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Curso de Pós-Graduação Lato Sensu a Distância Gestão e Marketing de Serviços Estratégias de relacionamento com clientes Autor: Teodomiro Fernandes da Silva EAD – Educação a Distância Parceria Universidade Católica Dom Bosco e Portal Educação

Estrategias de Relacionamento

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Material de pos graduação do Curso Gestão de Marketing em Serviços

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Page 1: Estrategias de Relacionamento

Curso de Pós-Graduação Lato Sensu a Distância

Gestão e Marketing de

Serviços

Estratégias de relacionamento com

clientes

Autor: Teodomiro Fernandes da Silva

EAD – Educação a Distância Parceria Universidade Católica Dom Bosco e Portal Educação

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SUMÁRIO

UNIDADE 1 – MARKETING DE RELACIONAMENTO .......................................... 06

1.1 O que é Marketing de relacionamento com o Cliente? ...................................... 08

1.2 Tipos de clientes ............................................................................................... 13

1.3 A pirâmide de clientes ....................................................................................... 14

1.4 Programa de relacionamento, fidelização ou retenção de clientes ................... 16

1.5 Tipos de programas de fidelização .................................................................... 16

1.6 Estágios da fidelidade de marca em um cliente ................................................ 22

1.7 A roda da fidelidade .......................................................................................... 24

1.8 Por que clientes fiéis são mais lucrativos .......................................................... 25

1.9 Planejamento de retenção de clientes .............................................................. 25

UNIDADE 2 – GESTÃO DE RELACIONAMENTO COM CLIENTES – CRM ......... 32

2.1 O que é o CRM (Customer Relationship Management)? ................................. 33

2.2 CRM como negócio centrado no cliente ............................................................ 36

2.3 Tipos de tecnologia de CRM ............................................................................. 37

2.4 Aplicações do CRM ........................................................................................... 38

2.5 As quatro estratégias para a implantação do CRM (IDIP) ................................. 39

2.6 Principais características do CRM ..................................................................... 44

2.7 Exemplos de funcionalidade chaves de CRM ................................................... 45

2.8 Benefícios do CRM para o Negócio .................................................................. 46

UNIDADE 3 – GESTÃO DE CONFLITOS E RECLAMAÇÃO DE CLIENTES ........ 48

3.1 Satisfação, insatisfação e sistemas de reclamações e sugestões .................... 48

3.2 As normas de qualidade e o tratamento das reclamações ................................ 52

3.3 Comportamento do cliente reclamante ou insatisfeito ....................................... 55

3.4 Por que é que o cliente não fica satisfeito? ....................................................... 58

3.5 Os desencadeadores dos comportamentos dos clientes .................................. 58

3.6 Processo de Tratamento das Demandas e reclamações .................................. 63

3.7 Sistema de tratamento de reclamações ............................................................ 65

3.8 A reclamação e a escuta ativa .......................................................................... 71

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UNIDADE 4 – ESTRATÉGIAS E MECANISMOS DIVERSOS NO RELACIONAMENTO COM CLIENTES .................................................................. 74

4.1 Estratégias de Comunicação no Relacionamento com clientes ........................ 74

4.2 Rapport ou empatia ........................................................................................... 81

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 86

 

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INTRODUÇÃO

As organizações, enquanto sistemas abertos, são um conjunto de processos

complementares entre si, que culminam em produtos ou serviços destinados a

clientes.

A razão de ser desses processos é simples: atender às necessidades e

expectativas de seus respectivos clientes e, para tanto, as organizações devem ter

bastante claro quem são os clientes-alvo de seus processos e o que eles almejam.

Antes de abordar as estratégias de relacionamento com clientes, devemos

pensar a empresa como um todo, como um sistema.

No enfoque sistêmico lembramos as funções fundamentais da administração:

planejamento, organização, direção e controle. O processo de gestão empresarial

envolve gestão estratégica.

Portanto, abordar as estratégias de relacionamento com clientes é especificar

temas que tratam as estratégias da função marketing.

Para facilitar a adoção de uma política de gerenciamento na organização,

algumas ferramentas de gestão estão servindo como linha mestra na utilização dos

conceitos e na construção das estratégias de gerenciamento.

A gestão de relacionamento com o cliente tem a ver com os métodos,

políticas e procedimentos ou estratégias que são utilizados por uma empresa para

fornecer um alto nível de atendimento ao cliente: para clientes existentes em geral,

para orientar clientes para novos produtos e serviços oferecidos pela empresa, e

incentivar retenção de clientes.

Os desafios empresariais hoje em dia relacionam-se com a necessidade de

se identificar, conquistar e fidelizar os clientes certos, melhorar o desempenho das

vendas, fornecer produtos, serviços e suporte ao mercado consumidor melhores do

que a concorrência. Além disso, disponibilizar aos seus colaboradores as

informações certas no momento certo, para que os mesmos possam maximizar os

resultados nas relações de consumo, simplificando processos e racionalizando as

operações.

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Ao final do estudo desta disciplina, o pós-graduando deverá ser capaz de

identificar as diferentes estratégias de relacionamento com clientes, assim como

compreender a sua importância para o sucesso dos negócios.

Portanto, convidamos você a mergulhar nessas ideias sobre questões

importantes das estratégias de relacionamento com o cliente para o sucesso dos

negócios, pois, o objetivo central de qualquer negócio é servir seus clientes.

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UNIDADE 1 - MARKETING DE RELACIONAMENTO

Para contextualizar o Marketing de relacionamento com clientes, vamos

antes citar as aplicações do Marketing e o contexto do marketing de relacionamento.

Esse estudo foi apresentado por Limeira (2005).

Acreditamos que essa primeira exposição pode lhe dar uma ideia mais

sistêmica do que vamos abordar nesta disciplina.

A partir da evolução das práticas empresariais e da dinâmica econômica,

social, cultural, política e tecnológica mundial, segundo Limeira (2005), surgem

várias aplicações do marketing, entre elas o Marketing de relacionamento e outras

aplicações que interagem ou se integram com o Marketing de Relacionamento.

Vamos apresentar uma amostra dessas principais aplicações do marketing

no Quadro a seguir.

Quadro 1 – Aplicações do Marketing

Marketing direto Marketing de relacionamento Marketing de fidelização ou retenção Marketing um a um ou individualizado Marketing de transação Marketing pessoal Marketing social Marketing institucional Marketing internacional Marketing interativo Marketing digital ou web marketing Marketing religioso Marketing político Marketing ecológico Marketing esportivo Marketing cultural

Fonte: Adaptado de Limeira (2005).

Com base em Limeira (2005), vamos apresentar alguns conceitos de outras

aplicações do Marketing. Antes de conceituar marketing de relacionamento, vamos

apresentar alguns conceitos dessas outras aplicações do Marketing, o suficiente

para se ter o entendimento do que vamos ver nas unidades seguintes.

Marketing de banco de dados: envolve a utilização de tecnologia entregando

níveis de serviço diferenciados a clientes e, consequentemente, rastreando o

relacionamento.

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Marketing de interação: em geral no

contexto business-to-business em que pessoas

e o processo social também acrescentam

mutuamente valor de benefício.

Marketing de rede: comum no contexto

business-to-business, em que empresas

alocam recursos para desenvolver posições

em uma rede de comunicações com os

envolvidos e órgãos governamentais

relevantes.

Fonte: http://migre.me/fLjIG

Marketing um a um ou individualizado: é o estágio mais avançado do

marketing de relacionamento, em que cada cliente é tratado individualmente e a

oferta da empresa é totalmente customizada para o cliente (LIMEIRA, 2005).

Muitas dessas aplicações constituem-se em estudos e estratégias de

relacionamento com o cliente.

Hoje, os profissionais de marketing procuram desenvolver relações

duradouras com clientes o que é um dos objetivos do marketing de relacionamento.

Ainda com o objetivo de lhe apresentar uma visão sistêmica sobre o que

vamos tratar nesta disciplina, vamos ter uma visão de conjunto sobre assuntos

relacionados com fidelização. Bogmann (2000), apresenta uma relação de alguns

autores que tratam sobre assuntos relacionados com o Marketing de

Relacionamento; entre eles cita: cliente interno, cliente fiel x cliente novo (retenção),

comunicação formal e informal, banco de dados (database marketing), técnicas de

tangibilização – fidelização, qualidade de serviços, pós-marketing. Veja o Quadro 2 a

seguir.

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Quadro 2 – Referencial sobre as principais obras e autores

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Marketing de Relacionamento X X X X X

Cliente interno X* X* X* X* X X* X X* X

Cliente fiel x cliente novo (retenção)

X X* X X X* X X X

Comunicação formal e informal X X* X X X X* X

Banco de dados (Database marketing)

X X* X

Técnicas de tangibilização –fidelização

X* X* X X X

Qualidade de serviços pós-marketing

X X* X* X X

Legenda: Em branco: Nada escreveu ou apenas cita vagamente. X*: Aborda o tema, mas sem muita profundidade; não prioriza o tema.

X: Aprofundou o tema, dando a devida importância ao processo de fidelização. Coluna Bogmann: Itens, que na opinião do autor, devem ser levados em conta por qualquer programa de fidelização.

Fonte: Bogmann (2000).

Feita essa primeira apresentação, vamos agora, de forma mais específica,

apresentar os conceitos de marketing de relacionamento com o cliente.

1.1 O que é Marketing de Relacionamento com o Cliente?

A partir de agora você vai poder visualizar melhor os aspectos que envolvem

o conteúdo deste material relacionados com marketing de relacionamento com

cliente e, posteriormente, com estratégias de relacionamento com clientes, fazendo

a interface com outras aplicações do marketing, tais como: Marketing de fidelização

ou retenção, Marketing um a um, individualizado ou one-to-one, marketing digital,

ente outros.

Lembre-se: o marketing de relacionamento, em si, já é uma estratégia de

relacionamento com o cliente.

O marketing de relacionamento surge como uma eficaz estratégia de criar

valor ao cliente. Veja como alguns autores procuram enfatizar esse aspecto.

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Marketing de relacionamento, para Limeira (2005), é um conceito surgido na

década de 1990 como uma evolução do marketing direto, motivado por pesquisas

que indicavam que conquistar um novo cliente custava, em média, cinco vezes mais

que reter um cliente. É definido como uma estratégia que visa construir uma relação

duradoura com o cliente baseada em confiança, colaboração, compromisso,

parceria, investimentos e benefícios mútuos, resultando na otimização do retorno

para a empresa e seus clientes.

Veja que Zoschke e Pereira (2007), pensam a mesma coisa, afirmando que o

marketing de relacionamento é um conceito novo que surgiu na década de noventa,

mas ressalta que ainda não foi assimilado pela maioria das pequenas e médias

empresas por desconhecimento de suas bases ou por falta de recursos para aplicá-

lo. Por este motivo muitas empresas ainda não sabem como utilizá-lo em seu

benefício, mesmo sabendo da sua importância para a fidelização dos clientes e

consequente sucesso das organizações.

De acordo com Gordon (2002), marketing de relacionamento é um “processo

contínuo de identificação e criação de novos valores com clientes individuais e o

compartilhamento de seus benefícios durante uma vida toda de parcerias”.

Para Kotler (1998), o marketing de relacionamento é baseado na premissa de

que os clientes importantes precisam receber atenção contínua, sendo que na visão

de Vavra e Pruden (1995, apud KOTLER, 1998), a retenção de clientes é a chave

para o sucesso no mercado do novo milênio, representando um componente chave

para a consolidação da participação de mercado da empresa.

A esse respeito, Peppers e Rogers (2003), afirmam que em todo o mundo, a

gestão do relacionamento com clientes é, cada vez mais, prioridade na agenda de

empresas e executivos. Ou seja, a tecnologia está transformando as escolhas e as

escolhas estão transformando o mercado (PEPPERS; ROGERS, 2003).

De acordo com Gordon (2002), o marketing de relacionamento procura

adaptar a empresa num mundo mais hábil e customatizado, capaz de fornecer

produtos e serviços com o objetivo de criar valor a seus clientes.

Berry e Parasuraman (apud KOTLER,1998), identificaram três abordagens de

valor para os consumidores que envolvem: um acréscimo de benefícios financeiros

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com o desenvolvimento de programas de marketing de frequência, oferecendo

recompensas para compradores habituais ou de quantidades significantes e de

marketing de clubes, cujo objetivo principal é a aproximação dos consumidores com

a organização. O segundo nível de abordagem é o acréscimo de benefícios sociais:

aumenta-se o vínculo, individualizando e personalizando relacionamentos. Por fim

tem-se a abordagem de vínculos estruturais que facilitam o processo empresa-

cliente.

Quadro 3 - Os três níveis do marketing do relacionamento

Nível Tipo de ligação

Orientação do marketing

Grau de personalização

do serviço

Elemento básico do

Mix de marketing

Potencial de diferenciação competitiva sustentada

1 Financeira Consumidor Baixo Preço Baixo

2 Financeira e Social

Cliente Médio Comunicações

pessoais Médio

3 Financeira

Social e Estrutural

Cliente De médio a

elevado Prestação do

serviço Alto

Fonte: Kotler (1998).

No item 1.5 apresentaremos os Tipos de programas de fidelização segundo

Kotler (1997), apud Bogmann (2000).

Para Bogmann (2000), o marketing de relacionamento é a tentativa de a

organização desenvolver ligações a longo prazo com seus clientes, que sejam

efetivas em termos de custos, com vistas à consecução de benefícios mútuos. Boas

relações com os clientes podem ser armas

estratégicas vitais para a empresa. Afirma

que, identificando seus clientes atuais e

mantendo com eles relações estreitas, é

possível concentrar a atenção nos melhores.

As tecnologias de informação com o banco

de dados informatizado, podem tornar

efetiva esse tipo de marketing.

Fonte: http://migre.me/fLkHt

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Segundo Costa (2008), em mercados nos quais a rivalidade entre empresas

é elevada, a importância da repetição de transações com clientes antigos adquire

caráter estratégico. A conquista de novos clientes exige maiores recursos e

esforços das organizações, evidenciando a necessidade da busca de uma maior

estabilidade nas relações com os clientes já existentes. O desafio de formar

relacionamento mais duradouro com os clientes impulsionou o desenvolvimento do

marketing de relacionamento.

O marketing de relacionamento pode ser conceituado como o marketing

orientado para realização de relacionamentos fortes e contínuos com clientes

individuais, de acordo com a definição de Jackson (1995) apud Costa (2008),

acrescentando Sirgy & Lee (1994) apud Costa (2008), que a busca de relações

duradouras pode ser efetuada em função do interesse das partes em obter

benefícios mútuos.

Na visão de Zeithaml e Bitner (2003, p.139), “o marketing de relacionamento

representa uma mudança de paradigma para a área de marketing, migrando de um

foco de compras/transações para outro em retenção/relações”.

O marketing de relacionamento possui ainda seis dimensões que diferem das

definições históricas do marketing (GORDON, 2000)

Procura criar novo valor para os clientes e compartilhar esse valor entre o

produtor e o consumidor;

Reconhece o papel fundamental que os clientes individuais têm, não

apenas como compradores, mas na definição do valor que desejam;

Exige que uma empresa planeje e alinhe seus processos de negócios,

suas comunicações, sua tecnologia e seu pessoal para manter o valor que o

cliente individual deseja;

É um esforço contínuo entre o comprador e o vendedor;

Reconhece o valor dos seus clientes por seu período de vida de consumo e

não como clientes ou organizações individuais que devem ser abordados a

cada ocasião de compra;

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Procura construir uma cadeia de relacionamentos dentro da organização

para criar o valor desejado pelos clientes, assim como entre a organização e

seus principais participantes.

Finalmente, Gordon (1998), contribuiu substancialmente, sintetizando

variáveis que devemos ter em mente ao pensarmos em gestão estratégica de

marketing de relacionamento, que são os 11 C’s do Marketing de Relacionamento,

confira no Quadro a seguir.

Quadro 4 - Onze C’s do Marketing de Relacionamento

1. Cliente Identificar quais os clientes atendidos e a atender, o vínculo e outros objetivos a serem alcançados, além da estratégia a seguir.

2. Categorias A definição do alcance dos produtos e serviços a serem ofertados aos clientes.

3. Capacidades Estabelecer quais as capacidades necessárias à empresa para ofertar o valor desejado pelos clientes.

4. Custo, lucratividade e valor

A construção da lucratividade do cliente, por meio da criação de novos valores junto com os clientes e com a partilha dos mesmos.

5. Controle do contato com os processos

monetários

A administração e controle dos processos associados ao faturamento por meio da garantia do seu pagamento, assegurando que os mesmos sejam desempenhados efetivamente no interesse mútuo: cliente-empresa.

6. Colaboração e integração

A atuação na garantia de acesso aos principais tomadores de decisão, no apoio ao aprendizado conjunto, na divisão e colaboração estratégica operacional para integração de aspectos de interesses do cliente com os do fornecedor.

7. Customização A criação de valor para o cliente implicará na customização de aspectos do desenvolvimento do produto e serviços, e da produção e distribuição dos mesmos durante toda a sua vida útil.

8. Comunicação, interação e

Posicionamento

O envolvimento do cliente com comunicações interativas em tempo real, além da administração do posicionamento da empresa em relação ao cliente.

9. Cálculos sobre o cliente

O acompanhamento do desempenho da empresa na mente do cliente, bem como avaliações do cliente e o progresso no aprofundamento do vínculo com o mesmo.

10. Cuidados com o cliente

O desenvolvimento e a administração de processos para fornecimento de Informação em tempo real, bem como treinamento e quaisquer outros dos serviços relevantes exigidos para aumentar o valor do produto ou serviço ao cliente.

11. Cadeia de relacionamentos

Compreende as ligações formais dentro da empresa e com os participantes externos, que permitem à empresa criar o valor final que os clientes desejam.

Fonte: Adaptado de Gordon (1998).

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Com isso, você pode constatar

que o marketing de relacionamento dá

ênfase a aspectos como: interação,

valor para o cliente, retenção do

cliente, longo prazo, uso de tecnologia,

valorização do cliente como indivíduo,

comunicação, lucro.

Fonte: http://migre.me/fLl19

Não se esqueça dessas dimensões, pois serão o pano de fundo das

estratégias de relacionamento com o cliente. Mas quem é o cliente?

1.2 Tipos de clientes

A figura do cliente também evoluiu, cada vez mais exigente, esclarecido,

informado, com mais experiência de relação de consumo e as empresas passaram a

enxergar os vários tipos de clientes que poderiam ser atingidos por sua estratégia de

marketing ou de relacionamento com clientes.

Antes de apresentarmos os diversos tipos de clientes, vamos conferir a norma

da ISO, NP EN ISO 9000:2005 que define cliente como a “Organização ou pessoa

que recebe um produto”.

O cliente pode ser externo ou interno à Organização e como exemplos típicos

citam-se: consumidores, utilizadores finais, varejistas, beneficiários, compradores.

Algumas organizações têm clientes muito bem definidos, sobretudo nas transações

mais tradicionais “business-to-business”.

Vivemos em um mundo de hipercompetitividade, a concorrência faz com que

as empresas canalizem toda sua atenção para esse novo perfil de cliente, buscando

um maior entendimento sobre seus aspectos e buscando maior proximidade com

esses diversos públicos. Swift (2001), relaciona os principais tipos de clientes

existentes no mercado atual:

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Cliente interno: pessoa ou unidade de negócio dentro da empresa (ou

companhias associadas), que precisa do produto ou serviço para obter

sucesso nos próprios objetivos de negócio. Normalmente, este é o cliente

mais ignorado de uma organização e (potencialmente) o mais lucrativo ao

longo do tempo.

Empresas: cliente que compra o produto (ou serviço) e adiciona o mesmo

ao produto que fabrica, para venda a outro cliente da empresa. Esse utiliza

o produto dentro da própria organização para aumentar a lucratividade ou

os serviços;

Canal: pessoa ou organização que não trabalha diretamente para a

empresa e (normalmente) não está na folha de pagamento, que compra o

produto para vender ou para utilizá-lo como representante nessa área.

Portanto, para acompanhar essas mudanças, as organizações passaram a

focar suas estratégias para atingir esse novo público, angariando esforços para a

criação de um relacionamento contínuo entre os vários tipos de clientes existentes,

utilizando a tecnologia a seu favor, buscando assim uma maior lucratividade por

meio de uma relação onde todos se beneficiam.

1.3 A pirâmide de clientes

Há uma abordagem diferente para classificar tipos de clientes apresentada

por Lovelock e Wright (2011), denominada de pirâmide de clientes. No topo temos o

cliente platina, o cliente que considera que a empresa lhe oferece alto valor, gasta

mais ao longo do tempo, tem menor custo de manutenção e faz a propaganda boca

a boca sempre que possível.

Na base da pirâmide está o cliente que, para a empresa custa mais tempo,

dinheiro e esforço, portanto, não traz retornos para a empresa e, além disso, é difícil

fazer negócio com ele.

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Figura 1 - A pirâmide de clientes

Fonte: Lovelock et al (2011).

Esse mesmo autor, ao abordar os tipos de clientes e a fidelização, classifica o

cliente do ponto mais crítico da empresa, o cliente terrorista, aquele muito

insatisfeito, baixo nível de fidelização ou retenção ao ponto mais benéfico para a

empresa que é o cliente apóstolo com alto grau de satisfação, fidelidade e como

consequência com alto nível de retenção.

Figura 2 – A fidelização e os tipos de clientes

Fonte: Lovelock e Wright (2011).

Clientes com bom relacionamento

Clientes com mau relacionamento

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Por isso, é importante para a empresa ter um programa de fidelização de

clientes que passamos a apresentar no próximo item.

1.4 Programa de relacionamento, fidelização ou retenção de

clientes

Você deve estar percebendo que, a todo momento, estamos apresentando

estratégias de relacionamento com clientes dentro de um processo de gestão de

relacionamento com cliente ou CRM, como será visto adiante.

Kotler (1998), afirma que para o marketing de relacionamento atingir todas

as metas, é necessária a implantação de um programa de relacionamento.

O marketing de relacionamento atualmente, para Madruga (2010), “privilegia

a interação com o seu cliente, com o objetivo de desenvolver, especialmente para

ele, um conjunto de valores que o levarão à satisfação e longevidade do seu

relacionamento com a empresa”.

A inspiração do marketing de relacionamento está na proximidade entre

clientes e empresas. Antigamente as empresas, devido à proximidade que

mantinham entre si, e pela condição da época, tratavam os seus clientes pelo

nome e sabiam ofertar e oferecer produtos e serviços ao gosto de cada um.

Nossos avós podem conferir que essa situação proporcionava e facilitava

essa interação, devido ao fato de a população ser menor, muitos moravam no meio

rural e as lojas eram menores, chamávamos esses estabelecimentos menores de

mercearia e os maiores eram chamados de armazéns.

1.5 Tipos de programas de fidelização

Estamos sempre destacando estratégias de relacionamento com clientes

que as empresas podem implantar, com as devidas adaptações.

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Ao abordar os tipos de programas de fidelização, Kotler (1997), apud

Bogman (2000), em seminário promovido pela HSM24, destacou os casos de Harley

Davidson e Wladenbooks por seus programas de fidelização, além de outras citadas

abaixo.

Nível 1. Oferecer mais e melhores serviços: Rede Savoy de Hotéis. Ex.: Carlton Hotel. Possui um banco de dados sobre o que o cliente quer ter no quarto. Nível 2. Benefícios financeiros: Companhias Aéreas – Marketing por frequência, com a criação de um clube e acúmulo de pontos, que serão trocados por benefícios. Nível 3. Benefícios sociais: A empresa Harley Davidson criou o clube Harley Owners Group (HOG) e envia bimestralmente uma revista com lista de eventos regionais, nacionais e internacionais que encorajam o uso da moto. ‘Usando suas motocicletas, as pessoas se mantêm envolvidas. Caso contrário, a moto fica na garagem, descarrega a bateria e, em um ano, eles simplesmente vendem’. Nível 4. Benefícios estruturais: Federal Express – a empresa líder mundial no mercado de entregas de encomendas desenvolveu o software Fedex Ship, que facilita o despacho de malotes para os clientes. Para os consumidores com maior volume, a Federal Express fornece um computador com impressora. (KOTLER, 1997, apud BOGMAN, 2000, p. 94)

Por outro lado, a implantação de um programa de fidelização requer análise

e estudos profundos, pois, cada empresa terá necessidades diferentes, devendo

obedecer a normas e procedimentos já existentes. Há, porém, de acordo com Rocha

& Veloso (1999, apud Bogmann, 2000, p.95), alguns procedimentos básicos que

podem ajudar a formatar um programa de fidelização, para isso a empresa deve:

1. Determinar verbas e equipe de implantação; 2. Analisar o ambiente e as bases do programa; 3. Definir conceito e características; 4. Calcular valores para a pontuação; 5. Escolher prêmios adequados e obter aprovações; 6. Desenvolver a estrutura de suporte; 7. Preparar os sistemas; 8. Desenvolver mecanismos de avaliação; 9. Viabilizar materiais de comunicação com características especiais; 10. Treinar as equipes envolvidas; 11. Fazer ajustes finais. (ROCHA e VELOSO, 1999, apud BOGMANN, 2000, p. 95).

Antes, com um menor fluxo de clientes, os estabelecimentos podiam

interagir diretamente com o seu cliente, tinham maior tradição de fidelizar e reter

clientes. Como vimos é comum ainda, nos dias de hoje, encontrarmos

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estabelecimentos comerciais pequenos que ainda praticam esse tipo de

relacionamento, mas o grande desafio das grandes empresas é fazer com que o

seu cliente seja tratado dessa maneira, tentando resgatar o passado para trazer

resultados de fidelização e conquistas de novos clientes (MADRUGA, 2010).

Marketing de fidelização ou retenção é definido como a estratégia para

fidelizar ou reter o cliente por meio de ações integradas, sistemáticas e contínuas de

comunicação e promoção, gerando frequência e repetição de compra por parte dos

clientes e recompensando-os por isso. Para Limeira (2005), é a estratégia mais

adequada para avaliar e reter segmentos de clientes selecionados, cujo potencial de

negócios poderá ou não evoluir com o tempo.

O marketing de fidelização tem sido bastante utilizado por administradoras de

cartão de crédito (programas de prêmios por frequência de compras) e por

companhias aéreas (programas de milhagens ou smiles).

As principais etapas envolvidas no estabelecimento de um programa de

fidelização são: identificação de clientes-chave que merecem atenção especial;

designação de um gerente de relacionamento habilitado a cada cliente-chave;

desenvolvimento de uma clara descrição das tarefas dos gerentes; indicação de

um gerente geral para supervisionar os gerentes de relacionamento; e cada

gerente deve desenvolver um plano em longo prazo e um plano anual de

relacionamento com o cliente.

Angelo e Silveira (2001), referem que a fidelização está inserida em um

contexto mais amplo, no qual a empresa está voltada para o cliente. É adotado um

conjunto de políticas que visa que a empresa foque no cliente, fidelizando-o cada

vez mais, tornando-se um agente de transformação e mudanças das empresas.

Uma política de fidelização pode transformar as relações internas de uma empresa,

tornando-a mais transparente, moderna e competitiva.

O conceito de fidelização supõe transformar o cliente de um comprador

eventual para um comprador frequente, que retorna e divulga a empresa, criando um

relacionamento de longo prazo. O cliente fiel está envolvido com a empresa, não

alterando seu hábito, mantendo seu frequente consumo de produtos e marca. Este é

leal à empresa em relação à marca ou produto e serviço, ampliando o

relacionamento ao longo do tempo (ANGELO e SILVEIRA, 2001).

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Em resumo, cliente fiel: aquele que sempre volta à organização por ocasião

de uma nova compra ou transação, por estar satisfeito com o produto ou com o

serviço. Fidelização: é o processo pelo qual um cliente se torna fiel (BOGMANN,

2000).

Na opinião de Lovelock e Wright (2011), a fidelidade tem sido usada para

determinar a vontade de um cliente em prestigiar uma empresa específica durante

um período de tempo, comprando e utilizando bens e serviços preferencialmente

exclusivos e divulgando voluntariamente os produtos da empresa aos amigos. O

cliente fiel é uma fonte constante de renda para a empresa ao longo do tempo. O

cliente continua com a empresa enquanto estiver recebendo benefícios, que não

receberia se trocasse de empresa. Caso o cliente fique decepcionado com a mesma

ou se o concorrente oferecer benefícios significativos, corre o risco de o cliente optar

pela concorrência.

Ao abordar o programa de fidelização, Angelo e Silveira (2001), afirmam que

um programa de fidelização deve ser compreendido como um processo em que as

empresas utilizam para estimularem seus clientes a usarem frequentemente seus

serviços por meio de recompensas. Essas recompensas são traduzidas em

vantagens ao cliente, tais como: bônus, descontos, produtos, entre outros, obtidas

pela constante relação de consumo.

Os pontos essenciais do programa de gestão do relacionamento com o

cliente, de acordo com Greenberg (2001), são:

A definição de cliente;

Os objetivos da estratégia;

Os elementos da estratégia; e

A implementação.

Por sua vez Ribeiro (2006), afirma que os programas de fidelização devem

conciliar as informações, utilizando-se de todas as oportunidades para demonstrar

os benefícios da marca, do produto ou serviços ao cliente e recolher informações

sobre o mesmo. Com base nessas informações, é possível, oferecer benefícios

adicionais e personalizados ao cliente, estimulando a manutenção do

relacionamento e permitindo uma interação prazerosa com a empresa.

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Lovelock e Wright (2011), afirmam

que os programas de fidelização têm-se

mostrado ineficazes para muitas empresas.

Para obter sucesso em mercados

competitivos sugerem aumentar o valor global

do produto ou serviço e motivar os clientes

fiéis a realizarem sua próxima compra nos

programas de fidelidade. Exemplo TAM, Azul,

etc.

Fonte: http://migre.me/fLmrg

Você deve ter a experiência de que somente as recompensas não garantem

a empresa manter seus melhores clientes. Caso esses clientes não se encantem

com a qualidade do serviço que recebem ou se acreditam que podem obter um

melhor serviço mais barato, certamente eles deixarão de ser fiéis. Ou seja, nenhuma

empresa pode deixar de oferecer serviços de qualidade e ótimo valor em relação ao

preço e outros custos de serviços incorridos pelos clientes (LOVELOCK e WRIGHT,

2011).

Angelo e Silveira (2001), afirmam que os programas de fidelização funcionam

como ferramentas que aceleram a criação da empatia entre cliente e empresa.

É importante ressaltar que as recompensas, nem sempre são tangíveis. Além

das recompensas mencionadas anteriormente, as empresas podem conquistar a

fidelidade de seus clientes por meio de componentes menos palpáveis, como

privilégio no atendimento e fornecimento de informações. Lembra-se das “salas

Vips”?

Em um programa de fidelização, o relacionamento com os clientes em

diferentes etapas do seu ciclo de vida pode ter três níveis de benefícios, nos quais

se enquadram os diferentes tipos de Programas de Fidelização (DUFFY, 2002).

Vamos conferir quais são esses níveis.

Page 21: Estrategias de Relacionamento

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Quadro 5 - Tipos de Programas de Fidelização

Nível Financeiro

São oferecidos incentivos financeiros para reter o cliente.

É comum neste nível a prática de programas de desconto para compras repetidas.

No entanto, a prática isolada deste tipo de ação, leva somente à retenção de clientes e não à fidelização. O cliente pode vir a comprar repetidamente, mas não passa a ser advogado e nem parceiro da empresa. Quando o fornecedor deixa de oferecer os descontos ou benefícios progressivos, o cliente provavelmente muda de fornecedor, se não houver motivos mais fortes para continuar o relacionamento.

Nível Social

O relacionamento se sustenta em barreiras sociais que dificultam o rompimento do relacionamento das partes envolvidas, tais como a personalização e customização do relacionamento. Por exemplo: comunicações com os clientes chamando-os pelo nome, provendo a continuidade do serviço através do mesmo representante de vendas e aumentando o serviço básico através de atividades educacionais ou de entretenimento, tais como treinamentos, seminários, festas, etc. Neste nível, os custos para o término do relacionamento são percebidos como maiores por parte do cliente.

Mesmo que não haja programas de descontos ou benefícios progressivos, o cliente percebe os motivos interessantes para permanecer cliente. Exemplo de Programas de Continuidade é praticado por companhias aéreas. Estas incentivam seus passageiros a acumularem pontuações a cada trecho voado, adquirindo com o acúmulo de uma determinada quantia, o direito a descontos ou um voo gratuito. Nesta dimensão social, os clientes que fazem parte dos grupos mais seletos destes programas têm acesso a serviços diferenciados como sala de espera exclusiva, embarque exclusivo, entre diversos outros.

Os Programas de Afinidade ou Clubes de Clientes são programas de marketing que também têm como objetivo manter a fidelidade do cliente reunindo-os em torno de um interesse que tenham em comum. Por exemplo, a Nintendo estabelece um diálogo com os usuários do clube, fornecendo informações úteis, tirando dúvidas e, ao mesmo tempo, é recompensada com a fidelidade e aprendizado valioso sobre o cliente.

Nível estrutural

Neste nível o relacionamento busca soluções estruturais para importantes problemas dos clientes. Quando o relacionamento oferece valores agregados que são difíceis ou caros para o cliente e que não são facilmente disponíveis em outro local, cria-se um forte fundamento para a manutenção e o incremento do relacionamento. Este nível pode ser entendido como situações de parceria. É estabelecido um relacionamento onde uma empresa passa a ser continuidade da outra. A fornecedora passa a executar tarefas que, a princípio deveriam ser feitas pela empresa cliente.

Fonte: Duffy (2002)

.

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1.6 Estágios da fidelidade de marca em um cliente

Segundo Oliver (1999, p.34) e Lovelock et al (2011), a fidelidade acontece de

forma exponencial, desenvolvendo-se até chegar a um comprometimento profundo

com um produto ou serviço. A estrutura desenvolvida por esses autores mostra

quatro níveis ou estágios de fidelidade: cognitiva, afetiva, conativa e de ação,

brevemente apresentados a seguir.

O primeiro refere-se à Fidelidade cognitiva, onde a percepção baseada na

informação de atributo de marca; de que uma marca é preferível às suas

alternativas. Esta fidelidade é baseada na crença de que a marca em questão é

superior às demais.

Na fase cognitiva da fidelidade, as informações passadas sobre os atributos

de uma marca mostram que o cliente irá escolhê-la entre as alternativas. A cognição

pode ser baseada em experiências anteriores ou informações recentes.

No segundo estágio, o autor faz referência à Fidelidade afetiva, em que o

cliente desenvolve afeição pela marca baseada em ocasiões cumulativas de

utilização satisfatória.

A fidelidade afetiva surgiu a partir do excesso de momentos de satisfação

com o uso do serviço e tem como base a troca de sentimentos. Assim como na fase

cognitiva, a fidelidade ainda não é definitiva nessa etapa, ou seja, consumidores

satisfeitos não são necessariamente fiéis.

O terceiro estágio é a Fidelidade conativa: compromisso de comprar sempre

a mesma marca ou intenção comportamental ou comprometimento por um objetivo

perseguido de uma forma particular pelo consumidor.

A fidelidade é definida como a intenção do comportamento humano,

influenciado por episódios repetidos de carisma sobre um serviço. Esse

comprometimento refere-se à intenção de recomprar a marca e está mais ligado à

motivação.

Por fim, o quarto estágio é a Fidelidade de ação: demonstrando

comportamento consistente de comprar outras vezes. Nesta etapa, avalia-se a

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mudança comportamental do cliente demonstrada na fidelidade conativa em

processo.

Assim inicia-se com uma intenção, é seguida pela motivação e, depois, no

desejo de superar obstáculos para conseguir a ação desejada. Essas dificuldades

podem proceder de influências da própria maneira de agir da pessoa ou esforços da

concorrência, impedindo que a ação de fidelização aconteça.

Figura 3 – Tipos de fidelidade

Fonte: Lovelock et al (2011).

Sobre a fidelidade de cliente, Peppers (2013), faz algumas reflexões

indagando: O que significa quando dizemos que um cliente é “leal” a uma marca?

Será que isso significa que eles são compradores frequentes? Ou será que significa

que eles simplesmente gostam da marca? Em outras palavras, estamos falando de

ações físicas, ou será que a “lealdade” está ligada a um estado de espírito?

Se a lealdade é um estado de espírito, continua Peppers (2013), ser “fiel” a

uma marca ou a uma empresa significa que você prefere seus produtos, serviços ou

marcas em relação a outros. Em termos puramente econômicos, você deve estar

disposto a pagar um prêmio por sua marca preferida, em relação às outras.

Lealdade atitudinal está, portanto, muito próxima da preferência de marca, satisfação

do cliente (CSAT), Net Promoter Score (NPS), e outros indicadores destinados a

medir os sentimentos internos dos clientes.

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No longo prazo, você quer fazer negócio com os clientes que querem fazer

negócios com você.

1.7 A roda da fidelidade

Desenvolver fidelidade de clientes não é uma coisa fácil. Muitas empresas

investem muitos recursos e esforços em ações de fidelidade e não se dão bem na

construção de uma genuína fidelidade de clientes.

Lovelock et al (2011), nos sugere utilizar a Roda da Fidelidade (veja a Figura

a seguir) para que uma organização possa refletir sobre como pode desenvolver a

fidelidade dos clientes.

Os autores mencionam três estratégias diferentes:

1) A empresa precisa de uma base sólida para a criação de fidelidade de

clientes;

2) Criação de vínculos de fidelidade;

3) Identificação, redução ou eliminação de fatores impulsionadores que

resultem na perda de clientes pelo desgaste do relacionamento, o que ele

chama de “churn”.

Figura 4 - Roda da Fidelidade

Fonte: Lovelock et al (2011)

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1.8 Por que clientes fiéis são mais lucrativos?

Ao responder a pergunta: Por que clientes fiéis são mais lucrativos? Lovelock

et al (2011), afirmam que os clientes tendem a gastar mais à medida que o

relacionamento se desenvolve, em consequência os saldos dos clientes podem

crescer e podem consolidar compras com um fornecedor.

Além disso, o custo é menor para atender, pois é menor a necessidade de

informação e a assistência e são menos os erros cometidos.

Outro fator é que os clientes recomendam novos clientes para a empresa

(atuam como vendedores gratuitos), a conhecida propaganda boca a boca.

Por fim, a confiança leva os clientes a pagarem os preços normais frente a

compras promocionais.

Diversos estudiosos buscam medir o patrimônio de clientes que uma

organização possui ao longo do tempo, ou seja, avaliar o grau de fidelidade, por isto,

sugerimos que você aprofunde seus estudos sobre isso.

1.9 Planejamento de retenção de clientes

Kotler e Armstrong (2008), recomendam um cuidado especial com perdas de

clientes. As perdas de clientes trazem grandes prejuízos às organizações, e exigem

medidas para reduzir o índice de deserção. É importante identificar o motivo da

perda de consumidores e procurar corrigir os rumos para estancar o abandono.

Sugestão de vídeo

Para se aprofundar no assunto da fidelização, sugiro que assista ao

vídeo do Jornal Hoje: “Fidelização de clientes”. Disponível em:

<http://www.youtube.com/watch?v=UTyhFoduv-Q> Acesso em: 01 out. 2013.

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Você deve entender que não há muito o que fazer com os clientes que se

mudaram, mas clientes que deixaram de comprar em sua empresa por motivo de

insatisfação são recuperáveis, desde que se procure solucionar o problema

utilizando-se de estratégias de relacionamento com clientes, entre eles o

aperfeiçoamento do processo de comunicação.

Então, vale a pena dar atenção aos clientes que se tem. Ou, como diz

Michael LeBoeuf apud Bogmann (2000), professor de administração na

Universidade de Nova Orleans: “A grande sacada não é fazer novos clientes, mas

conservar os que existem”. Por isso que diz, quanto mais antiga a relação com o

cliente, melhor, pois, clientes fiéis durante vários anos são mais propensos a

recomendar a organização que os atende.

Nos estudos realizados por Bogmann (2000), citando vários autores

especialistas nos assuntos sobre retenção de clientes, o mesmo apresenta dois

modelos de planejamento de retenção de clientes: um, ele o considera como teoria e

outro, como prática.

Confira abaixo esses modelos.

1.9.1 O modelo do planejamento de retenção do cliente – Teoria

Está dividido em 3 partes e 12 etapas, que são as seguintes:

1ª Parte – Mobilizar as pessoas e a organização a favor da retenção dos

clientes

1. Estamos todos no mesmo barco.

2. Conhecer os clientes é retê-los.

3. Concentrar a atenção nos melhores clientes.

4. Delegar poderes aos subordinados.

5. Manter satisfeitos os clientes internos.

2ª Parte – O Compromisso da organização para com a retenção do

cliente

6. Errar é humano, recuperar um cliente é divino.

7. Manter-se em contato com o cliente.

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8. Manter os contatos imediatos de “quarto grau” com o cliente.

3ª Parte – Integração organizacional

9. Lidere, siga ou saia do caminho.

10. Todos são responsáveis.

11. Reconheça um bom trabalho.

12. O que funciona hoje pode não funcionar amanhã.

Por sua vez, Bogmann (2000), nos apresenta o modelo de planejamento de

retenção de clientes, do ponto de vista mais prático, composto por doze etapas em

seu processo de implantação.

1.9.2 O modelo do planejamento de retenção do cliente – Prática

1ª Parte – Mobilização. Mobilizar envolve cinco elementos: o espírito de

equipe, a importância do conhecimento do cliente, a questão do foco, o

empowerment e a cadeia interna cliente-fornecedor.

Etapa 1 – Estamos todos no mesmo barco: Acabar com o espírito do

herói solitário, muito frequente nos profissionais das empresas hoje, e formar um

bloco sólido, cujo trabalho em equipe esteja completamente sintonizado com a

política da empresa. Esta é a essência da primeira etapa.

Etapa 2 – Conhecer os clientes é retê-los: conhecer o cliente é

fundamental nesta etapa. A maioria das organizações pensa que conhece quem são

seus clientes, mas não é verdade. Conhecer é muito mais e exige: perguntar,

pesquisar, entender de fato a expectativa do consumidor.

Etapa 3 – Concentrar a atenção nos melhores clientes: recomenda-se

conhecer os melhores clientes. Eles representam uma fatia grande do marketing

share1 ou do mercado.

1 Market Share significa participação de mercado ou a fatia ou quota de mercado que uma empresa tem no seu segmento ou no segmento de um determinado produto ou serviço.

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Etapa 4 – A Delegação de Poderes: todo o potencial humano precisa ser

liberado para fazer com que a retenção realmente aconteça. A administração deve

atuar como facilitadora dos esforços em toda a organização; sair do caminho para

que outros façam ou continuem essa estratégia de relacionamento com clientes.

Etapa 5 – Manter satisfeitos os clientes internos: Muitos colaboradores

não se veem ligados ao cliente externo. A maioria, também, não se sente conectada

internamente. O cliente interno não sintonizado com a empresa também não estará

sintonizado com o cliente externo. Da mesma forma que, não havendo harmonia

entre os clientes internos, o cliente externo acabará sendo atingido e não ficará

retido.

2ª Parte – Compromisso Organizacional

Etapa 6 – Errar é humano, recuperar um cliente é divino: perfeitos só

existem na fantasia. Mas, pesquisas provam que clientes que tiveram seus

problemas solucionados se mostraram mais fiéis do que clientes simplesmente

satisfeitos.

Etapa 7 – Manter-se em contato: vendeu e esqueceu o cliente? Essa

atitude distancia e não ajuda na retenção. É preciso manter contato, saber se ficou

ou não satisfeito. Lembre-se, você também é consumidor. E sabe o quanto é bom

ser lembrado. Seja rápido, procure seu cliente, saiba como se sente em relação ao

ato de compra que realizou, escute mais e fale menos.

Etapa 8 – Manter contatos imediatos de “quarto grau” com os clientes:

Quanto mais produtos da organização o cliente possuir, ou seja, vendas cruzadas,

mais o cliente se sentirá ligado à empresa e mais ainda se sentirá fidelizado,

mantendo assim um importante processo de retenção.

3ª Parte – Integração organizacional

Etapa 9 – Lidere, siga, ou saia do caminho: os gestores lideram pela

ação, sacudindo a poeira e se envolvendo. Deve esquecer atitude distante adotada

na cadeira de executivo, arregace as mangas e se misture com os colaboradores e

clientes.

Etapa 10 – Todos são responsáveis: o uso efetivo do poder implica senso

de responsabilidade e compreensão de suas limitações. É fundamental entender

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que o diálogo dentro da equipe é de extrema importância e que delegar poderes

melhora a eficiência e a eficácia nos resultados de retenção. Divisão de

responsabilidade obriga a se envolver. Por isso mesmo, o cliente interno é

fundamental no processo de retenção.

Etapa 11 – Reconhecer um bom trabalho: o dinheiro não é o único fator

de motivação dentro das empresas. Premiar, reconhecer e incentivar são

fundamentais para o bom resultado da retenção do cliente.

Etapa 12 – O que funciona hoje poderá não funcionar amanhã: o

marketing de retenção aplicado a clientes já existentes significa aceitar que tentativa

e erro, geralmente, são as únicas formas de melhoria contínua.

Figura 5 - Etapas do modelo do planejamento de retenção do cliente

(abordagem prática)

Fonte: Elaboração própria a partir de Bogmann (2000).

Você pode perceber que o processo de retenção não é fácil, é árduo,

trabalhoso e exige muito empenho de toda a equipe. O modelo apresentado é

básico e válido para qualquer tipo de empresa, mas requer adaptações para ser

aplicado a essa determinada organização, afirma Bogmann (2000).

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Cliente fiel é muito mais barato que cliente novo, não é por esse motivo,

porém, que se devem descartar novos clientes. Entretanto, se não é possível reter

clientes antigos, também não será possível reter clientes novos.

Bem! Acreditamos que o que você viu anteriormente pode lhe dar ideia ou

despertar muitas a respeito de como começar um processo de implantação de

estratégias de relacionamento com clientes. Aprofunde seus conhecimentos lendo

os livros dos autores que vamos citando ao longo desse material. Nada se constrói

sem esforço e dedicação.

O uso de Cartões de fidelização associados a descontos nos preços é uma

estratégia interessante para começar a construção de bons relacionamentos com os

clientes, pois, o cliente pode sentir-se como parte da empresa, não apenas um mero

comprador.

Outros tipos de tecnologia que podem afetar positivamente as relações com

clientes incluem sistemas de clientes on-line e telefone de serviços, bem como a

utilização criteriosa dos meios de comunicação social.

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Exercício 1

1. Indique a qual alternativa está relacionado o enunciado a seguir: “envolve

a utilização de tecnologia entregando níveis de serviço diferenciados a

clientes e, subsequente, rastreando o relacionamento”:

a) Marketing de banco de dados.

b) Marketing de interação.

c) Marketing de rede.

d) Marketing multinível.

e) Marketing religioso.

2. É “comum no contexto business-to-business em que empresas alocam

recursos para desenvolver posições em uma rede de comunicações com os

envolvidos e órgãos governamentais relevantes”. Esta é uma afirmativa

relacionada a:

a) Marketing de banco de dados.

b) Marketing de interação.

c) Marketing multinível.

d) Marketing de rede.

e) Marketing religioso.

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UNIDADE 2 - GESTÃO DE RELACIONAMENTO COM CLIENTES -

CRM

Como vimos o tema relacionamento com cliente deve ter origem no

planejamento estratégico de marketing, com a finalidade de manter uma relação

duradoura com o cliente e aumentar a lucratividade da empresa.

Uma dessas estratégias, a gestão do relacionamento com o cliente ou

Customer Relationship Management (CRM) está intimamente ligada ao

compartilhamento e reutilização de relacionamento, visando um aumento na

produtividade das pessoas e, consequentemente, da organização. (MEDEIROS,

2002).

As facilidades proporcionadas com as novas tecnologias e com as vantagens

da internet (integração dos canais online, redução de custos operacionais,

automatização dos processos, dentre outras) fizeram com que a gestão de

relacionamento com clientes – CRM tomasse definitivamente o lugar do produto, se

posicionando como centro de atenção das empresas.

Antes dos anos 60, o varejo e mesmo a produção, em alguma extensão, eram

praticadas em uma base individual, lembre-se das mercearias e armazéns. As

empresas tinham orgulho em manter relacionamentos especiais e duradouros com

seus clientes. Tais relacionamentos

mantinham os clientes fiéis às

empresas. Nos anos 60, 70 e 80, esses

relacionamentos individuais parecem ter

sido sacrificados em favor da produção

de massa e distribuição (VAVRA, 1993,

apud KOTLER, 2008). Nascem os

shoppings, super e hipermercados,

atacados atendendo o consumidor final

e intermediários.

Fonte: http://migre.me/fPE9d

Page 33: Estrategias de Relacionamento

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A Gestão de Relacionamento com Clientes, segundo Teixeira (2003), tornou-

se conhecida no mercado brasileiro no final da década de 90, devido a um esforço

de vendas das empresas de software.

Desde então, para muitos profissionais, CRM passou a ser sinônimo de

programa (software) ou ferramenta de processo. Entretanto, limitar o CRM a

sistemas e ferramentas de processo é uma visão distorcida da Gestão de

Relacionamento com Clientes, que ainda atinge empresas de porte diferenciado.

Softwares, para Teixeira (2003), são apenas facilitadores de toda uma cadeia

de valor que integra, além de sistemas, processos, organização, pessoas e cultura

empresarial.

Isso levou muita gente a, erroneamente, pensar que Gestão de

Relacionamento com Clientes - CRM seja tecnologia, mas não é tecnologia. O

grande desafio é definirmos com precisão o que realmente significa esta sigla tão

utilizada ultimamente em todo mundo.

2.1 O que é o CRM (Customer Relationship Management)?

Nesta parte vamos abordar o conhecido CRM - Customer Relashionship

Manangement, que traduzindo significa Gestão de Relacionamento com Clientes.

Nossa intenção é que, ao final do estudo deste

item, você tenha conhecimentos suficientes sobre o seu

significado, seus conceitos e definições. Embora sejam

muitos, vamos nos pautar em alguns autores mais atuais

e referendados.

De acordo com Silva e Zambom (2011), o CRM é

uma estratégia de negócios que visa entender, antecipar

e administrar as necessidades dos clientes atuais e

potenciais de uma organização.

Fonte: http://migre.me/fPE8P

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Segundo dois de seus grandes pensadores, Rogers e Peppers (2000), a

filosofia de negócios CRM sugere “tratar clientes diferentes de forma diferente”. Em

seu livro CRM na Velocidade da Luz, Greenberg (2001), define CRM como “uma

estratégia disciplinada de negócios, voltada a criar e sustentar relações lucrativas de

longo prazo com os clientes”.

Independentemente do autor, podemos constatar uma linha de pensamento

comum: todos falam da importância da construção de um consistente

relacionamento entre empresa e cliente. E todos também concordam com o fato

deste relacionamento ter a função principal de construir uma relação de aprendizado

focada nas necessidades do cliente.

Resumindo as definições de tantos profissionais e fontes que dominam o

assunto, fica claro para Greenberg (2001), que CRM é uma estratégia de negócio e

que a tecnologia é fundamental para sua efetiva viabilização.

Lembre-se, estamos tratando sobre estratégias de relacionamento com o

cliente. A Gestão do Relacionamento com o Cliente ou Customer Relashionship

Manangement - CRM é uma forma de gestão que integra tecnologia e marketing,

reunindo o máximo de informações sobre os clientes e gerenciando essas

informações de modo a transformá-las em relacionamentos positivos, tornando

possível que a empresa possa proporcionar um atendimento personalizado, de

forma a criar um diferencial competitivo no seu negócio, onde as técnicas do

marketing de relacionamento deverão estar presentes, bem como a participação de

todos os colaboradores. O CRM deve estar integrado com todas as atividades

existentes dentro e fora da empresa (MELO, 2009).

Significa, para Lovelock e Wright (2011), todo o processo de desenvolvimento

e manutenção de relacionamentos com clientes.

Swift (2001), define CRM como “uma abordagem empresarial destinada a

entender e influenciar o comportamento dos clientes por meio de comunicações

significativas para melhorar as compras, a retenção, a lealdade e a lucratividade”.

Em uma visão tecnológica, Bretzke (2000), afirma que CRM é uma tecnologia

que permite capturar os dados do cliente e de todos os seus contatos e transações,

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consolidá-los em um banco de dados central, além de analisar e promover o uso

inteligente da informação a cada contato.

O CRM auxilia também as empresas em suas estratégias de go to market ou

de ida ao mercado com maior rapidez e qualidade, em relação aos seus

concorrentes (CARVALHO; NEVES, 2001).

A mídia social é um exemplo de CRM com evolução da tecnologia existente.

Embora a mídia social não é típica de modelos de gestão de clientes de

relacionamento, os sites podem ser vistos como bancos de dados interativos cheios

de informações do cliente.

Segundo Medeiros (2002), as Mídias Sociais também favorecem o Marketing

de Relacionamento, apoiando seus objetivos que são gerar interatividade com o

consumidor, personalizar o produto ou serviço, memorização dos usuários,

receptividade em ouvir o consumidor e orientação para o cliente, já que torna

possível monitorá-lo.

Para uma melhor compreensão, segue abaixo a definição apresentada por

Cipriani (2011), para mídias sociais e redes sociais, termos que muitas vezes

acabam confundindo os usuários da internet. Cipriani (2011, p.05), define mídias

sociais como:

Ferramentas que permitem a formação de discussões entre as pessoas e empresas na rede. Elas promovem vida em comunidade e cooperação, possibilidade de alterar ou misturar criações de terceiros, melhor experiência on-line, diversão, educação, controle e domínio do que queremos buscar ou usar, abrindo espaço para assuntos muitos específicos e colocando o usuário em primeiro lugar e no centro das atenções.

Cipriani (2011, p.05), define redes sociais como:

É um dos tipos de ferramentas oferecidas pela plataforma web 2.0 e que constituem um dos melhores e mais conhecidos exemplos de mídia social. Facebook, Orkut, MySpace, Twitter são os exemplos mais populares de redes sociais, que podem ser definidos como qualquer plataforma que permita as pessoas se concentrarem mantendo listas estáveis ou não de relacionamentos para interagir com outras pessoas.

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Conforme apontado por Cipriani (2011), paradoxalmente, as mídias sociais

são mais complexas do que as empresas imaginam. A forma como elas são vistas e

divulgadas passa uma ideia de que resultados rápidos, eficientes e sem esforço são

inerentes a ela, mas a verdade é outra. As redes muitas vezes são vistas como uma

extensão da capacidade de formar comunidades e laços de amizade, no entanto,

muitas empresas ainda pensam que as mídias sociais são apenas mídias e não

plataformas de relacionamento.

2.2 CRM como negócio centrado no cliente

Mais do que nunca, no difícil ambiente empresarial em que vivemos, as

empresas mais eficientes estão hoje concentradas nos seus ativos mais valiosos: os

clientes.

Desta forma as empresas procuram preservar os seus melhores clientes e

maximizar a eficácia de cada interação com estes; seja no âmbito das vendas, do

serviço ou do marketing.

Customer Relationship Management (CRM) não só pode ajudar a alcançar os

imperativos de curto prazo (ou seja, reduzir custos e aumentar a capacidade de

tomada de decisões), como ajuda a empresa a alcançar capacidades diferenciadas

que lhe permitirão competir eficazmente a longo prazo.

CRM liga os empregados, parceiros, processos e tecnologia num ciclo

fechado de interação com o cliente, para que possa converter os possíveis clientes

em clientes efetivos, e os clientes efetivos em clientes frequentes.

Esta solução oferece funcionalidades de acordo com o ciclo de vida de um

cliente, fornecendo características e funções necessárias para gerir as atividades de

marketing, vendas, serviços, análises, aplicações, centros de contacto, comércio

eletrônico e parceiros de canal.

CRM permite também verificar a disponibilidade em tempo real, gerir

contratos e cobranças, avaliar o desempenho e acompanhar as encomendas. E dá

as características e funções necessárias para o planejamento de marketing, gestão

de campanhas, telemarketing, gestão de oportunidades e segmentação de clientes.

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Além disso, permite prestar apoio ao cliente através de todos os canais -- seja

utilizando um centro de interação com o cliente, funcionalidades de self-service,

gestão de serviços e reclamações, etc.

Significa todo o processo de desenvolvimento e manutenção de

relacionamentos com clientes.

2.3 Tipos de tecnologia de CRM

Há, basicamente, três categorias principais de CRM: operacional, colaborativo

e analítico. Vamos, de forma sintética descrevê-los a seguir.

2.3.1 CRM operacional

Os aspectos operacionais da gestão de relacionamento com o cliente

envolvem processos que proporcionam a interação direta entre o cliente e um

especialista em atendimento ao cliente. Muitos destes processos são métodos, como

nas visitas do site por parte do cliente, contatos por telefone e cartas e outros

impressos que são trocados entre o cliente e o suporte ao cliente pessoal. Hoje,

esses meios vitais de comunicação como e-mail, áudio e videoconferência, e

mensagens instantâneas também fornecem esta ligação direta entre o cliente e o

especialista de suporte.

2.3.2 CRM colaborativo

Trata-se do centro de comunicação, da rede de coordenação que fornece os

caminhos para clientes e fornecedores. Abrange as funções de CRM que proveem

pontos de interação entre cliente e canal.

Métodos colaborativos de gestão de relacionamento com o cliente permitem o

contato direto entre o cliente e a empresa, mas não incluem a presença da equipe

de apoio ao cliente. Estes métodos podem incluir o acesso automático on-line do

cliente para a sua informação de conta, a capacidade de encomendar novos

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produtos de serviços online, e para enviar alterações para informações sobre a

conta, usando ferramentas automatizadas fornecidas pelo vendedor.

Geralmente, essas ferramentas estão disponíveis para uso a qualquer hora,

tornando possível que um cliente gerencie o relacionamento em seu próprio tempo.

2.3.3 CRM analítico

É aqui que ocorrem a captação, armazenagem, extração, processamento,

interpretação e apresentação dos dados do cliente a um usuário.

O aspecto analítico da gestão de relacionamento com o cliente tem a ver com

a análise sistemática de dados de clientes.

Este é um processo interno, e não envolve inicialmente a interação com o

cliente. Em vez disso, usam-se dados históricos sobre os padrões de compra do

cliente, incluindo os bens ou serviços comprados e em que períodos, para

determinar se há algum tipo de novo produto ou serviço que o fornecedor pode

desenvolver e oferecer ao cliente. Analisar o uso passado da base de clientes, em

geral, também pode ajudar a empresa a desenvolver novas estratégias para educar

os clientes existentes sobre outros produtos que podem ser de interesse, o que pode

traduzir-se em laços adicionais de lealdade entre o fornecedor e o cliente.

.

2.4 Aplicações do CRM

As aplicações do CRM, segundo Lovelock e Wright (2011), abrangem:

a) Coleta de dados

b) Análise de dados

c) Automação da força de vendas

d) Automação do marketing

e) Automação da central de atendimento

Algumas questões fundamentais são pontuadas por Lovelock e Wright

(2011), no processo de estratégias de relacionamentos com clientes com sistemas

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CRM:

a) Como a nossa proposição de valor deve mudar para aumentar a fidelidade

do cliente?

b) Que níveis de customização ou marketing one-to-one são adequados e

lucrativos?

c) Qual é o potencial de lucro incremental do aumento de participação na

carteira de nossos clientes atuais? Como esse potencial varia por classe

e/ou segmento de clientes?

d) Quanto tempo e recursos podemos alocar ao CRM imediatamente?

Se acreditamos em CRM, por que não tomamos mais providências nesse

sentido no passado? O que podemos fazer hoje para desenvolver relacionamentos

com clientes sem gastar em tecnologia?

2.5 As quatro estratégias para implantação do CRM (IDIP)

Existem quatro estratégias básicas para a implantação de um programa de

CRM, que se identificam pelos verbos: Identificar, Diferenciar, Interagir e

Personalizar, Você pode memorizar e lembrar através da sigla IDIP, (PEPPERS;

ROGERS, 2003).

Vamos, resumidamente, apresentar essas estratégias. Veja antes a Figura 6

para ter uma visão ampliada do que estamos expondo, sempre tendo o cliente como

centro de tudo.

Figura 6 - As quatro estratégias para implantação do CRM (IDIP)

Fonte: Peppers & Rogers (2003)

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2.5.1 Identificar

O primeiro passo para se implantar uma iniciativa de CRM com os clientes é

identificar cada tipo de cliente. Por exemplo, utilizando-se do Banco de dados, ERP

(Enterprise Resource Planning ou planejamento de recursos empresariais).

2.5.2 Diferenciar

Os clientes podem ser diferenciados, como estratégia de relacionamento com

clientes, pelo nível de valor desses clientes, há os que valem mais e outros que não

são interessantes para a empresa (PEPPERS; ROGERS, 2003, 2001).

Segundo Peppers, Rogers e Dorf (2001), o valor real do cliente é o valor que

este tem em toda sua história transacional com a empresa, as referências que ele

fez e que se transformaram em vendas. Assim, o valor pode ser medido em termos

reais (lucratividade proporcionada pelo cliente ao longo de sua relação com a

empresa) ou em termos potenciais (lucratividade dos negócios futuros que o cliente

pode realizar com a empresa).

Sobre valor do cliente veja a seguir esses aspectos importantes.

Cliente de Maior Valor (CMV). Aqueles clientes com o Valor Real mais

alto para empresa, os que fazem a maior parte dos negócios, geram as

mais altas margens, são mais predispostos a cooperar e tendem a ser os

mais fiéis. Os CMVs são aqueles nos quais a empresa tem a mais alta

participação (share of customer).

Clientes de Maior Potencial (CMP). Aqueles clientes nos quais o

Valor Potencial do cliente excede muito o Valor Real. São os clientes que

têm o maior potencial de crescimento; crescimento que pode ser

alcançado por meio de vendas cruzadas, da manutenção do cliente por

um longo período de tempo ou talvez pela alteração do comportamento

dele, fazendo-o operar de uma maneira que custe menos para a empresa.

Clientes Abaixo de Zero (BZ - Below Zero). Clientes nos quais o

custo da atenção é maior que seu valor real e potencial, ou seja, são

clientes que dão prejuízo para a empresa. Um BZ pode ser, por exemplo,

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alguém que aceita muitos serviços gratuitos, mas não gera receita

suficiente para pagar esses serviços. Veja se você lembra uma situação

ou casos de clientes que só dão prejuízo para a empresa. Pode ser

também alguém que reclamou de algo, mas cuja reclamação nunca foi

resolvida e, portanto, não faz mais negócios com a empresa. Essa pessoa

não somente vale zero nessa conta, na verdade tem valor abaixo de zero,

pois irá prejudicar a reputação da empresa, falando mal dela para outros

clientes.

Vamos apresentar a ilustração abaixo como forma de você gravar melhor

essas ideias.

Figura 7 - Diferentes clientes por valor

Fonte: Adaptado de Peppers & Rogers Group (2003)

2.5.3 Interagir

Conhecidos os clientes de maior valor e maior potencial, a empresa precisa

incentivar esses clientes a interagir com a empresa. A interação, terceira estratégia

de implantação do CRM, é a única forma de conhecer cada vez mais os clientes.

Há diversos recursos para isto:

AUMENTAR

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voz: forte interação através do Call Center, com recursos de Unidade

de Resposta Audível (URA), Reconhecimento de Voz, etc...;

web: permite customizar produtos e serviços de acordo com perfil do

cliente, processos de captura e posição de pedidos, campanhas de

marketing direcionadas, estatísticas de “click”, etc.;

e-mail: canal de comunicação muito efetivo se bem administrado;

fax e carta: ainda muito utilizados, requer maior esforço na

administração e coleta dos dados;

visita: contato pessoal onde a interação é mais intensa, pode estar

suportada por Lap/Palm Tops, WAP, Coletores, etc.

Chat - Comunicação escrita via web de baixos custos, porém mais

lenta comparativamente.

Voz/Imagem IP - Internet Protocol - Comunicação barata e em

processo evolutivo.

2.5.4 Personalizar

Identificados os clientes, diferenciados por valor, feitas as interações com os

mesmos, há necessidade de personalizar para atender às necessidades individuais

expressas pelos clientes, e criar assim um incentivo para que o cliente mantenha

uma relação de aprendizado com a empresa. (PEPPERS; ROGERS, 2001).

A personalização, para Peppers and Rogers Group (2003), é algo bem

simples quando se conhecem as necessidades e as preferências do cliente. Isso

exige muita flexibilidade da empresa e treinamento adequado das pessoas que têm

contato com ele. Elas devem estar preparadas para mudar seu comportamento de

acordo com cada cliente.

A partir do conhecimento das necessidades dos clientes, a empresa deve

personalizar seus serviços e produtos para fazer com que a experiência de fazer

negócios com a empresa seja única. Quanto mais a empresa personaliza, mais valor

entrega ao cliente, que vê conveniência em continuar com a empresa, afirmam os

autores.

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A organização deve criar um ciclo de personalização e retroalimentação para

que cada vez mais possa, entendendo o cliente, fornecer o que ele espera e na

forma que ele espera. Deve ainda, adequar a mensagem e o diálogo à forma

preferida pelo cliente.

Vamos, através da imagem abaixo, ainda com foco no valor do cliente, avaliar

o sistema de atribuição de canais de comunicação de acordo com o valor de

segmentos apresentado por Peppers & Rogers Group (2003).

Figura 8 - Valor de cliente e medidas empresariais

Fonte: Adaptado de Peppers & Rogers Group (2003)

Veja, ilustrativamente, um exemplo de como o CRM pode aumentar a

rentabilidade da empresa através da identificação dos diversos tipos de clientes

desde a análise do perfil de potenciais clientes até o cliente fiel.

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Figura 9 – Tipos de clientes e a rentabilidade da empresa

Fonte: http://www.papsolutions.com.br/

2.6 Principais características do CRM

Algumas empresas de tecnologia abordam sobre as características do CRM,

veja essas, do ponto de vista do uso da tecnologia, citadas pela SAP:

Marketing, vendas e serviço: proporciona o alinhamento com

processos de marketing, desenvolve e mantém relacionamentos

lucrativos e melhoram as operações de serviço;

Centro de Contato: cria canal de entrega estratégico para esforços de

marketing, vendas e serviço ao cliente. Algumas empresas utilizam a

denominação de Central de Relacionamento;

Funções analíticas: facilita ganhos de visibilidade em tempo real dos

indicadores chaves de desempenho, utilizando funções analíticas

incorporadas;

Funcionalidades fáceis de utilizar: permite que os colaboradores

adaptem rapidamente a tecnologia às suas necessidades;

CRM e integração do ERP: enquanto sistemas integrados simplificam

a estrutura de TI da empresa.

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2.7 Exemplos de funcionalidades chaves de CRM

Veja o que uma conceituada empresa de tecnologia, SAP, apresenta como

funcionalidades chaves do Customer Relationship Management (CRM) em uma

empresa que utiliza desse recurso como estratégia e relacionamento com o cliente:

Marketing: melhora a eficiência das atividades de marketing com

funcionalidades de planejamento, gestão de campanhas, gestão de oportunidades,

análise, segmentação de clientes, personalização e gestão de promoções.

Além disso, o CRM pode alinhar os processos de marketing, promover a

procura dos clientes e aumentar o ROI (retorno do investimento) do marketing,

utilizando uma funcionalidade que ajuda a gerir melhor os recursos de marketing,

planos de marketing, campanhas e oportunidades.

Vendas: otimiza todos os canais de vendas com funcionalidades para

planejamento e previsão de vendas, gestão organizacional e territorial, gestão de

contas e contatos, gestão de atividades, de listas de preços, gestão de encomendas

e quotizações, gestão de contratos e gestão de incentivos e comissões.

Serviço: proporciona explorar a potencial rentabilidade dos serviços com

funcionalidades para serviços multicanal, planejamento e otimização de recursos,

gestão de operações, planejamento e previsão de serviços, serviço e suporte ao

cliente e serviços profissionais.

Promove as receitas e a rentabilidade dos serviços com uma funcionalidade

que ajuda a gerir melhor os pedidos de serviço, ordens de serviço, contratos,

reclamações e devoluções, ativos de base instalada, garantias, planejamento de

recursos e registro de tempos.

Centro de contato: Maximiza a fidelidade dos clientes, corte nos custos e

aumenta a receita transformando o centro de contato com clientes num canal de

entrega estratégico para esforços de marketing, vendas e serviços, em todos os

pontos de contato. Proporciona uma melhor gestão das atividades como o e-mail, o

telemarketing, as televendas, o apoio ao cliente e a assistência de TI.

Análise: auxilia na avaliação da performance do negócio com um vasto leque

de funcionalidades analíticas sobre clientes, marketing, vendas, serviços e canais de

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interação. Obtém visibilidade em tempo real dos indicadores-chave de desempenho,

para vendas, serviços e marketing a partir de painel de informações (dashboards) e

relatórios incorporados.

Suporte móvel: ajuda a expandir o alcance da solução CRM com funções

móveis para suportar as vendas e os serviços em campo.

Comércio eletrônico: colabora na transformação da Internet num canal

rentável de vendas, com funcionalidades de e-marketing, e-selling, e-service e e-

analytics.

Gestão e operação do centro de interação: facilita a performance do centro

de interação com funções para gerir o telemarketing, as televendas e os serviços

dentro do centro de interação, e ainda funcionalidades para um centro de interação

focado no colaborador.

Gestão de canal: pode ainda otimizar os canais indiretos com

funcionalidades para gestão e análise de parceiros, marketing de canal, vendas de

canal, serviço de canal e comércio de canal.

Esses exemplos de funcionalidades foram extraídos do sistema CRM SAP

(2013) (http://www.sap.com)

2.8 Benefícios do CRM para o Negócio

De acordo com Kotler (1998), as principais recompensas do CRM são:

Encorajar um uso maior do produto

Efetuar vendas cruzadas de mais produtos

Vender upgrades

Customizar as ofertas

Avaliar lucratividade dos clientes

Melhorar o relacionamento com os clientes

Atingir os melhores prospects.

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Você pode perceber que o que foi apresentado na unidade 2 sobre CRM

completa o que foi dito na Unidade 1. Nesta unidade procuramos enfatizar a gestão

de relacionamento com o cliente - CRM em seu aspecto aplicativo e operacional. E

como envolvem aspectos relacionados com a tecnologia, a cada dia você poderá

encontrar novas ideias e aplicações.

Exercício 2

1. Qual das alternativas NÃO constitui categoria principal do Customer

Relationship Management (CRM)?

a) Operacional

b) Sintético

c) Cooperativo

d) Colaborativo

e) Analítico

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UNIDADE 3 - GESTÃO DE CONFLITOS E RECLAMAÇÃO DE

CLIENTES

Nesta unidade vamos apresentar ideias importantes para que você possa,

como gestor, implantar ou implementar estratégias de relacionamento com clientes

no aspecto relacionado com os conflitos com clientes e notadamente questões

específicas sobre reclamações.

Nosso objetivo é que você possa identificar o significado e a importância das

reclamações, identificar e conhecer comportamentos e atitudes que promovam a

satisfação do cliente, entender o uso das reclamações como fonte de melhoria para

a organização, assim como tomar ciência de como você poderá desenvolver e

implementar um Sistema de Gestão de Reclamações, de acordo com a Norma NP

ISO 10002:2007, NBR ISO 10002:2005, entre outras.

A seguir você vai conferir sobre satisfação, os conceitos e definições de

reclamações, os motivos das reclamações, as vantagens e desvantagens das

reclamações, assim como as linhas de orientação para a gestão de reclamações, os

princípios orientadores e operação do processo de tratamento de reclamações.

Todo o consumidor tem o direito de reclamar para ver satisfeitas as suas

necessidades, atitude necessária para quem quer prosperar num ambiente

empresarial globalizado, sob as fortes influências das tecnologias de comunicação e

informação em um contexto cada vez mais competitivo.

3.1 Satisfação, insatisfação e sistemas de reclamações e sugestões

Todos sabemos que uma organização centrada no cliente facilita o

recebimento de sugestões e reclamações, fazendo uso de uma metodologia ou

sistema próprio para isso.

Muitos hotéis e restaurantes oferecem formulários para que seus clientes

relacionem os itens de que gostaram e de que não gostaram. Algumas empresas

centradas no cliente criaram sistemas de ligações gratuitas. Há ainda empresas que

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estão aderindo a páginas web e e-mail para facilitar a recepção e respostas das

comunicações. Esses fluxos de informação oferecem muitas boas ideias às

empresas e permitem que elas ajam com rapidez para solucionar problemas.

Há muitos fatores que podem contribuir para a insatisfação do cliente. Um

dos mais comuns é a insatisfação com o negócio. Por exemplo, os clientes podem

parar a compra em uma empresa, porque

eles se sentem desprezados pela

empresa ou por causa do mau serviço ao

cliente.

A reclamação, para Firmino

(2011) surge, quando algo acontece de

forma bem mais complexa do que uma

simples reação à insatisfação.

Fonte: http://migre.me/fPE7K

Ao abordar a reclamação, Spiller et al (2006), afirmam que é imprescindível

compreender o motivo da reclamação ou da resistência do consumidor. Essa é uma

tarefa que exige empatia e compreensão. Uma vez identificado o problema, é

preciso conceber medidas que possibilitem resolvê-lo sem que o cliente se sinta

ainda mais prejudicado.

Estudos recentes na área dos Serviços sugerem que a reclamação deverá

ser vista como um processo que ocorre quando incidentes críticos negativos são

experimentados na interação entre as partes (TRONVOLL, 2007, apud FIRMINO,

2011).

Assim, a reclamação nasce quando se verifica que a experiência negativa

situa-se fora da zona de aceitação do cliente e pode ser suscitada por diferentes

fatores, tais como a interação tida com o cliente ou o serviço que lhe foi prestado.

Por sua vez, quando uma reclamação ocorre, afirma Paulo (2011), significa

que as expectativas do Cliente não foram atingidas; existe um problema na

qualidade dos produtos/serviços; houve má percepção por parte do Cliente; o

Cliente quer um reembolso em garantia, preço mais baixo ou uma compensação; há

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desconhecimento dos sentimentos do Cliente; o Cliente quer ajudar a organização a

melhorar.

Na concepção de Kotler (1998), satisfação "é o sentimento de prazer ou de

desapontamento resultante da comparação do desempenho esperado pelo produto

(ou resultado) em relação às expectativas da pessoa". Essas expectativas são

formadas e influenciadas por experiência anterior de compra, recomendações de

amigos, informações e promessas da empresa.

De acordo com Berry & Parasuraman (1995), a confiabilidade do serviço é o

coração da excelência do marketing de serviços. A organização “quando deixa de

cumprir promessas sedutoras feitas para atrair clientes, ela estremece a confiança

do cliente em suas capacidades e abala suas chances de obter reputação pela

excelência do serviço. Do ponto de vista do cliente, a prova de um serviço é sua

realização impecável”. Veja, portanto, que é importante que o serviço seja feito

corretamente da primeira vez.

Ao tratar sobre o assunto satisfação do cliente, a NP EN ISO 9001:2008

afirma a necessidade de assegurar que a Organização monitore a informação

relativa à percepção do cliente, quanto ao cumprimento dos seus requisitos.

Essa Norma destaca que as organizações focadas no cliente devem ter

consciência da percepção do cliente em relação ao fato dos seus produtos

cumprirem ou não os requisitos. Isso serve para permitir que os resultados ou

tendências desfavoráveis desencadeiem ações corretivas e melhoria contínua e que

os resultados favoráveis possam ser utilizados para promover melhorias no produto

ou serviços.

A NP EN ISO 9001:2008 define que “a organização deve monitorar a

informação relativa à percepção do cliente quanto à organização ir ao encontro dos

seus requisitos”, devendo determinar os métodos para obter e utilizar esta

informação. A realização de inquéritos de satisfação dos clientes é um modo muito

frequente para obter informação sobre o cliente. Embora não seja único nem

obrigatório, pode proporcionar informação importante para a estratégia competitiva

da organização no relacionamento com o cliente.

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A definição de satisfação do cliente, de acordo com a NP EN ISO

9000:2005, é: “Percepção do cliente quanto ao grau de satisfação dos seus

requisitos”.

Mesmo que os requisitos dos clientes tenham sido acordados e satisfeitos,

isso não assegura necessariamente um nível elevado de satisfação do cliente. (NP

EN ISO 9001:2008).

Assim, Kotler (1998), sugere quatro diferentes fontes para se rastrear e

mensurar a satisfação do cliente:

Sistemas de reclamações e sugestões: consiste em a empresa

tornar disponíveis formas de contato direto com o cliente por meio de,

por exemplo, questionários ou linha telefônica;

Levantamento dos níveis de satisfação do cliente: consiste na

realização periódica de pesquisa para auferir de forma direta o nível de

satisfação do cliente;

Compra fantasma: consiste na contratação de pessoas para que

realizem compra na empresa ou entrem em contato com ele para

efetuar alguma reclamação, com o objetivo de se verificar a reação e a

forma de resolução dos problemas apresentados;

Análise de clientes perdidos: consiste na busca de informações,

junto aos ex-clientes, que possibilitem a aferição dos pontos negativos

da empresa.

Podemos chegar à conclusão de que as reclamações dos clientes

constituem um indicador de baixo nível de satisfação de clientes, mas a sua

ausência não implica necessariamente um elevado nível de satisfação de clientes.

O comportamento do consumidor numa reclamação pode ser definido como

“um conjunto de múltiplas respostas (comportamentais e não comportamentais), em

que algumas das quais ou a sua totalidade, são desencadeadas por uma percepção

de insatisfação com um determinado episódio de compra” (SINGH, 1988, apud

ROSÁRIO, 2009).

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3.2 As normas de qualidade e o tratamento das reclamações

A ABNT NBR ISO 10002 fornece orientação para o projeto e a implementação

de um processo eficaz e eficiente de tratamento de reclamações para todos os tipos

de atividades comerciais e não comerciais, incluindo aquelas relacionadas ao

comércio eletrônico.

A norma pretende beneficiar a organização e seus clientes, reclamantes e

outras partes interessadas e especifica termos e definições sobre o assunto. É

importante conhecermos, pois, essas normas são pouco acessíveis ao público de

um modo geral, incluindo as empresas.

Reclamante: pessoa, organização ou representante desta, que faz uma

reclamação;

Reclamação: expressão de insatisfação feita a uma organização, relativa a

seus produtos, ou ao próprio processo de tratamento de reclamações, para a

qual explicitamente ou implicitamente espera-se uma resposta ou resolução;

Cliente: organização ou pessoa que recebe um produto, por exemplo:

consumidor, cliente, usuário final, varejista, beneficiário e comprador;

Satisfação do cliente: percepção do cliente do grau em que os seus

requisitos foram atendidos;

Serviços ao cliente: interação de uma organização com o cliente durante

o ciclo de vida do produto;

Retorno: opiniões, comentários e expressões de interesse sobre produtos

ou processo de tratamento de reclamações;

Parte interessada: pessoa ou grupo que tem interesse no desempenho ou

no sucesso de uma organização.

Maiores informações sobre orientações e a implementação de um processo

eficaz e eficiente de tratamento de reclamações, apresentado pelas normas da

International Standard Organization - ISO serão estudadas mais adiante.

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Se fizermos a pergunta: Qual o valor das reclamações dos clientes? Paulo

(2011), responde com as seguintes proposições positivas para a organização:

Oportunidade para a melhoria dos produtos

Valorização dos clientes

Aumento da credibilidade da empresa

Fortalecimento da imagem

Conquista da fidelidade dos clientes

Os efeitos de um tratamento de reclamação eficaz, na concepção de Paulo

(2011), são benefícios para o cliente e para a organização. Veja a Figura abaixo,

que explicita tais vantagens.

Figura 10 – Reclamação e os benefícios para o cliente e para a organização

Fonte: Paulo (2011)

Podem existir centenas de tipos de reclamações diferentes por parte dos

clientes. Veja alguns exemplos de tipos de reclamações apresentadas. Você

consegue completar o quadro com algumas que você conhece ou vivenciou?

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Quadro 6 – Exemplos de tipos de reclamações

• Cobrança indevida • Garantia de produtos

• Defeito ou má qualidade • Demora no atendimento das reclamações

• Não conformidade • Propaganda enganosa

• Descumprimento da oferta • Falta de resolução das solicitações

• Atrasos na entrega • Demora no atendimento

• Pedidos incompletos • Desacordo com as normas contratuais

O Brasil é um país exemplo de regulamentação a respeito das relações de

consumo. O Código de defesa do consumidor, Lei n. 8.078/1990, prevê a existência

de bancos de dados e cadastros de consumidores. Determina, ainda, que os órgãos

públicos de defesa do consumidor mantenham cadastros atualizados de

reclamações fundamentadas contra fornecedores de produtos e serviços, devendo

divulgá-los pública e anualmente.

A divulgação indicará se a reclamação foi atendida ou não pelo fornecedor.

Além disso, faculta o acesso às informações para orientação e consulta por qualquer

interessado.

Você quer descobrir quais são as empresas com maiores índices de

reclamações? Consulte sites de algumas organizações com sites de reclamações

pela Internet, amparadas pela legislação de defesa do consumidor.

Não obstante, as reclamações dos clientes podem gerar contribuições

importantes para a organização. Veja o que Paulo (2011), aponta como pontos

positivos das reclamações:

Exemplos de sites de reclamações para os consumidores insatisfeitos

www.reclameaqui.com.br www.reclamao.com www.nuncamais.net www.denuncio.com.br

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Destacam áreas e setores que precisam ser melhorados.

Identificam procedimentos que causam transtorno ao cliente.

Revelam informações que estão faltando ou que estão erradas.

Identificam quem precisa de treinamento ou supervisão efetiva.

Fornecem inspeção em níveis confiáveis.

Mostram políticas que podem estar ultrapassadas.

Desencadeiam mudanças positivas.

Fornecem um método adequado de obtenção de informações.

Possibilitam um ponto de referência em relação às outras empresas.

Você pode perceber que a informação fornecida pelo cliente, feita através da

reclamação, deve ser vista como informação extremamente valiosa, custa pouco ou

nada, ajuda a identificar erros e permite uma melhoria do processo de

relacionamento estratégico com o cliente.

3.3 Comportamento do cliente reclamante ou insatisfeito

Muitas pesquisas, segundo Rosário (2009), já foram realizadas sobre os

diversos comportamentos de resposta às reclamações que os consumidores

poderão apresentar. Vamos conferir o que ele apresenta:

Saída: o cliente termina com a relação, podendo ser uma saída de curto

prazo (saída), médio prazo (evita o retorno) ou longo prazo;

Reclamação junto da empresa: o cliente reclama junto da empresa, de

forma escrita ou verbal;

Reclamação junto de uma terceira parte: o cliente reclama junto de uma

terceira parte, uma organização de consumidores, meios de comunicação

social ou a uma organização;

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“Boca a boca” de forma negativa: o cliente fala da sua insatisfação a

familiares e amigos;

Silêncio: o cliente decide não se manifestar em relação à sua insatisfação,

mas, mantém-se leal à empresa;

Retaliação: o cliente avalia a situação como justa e assume atitude de

vingança, pode assumir diversas formas: destruição de produtos e/ou

equipamentos, roubo, uso do “boca a boca” negativo no interior da loja ou

junto às instalações da empresa, sabotagem à arrumação dos produtos no

estabelecimento.

Estes comportamentos podem ocorrer de forma isolada ou vários

simultâneos.

É possível identificar 5 tipos de reclamantes, cada um motivado por diferentes

crenças, atitudes e necessidades, originando comportamentos diferentes por parte

da organização (WYSOCKI et al, 2001 apud ROSÁRIO, 2009):

1 Os clientes meek (mansos): são os clientes que não reclamam; para estes

a empresa tem de se esforçar para solicitar comentários e reclamações para atuar

convenientemente.

2 Os clientes agressivos: são os clientes que reclamam, geralmente em alta

voz e de forma efusiva; a empresa deve ouvir atentamente a reclamação, perguntar

sempre: “em que posso ajudar mais?”, admitir que o problema existe e indicar o que

vai ser feito para o mesmo ser resolvido e quando. Este tipo de clientes torna-se por

vezes imprevisível e responde violentamente às justificações apresentadas.

3 The High-Roller Customer: Cliente muito exigente, que espera sempre o

melhor e está disposto a pagar por isso. Reclama pouco, mas quando reclama está

muito interessado em receber feedback sobre o que está sendo feito para a

resolução do problema. Tal como o cliente agressivo, tem pouco interesse em

pedidos de desculpa, mas quer medidas e ações concretas.

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4 The Rip-Off Customer: você já ouviu falar da “lei do Gerson”2? O objetivo

deste tipo de cliente é tirar vantagem da sua relação com a empresa, ou seja, é um

cliente que muitas vezes não tem razão e as reclamações que apresenta são

ilegítimas. É identificado por nunca estar satisfeito com as respostas dadas pela

organização e esta deve questioná-lo desde o princípio sobre o que deve fazer para

satisfazer a sua reclamação.

5 O Reclamante crônico: este cliente é do tipo que reclama muito, por tudo e

por nada e nunca está satisfeito. Para estes clientes a empresa deve ter o máximo

de paciência, e nunca demonstrar que está zangada com o cliente e com as suas

constantes reclamações. Ao contrário do cliente Rip-Off, o reclamante crônico aceita

e aprecia os esforços da empresa para lhe satisfazer as reclamações e é um cliente

propenso marketing boca a boca positivo.

Figura 11 - Tipos de reclamantes

Fonte: Adaptado de Rosário (2009)

2 Na cultura brasileira, a Lei de Gérson é um princípio que determina como a pessoa age de forma a obter vantagem em tudo que faz, no sentido negativo de se aproveitar de todas as situações em benefício próprio, sem se importar com questões éticas ou morais, veja em http://pt.wikipedia.org .

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3.4 Por que é que o cliente não fica satisfeito?

Procurar entender as causas de por que os clientes reclamam é um grande

passo para os gestores, pois através desses estudos a organização pode

desenvolver estratégias de melhoria no relacionamento com os seus clientes.

Uma organização, quando faz uso do marketing de relacionamento, segundo

Silva e Zambom (2011), busca conhecer melhor os seus clientes, para

posteriormente proporcionar o máximo de satisfação para os mesmos.

Analisemos os principais fatores que podem desencadear comportamentos de

insatisfações e gerar reclamações por parte dos clientes.

Ao tratar sobre o processo de mediação, Moore (1998), afirma que as origens

do conflito estão relacionados com os valores das pessoas e aspectos estruturais da

situação envolvida, esses são mais difíceis de negociar. Os conflitos têm origem nos

interesses, relações e informações relativas ao cliente. Esses conflitos são mais

fáceis de negociar.

Figura 12 - Origens do conflito

Fonte: Moore (1998)

3.5 Os desencadeadores dos comportamentos dos clientes

Vários estudos demonstram que a insatisfação por si só não é motivo

suficiente para desencadear uma reclamação, sendo que apenas um quinto dos

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clientes insatisfeitos reclama junto da organização (TARP, 1979 apud ROSÁRIO

2009).

Os clientes têm uma determinada base de insatisfação e um determinado

patamar para reclamar, assim, os clientes poderão estar facilmente insatisfeitos, se a

sua apetência para a insatisfação for elevada, mas estarem relutantes para

reclamar, se o patamar a partir do qual se sentem propensos para reclamar for baixo

(KOWALSKI, 1996 apud ROSÁRIO, 2009).

O que os estudos acima evidenciaram foi a existência de fatores que atuam

como barreiras à reclamação junto da empresa, ou em outras palavras, fatores que

desencadearam outro tipo de comportamentos associados à insatisfação: abandono,

comentários negativos junto do círculo social privado (boca a boca) ou simplesmente

não fazer nada.

Vários modelos que agregam os conhecimentos sobre insatisfação de

clientes, taxonomias e desencadeadores de comportamento de reclamação foram

criados. Nem tudo será possível apresentar nesse material, mas, algumas pesquisas

são interessantes mencionar.

Como já mencionado anteriormente, há todo um conjunto de

desencadeadores de comportamento de insatisfação, que quando considerados em

conjunto, vão influenciar, a partir do qual o cliente opta por reclamar ou por não

reclamar; vamos apontar esses desencadeadores ou causas, com base nos estudos

de Rosário (2009):

3.5.1 Desencadeadores situacionais

Estes desencadeadores do comportamento do consumidor, em termos de

reclamação, referem-se às especificidades do episódio da insatisfação e incluem:

Importância do produto/serviço

Nível de envolvimento

Intensidade da insatisfação

Custo/benefício obtido ao optar por um determinado comportamento de

resposta

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As expectativas de resposta da organização

Custo do produto/serviço

A percepção da reputação da organização

Tipo do produto/serviço

Causas práticas da insatisfação: devoluções de produtos, atrasos na

entrega, características específicas do produto.

3.5.2 Desencadeadores de atribuição

Existem duas dimensões da teoria da atribuição que são consideradas

desencadeadoras de comportamento do consumidor em termos de reclamação:

percepção da controlabilidade e estabilidade.

Controlabilidade refere-se ao fato do cliente insatisfeito perceber que a

empresa poderia ter impedido o episódio de insatisfação.

Estabilidade refere-se à percepção do cliente insatisfeito de curta ou

longa duração quando a falha ocorre.

3.5.3 Desencadeadores demográficos

Os fatores demográficos ligados a maior ou menor propensão para a

reclamação incluem: idade, nível educacional, localização urbana/rural do cliente

insatisfeito, impacto de ter ou não filhos jovens, sensibilidade ao custo por parte do

cliente insatisfeito.

Assim, foi levantada a hipótese dos clientes com maiores níveis de educação

e rendimentos, mais jovens, profissionais liberais tenderem a ter uma atitude mais

positiva em relação às empresas e, também, uma maior experiência em lidar com

reclamações.

3.5.4 Desencadeadores psicográficos

Neste item incluem:

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Assertividade: defesa dos seus direitos por parte dos clientes

(aceitação social).

Agressividade: definida em termos de poder, abuso de poder, coação,

ameaças e castigo. O comportamento agressivo poderá envolver

ameaças para levar o negócio para outro lado, fazer queixas a uma

terceira parte, uso de linguagem agressiva e de comentários negativos.

Os baixos níveis de assertividade e agressividade são associados à baixa

intencionalidade de reclamação, sendo que elevados níveis de assertividade ou de

agressividade, de forma isolada, são sinônimos de elevada intencionalidade de

reclamação; mas, vistos no seu conjunto, não se pode provar que sejam sinônimos

de reclamação.

3.5.5 Relação entre a empresa e o cliente

Este desencadeador relaciona-se com os fatores como: o grau de lealdade do

cliente com a empresa; a dimensão (tamanho) da empresa; o grau de interação

entre a empresa e o cliente; a relação entre o cliente e o mercado, onde atua a

empresa envolvida no incidente.

3.5.6 Desencadeadores culturais

Estes desencadeadores estão relacionados com a nacionalidade dos clientes

sendo que os clientes de determinados países terão maior propensão para o

consumo do que os de outros países. Você deve ter pensado nos povos de origem

oriental, popularmente, conhecidos como mais econômicos nas relações de

consumo.

3.5.7 Desencadeadores sociais

Este desencadeador está relacionado com a influência sobre as outras

pessoas, o grau de responsabilidade à pressão social. Esta situação pode

relacionar-se com as chamadas minorias sociais no processo de relação de

consumo.

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Veja a Figura a seguir que sintetiza a análise efetuada.

Figura 13 - Desencadeadores dos comportamentos dos clientes

Fonte: Rosário (2009).

Ao tratar do aspecto de troca de serviço, Lovelock e Wright (2011), afirmam

que as causas da troca de serviço pelo cliente têm origem em diversas variáveis, tais

como: falhas, preço, inconveniência, concorrência. Veja a Figura sugerida pelo autor:

Figura 14 - Causas da troca de serviço pelo cliente Fonte: Lovelock e Wright (2011)

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3.6 Processo de Tratamento das Demandas e Reclamações

Vimos acima diversos aspectos sobre a reclamação, seus significados,

impactos para a organização, sua importância, fatores que desencadeiam as

reclamações, tipos de clientes reclamantes, etc. e agora, como operacionalizar o

processo de tratamento das demandas e reclamações dos clientes?

A chave para a resolução de conflitos é a cooperação. A chave para a

cooperação é ouvir e entender. A seguir vamos avaliar algumas orientações e

diretrizes de como a empresa deve tratar conflitos, que neste caso caracterizamos

como reclamação.

Você sabe que a Associação Brasileira de Normas

Técnicas – ABNT é a representante da International

Standard for Organization - ISO no Brasil.

Sobre processo eficaz e eficiente de tratamento de reclamações de clientes a

Norma NBR ISO 10002:2005, segundo a ABNT (2013), tem o objetivo de fornecer os

princípios e orientações para as empresas implementarem tais princípios.

A norma acima tem origem na Norma NP EN ISO 10002:2006.

Por isto, é importante conhecer essas normas, princípios e orientações, para

beneficiar a organização como um todo – não só pela confiança que os clientes

passarão a ter, como também pela redução dos custos da não qualidade, no foco da

Gestão Empresarial.

Ao tratar sobre Satisfação do Cliente, a norma brasileira estabelece

“Diretrizes para o Tratamento de Reclamações nas Organizações”, fornecendo nove

princípios e orientações para a empresa implementar um processo eficaz de

tratamento de reclamações de clientes. Confira no Quadro abaixo.

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Quadro 7 - Diretrizes para o Tratamento de Reclamações nas Organizações

Generalidades Recomenda-se a adesão aos princípios orientativos de 4.2 a 4.10 para um tratamento eficaz das reclamações.

Visibilidade Convém que a informação sobre como e onde reclamar esteja bem clara ao cliente, ao pessoal e a outras partes interessadas.

Acessibilidade

Convém que um processo de tratamento de reclamações seja facilmente acessível a todos os reclamantes. Convém que o processo de tratamento de reclamações e da informação de suporte seja de fácil entendimento e uso. Convém que a informação seja em linguagem clara. Convém que a informação e ajuda de como fazer uma reclamação esteja disponível em qualquer língua ou formato em que o produto foi oferecido, incluindo formatos alternativos, como texto em letras grandes, Braille ou audiovisual, para que nenhum reclamante fique em desvantagem.

Prontidão nas respostas

Convém que o recebimento de cada reclamação seja confirmado imediatamente ao cliente. Convém que as reclamações sejam encaminhadas prontamente, de acordo com as suas urgências. Por exemplo, convém que questões significativas de saúde e segurança sejam tratadas imediatamente. Convém que os reclamantes sejam tratados com cortesia e mantidos informados sobre o andamento de suas reclamações.

Objetividade Convém que cada reclamação seja tratada pelo processo de tratamento de reclamações de maneira igual, objetiva e imparcial.

Ônus Convém que o acesso ao processo de tratamento de reclamações seja sem ônus para o reclamante.

Confidencialidade

Convém que a informação relativa à identidade do reclamante esteja disponibilizada onde necessário, somente com a finalidade do encaminhamento da reclamação dentro da organização e que seja mantida confidencial, a menos que o cliente ou reclamante autorize expressamente a sua revelação.

Abordagem com foco no cliente

Convém que uma organização adote uma abordagem com foco no cliente, seja aberta ao retorno do cliente,incluindo reclamações, e demonstre comprometimento, através de ações, na resolução das reclamações.

Responsabilidade Convém que a organização assegure que a responsabilidade pelas ações e decisões da organização e seu relato, relacionadas ao tratamento das reclamações, esteja claramente estabelecida.

Fonte: ABNT (2013)

Desta forma acreditamos que seguir esses princípios, por parte das

organizações, representa que as mesmas são estratégicas no relacionamento com

o cliente e querem implementar um sistema de tratamento de reclamações,

proporcionando ao cliente a certeza de que sua reclamação foi ouvida e foi dada a

melhor solução possível.

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Figura 15 – Princípios para um sistema de tratamento de reclamações Fonte: Adaptado de ABNT (2013).

3.7 Sistema de tratamento de reclamações

Estudos feitos por Spiller et al (2006), indicam que as organizações precisam

seguir políticas para a resolução de problemas oriundos de reclamações ou

resistências por parte dos clientes, veja a seguir essas diretrizes consideradas

eficientes pelos autores:

Ressarcimento: ter uma política de ressarcimento bem definida em caso de

problemas infunde segurança no consumidor, uma vez que ameniza o risco,

além de estabelecer um padrão de atuação para o funcionário. Assim

diminuem-se os conflitos e aumenta-se a fidelidade.

Garantia: oferecer garantia pelo serviço prestado é uma das ferramentas

mais eficientes no setor de serviços. Ao saber que ela existe, o consumidor

diminui seu conflito de compra (dissonância cognitiva), e a empresa ganha um

status diferenciado na mente do cliente, uma vez que a garantia pressupõe

um serviço de qualidade.

Compensações: Berry e Parasuraman (1995), afirmam que só ressarcir o

cliente não é o bastante - até aí a empresa não fez mais do que sua

obrigação, que era entregar o serviço corretamente. O que "paga" o

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aborrecimento do cliente, a perda de tempo, a privação do serviço quando

este era necessário? É dar algo mais, superando qualquer expectativa do

cliente e fazendo-o sentir que saiu em vantagem. Oferecer compensações por

eventuais problemas minimiza ou mesmo apaga a má impressão

eventualmente causada. Por exemplo, pode-se prestar novamente o serviço

oferecendo certas regalias, como upgrades.

SAC/0800 e ombudsman: esses são

instrumentos que minimizam conflitos e

tranquilizam o cliente, fazendo-o sentir

que existe realmente interesse em

encontrar uma solução para o seu

problema.

Os autores dizem que a única maneira de lidar com reclamações é estar

preparado para elas, desenvolvendo não apenas políticas internas, mas

principalmente uma cultura voltada para o cliente (SPILLER et al, 2006).

Nunca queira sair vencedor de uma discussão com um cliente. Poderá

sempre suscitar simpatia ao seu cliente se considerar cada reclamação como uma

oportunidade de conversar com o cliente, de melhorar o serviço prestado e … de

fazer um novo amigo.

Clientes insatisfeitos, muitas vezes desabafam suas frustrações para amigos

e familiares. Clientes muitas vezes usam as mídias sociais, sites, blogs, para

publicarem suas experiências negativas gerando uma cadeia de acontecimentos

terríveis que podem afetar efetivamente a imagem e o negócio da organização.

Você deve saber que um cliente que reclama, está insatisfeito e chateado, por

isso, é necessário levar em consideração as estratégias de relacionamento com os

clientes, utilizando de procedimentos para que a situação se acalme e no final o

saldo seja positivo para ambas as partes.

Veja alguns procedimentos recomendáveis:

Escutar atentamente o cliente sobre o ocorrido: a atenção é essencial;

Evitar justificar-se de imediato;

Ombudsman: é um profissional contratado por um órgão, instituição ou empresa que tem a função de receber críticas, sugestões, reclamações e deve agir de forma imparcial no sentido de mediar conflitos entre as partes. (http://pt.wikipedia.org/wiki)

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Deixar o cliente desabafar todo o seu descontentamento;

Colocar-se no lugar do cliente para ver as coisas do ponto de vista dele e

não de si próprio;

Utilizando suas próprias palavras, procure repetir o que foi dito para se

certificar da ocorrência;

Analisar os fatos de forma objetiva, colocando-se no lugar dele e ver o

problema do ponto de vista dele e não do seu;

Apresentar desculpas, adotando uma linguagem de ação e não uma

linguagem de culpa;

Ajudar o cliente dentro das possibilidades de cada um, mas é necessário

ter cuidado na forma de como se explica o procedimento a seguir;

Dirija o cliente para outro ambiente, se for o caso, mas é necessário

indicar o nome e a função da pessoa que vai ajudá-lo;

Caso prometa alguma informação para o cliente, é necessário criar

critérios de controle para poder dar feedback ao cliente;

Dar sequência ao assunto, informando o seu cliente verbalmente, por meio

de e-mail ou de um telefonema, do desenvolvimento do assunto. Não há

nada pior que o silêncio, pois pode incutir no cliente a sensação de

desprezo pelo seu problema.

Se a empresa errou, apresente as desculpas e faça referência às causas que

deram origem ao problema. Se for possível efetuar a reparação do erro cometido,

execute-o imediatamente. Se não, demonstre a boa vontade, iniciando o processo

de correção ainda sob os olhos de quem está no processo de resolução do

problema.

Se tiver sido o cliente que se enganou, apresente as desculpas. Mesmo

assim, não o impeça de apresentar as reclamações que ele entender. Nas

respostas, deve ser acrescentado um toque pessoal.

Outro exemplo de um sistema de tratamento de reclamações é baseado nos

princípios da norma ABNT NBR ISO 10002:2005 - Gestão da Qualidade: Satisfação

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do Cliente, que estabelece as diretrizes para as organizações e orientações para a

implantação do processo. Vamos conhecer essas diretrizes e orientações:

comunicação, recebimento da reclamação, acompanhamento da reclamação,

confirmação da reclamação, avaliação inicial da reclamação, investigação das

reclamações, resposta à reclamação, comunicação da decisão e encerramento da

reclamação.

Esta Norma é uma tradução idêntica da ISO

10002:2004, que foi elaborada pelo Comitê Técnico

Quality Management and Quality Assurance (ISO/TC

176), Subcomitê Supporting Technologies (SC 3).

Fonte: http://migre.me/fPYMX

Anteriormente apresentamos os princípios ou diretrizes para um sistema de

tratamento de reclamações, mas, agora de forma mais pontual a norma acima

apresenta um passo a passo de como proceder.

Figura 16 – Sistema de tratamento de reclamação Fonte: Adaptado da ABNT NBR ISO 10002:2005

3.7.1 Comunicação

A norma recomenda que convém que a informação sobre o processo de

tratamento de reclamações tais como brochuras, folhetos ou informação por meio

eletrônico, seja prontamente disponibilizada aos clientes, reclamantes e outras

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partes interessadas. Ressalta ainda, que tal informação seja fornecida em uma

linguagem clara e, sempre que possível, em formato acessível a todos, de maneira

que nenhum reclamante seja prejudicado.

Veja os detalhes exemplificados de tal informação: onde fazer as

reclamações; como fazer as reclamações; informação a ser prestada pelo

reclamante; o processo para tratamento das reclamações; os prazos associados às

diversas etapas no processo; as opções que o reclamante tem para remediação,

inclusive por meios externos; como o reclamante pode obter retorno sobre a situação

da reclamação.

O Decreto n. 6.523/2008 estabelece a obrigatoriedade de se fornecer um

protocolo quando se utiliza o canal 0800 (SAC).

3.7.2 Recebimento da reclamação

Sobre esse item a norma recomenda que, ao receber a reclamação inicial,

convém que esta seja registrada com informações adicionais e um código

identificador único. Convém que o registro da reclamação inicial identifique a

remediação pretendida pelo reclamante e qualquer outra informação necessária

para o tratamento eficaz da reclamação, incluindo o seguinte: uma descrição e

dados relevantes pertinentes à reclamação; a remediação pretendida; os produtos

ou práticas empresariais relacionadas à reclamação; o prazo determinado para

resposta; dados pessoais, departamento, filial, organização e segmento de mercado;

ação imediata tomada (se existir). Para orientações adicionais.

3.7.3 Acompanhamento da reclamação

Já com relação a isso, a orientação é que a reclamação seja acompanhada

desde a recepção inicial, durante o decorrer do processo, até que o reclamante

esteja satisfeito ou a decisão final. Convém que uma posição atualizada seja

disponibilizada para o reclamante ao seu pedido e em intervalos regulares, pelo

menos na data final preestabelecida.

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3.7.4 Confirmação da reclamação

Segundo a norma, convém que o reclamante seja informado imediatamente

do recebimento da reclamação (por exemplo, via correio, telefone ou e-mail).

3.7.5 Avaliação inicial da reclamação

Após o recebimento, a orientação é que cada reclamação seja avaliada

inicialmente por critérios como gravidade, implicação de segurança, complexidade,

impacto e a necessidade e possibilidade de ação imediata.

3.7.6 Investigação das reclamações

É recomendado que a empresa faça todo esforço razoável para apurar todas

as circunstâncias relevantes e informações pertinentes a uma reclamação. Convém

que o nível de investigação seja proporcional à seriedade, frequência de ocorrência

e severidade da reclamação.

3.7.7 Resposta à reclamação

Após uma investigação apropriada, convém que a organização ofereça uma

resposta, por exemplo, corrigir o problema e prevenir sua repetição futura. Caso a

reclamação não possa ser resolvida imediatamente, convém que seja tratada de tal

maneira que resulte, o mais breve possível, na sua efetiva resolução.

3.7.8 Comunicação da decisão

A comunicação da decisão, ou qualquer ação tomada relacionada à

reclamação e que seja relevante ao reclamante ou para o pessoal envolvido, deve

ser informada a estes tão logo a decisão ou ação seja tomada.

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3.7.9 Encerramento da reclamação

Por fim, caso o reclamante aceite a ação ou decisão proposta, convém

executá-la e registrá-la. Caso o reclamante rejeite a ação ou decisão proposta, a

reclamação deve se manter aberta. Convém que isto seja registrado e o reclamante

informado sobre formas alternativas dos recursos internos e externos disponíveis.

Recomenda-se que a organização continue acompanhando o andamento do

tratamento da reclamação até que todos os recursos razoáveis, internos e externos,

sejam esgotados ou o reclamante esteja satisfeito.

3.8 A reclamação e a escuta ativa

Ouvir é fundamental para qualquer iniciativa de relacionamento com clientes.

Saber escutar exige uma disciplina constante. Sempre que um cliente fala, sem

saber, está enviando sinais de alarme, por isso deixe-o falar sem o interromper.

Assim, que ele tiver dito tudo, pode

começar a tentar ajudá-lo. Trata-se, nesta altura,

de tomar parte na conversa, de modo a favorecer

e canalizar o fluxo de palavras. Tente desviar o

cliente do balcão da recepção para outro

ambiente e convide-o a sentar-se, pois assim há

menos probabilidade de ele gritar.

Fonte: http://migre.me/fTOln

Sugestão

No dia em que você puder implantar isso na empresa em que atua

como gestor, veja uma ideia abaixo para pensar e colocar em prática.

Esta empresa efetua o tratamento de reclamações de acordo com os princípios

orientadores da NP ISO 10002: 2006 – Gestão de Qualidade – Satisfação dos clientes –

Linhas de orientação para tratamento de reclamações nas organizações. Sempre que é

apresentada uma sugestão ou reclamação, a empresa compromete-se a enviar uma

resposta no prazo máximo de 5 dias úteis.

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Em atitude de escuta ativa, ouça dando sinais de que o está ouvindo e utilize,

adequadamente, algumas frases nas intervenções:

“Não tenho certeza de ter compreendido. Importa-se de explicar

novamente?”

“Vejo que é um assunto importante”.

“Pode dar-me um exemplo?”

“Agora já compreendi”.

”Vamos analisar, juntos, as possibilidades de resolução”.

Deste modo, há mais chances de sermos considerados um aliado do Cliente

e fazer com que ele sinta que será mais positivo cooperar do que entrar em

discussão. Esta abordagem, baseada no apoio e aceitação mútuas, dá bons

resultados em matéria de relacionamento com os clientes.

Não é inundando o cliente de raciocínios lógicos, palavras ou argumentos que

o persuadimos. Os comentários ou os sinais de concordância são mais susceptíveis

de orientar a discussão para uma solução construtiva que será vantajosa para todos.

Aprovar o cliente, empregar gestos positivos para o reconfortar e

recompensar é o melhor meio de focar a sua atenção sobre os modos de resolver o

conflito em vez de o focar sobre os pormenores aborrecidos.

Sugestão de vídeo

Para se aprofundar no assunto da conquista e manutenção de clientes,

sugiro que assista ao vídeo do Sebrae - SP – “Direto ao Ponto - Conquista e

manutenção de Clientes”. Disponível em:

<https://www.youtube.com/watch?v=2KPpVycNv0Y> Acesso em: 01 out. 2013.

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Exercício 3 Um sistema de tratamento de reclamações baseado nos princípios da norma

ABNT NBR ISO 10002:2005 - Gestão da Qualidade: Satisfação do Cliente,

estabelece as diretrizes para as organizações e orientações para a implantação do

processo.

Qual das alternativas abaixo está associada à afirmativa: “Qualquer ação

tomada relacionada à reclamação e que seja relevante ao reclamante ou para o

pessoal envolvido seja informada a estes tão logo a decisão ou ação seja tomada”?

a) Avaliação inicial da reclamação.

b) Comunicação da decisão.

c) Investigação das reclamações.

d) Resposta à reclamação.

e) Encerramento da reclamação.

2. Quando uma reclamação ocorre significa que entre as alternativas abaixo,

uma não é correta, indique qual delas:

a) As expectativas do Cliente não foram atingidas.

b) O Cliente não quer ajudar a organização a melhorar.

c) Existe um problema na qualidade dos produtos/serviços.

d) Houve má percepção por parte do Cliente.

e) Há desconhecimento dos sentimentos do Cliente.

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UNIDADE 4 - ESTRATÉGIAS E MECANISMOS DIVERSOS NO

RELACIONAMENTO COM CLIENTES

Inúmeras outras estratégias ou mecanismos que envolvem estudos e são

colocados em prática no relacionamento com clientes estão presentes na literatura.

Com certeza não teremos condições de expor todos eles, mas vamos fazer uma

apresentação sintética.

Vamos abordar o uso de ferramentas, mecanismos presentes em estudos

recentes que tratam sobre neurolinguística, neuromarketing, coaching para vendas,

etc.

4.1 Estratégias de Comunicação no Relacionamento com clientes

O objetivo deste item é que você saiba que a comunicação é uma importante

estratégia de relacionamento com o cliente, conhecendo o seu processo, saber

como se desenvolvem comunicações efetivas, saber gerenciar e controlar as ações

integradas de comunicação do marketing, como já visto anteriormente.

Ao tratar sobre a comunicação com o cliente, a ISO 10002:2007 - “Gestão da

Qualidade, Satisfação dos clientes, Linhas de orientação para tratamento de

reclamações nas organizações” - prevê a sua finalidade expressa nos seguintes

termos: assegurar que a organização possua mecanismos eficazes de comunicação

com os clientes em todas as fases da produção e fornecimento do produto, ou seja,

antes, durante a execução e depois da entrega do produto.

Pelo fato da Norma definir linhas de orientação para tratamento de

reclamações nas organizações, ela requer uma comunicação eficaz sobre o produto,

a encomenda e o retorno da informação do cliente e isto implica que a organização

deve definir:

Os processos de informação pré-venda, ou seja, toda a informação

sobre o produto, tais como catálogos, brochuras, anúncios;

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Comunicação na colocação e retificação de encomendas,

calendarização da entrega, incluindo quaisquer inspeções a realizar pelo

cliente;

As atividades posteriores à entrega, tais como serviço pós-venda,

linhas de apoio a consumidores, apoio à utilização e também os canais

para a recepção e tratamento de reclamações.

Além disso, a organização deve demonstrar que assegura a atualização e

conformidade da informação prestada.

Fica evidente que a norma orienta a organização a demonstrar que foram

estabelecidas formas de comunicação eficazes com os vários tipos de cliente e para

os vários produtos, durante todas as fases do processo.

Tipicamente estão incluídos:

Informação sobre o produto, em catálogos, anúncios, sites eletrônicos,

etc.;

Comunicação da fase de encomenda ou contrato, negociação e

respectivos registros, onde aplicável;

Alterações feitas pelo cliente ou pela organização, durante a fase de

realização, encomenda, entrega ou instalação;

Comunicação pós-entrega, incluindo a evidência da satisfação do cliente

e análise e tratamento de reclamações;

A análise de reclamações e devoluções de clientes pode demonstrar se

estas formas de comunicação fornecem a informação necessária e com o

detalhe apropriado;

Os Call centers, correio eletrônico para contatos, informações e pedidos

de esclarecimento de consumidores, são também evidências de

comunicação (ISO 10002:2007)

Corroborando essas ideias através da excelência na comunicação, os

funcionários de uma empresa podem conhecer melhor as percepções e

expectativas dos clientes. Para Wing (1998), “os funcionários de linha de frente

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mantêm contato regular com os clientes.” Consequentemente, eles têm bastante

conhecimento das percepções e expectativas dos clientes. Isso explica a

correlação entre melhor comunicação e maior contato com o cliente.

Quanto à comunicação com o meio externo, Shiozawa (1993), alega que “a

qualidade no atendimento depende fundamentalmente da capacidade da empresa

em se comunicar com seus clientes.” Orienta também que a “comunicação é uma

ação nos dois sentidos, ou seja, não é um monólogo da empresa para seus

clientes. É interação e aspecto-chave da parceria.”

Sedimenta-se a importância de se considerar no processo de busca de uma

melhor comunicação com os clientes, todo o tipo de iniciativa no sentido de trocar

ideias, ouvir sugestões e apresentar projetos que venham viabilizar a melhoria no

atendimento e o pleno atendimento às expectativas dos clientes.

No tocante ao processo de comunicação com clientes na prestação de

serviço, é importante realçar o Modelo de 5 GAP’s que aborda as expectativas

esperadas e percebidas dos clientes sobre os serviços disponibilizados pelas

organizações.

Avalie o que os autores a seguir expõem relacionado com a necessidade das

organizações desenvolverem estratégias de relacionamento com o cliente.

O referido modelo foi formatado por Parasuraman, Berry e Zeithaml (1988);

Parasuraman, Berry e Zeithaml (1991) e Zeithaml, Berry e Parasuraman (1996),

como uma ferramenta desenvolvida para avaliar os níveis de expectativas e de

percepções dos consumidores e propõe identificar “(...) divergências que existem

dentro da empresa e entre a empresa e o cliente e que resultam em má qualidade

de serviços” (PARASURAMAN; BERRY; ZEITHAML, 1988, apud BATESON et al

(2006). Aqui destacamos os Gaps 1 e 4, mas todos, de uma forma ou de outra

implicam em processos de comunicação. Vamos, sinteticamente apresentar os 5

Gaps.

Pasuraman et al (1985) apud Bateson et al (2006), desenvolveram um modelo

teórico para demonstrar as possíveis diferenças do entendimento da qualidade

desde a concepção do serviço até o consumo final, o que denominaram ‘modelo de

gaps (lacunas) possíveis’, sendo quatro da empresa e um do cliente:

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GAP 1: Divergência entre a expectativa do cliente e o que a

organização considera como sendo a expectativa do cliente. Não se

conhecem as necessidades do cliente e a comunicação é deficiente com

o cliente e dentro da empresa.

GAP 2: Divergência entre o entendimento da empresa e as

especificações que elabora para atender o cliente, ou seja, falta de

compromisso com a qualidade; falta de metodologia no estabelecimento

de especificações e dificuldade em perceber se é possível a execução do

serviço não selecionar a proposta e os padrões de serviços corretos. Isto

caracteriza a dificuldade que a empresa tem para transformar as

expectativas dos clientes em especificações ou padrões da qualidade do

serviço;

GAP 3: Divergência entre as especificações elaboradas e o serviço

gerado, isto pode significar que a empresa não executa os serviços

dentro dos padrões estabelecidos, que há falta de conhecimento para

realizar o serviço; falta de trabalho em equipe e problemas de

relacionamento e de motivação. Enfim, é a discrepância entre o

desenvolvimento de padrões e serviços voltados aos clientes e o

desempenho efetivo desses serviços por parte dos funcionários da

empresa;

GAP 4: Divergência entre o serviço gerado e a comunicação

externa ao cliente, ou seja, a organização não cumpre o que foi

prometido. Isto pode ser motivado pelo desconhecimento quanto ao

andamento dos trabalhos; falta no controle das operações; comunicações

inadequadas e motivação para exagerar a realidade. São as promessas

feitas por meio de propagandas na mídia e outras formas de

comunicação, que podem influenciar nas expectativas dos clientes;

GAP 5: É a divergência entre o serviço esperado e o serviço

fornecido. Os principais fatores que provocam a lacuna do cliente são o

resultado dos quatro gaps anteriores da organização.

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A eliminação dessas lacunas pressupõe que os clientes passarão a perceber

a qualidade na prestação de serviços por parte da organização.

Veja a Figura a seguir e você poderá entender melhor.

Figura 17 - Modelo conceitual de qualidade em serviços

Fonte: Bateson et al (2006)

A diferença mais imediata e mais clara costuma ser aquela entre o que os

clientes desejam e o que os gerentes pensam que os clientes querem. Os motivos

para essa diferença são vários e podem se relacionar a uma série de questões.

Nessa perspectiva, Berry et al (1994), fornecem uma lista de medidas que as

empresas podem tomar para aperfeiçoar a qualidade do serviço que prestam. Os

autores afirmam que alguns componentes básicos precisam ser criados em qualquer

sistema de qualidade de serviço, principalmente os listados abaixo, baseados no

mesmo autor.

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Lição 1 - Ouvir: a qualidade é definida pelo cliente. Conformidade com as

especificações da empresa não é qualidade, mas conformidade com as

especificações do cliente é. Fazer despesas inteligentes para aperfeiçoar o serviço

vem do aprendizado contínuo sobre expectativas e percepções dos clientes e

fabricantes.

Lição 2 - Confiar: a confiabilidade é o núcleo da qualidade de serviço. O

resto pouco importa para um cliente quando o serviço é confiável.

Lição 3 - Serviço básico: clientes de serviços querem o básico; eles

esperam elementos fundamentais, não fantasias, ou seja, desempenho em lugar de

promessas vazias.

Lição 4 - Projeto de serviço: oferecer de modo confiável o serviço básico

que os clientes esperam depende em parte de como vários elementos funcionam

juntos em um sistema de serviço. Falhas de projeto em qualquer parte do sistema

podem reduzir a qualidade.

Lição 5 - Recuperar: pesquisas revelam que as empresas recebem as

classificações mais desfavoráveis dos clientes cujos problemas não foram resolvidos

satisfatoriamente. De fato, as empresas que não reagem eficazmente a reclamações

dos clientes formam a falha de serviço e, assim, falham duas vezes.

Lição 6 - Surpreender clientes: ir além das expectativas dos clientes exige

o elemento surpresa. Empresas prestadoras de serviços que conseguem não

apenas ser confiáveis, mas também surpreender clientes no modo como o serviço é

prestado, são realmente excelentes.

Lição 7 - Jogo justo: os clientes esperam que as empresas os tratem de

maneira justa e ficam ressentidos e desconfiados quando percebem que estão

sendo tratados de outra maneira.

Lição 8 - Trabalho de equipe: a presença de ‘companheiros’ de serviço é

uma dinâmica importante para incrementar a motivação dos funcionários para

prestar serviço. Não se deveria deixar a criação da equipe de serviço acontecer ao

acaso.

Lição 9 - Pesquisas com funcionários: pesquisas com funcionários são

tão importantes para o aperfeiçoamento de serviço quanto pesquisas com clientes.

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Lição 10 - Liderança de servidores: A transmissão de um serviço

excelente requer uma forma especial de liderança. Esta deve favorecer os

servidores, inspirando-os e facilitando seu trabalho.

Figura 18 – Dimensões da qualidade de serviços, origem das expectativas e percepção dos clientes

Fonte: BERRY et al., 1994.

Veja a frase abaixo de Maxine Clark, da empresa inglesa Build Bear que ilustra o que estamos querendo dizer: “Cada um dos nossos clientes está emocionalmente engajado no processo de falar para todos os seus amigos e conhecidos sobre sua experiência conosco”.

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4.2 Rapport ou empatia

Rapport é um termo de origem da língua francesa, nos nossos meios pode

ser entendido também como empatia.

Rapport é a capacidade de entrar no mundo de alguém, fazê-lo sentir que você o entende e que vocês têm um forte laço em comum. É a capacidade de ir totalmente do seu mapa do mundo para o mapa do mundo dele. É a essência da comunicação bem-sucedida. (ROBBINS, 2007, p. 150).

Nas palavras de Littlejohn et al (1999), o rapport se refere ao grau de

liberdade na comunicação das partes e à qualidade do contato humano e ocorre

normalmente nos primeiros 10 ou 15 segundos.

O primeiro passo para exercer influência é estabelecer um rapport. Para

Chung (1999), rapport significa um relacionamento caracterizado pela concordância,

alinhamento e semelhanças, isto é, um relacionamento em que estamos alinhados e

em harmonia, tanto verbal como não verbal, com outra pessoa.

Neste sentido, veja que rapport é estabelecer qualidade no relacionamento

para o desenvolvimento de uma conversa respeitosa, criando uma sintonia propícia

e adequada de comunicação.

Promover, desenvolver e estabelecer um rapport positivo é um dos desafios

dos colaboradores da organização que mantêm contato com os clientes. Moore

(1998), adverte que os primeiros 5 a 10 minutos são os mais críticos para se

estabelecer esse relacionamento de credibilidade pessoal e o mediador deve se

apresentar como uma pessoa aberta, calorosa, inteligente e interessada.

A conexão, diz Goleman (2006), nos faz sentir bem, gerando o brilho

harmonioso da simpatia, uma noção de amistosidade em que uma pessoa sente a

cordialidade, a compreensão e a sinceridade da outra. Esses sentimentos mútuos

fortalecem os elos entre as pessoas, sejam temporários ou duradouros.

Seja qual for termo, rapport ou empatia, o importante é saber que esse

mecanismo pode ser uma importante estratégia de relacionamento com clientes.

O rapport consiste no relacionamento harmonioso ou estado de compreensão

recíproca, no qual, por simpatia, empatia ou outros fatores, se gera confiança e

comprometimento recíproco. No caso, como estamos abordando as estratégias de

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relacionamento com clientes, deve ser considerado todo o processo e os objetivos

organizacionais.

Goleman (1998), afirma que o rapport "sempre envolve três elementos:

atenção mútua, sentimento positivo compartilhado e um dueto não verbal bem

coordenado. Quando esses três fatores coexistem, catalisamos o rapport".

Estratégias de relacionamento com clientes estão associadas à necessidade

de se ter consciência social, pois ela está alicerçada na empatia. “Empatia é a

capacidade de perceber o que as pessoas sentem sem que elas precisem dizê-lo”

(GOLEMAN, 1999).

Você já percebeu que são poucas as vezes em que as pessoas utilizam as

palavras para dizer o que sentem. As revelações são feitas através do tom de voz,

expressão facial, postura física ou outras formas não verbais.

A capacidade de captar essas comunicações sutis é o que constitui a

empatia. O desenvolvimento dessa competência, afirma o autor, se baseia

especialmente no desenvolvimento da autoconsciência e autogestão. Sem haver

antes a capacidade de identificar e gerir os próprios sentimentos, fica difícil conectar

com o estado de ânimo das outras pessoas.

Para Goleman (2006), a empatia é o nosso radar social e quem carece dessa

sensibilidade sofre de surdez emocional, seja por interpretar erroneamente os

sentimentos, seja por rudeza e indiferença mecânica levando o relacionamento a

ficar fora de sintonia.

A empatia exige a capacidade de fazer a leitura correta da outra pessoa, o

que implica, no mínimo, em identificar as suas emoções.

Goleman (2008), em um artigo sobre a Inteligência social e a biologia da

liderança, afirma que novos estudos do cérebro mostram que o líder pode melhorar

o desempenho do grupo, se entender a biologia da empatia.

Em certo nível, a empatia implica em captar e reagir às preocupações e

sentimentos não-verbalizados de alguém. Em nível mais elevado, ter empatia é

compreender as questões e as preocupações que ficam por detrás dos sentimentos

de alguém.

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Rapport, segundo Marques (2012), é uma palavra de origem francesa que

significa “relação”. Representa gerar empatia, ou seja, uma relação de confiança e

harmonia dentro de um processo de comunicação, no qual a pessoa fica mais aberta

e receptiva para interagir, trocar e receber informações (MARQUES, 2012).

Segundo Marques (2012), é através do Rapport, que acontece um momento

único de sinergia entre duas pessoas, que a pessoa ou profissional consegue

alcançar a confiança necessária para apoiar seu cliente. Deste modo, realmente é

possível fazer um processo de relacionamento com o cliente e tornar o mesmo mais

receptivo.

4.2.1 Elementos do Rapport

Marques (2012), afirma que, para compreender melhor o que é Rapport, o

profissional tem que levar em conta os elementos que o compõe e, mais do que isso,

sentir a conexão que transcende o campo das palavras.

Deste modo, Rapport em sua essência e amplitude, é composto pelos

seguintes elementos:

Contato Visual

Expressão Facial

Postura Corporal

Equilíbrio Emocional

Tom de Voz – (Timbre)

Andamento – (Timing)

Volume – (Intensidade da voz)

Comunicação Verbal- (Palavras)

Comunicação não verbal – (Gestos)

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4.2.2 Construindo o Rapport com os clientes

No relacionamento com clientes é possível em pouco tempo criar uma forte

sinergia entre as pessoas envolvidas e conversar amistosamente. Isso acontece

porque houve conexão, criou-se empatia entre elas de tal forma que o processo de

comunicação flui naturalmente.

Podemos, diz Marques (2012), à primeira vista, gostar ou não de uma pessoa,

pelo modo como criamos este Rapport e pela forma do outro conectar-se, ou não, à

nossa forma de comunicação. Pais e filhos, por exemplo, só pelo olhar conseguem

entender e sentir um ao outro, numa forma de Rapport de Alma, que transcende as

demais formas de relacionamento.

4.2.3 Rapport e Conexão

Para que a comunicação no

relacionamento com cliente possa fluir, é preciso

que o profissional da organização, ao entrar em

Rapport, sinta as necessidades do seu cliente,

seu modo de agir, observar e se comunicar, para

dispor destas informações iniciais e oferecer a

ele o que busca junto à organização, para

atender às suas necessidades de consumo.

Fonte: http://migre.me/fTPre

Nesse processo é importante encontrar empatia entre as pessoas, tom de

voz, olhar, forma de expressão facial e corporal, equilíbrio emocional. Representa

ainda criar confiança e uma afinidade que lhe permita aproximar-se, manter a

conexão e o respeito entre cliente e organização, ou seu representante.

4.2.4 Escuta ativa

Sobre isso já discorremos na unidade 3 ao tratar sobre reclamações de

clientes, mas reforçamos que ouvir ativamente significa escutar e entender o que

está sendo dito sem se deixar influenciar por pensamentos que contenham juízos de

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valor, ao mesmo tempo deve o ouvinte demonstrar, inclusive por linguagem corporal,

que está prestando atenção ao que está sendo dito pelo cliente.

Aqui terminamos esse material didático esperando que você possa tirar bons

proveitos dessas ideias colocando muito coisa em prática. As dificuldades serão

muitas, mas não desanime, a persistência fará de você um vencedor, não frente aos

outros, mas dentro do seu próprio coração.

Exercício 4

1. Para compreender melhor o que é Rapport, o profissional tem que levar em

conta os elementos que o compõem e, mais do que isso, sentir a conexão que

transcende o campo das palavras. Qual das alternativas a seguir NÃO

corresponde a elemento do rapport?

a) Andamento – (Timing).

b) Volume – (Intensidade da voz).

c) Comunicação Verbal (Palavras).

d) Contato corporal.

e) Comunicação Não-Verbal (Gestos).

2. Entre a lista de medidas ou lições que as empresas podem tomar para

aperfeiçoar a qualidade do serviço que transmitem aos clientes, qual das

alternativas abaixo está associada à afirmativa: “A qualidade é definida pelo

cliente. Conformidade com as especificações da empresa não é qualidade,

mas conformidade com as especificações do cliente”?

a) Lição 1 Ouvir

b) Lição 2 Confiar

c) Lição 3 Serviço básico

d) Lição 4 Projeto de serviço

e) Lição 5 Recuperar

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