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ESTREITANDO RELAÇÕES ENTRE ESCOLA E FAMÍLIA POR MEIO DE UMA EXPOSIÇÃO MATEMÁTICA Carolina Sanches Piaia¹ ¹Universidade Federal do ABC UFABC, [email protected] Resumo Este trabalho surgiu a partir de uma iniciação científica que buscava identificar maneiras de aumentar a participação dos pais e responsáveis no dever de casa de matemática de crianças dos anos iniciais do ensino fundamental. Durante a pesquisa, houve o planejamento de um curso de Matemática cotidiana para a comunidade escolar que pudesse aproximar adultos do conteúdo formal proposto nas orientações curriculares de Matemática do Estado de São Paulo. Para divulgação deste curso foi elaborada uma exposição com materiais do campo da Educação Matemática. A primeira exposição de pôsteres e objetos educacionais foi realizada durante o evento “Sábado Letivo” na Escola Municipal Júlio de Grammont, no município de São Bernardo do Campo (São Paulo), em junho de 2014, quando os pais e responsáveis comparecem na escola para apresentações de trabalhos dos alunos. Todos os materiais pedagógicos que foram utilizados pertencem ao Laboratório de Práticas de Ensino de Matemática e Cognição da Universidade Federal do ABC. Para os pôsteres foi criada uma identidade visual infantil e simultaneamente moderna, de forma que pais e crianças fossem atraídos e pudessem interagir com todo o material exposto. Além dos comentários positivos da escola e da grande frequência de visitantes ao estande da exposição durante todo o evento, o maior retorno desta ação pôde ser percebido na adesão ao curso de matemática que foi oferecido posteriormente à comunidade escolar e aos diversos pedidos dos familiares à direção da escola para a oferta de outros cursos. Palavras-chave: relações escolares; exposição; objetos educacionais; pais e responsáveis. INTRODUÇÃO Os resultados de avaliações externas realizadas pelas secretarias de educação dos estados e municípios como o SARESP (Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo) vêm mostrando que o rendimento escolar nos anos iniciais do ensino fundamental está aquém do esperado (SÃO PAULO, 2014). Este assunto tem sido foco das discussões envolvendo professores, governo e pais. Algumas escolas têm usado estratégias alternativas para alterar este quadro por meio da aproximação da família com a rotina escolar e o espaço físico da escola. Seguindo as novas dinâmicas de interações sociais que acompanham a reestruturação das políticas educacionais nas últimas décadas, a integração escola-pais faz- se cada vez mais necessária. Entretanto, é possível perceber que muitas vezes este envolvimento parental fica restrito a eventos organizados pelas escolas, como apresentações, passeios, atividades de encerramento e comemorações de datas especiais, sem que haja o estabelecimento de uma ligação direta com conteúdos de sala de aula, principalmente os de fundamentação matemática. Para que a interação com os familiares aconteça de forma a promover mudanças significativas na aprendizagem das crianças, é preciso entender como a participação pode

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ESTREITANDO RELAÇÕES ENTRE ESCOLA E FAMÍLIA POR

MEIO DE UMA EXPOSIÇÃO MATEMÁTICA

Carolina Sanches Piaia¹

¹Universidade Federal do ABC – UFABC, [email protected]

Resumo

Este trabalho surgiu a partir de uma iniciação científica que buscava identificar maneiras

de aumentar a participação dos pais e responsáveis no dever de casa de matemática de

crianças dos anos iniciais do ensino fundamental. Durante a pesquisa, houve o

planejamento de um curso de Matemática cotidiana para a comunidade escolar que pudesse

aproximar adultos do conteúdo formal proposto nas orientações curriculares de Matemática

do Estado de São Paulo. Para divulgação deste curso foi elaborada uma exposição com

materiais do campo da Educação Matemática. A primeira exposição de pôsteres e objetos

educacionais foi realizada durante o evento “Sábado Letivo” na Escola Municipal Júlio de

Grammont, no município de São Bernardo do Campo (São Paulo), em junho de 2014,

quando os pais e responsáveis comparecem na escola para apresentações de trabalhos dos

alunos. Todos os materiais pedagógicos que foram utilizados pertencem ao Laboratório de

Práticas de Ensino de Matemática e Cognição da Universidade Federal do ABC. Para os

pôsteres foi criada uma identidade visual infantil e simultaneamente moderna, de forma

que pais e crianças fossem atraídos e pudessem interagir com todo o material exposto.

Além dos comentários positivos da escola e da grande frequência de visitantes ao estande

da exposição durante todo o evento, o maior retorno desta ação pôde ser percebido na

adesão ao curso de matemática que foi oferecido posteriormente à comunidade escolar e

aos diversos pedidos dos familiares à direção da escola para a oferta de outros cursos.

Palavras-chave: relações escolares; exposição; objetos educacionais; pais e responsáveis.

INTRODUÇÃO

Os resultados de avaliações externas realizadas pelas secretarias de educação dos

estados e municípios como o SARESP (Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do

Estado de São Paulo) vêm mostrando que o rendimento escolar nos anos iniciais do ensino

fundamental está aquém do esperado (SÃO PAULO, 2014). Este assunto tem sido foco das

discussões envolvendo professores, governo e pais. Algumas escolas têm usado estratégias

alternativas para alterar este quadro por meio da aproximação da família com a rotina

escolar e o espaço físico da escola.

Seguindo as novas dinâmicas de interações sociais que acompanham a

reestruturação das políticas educacionais nas últimas décadas, a integração escola-pais faz-

se cada vez mais necessária. Entretanto, é possível perceber que muitas vezes este

envolvimento parental fica restrito a eventos organizados pelas escolas, como

apresentações, passeios, atividades de encerramento e comemorações de datas especiais,

sem que haja o estabelecimento de uma ligação direta com conteúdos de sala de aula,

principalmente os de fundamentação matemática.

Para que a interação com os familiares aconteça de forma a promover mudanças

significativas na aprendizagem das crianças, é preciso entender como a participação pode

acontecer (além do simples comparecimento a atividades especiais) e, principalmente, é

preciso pensar como a escola pode orientar nesta tarefa que é de responsabilidade familiar.

A pesquisa é fundamental para que se encontre uma maneira inteligente de

promover novas parcerias escola-família que sejam capazes de colaborar com os

responsáveis pelos alunos. Fornecer subsídios práticos para apoio nos conteúdos

matemáticos que geralmente causam inquietações nos adultos e que, ao mesmo tempo, são

muito importantes para a definição da futura relação que as crianças estabelecerão com a

matemática é uma tarefa que a escola pode oferecer como incentivo ao preparo dos pais.

Há estudos que destacam a vontade dos tutores (mães, pais, avós, tias, irmãos mais velhos,

familiares próximos) de prepararem-se para ajudar de maneira eficiente as crianças em

suas dificuldades de aprendizagem:

Queriam principalmente evitar o fracasso escolar e, para tanto,

gostariam de contar com a ajuda da escola e de seus profissionais, no

sentido de orientá-los e induzi-los a agirem mais adequadamente.

Gostariam que a escola os informasse sobre os recursos existentes para

ajudar tais alunos ou outros recursos, mesmo que fora da escola, mas que

os ajudariam no acompanhamento dos filhos. (BHERING e SIRAJ-

BLATCHFORD, 1999, p. 208)

Quando ensinam matemática, os professores dos anos iniciais têm mais

dificuldades em pensar estratégias de envolvimento dos pais e responsáveis no dever de

casa (BECKER e EPSTEIN, 1982 apud EPSTEIN e DAUBER, 1991). Esta observação

define-se como mais uma justificativa para a promoção de ações que desmistifiquem a

Matemática. Corrobora ainda com esta estratégia de pesquisa-intervenção a conclusão de

Epstein e Dauber (1991) a respeito da inclusão dos pais nas rotinas da escola, que indica

que estar envolvido com o ambiente escolar faz com que a interação com as crianças em

casa seja maior e sua confiança em ajudá-los aumente, o que implica, diretamente, na

melhoria do comportamento e rendimento escolar dos alunos. Possibilitar situação de

aprendizagem compartilhada envolvendo a família pode ser um modo interessante de

tornar a escola mais ampla e acessível. Não basta que os pais saibam quais conteúdos estão

sendo ensinados na escola, eles precisam entender do que se trata, como se usa, e muitas

vezes sentem vergonha de pedir ajuda. O ambiente da escola é propício para o

aprendizado, e não deve restringir-se aos alunos, usá-lo para estender o conhecimento à

família é extremamente recomendado.

OBJETIVOS

O objetivo central da pesquisa foi propiciar a aproximação dos pais e responsáveis

(e em geral, a comunidade escolar) com a Matemática presente na escola e no dia a dia.

Através do planejamento da exposição, objetivou-se também estabelecer utilidades

para os materiais pedagógicos disponíveis na universidade por meio da investigação livre

dos pais, responsáveis, professores, funcionários e alunos das escolas.

Outro foco do trabalho e também justificativa da criação desta exposição foi a

divulgação de um curso para a comunidade escolar, oferecido na própria sede da escola

sede.

METODOLOGIA

Por meio de pesquisa dos Currículos de Matemática propostos pelo Estado de São

Paulo (SÃO PAULO, 2007 e 2009) e através do contato com professores da rede básica de

ensino, foi feito o levantamento dos conteúdos matemáticos em que há maior dificuldade

de aprendizagem nos anos iniciais do Ensino Fundamental I. A partir destas informações,

foram pensadas interações com os objetos educacionais disponíveis no Laboratório de

Práticas de Ensino de Matemática – LAPEMC da Universidade Federal do ABC – UFABC

(jogos, materiais pedagógicos, materiais de consumo, entre outros).

Planejou-se a exposição por meio da transposição dos conhecimentos científicos

matemáticos de maneira adequada ao interesse do público-alvo. Utilizaram-se situações

presentes em suas rotinas, facilitando assim a associação de suas próprias atividades

àqueles conteúdos trabalhados nas escolas. O nome “Por onde anda a Matemática?”, foi

pensado para incentivar a busca da Matemática nos objetos e problemas propostos na

exposição através da investigação motivada pela curiosidade.

Esta atividade foi oferecida às escolas como parte de um evento maior, onde

poderia haver a disponibilidade de espaço para esta ação. Foi montada uma mala com os

recursos pedagógicos escolhidos do LAPEMC da UFABC. Havia materiais como:

calculadora, Tangran, sólidos geométricos, discos de frações, torre de Hanói, calculadora,

geoplano, ábaco, entre outros.

Foi elaborado um folder de divulgação do curso para ser distribuído aos visitantes

durante a o período em que os objetos ficassem expostos (Apêndice A). O espaço

solicitado era pequeno, suficiente apenas para uma mesa que abrigasse os materiais e

espaço para um monitor. Foi solicitado ganchos em locais aproporiados para exposição de

4 cartazes impressos em lona com dimensões de 1,20 m X 0,80 m. A mala itinerante

facilitava o transporte e permitia a adaptabilidade aos diferentes espaços onde poderia

acontecer a ação.

A pesquisadora ficava presente como monitora e à disposição durante o período da

exposição para esclarecimento de dúvidas, explicações de uso dos materiais e orientações,

bem como já recolhia dados de contato das pessoas interessadas em participar do curso.

Foram elaborados 4 cartazes (Apêndice B) que caracterizavam o espaço da mostra e

divulgavam o curso para a comunidade. Este material foi criado exclusivamente para esta

pesquisa e tinha a intenção de conquistar as crianças para que elas chamassem a atenção

dos adultos para visitarem a exposição e conhecerem o curso. Por meio de uma identidade

visual infantil e ao mesmo tempo moderna, as cores chamativas e os bonecos

“conversavam” com o leitor por meio de balões explicativos, conforme a figura 1 abaixo.

Figura 1: Personagens da identidade visual

FONTE: Elaborado pela autora.

Um dos banners continha informações sobre dia e horário do curso, módulo e

período de inscrições. Foi reservado um espaço coringa neste pôster para que essas

informações pudessem ser alteradas pela colagem de novas palavras e/ou números

conforme necessidade (Figura 2).

Figura 2: Divulgação do curso

FONTE: Acervo pessoal.

Alterações na divulgação ou forma de apresentação sempre dependiam das

solicitações dos gestores das escolas e da possibilidade de adaptação do planejamento

prévio. Como padrão, eram solicitados: espaço de destaque na recepção da escola e na sala

dos professores e comunicado da coordenação na reunião de pais e mestres.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nesta oportunidade, serão apresentados os resultados da primeira exposição

realizada bem como suas especificidades e registros fotográficos, que serviram de

validação do planejamento da exposição e da estratégia de aproximação com a família.

Com o apoio e intermediação da professora e pesquisadora Gabriela Noronha do

Nascimento, também membro do grupo de pesquisas do Observatório da Educação –

OBEDUC, projeto: “Rede colaborativa de práticas na formação de professores que

ensinam matemática: Múltiplos olhares, diálogos e contexto”, polo UFABC, foi possível o

contato com a diretora Caroline Takeuchi, gestora da Escola Municipal de Educação

Básica – EMEB Júlio de Grammont e uma reunião foi agendada. Na ocasião, foi

apresentada à escola a proposta da exposição e do curso, com todos os detalhes de

necessidade de infraestrutura, objetivos, programação e especificações. Foram discutidas

possíveis datas para a divulgação e adaptação de infraestrutura. A Caroline demonstrou

bastante interesse e comprometeu-se a fazer todo o contato e divulgação. Além disso,

sugeriu que a exposição acontecesse no evento “Sábado Letivo” que a escola realizaria em

junho/2014, podendo assim, divulgar o curso e já recolher dados dos possíveis

interessados, bem como informações de disponibilidade de dias e horários que poderiam

atender o maior número de pessoas.

Ela usou 2 reuniões de pais e mestres para divulgar o curso entre professores e

famílias, divulgou no site da escola e nas redes sociais. Houve ainda divulgação extra pelo

blog da escola, atingindo pessoas do entorno da comunidade escolar.

No dia do evento as crianças se apresentariam e o fluxo de famílias seria intenso,

possibilitando que todos os presentes tivessem acesso às informações do curso e pudessem

interagir com todos os materiais expostos. Foi disponibilizado um ótimo espaço na

recepção da escola, o lugar por onde todos os visitantes tinham que passar.

No dia da exposição, foi montada uma mesa com os diversos objetos de

aprendizagem, de modo que fosse criada uma vitrine para a divulgação do curso. Os

banners também foram usados e intrigaram muitos visitantes que paravam para ler,

tentavam resolver os problemas e faziam perguntas sobre a possível solução. Conforme

esperado, muitas crianças visitaram e exploraram os materiais, e isso fez com que os

familiares se aproximassem também para conhecer. Neste momento, era feita uma

abordagem pela pesquisadora que passava informações sobre o curso, entregando o

panfleto e explicando sobre a parceria entre a universidade e a escola. Como o evento

durou aproximadamente 6 horas, em alguns momentos, a própria diretora também realizou

“panfletagem”, principalmente, com aquelas mãe e pais mais envolvidos com a escola e

influentes entre os outros pais.

Figura 3: Objetos de aprendizagem expostos na EMEB Júlio de Grammont

FONTE: Acervo pessoal.

Para aquelas pessoas que se interessavam e perguntavam sobre o curso, já era

apresentado o material que eles receberiam gratuitamente no primeiro módulo (Figura 4), o

que servia como mais um incentivo para a participação. Os pais impressionavam-se com a

seriedade do trabalho, inclusive com o apoio que a pesquisa conseguiu do Banco Central

do Brasil – BCB que enviou apostilas sobre Educação Financeira através do programa

“Cidadania Financeira” que o Departamento de Educação Financeira – DEPEF mantem no

Distrito Federal.

Neste momento foi importante já apresentar a lista de interessados para

preenchimento. Os visitantes deixavam o nome, telefone e e-mail de contato, preferência

de turno e dia da semana para a oferta do curso.

Figura 4: Apostilas do BCB

FONTE: Acervo Pessoal.

Dentre os materiais mais apreciados pelas crianças menores, estavam aqueles mais

coloridos e de formas geométricas marcantes. Já as crianças de 6 a 9 anos (anos iniciais do

Ensino Fundamental I), permaneceram mais entretidas com os jogos ou materiais que

exigiam interação para exploração.

Neste mesmo evento, a escola estava expondo trabalhos das turmas nas salas de

aula e havia apresentações de dança dos alunos. Apesar do compromisso com a

apresentação dos trabalhos, as crianças, por diversas vezes, ficavam tão envolvidas com a

exposição que os pais tinham que chamar a atenção dos filhos que brincavam com os jogos

e materiais, pois eles esqueciam-se de que tinham que mostrar seus trabalhos. As crianças

pediam aos pais para voltarem para brincar e aprender mais depois de irem até às salas.

Esse clima de empolgação das crianças gerou interesse nos adultos, principalmente

naqueles que estavam mais afastados, apenas olhando sem interagir. Eles traziam

novamente os filhos e aí perguntavam o que era cada objeto, para que servia, como usava.

Então tinham sua chance de interação.

Uma pergunta recorrente entre os familiares foi onde encontravam aqueles

materiais para comprar. Neste momento, aproveitou-se para sugerir possibilidades de

confecção dos objetos de formas alternativas, como o geoplano, usando papelão e

canudinhos ou madeira e pregos acompanhados de elásticos de dinheiro. Foi incentivada

também a construção conjunta com as crianças. Alguns familiares perguntaram se era

possível a universidade oferecer na escola um curso de confecção de brinquedos

pedagógicos com o uso de material de baixo custo. Daí surgiu a ideia de uma oficina de

construção de objetos de aprendizagem com materiais recicláveis, que foi levada

posteriormente para discussão no grupo OBEDUC.

A movimentação no estande foi grande durante as 6 horas do evento. Muitos

visitantes e alunos permaneceram até o recolhimento dos objetos, realizado apenas a

pedido da diretora, que precisava encerrar o evento, mas não conseguia, pois cada um que

ia saindo da escola parava novamente para explorar os materiais, já que a entrada e saída

eram feitas pelo mesmo lugar, justamente onde estava a exposição.

A lista de interessados no curso foi fechada com 21 nomes e percebeu-se que a

demanda foi tão grande que haveria a necessidade de abrir duas turmas em dois turnos

distintos para atender a todos. Figura 5: Crianças explorando os materiais

FONTE: Acervo pessoal.

Figuras 6 e 7: Adultos interagindo junto com as crianças

FONTE: Acervo pessoal.

CONCLUSÃO

A exposição “Por onde anda a Matemática?” foi criada a partir da percepção da

presença constante de conteúdos matemáticos nas atividades diárias de todos e da

influência do raciocínio matemático em suas decisões. Ainda que o uso da Matemática

aconteça de forma não explícita, ela está sempre presente de alguma maneira,

principalmente na vida dos familiares das crianças e adolescentes que frequentam a escola.

A aprendizagem não termina na escola, visto que os alunos utilizam o contra turno das

aulas para fazer dever de casa, atividades e trabalhos solicitados pelos professores. Ter

responsáveis seguros para apoiá-los é fundamental para que consigam aplicar os

conhecimentos da sala de aula nas tarefas da vida cotidiana.

A melhora na relação dos pais com a Matemática e com suas infinitas

possibilidades pode servir como caminho para o interesse e acompanhamento mais

frequente da rotina dos alunos em seus aprendizados matemáticos. Ao se apropriarem do

conhecimento como parte de seu dia a dia, os adultos transparecem isso aos filhos e podem

assim participar mais ativamente de sua vida acadêmica. A ideia é tornar a aplicação da

Matemática mais natural e efetiva, como foi feito durante a exposição. Conforme Silvia,

Rousseau e Deslandes (2010), o sentimento de competência para ajudar os filhos implica

diretamente no envolvimento com a lição de casa; quanto maior a confiança, maior a

chance de um bom desempenho escolar da criança e futuro sucesso profissional em sua

área de interesse maior.

Os objetivos centrais da exposição foram alcançados: o curso foi amplamente

divulgado e teve uma procura bastante expressiva; percebeu-se claramente o envolvimento

dos familiares, e, principalmente, a aproximação da família com os alunos por meio da

Matemática quando eles perguntavam primeiro às crianças como brincar ou usar

determinado objeto. Posteriormente, a repercussão da exposição na escola, gerou pedidos

formais à diretora de ampliação do envolvimento com a universidade e oferecimento de

outras oficinas aos familiares e funcionários.

Uma última consequência positiva da iniciativa foi poder levar a multiplicidade de

olhares da rede colaborativa do grupo OBEDUC também para o nível familiar, já que a

pesquisa teve acesso direto aos atores principais desta relação tão importante entre escola e

lar. Percebeu-se que a extensão da universidade não deve parar na escola, deve estender-se

até as famílias e envolvê-las, de modo que universidade-escola-lar não sejam 3 instituições

isoladas, mas sim apoiem-se na busca de uma educação mais consistente e resultados mais

positivos.

AGRADECIMENTOS

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior – CAPES que,

através do projeto OBEDUC – UFSCar/PUC-SP/UFABC: “Rede colaborativa de práticas

na formação de professores que ensinam matemática: Múltiplos olhares, diálogos e

contextos” do qual participo, foi financiadora desta pesquisa.

À Universidade Federal do ABC – UFABC pela permissão de acesso e uso dos

materiais pedagógicos do Laboratório de Práticas de Ensino de Matemática e Cognição –

LAPEMC.

À Prefeitura Municipal de São Bernardo do Campo – PMSBC que, por meio da

diretora da Escola Municipal de Educação Básica Caroline Takeuchi (EMEB Júlio de

Grammont) permitiu que a pesquisa fosse realizada em seu espaço escolar.

REFERÊNCIAS

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em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-

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EPSTEIN, J. L.; DAUBER, S.L. School Programs and Teacher Practices of Parent

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Maio 2015.

SILVA, N.; ROUSSEAU, M; DESLANDES, R. Participação dos pais e mães na realização

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APÊNDICE A – Folder para divulgação do curso

APÊNDICE B – Pôsteres da exposição