-se as condies de esterilizao,

    trabalhando-se com esporos de Bacillus globigii e usando um

    esterilizador de ar por resistores eltricos.

    Tabela 1: Esterilizao de ar por calor seco. Ensaio com

    esporos de Bacillus globigii.

    Temperatura ( C) Tempo de permanncia*

    (s)

    218 24

    246 10

    274 5

    300 3

    * Para destruio de 99,9999%

  • Em virtude da facilidade de

    construo e de controle, a

    esterilizao de ar por

    aquecimento atravs de

    resistores eltricos ainda

    encontra possveis aplicaes,

    como por exemplos:

    Para o ar de exausto de

    cmaras asspticas;

    Para o fornecimento de ar

    estril para laboratrios (Figura

    4).

    Figura 4: Equipamento de

    esterilizao de ar por

    aquecimento atravs de resistores

    eltricos.

  • 4.2. Esterilizao por Radiao

    Teoricamente, muitos tipos de radiaes podem ser utilizados

    para esterilizao do ar.

    Entretanto o emprego de uma determinada radiao deve levar

    em conta uma srie de fatores tais como:

    Eficincia na destruio de microrganismos;

    Custo envolvido;

    Periculosidade ou efeitos colaterais de sua utilizao.

    Quando se visa a esterilizao do ar apenas as radiaes

    ultavioleta encontram aplicaes prticas, porm, em virtude do

    seu baixo poder de penetrao, necessita de longos tempos de

    exposio.

  • 4.3. Esterilizao por Filtrao

    A esterilizao do ar por filtrao a soluo mais

    adequada para obteno de altas vazes de ar com baixos

    custos de operao.

    Historicamente, muitos materiais filtrantes j foram

    empregados, como carvo, algodo e papel, estes foram

    substitudos por outros materiais como l de vidro.

    Porm, surgiram, mais recentemente, os filtros de

    membranas ou placas porosas de materiais polimricos, tais

    como nilon, teflon e steres de celulose.

  • 4.3.1. Filtros de Materiais Fibrosos

    Os filtros de l de vidro ainda so encontrados em algumas

    instalaes.

    A operao com este tipo de filtro chamada de filtrao em

    profundidade, pois as partculas so retidas ao longo de toda

    altura da camada filtrante (Figura 5).

  • Esse tipo de filtro consiste em:

    Um recipiente, normalmente ao

    inoxidvel, com 2-3 m de altura e 1-1,5 m

    de dimetro;

    Na parte inferior conecta-se a tubulao

    de entrada do ar e, na parte superior, a de

    sada para o fermentador;

    A camada filtrante ocupa a parte central

    do recipiente e apresenta dimenses

    variveis;

    Essa camada de l de vidro

    sustentada por uma grade de ferro e

    comprimida por uma segunda grade,

    colocada na parte superior da camada

    filtrante;

    Figura 5: Esquema de um filtro

    tradicional de l de vidro para a

    esterilizao do ar.

  • Aps a colocao da l de vidro, coloca-

    se a tampa que veda perfeitamente o

    sistema;

    O filtro deve ser esterilizado aps o final

    de cada processo fermentativo, ocorrendo

    assim a deteriorao da l de vidro, a qual

    vai se tornando opaca e quebradia,

    havendo ntido aumento de perda de

    carga e diminuio da eficincia de coleta.

  • 4.3.2. Filtros de Membrana

    Os filtros de membranas microporosas, elaboradas a partir

    de materiais polimricos, em geral apresentam caractersticas

    hidrofbicas e proporcionam a reteno dos aerossis

    microbianos na superfcie do elemento filtrante.

    Esses filtros so normalmente fornecidos na forma de

    discos, ou, mais freqentemente, para instalaes de grande

    porte, na forma de cartuchos contendo a membrana filtrante

    montada sobre a estrutura de polipropileno (Figura 6).

  • Figura 6: Filtros de membranas polimricas microporosas.

  • A Figura 7 permite uma idia simplificada a respeito da

    forma de instalar um filtro de membrana em uma linha de

    fornecimento de ar esterilizado para um biorreator.

    Normalmente com a finalidade de aumentar a vida til do

    filtro, sugere-se a instalao de pr-filtros, construdos com

    materiais mais grosseiros e de baixo custo, a fim de retirar

    do ar as partculas de poeira de maiores dimenses.

  • Observando-se a figura 7 deve-se prever a entrada de vapor

    a fim de esterilizar o filtro, devendo este vapor tambm ser

    devidamente filtrado, para evitar o acmulo de slidos na

    superfcie do elemento filtrante.

    Figura 7: Esquema geral para a instalao de um filtro de membrana polimrica.

  • Os filtros existentes so bastante resistentes

    esterilizaes, mencionando-se uma resistncia at 150

    esterilizaes.

    Na literatura, sugere-se que a troca dos elementos

    filtrantes seja feita pelo menos uma vez por ano, significando

    cerca de 50 esterilizaes.

    H, portanto, a possibilidade de operaes mais

    prolongadas, mas deve ocorrer um aumento da perda de

    presso nos elementos filtrantes.

  • 4.3.3. Filtros HEPA

    Os filtros HEPA (High Efficiency Particulate Air) so filtros

    especialmente empregados em cmaras asspticas, ou em

    reas limpas.

    Podem ser feitos de:

    Placas de acetato de celulose, apresentando uma eficincia

    de 99,97% na remoo de partculas de dimetro mdio 0,3

    m;

    Placas de fibra de vidro, apresentando eficincia superior a

    99,97% na remoo de partculas superiores a 0,5 m.

  • Normalmente esses filtros so montados com vrios

    elementos filtrantes separados por folhas de alumnio, de

    forma a se obter uma grande rea para a passagem do ar.

    Conforme mencionado, esses filtros so utilizados em

    cmaras asspticas em que se tm cmaras de fluxo laminar

    com baixa velocidade de circulao do ar.

    Um exemplo desse tipo de cmara est na Figura 8, a qual

    ilustra um sistema com circulao vertical do ar. O ar

    penetra pelo teto e sai pelo piso da cmara. Tais capelas de

    fluxo laminar so bastante comuns em laboratrios.

  • Figura 8: Capela de fluxo laminar

  • Em instantes anteriores utilizao da capela, recomenda-

    se:

    Efetuar uma desinfeco das superfcies, empregando-se

    etanol ou outras solues desinfetantes;

    Deixar ainda que a capela permanea fechada durante

    algum tempo;

    Adicionalmente, ligando-se uma lmpada ultravioleta para

    desinfeco do seu interior.

  • Ao iniciar a operao assptica:

    Desliga-se a lmpada UV;

    Aciona-se a circulao do ar;

    Tomando-se sempre a precauo de evitar um excesso de

    movimento no interior da capela.

  • 5. Consideraes Finais

    A esterilizao do ar para processos fermentativos

    encontrou soluo mais adequada com o surgimento dos

    filtros de membranas polimricas hidrofbicas que

    substituram os filtros de l de vidro;

    Para processos contnuos, nos quais espera-se operao

    ininterrupta por vrias semanas, interessante a instalao

    de dois filtros em paralelo para cada reator, evitando a

    interrupo do processo;

    A expectativa do surgimento de novos materiais que

    permitam a operao de separao dos contaminantes do ar

    atmosfrico.