67
ABINEY LEMOS CARDOSO Estudo cinético das reações de esterificação de ácidos graxos catalisadas por ácidos de Lewis e de Brønsted para produção de biodiesel Dissertação apresentada à Universidade Federal de Viçosa, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Agroquímica, para obtenção do título de Magister Scientiae”. VIÇOSA MINAS GERAIS BRASIL 2008

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ABINEY LEMOS CARDOSO

Estudo cinético das reações de esterificação de

ácidos graxos catalisadas por ácidos de Lewis

e de Brønsted para produção de biodiesel

Dissertação apresentada à Universidade Federal de Viçosa, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Agroquímica, para obtenção do título de “Magister Scientiae”.

VIÇOSA MINAS GERAIS – BRASIL

2008

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ABINEY LEMOS CARDOSO

Estudo cinético das reações de esterificação de

ácidos graxos catalisadas por ácidos de Lewis e

de Brønsted para produção de biodiesel

Dissertação apresentada à Universidade Federal de Viçosa, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Agroquímica, para obtenção do título de “Magister Scientiae”

Aprovada: 04 de Julho de 2008.

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iv

Aos meus pais, Abílio Lemos (in memorian) e Maria Aparecida, Aos meus irmãos Abilinei, Abiliezer, Paulo de Tarso, Antônio Carlos,

Jovane, Abiliana, Abílio Junior, Abilaine, Abilene. A minha esposa Diana,

Ao meu filho Abílio Neto, Dedico.

Aos que lutam por um mundo melhor.

Ofereço.

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v

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer aqueles que direta ou indiretamente

contribuíram para o desenvolvimento desse trabalho.

A Deus por fazer chegar a mim sempre que necessário palavras

que confortam e fortalecem.

Aos meus sempre mestres Júlio César Pereira e Mauro Costa de

Andrade, que ainda no ensino fundamental e médio despertaram em

mim o amor pela ciência.

Ao professor João Batista Lani do Departamento de Agronomia

por ter me motivado a fazer o mestrado.

Ao CNPq pela bolsa de estudos.

Ao Professor Márcio José da Silva pela orientação e amizade

durante a realização do trabalho.

Ao professor Luiz Cláudio de Almeida Barbosa, por ter

disponibilizado a infra-estrutura do LASA.

Aos Co-orientadores Cláudio Ferreira Lima e José Roberto da

Silveira Maia, pela confiança que foi determinante na condução do

trabalho e pela participação na banca.

Ao professor Sergio Fernandes pela amizade e ajuda de sempre

e por participação na banca.

Ao professor Luiz Carlos Alves de Oliveira por aceita participar

da banca.

A Marisa, secretaria de pós-graduação, pela amizade e pela

preocupação com os alunos da pós-graduação.

A dona Onezina pelo apoio.

A minha esposa pela pelas conversas, que muitas vezes

renovaram as minhas forças.

A minha família pelo apoio incondicional.

Aos amigos do laboratório 309 do DEQ

Ao José Luís pelo apoio na parte de Cromatografia gasosa

também pela amizade e pelo bom humor de sempre.

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vi

ÍNDICE

LISTA DE TABELAS ............................................................................................................... VIII

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................... IX

RESUMO .........................................................................................................................................X

ABSTRACT .................................................................................................................................. XI

1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................1

1.1. JUSTIFICATIVA...........................................................................................................3 1.2. OBJETIVO GERAL .....................................................................................................3 1.3. OBJETIVOS ESPECÍFICOS .....................................................................................4 1.4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................4

2. REVISÃO DE LITERATURA ....................................................................................6

2.1. O BIODIESEL...............................................................................................................6 2.2. MOTIVAÇÕES PARA A PRODUÇÃO DE BIODIESEL .......................................7 2.3. ASPECTOS SOCIAIS E AMBIENTAIS ...................................................................8 2.4. BIODIESEL NO BRASIL ...........................................................................................9 2.5 ASPECTOS TECNOLÓGICOS ................................................................................9 2.6 ESTERIFICAÇÃO......................................................................................................10 2.7 MECANISMO DE ESTERIFICAÇÃO.....................................................................11 2.8 CATALISADORES ALTERNATIVOS PARA ESTERIFICAÇÃO ......................12 2.9 HETEROPOLIÁCIDOS.............................................................................................13 2.10 LEIS DE VELOCIDADE ...........................................................................................14

2.10.1. Reação de Primeira Ordem................................................................................15 2.11 A INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA SEGUNDO A LEI DE ARRHENIUS ...17 2.12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................19

3. MATERIAIS E MÉTODOS ......................................................................................21

3.1 REAGENTES .............................................................................................................21 3.2 TESTES CATALÍTICOS E MONITORAMENTO CINÉTICO DAS REAÇÕES

......................................................................................................................................21 3.3 EFEITO DA CONCENTRAÇÃO DO SnCl2.2H2O. ...............................................23 3.4 RECUPERAÇÃO E REUTILIZAÇÃO DO CATALISADOR DE SnCl2..2H2O .23 3.5 EFEITO DA RAZÃO MOLAR DO ÁCIDO GRAXO: ETANOL...........................24 3.6 ESTERIFICAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS LIVRES EM ÓLEO DE SOJA......24 3.7 IDENTIFICAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DOS PRODUTOS DA REAÇÃO .....25 3.8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ......................................................................26

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................27

4.1 ASPECTOS GERAIS................................................................................................27 4.2 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE CATALÍTICA DO SnCl2.2H2O COMO

CATALISADOR NAS REAÇÕES DE ESTERIFICAÇÃO ..................................28 4.3 EFEITO DA CONCENTRAÇÃO DO SnCl2.2H2O................................................29 4.4 RECICLO DO CATALISADOR SnCl2.2H2O.........................................................32 4.5 ASPECTOS MECANÍSTICOS ................................................................................33 4.6 EFEITO DO TAMANHO E TIPO DE CADEIA CARBÔNICA DO ACIDO

GRAXO .......................................................................................................................33 4.7 COMPARAÇÃO ENTRE CATALISADORES ÁCIDOS DE LEWIS E

BRØNSTED................................................................................................................35 4.8 OS ORGANOESTÂNICOS COMO CATALISADORES EM REAÇÕES DE

ESTERIFICAÇÃO .....................................................................................................36 4.9 OS ÓXIDOS DE ESTANHO COMO CATALISADORES EM REAÇÕES DE

ESTERIFICAÇÃO .....................................................................................................38 4.10 DETERMINAÇÃO DA ORDEM DA REAÇÃO .....................................................39 4.11 EFEITO DA RAZÃO MOLAR DO ÁCIDO GRAXO: ETANOL...........................40 4.12 A INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA....................................................................41

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vii

4.13 USO DE OUTROS ÁLCOOIS .................................................................................44 4.14 REDUÇÃO DO TEOR DE ÁCIDOS GRAXOS LIVRES EM ÓLEOS

VEGETAIS..................................................................................................................45 4.15 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................47

5. CONCLUSÕES .........................................................................................................48

6. ANEXO........................................................................................................................50

6.1 TRABALHOS PUBLICADOS ..................................................................................50

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viii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Reciclagem de SnCl2.2H2O na esterificação de ácido oléico ........................32

Tabela 2. Esterificação de ácidos graxos catalisados por SnCl2.2H2O .........................34

Tabela 3: Equação linear (ln([ácido oléico]/[ácido oléico]o) em função do tempo em

segundos) .................................................................................................... 43

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ix

LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Esterificação de ácidos graxos ..............................................................................10

Figura 02: Mecanismo da reação de esterificação de ácidos graxos catalisadas

por ácidos de Brønsted........................................................................................... 11

Figura 03: Estrutura molecular de um HPA. ...........................................................................13

Figura 04: Aspecto de uma reação de primeira ordem ........................................................17

Figura 05: Aparato utilizado nos testes catalíticos. ...............................................................22

Figura 06: Cromatograma típico obtido para as reações de esterificação de ácidos

graxos com etanol................................................................................................... 25

Figura 07: Equação da reação de esterificação catalisada por SnCl2.2H2O. ..................28

Figura 08: Conversão em função de tempo para o esterificação de ácido de

linoleico não-catalisado e catalisado por SnCl2.2H2O ..................................... 28

Figura 10: Determinação da ordem de reação em relação ao catalisador.......................31

Figure 11. Intermediário de reação proposto no qual o Sn2+ é tetra-coordenado. ..........33

Figura 12: Conversão Oleato de etila em função do tempo na esterificação de

ácido oléico catalisado pelo SnCl2.2H2O, ácido sulfúrico (H2SO4),

PTSA e HPA. ......................................................................................................... 35

Figura 13: Conversão de Oleato de etila em função do tempo na esterificação de

ácido oléico catalisado pelo SnCl(C6H5)3, SnCl2(C6H5)2, Sn(C6H5)4. .......... 37

Figura 14: Conversão de Oleato de etila em função do tempo na esterificação de

ácido oleico catalisado pelo SnO e SnO2.. ...................................................... 38

Figura 15: Gráfico de ln[ácido oléico] versus tempo para determinação da ordem

da reação................................................................................................................ 39

Figura 16: Conversão em Oleato de etila em função do tempo esterificação de

ácido oléico catalisado pelo SnCl2.2H2O em diferentes razões

molares de ácido oléico: etanol .......................................................................... 41

Figura 17: Conversão de Oleato de etila em função do tempo na esterificação de

ácido oleico catalisado pelo SnCl2.2H2O, em diferentes temperaturas de

reação.. ....................................................................................................................... 42

Figura 18: Influência da temperatura na reação de esterificação catalisada por

SnCl2.2H2O (equação de Arrhenius). ................................................................ 43

Figura 19: Rendimentos para a reação de esterificação de diferentes álcoois

usando cloreto de estanho como catalisador.................................................. 45

Figura 20: Redução de ácidos graxos livres existentes em óleo de soja por

esterificados em função do tempo catalisado pelo SnCl2.2H2O. ................. 46

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RESUMO

CARDOSO, Abiney Lemos, M.Sc. Universidade Federal de Viçosa, Julho de 2008. Estudo cinético das reações de esterificação de ácidos graxos catalisadas por ácidos de Lewis e de Brønsted para produção de biodiesel. Orientador: Márcio José da Silva. Co-orientadores: Cláudio Ferreira Lima e José Roberto da Silveira Maia.

A obtenção de biodiesel, ainda hoje é feita através de reações de

transesterificação de óleo vegetais com álcool de cadeia curta.

Entretanto, também pode-se produzi-lo via esterificação de ácidos

graxos livres presentes em rejeitos industriais, domésticos ou gorduras

animais. Normalmente, como catalisadores são usados NaOH, para

reações de transesterificação e H2SO4 para reações de esterificação.

Entretanto, o uso desses catalisadores causa grandes impactos

ambientais. Todavia, quando os óleos contêm uma grande concentração

de ácidos graxos livres, ocorre a saponificação em meio alcalino, o que

reduz o rendimento e dificulta a separação de fases. Então são

necessários altos investimentos em pesquisa para obtenção de novos

catalisadores que possam ser eficientes como os catalisadores ácidos

comuns e que sejam menos agressivos ao meio ambiente. Seguindo

esta tendência, este trabalho apresenta o Cloreto de estanho dihidratado

(SnCl2.2H2O) como uma alternativa aos catalisadores ácidos comuns em

reações de esterificação para produção de biodiesel. Foram realizados

vários estudos onde o SnCl2.2H2O foi comparado com catalisadores

ácidos de Brønsted (H2SO4, PTSA, H3PW12O40.10H2O). Foi estudada

também a influência da concentração do catalisador, dos ácidos graxos

livres, da concentração e do tamanho da cadeia dos álcoois. Foram

avaliados outros catalisadores a base de estanho como óxidos de

estanho (SnO e SnO2) e compostos organoestânicos (Sn(C6H5)4,

SnCl(C6H5)3, SnCl2(C6H5)2). Um detalhado estudo cinético foi realizado e

assim determinada a energia de ativação das reações catalisadas pelo

SnCl2.2H2O, além da ordem em relação a concentração do ácido graxo e

do Sn2+.

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ABSTRACT

CARDOSO, Abiney Lemos Cardoso, M.Sc. Universidade Federal de Viçosa, July of 2008. Study kinetic of the reactions of esterificação of fatty acids catalyzed by acids of Lewis and of Brønsted for biodiesel production. Adviser: Márcio José da Silva. Co-advisers: Cláudio Ferreira Lima and José Roberto da Silveira Maia.

The biodiesel obtaining, it is still today done through reactions of

vegetable oil transesterification with chain alcohol it tans. However, it can

also be produced via esterification of free fatty acids (FFA) presents in

industrial and domestic rejects, or animal fats. Usually, NaOH is the

catalyst used for transesterification reactions and H2SO4 for esterification

reactions. However, the use those catalysts cause great environmental

impacts. In addition, when the oils contain a high amount of FFA, side-

reactions like saponification occurs. This undesirable process, which is

favoured in alkaline medium, reduces the yield and it hinders the

separation of phases. Thus, are necessary great investments in research

for obtaining of new catalysts, which being more be efficient that the

common acid catalysts, results in processes that are environmentally less

aggressive. Following this tendency, this work presents the tin chloride

di-hydrate (SnCl2.2H2O) as an alternative to the common acid catalysts in

esterification reactions for biodiesel production. Several studies were

performed where SnCl2.2H2O activity catalytic was compared with

catalysts acids of Brønsted (H2SO4, PTSA, H3PW12O40.10H2O). It was

also studied the influence of the catalyst and FFA concentration, and of

the size of the chain of the alcohols. They were other appraised catalysts

the tin based on tin oxides (SnO and SnO2) and organotincompounds,

such as (Sn(C6H5)4, SnCl(C6H5)3, SnCl2(C6H5)2). A detailed kinetic study

was accomplished and the energy of activation of the reactions catalyzed

by SnCl2.2H2O, besides the order in relation to FFA and Sn(II)

concentration were determinates.

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1

1. INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, questões ambientais têm merecido

destaque na mídia nacional e internacional e praticamente todas as

reuniões entre Chefes de Estado contêm em sua pauta temas

envolvendo a redução de emissões ou o controle da degradação de

reservas ambientais – o desenvolvimento auto-sustentável (DS).

Este, pode ser definido como o progresso industrial que atende às

necessidades do presente sem comprometer a capacidade das

futuras gerações satisfazerem às suas próprias necessidades.1 O

Brasil se encontra em destaque quando se trata de questões

ambientais pois apresenta uma grande biodiversidade, e possui uma

grande estrutura para produção de Biocombustíveis.

Os biocombustíveis têm se mostrado uma alternativa

interessante quando se fala em desenvolvimento auto-sustentável

pois, utilizam recursos renováveis substituídos aos tradicionais

recursos fósseis. Dentre os biocombustíveis tem merecido grande

destaque o biodiesel, pois a maior parte de toda a frota mundial

utiliza o diesel como combustível. Os biocombustíveis por serem

obtidos de fontes renováveis de energia apresentam um ciclo

fechado para o CO2 que é o principal causador do efeito estufa e

ainda apresentam uma redução nas emissões de gases tóxicos

como SO2, SO3 e CO.2 Um outro fator que merece destaque quando

o assunto é o biodiesel é a necessidade de grande mão de obra e

área disponível para a produção de matérias-primas como

oleaginosas e a própria cana de açúcar, gerando assim emprego e

renda para regiões mais pobres do país.

O biodiesel é obtido pela reação de transesterificação de um

óleo vegetal e um álcool de cadeia curta sendo esta reação

catalisada por via ácida ou básica. Nos processos tradicionais

utiliza–se como catalisador H2SO4 ou NaOH, sendo que em ambos

os casos os impactos ambientais causados são grandes, sendo este

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2

fator uma forte justificativa para o não investimento na produção de

biodiesel.

Outros caminhos estão sendo propostos para a produção de

biodiesel. Por exemplo, gordura animal, rejeitos de frituras e de

processos de refino de óleo vegetal tem sido avaliados como

substratos para a sua produção.3 Estes novos substratos são ricos

em ácidos graxos livres não podendo assim ser processada em meio

básico, pois o catalisador será consumido numa reação de

saponificação. Deste modo, torna-se cada vez mais necessário

desenvolver catalisadores alternativos. Dentre eles, destacam-se os

catalisadores ácidos de Lewis, os quais são capazes de promover as

reações de esterificação alcoólica de ácidos graxos.

O emprego de catalisadores ácidos alternativamente aos

alcalinos também é uma opção para a (trans) esterificação de óleos

com grande teor de ácidos graxos livres, sendo que normalmente

ácidos minerais como H2SO4, HCl, H3PO4 ou orgânicos, como

CH3SO2OH e seus derivados são empregados. Mesmo os ácidos

orgânicos são corrosivos, o que requer uma neutralização pós-

reação, o que gera uma quantidade considerável de sais os quais

devem ser dispostos no meio ambiente.

A redução de rejeitos ambientalmente indesejáveis para

minimizar a poluição ambiental é um fator crucial que tem motivado o

desenvolvimento da tecnologia de produção de biodiesel.6

Uma alternativa que nos últimos tempos tem chamado a

atenção dos pesquisadores em geral é a tentativa de substituição

dos catalisadores ácidos convencionais por catalisadores

alternativos como ácidos sólidos ou ácidos de Lewis, para que

possam atender a demanda por uma tecnologia mais limpa.6 Assim

vários trabalhos tem sido desenvolvidos nos últimos anos sobre

catalisadores ácidos alternativos.7,8 Tais como catalisadores ácidos

heterogêneos,9,10 outros trabalhos descrevem sobre a utilização de

ácidos como heteropoliácidos-13 e seus sais,14 óxidos metálicos,15,16

complexos metálicos,17-19 complexos metálicos ancorados em

líquidos iônicos 20 e resinas sulfônicas 21.

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3

1.1. JUSTIFICATIVA

O biodiesel é um combustível de origem vegetal, que tem a

vantagem de ser renovável, contribuindo pouco para o efeito estufa

e possui um nível de biodegrabilidade maior que o diesel. Além

disto, no futuro o custo de produção do biodiesel pode tornar-se

competitivo. O biodiesel apresenta ainda, outras vantagens

ambientais como permitir reaproveitamento de resíduos gordurosos

de animais domésticos, com uma economia dos recursos naturais

não renováveis e que, geralmente, são dispostos em ambientes de

forma inadequada, tais como os esgotos, rios, lixões, dentre outros.

Ademais, com o uso do biocombustível haverá uma redução das

chuvas ácidas ocasionadas pela combustão do diesel, pois os

biocombustíveis apresentam um teor de enxofre 400 vezes menor

que o encontrado no diesel.2

As questões apresentadas acima motivam cada vez mais a

busca por avanços tecnológicos que possam ajudar no

desenvolvimento de tecnologias limpas para produção de biodiesel.

Estas novas tecnologias passam necessariamente pelo

desenvolvimento e aprimoramento dos processos de produção, nos

quais os catalisadores são figuras de destaque.

1.2. OBJETIVO GERAL

O objetivo deste trabalho é a utilização de compostos de

estanho, óxidos, cloretos e compostos organoestânicos como

catalisadores de reações de esterificação para produção de

biodiesel. Objetivou-se também neste trabalho, um estudo cinético

mais detalhado envolvendo as reações de esterificação catalisadas

por SnCl2.2H2O.

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1.3. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Estudar a atividade de compostos de estanho nas reações

de esterificação em fase homogênea e em fase heterogênea.

Estudar os efeitos da composição do sistema catalítico tais

como a razão ácido graxo/álcool, óleo/álcool, a natureza do solvente,

da temperatura da reação, do tamanho da cadeia dos ácidos graxos.

Estudar a influência do cloreto de estanho na redução do

teor de ácidos graxos livres em óleos vegetais.

Determinar a energia de ativação da reação de etanólise do

acido oléico na presença de cloreto de estanho.

Estudar o efeito da recuperação e reutilização do

catalisador SnCl2.2H2O nas reações de esterifação.

1.4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Common Future, Oxford University Press: New York, 1987.

2. Kiss, A. A.; Dimian, A. C.; Rothenberg, G.; Energy & Fuels.

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Oil Chem. Soc. 2004, 81, 83.

4. Maa, F.; M. A. Hannab.; Bioresour. Technol. 1999, 70, 1.

5. Srivastava, A.; R. Prasad.; Sustain. Energy.Rev. 2000, 4, 111.

6. Corma, A.; H. Garcia.; Chem. Ver. 2003,103, 4307.

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8. Meneghetti, S.M.P.; Meneghetti, M.R.; Wolf, C.R.; Silva, E.C.;

Lima, G.E.S.; Coimbra, M.A.; Soletti, J.I.; Carvalho, S.H.V.; J.

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9. Kima, H.J.; Kang, B.S.; Kim, M.J.; Park, Y.M.; Kimb, D.K.;

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5

10. Lotero, E., Liu, Y.; Lopez, D.E.; Suwannakarn, K.; Bruce, D.A.;

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11. Cardoso, A. L.; Augusti, R.; Da Silva, M, J.; J. Am. Oil Chem.

Soc. 2008,

12. Morin, P.; Hamad, B.; Sapaly, G.; Carneiro Rocha, M. G.;

Pires de Oliveira, P. G.; Gonzalez, W. A.; Andrade Sales, E;

Essayem, N.; Applied Catalysis A, 2007,330, 69.

13. Alizadeh, M.H.; T.Kermani.; R. Tayebee.; Monatshefte fur

Chemie. 2007, 138, 165.

14. Narasimharao, K.; Brown, D.R.; Lee, A.F.; Newman, A.D.;

Siril, P.F.; Tavener, S.J.; Wilson, K.; Journal of Catal. 2007,

248, 226.

15. Macedo, C. C. S; Abreu, F. R.; Tavares, A. P.; Alves, M. B.;

Zara, L. F.; Rubim, J. C.; Suarez, P. A. Z.; J. Braz. Chem.

Soc. 2006, 17, 1291.

16. Li, E.; Rudolph, V.; Energy & Fuels. 2008, 22, 145.

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Wolf, C. R.; Applied Catalysis A. 2007, 317, 58.

18. Einloft, E.; Magalhães, T. O.; Donato, A.; Dullius, J.; Ligabue,

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19. Abreu, F.R., Lima, D.G., Hamú, E.H., Wolf, C., Suarez, P.A.Z.;

Journal of Molecular Catalysis. 2004, 209: 29-33.

20. Abreu, F. R.; Alves, M. B.; Macêdo, C. C. S.; Zara, L. F.;

Suarez, P. A. Z.; Journal Molecular. Catalysis. 2005,27, 263.

21. Rezende, de M. S.; Soares, G. B.; Coutunho, F. M. B.; dos

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22. Da Silva, M. J.; Grossi, C.; Lago, R. M.; Jardim, E. O.;

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. O BIODIESEL

O uso dos óleos vegetais em motores a diesel iniciou-se a

um longo tempo atrás, pois Rudolf Diesel idealizou em 1896 o seu

primeiro motor, com eficiência média de 26%, testando-o com o

petróleo (óleo cru), álcool, e ainda, com óleo de amendoim. Esta

experiência foi demonstrada na Feira Mundial de Paris de 1900.1

Em 1912 Rudolf Diesel fez a seguinte afirmativa “O motor a

diesel pode ser alimentado por óleos vegetais e ajudará no

desenvolvimento agrário dos países que vierem a utilizá-lo. O uso de

óleos vegetais como combustível pode parecer insignificante hoje

em dia. Mas com o tempo (estes óleos) tornar-se-ão tão importantes

quanto o petróleo e o carvão são atualmente”.2

Em 1921, Mailhe na França3 apresentou os primeiros

trabalhos empregando catalisadores para auxiliar a transformação

dos óleos vegetais em hidrocarbonetos. Os catalisadores usados

nestes trabalhos eram essencialmente do tipo ácido de Lewis, tais

como alumina, cloretos de zinco e de alumínio. Os trabalhos de

Mailhe foram bastante extensos, estudando vários óleos e diversos

compostos como glicerídeos e alguns ácidos carboxílicos.

Na década de 30 Egloff et.al fazem as primeiras tentativas

de industrialização de um processo de obtenção de hidrocarbonetos

a partir do óleo de origem animal sendo estudados principalmente o

craqueamento de óleo de peixes, mas sem o uso de catalisadores

no processo.4-6

Segundo Gonzalez et.al de 1934 a 1947 foram

desenvolvidos diversos trabalhos pelos chineses, com um cunho

industrial, visando obtenção de gasolina. Eles utilizaram

basicamente catalisadores ácidos e chegaram a produzir gasolina

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7

por este processo, suprindo partes de suas necessidades, Gonzales

em seu artigo ainda relata sobre os trabalhos dos hindus, também

desenvolvidos na década de 40, sem trazer grandes inovações ao

que já era conhecido.7

No período compreendido entre o final da 2ª Guerra Mundial

e a crise de 1973, são muito raros ou de pouca importância os

trabalhos publicados sobre o assunto, devendo-se este fato,

sobretudo ao baixo custo do petróleo naquela época.

No Brasil, vários grupos de pesquisa estudaram a produção,

armazenamento e qualidade de biocombustíveis de uma forma

geral. Desde a crise do petróleo em 1978, destacam-se diversos

trabalhos dentre os quais, os de busca por catalisadores mais

eficientes e que sejam menos agressivos ao meio ambiente. O grupo

de catálise do IME, que desenvolve pesquisa na área de bioenergia

desde 1979, desenvolveu um vasto trabalho sobre acidez de

catalisadores e diversos óleos vegetais dentre eles óleo de soja,

óleo de babaçu, de pinhão bravo e ainda o ácido oléico como

composto modelo. Entre os catalisadores estudados estão os ácidos

de Brønsted H3PO4, H3BO3 e H2SO4 e de Lewis como AlCl3, ZnCl2.7.

Atualmente, muitos estudos sobre catalisadores têm sido

direcionados na busca de catalisadores ácidos de Lewis e ainda em

sistemas alternativos onde se possa reaproveitar o catalisador e,

causar um menor impacto ao meio ambiente, acompanhando uma

tendência que deve se manter futuramente.

2.2. MOTIVAÇÕES PARA A PRODUÇÃO DE BIODIESEL

As crises mundiais do petróleo, ocorridas em 1973 e 1978

originaram novas pesquisas sobre fontes de energias alternativas

entre elas os biocombustíveis. O Brasil neste período, carente de

reservas suficientes para atender suas necessidades em

combustível para motores, procurou fontes alternativas que

pudessem suprir a demanda interna. Assim, para os motores tipo

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8

Diesel várias soluções foram discutidas na época, ressaltando-se

como as principais a utilização do etanol em mistura com explosivo

conveniente e o aproveitamento dos óleos vegetais. Devido aos

riscos do uso de substâncias explosivas, foi escolhida como

alternativa o uso de óleo vegetal. A transformação de óleo vegetal

em biocombustível trilhou basicamente dois caminhos: a

transesterificação para a formação de mono-ésteres e a degradação

térmica de óleo vegetal.

Os esforços em busca de biocombustíveis derivados dos

óleos vegetais semelhantes ao combustível são justificados, pois

não haveria necessidade de nenhuma modificação ou adaptação

dos motores, além de obtermos uma redução de emissão dos

agentes poluidores. Sendo assim, além das questões econômicas

envolvendo a introdução dos biocombustíveis temos também as

questões sociais e ambientais.

2.3. ASPECTOS SOCIAIS E AMBIENTAIS

Atualmente, as mudanças climáticas associadas à liberação

de gases da queima de combustíveis fósseis, e o alto preço

internacional do petróleo juntamente com a preocupação com o

desenvolvimento sustentável começam a retomar a intenção original

de Rudolf Diesel do emprego de óleos vegetais aos motores

movidos a óleo mineral. A adição de óleo vegetal a motores a diesel

amenizaria principalmente nos grandes centros urbanos a emissão

dos gases poluentes diminuindo assim, a poluição atmosférica

contribuindo para a qualidade de vida das pessoas.

Outro fator relacionado ao meio ambiente se deve ao

biodiesel ser renovável então teríamos uma fonte de energia

“inesgotável” desde que saibamos conservar as fontes produtoras

dos insumos.

No processo industrial de produção de biodiesel, além das

vagas para trabalhadores nas usinas, necessita-se também de

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9

trabalhadores no campo. Então em pequenas localidades situadas

na zona rural existirá a geração de empregos diretos e indiretos para

a produção e processamento de matérias-primas do biodiesel.

2.4. BIODIESEL NO BRASIL

O biodiesel é perfeitamente miscível ao óleo diesel, podendo

ser utilizado puro ou em misturas sem que qualquer adaptação nos

motores seja necessária. As misturas binárias de biodiesel e óleo

diesel são designados pela abreviação BX, onde X é a porcentagem

de biodiesel adicionada à mistura. A Lei brasileira 11097 de 13 de

janeiro de 2005 previu a obrigatoriedade da adição de 2% de

biodiesel ao diesel (Biodiesel B2) até 2008. Para atingir essa meta

são necessários aproximadamente 800 milhões de litros anuais de

biodiesel. Além disso, as misturas de 5 a 20% (B5-B20) devem se

tornar obrigatórias até 2013.

Atualmente o Brasil é um dos países com maior potencial

para produção de biodiesel, já que temos abundância em terras

cultiváveis e etanol. Os brasileiros passaram a dar mais valor aos

fatores ambientais e passaram a se conscientizar em relação ao

aquecimento global, que está fazendo com que o tema

biocombustível seja pauta novamente e foco de novos olhares

curiosos e empreendedores.

2.5 ASPECTOS TECNOLÓGICOS

A esterificação de ácidos graxos livres na presença ou não

de triglicerídeos pode ser promovida por catálise ácida ou catálise

enzimática, sendo que o rendimento em ésteres (biodiesel) pode ser

influenciado por uma série de fatores que podem atuar isoladamente

ou em conjunto. Como exemplos, cito a pureza dos reagentes, o tipo

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10

e concentração do catalisador, a razão molar álcool/óleo e a

temperatura da reação.

Convém salientar que para a obtenção de um biodiesel que

atenda às especificações de qualidade são necessárias etapas de

purificação para eliminação de sabões, triglicerídeos que não

reagiu, catalisador residual e glicerina livre.

A nível mundial, na produção de biodiesel utiliza–se catálise

homogênea sendo que o metanol e o agente das esterificação e

transesterificação. Embora essa tecnologia prevaleça como a opção

mais imediata e economicamente viável, a opção pela produção de

biodiesel utilizando o etanol deve ser considerada como estratégica

e de alta prioridade para o país. Isto, pode ser atribuído a diversas

razões tais como as implicações ambientais, econômicas, políticas e

até implicações sociais.

2.6 ESTERIFICAÇÃO

A reação de formação de ésteres através de ácidos graxos é

denominada de esterificação, sendo necessário neste caso o ácido

graxo e o álcool. A reação de esterificação pode ser catalisada por

catalisadores ácidos de Brøsnted ou de Lewis, por catalisadores

básicos de Lewis, além de enzimas (Figura 01).

R'C

OH

O

+ R OHR'

COR

O

+ H2OCat

Figura 01: Esterificação de ácidos graxos

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11

2.7 MECANISMO DE ESTERIFICAÇÃO

Na catálise ácida a primeira etapa da reação depende da

concentração protônica no meio reacional. Inicialmente o próton

ataca a carbonila do ácido graxo, assim forma-se um centro

deficiente em elétrons, no respectivo carbono. Numa segunda etapa,

o oxigênio, do álcool, possuindo capacidade de doar elétrons, se liga

ao carbono deficiente em elétrons.

A figura 02, mostra a protonação e o ataque nucleofílico do

álcool à carbonila protonada. Formando assim um estado

intermediário.

H+

CR1 OH

O1)

CR1 OH

OH

CR1 OH

OHH

2)C

R1 OH

OHROH CR1

HO

OHH

ORH

3) CR1

HO

OH

ORH

CR1

O

OHH

OR

HH

4) CR1

O

OHH

OR

HH

CR1

OHH

OR

H2O

CR1

OHH

OR

5) CR1

O

ORH3O

+

Ácido Graxo

Biodiesel

H2O

Figura 02: Mecanismo da reação de esterificação de ácidos graxos

catalisadas por ácidos de Brønsted.

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12

2.8 CATALISADORES ALTERNATIVOS PARA

ESTERIFICAÇÃO

Na ultima década diversas novas classes de catalisadores

foram propostas, tais como enzimas,8-12 bases de Brønsted,13-15 e

bases ou ácidos de Lewis.16-19 Com relação aos catalisadores ácidos

de Lewis, diversas propostas foram apresentadas tais como

complexos metálicos, aluminossilicatos, óxidos e outros. Entre estes,

merecem destaques os compostos derivados de pironatos, sendo

que o composto Sn(C6H5O3)2(H2O)2 foi o que apresentou melhor

resultado em condições homogêneas. Os autores destacam ainda a

sua capacidade de evitar a formação de emulsões no meio

reacional, isto sem perda de atividade no processo. Devemos

destacar que mesmo sendo eficiente o sistema apresentado acima é

homogêneo o que não possibilita a reutilização do catalisador em

reações futuras, além de ser ativo somente com metanol.

Na busca por sistemas capazes de atuar como catalisadores

heterogêneos na reação de transesterificação foram testados óxidos

metálicos com alta área superficial, sistemas reacionais com óxidos

mistos do tipo (Al2O3)X(SnO)Y(ZnO)Z, sendo que todos os sistemas

catalíticos alcançaram atividade similar. Este último sistema foi

reutilizado por três reciclos mantendo seu rendimento e não foi

verificada qualquer formação de emulsão ao final da reação.20

Com o intuito de obter um sistema catalítico que mantivesse

as vantagens dos sistemas homogêneos e as vantagens dos

sistemas heterogêneos, foi descrito um sistema catalítico multifásico

para a reação de transesterificação de óleos vegetais, utilizando

líquidos iônicos no meio reacional: o complexo metálico

Sn(C6H5O3)2(H2O)2 foi ancorado no líquido iônico hexafluorofosfato

de butil-3-metilimidazólio BMIPF6.20

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13

2.9 HETEROPOLIÁCIDOS

Heteropoliácidos (HPAs) são compostos ácidos, constituídos

por ânions polioxometalatos, que correspondem a octaedros de

metal-oxigênio (MO6) ligados a um heteroátomo (P, Si, Ge, Sn

etc...). Os mais estudados e aplicados em catálise são os

heteropoliácidos que apresentam a estrutura de keggin, cuja fórmula

pode ser escrita como Xn+1M12O40(8-n), onde o heteroátomo (X) é

normalmente P5+ ou Si4+ (mas também pode ser AS5+ ou Ge4+) e o

metal (M) Mo6+, W6+, V5+, Sn4+ entre outros.

A unidade básica de construção desses HPAs é um

octaedro formado por um metal cercado por seis átomos de

oxigênios (MO6); três desses octaedros se juntam de modo que cada

um divide uma face com os outros dois, formando a estrutura

secundaria M3O10, na qual um átomo de oxigênio é compartilhado

por três átomos metálicos; é esse oxigênio que se liga ao

heteroátomo. Quatro grupos de M3O10 circundam o heteroátomo em

coordenação tetraédrica, e cada um deles compartilha os átomos de

oxigênio dos vértices com os outros três, formando assim o HPA,

cuja estrutura está mostrada na figura 3.

Figura 03: Estrutura molecular de um HPA.

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14

2.10 LEIS DE VELOCIDADE

A análise cinética apresentada aqui foi extraída da

literatura.21 A velocidade de uma reação química pode ser

influenciada por valores tais como temperatura, pressão,

concentração das espécies envolvidas e da presença de um

catalisador. Se considerarmos uma reação genérica do tipo:

DCBA2 (Equação 01)

A velocidade desta reação pode ser expressa em termos da

variação da quantidade de reagentes ou produtos com o tempo.

Matematicamente pode ser escrita como:

dt

DdV

dt

CdV

dt

BdV

dt

AdV DCBA

][;

][;

][;

][)()()()(

(Equação 02)

Onde: d[A], d[B], d[C] e d[D] são as variações das

concentrações das respectivas substâncias.

Estas expressões estão relacionadas pela estequiometria da

equação química. Para equação química representada acima temos

que para cada 2 moléculas de A consumida, consumiremos 1

molécula de B , formamos 1 molécula de C e 1 molécula de D, assim

sendo a velocidade de formação de C e D são duas vezes menor

que o consumo de A, com isto devemos corrigir a equação 02, para

determinarmos a velocidade média da reação química.

Com isto temos que:

dt

Dd

dt

Cd

dt

Bd

dt

AdV ação

][2

][2

][2

][)(Re (Equação 03)

Então para determinarmos a velocidade média da reação

podemos utilizar qualquer das derivadas acima. Através da equação

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15

podemos, observar que a velocidade varia durante o transcorrer da

reação: a velocidade inicial da reação é máxima, e decresce à

medida que ocorre a reação, Ou seja, a velocidade de uma reação

depende do decréscimo das concentrações dos reagentes.

].[A][][

Bdt

Ad

(Equação 04)

Onde:

e

é conhecido como ordem em relação a A e B

respectivamente; a ordem total da reação é a soma de

e . É

importante observar que os expoentes

e

na equação acima não

são os coeficientes estequiométricos da equação química

balanceada, e devem ser determinados experimentalmente.

Podemos reescrever a equação acima adicionando uma

constante.

].[[A]][

Bkdt

AdT

(Equação 05)

Onde: Tk é a constante de velocidade da reação química e

é dependente da temperatura. Como podemos perceber, a ordem de

uma reação governa a forma matemática da lei de velocidade e,

portanto, as variações de concentrações de todas as espécies com o

tempo.

2.10.1. Reação de Primeira Ordem

Nas reações de primeira ordem a velocidade da reação

química é dependente da concentração de um dos reagentes.

][][

Akdt

AdT

(Equação 06)

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16

rearranjando-se a equação 08 tem-se:

dtkA

AdT][

][ (Equação 07)

se integramos a equação acima temos:

CtkA T]ln[ (Equação 08)

Se aplicarmos as condições iniciais como condições de

contorno temos que em t=0 , [A]= [A](inicial), então ln[A] = ln[A](inicial),

substituindo na equação 11 temos:

tkA

AT

inicial][][

ln (Equação 09)

aplicando antilogaritmo;

tkinicial

TeAA ][][ (Equação 10)

Ou seja a concentração decresce exponencialmente com o

tempo. Graficamente para uma reação de primeira ordem o gráfico

de inicialA

A

][][

ln em função do tempo deve ter um aspecto linear, ou

seja, os pontos experimentais devem se ajustar a uma reta como

mostra Figura 04.

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17

Figura 04: Aspecto de uma reação de primeira ordem

Podemos ainda determinar a constante de velocidade para

uma reação de primeira ordem, sabendo que este valor é igual ao do

inverso do coeficiente angular.

2.11 A INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA SEGUNDO A LEI DE

ARRHENIUS

O aumento na temperatura acarretará um aumento na

energia cinética média das moléculas dos reagentes, catalisadores e

dos produtos. Este aumento de temperatura é resultado de uma

maior vibração média das moléculas, aumentando assim a

probabilidade de colisões das moléculas. Com este aumento de

colisões um maior número de moléculas irá se chocar e com isto

aumenta-se a probabilidade destas moléculas atingirem a energia

igual à energia de ativação, produzindo uma maior quantidade de

produto em um menor tempo.

Como vimos, a expressão matemática que relaciona a

velocidade de uma reação com a concentração dos reagentes é

denominada lei da velocidade ou lei cinética.

yx BAkv (Equação 11)

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18

Onde:

v = velocidade da reação;

k = constante da velocidade (a uma dada temperatura);

A e B = concentrações em molL-1 dos reagentes;

x e y = expoentes determinados experimentalmente.

denominados ordem da reação

A relação entre a constante de velocidade k e a temperatura

foi proposta por Arrhenius, conforme a equação abaixo:

RTEAek /

(equação 12)

Onde:

A

é chamado de fator de freqüência ou fator pré-

exponencial;

E é a energia de ativação;

R é a constante dos gases ideais;

T é a temperatura absoluta.

A energia de ativação foi identificada como um mínimo de

energia que as moléculas dos reagentes devem atingir para a

reação ocorrer. A partir da teoria cinética dos gases, o fator RTEe /

representa a fração de colisões entre as moléculas. A energia de

ativação é determinada experimentalmente, realizando a reação em

diferentes temperaturas.

Linearizando a equação de Arrhenius,

TR

EAk

1.lnln (equação 13)

Com a equação 13, pode-se construir um gráfico de Kln

versus T/1 . A inclinação é RE / , onde E é a energia de ativação e

R é as constantes dos gases, obtendo-se:

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19

bxay

(equação 14)

Onde:

R

EbeAa ln

Conseqüentemente para grandes inclinações da reta,

obtêm-se altos valores de E, e para baixas inclinações, obtêm-se

baixos valores de E. Com isto as reações que apresentam energia

de ativação alta são mais sensíveis as variações de temperaturas

que as reações que apresentam baixos valores de energia de

ativação.

2.12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Zaher, F.A.; Grasas y Aceites 1990, 41, 82.

2. Gunstone, F. D.; Padley, F. B.; Lipid Technologies and

Applications, M. Dekker: New York, 1997, cap. 30 e 31.

3. Mailhe, A.; Bull.Soc.Chim.Fr. 1922, 31, 249.

4. Faragler, W. F.; Englof, G.; Morrell, J. C.; Ind. Eng. Chem.

1932, 24, 440.

5. Egloff, G.; Morrell, J. C.; Ind. Eng. Chem. 1932, 24, 1426.

6. Egloff, G.; Nelson, E. F.; Ind. Eng. Chem. 1933, 25 386.

7. Gonzalez, W. A.; Nunes, P. P.; Ferreira, M. S.; Martins, E. P.; Reguera, F. M.; Pastura, N. M. R.; In:Encontro de Energia no Meio Rural, 3, campinas 2000.

8. Fukuda, H.; Kondo, A.; Noda, H.; J. Biosci. Bioeng. 2001, 92,

405.

9. Akoh, C.C.; Chang, S.; Lee, G.; Shaw, J.; J. Agric. Food

Chem. 2007, 55, 8995.

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Akoh, C.C.; Chang, R. H.; Shieh, C. J.; Energy & Fuels. 2008,

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20

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12. Al-Zuhair, S.; Biotechnol. Prog. 2005, 21, 1442.

13. Schuchardt, U.; Vargas, R. M.; Gelbard, G.; J. Mol. Catal.

1995, 99, 65.

14. Schuchardt, U.; Vargas, R. M.; Gelbard, G.; J. Mol. Catal.

1996, 109, 37.

15. Schuchardt, U.; Sercheli, R.; Vargas, R. M.; J. Braz. Chem.

Soc. 1998, 9, 199.

16. Abreu, F. R., Lima, D.G.; Hamú, E.H.; Einloft, S.; Rubim ,J.C.;

Suarez, P.A.Z., J. Am. Oil Chem. Soc. 2003, 80, 601.

17. Abreu, F.R.; Lima, D.G.; Hamú, E.H.; Wolf, C.; Suarez, P.A.Z.;

J. Mol. Catal. A: Chem. 2004, 209: 29.

18. Di Serio, M.; Cozzolino, M.; Giordano, M.; Tesser, R.; Patrono,

P.; Santacesaria, E.; Ind. Eng. Chem. Res. 2007, 46, 6379.

19. Ferreira, D. A. C.; Meneghetti, M. R.; Meneghetti, S. M. P.;

Wolf, C. R.; Appl. Cat. A: Gen. 2007, 317, 58.

20. Abreu, F. R.; Alves, M. B.; Macêdo, C. C. S.; Zara, L. F.;

Suarez, P. A. Z.; Journal Molecular. Catalysis. 2005, 227:,

263.

21. House, J, E. Principles of chemical kinetcs. second Edition.

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21

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 REAGENTES

Todas as substâncias químicas foram obtidas de fontes

comerciais e usadas sem previa purificação. O cloreto de estanho II

dihidratado (SnCl2.2H2O), PTSA, e o heteropoliácido (H3PW12O40.

10H2O) foram adquiridos da Sigma-Aldrich (Milwaukee, WI). Óxido

de estanho II (SnO), oxido de estanho IV (SnO2), tetrafenil estanho

(Sn(C6H5)4), Trifenil cloro estanho (SnCl(C6H5)3), difenil cloro

estanho, (SnCl2(C6H5)2), e os ácidos graxos (laurico, miristico,

palmitico, estearico, oleico, e linoleico) e seus ésteres, e ácido

sulfúrico (H2SO4, 98 %wt) foram obtidos da Química Moderna (São

Paulo, SP, Brasil). Ainda foi utilizado metanol, etanol, n-propanol,

n-butanol, Hexano, tolueno, KOH, NaOH da Vetec, Sigma-Aldrich

(São Paulo e Milwaukee).

3.2 TESTES CATALÍTICOS E MONITORAMENTO CINÉTICO

DAS REAÇÕES

As reações de esterificação foram conduzidas em um reator

de vidro tritubulado de 50 mL, com agitação magnética. Em um

experimento típico uma quantidade de 1,08 mL de ácido oléico,

33,9 mL de etanol, foram aquecidas até a temperatura de refluxo do

álcool utilizado, logo após foi adicionado o catalisador.

A figura 05 representa um esquema do aparato utilizado nos

testes catalíticos.

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22

Figura 05: Aparato utilizado nos testes catalíticos.

A reação foi avaliada continuamente coletando-se alíquotas

em intervalos regulares estas alíquotas foram analisadas por

cromatografia gasosa e/ou por titulação ácido/base.

Para as amostras analisadas por cromatografia os

rendimentos das reações foram calculados comparando-se as áreas

de picos de ésteres etílicos com as curvas de calibração

correspondentes.

Para as amostras tituladas a quantificação foi feita por

comparação com a quantidade de base consumida.

Os diferentes ácidos graxos foram esterificados na presença

de etanol, sendo que as reações foram conduzidas na presença de

vários catalisadores. Entre eles, o ácido sulfúrico (H2SO4), para-

tolueno sulfônico (PTSA) e o heteropoliácido (HPA) que foram

selecionados com propósitos de comparação, sendo que o ácido

sulfúrico e o PTSA são catalisadores homogêneos comuns em

várias investigações.1

Para o estudo comparativo entre ácidos de Lewis e Brønsted

como catalisadores as reações foram monitoradas analisando

alíquotas continuamente em intervalos de tempo. As reações foram

monitoradas através de titulação com solução alcoólica de NaOH. A

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23

fim de se obter resultados mais confiáveis foram determinados em

cada caso a quantidade de NaOH necessária para neutralizar os

catalisadores ácidos (SnCl2.2H2O, HPA, PTSA, H2SO4 , SnO, SnO2 e

os compostos Organoestânicos) além do etanol, obtendo-se assim

valores reais. Com estes cuidados obtiveram-se sempre resultados

reprodutíveis com os resultados obtidos no CG.

A titulação ácido/base foi utilizada, pois com esta técnica

analítica pode se acompanhar a reação em intervalos de tempo

menor, o que se torna inviável para ser feito no CG devido ao tempo

gasto nas análises.

Outros álcoois também foram testados para reação de

esterificação utilizando o SnCl2..2H2O como catalisador.

3.3 EFEITO DA CONCENTRAÇÃO DO SnCl2.2H2O.

Para avaliar o efeito da concentração de catalisador foram

utilizadas condições de reação idênticas às descrita na seção 3.2.

Neste caso a quantificação dos produtos foi monitorada por titulação

de KOH como descrito anteriormente e por CG. Como o objetivo foi

avaliar a influência da concentração do catalisador este foi o único

parâmetro que sofreu variações nesta série de reações. Sendo que

a concentração do catalisador variou de (1 x 10-2 – 4 x 10-1 molL-1).

3.4 RECUPERAÇÃO E REUTILIZAÇÃO DO CATALISADOR DE

SnCl2..2H2O

Logo após o término das reações, o frasco reator foi levado

à geladeira para resfriar ocorrendo a precipitação do SnCl2..2H2O.

Então, o catalisador foi filtrado e lavado com hexano seco e

reutilizado em uma nova reação. Este procedimento foi realizado por

três vezes consecutivas.

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24

3.5 EFEITO DA RAZÃO MOLAR DO ÁCIDO GRAXO: ETANOL

Foi avaliado o efeito da relação molar usando condições

reacionais idênticas as descrita em seção 3.2. Neste caso a

quantificação dos produtos foi monitorada por CG. Como o objetivo

foi avaliar a influência da razão molar entre ácido graxo (oléico) e

etanol este foi o único parâmetro que sofreu variações nesta série de

reações.

3.6 ESTERIFICAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS LIVRES EM ÓLEO

DE SOJA

Para determinação do poder de redução de ácidos graxos

livres em óleo vegetal foi realizado um experimento como se segue.

Inicialmente foram tomadas duas amostras de óleo de soja

com 3,26 g cada sendo sua acidez de 3,31%. A estas amostras

foram adicionados mais 0,163 g (%5) e 0,326 g (10%) m/m de ácido

oleico, formando duas amostras com 8,21% e 10,31% de acidez

respectivamente. As reações de esterificação do ácido graxo livre

foram realizadas conforme descrito na seção 3.2

O óleo de soja juntamente com o ácido oléico foram

adicionados ao balão, logo após foi adicionado o etanol completando

o volume do sistema reacional para 35 mL. Esperou-se atingir o

equilíbrio térmico e após este período foi acrescentado 0,0237 g

(3x10-3 molL-1) do catalisador SnCl2 2H2O.

As amostras foram coletadas em intervalos de 10 em 10

minutos até atingir 120 minutos de reação, após este período as

alíquotas foram coletadas de 120 em 120 minutos. O ácido oléico

residual foi determinado por titulação com uma solução alcoólica de

NaOH.

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25

3.7 IDENTIFICAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DOS PRODUTOS DA

REAÇÃO

Os produtos obtidos foram identificados por cromatografia

gasosa acoplado à espectrometria de massas (CG-EM),

cromatógrafo Shimadzu GC17A e o espectrômetro de massas um

MS-QP 5050A com uma coluna capilar DB5 (30 m de comprimento,

0.25 mm i.d., 0.25 m). O hélio foi o gás de arraste com velocidade de

2mL/min. As condições de análise foram: 80°C durante 1 min, depois

um acréscimo de 10 °C/min até 250 °C. O detector de EM foi

operado no modo de EI a 70 eV.

Na figura 06 é mostrado um cromatograma típico obtido na

análise dos produtos da esterificação do ácido oléico, sendo

destacado os tempos de retenção dos principais componentes

encontrados nas misturas da reação.

Figura 06: Cromatograma típico obtido para as reações de

esterificação de ácidos graxos com etanol.

A quantificação dos produtos de reação foi realizada

empregando-se cromatografia gasosa associada à detecção por

ionização de chamas (CG-FID). O equipamento empregado foi um

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26

cromatógrafo a gás modelo Shimadzu CG-17A acoplado ao detector

por ionização de chamas, sendo N2 o gás de arraste com velocidade

de 1mL/min. A temperatura sofreu as seguintes variações: 80°C

durante 1 min, depois um acréscimo de 10°C/ min até 250°C.

Para quantificar os constituintes presentes na mistura

reacional, foram realizadas integrações das áreas obtidas,

utilizando-se tolueno como padrão interno, e calculadas pelo

programa presente no próprio computador conectado ao CG-FID,

sendo os resultados expressos em percentual proporcional de área.

3.8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

1. Wakasugi, K.; Misaki, T.; Yamada, K.; Tanabe, Y.;

Tetrahedron Lett. 2000, 41, 5249.

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27

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 ASPECTOS GERAIS

As reações químicas podem ser estudadas em termos

termodinâmicos ou cinéticos. O estudo termodinâmico permite

conhecer a situação de equilíbrio das reações que quantitativamente

pode ser representada pela constante de equilíbrio. Já o tempo com

a qual a reação acontece é informado pela cinética. A cinética

química trata de dois aspectos básicos: os mecanismos das reações

com as etapas envolvidas no processo e a formulação de leis

cinéticas que descrevam detalhadamente os fatores que influenciam

na velocidade da reação.

Os fatores que influenciam a velocidade de uma reação

química em fase líquida são de um modo geral a temperatura, a

concentração das espécies envolvidas, além da natureza e

concentração do catalisador. Sendo assim o estudo aprofundado da

cinética de uma reação química deve-se ater a estes fatores.

Neste trabalho foram avaliados os aspectos quantitativos e

qualitativos do uso de catalisadores a base de estanho como

promotores de reações de esterificação. Também foram estudados o

efeito das concentrações das espécies envolvidas e a influência da

temperatura na velocidade da reação. As condições de agitação

foram otimizadas antes do início do estudo cinético.

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28

4.2 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE CATALÍTICA DO SnCl2.2H2O

COMO CATALISADOR NAS REAÇÕES DE ESTERIFICAÇÃO

A figura 08 apresenta a comparação das curvas cinéticas dos

ensaios de reações conduzidas com e sem catalisador. A figura 7

representa a reação de esterificação catalisada por SnCl2.2H2O.

R'C

OH

O

+ R CH2OHR'

COR

O

+ H2OSnCl2.2H2O

Figura 07: Equação da reação de esterificação catalisada por

SnCl2.2H2O.

0 100 200 300 400 500 600 700 8000

20

40

60

80

100 Catalisado SnCl2 Sem catalisador

Con

vers

ão (

%)

tempo (min)

Figura 08: Conversão em função de tempo para o esterificação de

ácido de linoleico não-catalisado e catalisado por SnCl2.2H2O.a Estas

reações foram conduzidas com 24,2 mL (420 mmol) etanol; ácido de linoleico 10,8ml (35

mmol); SnCl2.2H2O. (0,35 mmol); temperatura de 75ºC, a conversão em linoleato de etila foi

determinado por titulação com NaOH.

Apesar de existir uma alta relação entre álcool:ácido linoleico

(120:1), a reação sem catalisador apresenta uma conversão máxima

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29

de 10%, conversão esta que possivelmente é devida à temperatura

(75ºC) em que a reação é realizada (Figura. 08).

Os resultados apresentados mostram também que para a

reação catalisada neste caso por um ácido de Lewis (SnCl2.2H2O)

atingiu uma conversão de 87% em 720 minutos de reação,

mostrando que o SnCl2.2H2O apresenta atividade catalítica

(Figura.08). A atividade de SnCl2.2H2O como catalisador se deve

possivelmente a interação do Sn2+ com a carbonila do ácido graxo

substrato.

4.3 EFEITO DA CONCENTRAÇÃO DO SnCl2.2H2O

O ácido oléico foi escolhido como substrato para esta serie de

reações porque ele é o ácido graxo majoritário existente na maioria

dos óleos vegetais e em gorduras animais.

Na Figura 09, são apresentadas as curvas cinéticas obtidas

com diferentes concentrações de catalisador SnCl2.2H2O na

etanólise do ácido oléico. Estudar a influência da concentração de

catalisadores em reações químicas é de extrema importância do

ponto de vista econômico, pois se pode determinar a concentração

mínima viável para um rendimento satisfatório.

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30

0 20 40 60 80 100 1200

20

40

60

80

100

Con

vers

ão(%

)

tempo(min)

[Sn2+] = 4 x 10-1 mol/L-1

[Sn2+] = 2 x 10-1 mol/L-1

[Sn2+] = 1 x 10-1 mol/L-1

[Sn2+] = 1 x 10-2 mol/L-1

Figura 09: Conversão em função do tempo para a esterificação de

ácido de oleico catalisado pelo SnCl2.2H2O. a Estas reações foram

conduzidas com 33,9 mL (420 mmol) etanol; ácido de oleico 1,08 mL (3,5 mmol);

SnCl2.2H2O. (0,01-0,4 mmol/L); temperatura de 75ºC, a conversão em linoleato de etila foi

determinado por titulação NaOH.

Existe uma tendência de que com o aumento da concentração

dos catalisadores ocorra um aumento do rendimento das reações

(Figura 9).1 Percebe-se também que existe um limite onde à

concentração de catalisador provoca aumento insignificante do

ponto de vista tecnológico.

Com os resultados obtidos na análise da influência da

concentração do catalisador foi determinada á ordem da reação

química em relação ao catalisador (SnCl2.2H2O) através da

construção de um gráfico de ln[Sn2+] em função da velocidade de

reação (figura10).

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31

-5,0 -4,5 -4,0 -3,5 -3,0 -2,5 -2,0 -1,5 -1,0 -0,5

-1,2

-1,0

-0,8

-0,6

-0,4

-0,2

0,0

0,2

ln d

a ve

loci

dade

da

reaç

ão

ln[sn2+]

Figura 10: Determinação da ordem de reação em relação ao

catalisador.

Para a construção deste gráfico considerou-se apenas os

trinta minutos iniciais de reação, pois com este tempo de reação os

sistemas apresentam aproximadamente a mesma concentração de

ácidos graxos, nos dando a certeza que o fator responsável pela

variação de velocidade da reação é o catalisador.

Observando o gráfico podemos verificar que a dependência

da reação em relação ao catalisador foi de primeira ordem.

No estudo da esterificação de ácido laurico com óleo de

mamona realizados por Kulkarni e Sawant2 foi observado uma

dependência de segunda ordem em relação ao catalisador

SnCl2.2H2O. Porém, as condições em que as reações foram

realizadas são diferentes daquelas utilizadas neste trabalho.

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32

4.4 RECICLO DO CATALISADOR SnCl2.2H2O

A Tabela 1 mostra os resultados obtidos quando se recupera

e reutiliza o catalisador sendo este procedimento satisfatório e

encorajador, no que diz respeito a futuros estudos sobre a aplicação

de SnCl2.2H2O como catalisador reciclável. Realmente, é evidente a

conservação da atividade catalítica depois de três reciclos.

Tabela 1. Reciclagem de SnCl2.2H2O na esterificação de ácido oléico

Reação

Recuperação (%)

Rendimento oleato de etila (% )a

1 90 92b

2 94 90 b

3 92 90 b

a Condição Reacional: etanol (120 mmol); ácido de oléico (10 mmol); SnCl2.2H2O (0,1mmol); 12 horas; temperatura de refluxo. b Calculado das áreas dos picos de CG ésteres de etila.

Como descrito na Tabela 1 a porcentagem de recuperação é

muito alta; em três procedimentos de recuperação, foi sempre maior

que 90%. Ainda devemos destacar que o rendimento em ésteres foi

superior a 90% em 12 horas de reação, mesmo depois do

catalisador ser recuperado e reutilizado por três vezes.

Estes resultados nos mostram claramente que o SnCl2.2H2O

como catalisador tem grandes vantagens em relação ao H2SO4

quando se trata de recuperação e reutilização. Pois, o H2SO4, não

pode ser recuperado nas reações de produção de biodiesel, sendo

necessário fazer a neutralização do catalisador nos produtos finais

de reação, normalmente depositados no meio ambiente.

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33

4.5 ASPECTOS MECANÍSTICOS

Os resultados obtidos nos estudos realizados até aqui nos

permitem propor um possível intermediário formado na etapa lenta

da reação. Podemos pressupor que o grupo carboxila do ácido graxo

coordena com as valências livres do Sn2+. Esta coordenação

certamente é responsável pelo aumento da polarização normal da

carbonila; com o aumento desta polarização a carbonila fica mais

disponível ao ataque do álcool. Provavelmente, neste estágio forma-

se um estado de transição tetra-coordenado, como o proposto na

figura 11.

CH3CH2OH

Sn2+

CH3CH2OH

CO

O

( ) n = 5 - 8

H

Figure 11. Intermediário de reação proposto no qual o Sn2+ é tetra-

coordenado.

A dependência de primeira ordem em relação à

concentração do catalisador SnCl2.2H2O reforça a proposta deste

intermediário. Resultados semelhantes foram obtidos por

Subbarayan et al em estudos de acetilação de álcoois utilizando-se

Co2+ como catalisador.4

4.6 EFEITO DO TAMANHO E TIPO DE CADEIA CARBÔNICA

DO ACIDO GRAXO

Um outro fator importante quando se estudam as reações de

esterificação é o tamanho da cadeia do ácido. Por isso realizou-se

neste trabalho um estudo da influência do tamanho da cadeia

carbônica na esterificação dos ácidos graxos.

Para este estudo mantiveram-se constantes todas as

condições reacionais e alterou-se somente natureza do ácido graxo

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34

em questão, sendo que as cadeias dos ácidos graxos variaram em

tamanho, quantidades de insaturações.

Na tabela 2 são apresentados os resultados da influência do

tamanho e do tipo de cadeia (Insaturações), no rendimento das

reações de esterificação utilizando etanol e SnCl2.2H2O como

catalisador. Como os experimentos foram conduzidos nas mesmas

condições reacionais incluindo o tempo de reação e temperatura,

podemos estabelecer uma relação entre tamanho e tipo de cadeia e

o rendimento da reação.

Tabela 2. Esterificação de ácidos graxos catalisados por SnCl2.2H2O

Ent. Ácido graxo Carbonos:

duplas

Rendimento

em Ester de etila (% )b

Seletividade

(% )b

1 Láurico 12:0 85 98

2 Mirístico 14:0 87 97

3 Palmítico 16:0 86 95

4 Esteárico 18:0 87 97

5 Oléico 18:1 90 95

6 Linoleico 18:2 94 95 a

Estas reações foram conduzidas com 10,0 mL (120 mmol) de etanol; 0,32mL (1 mmol) do

acido graxo; SnCl2.2H2O (0,1mmol); temperatura de 75ºC e 12 horas de reação, ba

conversão em ésteres de etila foi determinado por cromatografia gasosa.

Analisando a Tabela 2, podemos perceber que existe uma

pequena tendência de aumento do rendimento em ésteres etílicos

quando se aumenta o numero de insaturações. Entretanto, quando

se observam os resultados comparativos do tamanho da cadeia

carbônica temos rendimentos muito próximos, concluindo assim que

o tamanho da cadeia carbônica de C-12 á C-18, não afeta

significativamente a conversão dos ácidos graxos em ésteres

etílicos. Além disto, estes resultados estão de acordo com os

resultados descritos por Ziane et al.2

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35

4.7 COMPARAÇÃO ENTRE CATALISADORES ÁCIDOS DE

LEWIS E BRØNSTED

Depois de comprovado a eficiência do SnCl2.2H2O como

catalisador para reações de esterificação, foi realizado um estudo

comparativo entre o SnCl2.2H2O ácidos Lewis e ácido de Brønsted

,neste caso o H2SO4, PTSA e HPA.

Na figura 12 são apresentados os rendimentos de

esterificação de ácido oléico utilizando os ácidos de Lewis e

Brønsted, sob mesmas condições, alterando somente o tipo e a

concentração molar dos catalisadores.

Observando a figura 12 percebe-se que nos dois casos a

reações atingiram uma conversão de aproximadamente 90% em 2

horas de reação; depois deste tempo a reação atinge o equilíbrio,

mostrando pequenas oscilações nos rendimentos.

0 100 200 300 400 500 600 700 800

0

20

40

60

80

100

120

140

H2SO4

PTSA HPA SnCl2.2H2O

Con

vers

ão(%

)

Tempo (min)

Figura 12: Conversão Oleato de etila em função do tempo na

esterificação de ácido oléico catalisado pelo SnCl2.2H2O, ácido

sulfúrico (H2SO4), PTSA e HPA. a Estas reações foram conduzidas com 35 mL

(180 mmol) de etanol; (3,6 mmol) do ácido oléico; SnCl2.2H2O. (0,4mmol); H2SO4 (0,6

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36

mmol); PTSA (1,2mmol); HPA (0,4mmol); temperatura de 75ºC e 12 horas de reação, O

ácido oleico residual foi determinado através de titulação com uma solução alcoólica de

NaOH.

A figura 12 mostra ainda que, todos os catalisadores

apresentaram rendimentos semelhantes ao longo da reação,

confirmando que o SnCl2.2H2O tem um bom potencial catalítico, já

que apresenta conversão semelhante a catalisadores ácidos mais

estudados e comum utilizado em reações de esterificação.

Como podemos observar pela figura 12, apesar dos

catalisadores apresentarem estruturas químicas totalmente

diferentes, rendimentos similares foram obtidos. De fato, o H2SO4,

um ácido de Brønsted inorgânico; o PTSA também um ácido de

Brønsted porém orgânico; o HPA, um ácido com acidez de Brønsted

gerado pelos seus três hidrogênios, mas também com acidez de

Lewis gerado pelo metal (tungstênio) que faz parte de sua estrutura;

finalmente, o SnCl2.2H2O é um ácido de Lewis. Porém apesar das

diferenças apresentadas até aqui todos os catalisadores apresentam

comportamentos bem semelhantes.

Neste caso os estudos sobre a utilização de HPA e do

SnCl2.2H2O como catalisadores de reações de esterificação, são

promissoras pois, para o SnCl2.2H2O já foi comprovada a grande

capacidade de recuperação e reciclo como visto na seção 4.4. Para

o HPA, outras alternativas serão exploradas em trabalho de

doutorado que será realizado no laboratório de catálise homogênea

e heterogênea do DEQ/UFV.

4.8 OS ORGANOESTÂNICOS COMO CATALISADORES EM

REAÇÕES DE ESTERIFICAÇÃO

Como já foi comprovada a eficiência do SnCl2.2H2O como

catalisador, o próximo desafio foi a utilização de organoestânicos

como catalisadores em condições semelhantes a utilizadas para o

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37

SnCl22H2O. A figura 13 mostra os resultados obtidos quando utiliza-

se compostos organoestânicos formados por grupo fenil.

Com estes resultados pode-se verificar que a troca dos

substituintes orgânicos pelo cloro aumenta a atividade do

catalisador. Este aumento certamente está relacionado com o efeito

da substituição do grupo fenil pelo cloro. Diminuindo o volume

ocupado pelo substituinte, possibilitando um maior contato entre o

Sn4+ e o grupo carbonila do ácido graxo.

0 20 40 60 80 100 120

0

20

40

60

80

100 Sn(C6H5)4

SnCl(C6H5)3

SnCl2(C6H5)2

Con

vers

ão (

%)

Tempo (min)

Figura 13: Conversão de Oleato de etila em função do tempo na

esterificação de ácido oléico catalisado pelo SnCl(C6H5)3,

SnCl2(C6H5)2, Sn(C6H5)4.a

Estas reações foram conduzidas com 35,0 mL, sendo

33,9mL de etanol; 1,10mL (1mmol) do ácido oléico; SnCl(C6H5)3, SnCl2(C6H5)2, Sn(C6H5)4

sendo os catalisadores com concentração de (1x10-3 mol/L); temperatura de 75ºC e 2 horas

de reação. O ácido oléico residual foi determinado através de titulação com uma solução

alcoólica de NaOH.

Sínteses de novos derivados organoestânicos estão em

andamento no laboratório de catálise homogênea e heterogênea do

DEQ/UFV e serão testados no doutorado.

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38

4.9 OS ÓXIDOS DE ESTANHO COMO CATALISADORES EM

REAÇÕES DE ESTERIFICAÇÃO

Além do cloreto de estanho e dos organoestânicos, neste

trabalho também foram testados os óxidos de estanho (SnO e SnO2)

como catalisadores de reações de esterificação. A figura 14

apresenta os resultados obtidos quando utilizam-se os óxidos de

estanho como catalisadores.

0 20 40 60 80 100 120-5

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

SnO SnO2

Con

vers

ão (

%)

Tempo (min)

Figura 14: Conversão de Oleato de etila em função do tempo na

esterificação de ácido oleico catalisado pelo SnO e SnO2. a Estas

reações foram conduzidas com 35,0 mL , sendo 33,9mL de etanol; 1,10mL (1mmol) do

acido oleico; SnO e SnO2, sendo os catalisadores com concentração de (1x10-2 mol/L);

temperatura de 75ºC e 2 horas de reação, O ácido oléico residual foi determinado através

de titulação com uma solução alcoólica de NaOH.

Devemos ressaltar aqui que os óxidos de estanho são

insolúveis nos sistemas trabalhados, sendo inadequada a sua

comparação com o cloreto de estanho e o organoestânicos.

Entretanto, os primeiros resultados dos óxidos como catalisadores

se mostraram promissores. Sendo assim este grupo de pesquisa

encontra-se atualmente em busca de sistemas alternativos para

aplicação dos óxidos de estanho como catalisadores.

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39

Como era de se esperar os rendimentos em oleato de etila

foram inferiores aos obtidos para os cloretos, fato que certamente

esta relacionada a pouca solubilidade dos óxidos (SnO e SnO2) no

sistema. Comparando-se os dois catalisadores podemos perceber

que o SnO2 apresentou um rendimento melhor que o SnO, devendo

estes compostos serem avaliados em outros experimentos, onde

poderemos avaliar propriedades tais como a superfície dos

catalisadores e mecanismo de interações.

4.10 DETERMINAÇÃO DA ORDEM DA REAÇÃO

Neste trabalho podemos desconsiderar a contribuição do

álcool para ordem da reação, pois em todos os casos o álcool foi

utilizado em excesso não sofrendo variações de concentração

significativas durante o processo. Então a ordem da reação está

relacionada somente com a concentração do acido graxo. Como os

ácidos graxos têm aproximadamente o mesmo comportamento (item

4.4), pode-se determinar a ordem de uma reação e esta ordem ser

estendida para todos os ácidos graxos em questão.

0 20 40 60 80 100 120

-2,65

-2,60

-2,55

-2,50

-2,45

-2,40

-2,35

-2,30

Y = -0,00278.X -2,31549

R2 = 0,9700

ln[a

cido

ole

ico]

Tempo (min)

Figura 15: Gráfico de ln[ácido oléico] versus tempo para

determinação da ordem da reação.

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40

A reação escolhida foi uma reação conduzida com 33,9 mL

(670 mmol) de etanol; 1,08 mL (3,5 mmol) do ácido oléico;

SnCl2.2H2O. (0,35mmol); temperatura 75ºC e 2 horas de reação. O

ácido de oléico que não reagiu foi determinado através de titulação

com uma solução alcoólica de NaOH.

O aspecto do gráfico mostra que a ordem em relação ao

ácido graxo foi de primeira ordem. Então a ordem da reação química

em questão é de primeira ordem, ou seja, a velocidade da reação

depende linearmente da concentração somente do ácido oléico, já

que o etanol está em excesso.

4.11 EFEITO DA RAZÃO MOLAR DO ÁCIDO GRAXO: ETANOL

O efeito da relação molar entre o ácido oléico e etanol

também foi estudado, e está apresentado na figura 16. Com estes

resultados pode-se verificar que em geral com o aumento do álcool

em relação ao ácido oléico, temos um aumento na velocidade da

reação química. Mais ainda, observando estes resultados pode-se

verificar que já em uma relação 1:3 a reação apresenta uma boa

velocidade gerando assim um bom rendimento em pouco tempo.

As condições utilizadas nestes experimentos não são

aperfeiçoadas para rendimento máximo da reação. Porém, eles

fornecem um modo para comparar as atividades catalíticas do

SnCl2.2H2O na esterificação de ácidos graxos com diferente razão

molar de ácidos graxos:etanol.

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41

0 2 4 6 8

0

10

20

30

40

50

60

70

Con

vers

ão (

%)

tempo (hs)

1:12 1:9 1:6 1:3 1:1 3:1

Figura 16: Conversão em Oleato de etila em função do tempo

esterificação de ácido oléico catalisado pelo SnCl2.2H2O em

diferentes razões molares de ácido oléico: etanol. a Estas reações foram

conduzidos com 10,0 mL (120 mmol) etanol; ácido de oleico 0,32mL (1 mmol); SnCl2.2H2O.

(0,01mmol); temperatura de 75ºC, a conversão em oleato de etila foi determinado por

cromatografia gasosa.

A tendência apresentada acima esta relacionada com o

aumento de possibilidade de choques entre moléculas de ácido

graxo com etanol, também deve estar ajudando neste processo a

menor viscosidade em que se encontra o sistema.

4.12 A INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA

Do ponto de vista termodinâmico, aumentando a

temperatura aumenta a energia cinética média das moléculas dos

reagentes. Espera-se assim que as moléculas se choquem liberando

uma maior quantidade de energia, e assim vão atingir a energia

necessária para se transformar em produtos.

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42

Com isto um estudo para verificar o quanto á reação de

esterificação de ácidos graxos catalisadas por SnCl2.2H2O são

afetadas pela temperatura foi realizado.

Então, na Figura 17, nota-se que realmente a temperatura é

um fator de extrema importância. À 25ºC a reação não atinge 5% de

conversão em 720 minutos de reação e à medida que se aumenta à

temperatura aumenta-se também a conversão em ésteres etílicos.

Em 720 minutos, chega-se a aproximadamente 70% de conversão

de reação á 75ºC.

-100 0 100 200 300 400 500 600 700 800-10

0

10

20

30

40

50

60

70 25ºC 35ºC 45ºC 55ºC 65ºC 75ºC

Con

vers

ão %

Tempo (min)

Figura 17: Conversão de Oleato de etila em função do tempo na

esterificação de ácido oleico catalisado pelo SnCl2.2H2O, em

diferentes temperaturas de reação. a Estas reações foram conduzidas com 33,9

mL (670 mmol) de etanol; 1,08 mL (3,5 mmol) do acido oleico; SnCl2.2H2O. (0,35mmol);

temperatura vaiando de 25ºC (temperatura ambiente), 35ºC, 45ºC, 55ºC, 65ºC, 75ºC e 12

horas de reação. O ácido oleico que não reagiu foi determinado através de titulação com

uma solução alcoólica de NaOH.

Com as informações apresentadas acima podemos criar um

modelo cinético para a reação de esterificação do ácido oléico.

Porém, antes se deve ressaltar que as reações de esterificação dos

ácidos graxos são de primeira ordem em relação ao ácido graxo;

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43

como a quantidade molar de etanol em relação ao ácido graxo é

muito alta, pode-se desconsiderar a variação do etanol. Então, a

reação se torna de pseudo-ordem zero em relação ao álcool.

Tabela 3: Equação linear (ln([ácido oléico]/[ácido oléico]o) em função do tempo em segundos) com os respectivos valores de correlação obtidos através da figura 17

T/(ºC) Valores de Ka

(1/s)

Regressão Linear

ln([ácido oléico]/[ácido oléico]o) =

R2

35 3,0892 x 10-6 -0,02114 -3,0892E-6 * X 0,90902

45 4,29388 x 10-6 -0,01782 -4,29388E-6 * X 0,9547

55 9,7396 x 10-6 -0,02565 + -9,7396E-6 * X 0,97623

65 16,52 x 10-6 0,024 + -1,652E-5 * X 0,99383

75 21,5347 x 10-6 -0,07895 -2,15347E-5 * X 0,97017

a Constante de velocidade da reação de esterificação em cada temperatura.

Com os valores obtidos na regressão do gráfico da figura 17,

determinou-se a energia de ativação da etanólise do ácido oleico

catalisada por SnCl2 2H2O, através da construção do gráfico de LnK

em função de 1/T (Kelvin). Este gráfico está representado na figura

18.

2,9x10-3 3,0x10-3 3,1x10-3 3,2x10-3 3,3x10-3

-13,0

-12,5

-12,0

-11,5

-11,0

-10,5

Y = -5615,28073 * X + 5,48328

R 2 = 0 ,97515

lnK

1 /T(K -1)

Figura 18: Influência da temperatura na reação de esterificação

catalisada por SnCl2.2H2O (equação de Arrhenius).

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44

Como já vimos a inclinação da reta é R

E

assim podemos

determinar o valor da energia de ativação E , que foi de 46,69

Kj/mol.

Este valor de energia de ativação está próximo aos valores

encontrados por Berrios1 para a esterificação de ácido graxos livres

em óleo de soja catalisados por H2SO4. Ele encontrou valores de

50,74 Kj/mol e 42,76 Kj/mol para concentrações de catalisadores de

5% e 10% respectivamente. Entretanto, a relação de ácido oléico e

catalisador em nossos experimentos foi diferente (10:1) e a natureza

do catalisador é obviamente distinta.

4.13 USO DE OUTROS ÁLCOOIS

A atividade catalítica do cloreto de estanho foi também

testada usando diferentes álcoois e os resultados estão

apresentados na figura 19.

Todas as reações foram conduzidas em condições

otimizadas para o processo de etanólise. Um ponto a ser destacado

é que o uso de um excesso de álcool foi motivado pela

reversibilidade da reação.6-9 A Figura 18 mostra que a esterificação

atinge bons rendimentos para o metanol sendo melhores que os

resultados obtidos para o etanol, porém os rendimentos para as

reações com o propanol, butanol, não apresentaram bons resultados

O impedimento estéreo químico explica o fato da diminuição

na conversão em ésteres quando há um aumento das cadeias

normais dos álcoois.

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45

-100 0 100 200 300 400 500 600 700 800-10

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Metanol Etanol propanol butanol

Con

vers

ão (

%)

Tempo (min)

Figura 19: Rendimentos para a reação de esterificação de

diferentes álcoois usando cloreto de estanho como catalisador. a Estas

reações foram conduzidas com 33,9 mL (670 mmol) de etanol; 1,08 mL (3,5 mmol) do ácido

oléico; SnCl2.2H2O. (0,35mmol); sendo a temperatura 75ºC e 12 horas de reação, O ácido

oleico que não reagiu foi determinado através de titulação com uma solução alcoólica de

NaOH.

Considerando que as condições reacionais podem ser

otimizadas para estes álcoois, os resultados são bastante

satisfatórios, e estão de acordo com os resultados encontrados na

literatura sobre os estudos do efeito do tamanho da cadeia do

álcool.6-9

4.14 REDUÇÃO DO TEOR DE ÁCIDOS GRAXOS LIVRES EM

ÓLEOS VEGETAIS

Neste trabalho também foi avaliado o potencial de

SnCl2.2H2O como catalisador em reduzir ácidos graxos livres em

óleos vegetais, para este estudo foi adicionado quantidades extras

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46

de ácidos graxos em óleo de soja, para completar 5% e 10%

respectivamente.

A figura 20 mostra a capacidade de redução de ácidos

graxos livres presentes em óleo de soja promovida pelo SnCl2.2H2O;

a redução foi de aproximadamente 55% em duas horas de reação

para a amostra contendo 10% de acido graxos. Em igual período, a

amostra contendo 5% de ácidos graxos sofreu uma redução de 40%

do valor inicial.

0 100 200 300 400 500 600 700 8000

10

20

30

40

50

60

70

conv

ersã

o (%

)

tempo (min)

5% ácido oleico em óleo de soja 10% ácido oleico em óleo de soja

Figura 20: Redução de ácidos graxos livres existentes em óleo de

soja por esterificados em função do tempo catalisado pelo

SnCl2.2H2O.

Este é um aspecto importante quando se trata do

SnCl2.2H2O como catalisador, pois mesmo alterando propriedades

como polaridade e viscosidade do sistema de reação, o cloreto de

estanho se mostrou altamente eficiente.

A possível reação de transesterificação não foi avaliada

neste experimento, já que a conversão em ésteres foi determinada

por titulação do ácido graxos residual.

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47

A redução de ácidos graxos livres em óleos vegetais é mais

uma das possíveis aplicações a ser dada ao SnCl2.2H2O, pois com

esta capacidade de redução de ácidos graxos livres o cloreto de

estanho pode ser utilizado para preparar amostra a serem

transeterificadas em catálise básica.

4.15 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Berrios, M. J.; Siles, M. A.; Martin, A.; Fuel. 2007, 86 2383.

2. Kulkarni, M. G.; Sawant, S. B.; J. Am. Oil. Chem. Soc. 2003,

80,1033.

3. Cardoso, A., L.; Augusti, R.; Da Silva, M. J.; J. Am. Oil Chem.

Soc. 2008.

4. Subbarayan ,V.; Sarbani ,B.; T. Punnoyamurthy, Tetrahedron.

2005, 61, 2011.

5. Suarez,P.A.Z.; Journal .Brazilian Chemical Society. 2006, 17

1291.

6. Pipus, G.; Plazi, I.; Koloini, T.; Ind. Eng. Chem. Braz.. 2002, 41,

1129.

7. Suarez, P. A. Z.; Meneghetti, S. M. P.; Meneghetti, M. R.;

Wolf, C. R.; Quim. Nova, 2007, 30, 667.

8. Schuchardt, U.; Sercheli, R.; Vargas, R. M.; J. Braz. Chem.

Soc. 1998, 9, 199.

9. Freedman, B.; Butterfield, R. O.; Pryde, E. H.; J. Am. Oil

Chem. Soc. 1986, 63, 1375.

10. Di Serio, M.; Tesser, R.; Dimiccoli, M.; Cammarotaa, F.;

Nastasi, M.; Santacesaria, E.; J. Mol. Catal. A: Chem. 2005,

239, 111.

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48

5. CONCLUSÕES

Os resultados experimentais obtidos neste trabalho

mostraram que o SnCl2 2H2O, apesar de simples e de baixo custo,

além de não corrosivo e pouco tóxico, é eficiente catalisador para a

esterificação em fase líquida homogênea de ácidos graxos em

condições brandas de reação. Outros compostos de estanho como

compostos organoestânicos Sn(C6H5)4, SnCl(C6H5)3, SnCl2(C6H5)2, e

os óxidos SnO e SnO2 também foram avaliados como catalisadores.

Entretanto, para estes compostos foram obtidos rendimentos

inferiores ao obtidos para o SnCl2 2H2O. Mas estudos estão sendo

realizados no Laboratório de Catálise da UFV, a fim de sintetizar

novos catalisadores organoestânicos mais ativos e eficientes. Para

os catalisadores heterogêneos, os óxidos de estanho, estão sendo

desenvolvidos novas técnicas para aumentar a área superficial e a

acidez de Lewis.

Nos estudos realizados para determinar a ordem da reação,

foi constatado que a reação é de primeira ordem em relação ao

acido graxo e em relação ao catalisador.

Foi verificado também que o SnCl2 2H2O apresentou uma alta

porcentagem de recuperação, e em sua reutilização mostrou um alto

índice de rendimento. No estudo realizado para avaliar o efeito da

cadeia de acido graxo percebeu-se que o tamanho da cadeia de

acido graxo variando de C12 a C18 e o número de insaturações não

causou diferenças significativas no rendimento da reação.

Outra conclusão importante foi que alguns compostos

analisados neste trabalho (SnCl2 2H2O, H2SO4, PTSA e HPA) não

apresentaram comportamentos diferentes quando se fala no aspecto

da curva e rendimentos da reação de esterificação. Apesar destes

compostos apresentarem estruturas químicas bem diferentes.

No estudo realizado variando-se a temperatura das reações

químicas pode-se observar que com o aumento da temperatura

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49

aumenta-se a velocidade da reação de esterificação catalisado por

SnCl2 2H2O, foi determinado o valor de energia de ativação para

esta reação que foi de 46,69Kj/mol.

Outros álcoois foram avaliados, mas ficou constatado que

realmente se torna inviável a reação de esterificação em condições

brandas quando se utiliza álcool com cadeia maior que 2 carbonos.

Em termos de redução de acidez em óleos vegetais o SnCl2

2H2O se apresentou altamente eficiente, sendo assim concluímos

que os compostos de estanho principalmente o SnCl2 2H2O é um

catalisador apto a ser utilizado no Brasil e no mundo para produção

de biodiesel através da promoção de reações de esterificação.

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50

6. ANEXO

6.1 TRABALHOS PUBLICADOS

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52

Tin(II) chloride dihydrate: An efficient Lewis acid catalyst for biodiesel production from

of soybean oil with high content of free fatty acidsMárcio J. da Silva*, Abiney L. Cardoso, Soraia C. G. Neves

1 Departamento de Química, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 36571-000, Brasil.*[email protected]

XXI Simpósio Iberoamericano de Cátalise – XXISiCat 2008 Benalmádena - Costa, Málaga, Espanha

INTRODUCTIONBiodiesel, a suitable substitute for petroleum-derived diesel, is a

renewable and non-polluting fuel, which consists of methyl or ethyl

esters, resulting from either the transesterification of triglycerides (TG)

or the esterification of free fatty acids (FFA) [1].

Figure 1. Esterification reaction of FFA for biodiesel production.

The development of efficient catalysts for the esterification of FFA is

one of the main challenges to be overcome for biodiesel production at

more competitive costs [2]. Lewis acids may be preferred over Brønsted

acids for several reasons, for instance, in order to avoid parallel

reactions and because are less corrosive [3]. Despite being applied

mainly in organic synthesis, Lewis acids are potentially useful as

catalysts in the production of biodiesel [4].

In this work, the SnCl2.2H2O, Lewis acid of easier handling, low price

and less corrosive, was evaluated as a homogeneous catalyst for the

ethanolysis of soybean oil with high tenor of FFA.

OBJECTIVES

Application of SnCl2.2H2O as catalyst in esterification reactions for

biodiesel production.

EXPERIMENTAL

Catalytic tests

In a 50 mL three-necked round flask equipped with a reflux condenser.

ethanol (6.9 mL; 120 mmol) and the fatty acid (10 mmol; 3.1mL) were

heated at reflux temperature and thus the catalyst added (0.4 mmol of

Sn2+). The molar ratio ethanol:FFA employed was 12:1.

Identification and quantification of reaction products

The products were identified and quantified by GC analysis (GC

Shimadzu 17 A), equipped with DB5 capillary column and FID detector,

and comparison with patterns esters in calibration curves.

RESULTS AND DISCUSSIONS

Figure1 shows the ethyl oleate yields obtained in the esterification of

oleic acid catalyzed by SnCl2.2H2O and H2SO4. The yields similarly

increased and reached the approximately 90 % after 120 min reaction.

R'C

OH

O

+ R CH2OH R'C

OR

O

+ H2OCat

Efficiently, Tin chloride reduced the initial acid value of soybean oil with high content of the FFA (5 and 10% w/w FFA, respectively) in approximately 60%, in a short time interval at mild conditions (reflux).

SnCl2.2H2O was recovered (filtration at room temperature) at the end of the esterification reaction of oleic acid, and repeatedly utilized.

Table 1. The SnCl2.2H2O recovery % and the ethyl oleate yields achieved on the ethanolysis of oleic acid.

CONCLUSIONS

The SnCl22H2O is a simple, inexpensive and non corrosive catalyst, and efficiently promoted the esterification of FFA wit high yields.

[1] H.F. Maa , Bioresour. Technol. 70 (1999)1[2] J.M. Marchetti, V.U. Miguel, A.F. Errazu, Fuel 86 (2007) 906.[3] E. Lotero, Y.Liu, D.E. Lopez, K. Suwannakarn, D.A. Bruce, J.G. Goodwin, Ind. Eng. Chem.Res.44 (2005) 25353.[4] X. Hao, A. Yoschida, J. Nishikido, Tetrahedron Letters 45 (2004) 781.

0 20 40 60 80 100 1200

20

40

60

80

100

ethy

l ole

ate

yiel

ds (

%)

time (min)

SnCl2

H2SO

4

Figure 2. Ethyl oleate yields achieved in the ethanolysis of oleic acid catalyzed by the SnCl2.2H2O, sulfuric acid (H2SO4).

0 100 200 300 400 500 600 700 8000

10

20

30

40

50

60

70

conv

ersi

on (

%)

time (min)

5% oleic acid in soybean oil

10% oleic acid in soybean oil

Figure 3. % Conversion ethanolysis of soybean oil with high tenor of FFA catalyzed by SnCl2.2H2O.

Runa Ethyl oleate yield (%)b Recovery rates (%)c

1

92

> 98

2

90

> 98

3

88

> 97

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