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FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS DE GOIATUBA – FAFICHFUNDAÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DE GOIATUBA – FESG
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃOCURSO GRADUAÇÃO EM LETRAS
FERNANDO GONÇALVES VIERA
ESTILISTICA FÔNICA PRESENTE NAS COMPOSIÇÕES DE SANDY LEAH
GOIATUBA
JUNHO – 2012
FERNANDO GONÇALVES VIEIRA
ESTILISTICA FONICA PRESENTE NAS COMPOSIÇÕES DE SANDY LEAH
Trabalho apresentado à faculdade de Filosofia e Ciências Humanas de Goiatuba, como pré-requisito para obtenção de nota na disciplina Estilística.Orientadora: Profª Ms. Jaciane Martins Ferreira
GOIATUBA
JUNHO – 2012
1. Introdução
Com o objetivo de evidenciar os estudos estilísticos realizados no sétimo período
do Curso de Letras, o presente trabalho traz uma análise de dois textos, duas composições da
cantora e compositora Sandy Leah, que em seu primeiro álbum solo praticamente de sua
própria autoria, contando apenas com algumas parcerias como a de músicos como Lucas
Lima e Junior Lima. As composições Ela/Ele e Dedilhada compostas por Sandy serviu a
analise a partir da estilística do som. Antes da analise este ensaio aborda algumas definições
sobre a estilística e sua relação com a literatura e a língua escrita.
Anexo D. Modelo de Folha de Rosto
2. Pressupostos teóricos
A Estilística é uma disciplina ligada a linguística que desde o século XX estuda os
“fenômenos da linguagem tendo por objeto o estilo” (MARTINS, 1989, p.1), mas o que é
estilo? Muitos estudiosos como Erik Enkvist (Linguística e Estilo), aplicam diversas
classificações dividindo em grupos que as difundiu de acordo com a escolha de expressões, de
aspectos individuais, assuntos relacionados a norma, características de época, etc. Em seu
estudo, Martins (1989, p,1)afirma que
a palavra estilo, que hoje se aplica a tudo que possa apresentar características particulares das coisas mais banais e concretas as mais altas criações artísticas, tem uma origem modesta. Designava em latim – stilus – um instrumento pontiagudo usado pelos antigos para escrever sobre tabuinhas enceradas e daí passou a designar a própria escrita e o modo de escrever.
O objeto desta disciplina segundo vários autores tem inúmeras definições e
explicações, que apresentam uma correlação. Muitos julgam que se trata do autor, da obra, do
leitor, do modo de pensar, agir e apresentar suas idéias usando a língua em suas diversas
maneiras (MARTINS, 1989).
O termo estilística que vem sendo usado desde o século XIX,
tomando lugar deixado pela Retórica ... graças sobretudo a dois mestres que lideram duas correntes de grande importância: Charles Bally (1865 -1947) doutrinador da Estilística da língua, e Leo Spitzer (1887-1960), figura exponencial da Estilística literária. (MARTINS, 1989, p.3)
A Estilística da língua de acordo com estudos de Bally possui duas faces variantes
– a intelectiva ou lógica e a afetiva; abordando a afetividade no uso da língua:
“Bally inicia assim, A Estilística da língua ou da expressão linguística, que se ocupa da descrição do equipamento expressivo da língua como um todo, opondo a sua Estilística ao estudo dos estudos individuais e afastando-se, portanto da literatura.” (MARTINS, 1989, p.4)
No que se refere à Estilística literária fundamentada por Leo Spitzer, trata dos
desvios da linguagem em relação ao uso comum onde fica evidente, que a intenção do autor é
algo especifico e encontrável em sua obra. De acordo com estudos apresentados por Martins
“uma marca dos trabalhos de Spitzer foi o pensamento de que a intenção do autor é algo
específico, definido e, em princípio, encontrável”. (MARTINS, 1989, p.7).
A Estilística possui uma ligação com a Retórica, que se ocupou da linguagem para
fins persuasivos e artísticos. Aristóteles deixa claro em sua obra A Retórica, que ela é uma
arte voltada para a argumentação, ou seja, o orador/escritor ao produzir seu texto deve estar
atento a questões linguísticas a fim de apresentar uma organização para haver sentido.
Dentro da Estilística podemos encontrar a estilística mórfica, sintática, léxica,
fônica ou do som, dentre outras. A fonoestilística ou estilística fônica assume o papel de
estudar os efeitos sonoros que as palavras dão ao texto e de salienta que “o modo como o
locutor profere as palavras da língua pode também denunciar estados de espírito ou traços da
personalidade” (MARTINS, 1989, p.26). Não só poetas, mas também aqueles que fazem uso
da arte da escrita ao repetir fonemas tem o objetivo de realçar determinadas palavras, reforçar
uma conexão entre vários termos; com a finalidade de o tornar agradável aos ouvidos de
quem escuta.
3. Analise do corpus
Ela/Ele Ela via o mundoEle via o mundoViam sob a mesma luzIsso é tudoE era tudo Que haviaEntre os dois em comumSe conheceramNo inverno de 2002No vento um prelúdioDo que viria depoisO frio desculpa se fezPra ele estender seu casacoNos ombros delaO inverno então se desfezQuando ela em trocaLhe deu com o olhar um abraçoEle era um aspirante a poetaEla era inspiraçãoE pra ele qualquer coisa nelaDespertava uma cançãoEla que sempre buscavaEm tudo um porqueCom ele bastavaEstar, sentir e viverO tempo voava pros doisE nem todo o tempo do mundoSeria o bastanteOs diasVividos a doisProvavam que a eternidadeÉ só um instanteEla já quis ser de tudoE até sonhou Em ser piloto de aviãoFinalmente alcançou o céuNo instante em que ele lhe pediu a mãoTrês letrasEla respondeuE a mais linda músicaSe transformou sua vozEnfim não haveria maisQualquer fragmento de vidaVivido a sós
Dedilhada
Ou o céu ou o chãoNunca vejo o meioQual a razãoDe ser o meio termoNa minha mãoGuardo o meu destinoEu abro e vouEu só sei que não quero viverUma vida dedilhadaCansei de pensar demaisE os erros meusNão são iguais aos erros Que deixei pra trásE aqueles velhos medosNão assustam maisMeus passos vãoFirmes no caminhoEm direção ao que não foi escritoIntuição sopra em meu ouvidoEscuto e vouEu só sei que não quero viverUma vida dedilhadaCansei de pensar demaisE os erros meusNão são iguais aos erros Que deixei pra trásE aqueles velhos medosNão assustam maisUh, uh, uh, uh...Eu só sei que não quero viverUma vida dedilhadaCansei de pensar demaisE os erros meusNão são iguais aos erros Que deixei pra trásE aqueles velhos medosNão assustam mais
Uh, uh, uh, uh...
O texto da canção Ela/Ele em seu inicio traz uma anáfora combinada com um
homeoteleuto respectivamente nas seguintes linhas, “Ela via o mundo; Ele via o mundo; Viam
sob a mesma luz”, trazendo a ideia de que as personagens pertenciam à mesma realidade e
que estavam destinados um ao outro. O termo “tudo” aparece duas vezes evidenciando esse
pensamento. As palavras “aspirante” e “inspiração” formam uma paranomásia reforçando a
ligação entre os dois apaixonados. Os vocábulos “despertava”, “buscava”, “bastava”;
associados com estes outros; “estar”, “sentir” e “viver” formando outra espécie de
homeoteleuto por se tratar de acoplamentos soltos nas linhas trazem a sensação de
continuidade em meio aos protagonistas dessa espécie de narração lírica. Em toda canção o
predomínio de alguns fonemas sibilantes e chiantes torna o seu texto elegante através de sua
sonorização, proporcionando um conjunto sonoro agradável. Não deixando de citar a presença
de aliterações e assonâncias
Na letra da composição Dedilhada na primeira linha também se encontra uma
anáfora, “Ou o céu ou o chão” mostrando um jogo de escolha que percorre durante todo o
texto. O mais interessante encontramos no refrão onde inicialmente repetição do “qu”, na
assonância das vogais “a”, “e”, “i” “o” e “u”, da aliteração das consoantes “d”, “s”, “v” e
outras lembram a dedilhada de um instrumento de corda, onde a consoantes “s” diminui o
ritmo dos acordes. A assonância do “u” nos linhas, “Eu abro e vou” e “Escuto e vou” passam
a ideia de movimentação.
4. Conclusão
De acordo com o que foi exposto na analise das composições de Sandy Leah
notamos como a fonoestilística permitiu o estudo de algumas particularidades de seu estilo
pela expressividade e jogos sonoros marcando o sentido no ouvinte ao escutar a suas canções.
Expressividade adquirida com o passar dos anos de sua carreira como cantora e deve-se
salientar que sua formação acadêmica no curso de Letras também foi de grande valia para a
produção de suas letras.
5. Referências
MARTINS,Nilce Sant’anna. A conceituação de estilística. In: Introdução à estilística.São Paulo:T.A. Queiroz Ltda, 1989.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sandy_Leah. Consultado em 06/06/2012
http://www.vagalume.com.br/sandy-leah/dedilhada.html. Consultado em 06/06/2012
http://www.vagalume.com.br/sandy-leah/elaele.html. Consultado em 06/06/2012
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO......................................................................................................................4
2. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS..............................................................................................5
3. ANALISE DO CORPUS........................................................................................................7
4. CONCLUSÃO........................................................................................................................9
5. REFERÊNCIAS................................................................................................................... 10