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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ - UECE FACULDADE DE EDUCAÇÃO DE CIÊNCIAS E LETRAS DE IGUATU- FECLI CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM LETRAS HABILITAÇÃO EM PORTUGUÊS/INGLÊS SEMESTRE VII DISCIPLINA: ESTILÍSTICA PROF. MARCELO FÉLIX ROBERTA ANASTACIA DE OLIVEIRA ESQUEMA: A ESTILÍSTICA DA FRASE

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ - UECEFACULDADE DE EDUCAÇÃO DE CIÊNCIAS E LETRAS DE IGUATU- FECLI CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM LETRASHABILITAÇÃO EM PORTUGUÊS/INGLÊSSEMESTRE VIIDISCIPLINA: ESTILÍSTICAPROF. MARCELO FÉLIX

ROBERTA ANASTACIA DE OLIVEIRA

ESQUEMA: A ESTILÍSTICA DA FRASE

Iguatu- Ce2011

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4. A ESTILÍSTICA DA FRASE

4.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

Na sintaxe, quem fala ou escreve escolhe entre os tipos de frases, obedecendo a um número mais ou menos restrito de regras rígidas. À dupla escolha do padrão sintático e do léxico corresponde a criatividade da frase, tendo o falante a possibilidade de produzir em um número infinito, frases novas e compreensíveis.

4.2 A EXPRESSIVIDADE LIGADA À ESTRUTURA DA FRASE

4.2.1 O CONCEITO DE FRASE

BALLY→ Forma de comunicação de pensamento caracterizada por uma melodia.

MATTOSO CÂMARA→ Unidade do discurso, marcada por uma entoação ou tom frasal.

4.2.2 A FRASE COMPLETA

4.2.2.1 FRASE COMPLETA SIMPLES

Significação gramatical Um só verbo principal Significação nocional

Verbo de significação gramatical = verbo de ligação ou copulativo

As frases de predicado sem nominal têm valor emotivo.

Verbos de significação nocional → podem ficar restritos ao sujeito ou

estabelecer uma relação entre o sujeito e outro ser, conforme sejam

intransitivos ou transitivos.

Verbo intransitivo = sujeito isolado.

Verbo transitivo = sujeito relacionado a outro ser – o objeto.

→Frases com verbos transitivos: função de comunicar

→Verbos transitivos indiretos: estabelecem relações, sendo o seu objeto ligado

por preposição.

→Fusão de dois predicados ou de duas orações = predicado complexo,

simultaneamente verbal e nominal.

A combinação de orações dentro de uma mesma frase, permitindo

construções variadas, multiplica as opções disponíveis na elaboração textual.

4.2.2.2 FRASE COMPLEXA.

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A. Na coordenação, as orações se apresentam uma após outra, cada qual com

independência de construção.

Coordenação assindética: coesão apenas de natureza semântica, sem

vocábulo com a função especifica de estabelecer nexo.

Coordenação sindética: coesão reforçada por um nexo – a conjunção

coordenativa.

Assíndeto: ausência total de conjunção.

Polissíndeto: repetição de conjunção a partir da segunda oração.

4.2.3 FRASE INCOMPLETA

Não se estruturam em sujeito e predicado.

Também denominada inorgânica, inarticulada, elíptica.

Pode apresentar vários graus de implicitação e de afetividade.

4.2.3.1 FRASES DE DOIS MEMBROS

A relação se percebe mas não é formalizada por nenhum vocábulo.

Dispensa-se o verbo copulativo.

Dá-se realce tanto ao adjetivo como ao substantivo, mudando-lhes a

colocação habitual e separando-as por pausa.

4.2.3.2 FRASES DE UM SÓ MEMBRO = O sentido se completa com um segundo

membro não expresso, mas inerente no contexto ou na situação.

Tem função simultaneamente referencial e conotativa: comunicam e

advertem.

Encontramo-las em:

- Ordens, proibições, advertências.

- Títulos de obras, matérias jornalísticas etc.

- Anotações sucintas.

- Saudações, fórmulas de cortesia.

- Interjeições, exclamações.

Distinção entre exclamações e interjeições:

Se o valor nocional desaparece ou se atenua, prevalecendo a

manifestação emotiva, temos interjeição.

Nas exclamações as palavras ainda conservam um valor nocional

conotativo, ainda que mais ou menos reduzido.

4.2.3.3 FRASES FRAGMENTÁRIAS.

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Incluem-se nestas categorias frases incompletas que são fragmentos

destacados de outras frases mediante a entoação; a sua significação depende do

relacionamento com as frases, de que se destacam.

4.2.4 ELIPSE

Antigamente – ELIPSE: Todas as frases que não apresentassem

explicitamente todos os termos necessários a uma expressão absolutamente

lógica do pensamento.

Modernamente – A conceituação de elipse não é precisa nem homogênea.

4.2.4.1 A elipse segundo alguns lingüistas

A. Charles Bally – A elipse é um meio de expressão resultante da ausência de

elementos lingüísticos que a mente não procura mais restabelecer.

B. Vicente García Diego – Elipse é a brevidade de expressão com relação à

expressão lógica desdobrada em todos os seus elementos.

C. M.A.K. Halliday e Ruqaiya Hasan – Estudam a elipse como procedimento da

função textual. Isto é, como fator de coesão entre orações e períodos, e

consideradamente como substituição de um termo da oração precedente por

zero.

São estudados três casos de elipse: nominal, verbal e oracional.

- Na elipse nominal o núcleo do sintagma nominal é absorvido por outro

elemento do sintagma ( determinante, numeral, adjetivo).

- Na elipse verbal há duas possibilidades – elipse do elemento lexical e elipse

do elemento modal ( auxiliar).

- A elipse oracional ocorre em respostas com sim ou não, no discurso

reportado, em interrogações indiretas em resposta a interrogações diretas e em

afirmações indiretas.

4.2.4.2 Exemplos de Guimarães Rosa para os diferentes casos de elipse

A. Elipse de termo recuperável no contexto

B. Elipse de termo não usado no contexto

4.2.5 PLEONASMO

Redundância é o fato de uma informação ser transmitida por uma

quantidade de signos lingüísticos superior ao essencialmente necessário.

Na elipse há uma redução da redundância enquanto que no pleonasmo há

um aumento.

Para Cláudio Brandão:

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- Pleonasmo é o emprego supérfluo de palavras e frases cujo sentido já está

expresso num dos elementos da frase ou cuja função já figura no contexto da

oração.

Para Bally:

- Pleonasmo gramatical: é a exigência da língua de que uma mesma noção

seja expressa duas ou mais vezes no sintagma.

- Pleonasmo vicioso: é o que se deve à ignorância do significado exato ou da

etimologia das palavras.

- Pleonasmo expressivo: enfatiza as idéias transmitidas.

4.2.6 ANACOLUTO

É a quebra de construção em que o termo que inicia a frase fica sem função

sintática própria, servindo apenas como co-referente de um pronome mais ou

menos próximo.

4.2.7 PARTÍCULAS DE REALCE

São partículas destituídas de valor nocional e sintático, mas portadoras de

valor expressivo.

4.3 A ORDEM DOS TERMOS NAS FRASE

A ordem dos termos determina o ritmo e a valorização de idéias e

sentimentos, propiciando efeitos variados.

Na disposição dos vocábulos na frase, há padrões impostos pela língua, mas

há também, sobretudo no português, uma margem de liberdade que é

largamente aproveitada para a expressividade.

4.3.1 A ORDEM DOS TERMOS NO SINTAGMA NOMINAL

No sintagma nominal temos determinantes que aparecem normalmente

antes do determinado e outros que aparecem depois.

O artigo não admite posposição. Mas os demonstrativos, os possessivos, os

indefinidos e os numerais, em casos especiais podem ser pospostos.

Coloca-se antes do substantivo o adjetivo que exprime valor apreciativo.

Coloca-se depois o adjetivo que enuncia particularidade que caracteriza o

objeto, definindo-o, distinguindo-o de outros, classificando-o.

4.3.2 A ORDEM DOS TERMOS NO SINTAGMA VERBAL

É normal que o auxiliar anteceda o verbo principal. Mas quando se quer

enfatizar o verbo principal, ele pode ser antecipado.

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4.3.3 A POSIÇÃO DO ADVÉRBIO

O advérbio ou locução adverbial tem posição mais ou menos fixa ou

bastante variável, dependendo da sua significação.

Os advérbios intensificadores são normalmente antepostos.

Os advérbios que contêm uma determinação precisa se pospõem ao

verbo.

4.3.4 A COLOCAÇÃO NORMAL DOS TERMOS NA ORAÇÃO

ORDEM DIRETA: sujeito – verbo – objeto direto – objeto indireto ou

sujeito – verbo de ligação – predicativo.

4.3.5 AS ALTERAÇÕES DA ORDEM “DIRETA”

INVERSÃO: processo de colocar em evidência um termo que se deseja

privilegiar.

A inversão rompe a monotonia da ordem usual, podendo favorecer um ritmo

mais adequado ou propiciar um tom mais elegante.

Mesmo numa língua em que a inversão é muito limitada, ela constitui

valioso recurso expressivo.

4.3.6

A inversão, ao lado da elipse, é privilegiada para conferir um tom vigoroso e

dramático à frase curta, incisiva, tensa.

Alguns casos de inversão:

A. Predicado nominal

a) Verbo – predicativo – sujeito

b) Predicativo – verbo – sujeito

c) Em construções dirremáticas: modificador ( predicativo) – substantivo

B. Predicado verbal

a) Verbo – sujeito

b) Verbo – objeto direto – sujeito

c) Sujeito - objeto direto – verbo

d) Objeto direto – (sujeito) – verbo

e) Objeto direto composto repartido, parte antes do verbo, parte depois

f) Objeto indireto – ( sujeito) – verbo – ( objeto direto)

g) Sujeito – objeto indireto – verbo

h) Objeto indireto – verbo- sujeito

C. Predicado verbo-nominal

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O predicativo pode ficar antes ou depois do sujeito ou do verbo

D. A colocação do adjunto adverbial

É bastante freqüente sua posição no inicio da frase, quando merece certa

ênfase.

E. Períodos compostos

Uso de parataxe

Encaixe das subordinadas segmentando a oração principal

4.3.7

A inversão é muito usada por Guimarães rosa

A inversão dá relevo maior ao termo deslocado e propicia, além do efeito de

estranheza, um ritmo impressivo.

4.4 ESTRUTURA MELÓDICA DA FRASE

A frase é uma forma de comunicação do pensamento caracterizada por uma

melodia ou entoação.

Na palavra isolada o tom se confunde com o acento de intensidade

Na frase a entoação tem valor próprio.

A entoação tem suas unidades, que são os segmentos melódicos.

Cada segmento é uma porção mínima do discurso

Unidade melódica ≠ Grupo de intensidade

Unidade melódica = uma palavra ou grupo de palavras com um só

acento intensivo.

Podem ser marcadas por pausas lógicas, respiratórias ou expressivas.

Muitas frases se dividem em duas partes:

A primeira, que termina pelo tom mais alto, recebe o nome de protáse.

A segunda, marcada pelo tom descendente, é denominada apódose.

- A frase é simétrica se a prótase e a apódose têm número equivalente de

segmentos; assimétrica se uma é bem mais extensa que a outra.

O ritmo do discurso vem da combinação dos segmentos melódicos, do

seu número e extensão.

4.4.1

A conferência “Dom Quixote”, de Olavo Bilac traz muitos exemplos das

enumerações e do paralelismo como fator estilístico

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O abuso do paralelismo, pode dar uma impressão de artificialismo retórico,

mas não se pode negar que ele constitui um processo de ordenação harmoniosa,

elegante e clara das idéias.

4.5 A CONCORDÂNCIA

Concordância: ajustamento flexional entre palavras que se acham em

determinadas relações sintáticas.

É um fato gramatical e também estilístico.

4.5.1

Existem dois tipos de concordância: a lógico-formal e a estilística.

4.5.1.1

Lógico formal: é estabelecida pela gramática normativa, apoiada no uso

comum, e imposta pela escola como correta.

4.5.1.2

Estilística: é a que ultrapassa os limites de correção, a que atende a

necessidades expressionais particulares, a que oferece a quem fala ou escreve

possibilidades de escolha.