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Tamara Fracalanza Trabalho Setembro – Filosofia Clínica – Estrutura de Pensamento, Tópicos 1 a 5 2) O que é a Estrutura de Pensamento? A estrutura de pensamento é o que possibilita conhecer o modo como uma pessoa está existencialmente (Packter, 1997). O termo estrutura foi assim empregado por servir à compreensão da maneira como uma pessoa se constitui a partir do seu pensamento. Pensamento difere, neste caso, do pensamento lógico racional como convencionalmente o definimos. Para a FC, o pensamento compreende tudo o que for relativo ao modo de ser e estar de uma pessoa no seu devir, no seu existir. Na FC, a estrutura de pensamento está didaticamente distribuída em 30 tópicos que abrangem diversas possibilidades de modos de ser vazias – ainda não preenchidas em seu conteúdo. Dessa forma, o filósofo clínico lança mão de 30 possibilidades de modos de estar existencialmente para organizar e aprofundar o seu conhecimento sobre o partilhante. Packter desenvolveu estes tópicos como uma “[...] tentativa de interseção ampla com a existência humana”, não era a intenção do filósofo “[...] apreender todos os modos de existir” (Cadernos). Por meio do seu trabalho clinico, ele percebeu que jamais chegaria ao saber necessário sobre qualquer coisa ou todas as coisas sem um critério lógico e absoluto para tal empreendimento, por isso, os tópicos. Essa elaboração, para ele, não foi livre de reflexões e angústias, explicitado pelo debate entre o relativo e o absoluto. Como poderia ele encontrar a resposta para uma prática clínica sem incorrer em utilizar teorias que definem o sujeito a priori, como muitas teorias psicológicas, ou não cair num relativismo que não levaria a lugar nenhum? Packter explica que encontrou sua resposta nas categorias aristotélicas. Diz ele: “[...]se uma pessoa tem valores que são importantes, esses valores deixam de ser ilusórios e ganham todo o assoalho do mundo se forem localizados em seus vínculos de historicidade, circunstâncias geográficas, sensoriais, temáticas etc etc etc. Então

Estrutura de Pensamento 1 a 5

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Estrutura de Pensamento 1 a 5 em Filosofia Clínica

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Tamara Fracalanza

Trabalho Setembro Filosofia Clnica Estrutura de Pensamento, Tpicos 1 a 5

2) O que a Estrutura de Pensamento?

A estrutura de pensamento o que possibilita conhecer o modo como uma pessoa est existencialmente (Packter, 1997).

O termo estrutura foi assim empregado por servir compreenso da maneira como uma pessoa se constitui a partir do seu pensamento. Pensamento difere, neste caso, do pensamento lgico racional como convencionalmente o definimos. Para a FC, o pensamento compreende tudo o que for relativo ao modo de ser e estar de uma pessoa no seu devir, no seu existir.

Na FC, a estrutura de pensamento est didaticamente distribuda em 30 tpicos que abrangem diversas possibilidades de modos de ser vazias ainda no preenchidas em seu contedo. Dessa forma, o filsofo clnico lana mo de 30 possibilidades de modos de estar existencialmente para organizar e aprofundar o seu conhecimento sobre o partilhante. Packter desenvolveu estes tpicos como uma [...] tentativa de interseo ampla com a existncia humana, no era a inteno do filsofo [...] apreender todos os modos de existir (Cadernos). Por meio do seu trabalho clinico, ele percebeu que jamais chegaria ao saber necessrio sobre qualquer coisa ou todas as coisas sem um critrio lgico e absoluto para tal empreendimento, por isso, os tpicos. Essa elaborao, para ele, no foi livre de reflexes e angstias, explicitado pelo debate entre o relativo e o absoluto. Como poderia ele encontrar a resposta para uma prtica clnica sem incorrer em utilizar teorias que definem o sujeito a priori, como muitas teorias psicolgicas, ou no cair num relativismo que no levaria a lugar nenhum? Packter explica que encontrou sua resposta nas categorias aristotlicas. Diz ele:

[...]se uma pessoa tem valores que so importantes, esses valores deixam de ser ilusrios e ganham todo o assoalho do mundo se forem localizados em seus vnculos de historicidade, circunstncias geogrficas, sensoriais, temticas etc etc etc. Ento comecei a pesquisar de que maneira as categorias aristotlico-kantianas, que como eu passei a chamar, poderiam fazer isso. (Cadernos)

Finalmente, aps bastante tempo, ele chegou aos tpicos da EP numa tentativa de organizar e sistematizar todos os dados que tinha a respeito das histrias que havia coletado das pessoas e colocar estes dados em dilogo. Conforme nos conta, o procedimento foi o seguinte:

Aos poucos, fui construindo a teoria. Primeiro imaginei como colocar certas invenes humanas sobre o mundo, as cosmogonias mais estranhas e de todas as naturezas, lado a lado. E l fui eu colocar: tpico 1, Como o Mundo Parece. Em seguida, precisava juntar as milhes de informaes, pareceres e outros dados que as pessoas tm delas mesmas em um outro tpico: tpico 2, O que Acha de Si Mesmo. Ao mesmo tempo tinha que ter muitos cuidados, muitos, muitos. Olhem s: um tpico no poderia excluir o outro, porque afinal a mesma informao poderia pertencer a mais de uma escola de pensamento, ainda que fosse diferente em cada uma delas. Entendem? Uma escola chamaria de X o que a outra chamaria de Y, e eu tinha que entender o fenmeno independente do nome que tivesse. Ah, mas tudo bem! Uma mesma informao ento poderia estar ao mesmo tempo no tpico 1 e no tpico 2. Outras vezes, no poderia. Este esquematismo tinha que levar em conta que qualquer tipo de relao entre os tpicos possvel, qualquer mesmo. Foi tranqilo constatar que desde a mtua excluso at a unio mais super bonder do mundo. Mais outra coisa: o fato de eu nomear um tpico tipo Como o Mundo Parece tinha que deixar a informao que o preenchesse livre para transitar em qualquer outro tpico, em qualquer outra escola de pensamento... no poderia ficar ali numa ilha, sem comunicao, a no ser que fosse exatamente o caso. (Cadernos)

O que se pode entender deste relato que por meio de dados coletados da realidade da historicidade de pessoas, Packter foi categorizando-os at dar a eles um certo sentido, nem que seja pela simples possibilidade de esquematizao e organizao como forma de conhecer e apreender a pessoa necessariamente para a realizao de um trabalho clnico.

A cada novo conjunto de dados coletados, Packter buscava nas escolas filosficas parmetros que lhe permitissem dar forma ao dado, como se fosse um horizonte luz do qual tais dados pudessem ser compreendidos. No limite, possvel inferir que, neste processo, Packter estava buscando adaptar a teoria esquematicamente ao que obtivera da vivncia humana, no intuito de fazer valer a teoria no seu sentido prtico e em vista complexidade e s infinitas possibilidades dos modos de ser existenciais, sem defini-los aprioristicamente. No entanto, ao estabelecer tpicos, ele poderia contribuir para definir uma tipologia, uma padronizao do existir humano. Para evitar este tipo de situao, ele adicionou o tpico da matemtica simblica EP, [...] um tpico cuja funo receber novos tpicos que vo surgindo conforme o homem vai evoluindo (Cadernos). Continua ele, a EP no est fechada e acabada, ela est aberta e receptiva, conforme o caso. E, ufa!, ento um tpico nomeado como Religiosidade pode estar presente ou no na EP, e isso no importa. O que importa que o contedo de um tpico... assim, as manifestaes religiosas, se houver na pessoa, o importante que apaream na EP, independente do nome que possam ter. Ento, se vocs quiserem chamar um tpico como Pr-Juzos de verdades; suposies; indicativos, o nome no me interessa, desde que o contedo aparea, entendem? (Cadernos).

Os tpicos da Estrutura de Pensamento no so estticos, portanto, tampouco independentes entre si. O que Packter constatou foi que muitas causas de angstia e sofrimento so devidas a um choque entre tpicos da EP, por exemplo. Ento, conhecer a EP de uma pessoa pode ser fundamental para compreender alguns dos enroscos de uma pessoa.

REFLEXO Algumas perguntas procedem deste ponto:

1) Ser que o conhecimento que o filsofo obtm de seu partilhante um conhecimento confivel, apenas por estar baseado num enumerado de tpicos? Partindo do pressuposto fenomenolgico existencial heideggeriano, nunca um poder conhecer o outro em si, pois no momento que me dirijo ao outro, farei sempre de modo significado na minha prpria teia de relaes. No estaria, a partir desse pensamento heideggeriano, o filsofo clnico, pelo mtodo da FC, reconhecendo o partilhante imediatamente de modo indiferente ou deficiente? No limite, tratando de dar a ele definies que configurariam um cuidado por antecipao, j que para Heidegger no a empatia, ou as relaes de identificao, que constitui o ser-com, pois o relacionar-se permeado do revelar-se e fechar-se e, da mesma maneira que o ser da presena no uma projeo, uma duplicidade? E nesse sentido, a nica maneira de um trabalho clnico seria a partir do cuidado que acontece quando prpria existncia est engajada na prpria compreenso para deixar que a outra possa existir autenticamente, no seu projeto livre e autodeterminado?

Ou ainda, se o mtodo da FC parte do pressuposto fenomenolgico, compreendendo a existncia nas suas diversas possibilidades de ser e incompletude, no estariam os tpicos, bem como a definio da EP de uma pessoa, contrariando exatamente este princpio fundamental sendo este um questionamento menos lgico (das possibilidades lgicas) e mais tico (das implicaes na vida humana)? Em outras palavras, atribuindo conceitos ao partilhante ainda que seja apenas na conscincia do filsofo clnico no seria o mesmo que contribuir para o desconhecimento, cada vez mais aprofundado, daquilo que est encoberto do partilhante, ou seja, do conhecimento que o partilhante possa vir a ter de si mesmo?

Outra pergunta decorrente : no deveriam ser, para estarem mais comprometidos com a singularidade existencial, os tpicos definidos a partir de cada partilhante e compartilhando-os com o partilhante e das escolas filosficas, evitando-se o risco de subverter a compreenso do filsofo clnico a respeito daquele que se apresenta?

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Os 30 tpicos da EP so: como o mundo parece; o que acha de si mesmo; sensorial e abstrato; emoes; pr-juzos; termos agendados no intelecto; termos: universal, particular e singular; termos: unvoco e equvoco; discurso completo e incompleto; estruturao de raciocnio; busca; paixes dominantes; comportamento e funo; espacialidade: inverso, recproca de inverso, deslocamento curto, deslocamento longo; semiose; significado; armadilha conceitual; axiologia; tpico de singularidade existencial; epistemologia; expressividade; ao; hiptese; experimentao; princpios de verdade; anlise da estrutura; intersees de estrutura de pensamento; matemtica simblica e autogenia.

Devido plasticidade e a maneira como se relacionam os tpicos, eles poderiam ser representados graficamente da seguinte forma:

Este grfico revela que, entre os tpicos, no h uma estrutura hierrquica e eles no esto isolados dos demais. Ao contrrio, podem estar relacionados e, inclusive, qualquer alterao em um deles, poder acarretar numa mudana significativa estrutural e nos demais.

3) Dos tpicos estudados, apresente:

1. definio

1. indcios para identificao

1. exemplos

1. autores que fundamentam o tpico

Tpico 1: Como o mundo parece

No caderno B, Packter inaugura o tpico como o mundo parece oferecendo-nos uma mxima de Protgoras, que o homem a medida de todas as coisas. Seria o mesmo que dizer que quando uma pessoa relata algo a respeito do mundo, das pessoas, isso diz muito dela. Quando digo que gosto de pessoas engraadas, isso diz muito de mim, ou ainda, quando acabo de conhecer uma nova cidade do litoral e digo o que achei dela, isso tem tudo a ver comigo, mais do que com a prpria cidade. Para identificar como o mundo parece para as pessoas s dar-se conta das descries que fazem, guard-las, para numa anlise com os outros tpicos da EP e fazendo enraizamentos, conseguir elaborar os significados de mundo para a pessoa. Porm, importante ressaltar que para alguns casos, como em todos os tpicos da EP, como o mundo parece pode ser algo irrelevante para o trabalho clnico. Os primeiros versos do poema Cano do Exlio de Gonalves Dias pode representar bem o tpico como o mundo parece:

Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabi;

As aves que aqui gorjeiam,

No gorjeiam como l.

Nosso cu tem mais estrelas,

Nossas vrzeas tm mais flores,

Nossos bosques tm mais vida,

Nossa vida mais amores.

Nestes versos, ele faz a comparao de dois mundos, o daqui e o de l. Como o mundo daqui parece diferente de como o mundo de l parece para o autor. Essa a representao deste autor. Outras pessoas podem ter representaes diferentes.

Protgoras um dos autores que fundamenta este tpico, bem como a ideia de representao de Schopenhauer, O mundo representao. A fenomenologia, por Hurssel e Merleau-Ponty tambm fazem parte dessa coletnea.

Tpico 2: o que acha de si mesmo

A fundamentao deste tpico a mesma utilizada pelo tpico anterior, j que a representao que tem de si s poder ser a minha representao de mim mesmo. Por exemplo, uma pessoa que diz que se incapaz de realizar uma tarefa, ou acha que boa com as pessoas, ou que irritadia. H um poeta, Fernando Pessoa, que tem uma vasta obra sobre o que acha de si mesmo, inclusive, escrevia por meio de heternimos, os quais o possibilitavam outros achar de si mesmo do mesmo mesmo. Sem querer fazer anlises mais profundas sobre ele, tomemos um de seus exemplos:

Meu Deus! Meu Deus! Quem sou, que desconheo

O que sinto que sou? Quem quero ser

Mora, distante, onde meu ser esqueo,

Parte, remoto, para me no ter.

Outra msica que pode trazer uma representao de si, o trecho de Cazuza:

Sou forte, sou por acaso

Minha metralhadora cheia de mgoas

Eu sou um cara

Tpico 3: Sensorial & Abstrato

O tpico sensorial & abstrato est fundamentado nas ideias de David Hume, John Locke e Berkeley, ainda que tambm aparea Merleau-Ponty, Descartes e Kant. Neste tpico, ser observado como [...] as ideias se originam e imprimem em nossas mentes: via sensaes ou via ideias abstratas (Aiub, p. 36, 2000). s sensaes correspondem tudo aquilo que absorvemos do mundo a partir dos sentidos, audio, viso, paladar, olfato, tato e a propriocepo. O processo pelo qual os materiais de nosso conhecimento so agrupados, repetidos, comparados, reunidos, dano origem s ideias complexa, denominado abstrao (Aiub, p. 11, 2000). Assim, temos:

Adoro sentir a brisa do mar batendo em meu rosto SENSORIAL

Eu penso que todas as pessoas so egostas ABSTRATO

Eu no gosto de andar pelas ruas, vejo mendigos, sujeira. Isso me incomoda. Penso em toda a injustia que existe no pas SENSORIAL&ABSTRATO

Tpico 4: Emoes

O tpico emoes corresponde aos estados afetivos resultantes da associao dos dados sensoriais e abstratos. Est fundamentado em Espinosa e Pascal. Situaes como: eu sinto raiva quando me deixam sozinho, eu tenho medo de falar em pblico, as pessoas odeiam quando algum diz que vai, e no vai. Para falar de emoes, um pouco de Vinicius de Moraes:

Amo-te tanto, meu amor ... no cante

O humano corao com mais verdade ...

Amo-te como amigo e como amante

Numa sempre diversa realidade.

Amo-te afim, de um calmo amor prestante

E te amo alm, presente na saudade.

Amo-te, enfim, com grande liberdade

Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente

De um amor sem mistrio e sem virtude

Com um desejo macio e permanente.

E de te amar assim, muito e amide

que um dia em teu corpo de repente

Hei de morrer de amar mais do que pude.

Tpico 5: Pr-juzos

Os pr-juzos so os pr-conceitos, aquelas verdades que acompanham uma pessoa durante seu devir. Pr-Juzos so verdades subjetivas que a pessoa traz previamente e que entraro em contato com o que vai vivendo. Pois podemos dizer que um pr-juzo um isso assim para mim, antes de saber mais respeito (Caderno B). Apesar da conotao negativa que o termo preconceito adquiriu na nossa sociedade, na FC no h juzo de valor envolvido, ou seja, no certo ou errado ter um pr-juzo. Algumas pessoas o tem, outras no. Os pr-juzos sero observado de forma que possa ser identificado se so determinantes ou no nas escolhas, pensamentos e aes do partilhante. O filsofo de fundamentao o Gadamer, mas tambm h ideias de Popper e Kuhn.

Num rpido passar pela timeline do facebook, possvel encontrar uma srie de pr-juzos postados, alguns deles:

Se olharmos a nossa volta vamos verificar que dentro da nossa prpria famlia existe essa prtica, s vezes, de forma velada, mas divididas em grupos com ideias parecidas. Isso vem de dentro dos lares. Pessoas preconceituosas e liberais. Razes difceis de serem arrancadas.

A internet deu visibilidade aos batalhes de sem carter, de desinformados, de sem almas no nosso pas. Vez ou outra vejo alguns que com quem convivi em ambiente de trabalho. Mal sabia disso, cheguei at a querer bem alguns deles.

A tica, a moral e o respeito precisam ser os mesmos independente das circunstncias.

Por isso precisamos respeitar o modo de cada faz suas prprias escolhas.

4. Identifique pontos para diviso, categorias e tpicos (1 a 5) no texto em anexo.

(Como o mundo parece O que acha de si mesmoSensorial & Abstrato (itlico)EmoesPr-juzos)Legenda:

Circunstncia

Lugar

Tempo

Relaes

Nascida em 12 de novembro de 1961, primeira filha da Jornalista e Radialista Celeste Aparecida Mazza com 17 anos e do Correspondente Lcio Mazza, com 19 anos. Nasci no Hospital Matarazzo as 14h15 pelas mos da Dra. Maria Pia Matarazzo de parto cesrea, pesando 3.170 e medindo 51 cm. Loira, olhos castanhos escuros, cabelos bem lisos, pelo bem branca, passei minha infncia sendo super-ativa, aprontando sempre, muito lindinha e para que minha me, ainda muito jovem, pudesse terminar seus estudos e realizar seu sonho de ser enfermeira ou mdica, ficava trancada em um quarto escuro durante todo o dia sem poder sair. Em 01/07/1963 nasce meu irmo Wagner Mazza, meu companheiro, amigo e orgulho pelo resto da vida. Quando completei 6 anos, minha me aos 23 anos, veio a falecer de cncer nos ovrios e passei a ser educada por minha av paterna, Maria de Aguiar Mazza que apesar dos esforos sempre me considerou um fardo, tanto por ser mulher (s gostavo do netos) como por ser um verdadeiro clone da imagem de minha me. Durante os 8 anos que convivemos, eu realizava todo o servio da domstico da casa e apanhava diriamente pelas traquinagens que continuava a realizar. A partir da morte de minha me comecei a conhecer os prazeres da liberdade absoluta, podia brincar na rua at tarde, gostava das brincadeiras de meninos como chocar caminho, jogar bafo, empinar pipas e pular muros e quebrar vidraas. Brigava muito tambm na sada da escola pois as outras crianas sabiam que era a nica que a me no ia buscar na escola e abusavam disso, eu me defendia na porrada mesmo. Meu pai resolve se casar novamente com uma pessoa que nunca vi, vim a conhecer minha madrasta, Isabel Nogueira Mazza, no altar da igreja durante o casamento, nesta poca estava com 11 anos e moramos juntos por 1 ano. Este ano foi o pior de minha vida, alm de fazer todo o trabalho domstico, apanhava da madrasta, apanhava de minha av e apanhava do meu pai. Fomos expulsos por minha madrasta que nunca aceitou os filhos do primeiro casamento e passamos a morar os trs, eu, meu irmo e minha av no bairro do Tatuap. Aps dois anos minha av veio a falecer e passamos a moras s eu e meu irmo. Faze feliz de muita liberdade, festas, bailes, amigas, viagens, a melhor fase vivida at ento. Aos 18 anos conheci meu primeiro amor, Antonio Vinhas Rodrigues, namoramos apenas 3 meses, o suficiente para que este amor no fosse nunca esquecido. Aps longos 8 meses de separao conheci aquele que seria meu marido, Afonso Basso Neto, foi paixo a primeira vista, noivamos com 4 meses de namoro e nos casamos um ano depois. Na lua de mel fiquei muito doente e retornamos a So Paulo quando fui internada em uma UTI com septicemia generalizada e fiquei ligada a aparelhos e entubada, tive parada cardaca e pude passar pelo abondono do corpo ao encontro de minha me. Mas retornei e sobrevivi jurando viver cada minuto de minha vida intensamente com um sabor jamais provado. Seis meses depois de recuperada engravidei e nasceu o meu primeiro tesouro, Daniel Basso, lorinho, olhos azuis, o beb mais lindo que j pude ver,nesta poca estava com 22 anos. Mais tarde em 13/12/1986 nasceu a minha segunda jia, Carina Basso, cabelinhos cacheados como da mame e olhos castanhos, um clone meu, um anjo cado do cu. Aps um casamento conturbado me divorciei aos 32 anos e formada em Pedagogia fui trabalhar na CET. Desenvolvi uma carreira que posso chamar de brilhante, escrevi um livro infantil - \"Cida Dania e o Anjo Daniel\" que foi premiado com Meno Honrosa pelo I.N.S.T. Instituto Nacional de Segurana no Trnsito e pela Fundacin Mapfre - Espanha. O projeto e livro foram ainda selecionadas pelo Comit Mundial dos Transportes - Canad para representar o Brasil na seo de Educao. Logo aps fui resolvi comear uma nova carreira e entrei no Grupo Projeto como Vendedora de Veculos e tambm consegui realizar uma carreira brilhante passando a Supervisora de Marketing, Gerente de Veculos, Gerente de WEB Marketing, Web Negcios e finalizando como como Diretora da Projeto Ford executando um trabalho modelo para a Ford do Brasil. Hoje o Grupo Projeto passa por momentos de turbulncia e estou eu aqui novamente repensando minha carreira, a procura de novos desafios e tambm a procura de um novo amor. De tudo o que mais interessa que passei por esta vida, vivi intensamente cada minuto, sou muito feliz e realizada e acredito que viver feliz, sorrindo minha principal ddiva.