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(83) 3322.3222 [email protected] www.epbem.com.br ESTUDANDO GEOMETRIA COM O GEOPLANO Juan Felipe de Azevedo Falcão; Luana Gabriela Martiniano da Silva; Sintia Daniely Alves de Melo; Michelly Cássia de Azevedo Marques Universidade Estadual da Paraíba- UEPB, [email protected] ; Universidade Estadual da Paraíba- UEPB, [email protected] ; Universidade Estadual da Paraíba- UEPB, [email protected] ; Universidade Estadual da Paraíba- UEPB, [email protected] . Resumo: Este trabalho é fruto de uma intervenção do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência- PIBID- UEPB, subprojeto de matemática junto a Escola Estadual de Ensino Médio Pe. Emídio Viana Correia na cidade de Campina Grande- PB. O PIBID tem o objetivo de auxiliar as escolas que possuem IDEB baixo a mudar sua realidade, através de metodologias diversificadas e inovadoras. Neste trabalho, elaboramos e aplicamos um minicurso sobre alguns conteúdos de geometria com a utilização do material manipulável geoplano. Pesquisamos artigos de trabalhos já realizados com materiais manipulaveis e com o geoplano e buscamos exemplos de atividades que foram adaptadas para o nosso estudo. O minicurso foi desenvolvido em duas tardes com os alunos do ensino médio regular e também dos cursos profissionalizantes: magistério e eventos. Desenvolvemos atividades relacionadas a geometria e os seguintes conteúdos: formas geométricas, polígonos – classificação e elementos, área e perímetro de figuras planas. Os alunos construíram várias figuras geométricas utilizando o geoplano além de utilizarem o papel pontilhado para registro e resolução de algumas questões propostas. Percebemos a disciplina e concentração dos alunos nas atividades e o entusiasmo deles em cada nova descoberta. Os resultados obtidos foram de bastante valia para nós bolsistas, pois pudemos observar as dificuldades, dúvidas e também o desenvolvimento dos alunos ao resolver as atividades propostas. Observamos também que para os alunos, o minicurso foi proveitoso, pois muitos deles relataram que os conteúdos escolhidos para nossas atividades não tinham sido estudados no ensino fundamental. Dessa forma acreditamos que contribuímos para que esses alunos possam desenvolver melhor os estudos de Geometria durante o ensino médio nos anos escolares seguintes, pois a partir das atividades desenvolvidas os alunos puderam atribuir significado a vários conceitos como ângulo, diagonais, perímetro, área entre outros. Palavras-chave: Geoplano, Materiais Manipuláveis, Geometria. Introdução O processo de ensino-aprendizagem não se dá apenas através de situações mecânicas onde o aluno repete os algoritmos ou fórmulas que foram explicados pelo professor, mas esse processo pode ser acrescido de materiais manipuláveis que possibilitem uma melhor compreensão dos assuntos que são abordados em sala de aula. O conceito de materiais manipuláveis é apresentado por vários autores, como por exemplo Serrazina (1991, p. 37, apud BOTAS e MOREIRA, 2013). Para este autor os materiais manipuláveis são objetos, instrumentos que podem ajudar os alunos a descobrir, a entender ou consolidar conceitos fundamentais nas diversas fases da aprendizagem. Material concreto de uso comum ou educacional, que permita, durante uma situação de aprendizagem, apelar para os vários sentidos dos alunos,

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ESTUDANDO GEOMETRIA COM O GEOPLANO

Juan Felipe de Azevedo Falcão; Luana Gabriela Martiniano da Silva; Sintia Daniely Alves de Melo;Michelly Cássia de Azevedo Marques

Universidade Estadual da Paraíba- UEPB, [email protected] ; Universidade Estadual da Paraíba- UEPB,[email protected] ; Universidade Estadual da Paraíba- UEPB, [email protected]; Universidade

Estadual da Paraíba- UEPB, [email protected].

Resumo: Este trabalho é fruto de uma intervenção do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação àDocência- PIBID- UEPB, subprojeto de matemática junto a Escola Estadual de Ensino Médio Pe. EmídioViana Correia na cidade de Campina Grande- PB. O PIBID tem o objetivo de auxiliar as escolas quepossuem IDEB baixo a mudar sua realidade, através de metodologias diversificadas e inovadoras. Nestetrabalho, elaboramos e aplicamos um minicurso sobre alguns conteúdos de geometria com a utilização domaterial manipulável geoplano. Pesquisamos artigos de trabalhos já realizados com materiais manipulaveis ecom o geoplano e buscamos exemplos de atividades que foram adaptadas para o nosso estudo. O minicursofoi desenvolvido em duas tardes com os alunos do ensino médio regular e também dos cursosprofissionalizantes: magistério e eventos. Desenvolvemos atividades relacionadas a geometria e os seguintesconteúdos: formas geométricas, polígonos – classificação e elementos, área e perímetro de figuras planas.Os alunos construíram várias figuras geométricas utilizando o geoplano além de utilizarem o papelpontilhado para registro e resolução de algumas questões propostas. Percebemos a disciplina e concentraçãodos alunos nas atividades e o entusiasmo deles em cada nova descoberta. Os resultados obtidos foram debastante valia para nós bolsistas, pois pudemos observar as dificuldades, dúvidas e também odesenvolvimento dos alunos ao resolver as atividades propostas. Observamos também que para os alunos, ominicurso foi proveitoso, pois muitos deles relataram que os conteúdos escolhidos para nossas atividades nãotinham sido estudados no ensino fundamental. Dessa forma acreditamos que contribuímos para que essesalunos possam desenvolver melhor os estudos de Geometria durante o ensino médio nos anos escolaresseguintes, pois a partir das atividades desenvolvidas os alunos puderam atribuir significado a váriosconceitos como ângulo, diagonais, perímetro, área entre outros. Palavras-chave: Geoplano, Materiais Manipuláveis, Geometria.

Introdução

O processo de ensino-aprendizagem não se dá apenas através de situações mecânicas onde o

aluno repete os algoritmos ou fórmulas que foram explicados pelo professor, mas esse processo

pode ser acrescido de materiais manipuláveis que possibilitem uma melhor compreensão dos

assuntos que são abordados em sala de aula.

O conceito de materiais manipuláveis é apresentado por vários autores, como por exemplo

Serrazina (1991, p. 37, apud BOTAS e MOREIRA, 2013). Para este autor os materiais

manipuláveis são objetos, instrumentos que podem ajudar os alunos a descobrir, a entender ou

consolidar conceitos fundamentais nas diversas fases da aprendizagem.

Material concreto de uso comum ou educacional, que permita, durante umasituação de aprendizagem, apelar para os vários sentidos dos alunos,

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devendo ser manipulados, e que se caracterizam pelo envolvimento activodos alunos, por exemplo, o ábaco, geoplano, folhas de papel, etc. ( VALE,1999, p. 112, apud BOTAS e MOREIRA, 2013).

Ao utilizar materiais manipulativos torna-se necessário que o educador avalie o material e a

maneira como deve ser apresentado aos discentes, a fim de que o mesmo não seja apenas um

instrumento de diversão ou distração, mas que seja um método que contribua para o

desenvolvimento da aprendizagem. Serrazina (1990, apud BOTAS e MOREIRA, 2013) afirma que

qualquer material deve ser usado de forma cuidadosa, onde o mais importante não é o material em

si, mas a experiência significativa que esse deve proporcionar ao aluno, uma vez que a utilização

dos materiais, por si só, não é sinônimo ou garantia de uma aprendizagem significativa.

Para (MOYER, 2001, apud BOTAS e MOREIRA, 2013) os professores têm um papel

determinante na criação de ambientes matemáticos, pois ao aprenderem estratégias apropriadas ao

uso de materiais manipuláveis, modificam as suas crenças relativamente ao modo como os alunos

aprendem Matemática. Contudo, é preciso que o educador conheça bastante o material manipulável

de forma que utilize de maneira que gere um ambiente de construção de conhecimento.

A manipulação de materiais manipuláveis além de proporcionar ao aluno um ambiente novo

diferente do que ele está acostumado em sala de aula com a utilização de caderno e de lápis,

contribui no desenvolvimento da criatividade, melhora a coordenação motora, proporciona

habilidade ao manusear objetos diversos, além de possibilitar ao discente o envolver-se fisicamente,

onde o mesmo pode construir o seu próprio saber gerando a compreensão de conceitos abstratos.

Nada deve ser dado à criança, no campo da matemática, sem primeiroapresentar-se a ela uma situação concreta que leve a agir, a pensar, aexperimentar, a descobrir, e daí, a mergulhar na abstração. (AZEVEDO,p.27, apud SOUZA, 2016)

Umas das ferramentas fundamentais na contribuição da aprendizagem aliada a utilização de

materiais manipuláveis é criar um ambiente que contribua para a aprendizagem, como por exemplo

na utilização de um Laboratório de Ensino e Aprendizagem de Matemática.

Educadores pesquisadores como Rêgo & Rêgo, Scheffer, Perez e outros,citadas por Lorenzato (2006), que já utilizam o LEM em suas atividadespedagógicas, revelam que o seu uso tem refletido de maneira positiva comoambiente motivador do interesse dos alunos, uma forma mais atrativa eorganizada de utilização dos materiais didáticos, facilitando com isso, acompreensão de conceitos e propriedades matemáticas. (OSHIMA ePAVANELLO, 1989).

O Geoplano foi criado pelo professor Caleb Gattegno, do Instituto de Educação da

Universidade de Londres em 1961. O nome Geoplano vem da junção Geo, que significa geometria

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e Plano, que significa superfície plana, portanto, Geoplano. (KNIJNIK, BASSO e KLÜSENER,

1996, MENEZES, 2008). É caracterizado por um tabuleiro de formato quadrangular, construído em

madeira ou material características semelhantes, no tabuleiro são afixados pregos, pinos ou

parafusos equidistantes entre si, os materiais auxiliadores são barbantes, fios, ligas de borracha, etc.

a serem anexados aos pregos, formando diversas figuras geométricas planas, permitindo assim uma

flexibilidade para discutir propriedades e características das mesmas.

Fonte: Os autores.

Figura 1: O geoplano utilizado em nossas atividades

O raciocínio geométrico abrange um conjunto de habilidades importantes para uma

percepção mais apurada do mundo que cerva o indivíduo. Desse modo, este indivíduo observa para

construir, ou constrói para observar, ou ainda representa e constrói. O geoplano é um dos recursos

que pode auxiliar o trabalho desta área da matemática, desenvolvendo atividades com figuras e

formas geométricas- principalmente planas- características e propriedades delas (vértices, arestas,

lados), ampliação e redução de figuras, simetria, área e perímetro.

Por isso o Geoplano é visto como um material concreto e, por sua vez, didático. Gattegno

(apud KNIJNIK, BASSO e KLÜSENER, 1996, p. 5-6) afirma que:

Todos os Geoplanos têm indubitável atrativo estético e foram adotados poraqueles professores que os viram ser utilizados. Podem proporcionarexperiências geométricas a crianças desde cinco anos, propondo problemasde forma, dimensão, de simetria, de semelhança, de teoria dos grupos, degeometria projetiva e métrica que servem como fecundos instrumentos detrabalho, qualquer que seja o nível de ensino.

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O Geoplano possibilita ao professor fugir da postura tradicional de ministrar suas aulas,

oferecendo uma metodologia alternativa para se ensinar a Matemática possibilitando ao aluno

construir seus próprios conceitos referentes ao conteúdo trabalhado. Pesquisas realizadas por

pesquisadores educacionais mostram que o uso do Geoplano, além, de deixar as aulas mais

atrativas, aumentou o interesse de aprender e estudar matemática. Segundo Costa (2011), “o

Geoplano proporciona para a aprendizagem dos alunos num ambiente investigativo, envolvendo

assim o professor e o aluno na construção do conhecimento e consequentemente da aprendizagem.”

Com isso, percebe-se a importância desse material no ensino aprendizagem da matemática.

Fonte: Os autores.

Figura 2: Alunos utilizando o geoplano.

A Importância da Geometria

De início devemos nos perguntar: qual a importância da geometria? De que vale estudar

geometria?

Para Wheeler (1981) “a geometria começa pela visão mas caminha para o pensamento”, pois

a geometria está em todo lugar e nos faz pensar e investigar nos levando ao raciocínio hipotético.

Segundo Freudenthal (1973) “a geometria ocorre pela experiência e pela interpretação do espaço no

qual as pessoas vivem, respiram e se movem.” Com isso, as pessoas que estudam geometria deve

ter uma visão ampla e investigativa para poder observar e viver essas experiências ditas por

Freudenthal.

Pavanello (1995) mostra a Geometria como sendo o ramo da Matemática mais adequado

para o desenvolvimento de capacidades intelectuais, colabora para a percepção espacial, a

criatividade, o raciocínio hipotético-dedutivo e ainda:

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A Geometria oferece um maior número de situações nas quais o aluno podeexercitar sua criatividade ao interagir com as propriedades dos objetos, aomanipular e construir figuras, ao observar suas características, compará-las,associá-las de diferentes modos, ao conceber maneiras de representá-las.(PAVANELLO. 1995).

Mas será que a geometria é mesmo considerada importante? Infelizmente o aprofundamento

na geometria é escasso, pois muitas vezes os alunos veem o assunto da geometria de uma forma

rápida e não se aprofundam no assunto. Alguns professores não concluem os tópicos de geometria

indicados para cada ano, priorizando outras áreas por acreditar que sejam mais importantes.

Entretanto, sabemos quão é importante o estudo da Geometria pelos motivos já citados pelos

autores e como indica os PCNs:

Usar as formas geométricas para representar ou visualizar partes do mundoreal é uma capacidade importante para a compreensão e construção demodelos para resolução de questões da Matemática e de outras disciplinas.Como parte integrante deste tema, o aluno poderá desenvolver habilidadesde visualização, de desenho, de argumentação lógica e de aplicação na buscade solução para problemas. (BRASIL, 2002)

Diante dessa situação, de acordo com Souza (2013),

Quando a geometria é discutida com os alunos do Ensino Médio, estesapresentam uma dificuldade muito grande em entender os conceitos eaplicações desse conteúdo. Assim, as diversas habilidades que os estudantespoderiam adquirir para seu desenvolvimento acabam sendo limitada amemorização de fórmulas para uma futura avaliação.

Durante a aplicação do nosso minicurso observamos o que o autor comenta acima. Os

alunos apresentaram muitas dificuldades, sobretudo com relação aos conceitos geométricos mais

básicos como classificação e propriedades dos polígonos, ângulos, posições entre retas etc.

Assim, como indica Filho (2002, p.17 apud MACHADO, 2010, p.16), a escola herda mais

esse papel:

A linguagem geométrica está de tal modo inserido no cotidiano, que aconsciência desse fato não é explicitamente percebida. É dever da escolaexplicitar tal fato a fim de mostrar que a Geometria faz parte da vida, poisvivemos num mundo de formas e imagens.

Então, a escola também deve estar presente e buscar solução para as dificuldades dos alunos

como relação aos conceitos da geometria como também poderia supervisionar os professores para

dar mais ênfase a esse assunto. Concordamos como Freudenthal (1973, apud FONSECA, et al,

2002),

A Geometria é uma das melhores oportunidades que existem para aprendercomo matematizar a realidade. É uma oportunidade de fazer descobertas,como muitos exemplos mostratão. Com certeza, os npumeros são també um

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domínio aberto às investigações, e pode-se apremder a pensar através darealização de cálculos, mas as descobertas feitas pelos próprios olhos e mãossão mais surpreendentes e convincentes. Até que possam de algum modo serdispensadas as formas no espaço são um guia insubstituível para pesquisa e adescoberta. (p. 92-93).

Metodologia

Este trabalho é fruto da intervenção do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à

Docência – PIBID, Subprojeto de Matemática, da Universidade Estadual da Paraíba – UEPB junto a

Escola Estadual Pe. Emídio Viana Correia; uma escola de Ensino Médio tradicional de Campina

Grande, Paraíba, fundada em meados da década de 1960. Somos uma equipe formada por 5 alunos

do Curso de Licenciatura em Matemática, uma professora supervisora da Secretaria do Estado da

Paraíba e uma professora Coordenadora da Universidade Estadual da Paraíba.

Acreditamos que o ensino de Matemática deve permitir a formação de cidadãos críticos que

possam utilizar os conhecimentos adquiridos para além da sala de aula e cursos posteriores. Para

isso, os conteúdos matemáticos devem ser contextualizados e articulados aos problemas e a

realidade dos alunos, valorizando também os seus conhecimentos prévios, cultura e necessidades

como sugerem os Parâmetros Curriculares do Ensino Médio:

Em um mundo onde as necessidades sociais, culturais e profissionaisganham novos contornos, todas as áreas requerem alguma competência emMatemática e a possibilidade de compreender conceitos e procedimentosmatemáticos é necessária tanto para tirar conclusões e fazer argumentações,quanto para o cidadão agir como consumidor prudente ou tomar decisões emsua vida pessoal e profissional. (BRASIL. 1999, p. 40).

No intuito de aplicar mais uma vez materiais manipuláveis na sala de aula escolheram o

Geoplano como o material para desenvolvimento do minicurso de geometria. A aplicação das

atividades aconteceu em um pátio no qual foi possível acomodar todos os alunos, dividindo-os em

grupos de 5 a 7 alunos. Cada grupo recebeu um Geoplano e cada um de nós pibidianos

permanecemos todo o tempo auxiliando-os na resolução das atividades. Aplicamos várias atividades

envolvendo, estudo de polígonos, área, perímetro, sempre com o auxílio do Geoplano para a

resolução dos problemas propostos e da malha pontilhada para registro das respostas.

Partindo da ideia de Gattegno et al. (1967, p. 214), quando afirmam que:

Existem três tipos de lições com a ajuda de geoplanos: 1) o professor podeutilizar no lugar do quadro; 2) os alunos podem obtê-los individualmente

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para fazerem investigações sobre situações que os propõe, e, 3) se empregamsistematicamente, basta explorar suas possibilidades.

Utilizamos as três metodologias acima citadas para a aplicação das nossas atividades. No

primeiro momento entregamos os geoplanos aos grupos e deixamos que os mesmos explorassem o

material e discutissem como poderiam construir polígonos com os pinos e os elásticos. Em seguida

demos início à resolução das tarefas propostas. Tínhamos como objetivo fazer os alunos discutirem

e pensarem em conjunto como resolver os problemas através de momentos proveitosos e de

aquisição de novos conhecimentos para os mesmos.

Resultados e Discussões

No primeiro dia do minicurso foi feita uma abordagem sobre as possibilidades de se

trabalhar com o geoplano, material didático que permite a construção de polígonos. A partir disso,

podemos estabelecer, por exemplo, conceitos como polígonos convexos e não convexos,

classificação de triângulos quanto aos ângulos e quanto aos lados. O trabalho foi dividido em dois

dias, e o primeiro dia foi dividido em dois momentos: no primeiro, os alunos resolveram as questões

propostas na apostila confeccionada; no segundo, foram apresentados alguns desafios quanto à

identificação de alguns quadriláteros a partir de algumas dicas dadas. No segundo dia de atividades

os alunos estudaram área e perímetro de polígonos.

Primeiro dia (primeiro momento)

Primeira questão: Pedimos que os alunos construíssem várias figuras geométricas no

geoplano com a utilização de pinos e elásticos. O objetivo da questão era que o aluno, depois que

formasse as figuras solicitadas na atividade, preenchesse uma tabela com os seguintes elementos de

cada polígono: número de vértices, número de ângulos e número de lados. Em seguida, eles tiveram

de fazer uma reflexão escrita sobre o que tinham percebido com relação aos elementos dos

polígonos através dos registros feitos na tabela, a partir da contagem do número de lados, vértices e

ângulos e da percepção de padrões, atentando também para o nome dos polígonos e quais deles

eram considerados de uma mesma família (convexo ou não convexo, triângulos, quadriláteros, etc).

Os alunos apresentaram algumas dificuldades como: identificação dos vértices dos

polígonos, pois os discentes pensavam que todos os pinos que apareciam na figura eram vértices,

quando na realidade, entendemos como vértice cada pino que sustenta o polígono. Outra dificuldade

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observada foi com relação aos ângulos dos polígonos, de modo que a maioria dos alunos não

conseguia identificar os ângulos obtusos internos, em especial, nos polígonos não convexos.

Segunda questão: Uma vez construídos os polígonos no geoplano, agora, eles tinham de

refazê-lo na malha pontilhada. Nesse momento, os alunos foram desafiados a verificar quais dos

polígonos construídos eram convexos ou não. Para tanto, traçaram segmentos com extremos em 2

vértices dos polígonos. Se constatassem que todo segmento traçado estivesse totalmente contido na

figura, definiriam a mesma como convexa; caso contrário, ou seja, ao menos um segmento não

estivesse totalmente contido na figura, definiriam tal figura como não convexa. Nesse processo,

alguns alunos apresentaram certa dificuldade, afirmando não terem estudado ou não se lembrarem

tal definição.

Terceira questão: Consistiu em realizar a contagem do número de lados, de diagonais que

saíam de cada vértice e, por fim, do número de diagonais dos polígonos, para que os alunos

pudessem estabelecer uma relação entre tais variáveis. A dificuldade encontrada foi com relação à

contagem do número de diagonais, pois, alguns se perdiam na contagem através dos desenhos

realizados pelos mesmos. Mais tarde, eles perceberam que poderiam calcular o número de diagonais

através de uma fórmula matemática, em que o número de diagonais é igual ao número de lados

vezes o número de lados menos três, dividido por dois.

Quarta questão: Pedimos que os alunos construíssem, se possível, alguns triângulos a partir

de algumas dicas com relação à sua classificação quanto aos lados e quanto aos ângulos. As

dificuldades encontradas foram basicamente em se lembrar das classificações mencionadas

(equiláteros, acutângulos, retângulos etc.).

Primeiro dia (segundo momento)

Aplicação do desafio chamado “Quem sou eu?”, que tinha como objetivo identificar

quadriláteros através de propriedades específicas. Pedimos que os discentes desenhassem os

polígonos de acordo com as propriedades citadas e identificassem o quadrilátero de cada item. Em

seguida, foi solicitado que eles desafiassem um “grupo adversário” a identificar o quadrilátero

proposto por eles a partir de algumas propriedades estabelecidas. Nesse momento, para uma melhor

visualização, os alunos podiam construir os polígonos propostos no geoplano. Alguns alunos

apresentaram dificuldades em relação aos conceitos de ângulos (agudos, obtusos etc.) e de posições

relativas entre retas (paralelas e perpendiculares).

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Segundo dia

No segundo dia do minicurso, foi proposto aos alunos o estudo de área e perímetro de

figuras planas com a utilização do geoplano.

Primeira questão: Foi pedido que os alunos construíssem várias figuras geométricas. O

objetivo da questão era que o aluno depois que formasse as figuras solicitadas, calculasse a área de

cada uma delas e depois fizesse comparações entre os polígonos que apresentavam a mesma área.

Segunda questão: Pedia-se que os alunos calculassem a área de vários triângulos fazendo

deslocamentos de modo a facilitar a contagem dos quadrados, que eram tomados com unidade de

área. Aqui, tivemos a preocupação de explicar porque podíamos realizar esse processo.

Terceira questão: Abordava o cálculo de área e perímetro. Pedimos que eles construíssem

vários retângulos distintos cujo perímetro permanecesse constante. Em seguida, pedimos que

registrassem o cálculo da área de tais figuras em uma tabela para que analisassem a relação

existente entre cada figura e sua área.

Quarta e quinta questões: Tratam da reprodução de alguns polígonos no geoplano para

facilitar o cálculo de área e de perímetro. Posteriormente, os alunos tinham de desenhar tais figuras

na malha pontilhada.

Sexta questão: Consistiu, inicialmente, na construção de um quadrado de lado qualquer.

Perguntamos: caso dupliquemos o lado do quadrado, em quantas unidades aumentaremos o seu

perímetro? E sua área? E se triplicarmos o lado do quadrado, o que aconteceria com seu perímetro?

E com sua área? Os alunos seguiram anotando as suas observações ao decorrer das construções.

Oitava questão: Aqui, foi proposto aos alunos a construção de um polígono. O intuito era

que eles construíssem uma figura com mesmo perímetro, mas com área diferente, do polígono dado;

depois, construíssem outra figura, agora com mesma área, mas com perímetro diferente, do

polígono dado.

Nona questão: Foi solicitada aos alunos a construção das figuras trabalhadas no geoplano e

a sua representação na malha pontilhada para que pudessem determinar a sua área com mais

facilidade.

Conclusão

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Percebemos que o trabalho realizado proporcionou, para nós bolsistas, uma visão ampla do

universo em sala de aula e a importância de um bom planejamento para um minicurso. Também

notamos a importância do geoplano no ensino da geometria, pois é um material que possibilita aos

alunos uma melhor percepção das propriedades das figuras geométricas; compreendendo e não

apenas decorando fórmulas sem entender porque as mesmas funcionam. Além disso, o geoplano

proporciona aulas mais dinâmicas e interativas. Sabemos quanto a interação entre docentes e

discente ajuda no aprendizado de uma turma em sala de aula.

Ressaltamos a importância dos materiais manipuláveis nas aulas de matemática, pois, a

disciplina de matemática é vista pela maioria dos alunos como uma disciplina de difícil assimilação.

Não será apenas o material manipulável em si que será importante, mas a experiência significativa

que esse deve proporcionar ao aluno. Que possamos ir em busca do aprofundamento do estudo da

geometria nas escolas e no cotidiano dos alunos buscando formas de desenvolver mais interesse e

meios que os professores também possam utilizar para melhorar o aprendizado dos discentes nessa

área.

Referências

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