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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ Teresa Celia de Mattos Moraes dos Santos ESTRESSE OCUPACIONAL EM ENFERMEIROS DA REGIÃO DO VALE DO PARAÍBA PAULISTA Taubaté – SP 2008

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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ Teresa Celia de Mattos Moraes dos Santos

ESTRESSE OCUPACIONAL EM ENFERMEIROS DA REGIÃO DO VALE DO PARAÍBA PAULISTA

Taubaté – SP 2008

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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ Teresa Celia de Mattos Moraes dos Santos

ESTRESSE OCUPACIONAL EM ENFERMEIROS DA REGIÃO DO VALE DO PARAÍBA PAULISTA

Dissertação para obtenção do Título de Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional do Departamento de Economia, Contabilidade e Administração, na Universidade de Taubaté. Área de Concentração: Gestão de Recursos Socioprodutivos. Orientador: Profa. Dra. Nancy Julieta Inocente

Taubaté – SP 2008

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Ficha catalográfica elaborada pelo

SIBi – Sistema Integrado de Bibliotecas / UNITAU

S237e Santos, Teresa Celia de Mattos Moraes dos

Estresse ocupacional em enfermeiros da região do vale do Paraíba paulista / Teresa Celia de Mattos Moraes dos Santos. - 2008.

189f. : il.

Dissertação (mestrado) - Universidade de Taubaté, Departamento de Economia, Contabilidade e Administração, 2008.

Orientação: Profa. Dra. Nancy Julieta Inocente, Departamento de Economia, Contabilidade e Administração.

1. Cultura organizacional. 2. Estresse ocupacional. 3. Ciclo vigília-

sono. 4. Trabalho em turnos e noturno. I. Título.

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TERESA CELIA DE MATTOS MORAES DOS SANTOS

ESTRESSE OCUPACIONAL EM ENFERMEIROS DA REGIÃO DO VA LE DO

PARAÍBA PAULISTA

Dissertação para obtenção do Titulo de Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional do Departamento de Economia, Contabilidade e Administração, na Universidade de Taubaté. Área de Concentração: Gestão de Recursos Socioprodutivos. Orientador: Profa. Dra. Nancy Julieta Inocente

Data: 01 de março de 2008

Resultado: ______________

BANCA EXAMINADORA

Profa Dra Nancy Julieta Inocente

Assinatura _____________________________

Universidade de Taubaté

Profa Dra Marilsa de Sá Rodrigues Tadeucci

Assinatura _____________________________

Universidade de Taubaté

Profa Dra Maria José Urioste Rosso

Assinatura _____________________________

Centro Universitário Salesiano de

São Paulo - Unidade de Ensino de

Lorena

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho:

A Deus, que em todos os momentos se faz presente em minha vida;

Ao meu esposo, João Batista, que me apoiou em todos os momentos dessa caminhada;

Às minhas filhas, Bruna e Camila, amores de minha vida;

Aos meus pais, José Carlos e Cleuza, que me incentivaram nessa jornada.

A minha irmã Luciane, pelos momentos de apoio.

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AGRADECIMENTOS

À Profa. Dra. Nancy Julieta Inocente, por sua orientação e dedicação na realização

deste trabalho.

À Universidade de Taubaté, pela concessão da bolsa de estudos.

Às Chefias do Departamento de Enfermagem da Universidade de Taubaté,

professoras Carmen Lucia Seffrin Pupio e Rosemeire Isabel Ramos Análio, pelo

apoio na realização de minhas atividades.

Aos professores do Curso de Mestrado, Edna Maria Querido de Oliveira Chamon,

Adriana Leônidas de Oliveira, Marilsa de Sá Rodrigues Tadeucci e Nilde Ferreira

Balcão, que muito me auxiliaram, com seus ensinamentos.

Aos Professores Doutores, pela dedicação e orientação no processo de

aprendizagem durante o curso de mestrado.

Ao Prof. Johel Abdala, pela revisão gramatical.

À Profa. Dra. Milva Figueiredo De Martino, por sua orientação e incentivo na

realização deste mestrado.

À Profa. Rosana Giovanni Pires Clemente e ao amigo Carlos Mariano de Oliveira,

pelo apoio e ajuda na parte de estatística.

À amiga Eliana Fátima de Almeida Nascimento, pelo incentivo, confiança e apoio.

À amiga Ana Lucia de Faria, pelas sugestões, correções e incentivo.

Aos funcionários da biblioteca do Departamento de Enfermagem e do Departamento

de Economia, Contabilidade e Administração da Universidade de Taubaté, pelo

carinho, atenção e disponibilidade.

À minha filha Bruna, pela ajuda e confecção de figuras.

À minha filha Camila, pela companhia nas noites sem fim.

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Ao meu esposo, pela paciência e companhia durante as viagens para a coleta de

dados.

Ao meu pai, pela companhia durante as viagens e apoio durante este período.

Às secretárias Alda e Marli, do curso de Mestrado em Gestão e Desenvolvimento

Regional, pela atenção.

Aos colegas de turma, pelo apoio.

Às Instituições hospitalares que autorizaram a realização de minha pesquisa.

Aos enfermeiros, pela contribuição e participação nesta pesquisa.

A todos que de alguma forma tornaram possível mais esta conquista. Que a omissão

de alguns nomes não atenue o agradecimento.

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RESUMO

Esta pesquisa teve como objetivo identificar o nível de estresse, as alterações do

ciclo vigília-sono e sua relação com a cultura organizacional no trabalho em turnos e

noturno. A amostra pesquisada foi de 239 enfermeiros que atuam na região do vale

do Paraíba paulista. Os dados foram coletados por meio de Questionários de

Identificação da Amostra, de Cultura Organizacional, do Índice de Qualidade do

Sono de Pittsburgh, do Cronótipo de Horne e Ostberg e de Esforço e Recompensa

no Trabalho. Os resultados foram tratados por meio de análise quantitativa, e foi

utilizado, para análise dos dados, o programa estatístico Excel e software Minitab V

15. Na amostra pesquisada: o sexo feminino foi predominante (90,79%); a idade

média esteve entre 20 e 29 anos (42,68%); e, 44,77% eram casados. No que se

refere ao horário de trabalho, observou-se que 67,36% trabalham no período diurno.

A cultura percebida, por ordem de classificação, foi a Racional, Grupal, Hierárquica e

Inovativa. Quanto ao Estresse Ocupacional em relação ao desequilíbrio esforço e

recompensa no trabalho, identificaram-se 2,93% com risco leve. Quanto ao

supercomprometimento no trabalho, identificaram-se 69,87% com risco leve, 7,53%

com risco moderado e 0,84% com risco grave. Quanto à qualidade do sono, 83,26%

apresentam nível ruim. O cronótipo do tipo moderadamente matutino foi de 41,42%,

seguido do tipo indiferente, 37,24%. Os resultados obtidos permitem avaliar as

condições de trabalho, identificar os problemas e investir em programas de

promoção da saúde e qualidade de vida no trabalho.

Palavras-chave: Cultura organizacional. Estresse ocupacional. Ciclo vigília-sono.

Trabalho em turnos e noturno.

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ABSTRACT

OCCUPATIONAL STRESS IN NURSES IN THE REGION OF PAUL ISTA PARAÍBA

VALLEY

This study had an aim to identify the stress level, the alterations of the sleep-

watching cycle and its relation to the organizational culture at work in turns and at

night. The researched sample was collected from 239 nurses that performed in

Paulista Paraíba Valley. The data were collected by Sample Identification

Questionnaires, Organizational Culture, Quality Index of Pittsburgh Sleep, Horne and

Ostberg Chronotype and Effort and Reward at work. The results were dealt by

quantity analysis, and it was used, to analyse the data, the Excel statistics program

and Minitab V 15 software. In the researched sample: the female sex was

predominant (90,79%); the average age between 20 and 29 years old (42,68%); and,

44,77% were married. Referring to the work schedule, it was observed that 67,35%

worked in ay period. The realized culture, by classification order, was the Rational,

Group, Hierarchic and Innovative. As the Occupational Stress in relation to the effort

and reward unbalance at work, 2,93% was identified with light risk. As the super

engagement at work, 69,87% was identified with light risk, 7,53% with moderate risk

and 0,84% with serious risk. As the quality of the sleep, 83,26% present bad level.

The chronotype of morning moderate type was 41,42%, followed the indifferent type,

37,24%. The results permit to evaluate the conditions of work, to identify the

problems and to invest in health promotion programs and the life quality at work.

Key-words: Organizational Culture. Occupational Stress. Sleep watching cycle.

Turns of work. Night work.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Mapa do vale do Paraíba paulista........................................ 19

Figura 2 - Principais dimensões e valores enfatizados pelo

Competing Value Model....................................................... 32

Figura 3 - Tipologia Cultural de Quinn.................................................. 34

Figura 4 - Esquema da Síndrome da Adaptação Geral........................ 61

Figura 5 - Representação gráfica da distribuição do número de

enfermeiros que atuam nas instituições de saúde das

cidades do vale do Paraíba paulista..................................... 114

Figura 6 - Representação gráfica da distribuição do número de

enfermeiros que atuam nas instituições de saúde nas 24h.. 115

Figura 7 - Representação gráfica quanto ao sexo................................ 118

Figura 8 - Representação gráfica quanto à idade................................. 119

Figura 9 - Representação gráfica quanto ao estado civil...................... 120

Figura 10 - Representação gráfica quanto ao número de filhos............. 120

Figura 11 - Representação gráfica quanto à escolaridade..................... 121

Figura 12 - Representação gráfica quanto ao tempo de serviço na

profissão............................................................................... 122

Figura 13 - Representação gráfica quanto ao turno de trabalho............ 124

Figura 14 - Representação gráfica quanto ao tempo de serviço no

turno noturno........................................................................ 124

Figura 15 - Representação gráfica quanto à realização de outra

atividade............................................................................... 125

Figura 16 - Representação gráfica quanto ao tipo de outra atividade.... 126

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Figura 17 - Representação gráfica quanto ao turno da outra atividade.. 127

Figura 18 - Representação gráfica da à realização de algum

tratamento de saúde............................................................. 128

Figura 19 - Representação gráfica quanto ao tipo de tratamento........... 129

Figura 20 - Representação gráfica quanto a tipologia cultural das

instituições de saúde............................................................ 131

Figura 21 - Representação gráfica quanto ao Risco – Esforço e

Recompensa no Trabalho.................................................... 140

Figura 22 - Representação gráfica quanto ao Risco –

Supercomprometimento no Trabalho................................... 143

Figura 23 - Representação gráfica quanto ao nível de qualidade do

sono...................................................................................... 156

Figura 24 - Representação gráfica quanto ao cochilo............................ 161

Figura 25 - Representação gráfica quanto a forma de cochilar.............. 162

Figura 26 - Representação gráfica quanto ao motivo por que cochilam. 162

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Conceitos de cultura organizacional...................................... 25

Quadro 2 - Tipos de cultura..................................................................... 30

Quadro 3 - Conceitos de trabalhos em turnos......................................... 97

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Perfil sociodemográfico – vale do Paraíba paulista - 2007.... 117 Tabela 2 - Tempo de serviço na profissão – vale do Paraíba paulista –

2007....................................................................................... 122 Tabela 3 - Perfil quanto ao trabalho – vale do Paraíba paulista –

2007....................................................................................... 123 Tabela 4 - Tratamento de saúde e tipo realizado – vale do Paraíba

paulista – 2007...................................................................... 128 Tabela 5 - Tipologia Cultural das Instituições de saúde – vale do

Paraíba paulista - 2007......................................................... 131 Tabela 6 - Classificação da Cultura Organizacional por instituição de

saúde – vale do Paraíba paulista - 2007............................... 133 Tabela 7 - Tipologia Cultural x Dados sociodemograficos – vale do

Paraíba paulista – 2007........................................................ 137 Tabela 8 - Tipologia Cultural x Tempo de serviço e Turno de trabalho

– vale do Paraíba paulista - 2007.......................................... 138 Tabela 9 - ERI - Esforço e Recompensa no Trabalho: Classificação

dos Riscos – vale do Paraíba paulista – 2007...................... 140 Tabela 10 - Aspectos que causam desconforto/incomodo em relação

ao .Esforço e Recompensa no Trabalho – vale do Paraíba paulista – 2007...................................................................... 141

Tabela 11 - ERI - Supercomprometimento no Trabalho: Classificação dos Riscos – vale do Paraíba paulista – 2007...................... 143

Tabela 12 - Aspectos relacionados que interferem na saúde em relação ao Supercomprometimento no Trabalho – vale do Paraíba paulista – 2007...................................................................... 144

Tabela 13 - ERI - Esforço e Recompensa no Trabalho x Supercomprometimento no Trabalho – vale do Paraíba paulista – 2007..................................................................... 145

Tabela 14 - ERI - Esforço e Recompensa no Trabalho x Cultura Organizacional – vale do Paraíba paulista – 2007....................................................................................... 146

Tabela 15 - ERI - Supercomprometimento no Trabalho x Cultura Organizacional – vale do Paraíba paulista – 2007................ 147

Tabela 16 - Correlação e Teste T - ERI – Esforço e Recompensa no Trabalho x Turno de trabalho – vale do Paraíba paulista – 2007....................................................................................... 148

Tabela 17 - Correlação e Teste T - ERI – Supercomprometimento no Trabalho x Turno de trabalho – vale do Paraíba paulista – 2007....................................................................................... 149

Tabela 18 - ERI - Esforço e Recompensa no Trabalho x Características sociodemográficas – vale do Paraíba paulista – 2007.......... 150

Tabela 19 - ERI - Supercomprometimento no Trabalho x Características sociodemograficas – vale do Paraíba paulista – 2007...................................................................... 152

Tabela 20 - ERI – Esforço e Recompensa no Trabalho x Turno de trabalho – vale do Paraíba paulista – 2007........................... 154

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Tabela 21 - ERI – Supercomprometimento no Trabalho x Turno de trabalho – vale do Paraíba paulista – 2007........................... 154

Tabela 22 - Nível de qualidade do sono – vale do Paraíba paulista – 2007....................................................................................... 156

Tabela 23 - Classificação dos componentes do sono – vale do Paraíba paulista – 2007...................................................................... 157

Tabela 24 - Classificação dos distúrbios do sono – vale do Paraíba paulista – 2007...................................................................... 159

Tabela 25 - Cochilo, forma de cochilar e motivo que cochilam – vale do Paraíba paulista – 2007......................................................... 161

Tabela 26 - Nível de qualidade do sono x Cochilo – vale do Paraíba paulista – 2007...................................................................... 163

Tabela 27 - Nível da qualidade do sono x ERI – Esforço e Recompensa no Trabalho – vale do Paraíba paulista – 2007..................... 163

Tabela 28 - Nível da qualidade do sono x ERI – Supercomprometimento no Trabalho – vale do Paraíba paulista – 2007...................................................................... 164

Tabela 29 - Nível da qualidade do sono x Turno de trabalho – vale do Paraíba paulista – 2007......................................................... 165

Tabela 30 - Tipo de Cronótipo – vale do Paraíba paulista – 2007....................................................................................... 166

Tabela 31 - Cronótipo x Turno de trabalho – vale do Paraíba paulista – 2007....................................................................................... 166

Tabela 32 - Cronótipo x Nível de qualidade do sono – vale do Paraíba paulista – 2007...................................................................... 167

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................15 1.1 PROBLEMA ........................................................................................................17 1.2 OBJETIVOS ........................................................................................................18 1.2.1 Objetivo geral .................................................................................................18 1.2.2 Objetivos Específicos ....................................................................................18 1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO..............................................................................18 1.4 RELEVÂNCIA DO ESTUDO ...............................................................................20 1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO .......................................................................21 2 CULTURA ORGANIZACIONAL E SUA INFLUÊNCIA NA SAÚDE . .....................23 2.1 CULTURA ORGANIZACIONAL ..........................................................................23 2.2 ORGANIZAÇÕES DE SAÚDE E CULTURA ORGANIZACIONAL ......................38 2.3 HISTÓRIA DA ENFERMAGEM...........................................................................46 2.4 FLORENCE NIGHTINGALE................................................................................49 2.5 ENFERMAGEM NO BRASIL...............................................................................51 2.6 ENFERMAGEM COMO PRÁTICA DE SAÚDE PROFISSIONAL .......................55 3 ESTRESSE E SUA INFLUÊNCIA NA SAÚDE OCUPACIONAL ... .......................58 3.1 HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DO ESTRESSE.........................................................58 3.2 CAUSAS DO ESTRESSE ...................................................................................63 3.3 FASES DO ESTRESSE ......................................................................................64 3.4 ESTRESSE OCUPACIONAL ..............................................................................67 4 CICLO VIGÍLIA-SONO E O TRABALHO EM TURNOS E NOTUR NO .................82 4.1 CONCEITO .........................................................................................................82 4.2 TRANSTORNOS PRIMÁRIOS DO SONO..........................................................87 4.3 TRANSTORNOS DO SONO RELACIONADOS A OUTRO TRANSTORNO MENTAL....................................................................................................................90 4.4 TRANSTORNOS DO SONO DEVIDO A UMA CONDIÇÃO MÉDICA GERAL....91 4.5 TRANSTORNO DO SONO INDUZIDO POR SUBSTÂNCIA...............................91 4.6 SIGNIFICADO DO TRABALHO ..........................................................................93 4.7 TRABALHO EM TURNOS E NOTURNO E O IMPACTO NA SAÚDE DO TRABALHADOR .......................................................................................................98 5 MÉTODO..............................................................................................................106 5.1 TIPO DE PESQUISA.........................................................................................106 5.2 LOCAL DA PESQUISA .....................................................................................106 5.3 UNIVERSO E AMOSTRA..................................................................................107 5.4 INSTRUMENTO DE COLETA...........................................................................109 5.4.1 Questionário de Identificação da Amostra - (Q IA).....................................110 5.4.2 Questionário de Cultura Organizacional – (QCO ) .....................................110 5.4.3 Questionário Estresse Ocupacional – Esforço e Recompensa no Trabalho – (ERI).....................................................................................................................111 5.4.4 Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh – (IQSP) ...............................111 5.4.5 Questionário de Identificação de Indivíduos M atutinos e Vespertinos – Cronótipo de HORNE e OSTBERG (1976) – (HO) ...............................................112 5.5 COLETA DE DADOS ........................................................................................112 5.6 PROCEDIMENTOS...........................................................................................113 5.7 PLANO DE ANÁLISE DE DADOS ....................................................................116 6 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................... ................................................117 6.1 PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO DOS ENFERMEIROS ..................................117

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6.2 CARACTERIZAÇÃO DA TIPOLOGIA CULTURAL ...........................................130 6.3 CARACTERIZAÇÃO DO ESTRESSE...............................................................140 6.4 CARACTERIZAÇÃO DA QUALIDADE DO SONO............................................155 6.5 CARACTERIZAÇÃO DO TIPO DE CRONÓTIPO .............................................165 7 CONCLUSÃO ........................................ ..............................................................169 Referências ........................................ ....................................................................171 Anexo .............................................. .......................................................................185 Anexo A - Autorização do Comitê de Ética em Pesquisa........................................185 Apêndice ........................................... .....................................................................186 Apêndice A – Carta de Apresentação .....................................................................186 Apêndice B – Termo de Autorização da Instituição.................................................187 Apêndice C - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ...................................188

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1 INTRODUÇÃO

A cultura organizacional é importante para a compreensão do comportamento

humano nas organizações, onde os valores são compartilhados e influenciam os

membros em relação ao modo de como se sentem, pensam e agem (MACHADO;

KURCGANT, 2004; SILVA; ZANELLI, 2004).

Uma sociedade em contínua transformação e constante crescimento faz com

que a organização sofra um processo de adaptação e mudanças em sua cultura

(SANTOS, 2000; GONÇALVES; MORAES, 2004).

Rosso (2000) explica que a adaptação é um processo de mudança que tem a

necessidade de diagnosticar e procurar estratégias. As transformações contínuas no

ambiente tornam os valores instáveis, devendo ser trabalhados, visando à

manutenção do processo ou a sua troca, em busca do entendimento de um contexto

denominado cultura organizacional.

Assim, diante das mudanças as pessoas ficam sujeitas a situações que

provocam reações fisiológicas ou psicológicas no organismo, e precisam

desenvolver mecanismos de adaptação às novas situações e necessidades. Como

conseqüência de respostas não específicas a um agente nocivo e da necessidade

de adaptação do organismo, pode surgir o estresse.

Para Costa, Lima e Almeida (2003), o estresse depende de fatores intrínsecos

e extrínsecos, e dos indivíduos em contínua interação com o meio em que vivem.

Inocente e Reimão (2005) acrescentam que o estresse ocupacional ocorre em

conseqüência da exposição dos trabalhadores aos fatores de riscos de ordem

psicossocial relacionados com a organização do trabalho, ou seja, resulta da

interação do homem com as condições de trabalho.

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Fonseca e Soares (2006) acrescentam que existem várias situações

estressoras no ambiente hospitalar, e, quando associadas aos mecanismos de

defesa que não conseguem produzir efeitos positivos e adequados, podem levar os

enfermeiros a desenvolverem doenças.

Para Schirato (2000), a padronização do comportamento, a organização e o

horário de trabalho são pontos importantes na manutenção da cultura e dos valores

organizacionais.

Culturalmente, as organizações de saúde destacam-se pela sua característica

de trabalho, não só pela necessidade de funcionarem 24 horas em turnos diurnos e

noturnos, como também pelo cuidado com o paciente. Essa atividade de atenção,

somada à carga horária e ao horário de trabalho, pode ser uma fonte de estresse.

O trabalho em turnos e noturno é um dos estressores presentes no

desempenho da atividade do enfermeiro, visto que um percentual significativo de

pessoas que trabalham nesse sistema de horário relata uma série de transtornos,

principalmente sintomas físicos e psíquicos.

O trabalho em turnos e noturno causa alterações, não só no organismo, como

também na vida social dos trabalhadores, que têm seu ritmo biológico, sua vida

social e familiar afetados. Há um constante desencontro, uma vez que a vida

habitual é diurna (DE MARTINO, 1996; FURLANI, 1999).

Sendo o trabalho em turnos e noturno um padrão de comportamento na cultura

das instituições de saúde, optou-se, neste estudo, pela abordagem da influência do

horário de trabalho no estresse ocupacional dos enfermeiros e sua relação com as

alterações do ciclo vigília-sono.

Atualmente, muitas organizações consideram a ritmicidade circadiana dos seus

profissionais que trabalham em turnos e no período noturno, na tentativa de evitar

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danos à sua saúde. O conhecimento da ritmicidade biológica de cada funcionário

visa auxiliar na elaboração das escalas, respeitando as características individuais e,

conseqüentemente, a adequação dos horários de trabalho de acordo com a

preferência para os turnos.

Este estudo tem como relevância demonstrar a necessidade do planejamento

da organização do processo de trabalho dos enfermeiros e da implantação de

programas de promoção da saúde e da qualidade de vida. Pretende-se, também,

demonstrar que esse planejamento e a implantação desses programas poderão

trazer benefícios à saúde do enfermeiro, à organização em que ele realiza suas

atividades e aos clientes que nela são atendidos.

1.1 PROBLEMA

De acordo com Moreno, Fischer e Rotenberg (2003), atualmente o sistema de

trabalho em turnos e noturno é muito utilizado, principalmente em ambientes

hospitalares, e o trabalho dos enfermeiros é de vital importância, nessas instituições.

O trabalho em turnos e noturno desloca os períodos de sono e vigília e causa

alterações dos aspectos físicos, psíquicos e sociais, que podem comprometer a

saúde do trabalhador e causar o estresse.

Com base nesse pressuposto, surgem alguns questionamentos, quanto ao

trabalho em turnos e noturno como um sistema que faz parte da cultura

organizacional e do comportamento dos enfermeiros:

- Qual a influência do horário de trabalho no estresse ocupacional dos

enfermeiros?

- Qual sua influência nas alterações do ciclo vigília-sono?

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- De que forma a Cultura das Organizações de saúde, considerando-se o

trabalho em turnos e noturno, influencia na manifestação do estresse nos

enfermeiros?

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo geral

- Identificar o nível de estresse, as alterações do ciclo vigília-sono e sua relação

com a cultura organizacional no trabalho em turnos e noturno dos enfermeiros.

1.2.2 Objetivos Específicos

1. Caracterizar os aspectos sociodemográficos dos enfermeiros.

2. Identificar a predominância da cultura organizacional em diferentes

instituições, na percepção dos enfermeiros.

3. Verificar a prevalência do estresse ocupacional em enfermeiros.

4. Verificar o nível de risco em relação ao esforço e recompensa e ao

supercomprometimento no trabalho dos enfermeiros.

5. Identificar a qualidade do sono dos enfermeiros.

6. Classificar os cronótipos dos enfermeiros.

1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

Esta pesquisa foi realizada com os enfermeiros que atuam em hospitais do vale

do Paraíba paulista, uma região composta por 39 cidades. A pesquisa abrangeu 13

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cidades: Cachoeira Paulista, Campos do Jordão, Cruzeiro, Guaratinguetá, Ilhabela,

Jacareí, Paraibuna, Pindamonhangaba, São José dos Campos, São Sebastião,

Taubaté, Tremembé e Ubatuba.

Os hospitais envolvidos na pesquisa estavam cadastrados no Banco de Dados

do Sistema Único de Saúde (DATASUS) e funcionavam 24 horas por dia, com a

presença de enfermeiros em todos os turnos de trabalho.

A escolha pelos hospitais com a presença de enfermeiros nas 24 horas do dia

deu-se em virtude da necessidade de identificar o nível de estresse e as alterações

no ciclo vigília-sono dos enfermeiros, de acordo com o horário em que realizavam

suas atividades. Na Figura 1, o mapa da região do vale do Paraíba paulista.

Figura 1 – Mapa do vale do Paraíba paulista Fonte: www.pindavale.com.br/mapas/mapa_vale.asp. Acesso em 20 de dezembro de 2007.

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20

1.4 RELEVÂNCIA DO ESTUDO

As cooperações econômicas, tecnológicas, médicas e biológicas têm sido

observadas como uma questão técnica que ignora as diferenças no modo de agir e

pensar do grupo em si. Conseqüentemente, as soluções podem não funcionar ou

não serem implementadas. No entanto, compreender tais diferenças é tão

importante quanto compreender os fatores técnicos (HOFSTEDE, 1991).

Diante das diferenças em sua maneira de pensar e agir, o homem precisa

realizar a abordagem sobre o estresse sob os aspectos biológicos, com enfoque

psíquico e social, considerando as diferenças individuais e os condicionantes do

processo saúde-doença. Em se tratando do estresse ocupacional, deve considerar,

ainda, as condições de trabalho.

Na área da enfermagem, um agente estressor importante é o trabalho em

turnos e noturno, o qual tem sido muito discutido, devido às conseqüências que traz

à saúde do trabalhador. Outra fonte de risco considerável são as condições de alto

esforço, baixa recompensa e supercomprometimento no trabalho.

Estudos realizados com os profissionais que trabalham no turno diurno ou

noturno têm contribuído para melhor entendimento das alterações que podem

ocorrer nesses indivíduos (GASPAR; MORENO; MENNA-BARRETO, 1998; DE

MARTINO; CIPOLLA-NETO, 1999; DE MARTINO, 2002; MELLO et al., 2002;

MORENO; FISCHER; ROTENBERG, 2003).

Moreno, Fischer e Rotenberg (2003) tratam ainda das diferenças individuais à

adaptação ao trabalho em turnos e noturno, associando características do trabalho

que podem ou não favorecer a tolerância a essa organização de trabalho.

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Os autores citados sugerem medidas que visam minimizar as dificuldades

enfrentadas pelos trabalhadores quanto à saúde e ao bem-estar social e orgânico.

Dessa forma, deve-se dar atenção particular à organização das jornadas de

trabalho, de maneira a serem consideradas, não só as razões econômicas das

organizações, mas também as dos trabalhadores, particularmente as relacionadas à

fisiologia do corpo humano e aos possíveis efeitos à saúde e ao bem-estar (COSTA,

2003).

Para Metzner e Fischer (2001), os trabalhadores que realizam suas atividades

em turnos fixos devem ser periodicamente avaliados, quanto a suas condições de

trabalho e saúde. Os autores citados recomendam que as condições de trabalho

sejam melhoradas continuamente.

Medidas preventivas para minimizar os prejuízos à saúde dos trabalhadores

ameaçados por fatores de risco físicos e psicossociais podem ser dificultadas, se

forem levadas em conta a tipicidade das organizações de saúde, quanto a sua

complexidade e seu histórico de formação religiosa, filantrópica e beneficente.

Torna-se importante e necessário adequar essas ações, considerando-se o

ambiente, os valores e a cultura dessas organizações.

1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

Este trabalho é composto por sete capítulos, e o primeiro deles refere-se à

Introdução, que apresenta o problema, os objetivos, a delimitação do tema, a

relevância do estudo e a composição do trabalho.

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Do capítulo dois ao capítulo quatro, procede-se a uma revisão da literatura,

abordando-se: Cultura Organizacional, História da Enfermagem, Estresse, Estresse

Ocupacional, Ciclo vigília-sono e Trabalho em turnos e noturno.

No capítulo cinco, apresentam-se o método, o tipo e local da pesquisa, a

composição da amostra, os procedimentos e instrumentos da coleta de dados e a

forma de tratamento dos dados.

No capítulo seis, os Resultados e as Discussões dos dados obtidos.

A conclusão a que se chegou, ao final do trabalho, constitui o capítulo sete.

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23

2 CULTURA ORGANIZACIONAL E SUA INFLUÊNCIA NA SAÚDE

2.1 CULTURA ORGANIZACIONAL

A palavra cultura restringia-se ao cultivo da terra, ao trabalho relativo à

produção de plantas, ou seja, à agricultura. Depois, passou a se referir aos cuidados

com crianças, visando ao desenvolvimento de seus conhecimentos. Nos tempos

atuais, refere-se à necessidade de compreender as diferenças entre os

comportamentos de grupos e nações (SILVA; ZANELLI, 2004).

A cultura pode ser definida a partir do conjunto de símbolos, idéias e produtos

específicos de um grupo, é um fenômeno coletivo e partilhado por pessoas que

vivem no mesmo ambiente social. É adquirida, e não herdada (CHAMON, 2007).

A cultura e sua influência no comportamento humano podem variar entre

diferentes grupos ou sociedades, bem como dentro de um grupo considerado

homogêneo (SILVA; ZANELLI, 2004).

O termo cultura organizacional é importante para compreender o

comportamento dos membros de uma organização, onde os códigos, significados e

valores são compartilhados (SANTOS; NETO, 2007) e influenciam no modo como as

pessoas que ali trabalham sentem, pensam e agem.

As organizações apresentam várias características globais, não devendo

reduzir-se somente aos seus componentes referentes a papéis, pessoas ou postos

de trabalho. São características essenciais do contexto organizacional em que as

pessoas realizam suas atividades e interagem, em busca de satisfação das suas

necessidades e do sucesso dos objetivos da organização; no entanto, é de

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conhecimento que as organizações podem apresentar fontes de estresse para seus

funcionários (MARTINS, 2003).

A organização tem uma estrutura que demonstra como se dispõem os

diferentes órgãos e níveis hierárquicos, ligações e relações de interdependência,

funcionamento e coordenação, para que possa realizar seus objetivos (MARTINS,

2003). A divisão de trabalho está ligada à idéia de diferenciação de função. As

organizações atingem seus objetivos com base nos tipos de tarefas, em suas metas

e nos talentos disponíveis. Essa divisão tem início quando definem-se os meios para

se atingir um determinado fim (SCHEIN, 1982). As organizações são diferentes e

variadas, possuem culturas organizacionais refletidas em diversos tipos de

estruturas e sistemas. Cada organização desenvolve mecanismos de adaptação e

padrões de comportamento para lidar com problemas que surgem do ambiente

externo e da integração interna (SANTOS, 2000; SILVA; ZANELLI, 2004).

O processo de formação de uma cultura é bastante longo e consiste na

repetição e validação das diversas formas de manifestações culturais. A cultura, em

seu período inicial, é mais versátil às necessidades de uma recém-formada

organização, quando os primeiros mitos, ritos e valores começam a se desenvolver.

Devido ao seu tamanho inicial reduzido, é mais fácil impor os valores dos fundadores

e disseminá-los para os poucos membros da organização.

Diante de uma sociedade que está em constante crescimento, a organização

precisa se adaptar, promovendo contínuas mudanças e interferências em sua cultura

organizacional (SANTOS, 2000; GONÇALVES; MORAES, 2004). Quando os

envolvidos compreendem as diferenças de pontos de vista, as mudanças ou

negociações ficam mais propensas ao sucesso (HOFSTEDE, 1991).

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Várias áreas científicas têm contribuído no estudo da cultura organizacional,

como a psicologia, a antropologia e a sociologia (ROSSO, 1997; SANTOS, 2000;

ROSSO, 2000). O termo cultura organizacional tem diferentes significados, e

provoca, portanto, muita controvérsia entre os autores. Os debates são devido aos

diferentes conceitos, pois limites e fronteiras necessitam de consenso e precisão

(FREITAS, 1991; NAKAYAMA, 1997; SANTOS, 2000; MOREIRA, 2001; MARTINS,

2003). A maioria dos conceitos, na literatura acadêmica, não fornece uma definição

operacional e explícita dos termos, visto que ocorrem ambigüidade e imprecisão,

como demonstrado no Quadro 1.

Autor Conceitos

Pettigrew, 1979; p. 574.

[...] o conceito de cultura que eu tenho em mente são símbolos, linguagem, ideologia, crenças, rituais e mitos.

Schwartz e Davis, 1981;

p. 6.

[...] padrão de crenças e expectativas compartilhadas pelos membros da organização. Essas crenças e expectativa produzem normas que poderosamente moldam o comportamento dos indivíduos e grupos na organização.

Ouchi, 1981; p. 35.

[...] cultura organizacional consiste em um conjunto de símbolos, cerimônias e mitos que comunicam os valores e crenças subjacentes da organização aos seus empregados. Estes rituais concretizam aquilo que, do contrario, seriam significado e impacto para um novo empregado.

Deal e Kennedy,

1982; p. 15.

[...] valores, heróis, rituais e comunicações. Uma cultura forte é um sistema de regras informais que indicam como as pessoas têm que se comportar na maior parte do tempo.

Wilkins, 1984; p. 43.

[...] em geral, estórias são instrumentos poderosos para transmitir a cultura porque elas são como mapas que ajudam as pessoas a saberem como as coisas são feitas num grupo em particular. Pessoas querem saber como se ajustar e evitar maiores erros numa cultura nova.

Schein, 1984; p. 9.

[...] cultura organizacional é o conjunto de pressupostos básicos que um grupo inventou, descobriu ou desenvolveu ao aprender como lidar com seus problemas de adaptação externa e de integração interna, e que funcionam suficientemente bem para serem considerados válidos e ensinados a novos membros como a forma correta de perceber, pensar e sentir, em relação a esses problemas.

Quinn e McGrath,

1985; p. 51.

[...] cultura inclui crenças, entre outras coisas, a respeito dos objetivos organizacionais, critérios de desempenho, distribuição de autoridade legitimidade das bases de poder, orientação para tomadas de decisões, estilo de liderança e motivação.

Santos, N., 1993.

[...] os valores e crenças compartilhados pelos membros de uma organização, a qual funciona como um mecanismo de controle organizacional, informalmente aprovando ou proibindo comportamentos e que dá significado, direção e mobilização para os membros da organização.

Quadro 1 - Conceitos de cultura organizacional Fonte: SANTOS (2000).

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Frente aos diferentes conceitos, Santos (2000) constata que, embora haja

contradição entre os autores, há pontos de concordância, como: a) é um instrumento

para tentar explicar ou predizer o comportamento da organização e membros; b) a

cultura da organização é única e singular; e, c) funciona como um mecanismo de

controle da organização, por meio da repressão, aprovação ou estimulação de

algumas ações comportamentais.

Para Schein (2001), há níveis de cultura que são necessários para se evitarem

confusões conceituais, podendo ser do muito visível ao muito tácito e invisível:

- Nível de artefatos visíveis – símbolos ou sinais que podem ou não revelar as

crenças, valores e os pressupostos da organização, como: ambiente físico da

organização, padrões de vestimentas e de comportamento, documentos, mobílias,

linguagem organizacional, legendas e mitos;

- Nível dos valores e crenças compartilhados – os valores expressam o que é

importante para as pessoas, como: estratégias, objetivos, filosofia, e as crenças, o

que as pessoas acreditam ser verdadeiro ou não;

- Nível dos pressupostos básicos – os valores, crenças, percepções que são

compartilhados pelo grupo e conduzem a comportamentos e resultados positivos

são cada vez mais aceitos e gradualmente transformados em pressupostos

inconscientes. Os pressupostos básicos determinam como os membros de um grupo

percebem, pensam e sentem.

Para Santos (2000) e Rosso (2000), existe uma polêmica quanto ao estudo da

cultura, pois alguns acadêmicos defendem a linha de pesquisa qualitativa, enquanto

outros defendem a linha de pesquisa quantitativa. Embora existam limitações entre

essas linhas, ambas possuem pontos fortes a serem explorados. Santos (2000)

complementa que, para Schein (1985), a abordagem quantitativa é superficial e não

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alcança os níveis mais profundos da cultura, tais como os valores e os pressupostos

básicos. Já para outros, como Hofstede (1986), o estudo da cultura deve ir além de

uma abordagem exploratória e antropológica. Rosso (2000) acrescenta que há os

acadêmicos que vêem esses dois métodos como complementares, e cita como

exemplos Siehl e Martin (1988), que investigaram o processo de transmissão e

aprendizado da cultura de uma empresa americana.

Os estudos realizados com base na linha de pesquisa quantitativa têm sido

usados para identificar e validar dimensões da cultura, desenvolver tipologia e

encontrar relação entre cultura e outras variáveis. Santos (2000) cita como exemplo

de variável o desempenho organizacional. Rosso (2000) cita o clima organizacional.

Santos (2000) e Rosso (2000) demonstram que Schein (1990) destaca

diferentes correntes de pesquisa, tais como:

- Pesquisa avaliativa: pode ser vista como propriedades de grupo e ser

mensurada por meio de questionários likertianos.

- Pesquisa analítico-descritiva: a cultura é vista como um conceito, e

mensurações empíricas são desenvolvidas. Para Schein, os elementos culturais,

como as crenças, os valores, os ritos e as histórias, constituem-se em elementos

válidos para o estudo de cultura.

- Pesquisa etnográfica: são utilizados conhecimentos da sociologia e da

antropologia, no estudo das organizações.

- Pesquisa histórica: o estudo da cultura organizacional deve ser analisado

junto a outros fatores.

- Pesquisa clínico-descritiva: tem sido muito utilizada por consultores, com

vistas a um diagnóstico e a intervenções.

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Rosso (2000) acrescenta que, na pesquisa etnográfica, o pesquisador precisa

da autorização da organização, enquanto na pesquisa clínico-descritiva a solicitação

parte da própria instituição.

A descrição dos elementos que constituem a cultura organizacional, a forma

como eles funcionam e as mudanças comportamentais que eles provocam são as

maneiras de dar ao assunto uma forma mais fácil de identificar a cultura da

organização.

A força cultural é definida como a extensão em que valores e crenças que

permeiam a organização são ampla e intensamente compartilhados pelos seus

membros. Quanto mais amplamente esse conjunto de valores e crenças for

compartilhado e estiver em congruência com os objetivos e as estratégias

organizacionais, mais eficaz será a empresa.

Os grupos e a sociedade pensam, sentem e agem de forma diferente, mas não

há parâmetros que possam caracterizar uma cultura como superior ou inferior

(HOFSTEDE, 1991).

Quanto maior a convergência entre os valores e as crenças, maior será a

harmonia na organização, o que resulta positivamente na forma como a cultura atua

no cotidiano da empresa. A força de uma cultura influenciará a intensidade do

comportamento, e suas características são: Largura - consiste na quantidade de

pressupostos que existem na cultura; Extensão do compartilhamento - o grau em

que os pressupostos são compartilhados; e, Grau de importância - hierarquização

explícita da importância de cada pressuposto (SATHE, 1985). O autor acrescenta

que a largura de culturas bem disseminadas e com hierarquia bem definida para

seus pressupostos as define como fortes. Ou seja, culturas com essas

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características influenciam fortemente a forma como os membros da organização

atuam.

Santos (2000) cita que as tipologias organizacionais são úteis porque permitem

generalizações teóricas sobre uma determinada classe de organizações, contribuem

para explicar as diferenças entre as organizações e possibilitam aos pesquisadores

examinar a extensão em que os elementos de uma cultura são congruentes. A

tipologia possibilita determinar se as organizações são dominadas por um atributo ou

por vários.

Nenhuma organização tem como base uma só cultura; pode ter uma

combinação de culturas, e um tipo pode ser mais dominante que outro. Uma cultura

forte incorpora as características de todos os quatro tipos culturais (GREGORY,

1983; QUINN; KIMBERLY, 1984, apud SANTOS 2000). Quanto mais forte a cultura

de uma organização, mais difícil será a mudança, pois ela funciona como um

anteparo às alterações que possam modificar seu status (SILVA; ZANELLI, 2004).

Santos (2000) acrescenta que a cultura está associada ao desempenho

organizacional e cita que empresas com cultura forte têm melhor desempenho em

relação às empresas com cultura fraca.

Existem definições diversas para os tipos de cultura, considerando-se a

percepção dos autores. Em relação ao tipo de cultura, as organizações podem ser

agrupadas de acordo com certas características comuns: com o grau de risco

associado às atividades da empresa e com a velocidade na qual a empresa e

funcionários têm retorno em relação a suas decisões e acertos.

Podem ser definidas, ainda, de acordo com as características da hierarquia, do

trabalho em equipe, se inovativo ou racional, e, para alguns autores, de acordo com

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o tipo de poder, com foco voltado para papéis, na tarefa ou na pessoa, como é

demonstrado no Quadro 2.

Autor

Tipos

Handy (1978) cita Roger

Harrison

- A cultura do poder

- A cultura de papéis

- A cultura da tarefa

- A cultura da pessoa

Quinn e Rohrbaugh (1981) - Cultura grupal

- Cultura inovativa

- Cultura hierárquica

- Cultura racional

Deal e Kennedy (1982) - Empresas de alto risco/ retorno rápido

- Empresas de menor risco/ retorno rápido

- Empresas de alto risco/ retorno lento

- Empresas de baixo risco/ retorno lento

Quadro 2 - Tipos de cultura Fonte: SANTOS (2000).

Entre as diversas tipologias, escolheu-se, neste trabalho, a de Quinn e

Rohrbaugh, em que as organizações podem ser caracterizadas de acordo com seus

traços culturais ou dimensões comuns a toda organização.

Segundo Santos (2000), Rosso (2000) e Degenhardt (2006), o modelo

proposto por Quinn e Rohrbaugh, denominado “Competing Value Model (C.V.M.)”,

foi desenvolvido inicialmente como parte de um estudo sobre eficácia organizacional.

Os autores acrescentam que, de uma lista inicial de 30 conceitos de eficácia,

eliminaram aqueles que não pertenciam ao nível de análise da organização, os que

não expressavam critérios de desempenho e os que eram operacionalizações de

critérios particulares. Restaram, então, 17 critérios: Coesão, Moral, Valor dos

recursos humanos, Administração da informação e comunicação, Controle,

Estabilidade, Eficiência, Qualidade, Planejamento e estabelecimento de objetivos,

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Lucratividade, Produtividade, Aquisição de recursos, Crescimento, Avaliação por

entidades externas, Adaptação/Flexibilidade e Prontidão organizacional e Uso do

ambiente externo.

Santos (2000) e Rosso (2000) ressaltam que os critérios de eficácia, após

vários estudos, foram distribuídos em três dimensões:

- A primeira dimensão está relacionada ao enfoque organizacional interno ou

externo; no sentido micro, o bem-estar e o desenvolvimento do funcionário, e no

sentido macro, o desenvolvimento da organização;

- A segunda dimensão está voltada para a estrutura organizacional, ou seja,

uma estrutura flexível com foco em inovação e uma estrutura de controle com foco

em estabilidade;

- A terceira dimensão refere-se aos meios e fins organizacionais que são

voltados aos valores-meios, com enfoque no processo de planejamento, e aos

valores-fins, com enfoque para resultados e produtividade.

Na Tipologia de Quinn, conforme Santos (2000) e Rosso (2000), as

organizações podem ser caracterizadas conforme os traços culturais ou dimensões

comuns a toda organização humana. Organiza os diferentes padrões de

comportamento, valores e crenças que definem a cultura de uma empresa. O

modelo demonstra que as contradições dentro de uma organização coexistem, e

busca uma forma de melhor compreender as diferenças e os conflitos, para

obtenção do equilíbrio da empresa.

A Figura 2 mostra as principais dimensões do modelo “Competing Value Model

(C.V.M.)”.

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Figura 2 – Principais dimensões e valores enfatizados pelo Competing Value Model Fonte: ROSSO (2000, p. 40)

Santos (2000, p. 66) cita que o modelo proposto, “Competing Value Model

(C.V.M.)”, “[...] visa a organizar os diferentes padrões de comportamento, valores e

crenças compartilhadas que definem a cultura de uma empresa”. Segundo o autor,

utilizando-se as duas principais dimensões, a estrutura organizacional e o enfoque

ambiental, definem-se os quatro tipos culturais que caracterizam a Tipologia de

Quinn:

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- Cultura grupal: Tem enfoque na flexibilidade e no ambiente interno. É

baseada em normas e valores associados à afiliação. A informação é coletiva,

utilizam-se a participação e o consenso. Coesão e moral são os meios para o

desenvolvimento de recursos humanos. Valoriza a participação dos membros nas

tomadas de decisões. Os líderes são participativos, interagem por meio do trabalho

em equipe;

- Cultura inovativa: Tem enfoque na flexibilidade e no ambiente externo. É

permeada por pressupostos de mudança e flexibilidade. A motivação inclui o

crescimento, estímulo, diversificação e criatividade na tarefa. A informação é

intuitiva, utiliza a inspiração e novas idéias. A flexibilidade e adaptação são os meios

para o crescimento e obtenção de suporte externo. Os líderes são empreendedores

e idealistas, e buscam o desenvolvimento organizacional;

- Cultura hierárquica: Tem enfoque no controle e no ambiente interno. É

permeada por pressupostos de estabilidade. Reflete os valores e as normas

associados à burocracia. A motivação inclui a segurança e a ordem. Os líderes são

conservadores e cautelosos e têm características autoritárias. A informação é formal,

utiliza documentos e regras, e a administração da informação e da comunicação,

como meios para se alcançar a estabilidade e o controle;

- Cultura racional: Tem enfoque no controle e no ambiente externo. É

permeada por pressupostos de realização. Ênfase na crença, e as recompensas

dependem do desempenho e de resultados. A motivação inclui a competição e a

consecução de resultados pré-estabelecidos. Os líderes são diretivos, objetivos,

fornecem recursos e encorajam a produtividade. A informação é individual, utiliza o

julgamento lógico e o senso de direção. O planejamento e estabelecimento de

objetivos são os meios para alcançar maior lucro e produtividade.

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Pode-se observar que cada tipo cultural tem um perfil que lhe é o oposto. A

cultura grupal é voltada para a flexibilidade e enfoque interno, enquanto a cultura

racional enfoca o controle e o direcionamento para o ambiente externo. A cultura

inovativa é voltada para a flexibilidade e enfoque externo, enquanto a cultura

hierárquica enfatiza o controle com enfoque interno (SANTOS, 2000), conforme

Figura 3.

Figura 3 – Tipologia Cultural de Quinn Fonte: ROSSO (2000, p. 41)

Rosso (2004) pesquisou a cultura organizacional no contexto das Instituições

de Ensino Superior, observando o compartilhamento e o nível de satisfação dos

pesquisados com a cultura organizacional percebida. Os pesquisados totalizaram

234 participantes, dentre eles o corpo diretivo, o corpo docente e os discentes. Os

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resultados obtidos mostraram a presença do tipo cultural subjacente, proposto pelo

fundador há mais de 100 anos. Observou-se o compartilhamento da cultura

organizacional nessas instituições. O nível de satisfação com a cultura demonstra a

necessidade de monitorá-la e, se necessário, realizar a intervenção. Os pesquisados

percebem os tipos culturais na seguinte ordem: grupal, hierárquico, inovativo e

racional.

Degenhardt (2006) realizou uma pesquisa em sete grandes empresas do Brasil

em volume de vendas. A cultura organizacional foi investigada a partir de seis

dimensões: características dominantes; liderança na organização; administração de

pessoas e equipes; coesão interna; enfoque estratégico; e, critério de

reconhecimento. O autor concluiu que em todas as empresas os atributos dos quatro

tipos culturais estudados são notados, o que denota um equilíbrio saudável, uma vez

que, quando um tipo é dominante, pode acarretar comportamentos disfuncionais.

Para a autora Fleury (2000), o principal objetivo em gerenciar a diversidade

cultural é administrar as relações de trabalho, as práticas de emprego e a

composição interna da força de trabalho. Assim, é possível atrair e reter os melhores

talentos. Em uma pesquisa sobre a diversidade cultural, observou-se que há

empresas que administram a diversidade por meio de políticas de recrutamento,

seleção e treinamento, desenvolvimento de liderança, projetos de comunicação.

A influência da cultura no comportamento humano varia de acordo com a

diversidade cultural existente entre diferentes agrupamentos de pessoas ou

sociedades e dentro de um mesmo grupo considerado homogêneo. A cultura está

associada aos processos de construção de uma realidade social, ao modo como

uma comunidade satisfaz suas necessidades materiais e psicossociais, e ao modo

como um grupo se adapta ao ambiente externo e interno (SILVA; ZANELLI, 2004).

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Para Gonçalves e Moraes (2004), o desenvolvimento da cultura organizacional

depende da maturidade da organização. A cultura é formada pelos componentes da

empresa que têm o poder de influenciar comportamento e atitudes nas unidades de

trabalho e por fundadores das instituições, que lhe impõem alguns traços.

Santos e Viagi (2005) citam que, ao realizarem uma pesquisa em uma

organização nacional privatizada em fase de internacionalização dos negócios,

sobre competências gerenciais em ambientes de rápidas mudanças, observaram

que, dos dez profissionais entrevistados, apenas quatro dos candidatos avaliados

apresentavam condições para assumir funções de liderança. Acrescentam que

apenas 30% dos candidatos indicados pelo gestor estavam de fato prontos para

assumir novos desafios, e que 60% tiveram que exercer um esforço considerável

para atingir o nível de prontidão. Os autores realizaram essa pesquisa a partir do

pressuposto de que as pessoas precisam ter acesso a oportunidades de

crescimento profissional, em um ambiente organizacional propício aos estímulos de

reconhecimento à iniciativa de um desempenho pessoal melhor. Consideram que as

relações de responsabilidade e autonomia delegada favorecem o desenvolvimento e

o crescimento profissional.

Fellows (2005), em um estudo sobre diversidade cultural e competências para

gerenciá-la, afirma que seus efeitos no comportamento e no desempenho

organizacional são complexos. As organizações precisam estar conscientes da

importância dessa diversidade cultural e devem aproveitar os benefícios que os

indivíduos lhes oferecem. Para o autor, os gerentes das organizações que valorizam

a diversidade cultural no ambiente de trabalho devem estar preparados para as

tensões entre os indivíduos. Devem trabalhar com o engajamento pessoal, valorizar

e aceitar os conflitos, e procurar solucioná-los com tato. Devem ter consciência dos

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objetivos e desenvolver o comprometimento de uma força de trabalho diversificada.

Gerenciar a diversidade não é só uma atitude para aumentar a produtividade, mas

também a consideração de que as pessoas são seus recursos mais valiosos e de

que devem ser tratadas com dignidade e respeito, recebendo iguais oportunidades

de trabalho.

O conjunto de características depende do grau e da forma, observando-se as

diferenças que existem na estrutura de cada organização. Esses aspectos definem

divisão do trabalho, hierarquia, autoridade, responsabilidade, amplitude da

supervisão, centralização ou descentralização do serviço (MASSAROLLO, 1991).

Para Martins (2003), as organizações apresentam características referentes a

papéis, pessoas ou postos de trabalho. As pessoas realizam suas atividades e se

interagem, em busca de satisfação das suas necessidades e do sucesso dos

objetivos da organização. No entanto, é de conhecimento que as organizações

podem representar fontes de estresse para seus funcionários.

O assunto sobre cooperação econômica, tecnológica, médica e biológica tem

sido observado como uma questão técnica em que se ignoram as diferenças no

modo de pensar e agir do grupo. Conseqüentemente, as soluções podem não

funcionar, ou não serem implementadas, e compreender tais diferenças é tão

importante quanto compreender os fatores técnicos (HOFSTEDE, 1991). Para

Shinyashiki (1995), a compreensão de cultura da organização contribui para

distinguir e implementar programas de renovação organizacional.

A cultura dessas sociedades complexas subdivide-se ainda em várias

subculturas profissionais, como: medicina, enfermagem, direito. Embora cada

subcultura se desenvolva a partir de uma cultura maior e compartilhem conceitos e

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valores, cada subgrupo tem seus próprios conceitos, regras, organização social e

características próprias (HELMAN, 2003).

Considerando o serviço de enfermagem como um grupo organizado de

pessoas, é necessária a divisão do trabalho entre os membros da equipe e o

estabelecimento de um padrão de relação entre eles. Como o serviço de

enfermagem está no contexto de uma estrutura organizacional, sua filosofia,

objetivos, complexidade e diversidade das atividades, recursos disponíveis e

características da estrutura devem ser considerados (MASSAROLLO, 1991).

Os hospitais são organizações com características próprias, humanizadas e,

até certo ponto, burocráticas e autoritárias. Com extensa divisão de trabalho, são

coordenados hierarquicamente, seguindo princípios e métodos. De acordo com o

grau de profissionalização, são encontrados normas e valores comuns aos membros

dos grupos. Aspectos relevantes à cultura nas organizações de saúde serão

abordados adiante.

2.2 ORGANIZAÇÕES DE SAÚDE E CULTURA ORGANIZACIONAL

O hospital é considerado um local destinado ao atendimento de doentes, para

proporcionar-lhes o diagnóstico e o tratamento necessário. Historicamente, os

hospitais surgiram como lugares de acolhida de doentes e peregrinos. A

Organização Mundial de Saúde (OMS) conceitua hospital como uma organização

que visa proporcionar assistência médica integral, curativa e preventiva à população.

O hospital apresenta características próprias, que o distinguem das demais

organizações e difere das outras empresas, porque o seu objetivo é a manutenção

ou restabelecimento da saúde do paciente. Uma característica própria dos hospitais

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é a diversidade que apresentam quanto às características de propriedade, como:

público ou privado. Acrescente-se que a atividade produtiva de um hospital é de 24

horas ininterruptas, sendo este um fator importante, pois um simples erro ou falha

pode significar a diferença entre a vida e a morte de uma pessoa (GUIMARÃES,

2005).

Porém, muitas transformações no mundo do trabalho têm acontecido,

principalmente nas áreas referentes à tecnologia, aos estilos de gestão

organizacional e à transitoriedade do emprego. Surgem novas formas de organizar o

trabalho e de relação do ser humano com ele, como: cargos com diferentes

atribuições e mais complexos, estruturas com menos níveis hierárquicos, com mais

responsabilidades na base da pirâmide (BORGES et al., 2002). Em decorrências

dessas transformações, as instituições hospitalares sofreram forte influência das

políticas governamentais, por meio da regulamentação de padrões mínimos de

assistência e qualidade nos serviços.

A relação do trabalhador da área da saúde com o usuário exige qualidade na

execução de tarefas, mais qualificação e novas competências do trabalhador. Essas

transformações têm-se destacado nos serviços de saúde, devido à necessidade de

implementação dos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), abordando a

Universalidade, Integralidade, Eqüidade, Descentralização, Regionalização e

Hierarquização, Racionalidade, Resolutividade, Participação do cidadão (BORGES

et al., 2002).

Outra característica marcante da instituição hospitalar é o fato de que ela

possui um caráter social e, em alguns casos, filantrópico. Sua força de trabalho é

também singular e própria da atividade, possuindo valores profissionais e um código

de ética próprio (GUIMARÃES, 2005).

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Svaldi, Wilson Filho e Gomes (2006), ao realizarem um estudo sobre a

apropriação e uso de conhecimentos de gestão para a mudança de cultura na

enfermagem como disciplina, citaram que a enfermagem, desde a sua origem, tem

sua estruturação baseada na hierarquização e que está enraizada culturalmente no

modelo religioso e militar. Os funcionários da área de enfermagem ainda se mantêm

obedientes à gestão operacional dos processos, dificultando, assim, até mesmo a

especialização técnica. Concluem que é necessário propiciar para a enfermagem a

possibilidade de criar, desenvolver, usar novos métodos e tecnologias semelhantes

aos utilizados em outras profissões. O objetivo, portanto, é que os profissionais de

enfermagem possam utilizar novos conhecimentos, no desenvolvimento da disciplina

enfermagem, e, assim, usufruir resultados positivos.

Para Bellato e Pereira (2006), a categoria do profissional da enfermagem

detém uma cultura que, ao mesmo tempo, a encoraja e pode esmorecê-la. A

constante tensão entre o que os enfermeiros são, o que dizem que são e como

querem ser de fato faz esse grupo agir, reagir e modificar sua prática frente às

adversidades do cotidiano, mantendo alguns valores que lhes são importantes,

porém em detrimento de outros, pouco representativos. Esse grupo se movimenta

dinamicamente no território organizacional, produzindo e reproduzindo a sua história.

Embora muitas vezes se acomode, também reage como grupo, no sentido de

reescrever essa história de maneira mais generosa e menos prescritiva, no que se

refere a uma posição subalterna culturalmente condicionada, provocando

rompimentos nessa cultura organizacional, construindo novos valores e formas de

ser e agir mais solidários.

Vaitsman (2000), ao realizar um estudo sobre a cultura de organizações

públicas de saúde, relata que esse tipo de organização tem relação com o tipo de

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identidade coletiva, por meio de características vinculadas ao público e à saúde. Um

dos elementos definidores dessa identidade é o fato de as pessoas exercerem

atividades relacionadas com a vida e a morte, e com a produção de bens e serviços

para a promoção do bem-estar físico e social de sua clientela. As diferentes

organizações possuem lógicas específicas, mas ainda têm características

semelhantes, no que se refere à autonomia e centralidade na hierarquia

organizacional dos médicos.

Os profissionais que atuam na área da saúde têm sua percepção em relação

ao processo saúde-doença e às formas de tratamento. Possuem, em sua área de

competência, sua hierarquia interna, seu jargão técnico e suas organizações

profissionais (HELMAN, 2003).

Bastos (2001), em estudos sobre a cultura organizacional na área da saúde e

da enfermagem, afirma que, ao se realizar uma pesquisa nesse universo, é

recomendável que ela seja utilizada como instrumento de reflexão dos próprios

sujeitos dessa subcultura. Não deve servir, segundo ele, como instrumento para a

gerência, no sentido de utilização dos conhecimentos adquiridos em seu próprio

benefício ou de outros. Deve-se compreender a cultura como algo interno, não

manipulável, uma vez que a organização foi construída por meio de sua história. As

mudanças acontecem somente a partir de reflexões internas e das pessoas em

interação.

Machado e Kurcgant (2003) realizaram um estudo em um hospital filantrópico

para identificar os traços culturais da instituição e identificaram que novos grupos de

profissionais, ao serem inseridos em uma instituição, terão, necessariamente, alguns

de seus valores transformados. Foram pesquisadas quatro enfermeiras que

ocupavam cargo de chefia, o diretor clínico, o médico responsável pela supervisão

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hospitalar e dois médicos ortopedistas. Foi realizada também uma análise

documental, desde a fundação até os dias atuais da organização. As autoras

concluíram que o processo de mudança implica o modo como a organização deverá

se reestruturar, e que os sujeitos que vivenciam essa transformação passam por

uma situação de conflito, entre mudar ou conservar o antigo.

Matos e Pires (2006) acrescentam que a necessidade de mudança na gestão e

organização do trabalho da enfermagem depende do envolvimento da equipe, do

usuário e da própria família, no que diz respeito ao planejamento da assistência,

bem como da gestão participativa, do trabalho em equipe e da educação em serviço.

Há necessidade, pois, de manter um desenvolvimento contínuo, a fim de estabelecer

um fator de motivação para o trabalho.

Segundo Martins (2003), alguns dos constrangimentos, sentimentos de

irritação e frustração vivenciados pelos enfermeiros, no contexto do seu trabalho e

no exercício das suas funções, refletem, sobretudo, o nível dos sentimentos de

identidade e autonomia. No entanto, ninguém pode conceber uma organização de

saúde em que tais profissionais não estejam incluídos. Ainda assim, muitas vezes

não lhes é permitido participar nas decisões das suas políticas, seja em níveis mais

elevados, seja em níveis intermediários.

A causa dessa problemática é a evolução técnica e o conhecimento científico.

Os enfermeiros passaram a acumular uma diversidade de papéis: gestão da unidade

de cuidados, apoio à pessoa doente, e colaboração no trabalho do médico. Ocupam

o seu tempo, assim, numa multiplicidade de tarefas e atividades polivalentes. Essa

situação pode produzir estresse, ou bem-estar psicológico, na medida em que o

ambiente de trabalho permita ao indivíduo controlar as atividades e realizar as

tarefas. Segundo o autor, uma das experiências mais freqüentes de estresse no

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trabalho é a que se origina pelo desempenho de variadas funções na organização,

quando ocorre o conflito e a ambigüidade de papéis (MARTINS, 2003).

Nakayama (1997) estudou a influência da cultura organizacional na

predisposição do gerente ao estresse ocupacional, frente às evidências verificadas

nas relações entre as fases de estresses e a tipologia de cultura organizacional e os

modos de gestão de oito empresas. A amostra, de 60 participantes da empresa H1,

incluía enfermeiras, médicos, psicólogos e assistentes sociais. Da empresa H2,

fizeram parte da pesquisa 40 pessoas: diferentes profissionais da área

administrativa, da enfermagem e da área médica. Na empresa H3, participaram 18

pessoas, e na H4 participaram 20 pessoas de diferentes grupos da área

administrativa e da enfermagem. A amostra da empresa H5 foi formada por 60

pessoas, dentre administradores, advogados, economistas, contabilistas e técnicos.

A empresa H6 contou com a participação de 60 pessoas, e a empresa H8, com 16

pessoas, engenheiros, pedagogos, administradores e técnicos de nível gerencial e

supervisores. Finalmente, a empresa H7 teve uma amostra de 15 pessoas:

administradores, contabilistas e técnicos de nível gerencial médio e supervisores. O

autor concluiu que o ambiente organizacional, permeado pela cultura e de acordo

com o modo de gestão, favorece um clima de trabalho que induz as pessoas a um

comportamento ou reação que resulta em estresse negativo.

Farias e Vaitsman (2002), ao realizarem uma pesquisa sobre interação e

conflito entre as categorias profissionais em organizações hospitalares públicas, por

meio de investigação das opiniões e percepções dos funcionários sobre o ambiente

e as condições de trabalho, observaram que os conflitos são presentes na interação

entre as diversas categorias profissionais. Os autores observaram, também, que

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alguns padrões de conflito estão relacionados à distribuição de poder e prestígio,

fato este típico das organizações de saúde.

Pires e Macedo (2006) citam que Vaitsman (2001) realizou uma pesquisa junto

aos trabalhadores de um hospital público da cidade do Rio de Janeiro, com o

objetivo de investigar o gerencialismo, a cultura, as representações, os valores e as

expectativas entre os trabalhadores e a defesa corporativa sobre a estabilidade.

Verificou-se que, para a maioria dos entrevistados, a estabilidade foi o principal

motivo que os levara a ingressar no serviço público, o que os levava ao

descompromisso, à desmotivação e ao mau desempenho. Quanto às mudanças no

setor público, 41% consideraram que elas não dão certo devido aos interesses

políticos, e 40%, que o setor pode melhorar. As representações demonstraram ser

negativas em relação ao fator político, mas, ainda assim, uma parte dos funcionários

acreditava em mudanças. As aspirações de meritocracia e competência técnica

eram difundidas entre os funcionários e faziam parte do contexto universalista, que

certamente estava presente e regia as relações de trabalho em um setor que

envolvia atividades de alta complexidade e especialização. Conclui-se, ainda, que no

setor público predominam o apadrinhamento político e as relações de favorecimento

pessoal, privilégios que não condizem com as normas instituídas e que geram um

grau de desmotivação e expectativas negativas quanto às possibilidades de

mudanças.

Prochnow, Leite e Trevizan (2006) realizaram uma pesquisa no Hospital

Universitário do Rio Grande do Sul, com objetivo de denotar especificidades

gerenciais de 23 enfermeiros chefes de unidades de enfermagem. Nos resultados,

puderam verificar que a enfermagem tem uma pluralidade de signos-linguagem,

apresenta distintas visões de mundo e expressa aos seus funcionários posições ou

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papéis específicos no contexto hospitalar, incorporando em suas falas elementos

ideológicos que se manifestam por meio da organização do trabalho. Referem que

lealdade, reconhecimento e valores estão associados a responsabilidade, disciplina,

harmonia, comprometimento, valorização do ser humano, e que resultam em

sentimentos de caráter religioso e militar, tendo assim uma relação dos mitos que

servem a sua prática profissional.

Os autores citam que os relatos demonstraram que a trajetória de vida,

educação familiar, experiência de casa e formação acadêmica se manifestavam no

comportamento. Havia momentos de conflitos e dificuldades, mas, em geral, o

relacionamento era bom. Um dos pesquisados informou manter um relacionamento

estritamente profissional, como forma de não se comprometer com o outro, o que

revela que não havia noção de respeito pelo próximo ou interesse pelas emoções

alheias. Foi observada, ainda, entre alguns enfermeiros, uma abertura ao diálogo;

porém, quando precisavam alertar sobre algum cumprimento de ordens advindas da

hierarquia, a comunicação se tornava perversa. Observaram que as concepções

religiosas parecem ter papel controlador, dominador e manipulador. Os pesquisados

demonstraram comprometimento e apresentaram pouca resolutividade, devido aos

problemas do serviço e ao sistema de salários, ritmo e jornada de trabalho. Opiniões

ambíguas foram relatadas, em relação aos sentimentos de raiva, hostilidade,

frustração, preocupação, desgosto, indignação, bem como consideraram a

instituição democrática e com organização vertical de trabalho. Referiram que as

resoluções eram impostas de cima para baixo.

Um dos valores organizacionais importantes para a formação e manutenção da

cultura é a padronização do comportamento: os funcionários têm o mesmo ritmo,

sempre a mesma rotina e regulamentos, as mesmas exigências, a mesma forma e

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os mesmos horários de trabalho. Ao serem padronizados, no entanto, mantêm-se os

comportamentos indesejáveis. Para uma nova organização e cultura deverá haver

elementos inovadores, com parcerias na produção de trabalho, flexibilidade na

jornada de trabalho, remuneração adequada, buscando-se mais qualidade na ação

profissional (SCHIRATO, 2000).

O serviço de enfermagem vem sofrendo mudanças em sua cultura, em

decorrência de fatos e fatores que interferem na assistência que o paciente/cliente

espera receber e na qualidade de vida dos profissionais. O paciente/cliente deseja

encontrar pessoas e equipamentos em condições de lhes prestar todo o amparo de

que necessita. Devido a esses motivos, o serviço de enfermagem deve estar

suficientemente organizado para garantir plena condição de recuperação ao

paciente/cliente. Daí a importância de cuidar dos determinantes organizacionais.

Um fato importante é a conduta prescrita pelo médico, que deve ser seguida

pela equipe de enfermagem. Outro fato relevante são os parâmetros estruturais,

como exemplo, o modelo organizacional que preside a entidade assistencial.

Historicamente, no Brasil, o primeiro modelo herdado foi o da entidade portuguesa

da Santa Casa de Misericórdia, que estruturalmente ainda sobrevive, com

adaptações às exigências atuais. Dessa forma, para entender a influência da cultura,

torna-se necessário conhecer a história e a evolução da prática de enfermagem.

2.3 HISTÓRIA DA ENFERMAGEM

É de suma importância conhecer a origem da profissão e de como se

estruturou e se legitimou a partir do século XIX, para melhor compreensão da

organização do processo de trabalho da enfermagem (MELO, 1986).

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O processo de trabalho dos profissionais de saúde tem como objetivo a ação

de cuidar da saúde, tendo como objeto o indivíduo doente ou indivíduos sadios

expostos a riscos. Busca preservar a saúde ou prevenir doenças (PIRES, 1989).

As práticas de saúde intuitivas foram as primeiras formas de prestação de

assistência que garantiam ao homem a manutenção da sua sobrevivência. Eram

associadas aos trabalhos femininos, caracterizados pela prática do cuidar, nos

grupos nômades (COREN, 2007).

No período pré-cristão, as doenças e curas eram tidas como resultado da

intervenção dos deuses. As doenças seriam como um castigo dos deuses, que

permitiriam ou não a cura. As doenças eram tratadas, por meio de rituais de

feitiçaria, pelos sacerdotes e feiticeiros. Nesse período, identificam-se pensamento

místico e concepção teológica (PIRES, 1989).

No período do cristianismo houve uma revolução social, e formaram-se grupos

de trabalho com o objetivo de dar assistência a todos os tipos de necessitados. Com

os ideais de caridade, os pobres e enfermos obtiveram atenção e cuidados especiais

por parte da Igreja. Houve modificação na assistência aos doentes, e os enfermos

eram recolhidos às casas particulares ou aos hospitais, chamados de diaconias

(COREN, 2007).

O período que compreende os séculos V e XIII, quando havia influência dos

fatores socioeconômicos e políticos da sociedade feudal nas práticas de saúde e em

suas relações com o cristianismo, corresponde ao período do aparecimento da

enfermagem como prática leiga. Os valores foram instituídos e, com o passar dos

tempos, passaram a ser legitimados e aceitos pela sociedade como características

específicas da enfermagem. Devido a sua abnegação, espírito de serviço e

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obediência, a classe de enfermagem tinha uma conotação de sacerdócio, e não de

prática profissional (COREN, 2007).

No século XIII, inicia-se a introdução das práticas de enfermagem nos

hospitais, pelas religiosas, tendo como filosofia o amor ao próximo. Como não

tinham o conhecimento para fundamentar suas atividades, tal concepção de

enfermagem manteve-se por muito tempo. No mesmo século, com o

desenvolvimento das cidades, as atividades médicas transformam-se em prática

técnico-operacional, até então combatida pela Igreja. A medicina passa a ser

constituída como profissão, e não como sacerdócio (MELO, 1986).

Do século XVI ao XVII, a enfermagem permaneceu fechada e desarticulada,

nos hospitais religiosos, desagregando-se ainda mais, a partir dos movimentos da

Reforma Religiosa e das conturbações da Santa Inquisição, período este conhecido

como o “período negro da enfermagem”. Passou-se, então, a recrutar pessoal leigo

e remunerado para realizar as práticas de enfermagem. Os serviços eram realizados

por mulheres das classes pobres e marginalizadas, que recebiam baixos salários

(MELO, 1986; PIRES, 1989).

Nos hospitais, as atividades desenvolvidas eram semelhantes ao trabalho

doméstico. Outro fato que marcou esse período obscuro foi a perseguição às

mulheres curandeiras e parteiras, período conhecido como “caça as bruxas”. A luta

da Igreja pelo monopólio devia-se ao conhecimento sobre a arte de curar que essas

mulheres detinham (MELO, 1989).

Para a enfermagem, essa crise durou até a revolução capitalista, quando

alguns movimentos reformadores, com iniciativas religiosas e sociais, tentaram

melhorar as condições do pessoal e dos serviços dos hospitais.

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Com a Revolução Industrial e o fortalecimento do capitalismo como modo de

produção, surgiu o movimento de reformas, com o objetivo de elevação moral e

profissional do pessoal dos hospitais e dos serviços oferecidos. Os hospitais foram

reorganizados, o médico surgiu como um novo membro na hierarquia hospitalar, que

passou a contar com o trabalho de pessoal religioso e leigo, ocorrendo assim as

transformações no saber e na prática médica, religiosa e leiga (MELO, 1986; PIRES,

1989).

Como conseqüência dessas mudanças, a enfermagem institucionalizou-se

como profissão na qual se exige, para sua execução, um preparo técnico. No

entanto, a nova enfermagem profissional subdivide-se em enfermeiras que ensinam,

coordenam e supervisionam e enfermeiras que executam os cuidados (MELO,

1986). Com a estruturação na saúde, surge uma profissão que realizará o cuidado

aos indivíduos e à comunidade e cuidados com a administração assistencial (PIRES,

1989; COREN, 2007).

A enfermagem destaca-se, com o avanço da medicina, e os médicos são

responsáveis pela reorganização dos hospitais, o que implica uma divisão de

trabalho entre as profissões existentes nesse contexto.

Assim a enfermagem renasce e, como figura importante, destaca-se, na

Inglaterra, Florence Nightingale (MELO, 1986; PIRES, 1989;).

2.4 FLORENCE NIGHTINGALE

Florence Nightingale é tida como o marco da era da enfermagem moderna.

Nascida em doze de maio de 1820, em Florença, Itália, filha de ingleses, desde cedo

demonstrava interesse em cuidar de doentes (MELO, 1986; BASSI, 1999).

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No desejo de atuar como enfermeira, em 1844 estuda as atividades das

irmandades católicas, em Roma. Em 1849, decide servir a Deus, trabalhando em

Kaiserswert, na Alemanha, entre as diaconisas. Decidida a seguir sua vocação,

procura completar seus conhecimentos e visita o Hospital de Dublin, que era dirigido

pelas irmãs de misericórdia da Ordem Católica de enfermeiras, já existentes havia

20 anos, e a Maison de la Providence, em Paris, onde conhece as irmãs de caridade

de São Vicente de Paulo (MELO, 1986; BASSI, 1999).

Em 1854, é convidada pelo Ministro da Guerra da Inglaterra para trabalhar

junto aos soldados feridos em combate, na Guerra da Criméia. Assim, partiu para

Scutari com 38 voluntárias, entre religiosas e leigas procedentes de diferentes

hospitais. Florence preocupava-se com a organização do trabalho e com todos os

pormenores, mesmo com os mais simples serviços, como a limpeza do chão. Com a

assistência de enfermagem, o índice de mortalidade entre os hospitalizados

decresceu de 40% para 2%. Foi imortalizada pelos soldados como a “Dama da

Lâmpada”, porque, de lanterna na mão, percorria as enfermarias, atendendo os

doentes. Durante a guerra, contraiu tifo e, ao retornar, em 1856, levou uma vida de

inválida, passando a dedicar-se aos trabalhos intelectuais (BASSI, 1999; MARINHO,

2005).

Em 1859, recebeu um prêmio do governo inglês, pelos trabalhos realizados na

Criméia. Assim, conseguiu criar uma escola de enfermagem, pois acreditava ser

esta a única maneira de mudar os destinos da enfermagem.

Florence fundou a escola de enfermagem no Hospital Saint Thomas, e sua

instituição serviu de modelo para as demais escolas. Tinha como característica o

regime militar e seleção rigorosa das alunas, que deviam ser dotadas de valores

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morais, intelectuais e de aptidão profissional (MELO, 1986; PIRES, 1989; BASSI,

1999).

Nas primeiras escolas de enfermagem, o médico era a única pessoa

qualificada para ensinar. A ele cabia decidir qual das suas funções poderia colocar

nas mãos das enfermeiras (BASSI, 1999).

Para Melo (1986), as enfermeiras da Escola Nightingale eram preparadas para

tarefas distintas: o serviço hospitalar, as visitas domiciliares a doentes pobres e o

ensino da enfermagem. O preparo das enfermeiras era dividido em duas classes

distintas:

- lady-nurse: que eram preparadas para o ensino e supervisão do pessoal;

- nurse: que eram preparadas para o cuidado direto ao paciente, sob a

supervisão da lady-nurse.

Florence morreu aos treze dias de agosto de 1910 (BASSI, 1999). A

enfermagem nightingaleana difundiu-se por todo o mundo, influenciando na

estruturação da nova profissão (PIRES, 1989).

Assim surgiu a enfermagem, constituindo-se como uma prática social

institucionalizada e específica, e não mais como uma atividade empírica,

desvinculada do saber especializado. Passa a ser uma ocupação assalariada que

vem atender à demanda de mão-de-obra nos hospitais (MELO, 1986).

2.5 ENFERMAGEM NO BRASIL

No Brasil, o processo de cuidar dos doentes era realizado pelos nativos

indígenas. Os índios exerciam a prática de cura por meio dos feiticeiros e pajés.

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Com a colonização, o cuidar passou a ser exercido pelos religiosos, voluntários,

curandeiras (MELO, 1986; PIRES, 1989; FOSCHIERA; VIERA, 2004).

A assistência era realizada sem uma metodologia de trabalho; conforme

surgiam as necessidades, ocorriam as tomadas de decisão (FOSCHIERA; VIERA,

2004).

Nos primórdios da colonização, abriram-se as Casas de Misericórdia, de

origem portuguesa. A primeira Casa de Misericórdia foi fundada em 1543, por Brás

Cubas, na Vila de Santos. Ainda no século XVI, surgiram as do Rio de Janeiro,

Vitória, Olinda e Ilhéus (SANTOS, 1973; MELO, 1986; PIRES, 1989).

Em 1880 foram fundadas Casas de Misericórdia em Porto Alegre e Curitiba. As

Santas Casas de Misericórdia não eram governamentais, mas instituições de cunho

religioso (SANTOS, 1973; MELO, 1986; PIRES, 1989).

A assistência prestada nas santas casas tinha caráter e objetivos caritativos

(FOSCHIERA; VIERA, 2004). Assim, suas metas eram a assistência espiritual e a

salvação da alma, antes de visarem ao tratamento da doença. A administração das

santas casas era feita por provedores leigos e religiosos, ambos homens de bens. A

assistência prestada era realizada por pessoas da própria comunidade ou por

asilados e escravos, que recebiam treinamento, porém não tinham nenhuma

remuneração. Os físicos, cirurgiões-barbeiros, realizavam atendimentos como atos

de caridade. As santas casas e irmandades tiveram momentos de dificuldades, e

muitas foram fechadas, por alguns períodos. Com o aumento da população e das

necessidades militares no atendimento aos soldados da tropa, no século XVIII teve

início a criação dos hospitais militares (PIRES, 1989).

No Brasil, a saúde merece destaque com a figura do Padre José de Anchieta,

que trabalhava na santa casa do Rio de Janeiro. Além de ensinar ciências e

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catequizar, atendia os necessitados, exercendo atividades de médico e enfermeiro

(PIRES, 1989).

No fim do século XVII, destaca-se a voluntária Francisca Sande, que, após ficar

viúva, passou a cuidar dos pobres que freqüentemente eram acometidos por

epidemias de febre amarela, atendendo-os na santa casa. Quando necessário,

improvisava enfermarias na sua própria casa (MELO, 1986; PIRES, 1989).

No século XVIII, destaca-se Fabiano de Cristo, que exerceu atividades de

enfermeiro no Convento de Santo Antonio do Rio de Janeiro durante 40 anos

(PIRES, 1989).

Outra importante figura para a enfermagem no Brasil foi Ana Justina Ferreira

Nery. Nascida aos treze dias de dezembro de 1814, na Cidade de Cachoeira, na

Província da Bahia, vivia dentro dos padrões típicos das mulheres de sua época e

do seu nível social. Viúva aos trinta anos, dedicava-se às atividades domésticas e

aos cuidados com os filhos. Seus dois filhos, um médico militar e um oficial do

exército, foram convocados a servir a Pátria, durante a Guerra do Paraguai, entre

1864 e 1870. Não resistindo à separação da família, Ana Nery dirigiu um ofício ao

presidente da província, pedindo-lhe licença para acompanhar os filhos, na

qualidade de enfermeira, e colocou-se à disposição de sua Pátria para auxiliar nos

cuidados aos doentes no campo de batalha (PIRES, 1989; CYTRYNOWICZ, 2000).

Ana Nery improvisava hospitais e não media esforços no atendimento aos

feridos, passando assim para a história. Seu trabalho foi caritativo e movido pelo

sentimento cívico. Cinco anos após, retornou ao Brasil, sendo acolhida como

heroína. Seu trabalho foi imortalizado para a enfermagem. Faleceu no Rio de

Janeiro aos vinte dias de maio de 1880. A primeira Escola de Enfermagem fundada

no Brasil recebeu seu nome (PIRES, 1989).

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No decorrer do século XIX, o governo assume a assistência à saúde, por meio

da criação de serviços públicos, da vigilância e do controle sobre os portos, a fim de

evitar a propagação de doenças infectocontagiosas (MELO, 1986; PIRES, 1989).

Em 1904, com a reforma Oswaldo Cruz, a Diretoria-Geral de Saúde Pública

insere novos elementos à estrutura sanitária, como o Serviço de Profilaxia da Febre

Amarela, a Inspetoria de Isolamento e Desinfecção e o Instituto Soroterápico

Federal, que posteriormente veio a se transformar no Instituto Oswaldo Cruz

(PIRES, 1989).

Em 1908 foi fundada a Cruz Vermelha Brasileira, sendo presidida pelo médico

Oswaldo Cruz, reconhecido pelos seus trabalhos na área de saúde pública. É uma

instituição que tem como objetivo promover a solidariedade e auto-ajuda contra o

sofrimento e a morte. Foi destacada pela sua atuação durante a I Guerra Mundial,

entre 1914 e 1918.

Durante a epidemia de gripe espanhola, em 1918, ajudou na organização de

postos de socorro, hospitalizando doentes e encaminhando socorristas a diversas

instituições hospitalares e a domicílios. Atuou ainda no socorro a vítimas das

inundações nos Estados de Sergipe e Bahia, e nas secas do Nordeste. Mesmo após

o término dos conflitos, as socorristas dedicaram-se à formação de voluntárias.

Nesse período, cria-se um curso de Visitadoras Sanitárias, a primeira categoria de

enfermagem mantida pela Cruz Vermelha (MELO, 1986).

Foram criados cursos de enfermagem de guerra para voluntárias e

profissionais, além do curso de enfermeiras profissionais. O regulamento e o

programa dos cursos tinham de ser aprovados pela Diretoria de Saúde do Exército

do Ministério da Guerra - Escola da Cruz Vermelha (CYTRYNOWICZ, 2000).

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Em 1920, a Reforma Carlos Chagas tenta reorganizar os serviços de saúde e

cria o Departamento Nacional de Saúde Pública, para promover o atendimento a

endemias e epidemias, sob a presidência do Dr. Carlos Chagas (MELO, 1986).

Foi solicitada por Carlos Chagas a criação de um serviço de enfermagem, e

assim surgiu a escola no modelo nightingaleano, apesar das contradições na

preparação das enfermeiras, que seriam formadas dentro das enfermarias dos

hospitais para atuarem em saúde pública (PIRES, 1989).

Um grupo de enfermeiras da Inglaterra e dos Estados Unidos veio ao Brasil,

com o apoio do Serviço Internacional de Saúde da Fundação Rockefeller, e iniciou

efetivamente suas atividades em 1923, junto ao Hospital São Francisco de Assis.

Em 1926, a escola passou a ser denominada Escola de enfermeiras D. Anna

Nery, representando um marco importante na história da enfermagem como

profissão no Brasil (PIRES, 1989). Em 1931, foi definida como padrão para a criação

de outras escolas de enfermagem, e depois seria incorporada à Universidade do

Brasil (CYTRYNOWICZ, 2000).

2.6 ENFERMAGEM COMO PRÁTICA DE SAÚDE PROFISSIONAL

O trabalho da enfermagem organizado como serviço reconhecido socialmente

sofreu forte influência do cristianismo e do assistencialismo ao indivíduo, cujo

objetivo era o de cuidar do corpo e da alma. Até hoje, esse serviço é visto como

parte de assistência caritativa (PIRES, 1989).

Santos (1973) cita que, para o pessoal de enfermagem, há estereótipos sobre

a profissão, sendo primeiramente identificada como uma atividade feminina, devido

às características psíquicas da enfermeira: paciência, abnegação, caridade. Quanto

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à natureza, é identificada como um trabalho religioso, heróico e de sacrifício. A

condição de dependência feminina em relação aos papéis masculinos está

relacionada com os estereótipos de subordinação da profissão aos papéis dos

médicos, como obediência e submissão.

A profissão de enfermagem não pode mais ser vista como arte, vocação ou

como uma manifestação prática de caridade, e o seu desenvolvimento, como

produto da luta entre o bem e o mal. Deve ser estudado o desenvolvimento da

classe como resultado da relação econômica, política e ideológica da área da saúde

com a sociedade (MELO, 1986). Condições burocráticas específicas de trabalho,

certas exigências, como as mudanças contínuas de horário de trabalho, os plantões

noturnos, feriados e domingos, deveriam ser motivos para implantação de um

regime de recompensas que atendesse aos interesses de seus funcionários, como

salários mais altos (SANTOS, 1973).

O papel da enfermeira, em seus aspectos psicológicos, culturais e sociais, está

definido de maneira inconsistente, o que causa frustrações (SANTOS, 1973). Os

enfermeiros buscam explicações para compreender a sua relação com as demais

categorias e, assim, modificar sua ação como profissionais assalariados e dissipar o

mito da profissão de sacerdócio, de abnegação e renúncia pessoal (MELO, 1986).

O estudo sobre a história e a prática dos profissionais de enfermagem provoca

uma reflexão sobre as condições e relações de trabalho na categoria, o papel da

enfermagem na política assistencial de saúde e o dilema existente entre o cuidar e

as funções de chefia e supervisão. Esses aspectos são responsáveis por uma

desvalorização da profissão e pela falta de uma identidade profissional.

Diante do exposto, acredita-se que a alta direção tem o importantíssimo papel

de facilitar, propiciar e conduzir as transformações. Embora, nos últimos anos,

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medidas tenham sido tomadas por algumas instituições, a fim de desenvolver a

qualidade, ainda se observa que muitos gestores não percebem a necessidade de

buscar a melhoria da qualidade de vida e a satisfação de seus funcionários.

Conseqüentemente, seus funcionários encontram-se muitas vezes mais vulneráveis

a um desequilíbrio biopsicossocial, e, uma vez não atendidas essas necessidades,

mais propensos a doenças.

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3 ESTRESSE E SUA INFLUÊNCIA NA SAÚDE OCUPACIONAL

3.1 HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DO ESTRESSE

Para melhor compreender o que é estresse, segundo Selye (1965), é

necessário o conhecimento de sua evolução histórica, sem idéias pré-concebidas.

Selye foi um médico austríaco que, após várias pesquisas e experiências, definiu o

que é estresse.

Selye (1965) cita que os povos antigos acreditavam que as doenças eram

causadas por espíritos malignos ou demônios. Na medicina dos povos astecas e

babilônicos, os feiticeiros, ou médicos-sacerdotes, tratavam as doenças por meio de

danças, magias e uso de drogas fortes, e assim os demônios eram expulsos. Na

Antigüidade e na Idade Média, a flagelação dos dementes era um processo comum

para expulsar os demônios de pacientes que sofriam de problemas mentais.

Paracelso, famoso médico suíço do século XVI, tinha, como melhor método para a

cura, a submersão das pessoas em água fria.

Selye (1965) concluiu que todos os tratamentos têm algo em comum. Os

exorcismos, a flagelação, o choque térmico, dentre outros rituais utilizados, têm um

fator em comum: todos causam o desgaste do organismo e causam o estresse. O

homem, quando frente a um tratamento que represente uma grande ameaça, pode

ativar determinados mecanismos de defesa, ocorrendo, então, a cura das lesões

causadas pelo tratamento, bem como a doença original. Esse era o conhecimento

sobre o possível tratamento de doenças causadas por agentes ou elementos não

específicos, hoje denominados fatores desencadeantes de estresse.

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Para melhor explicar o significado de estresse, Selye (1965) cita, em seu livro

“The stress of life”, Bernard e Cannon, ambos fisiologistas que muito contribuíram,

com suas pesquisas e experiências. Para Bernard, uma característica forte dos

seres vivos é a capacidade de manter um equilíbrio interno, independentemente das

mudanças do ambiente, e Cannon deu a essa estabilidade o nome de homeostase.

Selye (1965) identificou, em suas experiências, a reação de homeostase,

chamada por Cannon de reação de emergência, como sendo um processo por meio

do qual o organismo se defende de maneira natural frente a uma ameaça.

Em 1925, quando era estudante de medicina na Universidade de Praga, Selye

observou que todos os pacientes, ao serem interrogados por seu professor,

apresentavam queixas semelhantes, como: dores nas juntas, perda de apetite,

problemas digestivos, febre, baço e fígado aumentados, problemas cutâneos, e

outras. Ainda assim, seu professor não conseguia definir um diagnóstico dos

pacientes e, conseqüentemente, promover um tratamento adequado para a doença.

Levantou-se, assim, a hipótese de que “a maioria das perturbações registradas era

aparentemente comum a muitas e talvez a todas as doenças”, e criou-se a idéia da

síntese de estar apenas doente (SELYE, 1965).

Dez anos depois, Selye voltou a deparar com essas considerações. Nessa

ocasião, trabalhando no Departamento de Bioquímica da Universidade de McGill,

realizava pesquisas sobre hormônios sexuais. Acreditava estar descobrindo um novo

hormônio, pois, após a injeção de extratos de placenta e do ovário, observava as

alterações que ocorriam, como: dilatação do córtex supra-renal, redução do timo,

baço e estruturas linfáticas, e uma série de úlceras perfuradas e profundas nas

paredes do estômago e intestino. Mais tarde, no entanto, observou a mesma reação

após efetuar outras experiências injetando formol em ratos. Chegou à conclusão de

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que não se tratava de um novo hormônio, mas sim de uma reação “não especifica”

do corpo. Lembrando-se então da “síndrome de estar apenas doente”, pensou na

possibilidade de correlacioná-la com a reação que observou em suas experiências,

ou seja, dores nas juntas, perda de apetite, problemas digestivos com as alterações

da supra-renal, do timo-linfático, baço, e úlceras. A partir de então, iniciou novas

pesquisas sobre essa “síndrome não-especifica” (SELYE, 1965).

Em 1936, publicou um artigo em uma revista inglesa, Nature, uma pequena

nota sobre o estresse, com o título “Síndrome produzida por vários agentes nocivos”,

e, ao conjunto de respostas “não específicas”, definiu-o como Síndrome de

Adaptação Geral (SAG). Sendo assim, o estresse é o conjunto de reações não

específicas do organismo frente a um agente nocivo. Selye relatou existirem três

fases de estresse: fase de alerta ou reação de alarme, fase de resistência e fase de

exaustão, que serão apontadas no decorrer deste trabalho.

Para Baccaro (1991), o estresse é toda capacidade de adaptação do indivíduo

frente a um novo desafio, quando o organismo fica tenso e inquieto. É uma reação

psicológica e física do organismo, e o organismo reage visando a sua proteção. No

homem que se encontra em condições ameaçadoras, a reação é evidentemente

desejável; porém, quando acionada com muita freqüência, ou por um tempo longo

demais, o organismo pode permanecer em estado de alerta permanente e, como

resultado, ocorre a tensão crônica.

Em conseqüência, os hormônios segregados em excesso podem causar lesões

em órgãos vitais, como o coração, o pulmão, ou no próprio sistema nervoso,

ocorrendo, então, distúrbios físicos e psicológicos. Devido ao desgaste excessivo,

outra conseqüência evidente é o envelhecimento precoce e a morte prematura.

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Na Figura 4 é demonstrado o esquema da Síndrome da Adaptação Geral

(SAG).

Figura 4 – Esquema da Síndrome da Adaptação Geral - SAG

Fonte: BACCARO (1991, p. 36).

Para França e Rodrigues (1997), os estressores são capazes de causar uma

série de reações nos sistemas nervoso (glândulas), endócrino, imunológico (por

meio da estimulação do hipotálamo, glândula situada na base do cérebro) e límbico.

Esses sistemas são importantes estruturas do Sistema Nervoso Central, responsável

pelo funcionamento dos órgãos e pela estabilidade do organismo.

Lazarus amplia o conceito de estresse apontado por Selye, que demonstrava

apenas o estresse fisiológico apresentado como a Síndrome de Adaptação Geral

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(SAG). Ele tinha uma visão das diferenciações individuais, das formas de emoção e

dos fatores sociais e psicológicos que as geravam; assim, considerava que cada um

responde ao estresse de forma própria. Concluiu, ainda, que as respostas ao

estresse podem ser fisiológicas ou psicológicas. Definiu o estresse psicológico como

uma reação particular entre a pessoa e o ambiente, avaliada pelo próprio indivíduo,

que responde ou não a uma situação de estresse. De acordo como cada um avalia a

situação, ela pode ser segura ou extremamente ameaçadora, não dependendo,

assim, apenas da presença do estímulo agressor ou do ambiente físico. O indivíduo

é capaz de enfrentar o estresse quando utiliza esforços cognitivos e de

comportamento. Os esforços são realizados para identificar, administrar, avaliar e

manter o equilíbrio em resposta ao agressor (LAZARUS; FOLKMAN, 1984). Deve-se

considerar, portanto, que os eventos em si não são estressantes, mas sim a forma

como os interpretamos e a eles reagimos.

Segundo Helman (2003), no modelo original de Selye o estresse é uma

resposta genérica do organismo frente às exigências do ambiente. É um mecanismo

fisiológico inerente que prepara o organismo para uma ação, sendo acionado

quando exigido. O estresse nem sempre é prejudicial ao organismo; quando em

nível moderado, o “eustresse”, tem função protetora e de adaptação; quando em

nível mais elevado, o “distresse” pode provocar mudanças patológicas e até a morte.

Para Ballone (2005), em termos científicos o estresse é uma resposta

fisiológica e de comportamento de um indivíduo que se esforça para adaptar-se e

ajustar-se a estímulos internos e externos. É limitado, o esforço realizado para essa

adaptação, e, quando persiste o estímulo estressor, o organismo entra em uma fase

de esgotamento.

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Para Lipp e Malagris (2001), o estresse é um processo que se desenvolve por

etapas. Assim, existe a possibilidade de o indivíduo ter um estresse temporário, de

baixa ou grande intensidade, independentemente da fase em que se encontra, seja

na fase de resistência ao agente agressor, seja na fase de exaustão intensa, em que

as doenças surgem. Assim o diagnóstico de estresse pode ser aplicado a um

indivíduo com estresse baixo, do mesmo modo que para uma pessoa que está em

exaustão.

As autoras acima mencionadas complementam que o estresse é uma resposta

complexa do organismo, e que desencadeia reações: físicas, psicológicas, mentais e

hormonais frente a qualquer agente agressor. Ocorre uma resposta do organismo ao

estímulo quando percebido como desafiador e provoca uma quebra na homeostase

interna, e surge, assim, a necessidade de adaptação para preservar o bem-estar e a

vida.

3.2 CAUSAS DO ESTRESSE

Para Costa, Lima e Almeida (2003), o estresse deve ser abordado sob os

aspectos biológicos, com enfoque psíquico e social, considerando-se as diferenças

individuais e os condicionantes do processo saúde-doença. O estresse depende de

fatores intrínsecos e extrínsecos dos indivíduos em contínua interação com o meio

em que vivem.

As causas do estresse podem ser em razão de qualquer situação, agente ou

evento que leve à quebra da homeostase interna e que exija uma adaptação do

indivíduo (LIPP; MALAGRIS, 2001). Os estressores podem advir de fontes externas

ou internas (LIPP; MALAGRIS, 2001; PAFARO; DE MARTINO, 2003).

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As fontes externas são eventos ou condições que afetam o organismo (LIPP;

MALAGRIS, 2001). São representadas pelo que nos acontece na vida ou pelas

pessoas com as quais lidamos, ou seja, trabalho em excesso ou desagradável,

desarmonia familiar, acidentes, mortes, tensão, violência, medo, doenças, e outros

fatores (PAFARO; DE MARTINO, 2003).

As fontes internas são determinadas pelo próprio indivíduo (LIPP; MALAGRIS,

2001). Referem-se ao modo como pensamos, às crenças e aos valores que temos e

ao modo como interpretamos o mundo em que vivemos (PAFARO; DE MARTINO,

2003).

Pafaro e De Martino (2003) acrescentam que é de vital importância descobrir a

causa do problema e desenvolver estratégias para lidar com os fatos presentes e

com as futuras ameaças de estresse excessivo.

Frente a uma situação estressora, há diferentes tipos de resposta, pelos

indivíduos, dependendo ainda da importância e freqüência do evento estressor e da

combinação dos fatores ambientais e genéticos (SELYE, 1965). A resposta de

enfrentamento ao evento estressor pode causar alterações nos componentes

cognitivo, comportamental e fisiológico (LIPP, 2001; MARGIS et al., 2003).

3.3 FASES DO ESTRESSE

Para Selye (1965), o estresse manifesta-se em três fases. Na fase de alerta

ocorre um desequilibro interno, e o organismo reage de forma natural, na presença

do agente estressor, a fim de restabelecer o equilíbrio, a “homeostase”, e,

conseqüentemente, não há danos a sua saúde. Se o agente estressor continua

agindo, o organismo passa para a fase de resistência. Nessa segunda fase, o

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organismo procura se restabelecer, passando pelo estágio de adaptação. Com a

contínua exposição do agente estressor, o organismo passa para a fase de

exaustão, e, não sendo eliminado o estímulo agressor, pode então ocorrer o

aparecimento da doença ou a morte.

Selye (1965) cita que nem sempre as pessoas passam pelas quatro fases do

estresse. Geralmente chegam somente até a fase de alarme e resistência,

ocorrendo depois uma adaptação. Os indivíduos chegam à fase de exaustão

somente quando estão frente a um agente agressor muito grave.

Os autores consultados concordam que o estresse se manifesta em três fases:

Alerta, Resistência e Exaustão (BACCARO, 1991; LIPP; ROCHA, 1995; LIPP;

MALAGRIS, 1995; INOCENTE; REIMÃO, 2001; BALLONE, 2005). Nessas fases,

podem ser observados alguns sinais e sintomas, que serão relacionados nos

próximos parágrafos.

Na Fase de Alerta ocorre aumento da freqüência cardíaca e pressão arterial e

contração do baço; liberação de glicose pelo fígado; redistribuição sangüínea da

pele para o fortalecimento dos músculos; aumento da freqüência respiratória e

dilatação dos brônquios; dilatação das pupilas; aumento do número de linfócitos na

corrente sangüínea (BALLONE, 2005). Os principais sintomas físicos são: mãos e

pés frios; boca seca; má digestão; aumento da sudorese, tensão muscular, aperto da

mandíbula, ranger os dentes, diarréia passageira, taquicardia; hiperventilação,

mudança de apetite. Os principais sintomas psicológicos são: aumento súbito da

motivação para iniciar novos projetos (SELYE, 1965; LIPP; ROCHA, 1995; LIPP;

MALAGRIS, 1995; INOCENTE; INOCENTE; REIMÃO, 2001).

Na Fase de Resistência ocorre a hiperatividade da glândula supra-renal, atrofia

do baço e aumento dos glóbulos brancos do sangue (BALLONE, 2005). Os

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principais sintomas físicos são: problema com a memória, mal-estar generalizado,

formigamento nas extremidades, aparecimento de úlcera, tontura. Os principais

sintomas psicológicos são: sensibilidade excessiva, dúvida quanto a si próprio,

pensar constantemente em um só assunto, irritabilidade excessiva e diminuição da

energia (SELYE, 1965; LIPP; ROCHA, 1995; LIPP; MALAGRIS, 1995; INOCENTE;

INOCENTE; REIMÃO, 2001).

Na Fase de Exaustão ou Esgotamento começam a falhar os mecanismos de

adaptação e há déficit das reservas de energia, o que pode causar a morte de

alguns organismos (BALLONE, 2006). Os principais sintomas físicos constituem

quadros de doenças. Os principais sintomas psicológicos são: transtornos

depressivos e de ansiedade (SELYE, 1965; LIPP; ROCHA, 1995; LIPP; MALAGRIS,

1995; INOCENTE; INOCENTE; REIMÃO, 2001).

Lipp e Malagris (2001) citam que a reação do estresse recebe uma

nomenclatura específica, dependendo do evento, situação ou agente que o causa,

por exemplo, a tensão associada à atividade profissional que, nesse caso, recebe o

nome de estresse ocupacional.

O trabalho é uma das fontes de satisfação de diversas necessidades humanas,

como auto-realização, manutenção de relações interpessoais e sobrevivência. Por

outro lado, também pode ser fonte de adoecimento, quando propicia fatores de risco

para a saúde e quando o trabalhador não dispõe de recursos suficientes para se

proteger deles.

Um assunto muito abordado, recentemente, é o estresse ocupacional, devido

aos seus efeitos prejudiciais à saúde do trabalhador e à própria organização.

O estresse ocupacional exige uma visão de vários fatores da realidade. Isso

porque são envolvidos aspectos econômicos, afetivos, culturais, físicos e ambientais,

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e as ações devem seguir uma lógica, como a identificação e percepção do problema,

a verificação dos padrões culturais, as características individuais, bem como o

planejamento e a implantação de programas de promoção da saúde, segurança e

qualidade de vida.

3.4 ESTRESSE OCUPACIONAL

A capacidade de adaptação dos trabalhadores não acompanha a velocidade

das mudanças tecnológicas, e as pessoas vivem sob constante pressão e tensão,

no ambiente de trabalho, como também na vida em geral, o que pode desencadear

o estresse (BACCARO, 1992; BALLONE, 2005). As situações de trabalho podem

levar a crises mentais agudas, neuróticas e psicóticas.

Os estressores da vida moderna misturam-se, tanto no trabalho, quanto no

cotidiano. Os indivíduos, no seu ambiente de trabalho, têm suas responsabilidades,

uma alta competitividade, requerida pelas empresas, e constante necessidade de

aprendizado, e, ainda, têm que lidar com os estressores da vida em sociedade.

Algumas fontes de estressores, como segurança social, manutenção da família,

exigências culturais, desemprego, o tipo de desgaste a que as pessoas estão

submetidas, no ambiente e nas relações com o trabalho, podem constituir fatores

desencadeantes de doenças (LIPP, 2001; BALLONE, 2005).

A relação do trabalho com a doença mental é complexa, pois o processo de

saúde e doença é especifico para cada indivíduo. Isso porque envolve sua história

de vida e de trabalho, o contexto organizacional, a condição de trabalho e, também,

o modo como percebe o agente estressor. A relação depende ainda de como esses

fatores se inter-relacionam, até que apareça o quadro clínico, podendo este se

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manifestar de forma discreta e gradativa ou por meio de uma crise (ROCHA; GLIMA,

2000).

O estresse ocupacional ocorre devido à exposição a fatores de riscos de

natureza psicossocial e à organização do trabalho, associados aos fatores do

ambiente. Os fatores que desencadeiam o estresse ocupacional podem ser: alta

exigência no trabalho, pouco apoio social dos gestores e colegas e pouco controle

(INOCENTE, 2005).

Escot et al. (2001), ao investigarem os enfermeiros do Hospital Val d'Aurelle em

Montpellier que atuam na área de cancerologia, demonstraram que: 39% (13, entre

33) relataram ter fadiga; 41% (14, entre 33), dor nas costas; 58% (21, entre 33),

problemas relacionados com o sono; 8% (3, entre 33) já tiveram crises de

depressão; 25% (9, entre 36), sentimento de estar sob constante tensão; e 14% (5,

entre 36) são incapazes de ter prazer nas atividades cotidianas.

Lopes, Faerstein e Chor (2003), ao realizarem uma pesquisa sobre eventos de

vida produtores de estresse e transtornos mentais, entre 4.030 funcionários técnico-

administrativos efetivos de uma universidade pública do Estado do Rio de Janeiro,

identificaram que cerca de 70% dos funcionários têm entre 25 e 44 anos de idade, e

que 55% são do sexo feminino. Identificaram, também, que 66% são casados ou

vivem em união. Em relação ao relato de evento de vida produtores de estresse nos

últimos 12 meses, o mais freqüente foi ter passado por dificuldades financeiras, o

que foi relatado por 49,84% dos indivíduos pesquisados. Outros eventos foram

identificados, como: problemas de saúde (22,39%), rompimento de relação amorosa

(16,64%), morte de parente próximo (12,65%), ter sido vitima de assalto ou roubo

(11,45%), mudança forçada de moradia (8,66%), internação hospitalar (7,47%) e ter

sido vítima de agressão física (4,09%). A prevalência de transtornos mentais comuns

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foi de 29% (22,2% homens e 34,4% mulheres). Quando avaliados o transtorno

mental comum e as características sociodemográficas, apenas o sexo, renda e

situação conjugal apresentaram estatísticas significativas com o transtorno mental

comum. A avaliação entre os eventos de vida produtora de estresse e transtorno

mental comum mostrou que os eventos de vida, com exceção de morte de parente

próximo, associam-se de forma estatisticamente significante com a presença de

transtorno mental comum.

Vieira (2004), ao realizar uma pesquisa bibliográfica, em anais do Encontro da

Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração (EnANPAD),

no período 1997 a 2004, no que diz respeito ao encontro de pós-graduação em

administração, verificou que, em uma amostra de quarenta temas relacionados, o

estresse é resultante de modos de gestão, cultura organizacional e motivação no

trabalho. Verificou, ainda, a presença do estresse em diversos departamentos de

organizações e instituições. Todos os trabalhos estavam relacionados com as

mudanças rápidas que têm ocorrido dentro das empresas e com foco nos estudos

dos impactos causados nos trabalhadores, como renúncias, perdas e adaptações.

Hsu e Kernohan (2006) pesquisaram as dimensões da qualidade de vida de 65

enfermeiras de Taiwan que trabalhavam em um centro médico e em cinco hospitais

regionais das áreas médica e cirúrgica. Constataram que, para as enfermeiras,

qualidade de vida significa um equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, ou seja, o

trabalho não deveria afetar o tempo livre. Elas referiram, também, que deveriam

receber um salário adequado e ter uma carga de trabalho satisfatória. Os autores

relataram, ainda, que a relação entre qualidade de vida e o grau de envolvimento

com o trabalho é um fator crítico, pois as enfermeiras preocupam-se mais com a

qualidade dos cuidados que realizam.

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Silva e Martinez (2005) avaliaram o nível de estresse e suas sintomatologias

em pessoas atendidas em um serviço oferecido à comunidade. A amostra foi

composta por 126 pessoas, sendo 62 de uma cidade do interior do Estado de São

Paulo e 64 da capital. O estudo constatou que o estresse esteve presente em 82%

da amostra da cidade do interior, e que 18% não indicaram sintomas significativos.

Dos indivíduos estressados, 53% estavam na fase de resistência; 26%, na fase de

quase exaustão; 3%, na fase de exaustão; e, 2%, na fase alerta. Quanto à avaliação

no grupo de indivíduos da capital, observaram que 78% dos participantes

apresentaram níveis significativos de estresse, sendo 58% na fase de resistência,

17% na fase de quase exaustão, 3% na fase de exaustão e 22% não apresentaram

sintomas significativos do estresse; portanto, dos 126 participantes, 79%

apresentavam sintomas significativos de estresse. Quanto aos sintomas, verificaram

que, na cidade do interior, destacaram-se os psicológicos em 63% dos indivíduos, os

físicos em 16% e ambos os sintomas em 8%. Na capital, 53% apresentaram

sintomas psicológicos, 19% na área física e 9% nas duas áreas. A amostra

demonstrou que, independentemente do local de moradia das pessoas, o estresse

pode se manifestar, mesmo que os agentes estressores sejam diferentes.

Algumas profissões são extremamente estressoras. Os serviços de saúde são

dotados de sistemas técnicos muito próprios, em particular os hospitais.

Proporcionam condições de trabalho precárias, muitas vezes piores que as de outros

setores de atividades, aos seus trabalhadores, contribuindo assim para a ocorrência

de acidentes de trabalho, o que desencadeia freqüentes situações de estresse e de

fadiga física e mental (MARTINS, 2003).

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O estresse ocupacional é uma realidade na vida de alguns profissionais,

principalmente daqueles que lidam com doença e morte, como é o trabalho do

enfermeiro (AGUIAR et al., 2000; MARTINS, 2003; MARINHO, 2005).

Siegrist et al. (2004) citam que, para se analisar as características particulares

do local de trabalho e seus efeitos diretos ou indiretos na saúde dos trabalhadores,

vários modelos teóricos foram testados. Os autores destacam o Modelo Demanda-

Controle, desenvolvido por Robert Karasek, e o Modelo Esforço Recompensa no

Trabalho – ERI, desenvolvido por Siegrist.

O Modelo Demanda-Controle distingue quatro tipos de experiências no

trabalho, devido à interação dos níveis de demanda psicológica e de controle. São

classificados em: alta exigência no trabalho (alta demanda e baixo controle), trabalho

ativo (alta demanda e alto controle), trabalho passivo (baixa demanda e baixo

controle) e baixa exigência (baixa demanda e alto controle). As reações como fadiga,

ansiedade, depressão e doença física ocorrem quando a demanda de trabalho é alta

e o grau de controle do trabalhador sobre o trabalho é baixo (KARASEK, 1979, apud

ARAÚJO et al., 2003).

Inocente et al. (2006) e Inocente (2007) acrescentam que o modelo

desenvolvido por Robert Karasek mede três fatores: demanda psicológica, tomada

de decisão e apoio social no trabalho.

- Demanda psicológica envolve trabalho em ritmo acelerado, em excesso, com

prazos estipulados, interrupções, conflitos e medo de perder o emprego.

- Latitude ou tomada de decisão possui dois componentes: controle ou

autonomia, que consiste na possibilidade de controle e participação no trabalho, e

uso de competências, que possibilita utilizar suas competências e qualificações em

suas atividades.

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- Apoio social envolve o reconhecimento dos colegas e seus superiores quando

existe integração socioemocional e confiança entre a equipe de trabalho e quando

se diminui a tensão psicológica.

Inocente (2005) cita que o Modelo Demanda-Controle destaca o efeito dos

fatores psicossociais do trabalho na saúde e bem-estar dos trabalhadores,

principalmente quando ocorrem: baixo controle em relação às tarefas, altas

exigências psicológicas e baixo apoio social.

Siegrist et al. (2004) citam o Modelo Esforço Recompensa no Trabalho (ERI),

observando que, quando ocorre o desequilíbrio entre esforço alto e baixa

recompensa no trabalho, há uma suscetibilidade a doenças, em resposta a reações

de tensão contínua. O modelo envolve as diferenças individuais e as condições de

trabalho. Os indivíduos que têm compromisso excessivo com o trabalho e

necessidade alta de aprovação estão sob risco maior de tensão, ou seja,

freqüentemente expõem-se a altas demandas no trabalho ou exageram em seus

esforços. Como resultado, estão propensos à frustração, devido à expectativa de a

recompensa estar aumentada.

Inocente (2007) acrescenta que o modelo Esforço e Recompensa no Trabalho

(ERI) tem ênfase na falta de reciprocidade, em termos de altos custos, baixa

recompensa, não se sentir amado e de ser tratado de forma injusta, resultando em

reações negativas como a frustração que causa reações no sistema nervoso

autônomo. Os funcionários quando expostos continuamente ao desequilíbrio entre

esforço e recompensa, ficam mais propensos a enfermidades, por meio das

respostas ao estresse.

Inocente e Reimão (2005) realizaram uma pesquisa em 510 professores

universitários da região do vale do Paraíba-SP e demonstraram que 41 (8%)

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estavam em desequilibro entre esforço e recompensa e que 54 (11%) apresentaram

supercomprometimento no trabalho. Concluíram que os professores pesquisados

apresentam riscos de doenças decorrentes do estresse ocupacional.

Araújo et al. (2003) pesquisaram os aspectos psicossociais do trabalho e

distúrbios psíquicos entre 502 trabalhadores de enfermagem. Relatam que o papel

da enfermeira é altamente estressante, devido às responsabilidades que lhe são

atribuídas. São responsáveis pela administração e gestão de pessoal da equipe de

enfermagem. Hierarquicamente, estão em um nível mais elevado que sua equipe e,

conseqüentemente, respondem pela gestão dessa equipe e por sua qualidade e

produtividade. São responsáveis, também, por gerenciar e equacionar os conflitos e

insatisfações e, assim, manter a disciplina. Os autores concluíram que a prevalência

de distúrbios menores foi de 33,3%, e que foi mais elevada no quadrante de trabalho

em alta exigência, ou seja, alta demanda e baixo controle.

Araújo, Graça e Araújo (2003) realizaram dois estudos: um deles envolveu as

condições de saúde e trabalho dos docentes da Universidade Estadual de Feira de

Santana, e o outro, a saúde e trabalho em cirurgiões dentistas, com o objetivo de

investigar a adequação do Job Content Questionnaire (JCQ) para utilizá-lo em

estudo sobre estresse ocupacional. Concluíram que a ocorrência menor de

distúrbios psíquicos menores (DPM) foi de 34,6% entre cirurgiões dentistas, e de

19,1%, entre os professores. Compararam a prevalência de DPM segundo os

quadrantes do Modelo Demanda Controle, e observaram que, nos dois estudos

realizados, o quadrante de alta exigência concentrou as mais altas prevalências de

distúrbios psíquicos menores.

Na literatura internacional, Ostry (2003) realizou um estudo de comparação

entre o modelo desequilíbrio x esforço e recompensa e o modelo demanda e

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controle no trabalho em 3.000 trabalhadores de serrarias, de acordo com o

levantamento realizado no Banco de dados de Saúde British Columbia Linked Health

(BCLHDB). Concluiu que o modelo de desequilíbrio de esforço e recompensa

demonstrou a presença de risco de doença, enquanto o modelo de demanda e

controle não demonstrou tal ocorrência.

Head et al. (2007) realizaram uma pesquisa sobre desequilíbrio entre esforço e

recompensa no trabalho em relação à injustiça no trabalho. Pesquisaram 10.308

funcionários britânicos e concluíram que homens e mulheres em posição

administrativa eram mais propensos a desenvolver desequilíbrio entre esforço e

recompensa no trabalho. Concluíram que a relação de justiça e desequilíbrio de

trabalho e recompensa são determinantes importantes da ausência de doença.

Kluska, Laschinger e Kerr (2004) realizaram um estudo para verificar a

percepção das enfermeiras do hospital de Ontário sobre o desequilíbrio esforço e

recompensa no trabalho. Participaram da pesquisa 58% de 112 enfermeiras, e

24,1% perceberam que seu trabalho apresentava mais esforços do que

recompensas, de acordo com as diretrizes de Siegrist.

Sveinsdóttir, Biering e Ramel (2005) realizaram uma pesquisa entre as

enfermeiras que estavam trabalhando dentro e fora do hospital. A amostra foi

composta por 206 enfermeiros, dos quais 35% atuavam fora do hospital. O objetivo

do estudo era explorar quais fatores contribuíam para a tensão no trabalho,

comparando-se o trabalho de enfermeiras que atuavam dentro e fora do ambiente

hospitalar. Observaram que as enfermeiras que atuavam dentro do ambiente

hospitalar trabalhavam mais horas por semana, atuavam mais diretamente com os

cuidados ao paciente, tinham menos oportunidade de intervalo para as refeições e

enfrentavam a escassez de pessoal.

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Kingdon e Halvorsen (2006), em uma pesquisa com 29 enfermeiros que atuam

no perioperatório de um Hospital da Flórida, puderam perceber esse trabalho como

fonte de estresse, e citaram como causas de estresse listadas pelos enfermeiros:

pacientes que morrem no centro cirúrgico, 14 (48%); pressão para trabalhar mais

rapidamente, 12 (41%); equipamentos que não funcionam, 12 (41%). Quanto à

relação interpessoal, 11 (38%) dos enfermeiros relataram ocorrer informações

contraditórias; 15 (52%), mudanças de papel de mãe ou dona de casa para a vida

profissional; e 10 (69%), interação com o chefe. Os autores afirmam que, tanto em

relação ao estresse moderado, quanto em relação ao estresse grave, o custo é alto,

em termos de saúde, para esses profissionais e para a qualidade dos cuidados

médicos, pois há o risco de danos à saúde do paciente.

Gelsema et al. (2006) realizaram um estudo longitudinal sobre tensão de

trabalho em 1267 enfermeiros que trabalham em um hospital acadêmico nos Países

Baixos (Holanda). Objetivaram analisar a influência de mudanças nas condições de

trabalho nos resultados de tensão, e vice-versa. As variáveis independentes e

dependentes foram medidas duas vezes, em um intervalo de três anos. Observaram

que a variabilidade dos resultados foi baixa, pois 12 (33%) dos enfermeiros

mostraram melhorias significativas em relação à saúde e bem-estar. Correlações

significantes entre mudanças em condições de trabalho e satisfação no cargo foram

apontadas, como exemplo: autoridade de decisão, supervisor, recompensa e

comunicações são associadas ao aumento de satisfação no cargo, enquanto

aumento de trabalho e de pressão de tempo e demanda física resultam em tensão

emocional. Diminuições em autoridade de decisão são associadas a angústia

psicológica, e, quando ocorre o aumento em demandas físicas, com o passar do

tempo são relacionadas a reclamações somáticas.

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Eriksen, Tambs e Knardhl (2006) realizaram um estudo junto a enfermeiras

norueguesas. Os dados foram coletados em duas etapas. Na primeira etapa,

participaram da pesquisa 5.076 enfermeiras assistenciais, dentre as quais 4.076

responderam a um segundo questionário, após um período de 15 meses, cujo

objetivo foi identificar fatores de trabalho que causam angústia psicológica nesses

profissionais. Os autores, ao concluírem o estudo identificaram conflitos de papel,

ameaças e violência por parte dos pacientes e trabalho em unidades para cuidado

de idosos.

Lu, Chang e Wu (2007) realizaram uma pesquisa sobre a relação entre

compromisso profissional, satisfação no cargo e tensão de trabalho, com 258

enfermeiros que trabalham em Saúde Pública, em Taiwan. Os resultados

demonstram dados significativos e efeito positivo do compromisso dos profissionais

em relação a satisfação com o cargo, como também influência inversa significativa

de satisfação com o cargo, com tensão no trabalho. Os autores sugerem que o

compromisso profissional seja um fator importante relacionado com a tensão no

trabalho, e instituições de saúde deveriam ter mais interesse, no que se refere à

saúde de seus profissionais.

Na literatura nacional, Lautert, Chaves e Moura (1999), em uma pesquisa sobre

o estresse ocupacional na atividade gerencial do enfermeiro, citam a relação de

diferentes variáveis, tanto da situação, como do próprio indivíduo, não sendo fácil

delimitar o ponto onde um fator se sobrepõe ao outro. Concluíram que é importante

ressaltar que o estresse desencadeado pela função gerencial do enfermeiro causa

alterações em sua saúde, principalmente imunológicas e músculo-articulares,

cardiovasculares e gastrintestinais. É bem provável que o estresse relacionado à

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sobrecarga de trabalho seja o responsável pelo sentimento de insatisfação com o

trabalho e pelo desejo de trocar de profissão.

Silva e Melo (2006) acrescentam que o trabalhador de enfermagem geralmente

possui mais de um vínculo empregatício e que deve ser considerado o pouco tempo

que tem para atividades de lazer. Citam ainda que a maioria dos trabalhadores é do

sexo feminino, devendo considerar-se a jornada do trabalho doméstico, ao se

analisar a qualidade de vida desses profissionais.

Bianchi (2000), em pesquisa realizada sobre comparação do nível de estresse

em 116 enfermeiros que atuavam em duas instituições hospitalares do município de

São Paulo, sendo uma governamental e outra beneficente, destacou-se, como

atividades estressantes, divididas nas áreas: a) Relacionamento com outras

unidades e supervisores, b) Atividades relacionadas ao funcionamento adequado da

unidade: c) Atividades relacionadas à administração de pessoal; d) Assistência de

enfermagem prestada ao paciente; e) Coordenação das atividades da unidade; f)

Condições de trabalho para o desempenho das atividades do enfermeiro. O autor

percebeu que houve enfermeiros que apresentaram nível baixo de estresse, com

escore abaixo de 2,0, e também enfermeiros com alto nível de estresse, com escore

maior que 5,0.

Stacciarini e Tróccoli (2001), em uma pesquisa realizada sobre o estresse na

atividade ocupacional do enfermeiro, apontam que, para os enfermeiros

assistenciais, as causas de estresse relatadas foram: recursos inadequados,

relações interpessoais e no atendimento ao cliente, e a carga emocional. Os

professores da área mantiveram o relato de recursos inadequados e, ainda,

sobrecarga de trabalho, carga horária, questões salariais, relações interpessoais e

atividades com os alunos e, por último, a estrutura organizacional. Os enfermeiros

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administrativos relataram como causa do estresse os recursos inadequados e a

sobrecarga de trabalho, as relações interpessoais, a estrutura organizacional devido

a cobranças e decisão, e o reconhecimento pessoal. Os autores concluíram que,

embora o estresse seja uma reação individual, os agentes estressores são comuns,

independentemente da ocupação desses profissionais.

Martins (2003) identificou, no trabalho do profissional enfermeiro, em uma

organização de saúde, uma multiplicidade de funções que não são bem definidas,

como oportunidade de participar nas decisões das políticas organizacionais, que

geram conflitos e ambigüidade de papel. Outro fator desgastante são as exigências

relativas aos horários rígidos e ao trabalho em turnos. Outras investigações se

fazem necessárias, como o problema de turnos alternantes, uma prática freqüente

entre esses profissionais.

Costa, Lima e Almeida (2003) pesquisaram sobre o estresse no trabalho do

enfermeiro. Observaram que 62,0% dos enfermeiros não apresentavam estresse e

que não tinham atingido a fase de alerta. Concluíram que, se não ocorreu o

estresse, isso indica que houve uma resposta de equilíbrio homeostático e

adaptação.

Ferreira et al. (2006) realizaram uma revisão de literatura sobre a exaustão do

profissional de enfermagem relacionada às condições de trabalho. Concluíram que

são inúmeros os elementos estressores responsáveis pela exaustão do trabalhador

da enfermagem, dentre eles: desgaste físico, questões salariais, dupla jornada de

trabalho, riscos ocupacionais, o próprio ambiente hospitalar, relacionamento

interpessoal e a falta de autonomia. Os autores concluíram que esses elementos

estressores geram insatisfação em seu ambiente de trabalho, interferem na

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qualidade da assistência prestada ao cliente e, conseqüentemente, têm reflexos na

vida pessoal e profissional do enfermeiro.

Fonseca e Soares (2006), em pesquisa sobre o desgaste emocional dos

enfermeiros que atuam em ambiente hospitalar, demonstram que as condições que

contribuem são: o relacionamento interpessoal entre enfermeiros, clientes e demais

profissionais da saúde, e o processo de trabalho com recursos materiais e de

pessoal. Concluem que a abordagem pouco articulada entre as várias equipes que

atuam no hospital tem relação com a diferenciação entre os grupos profissionais e a

hierarquia de que fazem parte; no entanto, tem principal relação com o discurso

médico-hospitalar dominante, que gera uma fonte de desgaste físico e emocional.

Acrescentam que esses profissionais podem estar constantemente diante de

ansiedades e/ou de reações de alarme.

Ferrareze, Ferreira e Carvalho (2006) realizaram uma pesquisa sobre a

percepção do estresse em 12 enfermeiros que atuam em uma unidade de terapia

intensiva do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da

Universidade de São Paulo. Constataram que mais da metade dos trabalhadores

(66,7%) que assistem pacientes críticos mostraram sinais de sofrimento físico e/ou

psicológico característicos da fase de resistência ao estresse.

Montanholi, Tavares e Oliveira (2006) pesquisaram os fatores de risco

decorrente do estresse no trabalho do enfermeiro hospitalar, tendo como variáveis:

conflito de funções, sobrecarga de trabalho, relacionamento interpessoal e situações

críticas. Observaram que 52% dos 58 enfermeiros foram classificados como

estressados, estando esta condição relacionada à função gerencial, conforme

aumenta a faixa etária e o enfrentamento de situações críticas.

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Embora o estresse seja um fenômeno individual, as categorias identificadas

sugerem que alguns estressores são comuns, independentemente da ocupação do

enfermeiro, e parecem refletir uma cultura profissional com ampla variedade de

determinantes de estresse relacionados ao indivíduo, ao cargo e à organização

(STACCIARINI; TRÓCCOLI, 2001).

Essa diversidade de situações sugere um quadro favorável ao estresse

ocupacional, pois originam um estado de prostração que leva o indivíduo ao

esgotamento. A relação entre afeto e trabalho, que nasce a partir das dimensões

demarcadas pelo capital, é observada no cotidiano dos trabalhadores da área da

saúde, especialmente para a enfermagem. A proposta da existência dessa nova

enfermidade para os trabalhadores da enfermagem leva a alcançar novos horizontes

e abre novas perspectivas para as possibilidades de entendimento e transformação

do processo de trabalho, na tentativa de resgatar as dimensões afetivas contidas no

cotidiano de quem cuida (MUROFUSE; ABRANCHES; NAPOLEÃO, 2005).

É necessário que se encontre um ponto de equilíbrio entre as necessidades da

instituição, ou seja, de sua produção, e os interesses do funcionário (BACCARO,

1991). O planejamento de procedimentos que visam diminuir os impactos à saúde

dos trabalhadores é importante e deve contemplar a percepção de que a saúde faz

parte de um contexto maior, como a qualidade de vida, que engloba os hábitos de

vida, alimentação, salários, moradia, condições de trabalho, lazer (PAULO; CURY;

FERREIRA JUNIOR, 2000).

Duailibi e Santos (2001) relatam que a não percepção e a subestimação dos

problemas relacionados ao estresse e aos distúrbios do sono gera uma ação

contínua dos fatores estressantes. Quando não há o tratamento dos fatores

desencadeantes desses problemas, ocorre o uso de medicações sem o cuidado

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necessário, e a automedicação ocorre com freqüência, bem como o abuso dos

medicamentos.

Diante das competências necessárias às pessoas que atuam na área de

saúde, frente à necessidade de seu envolvimento com os cuidados prestados a seus

clientes/pacientes, a sua saúde mental passa a ser uma prioridade da organização,

para atingir seus objetivos (BORGES et al., 2002).

Os estressores ocupacionais freqüentemente estão ligados à organização do

trabalho, como alta produtividade, condições desfavoráveis, falta de controle sobre a

tarefa e turnos de trabalho em desacordo com o ritmo biológico de cada indivíduo.

Essas circunstâncias impõem ao trabalhador uma alta demanda a ser enfrentada. Se

o indivíduo apresentar um déficit no enfrentamento ao agente estressor, será, então,

desencadeado o estresse ocupacional. Portanto, quanto maior a demanda e menor

o controle, mais provável será a ocorrência de estresse e de prejuízos à saúde do

trabalhador. O estresse ocupacional é considerado fator de risco para doença

coronariana, afecções músculo esqueléticas, absenteísmo e sintomas diversos,

como cefaléia, problemas gástricos, irritabilidade e perda de concentração e

desordens do sono.

Diante dos sintomas que podem ocorrer devido ao estresse ocupacional, esta

pesquisa detém-se no estudo do ciclo vigília-sono, como será apresentado no

próximo capítulo.

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4 CICLO VIGÍLIA-SONO E O TRABALHO EM TURNOS E NOTUR NO

4.1 CONCEITO

O sono é um fenômeno habitual desde o nascimento. É um dos prazeres da

vida, sendo o único que se consegue sem esforço e gasto.

Martinez (1999) afirma que o sono tem várias definições, e define-o como um

estado fisiológico caracterizado por abolição reversível da consciência, que ocorre

em episódios periódicos, interrompe a vigília e permite restaurar as condições do

início precedente.

Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-

IVTM – APA, 2000), a polissonografia consiste na monitorização de parâmetros

fisiológicos e fisiopatológicos durante o sono. Cinco estágios distintos podem ser

medidos pela polissonografia: o sono dos movimentos oculares rápidos (REM) e o

sono dos movimentos oculares não rápidos (NREM), que se subdividem em quatro

estágios (estágio um, dois, três e quatro). Assim, sono NREM (Non rapid eye

moviment – Movimentos não-rápidos dos olhos) e REM (Rapid eye moviment –

Movimentos rápidos dos olhos).

O estágio um do sono NREM representa uma transição da vigília para o sono,

e equivale a cerca de 5% do tempo gasto dormindo. É uma breve fase transicional

entre estar acordado e dormindo, e dura cerca de cinco minutos. No estágio um, as

ondas do sono NREM, chamado de sono quieto, a maior parte das funções

fisiológicas estão diminuídas. A atividade cognitiva é mínima, mas movimentos

periódicos do corpo precedem as mudanças de um estágio para o outro. O estágio

dois, que dura cerca de 10 a 20 minutos, durante o ciclo inicial é considerado como

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o verdadeiro sono fisiológico, e equivale a cerca de 50% do tempo de sono. Os

estágios três e quatro do sono NREM, sono de ondas lentas, são os níveis mais

profundos, e equivalem a cerca de 10 a 20% do tempo do sono (REIMÃO;

DIAMENT, 1985; MARTINEZ, 1999; DSM-IVTM - APA, 2000; JAQUETA et al., 2000;

INOCENTE, 2005).

Os estágios três e quatro, também chamados delta ou de ondas lentas, são os

mais profundos e podem durar entre 20 e 40 minutos, no primeiro ciclo de sono. Um

adulto jovem normal entra no sono por meio dos estágios NREM. A seqüência inicial

é seguida por um retorno do estágio quatro ao três e ao dois, seguido de um

episódio REM (JAQUETA et al., 2000).

O sono REM ocorre ciclicamente durante a noite, alternando-se com sono

NREM a cada 80 - 100 minutos, aproximadamente. (DSM-IVTM - APA, 2000;

INOCENTE, 2005).

O sono REM, durante o qual ocorre a maior parte de sonhos típicos, na forma

de narrativas, é ativo ou rápido, e ocupa cerca de 20 a 25% do sono total. É

caracterizado por uma ativação eletroencefalográfica, atonia muscular e movimentos

oculares rápidos. Exceto os músculos posturais e respiratórios, o corpo encontra-se

essencialmente paralisado, durante o REM (DSM-IVTM – APA, 2000; JAQUETA et

al., 2000; INOCENTE, 2005).

Os períodos delta são predominantes no primeiro terço da noite, enquanto a

proporção de sono REM é maior no último terço da noite. Recém-nascidos passam

50% do sono em REM. As crianças iniciam o sono em REM, enquanto os adultos o

iniciam em NREM. O sono REM estabiliza-se, na adolescência, em torno de 25% do

total de sono, e na idade avançada decai um pouco. Com a idade, também

diminuem os estágios três e quatro. Essas mudanças são acompanhadas por longos

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períodos acordados, durante a noite, conforme a idade avança (REIMÃO; DIAMENT,

1985; JAQUETA et al., 2000).

A quantidade de sono não está necessariamente ligada à duração total de

sono, mas relacionada à duração de cada um dos estágios de sono (MORENO,

2003; SARAIVA et al., 2005).

Martinez (1999) e Inocente (2005) esclarecem que as necessidades do sono

são individuais. Em uma noite de sono, a qualidade do sono profundo, sem

interrupções, é mais importante do que a quantidade de muitas horas na cama com

um sono superficial e fragmentado. Ceolim e Menna-Barreto (2000) complementam

que é possível que o cochilo estruturado tenha um papel benéfico, como parte de

um estilo de vida saudável.

Para Martinez (1999), cada pessoa necessita de uma determinada quantidade

de sono nas vinte quatro horas, para se manter alerta. Quando se dorme aquém do

necessário, o indivíduo estará menos desperto no dia seguinte. A falta de sono de

uma noite gera um débito de sono. Quando o déficit de sono ocorre por várias

noites, pode ocorrer comprometimento do desempenho das tarefas cognitivas,

prejudicando a memória, o raciocínio lógico, cálculos aritméticos, reconhecimento de

padrões, poder de decisão. O autor afirma que evidências científicas indicam que

são necessárias, em média, sete horas de sono.

Para Lopes et al. (2004), a função exata do sono em seres humanos é

desconhecida, e qualquer alteração física, social ou psíquica pode alterar o ciclo

vigíla-sono. A privação do sono é importante, uma vez que é precedida de fadiga.

Quando há uma impossibilidade de dormir bem, podem ocorrer alterações físicas,

emocionais e sociais que induzem a desordens do sono, como insônia ou sonolência

excessiva.

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As pessoas que possuem as doenças do sono dormem em média oito horas,

mas persistem com sonolência durante o dia. Os distúrbios do sono afetam até um

terço da população adulta, e noventa e cinco por cento dos indivíduos permanecem

sem diagnóstico ou tratamento (MARTINEZ, 1999).

Segundo Mello et al. (2002), há diversas metodologias para investigar a

qualidade, queixas e distúrbios relacionados ao sono. Uma delas é a cronobiologia,

que divide a população em três cronótipos básicos para avaliar as diferenças

individuais na prevalência pelos horários de vigília e de sono. Há indivíduos que são

classificados como do tipo vespertino, do tipo matutino e do tipo indiferente.

A cronobiologia é o ramo da ciência que estuda os diferentes ritmos biológicos

presentes nos seres vivos. É uma ciência que estuda a interação do homem e a

organização temporal do fenômeno biológico. Esses estudos têm contribuído na

tentativa de explicar o que acontece com as pessoas que executam atividades fora

do horário habitual. (DE MARTINO, 1999; DE MARTINO; LING, 2004; MORENO;

LOUZADA, 2004).

É possível observar, nas espécies humanas, ritmos que se caracterizam como

estados funcionais que variam periodicamente no tempo, por exemplo, o circadiano,

ou seja, 24 horas, aproximadamente, variando entre períodos de 22 a 28 horas (DE

MARTINO, 1996).

Gonçalves e Stabille (2001) ressaltam que os seres vivos reagem de forma

diferente, em cada período do dia. Há momentos em que alguns indivíduos estão

totalmente dispostos para certas atividades, enquanto outros não. Para De Martino e

Ling (2004), as características dos cronótipos matutinos e vespertinos dos indivíduos

são importantes na determinação dos períodos de melhor desempenho e bem-estar.

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As alterações que ocorrem podem se acentuar, dependendo da organização da

ritmicidade circadiana de cada um.

Hidalgo et al. (2002), ao realizarem uma pesquisa sobre a avaliação de estados

de comportamento entre a manhã e a noite, em indivíduos saudáveis, observaram

que, dos 318 indivíduos pesquisados, 159 eram do tipo noturno (101 homens e 58

mulheres), 83 eram do tipo matutino (32 homens e 51 mulheres) e 76 eram do tipo

indiferente (49 homens e 26 mulheres). Uma diferença significante entre freqüência

e preferência do tempo para acordar foi observada entre os grupos do tipo matutino

e do tipo noturno, pois ambos acordaram mais cedo do que desejaram, no último

ano (entre 7h e 10h, respectivamente). No entanto, uma diferença significante entre

freqüência e preferência de tempo para dormir só foi observada no grupo de

pessoas matutinas.

Os autores mencionados acima citam ainda que os indivíduos do tipo noturno

mostraram semelhança entre a freqüência e preferência do tempo para dormir,

embora o horário de preferência fosse por volta de 1h26, e o normal, por volta de

23h24. Os indivíduos do tipo matutino e noturno não apresentaram diferenças na

percepção da sensação de fome entre o período da manhã e tarde. No grupo de

indivíduos matutinos e vespertinos, a fadiga era semelhante. Os indivíduos

matutinos apresentaram uma diminuição na disponibilidade para o estudo, para o

exercício, para resolver problemas e na disposição geral ao decorrer do dia.

No presente estudo, os distúrbios do sono são classificados segundo o Manual

Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IVTM – APA, 2000), e são

divididos em quatro seções, de acordo com a etiologia: transtornos primários do

sono, transtorno do sono relacionado a outro transtorno mental, transtorno do sono

devido a uma condição médica geral e transtorno do sono induzido por substâncias.

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4.2 TRANSTORNOS PRIMÁRIOS DO SONO

Os transtornos primários do sono são resultantes de um outro transtorno

mental, uma condição médica ou uma substância. Decorrem de alterações

endógenas nos mecanismos de geração ou nos horários de sono-vigília e de

complicações por fatores de acondicionamento. São divididos em dissonias e

parassonias (DSM-IVTM - APA, 2000).

a) As dissonias: são transtornos primários da iniciação ou manutenção do sono

ou de sonolência excessiva. Estão relacionadas com alterações na quantidade,

qualidade ou regulação de ritmo do sono. Incluem os transtornos do sono: insônia

primária, hipersonia primária, narcolepsia, transtorno do sono relacionado à

respiração, transtorno do ritmo circadiano e dissonia sem outra especificação.

- A insônia primária caracteriza-se principalmente por dificuldades para iniciar

ou manter o sono, ou por um sono não reparador, devido a dois fatores que

mutuamente se reforçam: tensão somatizada e condicionamentos negativos

aprendidos em relação ao sono (DSM-IVTM - APA, 2000; BOAS, 2005).

- A hipersonia primária consiste de sonolência diurna excessiva, evidenciada

por episódios prolongados de sono diurno ou noturno, com dificuldade para

despertar, pela manhã. A sonolência excessiva durante o período de vigília é

conhecida pela forma de cochilo intencional ou episódios inadvertidos de sono que

ocorrem em situações de pouca estimulação ou atividade, como em palestras,

leituras e outras (DSM-IVTM - APA, 2000).

- A narcolepsia consiste em ataques repetidos e irresistíveis de sono reparador,

cataplexia, manifestações anormais do sono REM no período de transição entre o

sono e a completa vigília, manifestada por paralisia dos músculos voluntários e

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alucinações tipo oníricas (SILVA; REIMÃO, 2005). A sonolência pode persistir

durante todo o dia ou ser aliviada por um cochilo inevitável, tendo-se a sensação de

recuperação e, ao acordar, sentir-se mais desperto. Os episódios de sono podem

ser curtos, menos de quinze minutos, até várias horas. Podem ocorrer a qualquer

hora do dia, mas geralmente em situações monótonas, após as refeições ou no final

da tarde. No entanto, podem ocorrer em ocasiões em que haja necessidade de

concentração, enquanto se alimenta ou conversa ativamente, e em situação de

tensão emocional.

Cataplexia são episódios de perda súbita, reversível e bilateral do tono

muscular, com duração de segundos a minutos, geralmente precipitada por intensa

emoção. A paralisia do sono acomete no início ou no final do sono. O paciente

desperto percebe que é incapaz de se mover ou de gritar. As alucinações são

experiências vividas e semelhantes a sonhos que ocorrem no início do sono ou

durante o processo de despertar, podendo ser visuais ou auditivas (DSM-IVTM - APA,

2000).

- O transtorno do sono relacionado à respiração é um distúrbio que causa

excessiva sonolência ou insônia, decorrente de alterações ventilatórias durante o

sono. Consiste em sonolência excessiva, resultante de despertares freqüentes

durante o sono noturno, enquanto o indivíduo tenta respirar normalmente. Os

cochilos tendem a não ser fisicamente reparadores, e podem estar associados a dor

de cabeça ao despertar.

A síndrome de apnéia do sono obstrutiva é caracterizada por episódios de

obstrução aérea superior, acompanhada de episódios de roncos sonoros ou

momentos de respiração difícil e ofegante alternados com períodos de silêncio. A

síndrome de apnéia do sono central é caracterizada por episódios de cessação da

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ventilação durante o sono, porém sem obstrução das vias áreas. A síndrome da

hipoventilação alveolar central é caracterizada por problemas no controle

ventilatório, que causam níveis baixos de oxigênio arterial, agravando-se com o sono

(DSM-IVTM - APA, 2000; MOL; VALLADARES, 2005).

- O transtorno do ritmo circadiano é caracterizado por um desajuste entre o

sistema circadiano do ciclo sono-vigília endógeno do individuo e fatores exógenos

referentes ao tempo e duração do sono. Ocorre uma desincronização entre os

horários de sono-vigília, resultando em queixas de insônia em certos momentos do

dia e de sonolência excessiva em outros. Inclui subtipos: fase de sono atrasado

(padrão persistente de atraso para iniciar o sono e para despertar mais cedo);

mudança de fuso horário (ocorre após viagens que atravessam mais de um fuso

horário); mudança freqüente de turnos de trabalho (insônia durante o principal

período de sono, ou sonolência excessiva durante o principal período de vigília,

decorrente de trabalho em turnos ou de mudanças de turno de trabalho); e,

inespecificado (GASPAR; MORENO; MENNA–BARRETO, 1998; DSM-IVTM - APA,

2000).

- As dissonias sem outra especificação são caracterizadas para insônias,

hipersonias ou perturbações do ritmo circadiano que não se enquadram nas

dissonias específicas (DSM-IVTM - APA, 2000).

b) As parassonias são transtornos relacionados com alterações de

comportamentos ou de eventos fisiológicos anormais durante o sono, estágios

específicos do sono ou transições de sono-vigília. Representa ativação de sistemas

fisiológicos em momentos inadequados durante o ciclo sono-vigília. Inclui os

transtornos do sono: pesadelo, terror noturno e sonambulismo (DSM-IVTM - APA,

2000).

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- Transtorno de pesadelo é caracterizado por sonhos carregados de ansiedade

ou aterrorizantes, que levam ao despertar. A seqüência e o conteúdo do sonho

podem ser descritos de forma detalhada, ao despertar (REIMÃO; DIAMENT, 1985).

- O transtorno do terror noturno é caracterizado por despertar abrupto,

decorrente de episódios de terror durante o sono. É acompanhado por vocalização,

agitação motora e manifestações comportamentais de medo intenso e sinais de

excitação autonômica, como taquicardia, taquipnéia e sudorese (REIMÃO;

DIAMENT, 1985).

- O transtorno do sonambulismo é caracterizado por episódios repetidos de

comportamento motor complexo iniciado durante o sono. Ocorre uma diminuição do

estado de alerta e da responsividade, e inicia-se geralmente no primeiro terço da

noite (REIMÃO; DIAMENT, 1985).

4.3 TRANSTORNOS DO SONO RELACIONADOS A OUTRO TRANSTORNO

MENTAL

É resultante de um transtorno mental diagnosticável, freqüentemente devido ao

transtorno do humor ou transtorno de ansiedade. Os mecanismos fisiopatológicos

responsáveis pelo transtorno mental também causam alterações na regulação do

ciclo sono-vigília. Os transtornos do sono incluem insônia e hipersonia relacionadas

a outro transtorno mental. A insônia é caracterizada por queixa de dificuldade para

dormir associada a despertares durante a noite, ou uma sensação de sono não

reparador, resultando em fadiga diurna ou funcionamento diurno prejudicado. A

hipersonia é caracterizada por queixa de sono noturno prolongado ou de repetidos

episódios de sono durante o dia (DSM-IVTM - APA, 2000).

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4.4 TRANSTORNOS DO SONO DEVIDO A UMA CONDIÇÃO MÉDICA GERAL

Esses transtornos do sono são resultantes dos efeitos fisiológicos de uma

condição médica, que provoca alterações no sistema de sono-vigília. São distúrbios

considerados severos, sendo de grande importância uma indicação de atenção

clínica independente (DSM-IVTM - APA, 2000).

4.5 TRANSTORNO DO SONO INDUZIDO POR SUBSTÂNCIA

É resultante dos efeitos fisiológicos de substâncias, do uso atual ou da

descontinuidade do uso de substâncias, como medicamentos, e exposição a toxinas.

É um distúrbio do sono considerado severo, sendo de grande importância uma

indicação de atenção clínica independente (DSM-IVTM - APA, 2000).

Muitos estudos têm contribuído para melhor entender as alterações que

ocorrem no ciclo vigília-sono.

Abreu e Inocente (2005) afirmam que não é possível dizer exatamente qual é a

função do sono, mas observam que todas as funções do cérebro e do organismo,

como funções cardiovasculares, endócrinas, respiratórias, sexuais, neurológicas,

entre outras, são influenciadas pela alternância da vigília com o sono.

Almondes e Araújo (2003) realizaram uma pesquisa com o objetivo de

investigar as relações entre ciclo sono vigília e traço e estado de ansiedade em 37

estudantes do segundo ano de medicina. Demonstraram que, tanto os dados do

diário do sono, no período de duas semanas, quanto hábitos de sono dos dados

médios apresentaram atrasos de fase do início e final do sono nos finais de semana,

quando comparados aos dos dias da semana. No momento do estudo, o início do

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sono era às 24h25min, nos dias de semana, e à 1h14min, nos fins de semana. O

final do sono, nos dias de semana, era às 7h43min, e, nos finais de semana, às

8h54min. Quanto à duração do sono, o estudo não apresentou diferenças

significativas, cabendo ressaltar que as aulas começavam às 10h, o que permitia o

atraso do final do sono. Quanto ao tipo de cronótipo, apresentou 19 indivíduos

indiferentes, sete vespertinos e cinco matutinos. A pontuação do Índice de

Qualidade do Sono de Pittsburg variou entre dois e sete, com uma média de 3,7,

sendo considerada uma qualidade de sono boa. Quanto aos dados do Inventário de

Ansiedade, encontrou-se uma média de ansiedade de 37,9 +- 9,24 e, para traços de

ansiedade, de 38,84 +-10,58.

O sono é um problema para os trabalhadores em turnos. Esses indivíduos têm

dificuldade para dormir, devido à ruptura do ritmo circadiano do sono. O ciclo do

sono torna-se fora de fase com a temperatura corporal, tendo como resultado um

sono de duas a quatro horas, menor que o desejado, causando insônia e sonolência

excessiva no trabalho (MARTINEZ, 1999).

Takeyama et al. (2004) realizaram um estudo experimental por meio do

trabalho noturno simulado com seis voluntários, tendo como objetivo investigar os

efeitos da duração e horário de cochilos noturnos sobre o desempenho e as funções

fisiológicas. Observaram que os cochilos na última metade do turno noturno foram

melhores, em termos de qualidade de sono, do que os cochilos em um horário mais

cedo. No entanto, o desempenho piorou, depois de um cochilo de uma hora em um

horário mais tarde, durante o turno. O estudo indica que o horário adequado de um

cochilo é de 60 minutos, durante o turno noturno.

Segundo Inocente (2005), os distúrbios do sono têm custo social alto, devido

ao aumento de risco de acidentes de trânsito, o uso abusivo de medicamentos para

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dormir, no caso de insônia, e de medicamentos para não dormir, principalmente em

trabalhadores noturnos, o que contribui para uma má qualidade de vida.

Com a crescente evolução no mundo do trabalho, o homem moderno mudou

seus valores diante de determinadas necessidades, por exemplo, o sono. As

constantes mudanças da sociedade e a necessidade de adaptação fazem com que

a qualidade de vida do trabalhador sofra importantes reflexos dos fatores

estressantes, afetando todo seu contexto de vida.

As mudanças nos horários de repouso trazem alterações à maioria das funções

fisiológicas e cognitivas, que se expressam de maneira rítmica e são alteradas

quando os indivíduos dormem o sono principal fora do período normal de repouso.

Como uma das conseqüências, os transtornos do ciclo vigília-sono, que podem estar

associados ao trabalho em turnos e noturno. Aspectos relevantes ao trabalho em

turnos e noturnos serão abordados adiante.

4.6 SIGNIFICADO DO TRABALHO

A palavra trabalho vem do latim tripalium, termo utilizado para designar

instrumento de tortura, feito de três paus aguçados, algumas vezes munidos de

pontas de ferro, no qual os agricultores batiam o trigo, as espigas de milho, o linho,

para rasgá-los e esfiapá-los (ALBORNOZ, 2000).

O trabalho é fundamentalmente uma atividade social, mas nem sempre foi

estabelecida parceria harmoniosa e de comum acordo entre as partes envolvidas;

houve momentos de dominação e opressão, como a escravidão. Durante muitos

séculos, o trabalho escravo dos mais diferentes povos foi a base das relações

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sociais na produção de bens, serviços e mercadorias (NASCIMENTO; BARBOSA,

2001).

A história do trabalho teve início nos primórdios dos tempos. De diversas

formas, o homem buscou meios para satisfazer suas necessidades e adquirir seus

bens materiais, fazendo assim com que continuasse sobrevivendo em uma

sociedade. Essa busca é histórica, na raça humana (OLIVEIRA, 1987;

NASCIMENTO; BARBOSA, 2001). Na medida em que o homem alcança seus

objetivos, suas necessidades ampliam-se a outros homens, e nascem então as

relações sociais (OLIVEIRA, 1987). Antigamente, o trabalho era realizado sob a luz

natural, mas já havia indícios do trabalho noturno (REGIS-FILHO, 1998; FURLANI,

1999).

Para Ribeiro e Léda (2004), o significado de trabalho foi associado a fardo e

sacrifício. Na Grécia Antiga, o trabalho era desprezado pelos cidadãos livres, que

consideravam o exercício das profissões vil e degradante. Nos primeiros tempos do

cristianismo, o trabalho era visto como tarefa penosa e humilhante, como punição

para o pecado.

No feudalismo, o servo, ao contrário do escravo, não era propriedade do

senhor. Considerava-se como natural e de responsabilidade de Deus, a relação de

poder estabelecida entre o senhor feudal e seus servos. Assim, a igreja Católica teve

um importante destaque no controle das idéias da sociedade. Com o passar do

tempo, e devido às necessidades dos senhores feudais, estimularam-se novos

modos de produção, e as cidades receberam pessoas que buscavam um ofício, e

assim surgiram as relações de trabalho, com supremacia evidente no campo

(NASCIMENTO; BARBOSA, 2001).

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A concepção de trabalho como fonte de identidade e auto-realização humana,

foi constituída a partir do Renascimento. O trabalho adquire, então, um significado

intrínseco, ou seja, para os indivíduos os motivos que os levam a trabalhar estão no

trabalho em si, e não fora dele ou em qualquer de suas conseqüências

(ALBORNOZ, 2000).

A partir dessa época, uma outra visão passou a vigorar, concebendo o trabalho

como uma atividade que altera o estado das pessoas, transformando-as para melhor

satisfazer suas necessidades, e não mais como uma ocupação servil.

Com o advento do capitalismo, surge uma nova organização do trabalho.

Ocorrem rupturas políticas, mudanças no campo da cultura, e surge o

individualismo. O desenvolvimento da tecnologia e a industrialização causam a

Revolução Industrial, gerando um aumento contínuo e rápido da produtividade no

trabalho (NASCIMENTO; BARBOSA, 2001).

Trabalho, mais do que sobrevivência é uma das mais expressivas

manifestações do ser humano O homem transforma e é transformado, e, ao fazer

algo com um objetivo definido, conquista espaço, respeito, consideração e auto-

estima. O trabalho, diferentemente da simples atividade, deve preencher um porquê,

uma finalidade e um valor. Reflete a auto-imagem e agrega ou retira a possibilidade

de realização pessoal, de acordo com as potencialidades e competências

individuais.

Ainda na sociedade capitalista, algumas profissões, principalmente as

exercidas nas áreas industriais e extrativas, e nos serviços de saúde, mantinham

seu funcionamento em tempo integral, para atender à demanda dos serviços

(MORENO; FISCHER; ROTENBERG, 2003). Assim, tornou-se uma necessidade, o

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crescimento do trabalho noturno, para poder suprir as exigências do mercado de

trabalho.

Após a revolução industrial, houve um progresso nas organizações do trabalho,

aumentando assim a procura pelo trabalho em turnos e noturno. A modernização da

sociedade vem impondo turnos de trabalho nas mais diversas áreas

(RUTENFRANZ; KNAUTH; FISCHER, 1989; FURLANI, 1999).

Segundo Kmita, Guimarães e Figueiredo (2002), o trabalho em turnos e

noturno tem ocorrido por três razões: a) - por ordem técnica: produtos que

necessitam de um tempo maior para a produção; b) - econômica: tornar as máquinas

rentáveis, compensando economicamente seu custo com sua utilização; e, c) -

social: ligada aos desejos e necessidades dos indivíduos.

Observa-se que, na sociedade, as pessoas estão cada vez mais exigentes de

serviços disponíveis nas 24 horas do dia. Hoje, o cidadão pode ir, a qualquer hora,

ao, supermercado, restaurante, farmácia, dentre outros estabelecimentos que

oferecem serviços (MORENO; FISCHER; ROTENBERG, 2003).

Para Fischer (2003), o trabalho em turnos é caracterizado pela continuidade da

produção ou da prestação de serviços realizada por várias turmas que se sucedem

nos locais de trabalho, turmas que podem modificar seus horários de trabalho ou

permanecer em horários fixos. Existe grande diversidade de turnos de trabalho,

podendo ser regulares, quando os funcionários recebem a escala de trabalho com

bastante antecedência; no entanto, existem escalas de trabalho completamente

irregulares, quando os horários de entrada e saída no trabalho e os dias de folga

não obedecem a um esquema predeterminado. No Quadro 3, observam-se alguns

conceitos sobre esquemas de trabalho em turnos.

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Termos básicos

Turno Unidade de tempo de trabalho (seis, oito ou 12 horas)

Turmas Grupos de trabalhadores que operam em revezamento; trabalham juntas, no mesmo local e no mesmo horário e sucedem umas as outras

Turno diurno Jornada de trabalho que correspondem a horários de trabalho usuais diurnos, ou seja, entre 5h e 18h

Turno noturno As atividades são desenvolvidas em período noturno fixo, pela legislação brasileira, compreende das 22h de um dia até pelo menos às 5h da manhã seguinte.

Tipo de esquema do ponto de vista da organização

Turnos contínuos

O trabalho na empresa é realizado durante as 24 horas diárias, sete dias por semana, o ano todo. Pode haver de três a quatro turnos diários dependendo do horário dos turnos de trabalho.

Turnos semicontínuos

O trabalho na empresa é realizado durante 24 horas diárias, porém há uma interrupção semanal de um ou dois dias. Geralmente há três ou quatro turnos diários.

Turnos descontínuos

A empresa não mantém trabalhadores 24 horas por dia. Geralmente há um ou dois turnos diários.

Tipo de esquema do ponto de vista do trabalhador

Turno fixo Os trabalhadores têm horários fixos de trabalho, diurnos ou noturnos.

Turno alternante

Os trabalhadores modificam seus horários de trabalho segundo uma escala pré-determinada. São escalados para trabalhar em determinado horário por um determinado tempo, e após o período passam a trabalhar em outro horário.

Turnos irregulares

Os horários de início e fim da jornada de trabalho, são variáveis, sem obedecer a um esquema pré-determinado.

Quadro 3 – Conceitos de trabalhos em turnos. Fonte: Fischer (2003, p. 8).

Segundo Moreno, Fischer e Rotenberg (2003), o número de serviços

essenciais, produção de bens e prestação de serviços que funcionam

ininterruptamente tem crescido, e, com isso, vem ocorrendo uma demanda maior da

população que trabalha em turnos, no período noturno ou em horários irregulares.

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Para Fischer (2003), as características das escalas de trabalho de turnos

permitem avaliar aspectos positivos e negativos. Devem-se considerar alguns

parâmetros: regularidade do sistema de turnos; número de turmas de trabalho por

turno; duração diária de turnos; horários de início e fim das jornadas de trabalho;

número de horas de repouso entre dois turnos consecutivos; número de dias livres;

noites consecutivas de trabalho; possibilidade de troca de horário entre os colegas; e

outros.

4.7 TRABALHO EM TURNOS E NOTURNO E O IMPACTO NA SAÚDE DO

TRABALHADOR

O trabalho em turnos e noturno vem causando alterações de grande

importância à saúde do trabalhador, no que diz respeito aos aspectos psíquicos,

físicos e emocionais, e aos aspectos sociais, familiares e interpessoais (REGIS-

FILHO, 1998).

Moreno Fischer e Rotenberg (2003) analisaram a saúde do trabalhador na

sociedade 24 horas. Os autores tratam das diferenças individuais à tolerância ao

trabalho em turnos e noturno e associam também características que podem ou não

favorecer a tolerância a esse tipo de trabalho. Por fim, sugerem medidas que visam

minimizar as dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores, quanto à saúde e ao

bem-estar social e orgânico.

Takada (2002) realizou uma pesquisa com trabalhadores brasileiros que

moram no Japão, para verificar como o trabalho noturno compromete a saúde.

Identificou conseqüências e prejuízos à saúde que, adicionados ao estresse,

causam irritabilidade, cefaléia, cansaço, fadiga, tremores musculares, alterações do

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apetite, alimentar e sexual, e agravamento de doenças crônicas, como diabete,

obesidade e hipertensão arterial. O autor ressaltou que, apesar dos riscos, esse

turno de trabalho oferece suas compensações financeiras. Além disso, o período

noturno é mais tranqüilo e sem tanta supervisão.

Inocente e Reimão (2002) afirmam que todo trabalho que exija que o

trabalhador, em sua jornada, fique uma parte da noite acordado, ou toda ela,

provoca alteração no seu relógio biológico, aumentando o risco de acidentes,

doenças físicas e transtornos mentais.

Observa-se a dessincronização entre os ritmos biológicos e os ciclos

ambientais, pois as condições e a organização do trabalho influenciam de forma

significativa na tolerância ao trabalho em turnos e noturno. As conseqüências são:

cansaço, cefaléia, distúrbios de humor, distúrbios do sono, desordens

gastrointestinais e cardiovasculares, dores musculares, desempenho ruim em suas

tarefas, função cognitiva prejudicada (REGIS-FILHO, 1998; GASPAR; MORENO;

MENNA–BARRETO, 1998; COSTA; MORITA; MARTINEZ, 2000; FISCHER;

MORENO; ROTENBERG, 2003; MARTINS, 2003; TERRA; RESCK; MANZOLI,

2006).

Os indivíduos que trabalham no turno noturno são forçados a inverter seu

padrão normal de vigília-sono, e tentam manter suas atividades sociais e familiares

durante o tempo livre e as folgas (COSTA, 2003; FERNANDES et al., 2006).

Lipovcan, Larsen e Zganec (2004) estudaram a qualidade de vida, satisfação

pessoal, felicidade e exigências do trabalho entre trabalhadores da área de

assistência social com diferentes horários de trabalho. Os trabalhadores eram de 75

cidades da Croácia. Os autores demonstraram que 311 trabalhavam em turnos

noturnos, 207 em turnos diurnos e 1210 não trabalhavam em turnos. Citaram que,

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100

em comparação aos trabalhadores que não trabalham em turnos, os de ambos os

grupos que trabalham em turnos precisam fazer um esforço maior para completar o

trabalho e sentem maior cansaço. Não foram encontradas diferenças nos relatos

sobre felicidade global, satisfação pessoal e qualidade global de vida. Entretanto, os

trabalhadores do turno noturno informaram passar mais tempo infelizes, em relação

aos trabalhadores dos outros dois grupos. Quanto à análise da qualidade de vida, os

autores observaram que os trabalhadores de turnos noturnos se sentiam menos

satisfeitos do que os dos turnos diurnos e dos que não trabalhavam em turnos.

O trabalho noturno dos enfermeiros mostra que o sono dormido a partir das oito

horas da manhã, e não mais à noite, é completamente diferente, pois a incidência de

sono profundo diminui, aumentando as ocorrências, tanto do primeiro, quanto do

segundo estágios, além de episódios de vigília intercalados (DE MARTINO, 1996).

As pessoas que fazem turnos ou têm trabalho noturno geralmente possuem um

sono de má qualidade, no período diurno. Isso ocorre devido aos conflitos sociais e

ao excesso de ruído diurno. Essa má qualidade do sono provocará aumento da

sonolência no período de trabalho, seja noturno ou diurno, muitas vezes responsável

por acidentes, desinteresse, ansiedade, irritabilidade, perda da eficiência e estresse

(BALLONE, 2005).

Regis-Filho (1998) realizou uma pesquisa sobre o sistema de trabalho em

turnos e noturno, e investigou a síndrome da má adaptação ao trabalho em turnos

de uma empresa do setor cerâmico de Santa Catarina. A empresa possui quatro

unidades fabris autônomas, com 667 trabalhadores. Os envolvidos no estudo foram

66 trabalhadores da unidade quatro. O autor verificou que pelo menos um em cada

cinco trabalhadores apresentou um dos sintomas de inadaptação ao trabalho em

turnos e noturno. No estudo, foram detectadas alterações, como insônia, distúrbios

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101

gastrintestinais e cardiovasculares, sonolência durante o trabalho, alterações de

humor, queda do desempenho nas tarefas físicas e mentais, aumento de acidentes,

problemas na vida social e divórcio.

Tepas et al. (2004), ao realizarem um estudo do impacto do trabalho noturno

em 865 profissionais da saúde de cinco nações – Brasil, Croácia, Polônia, Ucrânia e

Estados Unidos, em relação aos aspectos subjetivos de bem-estar, observaram que

há diferenças consideráveis da percepção de bem-estar entre os profissionais de

diferentes países. Além disso, demonstraram que há maior percepção de cansaço

físico e cansaço mental ao final da jornada de trabalho, entre os profissionais do

turno noturno.

Na área de saúde, a organização das escalas de serviço nos hospitais é

baseada em turnos de trabalho. Há necessidade de uma prestação de serviço de

assistência de enfermagem durante as 24 horas do dia, sete dias por semana. A

equipe de enfermagem, no Brasil, tem por tradição adotar o turno de 12 horas de

trabalho diário, seja diurno ou noturno, seguido de 36 horas de descanso (DE

MARTINO, 1996; DE MARTINO; CIPOLLA-NETO, 1999; FISCHER et al., 2002).

Uma análise realizada por Furlani (1999), referente ao sono em 12

trabalhadores, entre auxiliares, técnicos de enfermagem e enfermeiros do turno

noturno de um hospital geral de Florianópolis-SC, verificou que as necessidades

básicas humanas (NBA) estavam afetadas. Frente às exposições prolongadas do

não atendimento da necessidade de sono, surgiram alterações das necessidades

psicobiológicas, psicossociais e psicoespirituais. A autora ressaltou que o homem é

um ser diurno e que, ao trabalhar no turno noturno, seu horário de trabalho entra em

contradição com os horários socialmente estabelecidos.

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Gonçalves e Fischer (2004) realizaram um estudo sobre avaliação das

condições de trabalho de 12 auxiliares de enfermagem de um hospital público de

São Paulo. Concluíram que as exigências posturais foram as que mais prejudicam a

saúde do funcionário durante o trabalho do período diurno. No período noturno,

essas exigências são menos freqüentes, uma vez que os pacientes estão dormindo.

No entanto, o trabalho no turno noturno pode causar outros problemas de ordem

biológica, como a desordem temporal dos ritmos biológicos.

De Martino (2002) comparou os padrões de sono em 59 enfermeiros dos turnos

diurno e noturno. Verificou que o sono noturno do grupo noturno foi de melhor

qualidade e que o cochilo esteve presente somente no grupo diurno. O autor

concluiu que, no grupo pesquisado, havia necessidade do uso de anti-hipertensivos,

diuréticos e analgésicos.

De Martino e Cipolla-Neto (1999) afirmam que o ritmo vigília-sono responde de

forma rápida às trocas de horários com poucas horas de descanso, e que o

organismo humano se desgasta menos com o cochilo.

Os distúrbios do padrão de sono são sintomas preocupantes para os

trabalhadores em turnos, que terão um bom desempenho profissional, se iniciarem o

trabalho descansados (RUTENFRANZ; KNAUTH; FISCHER, 1989). Isso, para a

enfermagem, é fundamental, por tratar-se de uma profissão cujo cuidado à pessoa

não admite erros (CAMPOS; DE MARTINO, 2004).

Para De Martino (1996), uma característica peculiar do trabalho do enfermeiro

noturno é conciliar todas as deficiências do sono para poder manter-se alerta. Além

do comprometimento das funções que são fundamentais para manter os processos

fisiológicos cognitivos, o nível de atenção e vigilância precisa estar adequado para o

desempenho das atribuições à noite.

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Fischer et al. (2002) estudaram a organização dos turnos diurnos e noturnos e

a percepção de sono em 255 enfermeiros. Concluíram que a qualidade dos

episódios de sono diurno após as noites de trabalho foi percebida como pior do que

a qualidade dos episódios de sono noturno. Os níveis percebidos de alerta, à noite,

tornam-se piores à medida que aumenta o número de horas de trabalho. Os autores

citados indicaram que a sonolência no trabalho noturno se faz presente e que pode

prejudicar, tanto os trabalhadores, quanto os pacientes sob seus cuidados.

Silva (2000) esclarece que o homem parece talhado para estar ativo de dia e

dormir de noite. No entanto, há indivíduos que estão talhados para dormir de dia e

trabalhar à noite. Para o autor, deve-se investir cada vez mais nos estudos do

trabalho em turnos. Os médicos de trabalho, psicólogos do trabalho e gestores de

recursos humanos deveriam ter conhecimento sobre o ritmo biológico dos

indivíduos, com o objetivo de facilitar a promoção da tolerância do trabalhador ao

horário de trabalho.

Pesquisa realizada por Lisboa, Oliveira e Reis (2006), com o objetivo de

identificar a percepção de 67 acadêmicos de enfermagem da EEAN/UFRJ,

demonstrou que 92 (5%) eram do sexo feminino. Apenas cinco (7,5%) já haviam

trabalhado ou trabalhavam no turno noturno, e apenas um atuava na enfermagem.

Embora 76% dos acadêmicos não trabalhassem no período noturno, conheciam

amigos, familiares, vizinhos, pais de amigos, namorados que atuavam no serviço

noturno. Do total dos conhecidos, 43,7% são familiares, o que contribuiu de forma

significativa para a percepção dos acadêmicos, quanto ao trabalho noturno. Dos 51

profissionais de enfermagem que foram mencionados pelos acadêmicos, 33 (64,7%)

relataram queixas relacionadas ao trabalho, e 24 dos funcionários destacaram o

cansaço. Quinze deles referiram distúrbios do sono, seis comentaram sobre falta de

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tempo para o lazer, e um (1) queixou-se de perigo e violência urbana. Os prejuízos

para a saúde do trabalhador de enfermagem foram citados: 19 acadêmicos referiram

alterações do sono; 18, desequilíbrio do relógio biológico; 15, baixo desempenho; e

14, cansaço. Citaram, ainda, que, para 21 (31,3%) dos profissionais entrevistados, a

redução da jornada de trabalho seria a solução dos problemas.

Terra, Resck e Manzoli (2006), ao pesquisarem 15 profissionais de

enfermagem que trabalhavam no período noturno de um hospital geral de médio

porte, do município de Andradas-MG, observaram que 11 (73,33%) eram do sexo

feminino. Em relação à idade, sete (46,6%) pertenciam à faixa etária de 20 a 29

anos, seguidos por quatro (26,67%) nos intervalos de 30 a 39 anos e da mesma

porcentagem de profissionais entre 40 e 49 anos. Foram aplicados os Testes c2 e

Uma Afirmação Sobre Uma proporção, e pôde-se concluir que o número de

indivíduos com queixas físicas foi maior no intervalo de 20 a 29 anos (p, 0,05).

Os autores acima mencionados afirmam que a proporção de indivíduos com

queixas físicas foi maior entre os funcionários com tempo de serviço na profissão

entre um e quatro anos (p< 0,005). A análise do tempo de serviço em plantão

noturno permitiu observar que as queixas físicas foram em maior número, entre os

indivíduos que possuem tempo de serviço em plantão entre um a quatro anos.

Houve uma inversão dos dados em relação à jornada única de trabalho, pois,

segundo a literatura, a freqüência de implicações é maior em indivíduos com dupla

jornada.

O tema abordado nesta pesquisa, o estresse ocupacional relacionado aos

aspectos intrínsecos e individuais, mas também influenciado por fatores extrínsecos,

não pode ser um assunto generalizado; antes, devem ser consideradas as

experiências vividas pelo enfermeiro numa determinada cultura, dentro de uma

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organização. Esta pesquisa teve o intuito de proporcionar melhor compreensão dos

fenômenos que contribuem para o estresse ocupacional e as alterações que podem

ocorrer no ciclo vigília-sono dos enfermeiros nas diferentes instituições de saúde da

região do vale do Paraíba paulista.

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106

5 MÉTODO

5.1 TIPO DE PESQUISA

O presente estudo foi realizado por meio de pesquisa do tipo exploratória e

descritiva, após levantamento de dados.

O caráter exploratório proporciona maior familiaridade com o problema,

tornando-o mais explícito, o que possibilita a construção de hipóteses e o

aprimoramento de idéias, ou descoberta de intuições (GIL, 2002).

A pesquisa descritiva tem como objetivo expor características de determinada

população ou de determinado fenômeno. Pode, também, estabelecer correlações

entre variáveis e definir sua natureza. Não tem o compromisso de explicar os

fenômenos que descreve, embora sirva de base para tal explicação (VERGARA,

2000),

Por meio de levantamento, as pesquisas caracterizam-se pela interrogação

direta das pessoas, quando se tem a intenção de conhecer os comportamentos.

Determina-se, por meio de procedimentos estatísticos, uma amostra significativa de

todo o universo. As conclusões são projetadas para a totalidade do universo,

considerando-se uma pequena margem de erro (GIL, 2002).

5.2 LOCAL DA PESQUISA

Esta pesquisa inicialmente teve como proposta ser realizada em cinqüenta

Instituições hospitalares de dezoito cidades do vale do Paraíba paulista, conforme

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levantamento realizado, em dezembro de 2006, na Base de Dados do Sistema

Único de Saúde (DATASUS).

Conforme autorização das Instituições de Saúde, a pesquisa foi realizada, no

período março-novembro de 2007, em vinte e seis instituições de treze cidades do

vale do Paraíba paulista: Cachoeira Paulista, Campos do Jordão, Cruzeiro,

Guaratinguetá, Ilhabela, Jacareí, Paraibuna, Pindamonhangaba, São José dos

Campos, São Sebastião, Taubaté, Tremembé e Ubatuba.

Os hospitais envolvidos na pesquisa estavam cadastrados no Banco de dados

do Sistema Único de Saúde (DATASUS) e funcionavam 24 horas por dia, com a

presença de enfermeiros em todos os turnos de trabalho. Um fato importante a ser

ressaltado que dentre as instituições pesquisadas: 23 instituições eram filantrópicas,

e apenas três eram privadas.

5.3 UNIVERSO E AMOSTRA

Inicialmente, o universo de estudo foi composto por 575 enfermeiros que

trabalham nos hospitais de cidades do vale do Paraíba paulista, levantamento este

realizado na Base de Dados do Sistema Único de Saúde (DATASUS).

Manteve-se o universo inicial, mesmo com a real situação encontrada nas

instituições, no momento da entrega dos ofícios, pois o número de enfermeiros era

inferior ao encontrado na Base de Dados do Sistema Único de Saúde. Outro fato

constatado foi que havia duas Instituições que não estavam cadastradas na Base de

Dados do Sistema Único de Saúde (DATASUS).

Para a composição da amostra, foi realizado o cálculo de seu tamanho.

Conforme Gil (1999), populações podem ser finitas ou infinitas, considerando-se

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universo finito aquele que não excede 100.000 elementos. Para esses casos, o autor

ensina que o cálculo da amostra pode ser obtido com a aplicação da seguinte

fórmula:

( ) γργρ

××+−××××=22

2

1 ZNd

NZn

Onde:

=n Tamanho da Amostra

N = Tamanho da população, igual a 575 elementos.

Z = Nível de confiança estabelecido (em 95%). Z = 1,96 ou Z2 = 3,8416

=ρ Percentagem com a qual o fenômeno se verifica. Quando não há condições

de estimar, admita-se igual a 0,50, pois dessa forma ter-se-á o maior tamanho de

amostra possível.

50,050,011 =−=−= ργ

=d Erro máximo permitido. Em pesquisas sociais, trabalha-se usualmente com

um erro entre 3% e 5%. Nesse caso, tolera-se um erro de 5%.

Assim:

=n 231

Dessa forma, estabelecida a amostra mínima de 231 elementos, teve início a

entrega dos questionários, que foram disponibilizados a 100% da população.

Quanto ao tipo de amostragem, foi por acessibilidade, que é menos rigoroso e

destituído de qualquer rigor científico: o pesquisador seleciona os elementos a que

tem acesso (GIL, 1999).

A amostra foi dividida em dois grupos, conforme os turnos de trabalho diurno e

noturno:

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O regime de trabalho para o período diurno era composto por turnos de oito

horas e de seis horas. Para o período de oito horas, o horário de trabalho

compreendia o período das 7h às 17h, com duas folgas nos finais de semana, e,

para o período de 12 horas de trabalho, das 7h às 19h, 36 horas de folga.

O turno de seis horas compreendia os períodos matutino e vespertino. O

período matutino, das 7h às 13h, e o vespertino, das 13h às 19h, com um plantão de

12 horas a cada 15 dias.

O regime de trabalho para o período noturno era de 12 horas de trabalho e 36

horas de folga, das 19h às 7h da manhã seguinte.

5.4 INSTRUMENTO DE COLETA

Para a coleta de dados foi utilizado o questionário, que, segundo Gil (1999, p.

124), pode ser definido como técnica de investigação composta por um número mais

ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por

objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas,

situações vivenciadas.

Segundo Gil (1999), escalas sociais são instrumentos utilizados para medir a

intensidade de opiniões e atitudes o mais objetivamente possível. Apresentam-se de

diversas formas, e o pesquisado assinala, dentro de uma série graduada de itens,

aqueles que melhor correspondem à sua percepção frente ao fato pesquisado. A

escala de Likert é de elaboração mais simples e de caráter ordinal; não mensura,

portanto, quanto uma atitude é mais ou menos favorável.

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5.4.1 Questionário de Identificação da Amostra - (Q IA)

O questionário de identificação da amostra tem como objetivo o registro de

dados gerais da amostra. O questionário contém dados sobre sexo, idade, estado

civil, número de filhos, escolaridade, horário de trabalho, tempo de serviço na

profissão, se tem outras atividades e em que horário, e se fez ou faz tratamento

psicológico, médico ou psiquiátrico (INOCENTE, 2005 – adaptado pelo autor).

5.4.2 Questionário de Cultura Organizacional - (QCO )

Santos (2000) traduziu e adaptou o instrumento de medida para diagnosticar a

cultura da organização.

O questionário é constituído de 24 questões, e cada grupo de 6 questões orienta para

um determinado tipo de quadrante cultural, ou seja, cultura grupal, inovativa, racional e

hierárquica.

As afirmações são respondidas pelos membros da organização, que atribuem

valores de 1 a 5, em uma escala Likert, aos seguintes significados: um (1) - nunca ocorre;

dois (2) - raramente ocorre; três (3) - ocasionalmente ocorre; quatro (4) - freqüentemente

ocorre; cinco (5) - sempre ocorre.

O instrumento ajuda a identificar o perfil da cultura real (situação atual).

- Cultura Grupal: questões de número 1, 5, 9, 13, 17, 21.

- Cultura Inovativa: questões de número 2, 6, 10, 14, 18, 22.

- Cultura Racional: questões de número 3, 7, 11, 15, 19, 23.

- Cultura Hierárquica: questões de número 4, 8, 12, 16, 20, 24.

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As pontuações obtidas em cada quadrante cultural são somadas e divididas por 6

(número de questões), para identificação de cada tipo de cultura. Recomenda-se: plotar,

em gráficos, os valores obtidos, para facilitar a visualização do resultado.

5.4.3 Questionário Estresse Ocupacional - Esforço e Recompensa no Trabalho

- (ERI)

Foi elaborado por Johannes Siegrist (1990), traduzido e adaptado por Inocente

(2006), e é composto de 20 questões. Consta dos seguintes indicadores:

a) Esforço extrínseco - pressão do tempo, interrupções, responsabilidades,

pressão para trabalhar horas extras, trabalho fisicamente exigente, demandas

crescentes;

b) Recompensa extrínseca – gratificação monetária (salário e esforços),

recompensa em estima (respeito, apoio adequado e tratamento injusto), segurança e

oportunidade de carreira (promoção, mudança indesejável e insegurança no

trabalho);

c) Supercomprometimento (necessidade de aprovação, competitividade,

irritabilidade, inabilidade de retirar-se do trabalho) (INOCENTE, 2005).

5.4.4 Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh - (IQSP)

O Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (IQSP) será utilizado para

quantificar a qualidade do sono.

A escala varia de zero a 21 pontos, e escores maiores do que cinco implicam

qualidade de sono ruim (ALMONDES; ARAÚJO, 2003, apud FERRO, 2005).

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As questões são referentes aos hábitos de sono apenas durante o mês

anterior. Todas as questões devem ser respondidas e devem indicar o mais

corretamente possível o que aconteceu na maioria das noites do mês passado.

5.4.5 Questionário de Identificação de Indivíduos M atutinos e Vespertinos -

Cronótipo de HORNE e OSTBERG (1976) - (HO)

O questionário, conforme o modelo Horne e Ostberg (1976), adaptado e

validado por Cardinali (1992, apud GONÇALVES; STABILLE, 2001), é composto de

questões a respeito de situações habituais da vida diária, e o indivíduo deve registrar

seus horários preferenciais para essas situações, partindo do pressuposto de total

disponibilidade de tempo para escolha. O resultado do questionário é um valor

numérico, de acordo com o qual o indivíduo pode ser classificado em um dentre

cinco cronótipos: matutino extremo (9 a 15 pontos), moderadamente matutino (16 a

20 pontos), indiferente (21 a 26 pontos), moderadamente vespertino (27 a 31

pontos) e vespertino extremo (32 a 38 pontos).

5.5 COLETA DE DADOS

Foi realizada aplicação de um pré-teste em uma Instituição hospitalar. A

amostra foi constituída de trinta enfermeiros, com objetivo de verificar a adequação

dos instrumentos. Somente treze deles responderam aos questionários.

Os dados foram coletados por meio de questionários encaminhados e

entregues ao representante responsável pela chefia dos enfermeiros. Depois de

aplicados, os questionários respondidos foram recolhidos pela pesquisadora.

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113

5.6 PROCEDIMENTOS

Primeiramente foi realizado um levantamento na Base de Dados do Sistema

Único de Saúde (DATASUS) da região do vale do Paraíba paulista, com o objetivo

de verificar nomes, endereços de hospitais e pronto atendimento que prestavam

serviços vinte e quatro horas e contavam com presença de enfermeiros em todos os

turnos. O levantamento de dados foi realizado em novembro de 2006.

Após, o projeto foi submetido à avaliação do Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade de Taubaté, sendo aprovado conforme resolução CNS/MS 196/96 e

protocolo CEP/UNITAU no 441/06 (Anexo A).

Foi encaminhado um ofício (Apêndice A) às instituições, solicitando, aos

administradores, permissão para a realização da pesquisa, por meio da assinatura

do Termo de Autorização da Instituição (Apêndice B).

Foram incluídos no estudo apenas os enfermeiros que concordaram em

participar desta pesquisa e que assinaram o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (Apêndice C) elaborado de acordo com a resolução 196/96 e 251/97 do

Conselho Nacional de Saúde, que regulamenta os protocolos de pesquisa com

seres humanos.

Paralelamente ao levantamento para verificar nomes, endereços de hospitais e

pronto atendimento que prestavam serviços vinte e quatro horas e contavam com a

presença de enfermeiros em todos os turnos, foi realizado um levantamento para

verificar o tamanho da população de enfermeiros nas cidades do vale do Paraíba

paulista. Esse levantamento foi feito na Base de Dados do Sistema Único de Saúde

(DATASUS), para obtenção da amostra de profissionais em exercício na região,

como demonstrado na Figura 5.

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114

Número de enfermeiros por instituição de saúde

151 1 5

3211

442

4730

430

121

613 2 4

312 1 9

682 4 5 2 1 7 2 5 2

298

668

214

622

39

0

50

100

150

200

250

300

350A

pare

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A

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Silv

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Uba

tuba

Figura 5 – Representação gráfica da distribuição do número de enfermeiros que atuam nas

instituições de saúde das cidades do vale do Paraíba paulista Fonte: www.datasus.gov.br>. Acesso em 20 de dezembro de 2006

Com base nos dados coletados, uma segunda pesquisa foi realizada, para

obtenção do número de Instituições que prestam serviço vinte e quatro horas com a

presença de enfermeiros em todos os turnos, por meio de um levantamento na Base

de Dados do Sistema Único de Saúde (DATASUS), como demonstrado na Figura 6.

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115

Número de enfermeiros por instituições de saúde qu e atuam 24h

10 154

36

511

3

23

7

34

144

42

183

35

133

6 10

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200A

pare

cida

Caç

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Cac

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C. d

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Bel

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S. J

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Cam

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São

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Tau

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Tre

mem

Uba

tuba

Figura 6 - Representação gráfica da distribuição do número de enfermeiros que atuam nas

instituições de saúde 24 horas, nas cidades do vale do Paraíba paulista

Fonte: www.datasus.gov.br>. Acesso em 20 de dezembro de 2006

Neste estudo, “N” foi considerado igual a 575 enfermeiros. Após o

estabelecimento da amostra mínima de 231 elementos, permitiu-se iniciar a entrega

dos questionários.

Após a entrega dos ofícios à Instituição de saúde, pôde-se constatar que os

dados obtidos na Base de Dados do Sistema de Saúde (DATASUS) não estavam de

acordo com a atual realidade das Instituições. Dois hospitais não tinham a presença

de enfermeiros no turno da noite, condição esta necessária para a inclusão da

Instituição na pesquisa. Dois hospitais não mais faziam parte do Sistema Único de

Saúde, porém seus nomes ainda continuavam no Sistema. Havia duplicidade de

enfermeiros em mais de uma Instituição e, conseqüentemente, a não participação

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116

dos enfermeiros em responder aos questionários mais de uma vez. Vinte e quatro

Instituições não autorizaram a pesquisa em suas unidades.

Vale ressaltar que os enfermeiros que trabalhavam em mais de uma instituição

de saúde ou atividade foram orientados a responder ao questionário relativo a uma

Instituição ou atividade e referente ao local em que receberam o primeiro

questionário.

5.7 PLANO DE ANÁLISE DE DADOS

Os dados foram tratados por meio da análise quantitativa. Foi utilizado o

Programa Estatístico Excel, para tabulação e análise de dados. O Alfa de Cronbach

foi calculado com o software Minitab V 15.

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117

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nesta pesquisa, objetivou-se descrever sobre o perfil sociodemográficos dos

enfermeiros, a caracterização da tipologia cultural das instituições de saúde, nível de

estresse, qualidade do sono e o tipo de cronótipo dos enfermeiros.

6.1 PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO DOS ENFERMEIROS

Os resultados do perfil sociodemográfico dos 239 enfermeiros, que envolvem

sexo, idade, estado civil, número de filhos, escolaridade, estão apresentados na

Tabela 1 e nas Figuras de 7 a 11, respectivamente.

Tabela 1 - Perfil sociodemográfico – vale do Paraíba paulista - 2007 Variáveis Freqüência %

Sexo

Feminino 217 90,79

Masculino 22 9,21

Idade

20 a 29 anos 102 42,68

30 a 39 anos 78 32,64

40 a 49 anos 47 19,67

Acima de 50 anos 12 5,02

Estado civil

Solteiro 93 38,91

Casado 107 44,77

Viúvo 23 9,62

Divorciado 16 6,69

Número de filhos

Nenhum filho 128 53,56

1 ou 2 filhos 94 39,33

Mais de 3 filhos 17 7,11

Escolaridade

Graduação 71 29,71

Especialização 125 52,30

Pós Graduação em andamento 41 17,15

Mestrado 2 0,84

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118

Sexo

9,21%

90,79%

Masculino Femenino

Figura 7 – Representação gráfica quanto ao sexo

Observa-se, na Tabela 1 e Figura 7, que há predominância do sexo feminino,

217 (90,79%), quando comparado à população masculina 22 (9,21%).

O predomínio do sexo feminino está de acordo com os dados encontrados por

Lisboa, Oliveira e Reis (2006), que obtiveram 92,5% de predominância do sexo

feminino, o que se justifica historicamente, pois o cuidar era desenvolvido apenas

por mulheres.

Costa, Lima e Almeida (2003) acrescentam que, além do fato histórico já citado

por Lisboa, Oliveira e Reis (2006), é culturalmente importante lembrar que as Santas

Casas, no início do século XX, no Brasil, eram administradas, na sua maioria, pelas

Irmãs de Caridade.

Costa, Morita e Martinez (2000) afirmam que um número maior de profissionais

do sexo feminino confirma uma tendência à predominância de mulheres atuando na

àrea da saúde.

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119

Idade

42,68%

32,64%

19,67%5,02%

20 a 29 anos 30 a 39 anos 40 a 49 anos Mais de 50 anos

Figura 8 – Representação gráfica quanto à idade

A faixa etária dos enfermeiros encontra-se distribuída entre 20 e 58 anos. A

Tabela 1 e a Figura 8 representam a distribuição quanto à faixa etária: 102 (42,68%)

entre 20 e 29 anos; 78 (32,64%) entre 30 e 39 anos; 47 (19,67%) entre 40 e 49

anos; e, 12 (5,02%) acima de 50 anos.

Esses dados mostram que a maior parte dos enfermeiros tem idade entre 20 e

39 anos, perfazendo um total de 180 (75,32%), o que caracteriza um grupo adulto

jovem, segundo Metzner e Fischer (2001), e corrobora com os resultados de

Stacciarini e Tróccoli (2001), que demonstram que grande número desses

profissionais, quando atingem a idade acima de 40 anos, sai do hospital.

Esses autores acrescentam que, em geral, os enfermeiros, quando graduados,

começam a trabalhar na assistência, e depois decidem sobre outras opções.

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120

Estado civil

38,91%

44,77%

9,62%6,69%

Solteiro Casado Viúvo Divorciado

Figura 9 – Representação gráfica quanto ao estado civil

Do número total dos enfermeiros pesquisados, 107 (44,77%) são casados; 93

(38,91%), solteiros; 23 (9,62%), viúvos; e, 16 (6,69%), divorciados, conforme

demonstrado na Tabela 1 e na Figura 9.

Os resultados desta pesquisa corroboram com os dados relatados por Campos

e De Martino (2003), que obtiveram resultados semelhantes em sua pesquisa, com

predominância de enfermeiros casados.

Número de filhos

53,56%39,33%

7,11%

Nenhum filho 1 ou 2 filhos Mais de 3 filhos

Figura 10 – Representação gráfica quanto ao número de filhos

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121

Na Tabela 1 e Figura 10, observa-se que 128 (53,56%) não têm filhos, 94

(39,33%) têm de um a dois filhos e 17 (7,11%) têm três ou mais filhos.

Costa, Morita e Martinez (2000) referem, em sua pesquisa, que há também um

pessoal em plena capacidade produtiva, em sua maioria casado e com filhos,

conseqüentemente com restrições em sua vida familiar e pessoal, em decorrência

do trabalho em turnos. Os solteiros estão sujeitos a outras restrições na vida social,

devido à organização de sua escala de trabalho.

Escolaridade

29,71%

52,30%

17,15% 0,84%

Graduação Especialização

Pós Graduação em andamento Mestrado

Figura 11 – Representação gráfica quanto à escolaridade

Observa-se que os enfermeiros demonstram preocupação com aprimoramento

profissional, fato evidenciado pelo índice de enfermeiros com especialização já

concluída ou em andamento, sendo 125 (52,30%) com especialização já concluída,

71 (29,71%) somente graduados, 41 (17,15%) com pós-graduação em andamento e

2 (0,84%) mestres, como demonstrado na Tabela 1 e na Figura 11.

Para Lautert, Chaves e Moura (1999), esses dados são relevantes, pois os

cursos realizados pelos enfermeiros terão como conseqüência a qualidade do seu

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122

trabalho, indo assim ao encontro das exigências de eficiência no trabalho de

implantação de programas de saúde por que passam as instituições hospitalares.

Tabela 2 – Tempo de serviço na profissão – vale do Paraíba paulista - 2007

Tempo de serviço Freqüência %

Menor que 1 ano 23 9,62

1 a 3 anos 71 29,71

4 a 6 anos 38 15,90

7 a 10 anos 41 17,15

11 a 14 anos 17 7,11

15 a 20 anos 27 11,30

21 a 25 anos 14 5,86

26 a 29 anos 4 1,67

Acima de 30 anos 4 1,67

Total 239 100

23

71

3841

17

27

14

4 4

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Men

os d

e 1

ano

1 a

3 an

os

4 a

6 a

nos

7 a

10

anos

11

a 14

ano

s

15

a 20

ano

s

21

a 25

ano

s

26

a 29

ano

s

Mai

s de

30

anos

Tempo de serviço na profissão

Figura 12 – Representação gráfica quanto ao tempo de serviço na profissão

Como demonstrado na Tabela 2 e na Figura 12, o tempo de atuação na

profissão está entre menos de um ano e mais de 30 anos; 71 (29,71%) de 1 a 3

anos; 41 (17,15%), 7 a 10 anos; 38 (15,90%), 4 a 6 anos; 27 (11,30%), 15 a 20

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123

anos; 23 (9,62%), com menos de um ano; 17 (7,11%), de 11 a 14 anos; 14 (5,86%),

de 21 a 25 anos; 4 (1,67%) de 26 a 29 anos; e, 4 (1,67%) acima de 30 anos.

Considerando-se que os profissionais com tempo de serviço acima de sete

anos perfazem um total de 107 (44,77%), para Ferrareze, Ferreira e Carvalho

(2006), nesse contexto hospitalar a exposição prolongada e contínua a estressores

do ambiente de trabalho pode desencadear um processo de estresse.

Turno de trabalho, tempo de serviço no turno noturno, realização de outra

atividade, tipos da outra atividade e em qual horário estão apresentados na Tabela 3

e nas Figuras de 13 a 16, respectivamente.

Tabela 3 – Perfil quanto ao trabalho – vale do Paraíba paulista - 2007

Variáveis Freqüência %

Turno de trabalho

Diurno 161 67,36

Noturno 78 32,64

Tempo de serviço no turno noturno

Menos de 1 ano 10 12,82

1 a 3 anos 32 41,03

4 a 6 anos 16 20,51

7 a 10 anos 13 16,67

11 a 19 anos 4 5,13

Acima de 20 anos 3 3,85

Realização de outra atividade

Sim 61 25,52

Não 178 74,48

Tipo de outras atividades

Professor 28 45,90 Enfermeiro 21 34,43 Do lar 7 11,48 Comércio 3 4,92 Segurança 2 3,28 Turno de trabalho da outra atividade

Diurno 36 59,02

Noturno 25 40,98

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124

Turno de trabalho

67,36%

32,64%

Diurno Noturno

Figura 13 – Representação gráfica quanto ao turno de trabalho

Quanto ao horário da jornada de trabalho, observa-se, na Tabela 3 e na Figura 13,

que 161 (67,36%) trabalham no turno diurno e que 78 (32,64%) trabalham no turno noturno.

Os autores Ferrareze, Ferreira e Carvalho (2006) citam que esse fato ocorre em

decorrência das necessidades institucionais de constituição de escalas de trabalho, tendo

em vista a demanda do serviço para o atendimento.

Kmita, Guimarães e Figueiredo (2002) acrescentam que, na área de saúde, esse

turno é indispensável para atender a sociedade, pois o cuidado direto com o paciente

precisa ser realizado nas 24 horas, para que não haja interrupções no atendimento e danos

à saúde.

Tempo de serviço no turno noturno

12,82%

41,03%20,51%

16,67%

5,13% 3,85%

Menos de 1 ano 1 a 3 anos 4 a 6 anos7 a 10 anos 11 a 19 anos Mais de 20 anos

Figura 14 – Representação gráfica quanto ao tempo de serviço no turno noturno

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125

Na Tabela 3 e na Figura 14, verifica-se que, dos 78 (32,64%) enfermeiros que

trabalham no turno noturno, 32 (41,03%) trabalham de um ano a 3 anos nesse período, 16

(20,51%) trabalham de 4 anos a 6 anos, 13 (16,67%) trabalham de 7 a 10 anos, 10

(12,82%) trabalham há menos de 1 ano, 4 (5,13%) trabalham de 11 a 19 anos e 3 (3,85%)

trabalham há mais de 20 anos. Pode-se observar que 36 (46,16%) trabalham no turno

noturno há mais de 4 anos.

Kmita, Guimarães e Figueiredo (2002) atribuem três grandes razões para a divisão do

trabalho em turnos: de ordem técnica, econômica e social. Esta última relaciona-se aos

desejos e necessidades dos indivíduos.

Moreno, Fischer e Rotenberg (2003) ressaltam o trabalho em horários não diurnos

pode levar os indivíduos a um desempenho ruim em suas atividades e expô-los a maiores

riscos a sua saúde.

É possível levantar hipóteses de que a escolha pelo horário de trabalho no turno

noturno se dê pelas necessidades individuais, incluindo melhores salários, uma vez que os

profissionais recebem o adicional noturno.

Realização de outra atividade profissional

25,52%

74,48%

Sim Não

Figura 15 – Representação gráfica quanto à realização de outra atividade

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126

Os resultados representados na Tabela 3 e Figura 15 demonstram que 178 (74,48%)

têm apenas uma atividade e que 61 (25,52%) têm mais de uma atividade profissional.

Os dados desta pesquisa são semelhantes aos encontrados por Araújo et al (2003),

que citam que a dupla jornada de trabalho foi uma realidade em 53,9% da amostra

pesquisada.

Na enfermagem, faz-se necessária a realização da dupla jornada de trabalho, devido a

razões econômicas da área de saúde e aos baixos salários, insuficientes para o sustento da

família. O pessoal de enfermagem tende a procurar novas fontes de renda, e necessita

enfrentar dupla atividade, o que pode causar problemas em relação à sua qualidade de vida

(PAFARO, DE MARTINO, 2004).

Tipo de outras atividades

45,90%

34,43%

11,48%4,92% 3,28%

Professor Enfermeiro Do lar Comércio Segurança

,

Figura 16 – Representação gráfica quanto ao tipo de outra atividade

Quanto ao tipo de outras atividades, a Tabela 3 e Figura 16 mostram que: 29

(45,90%) dos enfermeiros atuam como professores na área de enfermagem; 21

(34,43%) atuam como enfermeiros em outra instituição; 7 (11,48%) referiram como

outra atividade o trabalho doméstico; 3 (4,92%) atuam no comércio; e, 2 (3,28%)

atuam como seguranças.

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127

Observa-se, nesta pesquisa, a predominância do sexo feminino e o fato de que a

dupla jornada de trabalho pode conduzir as mulheres ao estresse. Pafaro e De Martino

(2006) consideram que sua inserção no mercado de trabalho não as desvincula das tarefas

domésticas e da educação dos filhos, mesmo quando têm necessidade de trabalhar em um

segundo emprego.

Turno de trabalho da outra atividade profissional

59,02%

40,98%

Diurno Noturno

,

Figura 17 – Representação gráfica quanto ao turno de trabalho da outra atividade

Na Tabela 3 e na Figura 17, observa-se que, dos 61 enfermeiros que têm outra

atividade, 36 (59,02%) trabalham no turno diurno e 25 (40,98%), no turno noturno.

Os resultados encontrados nesta pesquisa demonstram a necessidade de um grande

número de enfermeiros trabalhando em turno noturno. Para Moreno e Menna-Barreto

(1998), a sociedade está cada vez mais exigindo profissionais atuando durante a noite,

principalmente nas unidades hospitalares e nos serviços de emergência. Esse trabalho é

considerado de muita responsabilidade e possui uma característica que o leva a funcionar

24 horas do dia, por meio de um regime de plantões.

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128

Na Tabela 4 e nas Figuras 18 e 19, demonstra-se a realização de algum tipo de

tratamento de saúde e qual o tipo.

Tabela 4 – Tratamento de saúde e tipo de tratamento realizado – vale do Paraíba paulista – 2007

Variáveis Freqüência %

Realização de algum tratamento

Sim 44 18,41

Não 195 81,59

Tipo de tratamento

Médico 32 72,73

Psiquiátrico 5 11,36

Psicológico 5 11,36

Médico e psicológico 1 2,27

Médico, psiquiátrico e psicológico 1 2,27

Tratamento de saúde

18,41%

81,59%

Sim Não

Figura 18 – Representação gráfica da realização de algum tipo de tratamento de saúde

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129

No que se refere a realizar algum tipo de tratamento de saúde, observa-se, na

Tabela 4 e na Figura 18, que 195 (81,59%) não realizam nenhum tipo de tratamento

e que 44 (18,41%) realizam algum tipo de tratamento.

Os dados encontrados nessa pesquisa estão em desacordo com os relatados

por Aguiar et al. (2000), que citam que, por vários motivos, os socorristas procuram

algum tipo de assistência médica, sendo os problemas agrupados em algumas

classes de acordo com os sistemas que acometem, como: sistema gastrointestinal,

sistema renal, sistema cardiovascular, sistema imunológico, e problemas de ordem

psicossocial.

Tipo de tratamento

72,73%

11,36%

11,36% 2,27% 2,27%

Médico Psiquiátrico

Psicológico Médico e Psicológico

Médico, Psiquiátrico e Psicológico

Figura 19 – Representação gráfica quanto ao tipo de tratamento

Na Tabela 4 e na Figura 19, pode-se observar que, dos 44 (18,41%) que

realizam tratamento, 32 (72,73%) fazem tratamento médico; 5 (11,36%), tratamento

psiquiátrico; 5 (11,36%), psicológico; 1 (2,27%) relatou realizar tratamento médico e

psicológico, e 1 (2,27%) relatou realizar os três tipos de tratamento. Destacaram-se

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130

os tratamentos para ansiedade, depressão, síndrome do pânico, gastrite,

hipertensão, problemas cardiológicos e obesidade.

Segundo Murofose, Abranches e Napoleão (2005), a enfermagem foi

classificada pela Health Education Authority como a quarta profissão mais

estressante. Para Montanholi, Tavares e Oliveira (2006), os enfermeiros cuidam dos

pacientes e de seus familiares e, devido às contingências do cotidiano, esquecem de

se preocupar com sua qualidade de vida, em especial com sua saúde.

6.2 CARACTERIZAÇÃO DA TIPOLOGIA CULTURAL

A cultura organizacional foi investigada a partir das dimensões de sua estrutura

de flexibilidade/controle, de seu enfoque interno/externo e de seus valores.

Para a medida de coerência interna dos instrumentos utilizados nesta pesquisa

sobre a tipologia cultural, calculou-se o Alpha de Cronbach para cada uma das

subescalas do questionário.

O Alfa de Cronbach mede a consistência interna das respostas (confiabilidade).

Considera-se alta quando alfa maior ou igual a 0,80.

Para a amostra avaliada, o valor de coerência interna para as 24 questões: Alfa

de Cronbach = 0,96.

A cultura de uma organização está relacionada com valores, crenças,

pressupostos, percepções, normas e padrões de comportamento não muito

palpáveis e difíceis de serem observados e apreendidos, embora considerados

como óbvios (VAITSMAN, 2000).

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131

Considera-se que a organização tem uma cultura, uma estrutura de valores e

de normas, uma maneira de pensar, um modo de perceber o mundo. O processo de

socialização que ocorre nas organizações permite que cada um de seus membros

se defina em relação ao ideal. Daí a importância da percepção das características

dominantes da organização, que não são apenas “visíveis” pelos seus artefatos, mas

também “sensíveis” pelos seus valores (DEGENHARDT, 2006).

Na Tabela 5 e na Figura 20, demonstram-se os tipos de cultura encontrados

nesta pesquisa.

Tabela 5 – Tipologia Cultural das Instituições de saúde – vale do Paraíba paulista - 2007 Cultura Freqüência % Média d.p. Alfa de Cronbach

Grupal 9 34,62 3,23 0,88 0,85

Inovativa 2 7,69 3,09 0,97 0,89

Racional 9 34,62 3,30 0,91 0,86

Hierárquica 6 23,08 3,28 0,90 0,86

Total 26 100

Cultura das Instituições

34,62%

7,69%34,62%

23,08%

Cultura Grupal Cultura Inovativa Cultura Racional Cultura Hierárquica

Figura 20 – Representação gráfica quanto a tipologia cultural das instituições de saúde

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132

Na Tabela 5 e na Figura 20, quanto aos resultados encontrados em cada uma

das instituições de saúde, verificou-se que: em 9 (34,62%), destacou-se a Cultura

Racional; em 9 (34,62%), a Cultura Grupal; em 6 (23,08%), a Cultura Hierárquica; e,

em 2 (7,69%), a Cultura Inovativa.

Esses dados corroboram com a pesquisa de Matos e Pires (2006), que citam

que a organização do trabalho e o gerenciamento na área de saúde, principalmente

nos hospitais, têm forte influência do modelo taylorista, da administração clássica,

da administração científica e do modelo burocrático.

Os autores acrescentam que o modelo proposto por Florence Nightingale

institui a divisão entre o trabalho intelectual e o manual e a hierarquização no

trabalho, divisão esta ainda presente nos dias de hoje. A enfermeira executa a

função de gerente centralizador "do saber" e a equipe tem a ênfase em "como

fazer".

A equipe de enfermagem preocupa-se com o cumprimento de tarefas, e o

desempenho é avaliado com base nos procedimentos realizados. Há excessiva

preocupação com normas e rotinas.

Os autores complementam que, atualmente, a necessidade de mudança na

gestão e organização do trabalho na enfermagem se dá em decorrência de outras

teorias da administração. Essas teorias favorecem os cuidados integrais ao paciente

com envolvimento de toda a equipe de enfermagem, dos pacientes e de seus

familiares, no planejamento da assistência. No entanto, percebe-se que essas

influências ainda não são significativas e que não refletem a necessidade de

mudança do processo, sendo assim de extrema importância a abertura de novos

caminhos e a realização de uma prática administrativa mais flexível e participativa.

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133

Tabela 6 – Classificação da Cultura Organizacional por Instituição de saúde – vale do Paraíba paulista - 2007

Cultura

Instituição/

Número

Tipo da

Instituição Grupal Inovativa Racional Hierárquica

1 Filantrópica 3,07 2,80 3,67 3,68

2 Filantrópica 3,39 3,42 3,83 3,89

3 Privada 3,96 3,73 3,79 3,76

4 Filantrópica 3,87 3,80 3,81 3,79

5 Filantrópica 2,70 2,60 2,92 3,14

6 Filantrópica 3,91 3,66 3,95 3,99

7 Filantrópica 2,44 2,04 2,40 2,30

8 Filantrópica 3,60 3,05 3,94 3,77

9 Filantrópica 3,45 2,70 3,18 3,20

10 Filantrópica 2,59 4,96 2,99 2,96

11 Filantrópica 3,78 3,66 2,74 3,30

12 Filantrópica 3,49 3,75 4,15 4,04

13 Filantrópica 3,16 2,49 3,20 2,74

14 Privada 2,78 2,62 3,16 2,53

15 Filantrópica 2,58 2,49 2,74 2,61

16 Privada 2,49 1,99 2,74 2,58

17 Filantrópica 3,06 2,85 3,17 3,13

18 Filantrópica 2,76 2,31 2,61 2,64

19 Filantrópica 3,55 3,22 3,83 3,60

20 Filantrópica 3,16 2,74 3,08 3,05

21 Filantrópica 3,65 3,28 3,48 3,66

22 Filantrópica 2,79 2,68 2,66 2,44

23 Filantrópica 3,22 3,43 3,28 3,37

24 Filantrópica 3,16 3,30 3,94 3,78

25 Filantrópica 2,78 2,40 2,66 2,91

26 Filantrópica 4,83 4,49 4,10 4,43

Nota-se, na Tabela 6, que todas as instituições apresentam atributos dos

quatro tipos culturais, o que, para Degenhardt (2006), significa um equilíbrio

saudável, uma vez que, quando um tipo é muito enfatizado, podem ocorrer

problemas nas instituições.

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Observa-se, nesta pesquisa, que nenhuma instituição de saúde é caracterizada

por um único tipo de cultura. A tipologia de Quinn, segundo Santos (2000), é

composta de quatro Culturas bem definidas e, para Rosso (2004), se elas forem

consideradas como componentes mais ou menos estáveis na Cultura das

Organizações, será possível considerar esse fato como um fenômeno multicultural.

A Cultura Grupal é percebida pelos enfermeiros como tipo cultural

predominante em uma instituição privada e em oito instituições filantrópicas, de

números 3, 4, 7, 9, 11, 18, 20, 22 e 26. Os membros dessas organizações sentem

que fazem parte de um grupo de trabalho. As relações interpessoais são positivas, e

eles compartilham idéias. A administração é caracterizada pelo trabalho em equipe

e pela participação nos processos de solução. O grau de envolvimento das pessoas

no trabalho é alto. As discussões são abertas e a tomada de decisão ocorre por

consenso. As instituições respeitam, valorizam e investem em suas equipes de

trabalho.

A cultura profissional desenvolvida por grupos distintos da área de saúde

envolve habilidades, conhecimentos, práticas e valores próprios, em sistemas de

significados e hierarquias, dominação e também de cooperação, que interagem

simultaneamente, estabelecendo vários tipos de acordos e de conflitos. Outro fato

que evidencia a cultura da solidariedade emergente na enfermagem está no poder

de se envolver e no gostar do que se faz. A capacitação do trabalhador dá lugar a

uma educação permanente dirigida à necessidade que surge no presente e que

acontece sem hora determinada e de maneira democrática, com todos opinando

sobre as atividades comuns à equipe de enfermagem (BELLATO; PEREIRA, 2006).

Os enfermeiros de sete instituições filantrópicas e de duas instituições

privadas, de números 8, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 19 e 24, percebem, como tipo

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135

culturalmente predominante, a Cultura Racional; nessas instituições, o clima de

trabalho é extremamente orientado para a produção, ou seja, à assistência ao

paciente. As pessoas estão sempre preocupadas em realizar tarefas. A

administração encoraja a lucratividade e a excelência por resultados; sempre busca

alta produtividade e qualidade. A ênfase é dada na realização de tarefas e no

atingimento dos objetivos estabelecidos. A direção e os objetivos são entendidos

claramente pela maioria dos membros dessas instituições. A ação competitiva e a

orientação para os resultados são bastante enfatizadas.

No serviço de enfermagem, considerado como um grupo organizado de

pessoas com uma complexidade e diversidade de atividades realizadas, é

necessário dividir e distribuir o trabalho entre os membros da equipe. O

estabelecimento de relação entre o grupo deve ser realizado evidenciando-se as

relações de autoridade e poder, facilitando assim o alcance dos objetivos propostos,

que envolvem a assistência de enfermagem. A estrutura organizacional, pois, deve

ser planejada e formal (MASSAROLLO, 1991).

Em seis instituições filantrópicas, de números 1, 2, 5, 6, 21 e 25, os

enfermeiros percebem como tipo cultural predominante a Cultura Hierárquica. Os

membros têm como lema a utilização de procedimentos, de métodos formais e de

políticas para a execução do trabalho. O cumprimento das regras é de grande

importância. O controle é um princípio administrativo muito estimulado e exercido

nessas instituições. O clima de trabalho é formal e estruturado. As pessoas prestam

atenção aos procedimentos existentes, pois quase sempre eles orientam o trabalho.

A administração é caracterizada por previsão de desempenho e resultados futuros.

As instituições defendem um ambiente de trabalho estável e previsível, e o processo

eficiente de informação guia o trabalho e a ação administrativa.

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136

Na pesquisa de Vaitsman (2000), acerca da cultura de organizações públicas

de saúde, resultados semelhantes foram encontrados. Os diferentes tipos de

organizações de saúde possuem valores específicos, mas todas compartilham

algumas características semelhantes, por exemplo, a autonomia dos médicos e a

centralidade de seu lugar na hierarquia organizacional. As habilidades, os

conhecimentos, práticas e valores próprios das profissões que convivem no local de

trabalho envolvem a existência de vários sistemas de significados e hierarquias de

poder que operam simultaneamente, articulando-se ou não, estabelecendo assim

vários tipos de conflito. A tradição é transmitida pela cultura, e sua persistência

reside no fato de ser incorporada inconscientemente por intermédio da história social

e individual, traduzindo-se nos hábitos, valores e representações sociais. As

pessoas fazem as coisas do modo como sempre foram feitas, e os comportamentos

são legitimados em nome da própria tradição.

Os enfermeiros percebem como tipo cultural predominante, em duas

instituições filantrópicas, de números 10 e 23, a Cultura Inovativa. Os membros

devem estar envolvidos com inovação e desenvolvimento, devem adaptar-se e ser

flexíveis às mudanças, por serem consideradas como um ponto forte da instituição.

Os membros percebem a instituição como vitalizadora, buscando crescimento,

aquisição de novos recursos e imagem externa positiva. A empresa enfatiza o

crescimento por meio de novas idéias, com o intuito de gerar novos produtos e

serviços. A administração encoraja ações e idéias inovativas na solução de

problemas, bem como a iniciativa. O clima de trabalho é bastante dinâmico e

empreendedor.

O crescimento, considerado, por muitos membros da instituição, como abrupto

e traumático, conduz o administrador da instituição a uma reflexão sobre a

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necessidade de mudanças. Todo processo de mudança implica reestruturação do

conhecido, daquilo a que as pessoas já estavam habituadas, o que ocasiona

sentimentos de perda e gera conflitos, entre mudar ou conservar a antiga estrutura

(MACHADO; KURCGANT, 2004).

Tabela 7 – Tipologia Cultural x Dados sociodemográficos – vale do Paraíba paulista - 2007

Tipos de cultura Cultura Grupal Cultura

Inovativa

Cultura

Racional

Cultura

Hierárquica

Freq. % Freq. % Freq. % Freq. %

Sexo

Masculino 9 5,49 1 0,61 7 4,27 5 3,05

Feminino 84 51,22 20 12,20 74 45,12 39 23,78

Idade

20 a 29 anos 43 26,22 8 4,88 35 21,34 16 9,76

30 a 39 anos 28 17,07 8 4,88 28 17,07 14 8,54

40 a 49 anos 17 10,37 3 1,83 15 9,15 12 7,32

Acima de 50 anos 5 3,05 2 1,22 3 1,83 2 1,22

Estado civil

Solteiro 38 23,17 7 4,27 31 18,90 17 10,37

Casado 41 25,00 11 6,71 37 22,56 18 10,98

Viúvo 8 4,88 2 1,22 7 4,27 6 3,66

Divorciado 6 3,66 1 0,61 6 3,66 3 1,83

Escolaridade

Graduação 31 18,90 3 1,83 26 15,85 11 6,71

Especialização 49 29,88 11 6,71 42 25,61 23 14,02

Especialização em

andamento 12 7,32 7 4,27 13 7,93 9 5,49

Mestrado 1 0,61 - - - - 1 0,61

Na Tabela 7, observa-se que a percepção da tipologia cultural em relação ao

sexo, estado civil e escolaridade demonstrou predominância do tipo grupal, seguida

pela racional, hierárquica e inovativa.

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Nas faixas etárias 20 a 29 anos, 40 a 49 anos e acima de 50 anos houve

predominância da cultura grupal, e na faixa etária 30 a 39 anos de idade houve

igualdade na percepção entre a cultura grupal e racional. Em relação à

escolaridade, os tipos inovativa e hierárquica não foram mencionados.

A cultura é percebida sob o ponto de vista das consciências individuais, ou

seja, a maneira de interpretar a realidade pelos indivíduos. O homem é constituído

de símbolos, significados, mitos, valores, crenças e rituais, devido a suas interações

sociais. Por meio da linguagem e de suas características, é possível entender esse

universo simbólico que serve de referência às condutas de comportamento, atitudes

e ações no contexto organizacional, como relatado por Bastos (2001).

Tabela 8 – Tipologia Cultural x Tempo de serviço e Turno de trabalho – vale do Paraíba paulista - 2007

Tipos de cultura Cultura Grupal

Cultura Inovativa

Cultura Racional

Cultura Hierárquica

Freq. % Freq. % Freq. % Freq. %

Tempo de serviço

na profissão

Menos de 1 ano 8 4,88 2 1,22 10 6,10 3 1,83

1 a 3 anos 32 19,51 5 3,05 19 11,59 15 9,15

4 a 6 anos 14 8,54 3 1,83 18 10,98 3 1,83

7 a 10 anos 18 10,98 4 2,44 12 7,32 7 4,27

11 a 14 anos 2 1,22 3 1,83 9 5,49 3 1,83

15 a 20 anos 9 5,49 1 0,61 8 4,88 9 5,49

21 a 25 anos 6 3,66 2 1,22 3 1,83 3 1,83

26 a 29 anos 2 1,22 1 0,61 - - 1 0,61

Acima de 30 anos 2 1,22 - - 2 1,22 - -

Turno de trabalho

Diurno 75 45,73 14 8,54 47 28,66 25 15,24

Noturno 18 10,98 7 4,27 34 20,73 19 11,59

Na Tabela 8, observa-se que, para o tempo de serviço com menos de um ano,

de quatro a seis anos e de 11 a 14 anos, a tipologia percebida predominantemente

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foi a do tipo grupal. De um a três anos, de sete a 10 anos e de 21 a 29 anos, foi a do

tipo grupal. Entre 15 e 20 anos, foi percebida como do tipo grupal e hierárquica.

Acima de 30 anos, como do tipo grupal e racional.

Quanto ao turno de trabalho para os enfermeiros do turno diurno, o tipo

percebido foi o grupal, e, para os do turno noturno, o tipo racional.

Acredita-se que, no período diurno, pelo fato de o número de enfermeiros ser

em uma quantidade maior, o trabalho seja dividido igualmente e os enfermeiros

trabalhem em equipe por ser um período em que as atividades a serem realizadas

são muitas. No período noturno, pelo fato de haver um número menor de

enfermeiros, eles praticamente trabalham em função da realização de tarefas a

serem cumpridas no decorrer do seu turno de trabalho.

Os dados das Tabelas 8 e 9 muito contribuem para novas pesquisas nesta

área. Rosso (2004) cita a importância da avaliação quantitativa para estudo de

investigação sobre a Cultura Organizacional percebida e complementa que a

abordagem qualitativa permite uma compreensão mais profunda e extensa desse

contexto.

Os autores Fellows (2005) e Fleury (1999) acrescentam que os efeitos da

diversidade cultural no comportamento e no desempenho organizacional são

complexos. As organizações precisam conscientizar-se de que aproveitar a

importância da diversidade cultural não significa apenas garantir acesso das

minorias aos empregos, mas sim de entender que diversidade implica o

aproveitamento dos benefícios que tais indivíduos são capazes de oferecer,

garantindo-se, assim, o desenvolvimento de novas competências.

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140

6.3 CARACTERIZAÇÃO DO ESTRESSE

Estudos de correlação serão realizados para verificar a influência das variáveis

no estresse ocupacional dos enfermeiros, bem como o nível de risco em relação ao

desequilíbrio entre esforço e recompensa e ao supercomprometimento no trabalho.

Tabela 9 – ERI - Esforço e Recompensa no Trabalho: Classificação dos Riscos – vale do Paraíba paulista - 2007

Categorias Freqüência %

Fora Risco 232 97,07 Risco Leve 7 2,93 Risco Moderado - - Risco Grave - - Total 239 100 Em Risco 7 2,93

Risco - Esforço e Recompensa no Trabalho

97,07%

2,93%

Fora risco Risco Leve

Figura 21 – Representação gráfica quanto ao risco – esforço e recompensa no trabalho

Os dados apresentados na Tabela 9 e na Figura 21 indicam que 232 (97,07%)

estão fora de risco e que 7 (2,93%) obtiveram pontuação para risco leve, o que

representa desequilíbrio entre esforço e recompensa no ambiente de trabalho. Para

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Inocente (2005), esses profissionais apresentam riscos de adoecimento, decorrentes

do estresse ocupacional.

O esforço medido refere-se aos aspectos exigentes do ambiente de trabalho,

carga quantitativa e qualitativa, aumento de carga de trabalho, com o passar do

tempo, e carga de trabalho física. A recompensa é medida por meio da recompensa

financeira, recompensa de estima, promoção de carreira e segurança no emprego

(SIEGRIST et al., 2004).

A Tabela 10 demonstra os aspectos relacionados ao esforço e recompensa

que causam desconforto/incomodo diante de certas situações.

Tabela 10 - Aspectos que causam desconforto/incomodo em relação ao Esforço e Recompensa no Trabalho – vale do Paraíba paulista - 2007

Sim* Não** Esforço

Freq. % Freq. %

Pressão de falta de tempo, devido grande quantidade de

trabalho, 179 74,90 60 25,10

Muita interrupção e perturbação no trabalho 168 70,29 71 29,71

Muita responsabilidade 235 98,33 4 1,67

Obrigado a fazer horas suplementarias 149 62,34 90 37,66

Trabalho fisicamente exigente 158 66,11 81 33,89

Aumento de exigência no trabalho nos últimos anos 187 78,24 52 21,76

Sim Não Recompensa

Freq. % Freq. %

Recebe apoio que merece 184 76,99 55 23,01

Recebe apoio em situações difíceis 166 69,46 73 30,54

Recebe tratamento de forma injusta no trabalho 50 79,08 189 20,92

Mudança não desejada 126 52,72 113 47,28

Posto de trabalho com condições precárias 73 30,54 166 69,46

Posição atual reflete adequadamente o nível de educação e formação

197 82,43 42 17,57

Recebe respeito e prestigio no trabalho 146 61,09 93 38,91

Considera o ordenado/rendimento adequado 90 37,66 149 62,34

Nota: *Sim = incomoda-me pouco, incomoda-me bastante e incomoda-me muito. **Não = não incomoda

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Nesta pesquisa, os dados obtidos junto aos enfermeiros, em relação ao

esforço, foram: muita responsabilidade, 235 (98,33%); aumento de exigência nos

últimos anos, 187 (78,24%); pressão e falta de tempo devido a grande demanda de

trabalho, 179 (74,90%); interrupção e perturbação no trabalho, 168 (70,29%);

trabalho fisicamente exigente, 158 (66,1%); e, obrigado a fazer horas

suplementarias, 149 (62,34%).

Os dados que obtiveram maior predominância, em relação a recompensa,

foram: mudança não desejada, 126 (52,72%), e baixo salário, 149 (62,34%),

conforme demonstrado na Tabela 10.

Os dados encontrados nesta pesquisa corroboram com os resultados de Araújo

et al. (2003), que demonstram que a prevalência dos distúrbios psíquicos menores

(DPM) foi mais elevada no que se refere à alta exigência no trabalho do grupo de

trabalhadores com alta demanda e baixo controle – trabalho ativo, quando

comparados ao grupo de trabalhadores com baixa exigência, ou seja, alta demanda

e alto controle, conforme o modelo Demanda-Controle, de Karasek.

Achados semelhantes foram citados por Eriksen, Tambs e Knardahl (2006),

quanto aos fatores desencadeantes de estresse para os enfermeiros: a exposição

de conflitos de papel, mudança na situação de trabalho, recebimento de pouco

apoio.

Os dados ainda corroboram com os resultados de Escot et al. (2001), que

mencionam que a necessidade da realização de horas extras também pode levar ao

estresse.

No que se refere a respeito e prestígio, Farias e Vaitsman (2002) relatam que

(50%) dos técnicos e auxiliares de enfermagem apontam que raramente ou nunca

são tratados adequadamente. Os autores acrescentam que uma pequena parcela

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dos grupos de subordinados refere que sua dedicação não é devidamente

reconhecida pela organização.

Outros achados que corroboram com a pesquisa acima foram encontrados por

Fonseca e Soares (2006), em uma pesquisa sobre o desgaste emocional em

enfermeiros. Os autores obtiveram depoimentos que apontavam as seguintes

condições: ambientes insalubres, falta de recursos humanos e materiais, sobrecarga

das atribuições e falta de tempo.

Tabela 11 – ERI - Supercomprometimento no Trabalho: Classificação dos Riscos – vale do Paraíba paulista - 2007

Categorias Freqüência %

Fora Risco 52 21,76

Risco Leve 167 69,87

Risco Moderado 18 7,53

Risco Grave 2 0,84

Total 239 100

Em Risco 187 78,24

Risco - Supercomprometimento no Trabalho

21,76%

69,87%

7,53% 0,84%

Fora risco Risco Leve Risco Moderado Risco Grave

Figura 22 – Representação gráfica quanto ao risco – supercomprometimento no trabalho

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Os dados da Tabela 11 e da Figura 22 indicam que, dentre os enfermeiros, 52

(21,76%) estão fora de risco; 167 (69,87%) obtiveram pontuação para risco leve; 18

(7,53%), para risco moderado; e 2, (0,84%), para risco grave. Assim, um total de 187

(78,24%) enfermeiros em risco. Para Inocente (2005), esses dados podem indicar

uma condição psicológica de risco com efeitos adversos à saúde.

O supercomprometimento medido refere-se aos aspectos pertinentes a

necessidade de aprovação, competitividade, hostilidade impaciência e irritabilidade e

inabilidade para retirar-se das obrigações de trabalho (SIEGRIST et al., 2004).

Na Tabela 12, demonstram-se os aspectos relacionados ao

supercomprometimento no trabalho que interferem na saúde dos enfermeiros.

Tabela 12 - Aspectos relacionados que interferem na saúde em relação ao Supercomprometimento no Trabalho – vale do Paraíba paulista - 2007

Sim* Não** Supercomprometimento

Freq. % Freq. %

Sente-se sobrecarregado pelas pressões de tempo no trabalho. 113 47,28 126 47,28

Assim que levanta, de manhã, começa a pensar nos problemas do

trabalho. 100 41,84 139 58,16

Quando chega em casa consegue relaxar e desligar do trabalho. 133 55,65 106 44,35

As pessoas mais próximas dizem que se sacrifica demasiadamente

pelo trabalho. 134 56,07 105 43,93

Raramente consegue libertar-se do trabalho; as coisas do trabalho

ainda estão na minha cabeça quando vai se deitar. 112 46,86 127 53,14

Se tiver de adiar algo que era para ser feito hoje, terá dificuldade em

adormecer à noite. 126 52,72 113 47,28

Nota: *Sim = concordo e concordo muito. **Não = discordo e discordo muito

Na Tabela 12, observa-se que os dados que obtiveram maior predominância,

em relação ao supercomprometimento, foram: as pessoas mais próximas dizem que

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145

se sacrificam demasiadamente pelo trabalho, 134 (56,07%); e, se tiver de adiar algo

que era para ser feito hoje, terá dificuldade em adormecer à noite, 126 (52,72%).

Resultados semelhantes foram relatados por Escot et al. (2001), que citam que

os enfermeiros têm dificuldade em dormir devido a pensamentos relacionados ao

trabalho (25%, nove entre 36) e que, quanto maior for o nível de compromisso com o

trabalho, mais sujeito estarão ao estresse.

A Tabela 13 demonstra o risco ao desequilíbrio entre esforço e recompensa

associado ao supercomprometimento.

Tabela 13 – ERI - Esforço e Recompensa no Trabalho x Supercomprometimento no Trabalho – vale do Paraíba paulista - 2007

Supercomprometimento no Trabalho

Esforço e Recompensa no

Trabalho Fora Risco Risco Leve

Risco

Moderado

Risco

Grave Total

Fora Risco 52 160 18 2 232

Risco Leve - 7 - - 7

Risco Moderado - - - - -

Risco Grave - - - - -

Total 52 167 18 2 239

Os dados obtidos nesta pesquisa indicam que, dos 232 enfermeiros fora de

risco para o desequilíbrio entre esforço e recompensa, 160 estão em risco leve, 18

estão em risco moderado, e 2 estão em risco grave para o supercomprometimento

no trabalho.

Observa-se que 7 enfermeiros que estão em risco leve para o desequilíbrio

entre esforço e recompensa também se encontram em risco leve para o

supercomprometimento no trabalho.

Pode-se observar que somente 52 enfermeiros se encontram fora de risco, ao

se associar as duas dimensões demonstradas nas Tabela 7 e 8, e que 187

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146

enfermeiros se encontram em risco em relação ao desequilíbrio esforço e

recompensa e/ou supercomprometimento no trabalho.

Foi realizado um teste de normalidade para os resultados da tabela em

questão. O teste foi feito pelo Anderson-Darling e trata-se de um teste de hipótese

cuja hipótese nula afirma que os dados são normalmente distribuídos. Fixando um

nível de significância de 5%. O teste rejeita a hipótese de normalidade se o valor de

p-value for menor que 5% (ou menor que 0,05). No caso dos valores apresentados

nesta pesquisa, este teste revelou um p-value igual a 0,189 (bem maior que 0,05)

indicando que existe a normalidade dos dados.

Estudo realizado por Siegrist et al. (2004), acerca da relação do desequilíbrio

entre esforço e recompensa no trabalho, demonstra que são observadas relações de

risco de doença entre empregados que têm um desequilíbrio entre esforço e

recompensa, e que eles são caracterizados por um nível alto de

supercomprometimento.

O papel dos enfermeiros nos hospitais é altamente estressante. Muitas são as

responsabilidades assumidas, mesmo tendo autonomia, e há vários pontos de

tensão em suas atividades, conforme encontrado nas pesquisas de Araújo et al.

(2003).

Tabela 14 – ERI – Esforço e Recompensa no Trabalho x Cultura organizacional – vale do Paraíba paulista - 2007

Categorias Cultura

Grupal

Cultura

Inovativa

Cultura

Racional

Cultura

Hierárquica Total

Fora Risco 91 19 80 42 232

Risco Leve 2 2 1 2 7

Risco Moderado - - - - -

Risco Grave - - - - -

Total 93 21 81 44 239

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147

A Tabela 14 demonstra que, dos 7 enfermeiros que se encontram em risco leve

em relação ao desequilíbrio entre esforço e recompensa no trabalho, 2 classificaram

a cultura da instituição como sendo grupal; 2 classificaram a cultura como do tipo

inovativa; 1, como do tipo racional; e, 2, como do tipo hierárquica.

Tabela 15 – ERI - Supercomprometimento no Trabalho x Cultura organizacional - vale do Paraíba paulista - 2007

Categorias Cultura

Grupal

Cultura

Inovativa

Cultura

Racional

Cultura

Hierárquica Total

Fora Risco 24 8 15 5 52

Risco Leve 67 9 56 35 167

Risco Moderado 1 4 9 4 18

Risco Grave 1 - 1 - 2

Total 93 21 81 44 239

Na Tabela 15, observa-se que, dos 187 enfermeiros com risco leve, moderado

e grave em relação ao supercomprometimento, 69 classificaram a cultura como

sendo do tipo grupal; 13, do tipo inovativa; 66, do tipo racional; e 39, do tipo

hierárquica.

Os dados obtidos nas Tabelas 14 e 15, conforme os achados em literatura

internacional, indicam que, por causa de condições de organização de trabalho

diferentes, educação, autonomia de enfermeira em diferentes culturas, pode-se

entender que o estresse ocupacional difere entre culturas e países. Os resultados

devem ser interpretados sob a perspectiva dos ambientes socioculturais em que eles

são administrados (SVEINSDÓTTIR; BIERING; RAMEL, 2006).

Nas Tabelas 16 e 17, foram realizados os estudos da correlação linear e o

teste T, sendo que: O coeficiente de correlação é sempre um número que está entre

–1 e 1. Se o coeficiente de correlação for maior que zero, as variáveis são

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148

diretamente proporcionais, ou seja, variam na mesma direção, crescendo ou

decrescendo ao mesmo tempo. Se o coeficiente de correlação for menor que zero,

as variáveis serão inversamente proporcionais, isto é, enquanto uma cresce, a outra

decresce. As variáveis independentes têm correlação nula, mas a recíproca não é

válida: é possível encontrar variáveis dependentes com correlação nula. É

importante observar que o fato das variáveis serem ou não correlacionadas não

permite inferir jamais que entre elas haja alguma relação de causa e efeito. Tal

relação só poderá ser presumida com base nas características dos eventos de que

se está tratando.

Valores próximos de 1 ou –1 indicam forte correlação linear. Valores próximos

de 0,5 ou –0,5 indicam média correlação linear, e valores próximos de zero indicam

fraca correlação linear entre as variáveis (LAPPONI, 2005).

O teste T – de igualdade de médias presumindo variâncias diferentes – realiza

análises estatísticas e teste de hipóteses da diferença das médias de duas

populações independentes e com variâncias diferentes. O valor de referência para

rejeitar a hipótese de que as médias são iguais é o p-value. Se o p-value é menor

que o valor adotado como corte, no caso 0,05 (com 95% de confiança), conclui-se

que a hipótese nula deve ser rejeitada, isto é, as médias são estatisticamente

diferentes. Ou, de outra forma, a diferença de médias é estatisticamente significativa

(LAPPONI, 2005).

Tabela 16 – Correlação e Teste T - ERI – Esforço e Recompensa no Trabalho x Cultura Organizacional - vale do Paraíba paulista - 2007

Estatística Cultura Grupal Cultura Inovativa Cultura Racional Cultura Hierárquica

Correlação -0,38 -0,40 -0,30 -0,35

p-value 0,00 0,00 0,00 0,00

Avaliação As diferenças são estatisticamente significativas

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149

Na Tabela 16, observa-se que os coeficientes de correlação linear

apresentaram valores negativos e, com os valores obtidos, verifica-se fraca

correlação linear entre as variáveis consideradas.

Tabela 17 – Correlação e Teste T - ERI – Supercomprometimento no Trabalho x Cultura Organizacional - vale do Paraíba paulista - 2007

Estatística Cultura Grupal Cultura Inovativa Cultura Racional Cultura Hierárquica

Correlação -0,12 -0,13 -0,06 -0,08

p-value 0,00 0,00 0,00 0,00

Avaliação As diferenças são estatisticamente significativas

Na tabela 17, observa-se que os valores obtidos estão bem próximos de zero,

o que indica não haver correlação linear entre as variáveis.

Nas Tabelas 16 e 17, observa-se que os valores de p-value foram todos

menores do que 0,05 e que, portanto, a diferença entre as médias é significativa.

Há relatos, na pesquisa realizada por Prochnow, Leite e Trevizan (2006), de

que, frente aos conflitos do dia-a-dia, os depoimentos dos enfermeiros apontam

emoções negativas que acontecem em decorrência de determinadas situações,

como tensão nervosa, desvalorização, desconforto, desgaste, angústia. Ocorrem,

também, manifestações físicas de insônia e hipertensão arterial.

Na Tabela 18, observa-se a relação entre ERI – Esforço e Recompensa no

trabalho - e as características sociodemográficas.

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150

Tabela 18 – ERI – Esforço e Recompensa no Trabalho x Características sociodemográficas - vale do Paraíba paulista – 2007

Fora de risco Risco leve Risco

moderado Risco grave

Esforço e Recompensa no Trabalho

Freq. % Freq. % Freq. % Freq. %

Sexo

Masculino 22 100,00 - - - - - - Feminino 210 96,77 7 3,23 - - - -

Idade

20 a 29 anos 96 94,12 6 5,88 - - - -

30 a 39 anos 78 100,00 - - - - - -

40 a 49 anos 46 97,87 1 2,13 - - - -

Acima de 50 anos 12 100,00 - - - - - -

Estado civil

Solteiro 91 97,85 2 2,15 - - - -

Casado 103 96,26 4 3,74 - - - -

Viúvo 22 95,65 1 4,35 - - - -

Divorciado 16 100,00 - - - - - -

Filhos

Nenhum 123 95,35 6 4,65 - - - -

1 ou 2 93 98,94 1 1,06 - - - -

3 ou mais 16 100,00 - - - - - -

Escolaridade

Graduação 67 94,37 4 5,63 - - - -

Especialização 123 98,40 2 1,60 - - - -

Especialização em andamento 40 97,56 1 2,44 - - - -

Mestrado 2 100,00 - - - - - -

Tempo de serviço na profissão

Menos de 1 ano 22 95,65 1 4,35 - - - -

1 a 3 anos 68 95,77 3 4,23 - - - -

4 a 6 anos 36 94,74 2 5,26 - - - -

7 a 10 anos 40 97,56 1 2,44 - - - -

11 a 14 anos 17 100,00 - - - - - -

15 a 20 anos 27 100,00 - - - - - -

21 a 25 anos 14 100,00 - - - - - -

26 a 29 anos 4 100,00 - - - - - -

Acima de 30 anos 4 100,00 - - - - - -

Outra atividade

Sim 61 100,00 - - - - - -

Não 171 96,07 7 3,93 - - - -

Tratamento de saúde

Sim 44 100,00 - - - - - -

Não 188 96,41 7 3,59 - - - -

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151

Observa-se, na Tabela 18, que, dos sete enfermeiros com desequilíbrio entre

Esforço e Recompensa no Trabalho, com risco leve associado a características

sociodemográficas, 7 (3,23%) são do sexo feminino, 6 (5,88%) estão entre 20 e 29

anos de idade e 1 (2,13%), entre 40 e 49 anos de idade.

Quanto ao estado civil, 2 ( 2,15%) são solteiros, 4 (3,74%) são casados e 1

(4,35%) é viúvo. Quanto ao número de filhos, 6 (4,65%) não têm nenhum filho e 1

(1,06%) tem de 1 a 2 filhos. Em relação à escolaridade, 4 (5,63%) são somente

graduados, 2 (1,60%) têm especialização e 1 (2,44%) faz curso de especialização.

No que se refere ao tempo de serviço na profissão, 22 (95,65%) têm menos de

um ano; 3 (4,23%), entre 1 e 3 anos; 2 (5,26%), entre 4 e 6 anos; e 1, (2,44%), entre

7 e 10 anos.

Dos enfermeiros com risco leve, 7 (3,93%) não realizam outra atividade e 7

(3,59%) não realizam nenhum tipo de tratamento de saúde. Observa-se, no entanto,

que 44 enfermeiros que não estão em risco realizam algum tipo de tratamento.

Siegrist et al. (2004) realizaram uma investigação epidemiológica comparativa

em cinco países europeus e demonstraram que o desequilíbrio entre esforço obteve

uma pontuação mais alta em três países, com a predominância do sexo masculino;

em dois países, a pontuação diminuiu com a idade mais avançada. Em relação aos

níveis educacionais, foi significativamente mais alto, com maior graduação em

quatro países.

Os autores citados demonstraram que, quanto ao desequilíbrio recompensa, a

pontuação não diferiu de forma significativa entre os sexos, porém houve uma

pontuação mais alta entre os funcionários mais velhos. Em dois países foi observada

uma associação positiva entre nível educacional e recompensa, ou seja, quanto

mais alta a escolaridade, mais altas são as recompensas.

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152

Tabela 19 – ERI – Supercomprometimento no Trabalho x Características sociodemográficas - vale do Paraíba paulista - 20

Fora de risco Risco leve Risco moderado Risco grave Esforço e Recompensa no

Trabalho Freq. % Freq. % Freq. % Freq. %

Sexo

Masculino 4 18,18 18 81,82 - - - - Feminino 48 22,12 149 68,66 18 8,29 2 0,92

Idade

20 a 29 anos 21 20,59 71 69,61 10 9,80 - -

30 a 39 anos 17 21,79 54 69,23 6 7,69 1 1,28

40 a 49 anos 14 29,79 31 65,96 1 2,13 1 2,13

Acima de 50 anos - - 11 91,67 1 8,33 - -

Estado civil

Solteiro 24 25,81 64 68,82 5 5,38 - -

Casado 17 15,89 77 71,96 11 10,28 2 1,87

Viúvo 8 34,78 15 65,22 - - - -

Divorciado 3 18,75 11 68,75 2 12,50 - -

Filhos

Nenhum 32 24,81 88 68,22 8 6,20 1 0,78

1 ou 2 15 15,96 68 72,34 10 10,64 1 1,06

3 ou mais 5 31,25 11 68,34 - - - -

Escolaridade

Graduação 18 25,35 48 67,61 5 7,04 - -

Especialização 26 20,80 85 68,00 13 10,40 1 0,80

Especialização em andamento 8 19,51 33 80,49 - - -

Mestrado - - 1 50,00 - - 1 50,00

Tempo de serviço na profissão

Menos de 1 ano 5 21,74 16 69,57 2 8,70 - -

1 a 3 anos 10 14,08 56 78,87 5 7,04 - -

4 a 6 anos 9 23,68 23 60,53 6 15,79 - -

7 a 10 anos 12 29,27 26 63,41 2 4,88 1 2,44

11 a 14 anos 4 23,53 12 70,59 1 5,88 - -

15 a 20 anos 6 22,22 21 77,78 - - - -

21 a 25 anos 6 42,86 7 50,00 1 7,14 - -

26 a 29 anos - - 2 50,00 1 25,00 1 25,00

Acima de 30 anos - - 4 100,00 - - -

Outra atividade

Sim 8 13,11 46 75,41 6 9,84 1 1,64

Não 44 24,72 121 67,98 12 6,74 1 0,56

Tratamento de saúde

Sim 8 18,18 35 79,55 1 2,27 - -

Não 44 22,56 132 67,69 17 8,72 2 1,03

Na Tabela 19, observa-se a relação entre Supercomprometimento no Trabalho

e características sociodemográficas. Demonstra-se que, dos 187 enfermeiros que

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153

têm risco leve, moderado ou grave, 169 (77,87%) são do sexo feminino e que: 81

(79,41%) estão entre 20 e 29 anos de idade; 61 (78,20%), entre 30 e 39 anos; 33

(70,22%), entre 40 e 49 anos; e, 12 (100%), acima de 50 anos.

Quanto ao estado civil: 69 (74,20%) solteiros, 90 (84,11%) casados, 15

(65,22%) viúvos e 13 (81,25%) divorciados. Quanto ao número de filhos, 97

(75,20%) não têm nenhum filho, 79 (84,04%) têm de 1 a 2 filhos e 11 (68,34%) têm

três ou mais filhos.

Em relação à escolaridade, 53 (74,69%) são somente graduados, 99 (79,20%)

têm especialização, 33 (80,49%) fazem curso de especialização e 2 (100%) são

mestres.

No que diz respeito ao tempo de serviço na profissão, 18 (78,27%) têm menos

de um ano; 61 (85,91%), entre 1 e 3 anos; 29 (76,32%), entre 4 e 6 anos; 29

(70,73%), entre 7 e 10 anos; 13 (76,47%), entre 11 e 14 anos, 21 (77,78%), entre 15

e 20 anos; 8 (57,14%), entre 21 e 25 anos; 4 (100%), entre 26 e 29 anos; e, 4

(100%), acima de 30 anos.

Dos enfermeiros com risco leve, moderado e grave, 134 (75,28%) não realizam

outra atividade e 151 (77,44%) não realizam nenhum tipo de tratamento de saúde.

Observa-se, ainda, que apenas oito enfermeiros que não estão em risco preocupam-

se em procurar algum tratamento de saúde.

Os dados desta pesquisa são semelhantes aos encontrados por Siegrist et al.

(2004), que demonstram que o supercomprometimento é mais alto em pessoas mais

velhas e com níveis educacionais mais elevados.

Os dados da Tabela 18 e 19 permitem verificar que os enfermeiros com

desequilíbrio entre esforço e recompensa no trabalho e supercomprometimento no

trabalho não procuram tratamento de saúde. Esses resultados confirmam os estudos

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154

realizados por Montanholi, Tavares e Oliveira (2006), que citam que os enfermeiros

cuidam dos pacientes e de seus familiares, mas por algum motivo não se preocupam

com a própria saúde. As variáveis apresentadas oferecem oportunidades para

avaliar o nível de estresse no trabalho em diferentes populações, conforme Siegrist

et al. (2004).

Tabela 20 – ERI - Esforço e Recompensa no Trabalho X Turno de trabalho – vale do Paraíba paulista - 2007

Diurno Noturno

Categorias Freqüência % Freqüência % Total

Fora Risco 154 66,38 78 33,62 232

Risco Leve 7 100,00 - - 7

Risco Moderado - - - - -

Risco Grave - - - - -

Total 161 - 78 - 239

Os dados demonstrados na Tabela 20 indicam que 154 (66,38%) enfermeiros

que estão fora de risco, quanto ao desequilíbrio entre esforço e recompensa,

trabalham no turno noturno, e que 78 (33,62%) trabalham no turno noturno.

Observa-se, ainda, que 7 (100%), que estão em risco leve, trabalham no turno

diurno.

Tabela 21 – ERI - Supercomprometimento no Trabalho x Turno de trabalho – vale do Paraíba paulista - 2007

Diurno Noturno

Categorias Freqüência % Freqüência % Total

Fora Risco 31 59,62 21 40,38 52

Risco Leve 121 72,46 46 27,54 167

Risco Moderado 8 44,44 10 55,56 18

Risco Grave 1 50,00 1 50,00 2

Total 161 - 78 - 239

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155

Na Tabela 21, os dados obtidos indicam que 31 (59,62%) dos enfermeiros que

estão fora de risco, quanto ao supercomprometimento no trabalho, trabalham no

turno diurno, e que 21 (40,38%) trabalham no turno noturno. Em risco leve, 121

(72,46%) trabalham no turno diurno, e 46 (27,54%) trabalham no turno noturno.

Quanto aos enfermeiros que se encontram em risco moderado, 8 (44,44%) atuam no

turno diurno e 10 (55,56%) atuam no turno noturno. E, em risco grave, 1 (50%) atua

no turno diurno e 1 (50%) atua no turno noturno.

Os dados das Tabelas 20 e 21 são encontrados em pesquisa internacional, e

os resultados fornecem respaldo à proposição de que há diferenças consideráveis

da percepção de cansaço físico e cansaço mental ao final da jornada de trabalho,

sendo maior entre os profissionais do turno noturno (TEPAS et al., 2004).

6.4 CARACTERIZAÇÃO DA QUALIDADE DO SONO

Esta pesquisa teve o propósito de analisar a qualidade do sono dos

enfermeiros submetidos a diferentes períodos de trabalho.

O Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (IQSP) foi utilizado para

quantificar a qualidade do sono.

A escala varia de zero a 21 pontos, e escores maiores do que cinco implicam

qualidade do sono ruim (ALMONDES; ARAÚJO, 2003 apud FERRO, 2005).

Na Tabela 22 e na Figura 23 são demonstrados os resultados do nível da

qualidade do sono entre os enfermeiros, obtidos nesta pesquisa.

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156

Tabela 22 – Nível de qualidade do sono – vale do Paraíba paulista - 2007 Nível de qualidade do sono Freqüência %

Bom 40 16,74

Ruim 199 83,26

Total 239 100

Qualidade do sono

16,74%

83,26%

Bom Ruim

Figura 23 – Representação gráfica quanto ao nível de qualidade do sono

Os dados apresentados na Tabela 22 e na Figura 23 indicam que 199 (83,26%)

obtiveram escores acima de 5, o que representa nível de qualidade de sono ruim, e

40 (16,74%), escores abaixo de 5, que representa nível de qualidade de sono bom.

Almondes e Araújo (2003), estudando o padrão do ciclo vigília-sono de um

grupo de estudantes de medicina, encontraram que a qualidade do sono dos

estudantes foi considerada boa.

Em pesquisa realizada por Fischer et al. (2002), sobre a percepção da

qualidade do sono em profissionais da área da enfermagem, observou-se que a

qualidade do sono para os trabalhadores do turno noturno apresentou diferenças

estatisticamente significantes, entre as médias dos episódios de sono noturno e de

sono diurno, sendo o sono diurno considerado o de pior qualidade. Para os

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157

trabalhadores do turno diurno, foram encontradas diferenças apenas entre a

qualidade do sono diurno em dias de descanso, em comparação aos dias de

trabalho, pois nos dias de descanso as pessoas poderiam dormir mais.

Tabela 23 – Classificação dos componentes do sono – vale do Paraíba paulista - 2007 Classificação dos componentes do sono

Classificação Freqüência %

Muito bom 39 16,32

Bom 142 59,41

Ruim 51 21,34 Qualidade subjetiva do sono

Muito ruim 7 2,93

0 68 28,45

1 – 2 90 37,66

3 – 4 58 24,27 Latência do sono*

5 – 6 23 9,62

7 h ou mais 145 60,70

6 - 7 h 63 26,36

5 - 6 h 17 7,11 Duração do sono

Menos 5 h 14 5,86

85% ou maior 23 9,62

75% - 84% 11 4,60

65% - 74% 11 4,60 Eficiência habitual do sono

64% ou menor 194 81,17

0 18 7,53

1 - 9 161 67,36

10 - 18 58 24,27 Distúrbios do sono*

19 - 27 2 0,84

Nenhuma vez 214 89,54

Menos 1x / semana 7 2,93

1 a 2x / semana 14 5,86 Uso de medicação para dormir

3x ou mais / semana 4 1,67

0 46 19,25

1 - 2 125 52,30

3 - 4 55 23,01 Disfunção durante o dia*

5 - 7 13 5,44

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158

Na Tabela 23, observa-se que a qualidade subjetiva do sono foi: 39 (16,32%),

muito bom; 142 (59,41%), bom; 51 (21,34%); ruim; e, 7 (2,93%), muito ruim.

Em relação à latência do sono os escores foram: 68 (28,45%) com escore zero,

90 (37,66%) com escores entre 1 e 2; 58 (24,27%) com escores entre 3 e 4; e, 23

(9,62%) com escores entre 5 e 6.

Para a duração do sono, pode-se observar que 145 (60,70%) dormem sete

horas ou mais; 63 (26,36%) dormem entre seis e sete horas; 17 (7,11%) dormem

entre 5 e seis horas; e, 14 (5,86%) dormem menos de cinco horas.

No que diz respeito à eficiência do sono, observa-se que 23 (9,62%) têm

eficiência 85% ou maior de sono; 11 (4,60%), entre 75-84%; 11 (4,60%), entre 65-

74%; e, 194 (81,17%), menor ou igual a 60%.

Os distúrbios do sono são apresentados por 221 (92,47%) dos enfermeiros,

que obtiveram escores entre 1 a 27, enquanto apenas 18 (7,53%) dos enfermeiros

tiveram escore igual a zero.

Quanto ao uso de medicação para dormir, 214 (89,54%) relatam não fazer uso,

e 25 (10,46%) sim, menos de uma vez, de uma a duas vezes ou três a mais vezes

por semana, conforme demonstrado na Tabela 23.

Os 193 (80,75%) enfermeiros que apresentam disfunção durante o dia, tem

escores entre 1-7, e somente 46 (19,25%) não a apresentam, conforme Tabela

acima.

Resultados semelhantes quanto à latência do sono foram relatados por De

Martino (2002), em um estudo comparativo de padrões de sono, em uma população

de enfermeiros.

Quanto à duração do sono, os dados desta pesquisa corroboram com os

achados por Almondes e Araújo (2003), em pesquisas com estudantes de medicina,

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159

sendo que os resultados variaram entre sete horas e 21 minutos e sete horas e trinta

e nove minutos.

Na Tabela 24, a classificação dos distúrbios do sono.

Tabela 24 – Classificação dos distúrbios do sono – vale do Paraíba paulista - 2007

Nenhuma

vez

Menos de uma vez por

semana

Uma ou duas vezes por semana

Três vezes por semana

ou mais

Distúrbios do sono Freq. % Freq. % Freq. % Freq. %

Demora mais de 30 minutos para dormir.

91 38,08 59 24,69 53 22,18 36 15,06

Acorda no meio da noite ou muito cedo

58 24,27 55 23,01 61 25,52 65 27,20

Levanta para ir ao banheiro 88 36,82 52 21,76 58 24,27 41 17,10

Tem dificuldade para respirar 204 85,36 18 7,53 11 4,60 6 2,51

Tosse ou ronca muito alto 179 74,90 32 13,39 13 5,44 15 6,28

Sente muito frio 111 46,44 56 23,43 39 16,40 33 13,81

Sente muito calor 144 60,25 59 24,69 25 10,46 11 4,50

Tem sonhos ruins ou pesadelos 107 44,77 89 37,24 34 14,23 9 3,77

Sente dores 144 60,25 47 19,67 31 12,97 17 7,00

Outra razão 196 82,01 17 7,11 11 4,60 15 6,28

Observa-se na Tabela 24, que 148 (61,92%) dos enfermeiros relatam demorar

para dormir mais de 30 minutos, e 91 (38,08%) relatam não ter dificuldade para

dormir.

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160

Quanto ao acordar no meio da noite, 181 (75,73%) relatam que acordam, e 58

(24,27%), não. Para ir ao banheiro, 151 (63,18%) dizem que sim, e 88 (36,82%),

não.

Dos 239 enfermeiros, 204 (85,36%) não apresentam dificuldade para respirar;

somente 35 (14,64%) apresentam tal dificuldade; 179 (74,90%) referem não tossir ou

roncar; e 60 (25,10%) referem apresentar tal distúrbio.

Quanto a sentir frio, 128 (53,56%) referem sentir, e 111 (46,44%) referem não

sentir. Quanto a sentir calor, 144 (60,23%) referem que sim, e 95 (39,75%), não.

Ter sonhos ruins ou pesadelos foi citado por 132 (55,23%) enfermeiros, e 107

(44,77%) citaram não ter.

Para o distúrbio sentir dor, 95 (39,75%) referem sentir dores, e 144 (60,25%)

não referiram que não as sentem.

Por outras razões, porém não especificadas, apenas 43 (17,99%) referem ter

algum tipo de distúrbio.

Vale ressaltar que os distúrbios presentes aconteceram pelo menos uma vez

por semana, de uma a duas vezes ou, ainda, três vezes ou mais, conforme Tabela

acima.

Resultados semelhantes foram encontrados por Mello et al. (2002), ao

realizarem uma pesquisa com atletas brasileiros participantes da Paraolimpíada em

Sidney. Os distúrbios do sono mais relatados foram dificuldade para respirar (14%),

ansiedade pós-pesadelo (39,1%), câimbras (20,3%), despertar noturno (17,2%), dor

(15,6%) e ronco (31,2%).

A presença de cochilo, as formas de cochilar e motivo que levam os

enfermeiros a cochilar serão apresentados na Tabela 25 e nas Figuras 24 a 26,

respectivamente.

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Tabela 25 – Cochilo, forma de cochilar e motivo que cochilam – vale do Paraíba paulista - 2007

Cochilo Freqüência %

Sim 135 56,49

Não 104 43,51

Forma de cochilar

Intencional 89 65,93

Não intencional 46 34,07

Motivo que cochilam

Prazer 57 42,22

Necessidade 70 51,85

Outros não especificados 8 5,93

Cochilo

56,49%

43,51%

Sim Não

Figura – 24 – Representação gráfica quanto ao cochilo

O cochilo caracterizado como sono de curta duração foi relatado por 135

(56,49%) dos enfermeiros, e 104 (43.51%) referem que não o fazem, conforme

demonstrado na Figura 24.

Esses dados são semelhantes aos estudos realizados por De Martino (2002).

Pesquisas sugerem que os cochilos podem ocorrer devido a cansaço, fadiga ou

privação do sono. O déficit do sono também pode ocorrer quando se tem que

acordar muito cedo, ou no caso do trabalho no turno da noite.

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162

Forma de cochilar

65,93%

34,07%

Intencional Não intencional

Figura – 25 – Representação gráfica quanto a forma de cochilar

Conforme Tabela 25 e Figura 25, dos 104 enfermeiros que cochilam, 89

(65,93%) referem que o fazem intencionalmente, e 46 (34,07%) referem que não

cochilam intencionalmente.

Por que cochilam

42,22%

51,85%

5,93%

Prazer Necessidade Outros não especificados

Figura – 26 – Representação gráfica quanto ao motivo por que cochilam

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Pode-se verificar, ainda, que: 57 (42,22%) cochilam por prazer; 70 (51,85%),

por necessidade; e, 8 (5,93%), por outros motivos não especificados, conforme pode

ser observado na Tabela 25 e na Figura 26.

Tabela 26 – Nível de qualidade do sono x Cochilo – vale do Paraíba paulista - 2007 Nível de qualidade do sono

Bom Ruim

Cochilo Freq. % Freq. %

Sim 22 55,00 113 56,78

Não 18 45,00 86 43,22

Total 40 100 199 100

Na Tabela 26, observa-se que 22 (55,00%) dos enfermeiros com nível de

qualidade do sono bom referem cochilar, e 18 (45,00%) referem não cochilar. Dos

enfermeiros com nível de qualidade de sono ruim, 113 (56,78%) referem que

cochilam, e 86 (43,22%) referem que não.

Takeyama et al. (2004) demonstram, em sua pesquisa, ao investigar os efeitos

da duração e horários de cochilos noturnos sobre o desempenho e as funções

fisiológicas, que houve uma melhora do desempenho ao se tirar um cochilo na última

metade do turno noturno, porém houve piora na qualidade do sono depois de um

cochilo em horário mais cedo.

Tabela 27 – Nível de qualidade do sono x ERI – Esforço e Recompensa no Trabalho – vale do Paraíba paulista - 2007

Nível de qualidade do sono

Categorias Bom Ruim Total

Fora Risco 19 213 232

Risco Leve - 7 7

Risco Moderado - - -

Risco Grave - - -

Total 19 220 239

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164

Observa-se, na Tabela 27, que, dos 232 enfermeiros que estão fora de risco

para o desequilíbrio entre esforço e recompensa, 19 têm nível de qualidade de sono

boa, 213 têm nível de qualidade de sono ruim, e 7 enfermeiros em risco leve têm

nível de qualidade de sono ruim.

Tabela 28 – Nível da qualidade do sono x Supercomprometimento no Trabalho – vale do Paraíba paulista - 2007

Nível da qualidade do sono

Categorias Bom Ruim Total

Fora Risco 1 51 52

Risco Leve 4 163 167

Risco Moderado 12 6 18

Risco Grave 2 - 2

Total 19 220 239

Na Tabela 28, verifica-se que, dos 52 enfermeiros que estão fora de risco

quanto ao supercomprometimento no trabalho, 1 tem nível de qualidade de sono boa

e 51 têm nível de qualidade de sono ruim. Dos 167 enfermeiros com risco leve, 4

têm nível de qualidade de sono boa, e 163, nível de qualidade de sono ruim. Quanto

aos enfermeiros em risco grave, 2 tem nível de qualidade de sono boa.

Os resultados das Tabelas 27 e 28 são semelhantes. Foram relatados por

Escot et al. (2001), que citam que os enfermeiros têm dificuldade em dormir devido a

pensamentos relacionados ao trabalho.

Inocente e Reimão (2001) complementam que, nas três fases do estresse, as

alterações nos padrões habituais do sono e sintomas, tanto físicos, quanto

psicológicos, podem alterar e comprometer a saúde física e mental.

Duailibi e Santos (2001) citam que o sono é influenciado por um alto número de

estressores, mas não se sabe exatamente qual o mecanismo de ação responsável

por isso.

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Tabela 29 – Nível de qualidade do sono x Turno de trabalho – vale do Paraíba paulista - 2007

Turno Diurno Turno Noturno Nível de qualidade

do sono Freqüência % Freqüência % Total

Bom 22 13,66 18 23,08 40

Ruim 139 86,34 60 76,92 199

Total 161 100 78 100 239

Na Tabela 29, observa-se que os enfermeiros do turno diurno 22 (13,66%) têm

nível de qualidade de sono bom, e 139 (86,34%), nível de qualidade de sono ruim.

Os enfermeiros do turno noturno 18 (23,08%) têm nível de qualidade de sono bom, e

60 (76,92%), nível de qualidade de sono ruim.

A qualidade do sono diurno, após uma noite de trabalho, é ruim quando

comparada à qualidade do sono noturno após trabalho diurno. Isso ocorre por vários

motivos, e o principal deles é a falta de sincronização entre o sono diurno e a

ritmicidade biológica (FISCHER, 2002).

O trabalhador quando tem necessidade de ficar desperto uma parte da noite ou

toda ela, devido sua jornada de trabalho ou horas extras, perturbará seu relógio

biológico, podendo ocorrer situações de riscos ocupacionais, como acidentes,

doenças físicas e psicológicas, conforme citado na literatura, por Inocente e Reimão

(2002).

6.5 CARACTERIZAÇÃO DO TIPO DE CRONÓTIPO

Os escores para identificação do cronótipo são: matutino extremo (9 a 15

pontos), moderadamente matutino (16 a 20 pontos), indiferente (21 a 26 pontos),

moderadamente vespertino (27 a 31 pontos) e vespertino extremo (32 a 38 pontos).

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Tabela 30 – Tipo de Cronótipo – vale do Paraíba paulista - 2007

Tipo de cronótipo Freqüência %

Indiferente 89 37,24

Matutino extremo: 19 7,95

Moderadamente Matutino 99 41,42

Moderadamente Vespertino 22 9,21

Vespertino extremo 10 4,18

Total 239 100

Os dados apresentados na Tabela 30 indicam que: 97 (41,99%) são do tipo

moderadamente matutino; 86 (37,23%), indiferente; 21 (9,09%), moderadamente

vespertino; 19 (8,23%), matutino extremo; e, 8 (3,46%), vespertino extremo.

O cronótipo mais freqüente foi o do tipo moderadamente matutino, o que

corrobora com pesquisa realizada por Campos e De Martino (2003), acerca dos

aspectos cronobiológicos do ciclo vigília-sono dos enfermeiros nos diferentes turnos

de trabalho.

Tabela 31 – Cronótipo x Turno de trabalho – vale do Paraíba paulista - 2007

Diurno Noturno

Cronótipo Freqüência % Freqüência % Total

Indiferente 50 31,06 39 50,00 89

Matutino extremo 18 11,18 1 1,28 19

Moderadamente matutino 73 45,34 26 33,33 99

Moderadamente vespertino 14 8,70 8 10,26 22

Vespertino extremo 6 3,72 4 5,13 10

Total 161 100 78 100 239

Na Tabela 31, observa-se que, dos enfermeiros do turno diurno: 50 (31,06%)

são do tipo indiferente; 18 (11,18%), matutino extremo; 73 (45,34%),

moderadamente matutino; 14 (8,70%), moderadamente vespertino; e, 6 (3,72%),

vespertino extremo.

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Observa-se, ainda, que, dos enfermeiros do turno noturno, 39 (50%) são

classificados como do tipo indiferentes; 1 (1,28%), como matutino extremo; 26

(33,33%), moderadamente matutino; 8 (10,26%), moderadamente vespertino; e, 4

(5,13%), vespertino extremo.

Os indivíduos moderadamente matutinos trabalham, em sua maioria, pela

manhã, enquanto os tipos indiferentes trabalhavam no turno da tarde. À medida que

envelhecem, tornam-se mais matutinos (DE MARTINO; LING, 2004)

As diferenças individuais na adaptação ao trabalho em turnos variam de acordo

com cada indivíduo, e a exposição contínua a horários irregulares de trabalho afeta

a ritmicidade biológica, podendo ocorrer distúrbios do sono e de humor, e problemas

gastrointestinais e cardiovasculares. A privação crônica do sono e a perturbação da

ritmicidade associadas podem provocar aumento do risco de acidentes de trabalho

(GASPAR; MORENO; MENNA-BARRETO, 1998).

Tabela 32 - Cronótipo x Nível de qualidade do sono – vale do Paraíba paulista - 2007 Qualidade do Sono

Cronótipo Bom Ruim

Indiferente 14 75

Matutino Extremo 6 13

Moderadamente Matutino 16 83

Moderadamente Vespertino 3 19

Vespertino Extremo 1 9

Total 40 199

Na Tabela 32, os resultados indicam que, dos 89 enfermeiros com o tipo de

cronótipos indiferente, 14 têm nível de qualidade de sono bom e 75 têm nível de

qualidade de sono ruim. O tipo matutino extremo foi observado em 19 enfermeiros,

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sendo que seis têm nível de qualidade do sono bom, e 13, nível de qualidade de

sono ruim.

Para o tipo moderadamente matutino, observa-se que, dos 99 enfermeiros, 16

têm nível de qualidade de sono boa, e 83, nível de qualidade de sono ruim. Dos 22

enfermeiros do tipo moderadamente vespertino, 3 têm nível de qualidade de sono

bom, e 19, nível de qualidade de sono ruim. E, dos 10 enfermeiros do tipo vespertino

extremo, 1 tem nível de qualidade de sono bom, e 9, nível de qualidade de sono

ruim.

Campos e De Martino (2003) citam que, no trabalho em turno e noturno

permanente, o indivíduo é obrigado a inverter o seu horário de dormir, o que causa

danos a sua saúde. A desordem da estrutura do ritmo circadiano causa fadiga, mal

estar, sonolência, insônia, dentre outros.

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7 CONCLUSÃO

Nesta pesquisa, objetivou-se identificar: o nível de estresse, as alterações do

ciclo vigília-sono e sua relação com a cultura organizacional no trabalho em turnos e

noturno dos enfermeiros.

Com base nos resultados obtidos o predomínio do sexo feminino confirma uma

tendência a feminilização das atividades na área da saúde. Verifica-se, ainda, uma

predominância de profissionais casados, em plena produção.

Observa-se, neste estudo, diferença de valores atribuídos aos tipos de cultura

de cada organização, e podem-se verificar os maiores valores médios e os menores

valores médios de cada instituição. Os maiores valores médios em Cultura Racional,

seguida da Cultura Grupal, Cultura Hierárquica e, por último, da Cultura Inovativa,

demonstram que as instituições pesquisadas apresentam um multiculturalismo,

ocorrendo assim uma combinação de tipos.

No que se refere à qualidade do sono dos enfermeiros, observa-se que eles,

em sua grande maioria, apresentam escores acima de 5, o que representa uma

qualidade de sono ruim. As hipóteses sobre a qualidade do sono ruim desses

enfermeiros podem estar relacionadas ao horário do turno de trabalho, às condições

gerais do trabalho e ao tipo de preferência individual.

Quanto ao risco ao estresse ocupacional, observa-se que uma pequena

porcentagem dos enfermeiros apresenta desequilíbrio esforço e recompensa no

trabalho. Já no que se refere ao supercomprometimento no trabalho, a

predominância é significativa.

Não somente os fatores organizacionais, a alta demanda de trabalho e as

tarefas causam estresse ocupacional, pois as características individuais também são

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170

aspectos importantes. Outro fato importante a lembrar é como os enfermeiros

percebem as condições de trabalho e como avaliam as fontes de estresse

ocupacional.

Os resultados desta pesquisa podem ajudar a identificar fontes de estresse e,

assim, os gerentes poderão criar medidas de prevenção e diminuir o estresse

ocupacional em suas instituições.

As questões mais pontuadas sobre o índice de estresse que se destacaram

foram: muito trabalho para se realizar em pouco tempo, porém com muita pressão;

suas responsabilidades são muitas; o trabalho é fisicamente exigente; a questão

salarial nem sempre está de acordo com sua função. Esses relatos são encontrados

na literatura, quando se trata de agentes estressores. O trabalho dos enfermeiros em

instituições hospitalares é altamente estressante, estando esses profissionais em

constante estado de alerta. Nesse contexto, os enfermeiros estão expostos a cargas

psíquicas, como atenção constante, supervisão estrita, ritmo acelerado, insatisfação,

dentre outras.

Os resultados demonstrados nesta pesquisa não podem ser generalizados,

mas devem instigar estudos sobre enfermeiros de outras instituições que tenham as

mesmas condições de trabalho. Os resultados apresentados permitirão que os

responsáveis pelas instituições da área da saúde e as chefias de enfermagem

avaliem a importância de terem enfermeiros mais descansados, motivados e

satisfeitos com suas condições de trabalho. Conseqüentemente, ao levarem em

consideração as particularidades dos indivíduos e dos turnos de trabalho,

promoverão melhor qualidade na assistência aos seus clientes.

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VIEIRA, P. C. de O. As mudanças organizacionais contemporâneas e o estr esse ocupacional preocupam os administradores e acadêmic os? 2004.47 f. Monografia (MBA em Gerência empresarial) Departamento de Economia, Contabilidade, Administração e Secretariado) – Universidade de Taubaté, Taubaté, 2004.

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Anexo

Anexo A - Autorização do Comitê de Ética em Pesquisa

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Apêndice

Apêndice A – Carta de Apresentação

Taubaté,..... de......................de.........

De: Prof. Dr. _______________________________

Coordenador Geral - PPGA

Ao: Sr. .................................. Função................................................ Empresa:................................. Endereço:....................................................................................... Prezado Senhor ................................

A Sra. ____________________________________, regularmente inscrita no

curso de Mestrado em Gestão e Desenvolvimento Regional desta Universidade,

desenvolve uma dissertação de mestrado na área de Recursos Socioprodutivos. Sua

proposta de trabalho intitula-se "_________________________________________".

Tratando-se de pesquisa eminentemente aplicada, gostaria de solicitar a

colaboração de V.S., no sentido de conceder a Sra. ________________autorização

para realização de pesquisa de campo quantitativa. Tais informações serão

utilizadas tão-somente para fins acadêmicos.

Se V.S. considerar necessário ou conveniente, o nome e qualquer outra forma

de identificação dessa empresa poderão ser omitidos, no manuscrito final da

dissertação.

Atenciosamente,

Prof. Dr._____________________________________

Coordenador Geral

Programa de Pós-Graduação em Administração

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Apêndice B – Termo de Autorização da Instituição

Autorizo a Sra ________________________________________, regularmente

inscrita no curso de Mestrado em Gestão e Desenvolvimento Regional desta

Universidade, a realizar a pesquisa intitulada "_____________________________",

nesta entidade.

Fui informado de que será assegurado o anonimato da Instituição e dos

enfermeiros.

Atenciosamente

Nome da Instituição: ___________________________________________________

___________________________________________________________________

Nome, cargo e assinatura do representante legal da Instituição.

Taubaté, de ________de ____________________.

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Apêndice C - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Esta pesquisa está sendo realizada por aluno do Programa de Pós-Graduação em

Administração (PPGA) da Universidade de Taubaté. O tema da pesquisa é

"______________________________________________________________".

Seu objetivo é investigar como o trabalho em turnos, e noturno, pode influenciar no

estresse ocupacional e causar alterações no ciclo vigília-sono, e a cultura

organizacional predominante. Os resultados desta pesquisa serão utilizados apenas

para fins acadêmicos.

Seguindo os preceitos éticos, informamos que sua participação será

absolutamente sigilosa, não constando seu nome ou qualquer outro dado referente a

sua pessoa que possa identificá-lo, no relatório final ou em qualquer publicação

posterior, sobre esta pesquisa. Pela natureza da pesquisa, sua participação não

acarretará qualquer dano a sua pessoa.

Você tem total liberdade para recusar sua participação, assim como para

solicitar a exclusão de seus dados, retirando seu consentimento sem qualquer

penalidade ou prejuízo, quando assim o desejar.

Agradeço sua participação, enfatizando que esta pesquisa contribui para a

formação e para a construção de conhecimento atual nesta área.

Taubaté, de de .

__________________________________________________________

Profa. Dra. ________________________ Orientadora da Pesquisa

Tendo ciência das informações contidas neste Termo de Consentimento Livre

e Esclarecido, eu ________________________________________________,

portador da cédula de identidade nº _________________ autorizo a utilização, nesta

pesquisa, dos dados por mim fornecidos.

_______________________________ Taubaté, __ / __ / _____

Assinatura

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Autorizo cópia total ou parcial desta obra apenas para fins de estudo e pesquisa, sendo expressamente vedada qualquer tipo de reprodução para fins comerciais sem prévia autorização específica do autor. Teresa Celia de Mattos Moraes dos Santos Taubaté, março de 2008.