Estimando a prevalência e os

determinantes da caça de onças na

Amazônia

Elildo A. R. Carvalho Jr

ICMBio

Estimando a prevalência e os determinantes

da caça de onças na Amazônia

Elildo A. R. Carvalho Jr

Caça ou abate de carnívoros

Considerada uma das maiores ameaças à sua conservação,

mas difícil de investigar:

• Ilegal

• Furtiva

• Baixa prevalência

• Desafios éticos

• Tema sensitivo

Estudos sobre o abate são relevantes para:

• Monitorar o sucesso de ações de conservação

• Avaliar o impacto sobre populações na natureza

• Identificar regiões ou grupos sociais críticos

• Identificar determinantes da caça

Pesquisa sensitiva

“Pesquisa que pode representar ameaça substancial

às pessoas envolvidas” (Lee 1993)

Necessidade de técnicas especializadas

Técnica de respostas randomizadas

Faça uma pergunta sensitiva

Respondente lança um dado

A resposta depende do resultado do dado:

Diga a verdade (SIM ou NÃO)

Diga SIM independente da verdade

Diga Não independente da verdade

O resultado do jogo de dados não é revelado ao entrevistador

Técnica de Respostas Randomizadas

Prevalência do comportamento sensitivo:

π = (λ – θ)/P1

onde:

π = proporção da população participando do comportamento sensitivo;

λ = proporção de respostas SIM;

Θ = probabilidade de um SIM “forçado”

P1 = probabilidade de responder a verdade

Vantagens

• Desenvolvida para pesquisa sensitiva

• Protege a identidade do respondente

• Protege o pesquisador

• Performance superior à da maioria das alternativas

Desvantagens

• Difícil de implementar em campo

• Problemas de entendimento e confiança

• Requer amostras maiores (alta variância)

• Desafios analíticos

Objetivos

1. Avaliar a viabilidade da técnica de respostas randomizadas em duas

áreas com características ambientais e culturais distintas na Amazônia;

2. Estimar a prevalência da caça de onças nas áreas de estudo;

3. Identificar possíveis determinantes da caça de onças;

4. Investigar atitudes e percepções das populações estudadas em relação à

caça.

Área de estudos

Métodos

Agosto-Outubro 2013: Marajó

134 domicílios, 99 respondendo RRT

Setembro 2014: Transamazônica

93 domicílios, 61 respondendo RRT

(resultados preliminares, apresentados para comparação)

Questionário

1. Background do indivíduo

2. Percepções e atitudes em relação à onça-pintada

3. Percepções e atitudes em relação à caça

4. Técnica de respostas randomizadas

Técnica de respostas randomizadas

Você ou algum morador desta casa:

•Matou onça-pintada ou preta nos últimos 5 anos?

• Matou onça-parda nos últimos 5 anos?

• Matou maracajás (2 spp.) nos últimos 5 anos?

Análise dos dados

Prevalência estimada pela fórmula de Hox & Lensvelt-Mulders

(π = (λ – θ)/P1)

Intervalo de confiança de 95% estimado por 1000 amostras de bootstrap

para QD e RRT no pacote R v. 3.0.2.

O bootstrap incorpora tanto a incerteza da amostragem como a incerteza

decorrente do método RRT

Resultados

Prevalência da caça

Prevalência do abate de onças-pintadas, vermelhas e maracajás nas Reservas Extrativistas de Mapuá e

Terra Grande Pracuúba, Marajó, PA

Atividade Questionamento

direto

RRT

Abater onça-pintada últimos 5 anos 0.09 (0.04 – 0.15) 0.229 (0.06 – 0.40)

Abater onça-vermelha últimos 5 anos 0.06 (0.01 – 0.11) 0.038 (-0.09 – 0.19)

Abater maracajá últimos 5 anos 0.15 (0.08 – 0.22) 0.195 (0.036 – 0.35)

Prevalência do abate de onças-pintadas, onças-vermelhas e maracajás nas Reservas Extrativistas

de Mapuá e Terra Grande Pracuúba, Marajó, PA (i.c. 95% entre parênteses).

Prevalência do abate de onças-pintadas, vermelhas e maracajás na região da Transamazônica-Xingu, PA

Atividade RRT

Abater onça-pintada últimos 5 anos 0.10 (-0.09-0.31)

Abater onça-parda últimos 5 anos -0.03 (-0.22-0.15)

Abater maracajá últimos 5 anos 0.07 (-0.12-0.26)

Prevalência do abate de onças-pintadas, onças-vermelhas e maracajás na região da

Transamazônica e Xingu, PA (intervalo de confiança de 95% entre parênteses).

Somente abate de onça-pintada

Regressão logística customizada (link function)

Inferência multimodelos

Determinantes da caça no nível de domicílio

Determinantes da caça no nível de domicílio

0 20 40 60 80 100

22

32

24

22

52

26

IC profile

Best models

Su

pp

ort

( a

icc )

Ordenação do suporte dos modelos avaliados referentes aos determinantes de abate de onça-pintada na

Transamazônica e Marajó.

Determinantes da caça no nível individual

Ordenação do suporte dos modelos avaliados referentes aos determinantes das atitudes em

relação ao abate de onça-pintada no Marajó.

Marajó

Relação entre atitudes em relação à caça e (a) escolaridade, (b) percepção de risco à vida

humana, RESEX de Mapuá e Terra Grande Pracuúba, Marajó, PA

Ordenação do suporte dos modelos avaliados referentes aos determinantes das

atitudes em relação ao abate de onça-pintada na Transamazônica.

Transamazônica

Relação entre atitudes em relação à caça e normas descritivas na região da

Transamazônica-Xingu, PA

Conclusões

1. A aplicação do método foi viável, mas precisa de ajustes;

2. RRT aparentou melhor performance do que QD, mas resultados foram

inconclusivos;

3. Alta variância (necessidade de amostras maiores);

4. Não foi possível identificar determinantes do abate no nível de domicílio;

5. Variação entre regiões nos determinantes de atitudes em relação ao abate

Agradecimentos

Danianderson Carvalho (CENAP/ICMBio)

Whaldener Endo (CENAP/ICMBio)

Simone Albarado Rabelo (Resex Terra Grande Pracuúba)

Diana de Alencar Menezes (Resex Mapuá / Resex Jequiá/AL)

Elias Ferreira Baia (voadeira)

Tathiaba Chaves de Souza (ESEC Terra do Meio)

Augusta Silva Neta (SIRALTA – Altamira)

Ardo van den Hout (University College – London)