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21 ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DA ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL 5 10 15 20 2 A CRIANÇA, SUA FORMAÇÃO PESSOAL E SOCIAL E AS ÁREAS DE CONHECIMENTO DE MUNDO 2.1 A criança e sua formação pessoal e social Como foi explicado no primeiro volume, o RCNEI apresenta um segundo volume que trata da criança em seu desenvolvimento pessoal para que ela possa participar de um grupo. As informações encontradas nele são preciosas na medida em que, muitas vezes encontram-se referências a respeito da importância da escola de educação infantil para a socialização da criança, mas em contrapartida, muitos professores esquecem que essa socialização depende da conquista de confiança individual e da interação entre crianças e adultos. Referencial curricular nacional para a educação infantil - volume II - formação pessoal e social Introdução O volume II do RCNEI enfatiza a formação pessoal e social da criança orientada pelo desenvolvimento da identidade e conquista da autonomia, intimamente relacionados com o processo de socialização. Nas interações sociais se dá a ampliação dos laços afetivos que as crianças podem estabelecer com as outras crianças e com os adultos, mas não se pode dizer que a socialização da criança começa na escola de educação infantil, pois ela participa de outros grupos sociais. Unidade I

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2 A CRIANÇA, SUA FORMAÇÃO PESSOAL E SOCIAL E AS ÁREAS DE CONHECIMENTO DE MUNDO

2.1 A criança e sua formação pessoal e social

Como foi explicado no primeiro volume, o RCNEI apresenta um segundo volume que trata da criança em seu desenvolvimento pessoal para que ela possa participar de um grupo. As informações encontradas nele são preciosas na medida em que, muitas vezes encontram-se referências a respeito da importância da escola de educação infantil para a socialização da criança, mas em contrapartida, muitos professores esquecem que essa socialização depende da conquista de confiança individual e da interação entre crianças e adultos.

Referencial curricular nacional para a educação infantil - volume II - formação pessoal e social

Introdução

O volume II do RCNEI enfatiza a formação pessoal e social da criança orientada pelo desenvolvimento da identidade e conquista da autonomia, intimamente relacionados com o processo de socialização. Nas interações sociais se dá a ampliação dos laços afetivos que as crianças podem estabelecer com as outras crianças e com os adultos, mas não se pode dizer que a socialização da criança começa na escola de educação infantil, pois ela participa de outros grupos sociais.

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A ampliação das relações sociais contribui para o reconhecimento do outro e a constatação das diferenças entre as pessoas, valorizando-as e aproveitando-as para o enriquecimento de si próprias.

Além disso, a escola de educação infantil é um dos espaços de inserção das crianças nas relações éticas e morais que permeiam a sociedade na qual estão inseridas. No espaço escolar, por ser parte de um grupo maior, a criança desenvolve conceitos de cooperação, honestidade, justiça, entre outros valores.

Concepções

(RCNEI)

A construção da identidade e da autonomia refere-se ao conhecimento, desenvolvimento e uso dos recursos pessoais nas várias experiências e diferentes situações da vida.

Identidade: o que é próprio, específico e singular a cada pessoa, o que a torna diferente das demais, seu conjunto de modos de agir e de pensar, além das características físicas.

Autonomia: é a capacidade de se conduzir e tomar decisões por si próprio levando em conta regras, valores, sua perspectiva pessoal, bem como a perspectiva do outro.

Processos de fusão e diferenciação: ao nascer o bebê encontra-se num estado de fusão com a mãe. Aos poucos adquire consciência dos limites de seu corpo, bem como das consequências de seus movimentos. São as noções preliminares de que ele é um organismo independente.

Construção de vínculos: a criança precisa construir vínculos afetivos estáveis para sentir-se segura em suas relações sociais. Os principais mediadores da criança são aqueles com os quais ela construiu vínculos afetivos estáveis.

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Expressão da sexualidade: o comportamento socialmente aprovado conforme o sexo de cada pessoa é constantemente apontado nas relações. A sexualidade tem grande importância no desenvolvimento e na vida psíquica das pessoas, pois independentemente da potencialidade reprodutiva, relaciona-se ao prazer, necessidade fundamental dos seres humanos.

Aprendizagem:

A aprendizagem da criança depende dos vínculos que estabelece, das interações com outras pessoas que farão a mediação de conhecimentos. Para aprender a criança utiliza alguns recursos tais como a imitação, o brincar (faz-de-conta), a oposição, a linguagem e a apropriação da imagem corporal.

•-imitação: é o resultado da capacidade de observação para que ela possa aprender com os outros e do desejo da criança de se identificar com pessoas que sejam importantes para ela, de ser aceita e diferenciar-se;

•-brincar: é a representação, a recriação, a elaboração e a significação de situações e papéis sociais que envolvem atitudes, valores e emoções. Processo importante para que a criança se perceba como pessoa pertencente a um grupo social;

•-oposição: opor-se significa diferenciar-se do outro, afirmar o seu ponto de vista, os seus desejos que por serem diferentes reforça a identidade da criança;

•-linguagem: é a capacidade de verbalizar desejos, sentimentos e ideias que auxiliam a resolver conflitos e a estabelecer acordos sociais;

•-apropriação da imagem corporal: apropriar-se de suas características corporais é o primeiro passo, em nível concreto, para que a criança perceba suas diferenças em

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relação aos outros e construa sua identidade, bem como possa utilizar-se dela para expressar-se corporalmente.

Objetivos

Crianças de zero a três anos:

- experimentar e utilizar os recursos que dispõe (choro, fala, gestos) para satisfazer as suas necessidades;

- reconhecer e familiarizar-se com a imagem do próprio corpo;

- interessar-se pelo cuidado com o próprio corpo;

- brincar;

- relacionar-se com outras crianças e adultos da instituição de educação infantil, demonstrando necessidades e interesses;

Crianças de quatro a seis anos:

- ampliação e aprofundamento dos objetivos anteriores;

- ter autoimagem positiva;

- reconhecer e enfrentar situações de conflitos, respeitando a opinião de outras crianças ou de outras pessoas e exigindo respeito;

- incorporar hábitos de cooperação e solidariedade;

- brincar;

- desenvolver hábitos de cuidar-se;

- identificar e compreender os grupos sociais aos quais pertence.

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Conteúdos

Crianças de zero a três anos:

- comunicação de desejos e necessidades;

- reconhecimento do próprio corpo e as diferentes sensações e ritmos que produz;

- identificação de singularidades próprias e das pessoas com as quais convive;

- iniciativa para solicitar ajuda quando for necessário;

- realização de ações cotidianas dentro de suas capacidades para aquisição de independência;

- interesse por brincadeiras e exploração de brinquedos;

- participação em brincadeiras de “esconder e achar” e de imitação;

- escolha de brinquedos, objetos e espaços para brincar;

- participação e interesse em situações que envolvam outras pessoas;

- respeito a regras sociais simples;

- realização da higiene corporal com ajuda;

- manifestação de desconforto quanto à presença de urina e fezes nas fraldas;

- interesse no uso do vaso sanitário;

- interesse em experimentar novos alimentos e comer sem ajuda;

- identificação de situações de risco no seu cotidiano.

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Autoestima: o processo de autoestima, como qualquer outro processo de desenvolvimento, envolve avanços e retrocessos. É basicamente a interiorização que a criança faz em relação à estima que os outros têm por ela e da confiança da qual é alvo.

Escolha: a criança precisa ter oportunidades de escolhas entre diferentes possibilidades.

Faz-de-conta: situações de interação, jogos de esconder e aparecer (o rosto ou o corpo), brincadeira de imitação.

Interação: oportunidade de interação - ficar no berço em vez de ficar em colchões dificulta a interação. Incluir as crianças com necessidades especiais, quando houver.

Imagem: brincadeiras com espelho que é um importante instrumento para a construção da identidade.

Cuidados: favorecer a independência da criança estimulando-a a realizar ações as quais tenha condição de fazer. Os adultos são modelos para as crianças.

Segurança: orientar as crianças quanto ao uso de utensílios, brinquedos e objetos de forma segura (garfo, velas, objetos que possam ser engolidos).

Conteúdos

Crianças de quatro a seis anos:

- manifestação e controle de necessidades e desejos;

- iniciativa para resolver problemas do cotidiano, pedindo ajuda se necessário;

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- identificação de singularidades próprias e das pessoas com as quais convive;

- participação em brincadeiras em que possa escolher (parceiros, objetos, temas);

- participação de meninos e meninas igualmente em brincadeiras (futebol, casinha);

- valorização do diálogo como forma de lidar com conflitos;

- participação em pequenas tarefas cotidianas que envolvam cooperação e solidariedade;

- respeito às características pessoais relacionadas ao gênero, etnia, peso, estatura;

- valorização da higiene e aparência pessoal;

- respeito e valorização da cultura de seu grupo de origem e de outros grupos;

- conhecimento, respeito e utilização de regras básicas de convívio;

- participação em combinados de regras referentes ao grupo, materiais e espaço;

- valorização dos cuidados com os materiais de uso individual e coletivo;

- procedimentos relacionados à alimentação, higiene e cuidados pessoais;

- utilização adequada dos sanitários;

- identificação de situações de risco no seu ambiente mais próximo;

- procedimentos básicos de prevenção a acidentes.

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Orientações didáticas – de quatro a seis anos

Nome: interesse pela escrita, reconhecimento do seu nome e do nome de outras crianças, história do nome.

Imagem: reconhecimento de transformações com uso de fantasias, maquilagem e espelho.

Independência e autonomia: a realização de diversas ações não garante a autonomia, mas é condição para o desenvolvimento. A imobilidade é incompatível com a independência.

Respeito à diversidade: a aceitação do outro e suas diferenças deve estar na ação do adulto.

Identidade de gênero: igualdade e respeito entre as pessoas de sexos diferentes e permitir que a criança brinque com papéis de homem e de mulher.

Interação: o domínio da fala diversifica os modos de interação e favorece a troca de ideias.

Jogos e brincadeiras: reconhecer o próprio corpo e o corpo do outro podem ser atividades de rotina. Sentir os sinais vitais (respiração) e a alteração antes/depois de uma corrida.

Cuidados pessoais: de higiene para com o próprio corpo e de limpeza em relação às dependências (sanitários, lixo, papel higiênico).

Orientações gerais para o professor

O estabelecimento de um clima de segurança, confiança, afetividade, incentivo, elogios e limites colocados de forma segura e afetiva determinam a qualidade da interação entre adultos e crianças. O professor consciente de que o vínculo é,

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para a criança, fonte contínua de significações, reconhece e valoriza as relações interpessoais.

Jogos e brincadeiras

Organizando um ambiente de cuidados essenciais: proteção, alimentação, cuidados com os dentes, banho, troca das fraldas, sono e repouso;

Organização do tempo:

• atividades permanentes (que constituem a rotina: hora da roda, hora do faz-de-conta);

• sequência de atividades (com o objetivo de construir a identidade e a autonomia, introduzir passo a passo uma atividade: escovar os dentes, brincar, iniciando pelo mais fácil).

Observação, registro e avaliação formativa: levar em conta as situações de aprendizagem (não a criança) e as oportunidades oferecidas. Uma criança não saberá os nomes dos colegas se não lhe for dada a oportunidade de sabê-lo e assim, para todas as situações, sempre levando em conta as suas possibilidades.

2.2 A criança e o conhecimento de mundo

Referencial curricular nacional para a educação infantil - volume III - âmbito de conhecimento de mundo

Este volume do RCNEI orienta o professor em seu planejamento diário, pois explica as diversas possibilidades de exploração nas áreas ou eixos para a ampliação do conhecimento de mundo. Essas possibilidades não diferem muito em função da diferença de idade entre as crianças, mas sim, na forma como são exploradas.

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2.2.1 Movimento

O movimento está presente desde o nascimento, a princípio, em manifestações simples que vão se aperfeiçoando conforme a criança cresce. Não se trata apenas de um deslocamento, mas é, também, um tipo de linguagem e está relacionado à cultura humana.

Alguns profissionais da área de educação infantil acreditam que o movimento gera indisciplina, por isso tentam manter a criança imóvel durante a maior parte do tempo com atividades sistematizadas e períodos longos de espera. Outros desenvolvem exercícios corporais restritos, com comandos específicos, enfatizando o adequado deslocamento no espaço.

O movimento é, primeiramente, uma forma de expressão e, portanto, é fundamental que a criança tenha liberdade para manifestar-se espontaneamente.

O desenvolvimento motor ocorre através de conquistas graduais, iniciando no primeiro ano de vida, com ações exploratórias que, à princípio, são a única forma de movimento para os bebês. Com o tempo as funções motoras vão se aprimorando, passando da gratuidade à intenção e consciência dos limites do corpo.

Entre um e três anos de vida a criança aprende a andar e vai gradativamente tornando-se independente para explorar o ambiente e outros objetos. Também conhece cada vez mais seu corpo e suas possibilidades, especialmente nas brincadeiras diante do espelho.

Em torno de quatro até seis anos de idade, o movimento passa a ter caráter voluntário, decorrendo dos desejos e necessidades da criança. Dessa maneira a criança amplia seu repertório motor e dá significado cultural a vários tipos de ações.

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Objetivos

Crianças de zero a três anos

Familiarizar-se com a imagem do próprio corpo; explorar possibilidades corporais; deslocar-se com destreza; confiança no espaço e explorar e usar vários tipos de movimentos.

Crianças de quatro a seis anos

Ampliar e aprofundar os objetivos anteriores e ainda ampliar possibilidades de expressão do movimento; explorar diferentes formas, dinâmicas, limites e potencialidades do corpo; adquirir controle de movimentos; usar os movimentos no manuseio de diferentes materiais e objetos; apropriar-se da imagem global de seu corpo.

Conteúdos: os conteúdos devem priorizar a capacidade expressiva e instrumental dentro de cada faixa etária e de acordo com a cultura de cada região.

Expressividade: relaciona-se aos significados expressivos do movimento.

Equilíbrio e coordenação: exploração e aperfeiçoamento de movimentos amplos e restritos, que envolvam grandes e pequenos músculos.

2.2.2 Música

A música é um tipo de linguagem expressa por formas sonoras que comunicam sensações, sentimentos e pensamentos, por meio de som e silêncio. A música está presente em todas as culturas, nas mais diversas situações: festas, comemorações e rituais. É uma forma importante de expressão humana e, por isso, deve ser constante no contexto da educação infantil.

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Compreende-se a música como linguagem e forma de conhecimento. Está intensamente presente no cotidiano, no rádio, na TV, em gravações, como temas de filmes, jingles, permeando brincadeiras, em manifestações espontâneas, pela intervenção do professor ou familiares, além de outras situações de convívio social, a linguagem musical tem estrutura e características próprias, devendo ser considerada como: produção, apreciação e reflexão.

Na produção, as situações de aprendizagem estão centradas na experimentação e na imitação, tendo como produtos musicais a interpretação, a improvisação e a composição; na apreciação, enfatiza-se a percepção tanto dos sons e silêncios quanto das estruturas e organizações musicais, buscando desenvolver, por meio do prazer da escuta, a capacidade de observação, análise e reconhecimento; na reflexão, exercícios sobre questões referentes à organização, criação, produtos e produtores musicais.

O ambiente organizado de forma a propiciar experiências sonoras e a vivência musical em diferentes e variadas situações do cotidiano, fazem com que as crianças iniciem ou ampliem o processo de musicalização de forma intuitiva. Imitam o que ouvem e também inventam linhas melódicas ou ruídos, explorando possibilidades vocais, da mesma forma como interagem com os objetos e brinquedos sonoros disponíveis, estabelecendo, desde então, um jogo caracterizado pelo exercício sensorial e motor com esses materiais.

A escuta de diferentes sons (produzidos por brinquedos sonoros ou oriundos do próprio ambiente doméstico) também é fonte de observação e descobertas que provocam reações. A audição de músicas provoca diversas sensações e respostas. As crianças podem mostrar-se mais ou menos agitadas conforme o ritmo musical apreciado.

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Objetivos

Crianças de zero a três anos

O trabalho com música deve se organizar de forma a que as crianças desenvolvam as seguintes capacidades: ouvir, perceber e discriminar sons e ruídos diversos, além de fontes sonoras e produções musicais; brincar com a música, imitar, inventar e reproduzir criações musicais.

Crianças de quatro a seis anos

Para esta fase, os objetivos estabelecidos para a faixa etária de zero a três anos deverão ser ampliados e, ainda, explorar e identificar elementos da música para se expressar, interagir com os outros e ampliar seu conhecimento do mundo; perceber e expressar sensações, sentimentos e pensamentos, por meio de improvisações, composições e interpretações musicais.

Conteúdos

Os conteúdos priorizam a música como forma de comunicação e expressão com possibilidades de exploração de materiais e de escuta de obras musicais; vivência da organização dos sons e silêncios em linguagem musical; reflexão sobre a música como produto cultural do ser humano através do fazer e da apreciação musical.

O fazer musical

É um tipo de comunicação que envolve a improvisação, a composição e a interpretação. Improvisar é criar espontânea e momentaneamente, orientando-se por alguns critérios pré-estabelecidos. Esses jogos possibilitam a comunicação por meio da linguagem musical. Compor é criar a partir de estruturas fixas e determinadas.

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Interpretar é executar uma composição que sofre influência e interferência do intérprete. A imitação de sons vocais, corporais ou de instrumentos musicais é a forma mais simples de interpretação.

Apreciação musical

A apreciação musical refere-se à audição e à interação com músicas de diversos ritmos e culturas.

Oficina

A atividade de construção de instrumentos é importante para a exploração de sons criados por elementos da natureza que sejam bastante familiares da criança e justifica a organização de um momento específico em sua rotina, denominado de oficina.

Organização do espaço

O espaço no qual ocorrerão as atividades de música deve ter o mobiliário disposto em função das atividades a serem desenvolvidas.

Em geral, as atividades de música requerem um espaço amplo, uma vez que estão intrinsecamente ligadas ao movimento. Para a atividade de construção de instrumentos, no entanto, são necessárias mesas e cadeiras onde as crianças possam sentar-se e trabalhar com calma. O espaço também deve ser preparado de modo a estimular o interesse e a participação das crianças, contando com alguns estímulos sonoros.

Sugestões de obras musicais e discografia

Acalantos e brincadeiras musicais (muito usados para acalmar os bebês).

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Jogos de escuta dos sons do ambiente, de brinquedos, de objetos ou instrumentos musicais; jogos de imitação de sons vocais, gestos e sons corporais; jogos de adivinhação ligados a sons.

As fontes sonoras

O trabalho com a música deve reunir toda e qualquer fonte sonora: brinquedos, objetos do cotidiano e instrumentos musicais de boa qualidade. A voz humana, pios de pássaros, sinos de diferentes tamanhos, folhas de acetato, brinquedos que imitam sons de animais, entre outros, são materiais interessantes que podem ser aproveitados na realização das atividades musicais.

Nessa fase é importante misturar instrumentos de madeira, metal ou outros materiais a fim de explorar os diferentes timbres. Os idiofones são instrumentos de percussão - xilofones e metalofones; os tambores, que integram a categoria de membranofones; os vários tipos, como bongôs, surdos, caixas, pandeiros, tamborins; os aerofones, pios de pássaros, flautas de êmbolo; os cordofones ou instrumentos de cordas.

O registro musical

Pode ser realizado com movimentos do corpo, por meio de desenho, além da notação (escrita musical convencional, partituras musicais). Nessa faixa etária, a criança não deve ser treinada para a leitura e escrita musical na instituição de educação infantil. O mais importante é que ela possa ouvir, cantar e tocar muito, criando formas de notação musicais com a orientação dos professores.

2.2.3 Artes visuais

As artes visuais são formas de expressar, comunicar e atribuir significado a sensações, sentimentos, pensamentos e realidade por meio de linhas, formas, pontos, espaço, cor, luz, na pintura,

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no desenho, na escultura, na gravura, na arquitetura, nos brinquedos, bordados e entalhes.

As artes visuais estão presentes no cotidiano da vida infantil. Ao explorar e desenhar no chão, na areia e nos muros, ao utilizar materiais encontrados ao acaso (gravetos, pedras, carvão), ao pintar os objetos e até seu próprio corpo, a criança pode utilizar-se das artes para expressar experiências. A arte é linguagem e, portanto, uma das formas importantes de expressão e comunicação humanas, o que, justifica sua presença no contexto da educação infantil.

Em muitas propostas de escolas de educação infantil as artes visuais têm sido usadas como meros passatempos. Em outras escolas têm uma função decorativa, apenas ilustrando temas de datas comemorativas. Há ainda escolas que, baseadas em interpretações equivocadas de pesquisas sobre a valorização da criação infantil, acabam por deixar a expressão artística correr através de um trabalho frouxo, sem nenhum tipo de intervenção, no qual a aprendizagem das crianças evolui pouco.

A arte sofre influência cultural. As crianças exploram, sentem, agem, refletem, elaboram sentidos e constroem significações sobre como se faz, o que é, para que serve e sobre outros conhecimentos a respeito da arte, que, nesse sentido, devem ser concebidas como uma linguagem que tem estrutura e características próprias, cuja aprendizagem, no âmbito prático e reflexivo, se dá por meio da articulação dos seguintes aspectos: fazer artístico, apreciação e reflexão.

O fazer artístico está relacionado à exploração, expressão e comunicação de produção de trabalhos; a apreciação se refere à percepção do sentido que o objeto propõe, à capacidade de construção de sentido, ao reconhecimento, à análise e à identificação de obras de arte e de seus produtores; a reflexão é um pensar sobre todos os conteúdos do objeto artístico.

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A arte infantil sofre interferência e pode ser enriquecida pela ação intencional do professor, mas a criação artística é um ato exclusivo da criança. Todas as modalidades artísticas são importantes (pintura, modelagem, construção tridimensional, colagens), porém o desenho, recurso que revela com muita clareza o desenvolvimento infantil desde a passagem dos rabiscos iniciais da garatuja até as construções cada vez mais ordenadas, nas quais surgem os primeiros símbolos, destaca-se pela simplicidade e facilidade de materiais.

Objetivos

Crianças de zero a três anos

As crianças devem ter a oportunidade de viver situações nas quais elas possam ampliar o conhecimento de mundo que possuem, manipulando diferentes objetos e materiais, explorando suas características, propriedades e possibilidades de manuseio, entrando em contato com formas diversas de expressão artística e utilizando diversos materiais gráficos e plásticos sobre diferentes superfícies para ampliar suas possibilidades de expressão e comunicação.

Crianças de quatro a seis anos

Ampliar e aprofundar os objetivos anteriores; criar condições para que as crianças sejam capazes de se interessar pelas próprias produções, pelas produções de outras crianças e pelas diversas obras artísticas; produzir trabalhos de arte, utilizando a linguagem do desenho, da pintura, da modelagem, da colagem, da construção, desenvolvendo o gosto, cuidado e respeito pelo processo de criação.

Conteúdos

Os conteúdos estão organizados em dois blocos. O primeiro se refere ao fazer artístico e o segundo trata da apreciação em artes visuais.

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A organização por blocos visa a oferecer visibilidade às especificidades da aprendizagem em artes, embora as crianças vivenciem esses conteúdos de maneira integrada.

O fazer artístico

É importante proporcionar à criança vários tipos de materiais e várias maneiras de usá-los permitindo a articulação entre as sensações corporais e as marcas gráficas. Os diversos materiais para produções artísticas devem ser organizados e identificados de maneira que as crianças tenham fácil acesso a eles.

Há várias intervenções possíveis que visam a ampliar o repertório artístico das crianças e devem ser usadas a fim de contribuírem para o desenvolvimento de seus desenhos, no entanto, nenhuma deve tolher a criação e a expressão infantis.

Apreciação em artes visuais

Refere-se às leituras das imagens, gravuras, obras de arte, fotografias, entre outros, nas quais observam-se materiais e técnicas utilizadas, bem como o conhecimento da bibliografia de alguns artistas.

Organização do espaço

A organização da sala, a quantidade e a qualidade dos materiais presentes e sua disposição no espaço são determinantes para o fazer artístico.

No canto de artes podem ser acomodadas caixas que abriguem os materiais, o chão pode ser coberto de jornal para evitar manchas, a secagem das produções pode ser feita pregando os trabalhos em varais ou em paredes, tudo pode ser organizado de forma transitória, mas que possibilite a realização de uma atividade em artes visuais.

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Os recursos materiais

É importante garantir às crianças acesso a uma grande diversidade de instrumentos, meios e suportes. Cada região brasileira possui uma grande variedade de materiais próprios, tanto naturais quanto artesanais e industrializados. O professor pode e deve aproveitá-los desde que sejam respeitados os cuidados descritos.

Materiais e instrumentos como vídeos, projetores, mesas de luz, computadores, fotografias, copiadoras, filmadoras etc., possibilitam o uso da tecnologia atual na produção artística, o que enriquece a quantidade de recursos de que o professor pode utilizar-se.

2.2.4 Linguagem oral e escrita

A apropriação da linguagem oral e escrita é um dos elementos importantes para as crianças ampliarem suas possibilidades de comunicação para a inserção e participação na sociedade.

O trabalho com a linguagem é a base da educação infantil, em função de sua importância para a formação do sujeito, para a interação com as outras pessoas, na orientação das ações das crianças, na construção de muitos conhecimentos e na organização e desenvolvimento do pensamento.

A linguagem oral está presente na rotina das escolas de educação infantil na medida em que todos se comunicam, ou seja, crianças e adultos falam expressando sentimentos e ideias. A linguagem oral possibilita comunicar ideias, pensamentos e intenções de diversas naturezas, influenciar o outro e estabelecer relações interpessoais. Seu aprendizado acontece dentro de um contexto. As palavras só têm sentido em enunciados e textos que significam e são significados por situações socioculturais. A linguagem não é apenas vocabulário, lista de palavras ou sentenças. É por meio do diálogo que a comunicação acontece. São os sujeitos em interações singulares que atribuem sentidos únicos às falas.

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Para aprender a ler e a escrever, a criança precisa construir um conhecimento de natureza conceitual pois envolve esforço cognitivo para compreender não só o que a escrita representa, mas também de que forma ela representa graficamente a linguagem. A alfabetização não é o desenvolvimento de capacidades relacionadas à percepção, memorização e treino de um conjunto de habilidades sensório-motoras. É um processo no qual as crianças precisam resolver problemas de natureza lógica até chegarem a compreender de que forma a escrita alfabética em português representa a linguagem, e assim poderem escrever e ler por si mesmas.

Na linguagem oral, desde muito cedo, os bebês emitem sons articulados que lhes dão prazer e que revelam tentativas de comunicação com os outros. Além da fala, a comunicação ocorre por gestos, sinais e linguagem corporal, que dão significado e apóiam a linguagem oral dos bebês. Aprender a falar, portanto, não consiste apenas em memorizar sons e palavras. A construção da linguagem oral não é linear e ocorre em um processo de aproximações e imitações da fala do outro, como o pai, a mãe, o professor, os amigos ou pessoas ouvidas na televisão e no rádio.

Desenvolvimento da linguagem escrita

Nas sociedades letradas as crianças, desde os primeiros meses, estão em permanente contato com a linguagem escrita. É por meio desse contato diversificado em seu ambiente social que as crianças descobrem o aspecto funcional da comunicação escrita, desenvolvendo interesse e curiosidade por essa linguagem. A aprendizagem da linguagem escrita está associada ao contato com textos diversos, para que as crianças possam construir sua capacidade de ler e as práticas de escrita, podendo, assim, desenvolver a capacidade de escrever autonomamente.

Não é raro observar as crianças muito pequenas que têm contato com material escrito, folhear um livro, emitir sons e fazer gestos como se estivessem lendo.

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Objetivos

Crianças de zero a três anos

Organizar um ambiente no qual a criança possa participar de variadas situações de comunicação oral, para interagir e expressar desejos, necessidades e sentimentos por meio da linguagem oral, contando suas vivências; interessar-se pela leitura de histórias; familiarizar-se aos poucos com a escrita por meio da participação em situações nas quais ela se faz necessária e do contato cotidiano com livros, revistas, histórias em quadrinhos, entre outros materiais de leitura.

Crianças de quatro a seis anos

Ampliar e aprofundar os objetivos anteriores e ainda propiciar à criança ampliar gradativamente suas possibilidades de comunicação e expressão, interessando-se por conhecer vários gêneros orais e escritos; familiarizar-se com a escrita por meio do manuseio de livros, revistas e outros textos; escutar textos lidos, apreciando a leitura feita pelo professor; interessar-se por escrever palavras e textos ainda que não de forma convencional; reconhecer seu nome escrito, sabendo identificá-lo nas diversas situações do cotidiano; escolher os livros para ler e apreciar.

Conteúdos

A linguagem é usada em inúmeras situações sociais. Para que a criança se interesse é preciso que ela perceba a função da leitura e da escrita nessas situações.

Falar e escutar para conversar, brincar, comunicar e expressar desejos, necessidades, opiniões, ideias, preferências e sentimentos; relatar suas vivências nas diversas situações de interação presentes no cotidiano; perguntar e responder de acordo com os diversos contextos de que participa; explicar e argumentar suas ideias e pontos de vista; relatar experiências vividas e narrar fatos em sequência temporal e causal; recontar

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histórias conhecidas com aproximação às características da história original no que se refere à descrição de personagens, cenários e objetos, com ou sem a ajuda do professor; conhecer e participar de jogos verbais, como travalínguas, parlendas, adivinhas, quadrinhas, poemas e canções.

Práticas de leitura

• participação em situações em que os adultos leiam textos;

• participação em situações em que as crianças leiam textos;

• reconhecimento do próprio nome dentro do conjunto de nomes do grupo;

• observação e manuseio de materiais impressos variados;

• valorização da leitura como fonte de prazer e entretenimento.

Práticas de escrita

• participação em situações cotidianas nas quais se faz necessário o uso da escrita;

• escrita do próprio nome em situações em que isso é necessário;

• produção de textos individuais e/ou coletivos ditados oralmente ao professor para diversos fins;

• prática de escrita de próprio punho, utilizando o conhecimento de que dispõe no momento, sobre o sistema de escrita em língua materna;

• respeito pela produção própria e alheia.

Os recursos didáticos e sua utilização

Os principais recursos que precisam estar disponíveis na instituição de educação infantil são os textos trazidos para a

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sala do grupo nos seus portadores de origem, isto é, nos livros, jornais, revistas, cartazes e cartas.

O gravador é um importante recurso didático por permitir que se ouça posteriormente o que se falou. O trabalho com a escrita pode ser enriquecido por meio da utilização do computador.

A elaboração de raciocínio com começo, meio e fim ou a imitação da ação do adulto numa atividade de leitura demonstra que a criança já percebe que há uma forma de leitura convencional que deve ser dominada para que ela possa participar da sociedade letrada.

No trabalho com a leitura e a escrita é muito importante que o professor perceba que a interpretação e o significado são mais importantes do que a codificação. Antes mesmo da aprendizagem da leitura, a criança já interpreta situações, histórias, gravuras, sabe quem são os personagens mais importantes ou os que assumem posições características do bem e do mal.

2.2.5 Natureza e sociedade

As crianças pertencem a um meio repleto de fenômenos naturais e sociais indissociáveis diante dos quais são curiosas e investigativas. Como parte de grupos socioculturais singulares, vivenciam experiências e interagem num contexto de conceitos, valores, ideias, objetos e representações sobre os mais diversos temas a que têm acesso na vida cotidiana, construindo um conjunto de conhecimentos sobre o mundo que as cerca.

As escolas de educação infantil sempre trabalharam conteúdos da área das ciências naturais e sociais, porém, algumas visam a preparar as crianças para os níveis escolares posteriores, antecipando assuntos do ensino fundamental. Outras propostas e práticas escolares partem da ideia de que tratar da diversidade cultural, social, geográfica e histórica significa ir além da capacidade de compreensão

Observe: Uma criança folheando uma revista ou um livro, contando uma história ou fazendo de conta que sabe ler.5

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das crianças, tratando os eventos naturais e sociais com superficialidade.

O trabalho com os conhecimentos derivados das ciências humanas e naturais deve buscar a ampliação de experiências científicas das crianças, propiciando a construção de conhecimentos diversificados sobre o meio social e natural e a pluralidade de fenômenos e acontecimentos (físicos, biológicos, geográficos, históricos e culturais).

As crianças, conforme a idade, demonstram interesses específicos. As menores, manifestam a necessidade de explorar objetos concretos da realidade conhecida, observada, sentida e vivenciada. Conforme cresce e adquire o domínio da linguagem, assim como a capacidade de interação, há uma ampliação de questionamentos cada vez mais mediados por representações e significados construídos culturalmente. Assim, a criança constrói e reconstrói noções que favorecem mudanças no seu modo de compreender o mundo, permitindo que ocorra um processo de confrontação entre suas hipóteses e explicações com os conhecimentos culturalmente difundidos nas interações com os outros, com os objetos e fenômenos e por intermédio da atividade interna e individual.

Objetivos

Crianças de zero a três anos

A ação educativa deve proporcionar à criança explorar o ambiente, para que possa se relacionar com pessoas, estabelecer contato com animais, plantas e com objetos diversos, manifestando curiosidade e interesse;

Crianças de quatro a seis anos

Aprofundar os objetivos anteriores e organizar situações para que as crianças sejam capazes de interessar-se e demonstrar

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curiosidade pelo mundo social e natural, formulando perguntas, imaginando soluções para compreendê-lo, manifestando opiniões próprias sobre os acontecimentos, buscando informações e confrontando ideias; estabelecer algumas relações entre o modo de vida característico de seu grupo social e de outros grupos; estabelecer algumas relações entre o meio ambiente e as formas de vida que ali se estabelecem, valorizando sua importância para a preservação das espécies e para a qualidade da vida humana.

Conteúdos

Organização dos grupos e seu modo de ser, viver e trabalhar

As crianças, desde que nascem, participam de diversas práticas sociais no seu cotidiano, dentro e fora da instituição de educação infantil.

Os lugares e suas paisagens

A paisagem decorrente da ação da natureza e da ação do homem em sociedade. A percepção dos elementos que compõem a paisagem do lugar onde se vive é uma aprendizagem fundamental para que a criança possa desenvolver uma compreensão cada vez mais ampla da realidade social e natural e das formas de nela intervir.

Objetos e processos de transformação

Conhecer as relações existentes entre os seres humanos e a natureza, a transformação e a utilização dos recursos naturais nas diversas culturas.

Os seres vivos

O conhecimento é fundamental para que as crianças respeitem e preservem a vida, o meio ambiente e desenvolvam atitudes relacionadas à sua saúde.

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Fenômenos da natureza

Os fenômenos naturais geram bastante curiosidade na criança e ela precisa compreender que há uma relação entre os fenômenos naturais e a vida humana.

A organização dos conteúdos em blocos objetiva a organização do trabalho e não a cisão de assuntos, fragmentando o conhecimento da criança. A intenção é integrar todos os conhecimentos e não compartimentá-los conforme o título.

Diferentes formas de sistematização dos conhecimentos

A sistematização acontece não só ao final do processo, mas principalmente no decorrer dele, através de registros realizados por diferentes linguagens e formas (textos coletivos ou individuais, murais ilustrados, desenhos e maquetes).

2.2.6 Matemática

Desde que nascem as crianças estão inseridas num universo repleto de informações relacionadas à matemática. Elas participam de constantes situações envolvendo números, relações entre quantidades e noções sobre espaço. Utilizando recursos próprios, elas contam e resolvem problemas cotidianos como conferir figurinhas, marcar e controlar os pontos de um jogo, dividir balas e brinquedos entre os amigos, mostrar com os dedos a idade, manipular o dinheiro e operar com ele. Também observam e atuam no espaço ao seu redor e, aos poucos, vão organizando seus deslocamentos, descobrindo caminhos, estabelecendo sistemas de referência, identificando posições e comparando distâncias. Essa vivência inicial favorece a elaboração de conhecimentos matemáticos.

A repetição, memorização e associação têm se mostrado muito presentes nas propostas das escolas de educação infantil, pois alguns profissionais acreditam que as crianças aprendam esse e outros conteúdos dessa maneira. A rotina repleta de

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atividades com sequência linear de conteúdos, encadeados do mais fácil para o mais difícil, parece ser unanimidade nas instituições escolares.

A ampliação dos estudos sobre o desenvolvimento infantil e pesquisas realizadas no campo da própria educação matemática permitem questionar essa concepção de aprendizagem restrita à memorização, repetição e associação, que acredita na aprendizagem partindo do concreto ao abstrato.

O raciocínio da criança, tanto para conteúdos matemáticos como para conteúdos de outras áreas, ocorre de maneira integrada, na qual a manipulação concreta se completa com a abstração de alguns elementos e conceitos. Quando o sujeito constrói conhecimento, as operações de classificação e seriação necessariamente são exercidas e se desenvolvem, sem que haja um esforço didático especial para isso. A conservação do número não é um pré-requisito para trabalhar com os números e, portanto, o trabalho com conteúdos didáticos específicos não deve estar atrelado à construção das noções e estruturas intelectuais mais gerais.

As noções matemáticas (contagem, relações quantitativas e espaciais etc.) são construídas pelas crianças a partir das experiências proporcionadas pelas interações com o meio, pelo intercâmbio com outras pessoas que possuem interesses, conhecimentos e necessidades que podem ser compartilhados.

Objetivos

Crianças de zero a três anos

A abordagem da matemática na educação infantil tem como finalidade proporcionar oportunidades para que as crianças desenvolvam a capacidade de estabelecer aproximações a algumas noções matemáticas presentes no seu cotidiano, como contagem e relações espaciais.

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Crianças de quatro a seis anos

Para esta fase, o objetivo é aprofundar e ampliar o trabalho para a faixa etária de zero a três anos de idade, garantindo, ainda, oportunidades para que sejam capazes de reconhecer e valorizar os números, as operações numéricas, as contagens orais e as noções espaciais como ferramentas necessárias no seu cotidiano; comunicar ideias matemáticas, hipóteses, processos utilizados e resultados encontrados em situações-problema relativas a quantidades, espaço físico e medida, utilizando a linguagem oral e a linguagem matemática; confiar em suas próprias estratégias e na sua capacidade para lidar com situações matemáticas novas, utilizando seus conhecimentos prévios.

Conteúdos

A seleção e a organização dos conteúdos matemáticos devem considerar os conhecimentos prévios e as possibilidades cognitivas das crianças para ampliá-los. Para tanto, aprender matemática é um processo contínuo de abstração no qual as crianças atribuem significados e estabelecem relações com base nas observações e experiências; a construção de competências matemáticas pela criança ocorre simultaneamente ao desenvolvimento de inúmeras outras competências de naturezas diferentes e igualmente importantes, tais como comunicar-se oralmente, desenhar, ler, escrever, movimentar-se, cantar etc.

Números e sistema de numeração

Envolve contagem, notação e escrita numéricas e as operações matemáticas.

Contagem

Mesmo que haja a recitação oral em jogos e brincadeiras, é necessário que as crianças compreendam o sentido do que estão fazendo.

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Notação e escrita numéricas

Ler os números, compará-los e ordená-los para a compreensão do significado da notação numérica. Confrontar-se com situações em que haja números em diferentes contextos.

Operações

Ao contar de dois em dois ou de dez em dez, tirando uma quantidade de outra, distribuindo figuras, fichas ou balas, as crianças estão realizando ações de acrescentar, agregar, segregar e repartir relacionadas às operações aritméticas. O cálculo é aprendido junto com a noção de número.

Grandezas e medidas

Explorar diferentes procedimentos para comparar grandezas, medidas de comprimento, peso, volume e tempo, pela utilização de unidades convencionais e não convencionais, marcação do tempo por meio de calendários, experiências com dinheiro em brincadeiras ou em situações de interesse das crianças.

Espaço e forma

Representação de posições de pessoas e objetos; exploração e identificação de propriedades geométricas de objetos e figuras, como formas, tipos de contornos, dimensionalidade, faces planas, lados retos; identificação de pontos de referência para situar-se e deslocar-se no espaço; descrição e representação de pequenos percursos e trajetos, observando pontos de referência.

Muitas noções matemáticas são abordadas em jogos e brincadeiras interessantes às crianças da faixa etária entre o nascimento e os seis anos de idade, por isso, à escola de educação infantil cabe a organização de situações lúdicas nas quais as crianças compartilhem momentos prazerosos e construam conhecimentos variados, bem como ampliem suas habilidades. Com caráter coletivo, os jogos e as brincadeiras permitem que o

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grupo se estruture, que as crianças estabeleçam relações ricas de troca, aprendam a esperar a sua vez, acostumem-se a lidar com regras, conscientizando-se de que podem ganhar ou perder.

Em todas as áreas de conhecimento de mundo do RCNEI, encontra-se um item específico para orientações gerais para o professor, que é a organização do tempo nas modalidades: atividades permanentes, sequência de atividades e projetos, além de observação, registro e avaliação formativa.

Nas orientações gerais para o professor encontram-se várias sugestões para o trabalho específico das áreas com muitas possibilidades de trabalho. Como no caso do ambiente alfabetizador. Diz-se que um ambiente é alfabetizador quando propicia o uso real da leitura e escrita em situações significativas para as crianças.

Na organização do tempo aponta-se o cantar e ouvir músicas; os ateliês ou os ambientes de trabalho nos quais são oferecidas diversas atividades paralelas como desenhar, pintar, modelar e fazer construções e colagens, para que as crianças escolham o que querem fazer; leitura, jogos de escrita, o faz-de-conta; o uso de calendário assim como a distribuição de material, o controle de quantidades de peças de jogos ou de brinquedos como atividades constantes no cotidiano das crianças e por isso, chamadas de atividades permanentes. Também são rotineiros os cuidados com os animais e plantas, jogos e brincadeiras culturais e folclóricos, envolvendo o gesto, o movimento, o canto e a dança; o faz-de-conta, cirandas, pular corda e amarelinha também são maneiras de estabelecer contato consigo próprio e com o outro, de se sentir único e, ao mesmo tempo, parte de um grupo, e de trabalhar com as estruturas e formas musicais que se apresentam em cada canção e em cada brinquedo.

As atividades que exijam sequência ou graduação de dificuldades, mostram-se bem interessantes se trabalhadas através de jogos de percepção e observação do seu corpo e do

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corpo de seus colegas; desenhar a partir de uma interferência colocada previamente no papel, que pode ser um desenho ou uma colagem de uma parte do corpo humano; observar figuras humanas nas imagens de arte. Nas sequências de leitura pode-se eleger, temporariamente, textos que propiciem conhecer a diversidade possível existente dentro de um mesmo gênero, como por exemplo, ler vários livros da obra de um escritor.

Os projetos permitem a integração entre os conteúdos dos eixos de trabalho. Nos projetos relacionados a qualquer eixo de trabalho, é comum que se faça o uso do registro escrito como recurso de documentação. As elaborações de um livro de regras de jogos de um catálogo de coleções ou de um fascículo informativo sobre a vida dos animais, por exemplo, podem ser produtos finais de projetos. A elaboração de projetos é a forma de organização didática mais adequada para se trabalhar com essa faixa etária, partindo das indagações infantis sobre eventos da área de natureza e sociedade, devido à diversidade dos conteúdos que ela oferece por seu caráter interdisciplinar.

Quanto ao item observação, registro e avaliação formativa, são consideradas como experiências prioritárias para a aprendizagem musical das crianças: a atenção para ouvir, responder ou imitar; a capacidade de expressar-se musicalmente por meio da voz, do corpo e com os diversos materiais sonoros.

Em artes visuais a avaliação deve buscar entender o processo de cada criança, a significação que cada trabalho proporciona, afastando julgamentos, como feio ou bonito, certo ou errado, que utilizados dessa maneira em nada auxiliam o processo educativo.

É possível aproveitar as inúmeras ocasiões rotineiras em que as crianças falam, lêem e escrevem para se fazer um acompanhamento de seus progressos. A elaboração de perguntas, respostas, ampliação de vocabulário e do repertório de histórias são aspectos a serem observados na avaliação.

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O contato com a natureza é de fundamental importância para as crianças e o professor deve oferecer oportunidades diversas para que elas possam descobrir sua riqueza e beleza. Por meio dela, pode-se conhecer mais acerca do que as crianças sabem fazer, do que pensam a respeito dos fenômenos que observam, do que ainda lhes é difícil entender, assim como conhecer mais sobre os interesses que possuem.

Considera-se que a aprendizagem de noções matemáticas na educação infantil esteja centrada na relação de diálogo entre adulto e crianças e nas diferentes formas utilizadas por estas últimas para responder a perguntas, resolver situações-problema, registrar e comunicar qualquer ideia matemática.

A avaliação formativa refere-se ao percurso evolutivo de cada criança, sem idealizar resultados a serem alcançados por todas, mas observando as conquistas realizadas individualmente.

Bibliografia básica

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF- 3 vols. 1998.

______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil. Brasília-DF: MEC/SEF. 2 vols. 2006.

OLIVEIRA, Zilma Ramos de. Educação Infantil: fundamentos e métodos. São Paulo; Cortez. 2007.

Bibliografia Complementar

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Política Nacional de Educação Infantil: pelo direito das crianças de zero a seis anos à Educação. Brasília-DF: MEC/SEF, 2006.

OLIVEIRA-FORMOSINHO, Julia; KISHIMOTO, Tizuko M. (Org.). Formação em contexto: uma estratégia de integração. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.

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