Relatório 6 - Estudo cinético da invertase da levedura

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Bioquímica I2010/2011Estudo cinético da invertase da leveduraAlunas: Andreia Sousa n.º 40261 Alexandra Salvado n.º 4026717 de Maio de 20111.º Ano - 2.º Semestre2Estudo cinético da invertase da leveduraResumoEste trabalho laboratorial teve como objectivos estudar a cinética do enzima invertase (beta-fructofuranosidase) na reacção de hidrólise da sacarose e a determinação dos parâmetros cinéticos Km e Vmáx. Pretendeu-se também comparar a velocidade da reacção de hidrólise da sacar

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Bioqumica I

2010/2011

Estudo cintico da invertase da levedura

Alunas: Andreia Sousa n. 40261 Alexandra Salvado n. 40267

17 de Maio de 20111. Ano - 2. Semestre

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Estudo cintico da invertase da levedura

ResumoEste trabalho laboratorial teve como objectivos estudar a cintica do enzima invertase (beta-fructofuranosidase) na reaco de hidrlise da sacarose e a determinao dos parmetros cinticos Km e Vmx. Pretendeu-se tambm comparar a velocidade da reaco de hidrlise da sacarose num ensaio com actividade enzimtica e outro sem actividade enzimtica. No estudo cintico do invertase utilizou-se uma soluo de enzima de concentrao 1,0 U/mL, a qual foi preparada por diluio de uma soluo stock 1mg/mL, usando tampo Tris-HCl (pH 7,5) 0,01 M. Aps a sua preparao, a soluo de enzima foi mantida a uma temperatura prxima de 0C. No ensaio com actividade enzimtica, o reagente de Nelson foi adicionado 10 minutos aps a adio do invertase; como desactivador da aco enzimtica; aos tubos do segundo ensaio, o reagente de Nelson foi adicionado antes da adio do enzima. Os parmetros cinticos, Vmx e Km, foram obtidos a partir da construo de um grfico das velocidades iniciais em funo da concentrao de sacarose. Para a obteno dos valores das velocidades iniciais determinaram-se as diferentes concentraes de oses redutores produzidas durante um intervalo de 10 minutos. Estes parmetros foram calculados por 4 mtodos diferentes e no final foi eleito o mais eficiente. Para a obteno dos valores e dos grficos destes parmetros cinticos, foi utilizado um programa de computador, Hyper. Os valores obtidos de Km e Vmx no correspondem ao esperado, sendo que o valor de Km desta enzima se situa entre os 25 e os 30 mM e se obteve um valor de Km = 9,482 4,903. A velocidade mxima, ao contrrio da constante de Michaelis obtida, maior do que o esperado, Vmx = 3,93 9,722. Este facto devido s altas absorvncias medidas para a hidrlise total e a sua diferena para as absorvncias medidas para a hidrlise no

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enzimtica, uma vez que a diferena grande, altas absorvncias correspondem anteriormente: a velocidades inicias altas pela equao deduzida

Segundo a apresentao destes grficos e valores de K m e Vmx, o mtodo mais rigoroso foi o mtodo directo, uma vez que por todos apresentarem um valor negativo, o mais prximo do valor da literatura foi o calculado por este mtodo. O menos rigoroso ser sempre o mtodo de Lineweaver-Burk, uma vez que os parmetros utilizados na construo do grfico so o inverso dos valores obtidos, assim, os valores de erro reduzido so apresentados com erro grande e os valores de erro maior so apresentados com erro diminudo. Aferiu-se que estes resultados obtidos resultaram de erros experimentais que podiam estar relacionados com a preparao da soluo de enzima, com a preparao do reagente de Nelson, com o perodo de incubao, com os valores de absorvncia e com as condies do meio pH e temperatura, principalmente.

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Registo e discusso dos resultadosClculo da concentrao exacta das vrias solues de invertase preparadasPreparao das solues

Soluo de invertase 1,0 U/mL Deve retirar-se soluo anterior ( de 50 mL):

E perfazer-se a soluo at aos 25 mL com tampo Tris-HCl (pH 7,5) 0,01M, obtendo ento a concentrao de:

Soluo de invertase 2,5 U/mL Deve retirar-se soluo anterior ( de 50 mL):

E perfazer-se a soluo at aos 25 mL com tampo Tris-HCl (pH7,5) 0,01M, obtendo ento a concentrao de:

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Medies Cada grupo ficou com uma dada concentrao de invertase para preparar (1,0 ou 2,5 U/mL). O nosso grupo preparou a soluo de 1,0U/mL.

Concentrao terica da soluo de invertase 1,0 U/mL

Concentrao exacta da soluo de invertase preparada

Para determinar a concentrao exacta da soluo de enzima preparada utilizou-se a frmula correspondente lei de Beer-Lambert ( absorvncia, ). Sendo a

o coeficiente de absoro molar ao comprimento de onda

utilizado e o percurso ptico, ou seja, a largura da cuvette. Para esta medio da absorvncia da soluo preparada utilizou-se a cuvette de quartzo devido ao comprimento de onda utilizado, uma vez que a 280 nm a cuvette que menos absorve, como visvel no quadro abaixo (Quadro 1).Quadro 1. Gama de aplicao das cuvettes de acordo com o seu tipo de material.

Gama Espectral Visvel UV

Material Plstico Vidro Quartzo

Gama de Aplicao 340-800 nm 334-2500 nm 170-2600 nm

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Concentrao exacta:

Concentrao esperada:

A concentrao exacta foi bastante mais elevada do que a concentrao esperada. Isto vai resultar em absorvncias altas, como se ver mais frente no relatrio.

Base de actuao do reagente de NelsonO cobre presente no reagente de Nelson reduzido pelos glcidos redutores (glicose e frutose) em meio alcalino e quente. A forma reduzida do sal de cobre actua sobre o reactivo arsenomolibdato determinando o aparecimento de cor azul, cuja intensidade proporcional ao teor de glcidos redutores da soluo. Sob a aco do calor os glcidos redutores decompemse parcialmente em fragmentos oxidveis pelo hidrxido cuproso existente no reagente de Nelson, resultando em cido etanodiico, cido propanodiico, entre outros. Nesta reaco o hidrxido de cobre (azul) reduz-se a hidrxido cuproso (amarelo). Continuando o aquecimento, o hidrxido cuproso perde uma molcula de gua, transformando em xido cuproso (vermelho). O xido cuproso assim formado, vai reduzir o reagente de arsenomolibdato dando o xido de molibdnio (MO3O8) de colorao azul, cuja intensidade proporcional a quantidade de glcidos redutores existentes na amostra, que pode ser determinada espectrofotometricamente a 510 nm. O invertase, como todos os enzimas, apresenta um pH ptimo de actuao, onde apresenta uma actividade elevada, o seu intervalo de actuao17 de Maio de 2011

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de pH entre 3,5-5,5, sendo o pH ptimo 4,5, a 55C. Se o enzima no se encontrar em soluo, a hidrlise da sacarose ocorre facilmente se o meio for cido. Tendo por base estes factores, podemos deduzir que o reagente de Nelson altera o pH da soluo, basificando-o, inibindo a actuao do enzima. Este facto deve-se alterao do estado de ionizao de um grupo funcional do enzima, independentemente da existncia do tampo de acetato de sdio, pois este no tem capacidades de neutralizar uma base to forte. A alterao dos estados inicos dos grupos dos resduos dos aminocidos, principalmente do centro activo, conduz a uma alterao da sua configurao pelo que a ligao com o substrato impossibilitada, levando a uma perda da sua actividade cataltica e consequente paragem da reaco catalisada pela enzima. Este facto em conjunto com o posterior aumento de temperatura, leva desnaturao do enzima, impedindo-o de voltar a reagir, sendo a reaco de hidrlise da sacarose dada por terminada.

Resultados obtidos nos controlos efectuadosAo longo de toda a actividade laboratorial foram utilizados tubos de controlo para cada quadro preparado. No quadro 1, em que foi estudado a influncia da concentrao de substrato na actividade enzimtica do invertase da levedura, foi utilizado para o zero do espectrofotmetro o tubo 1, pois no havendo sacarose no meio reaccional no foi formado nenhum produto (glucose e frutose) e consequentemente a concentrao de glcidos redutores o que identificado pelo mtodo de Nelson nula. O tubo 10 foi utilizado para controlar o efeito do reagente de Nelson na actividade enzimtica. Este reagente foi adicionado neste tubo antes do enzima, ao contrrio do sucedido nos outros tubos. Assim, visto que este inibe

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a actuao do enzima, obteve-se uma menor concentrao de glcidos redutores glucose e frutose - pois a hidrlise do disido no foi catalisada por um enzima. O tubo 11 permitiu seguir a dissociao da sacarose sem a aco do enzima. Ao comparar este tubo com o tubo anterior (tubo 10) possvel concluir que a dissociao ocorrida no tubo 10 se deve a uma dissociao qumica natural da sacarose sem enzima, pois uma vez que as absorvncias medidas foram idnticas, as concentraes de glcidos redutores foram idnticas. No quadro 2, em que foi controlada a hidrlise no enzimtica da sacarose, foi utilizado para o zero do espectrofotmetro o tubo 1, pelos mesmos motivos que no quadro 1. Quanto a este quadro todos os tubos de ensaio podem ser considerados tubos de controlo, uma vez que em relao a estes que se vai comparar a reaco com enzima.

Dados obtidos no estudo da hidrlise total e no enzimtica Grfico Absorvncia VS concentrao de sacaroseConcentrao terica da sacarose em cada soluo (V T =10 mL)

[

]

Tubo 1

Tubo 2

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Tubo 3

Tubo 4

Tubo 5

Tubo 6

Tubo 7

Tubo 8

Tubo 9

Registo dos resultados Soluo 1,0 U/mL de invertaseQuadro 2. . Concentrao de sacarose (substrato) e respectivas absorvncias a 510 nm em cada quadro, utilizando a soluo de invertase 1,0 U/mL.

Tubos [Sacarose] (mM)

Abs510nm Hidrlise total (enzimtica e no enzimtica) 0,000 1,984 1,544

Abs510nm Hidrlise no enzimtica 0,000 0,287 0,397

Abs510nm Hidrlise enzimtica 0,000 1,697 1,14717 de Maio de 2011

1 2 3

0,0 0,5 1,0

10

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4 5 6 7 8 9

1,5 2,5 3,5 5,0 10,0 15,0

1,755 1,875 1,917 2,232 1,892 1,979

0,343 0,413 0,489 0,390 0,548 1,044

1,412 1,462 1,428 1,842 1,344 0,935

Absorvncia VS concentrao de sacarose2,400 2,250 2,100 1,950 1,800 1,650 1,500 1,350 1,200 1,050 0,900 0,750 0,600 0,450 0,300 0,150 0,000 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 Concentrao de Sacarose (mM)

Absorvncia a 510 nm

Hidrlise total (enzimtica e no enzimtica)

Hidrlise no enzimtica

Hidrlise enzimtica (diferena entre a hidrlise total e a hidrlise no enzimtica)

Grfico 1. Representao do estudo da hidrlise enzimtica total (enzimtica e no enzimtica), hidrlise enzimtica e hidrlise no enzimtica, utilizando a soluo de invertase 1,0 U/mL.

Soluo 2,5 U/mL de invertaseQuadro 3. Concentrao de sacarose (substrato) e respectivas absorvncias a 510 nm em cada quadro, utilizando a soluo de invertase 2,5 U/mL.

Tubos [Sacarose] (mM)

1 2 3 4

0,0 0,5 1,0 1,5

Abs510nm Hidrlise total (enzimtica e no enzimtica) 0 1,560 1,670 2,120

Abs510nm Hidrlise no enzimtica 0 1,333 1,349 1,421

Abs510nm Hidrlise enzimtica 0 0,000 0,227 0,321

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5 6 7 8 9

2,5 3,5 5,0 10,0 15,0

2,540 2,757 2,777 2,777 2,777

1,492 1,503 1,539 1,589 1,603

0,699 1,048 1,254 1,238 1,188

Absorvncia VS concentrao de sacarose3,000 2,850 2,700 2,550 2,400 2,250 2,100 1,950 1,800 1,650 1,500 1,350 1,200 1,050 0,900 0,750 0,600 0,450 0,300 0,150 0,000 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 Concentrao de Sacarose (mM)

Absorvncia a 510 nm

Hidrlise total (enzimtica e no enzimtica)

Hidrlise no enzimtica

Hidrlise enzimtica (diferena entre a hidrlise total e a hidrlise no enzimtica)

Grfico 2. Representao do estudo da hidrlise enzimtica total (enzimtica e no enzimtica), hidrlise enzimtica e hidrlise no enzimtica, utilizando a soluo de invertase 2,5 U/mL.

Discusso dos grficos obtidos A reaco de hidrlise da sacarose tanto pode ocorrer naturalmente como pode ocorrer na presena de enzima.

Imagem 1. Reaco de hidrlise da sacarose.

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Os enzimas, sendo protenas com funes catalticas, aumentam a velocidade com que se atinge o estado de equilbrio da reaco. Assim, duas solues que contenham a mesma concentrao de substrato (neste caso, sacarose), se uma tiver na presena de enzima (neste caso, invertase da levedura) e outra no, a soluo que estiver na presena do enzima ir obter uma maior concentrao de produto (glcidos redutores frutose e glucose) no mesmo intervalo de tempo. Tanto no Grfico 1 como no Grfico 2 as absorvncias mais altas correspondem hidrlise total, como era esperado. Uma vez que na hidrlise total tanto ocorre hidrlise enzimtica como no enzimtica, levando a uma obteno maior de glcidos redutores. Estes dados correspondem aos obtidos atravs da aplicao do quadro 1 do procedimento. O conjunto de pontos que se referem absorvncia medida para a actividade no enzimtica deveria corresponder aos menores valores de todos, uma vez que no enzimaticamente a reaco de hidrlise da sacarose mais lenta (obtm-se uma menor quantidade de glcidos redutores). O facto descrito anteriormente deveria ser independente da concentrao do enzima no meio reaccional. No entanto, isso s aconteceu quando a concentrao da soluo de invertase era 1,0 U/mL. Estes dados correspondem aos obtidos atravs da aplicao do quadro 2 do procedimento. Quanto hidrlise enzimtica, as absorvncias deviam estar

compreendidas entre as absorvncias da hidrlise total e da hidrlise no enzimtica e deveriam aumentar at uma dada concentrao de sacarose e depois manter-se estvel, uma vez que para concentraes de enzima muito menores que concentraes de substrato chega a um ponto em que todos os centros activos dos enzimas esto ocupados, no sendo possvel aumentar mais a velocidade de reaco. Como todos os enzimas estiveram nas solues o mesmo tempo e na mesma quantidade, a partir de uma dada concentrao, a absorvncia medida deve ser igual para todos. Uma vez que as concentraes de sacarose em cada um dos casos anteriores foi a mesma para cada tubo de ensaio, concluiu-se que as

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concentraes de frutose e glucose obtidas no enzimaticamente seriam as mesmas que na situao onde ocorreu a hidrlise total. Assim, para se obter as absorvncias e consequentemente as concentraes dos glcidos redutores obtidos enzimaticamente procedeu-se ao seguinte clculo:

No Grfico 1 aconteceu o esperado quanto ao intervalo de valores em que devia estar a absorvncia (entre as absorvncias da hidrlise total e a hidrlise no enzimtica) mas quanto aos valores de absorvncia manterem-se aproximadamente iguais aps uma dada concentrao, no aconteceu o esperado pois obtiveram-se valores muito dispersos, no seguindo qualquer tendncia. No Grfico 2 ocorreu exactamente o contrrio do descrito para oGrfico 1.

Cintica de Michaelis-Menten Clculo da velocidade inicial da reaco de hidrlise da sacarose enzimtica utilizada Sabendo que na hidrlise total existem dois tipos de reaco, a enzimtica e a no enzimtica, pode considerar-se que a concentrao da soluo no enzimtica na hidrlise total igual concentrao obtida nos outros tubos de ensaio correspondentes hidrlise no enzimtica, sendo que as solues, teoricamente, continham a mesma concentrao de sacarose. Assim, subtraindo o valor da absorvncia da hidrlise no enzimtica hidrlise total da sacarose obtm-se apenas a concentrao dos glcidos redutores originados pela reaco enzimtica, como explicado anteriormente. A partir desta variao de absorvncia e sabendo que o coeficiente de absoro molar dos produtos da reaco da glucose no mtodo de Nelson a 510 nm igual a 510nm = 7,1 mM-1cm-1, pode-se calcular a concentrao de glcidos na mistura reaccional para cada (v T = 1mL) devido de aco

(M/min)

concentrao

substrato

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catalisados enzimaticamente. No entanto, apesar do mtodo de Nelson reagir com os dois glcidos redutores obtidos (glucose e frutose), vai-se considerar para o clculo da velocidade que s identifica a glucose, pois s para este glcido que se sabe o valor do coeficiente de absoro molar. Assim, o valor desta concentrao por unidade de tempo corresponde velocidade inicial que se pode determinar atravs da seguinte frmula: [ ]

Quadro 4. Registo das variaes das absorvncias - hidrlise enzimtica - para as vrias concentraes de sacarose nos diferentes tubos

Tubo 1 2 3 4 5 6 7 8 9

Abs510 Hidrlise enzimtica 0,000 1,697 1,147 1,412 1,462 1,428 1,842 1,344 0,935

Para determinar a velocidade inicial para cada tubo de ensaio deduziuse uma frmula que permitiu calcular a velocidade inicial atravs da absorvncia registada e da frmula da prpria velocidade. [ ]

[

]

Velocidade inicial

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Concentrao da sacarose na mistura reaccional

Tubo 1

Tubo 2

Tubo 3

Tubo 4

Tubo 5

Tubo 6

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Tubo 7

Tubo 8

Tubo 9

Representao grfica de v o em funo da concentrao de sacarose na mistura reaccional (v T = 1 mL). Determinao dos parmetros cinticos K m e V m x usando um mtodo grfico adequado. Justificao da escolha do mtodo efectuado. Comparao do valor obtido para Km com valores da literatura.

Quadro 5. Concentrao de sacarose na mistura reaccional (1mL) e velocidade inicial correspondente.

Tubos 1 2 3 4 5 6 7 8 9

[Sacarose] (mM) 0 5 10 15 25 35 50 100 150

Velocidade inicial ( (M min-1) 0 23,9 16,2 19,9 20,6 20,1 25,9 18,9 13,2

)

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Grfico 3. Representao da velocidade inicial (M min-1) em funo da concentrao de substrato, neste caso, sacarose (mM) na mistura reaccional.

Pela observao do grfico obtido, podemos notar que deve ter ocorrido algum tipo de erro experimental, pois era esperado que se observasse um grfico onde fosse possvel identificar facilmente que a velocidade de reaco aumenta com o aumento da concentrao se substrato. Para alm disso era tambm esperado que fosse perceptvel ver como a velocidade da reaco tende para um valor limite onde todos os enzimas tm os seus centros activos ocupados, encontram-se saturados - sendo esta a velocidade mxima. Os parmetros cinticos que se podem retirar do grfico obtido, K m e Vmx no correspondem, portanto, ao esperado, sendo que o valor de K m desta enzima se situa entre os 25 e os 30 mM e se obteve um valor de Km = 9,482 4,903. A velocidade mxima, ao contrrio da constante de Michaelis obtida, maior do que o esperado, Vmx = 3,93 9,722. Este facto devido s altas absorvncias medidas para a hidrlise total e a sua diferena para as absorvncias medidas para a hidrlise no enzimtica, uma vez que a diferena grande, altas absorvncias correspondem a velocidades inicias altas pela equao deduzida anteriormente:

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Como as velocidades iniciais tm um valor elevado, a velocidade mxima tambm o ter. Para obter valores credveis de Km e Vmx o grfico deveria apresentar uma curva hiperblica rectangular, isto , uma curva onde medida que a concentrao de substrato aumenta, a velocidade da reaco tambm aumenta, sendo que inicialmente aumenta muito rapidamente, passando progressivamente a tender para um determinado valor, correspondente velocidade mxima. Assim, seria de esperar que se observasse que o grfico obedecia a uma cintica de Michaelis-Menten. A constante de Michaelis, Km, seria igual concentrao de substrato para a qual a velocidade inicial da reaco metade da sua velocidade mxima. De seguida est apresentado o grfico esperado para uma cintica de Michaelis.

Imagem 2. Equao de Michaelis-Menten e representao da curva de saturao para um

enzima mostrando a relao entre a concentrao do substrato (eixo das abcissas) e a velocidade de reaco (eixo das ordenadas).

Apesar dos resultados obtidos, a equao de Michaelis-Menten apresenta alguns problemas que dificultam os clculos dos parmetros cinticos, tais como:

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1. Vmx uma assmptota da hiprbole

2. Os dois parmetros cinticos esto extremamente correlacionados

3. Erros experimentais

Para uma melhor determinao dos parmetros cinticos, a equao de Michaelis-Menten pode ser algebricamente rearranjada em formas que so mais teis no tratamento grfico dos dados experimentais. So conhecidos trs mtodos (transformaes lineares) distintos para a determinao dos parmetros cinticos (Vmx e Km): Mtodo de Lineweaver-Burk; Mtodo de Hanes; Mtodo de Eadie-Hofstee.

Mtodo de Lineweaver-Burk O grfico de Lineweaver-Burk ou representao de duplo recproco a forma mais comum e simples de mostrar os dados cinticos, apesar de no ser a mais fivel. Neste mtodo, tomam-se os valores inversos de ambos os lados da equao de Michaelis-Menten:

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Como se pode observar na figura, o resultado deste tipo de representao uma linha recta cuja equao do tipo y = mx + b, sendo o ponto de interseco entre a recta e o eixo das ordenadas equivalente a , e o ponto de interseco entre a recta e o eixo de abcissas .

equivalente a

Imagem 3. Representao do grfico de Lineweaver-Burk.

Geralmente, os grficos de Lineweaver-Burk distorcem as medidas realizadas a baixas concentraes de substrato e isto pode dar lugar a estimativas no muito exactas de Vmx e de Km. A principal desvantagem deste mtodo a de que, ao calcular-se os inversos, altera-se por completo a distribuio dos erros experimentais um pequeno erro experimental passa a ser um grande erro aps a inverso da equao de Michaelis-Menten. No entanto tambm apresenta a sua vantagem permite uma determinao de Vmx precisa. O grfico obtido neste trabalho experimental para o mtodo de Lineweaver-Burk o que se ilustra a seguir.

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Imagem 4. Grfico obtido no mtodo de Lineweaver-Burk.

Para este mtodo obteve-se os seguintes parmetros cinticos: Vmx = 17,93 M/ min Km = -1,018 mM

Mtodo de Hanes Neste mtodo multiplica-se por [S] na expresso do duplo recproco, vista anteriormente. Esta representao no causa alterao do desvio experimental ao longo da escala de [S], da ser o mais indicado para a estimativa por transformao linear e/ou grfica.

Imagem 5. Equao do mtodo de Hanes e respectiva representao grfica.

Neste mtodo a

[ ] varia linearmente com [S]. O declive da recta igual

. A interseco da recta com o eixo das ordenadas numericamente

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igual a

e a interseco da recta com o eixo das abcissas

numericamente igual a Km.

Imagem 6. Grfico obtido no mtodo Hanes.

Para este mtodo obteve-se os seguintes parmetros cinticos: Vmx = 13,85 M/ min Km = -8,714 mM

Mtodo de Eadie-Hofstee Este mtodo consiste na multiplicao por V na expresso do duplo recproco e no seu rearranjo.

Imagem 7. Equao do mtodo de Eadie-Hofstee e respectiva representao grfica.

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O declive desta recta numericamente igual a - Km. A interseco da recta com o eixo das ordenadas numericamente igual V mx e com o eixo das abcissas numericamente igual a .

Este um bom mtodo para testar desvios equao de MichaelisMenten.

Imagem 8. Grfico obtido no mtodo de Eadie-Hofstee.

Para este mtodo obteve-se os seguintes parmetros cinticos: Vmx = 18,56 M/ min Km = -1,032 mM

Mtodo de Eisenthal e Cornish-Bowden Existe ainda um mtodo (linear) directo. um mtodo no paramtrico e denominado mtodo de Eisenthal e Cornish-Bowden. Neste mtodo Km e Vmx podem ser determinados pelo uso da forma integrada da equao de velocidade:

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Ordenada na origem V = V0 Abcissa na origem Km = - [S]Imagem 9. Equao usada no mtodo de Eisenthal e Cornish-Bowden.

[S]i, V0i Aps a sua determinao experimental, cada par de valores de [S] i e V0i passa a ser constante; V e Km Para cada experincia, a incgnita determinar qual o par de parmetros cinticos que satisfaz simultaneamente todos os valores experimentais de [S] e V0.

Imagem 10. Representao grfica pelo mtodo de Eisenthal e Cornish-Bowden.

Para cada [S]i traa-se uma recta que une os pontos (- [S]i, 0) e (0, V0i); Cada recta traada inclui todos os pares de valores de K m e V que satisfazem os valores experimentais de [S]i e V0i;

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O ponto de interseco das duas rectas corresponde ao nico par de valores de Km e V que satisfaz simultaneamente os dois pares de valores experimentais de [S] e V0 Km* e V*.

A estimativa dos parmetros cinticos feita atravs da mediana das n.(n1)/2 interseces obtidas onde n o nmero de pontos experimentais. As vantagens deste mtodo so as seguintes: No requer clculos, Com dois ou trs [S] obtm-se uma estimativa de Km e do desenho experimental, Insensvel a outliers.

Imagem 11. Resultados ideias do clculo dos parmetros cinticos pelo mtodo de Eisenthal e CornishBowden.

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Imagem 12 Grfico obtido no mtodo de Eisenthal e Cornish-Bowden.

Para este mtodo obteve-se os seguintes parmetros cinticos: Vmx = 18,84 M/ min Km = -0,9963 mM

Como visvel em todos os mtodos que resultam do rearranjo da equao de Michaelis-Menten, os dados experimentais obtidos no

correspondem, nem aproximadamente, aos valores esperados, uma vez que seria de esperar um K m entre 25 e 30 mM e se obteve valores negativos de K m. Sendo Km o valor de uma concentrao impossvel ter um valor negativo. Quanto Vmx seria de esperar uma menor velocidade. Segundo a apresentao destes grficos e valores de K m e Vmx, o mtodo mais rigoroso foi o mtodo directo, uma vez que por todos apresentarem um valor negativo, o mais prximo do valor da literatura foi o calculado por este mtodo. O menos rigoroso ser sempre o mtodo de Lineweaver-Burk, uma vez que os parmetros utilizados na construo do grfico so o inverso dos valores obtidos, assim, os valores de erro reduzido so apresentados com erro grande e os valores de erro maior so apresentados com erro diminudo.

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O facto de se obter valores to distantes dos esperados leva a considerar que ocorreram uma srie de erros na realizao do procedimento que afectaram os resultados. Esses erros podem comear, por exemplo, na preparao da soluo de invertase e continuar na preparao do reagente de Nelson. Uma m preparao deste reagente pode ter como consequncia a no paragem da actividade enzimtica, levando a uma maior produo de glcidos redutores e consequentemente a uma absorvncia maior. Uma adio tardia deste reagente a cada tubo conduziria a um aumento do tempo de incubao e como tal a uma maior concentrao de produto formado. Alm da preparao de solues podem tambm ter ocorrido erros na medio das absorvncias nos diferentes tubos, uma vez que a linearidade entre a absorvncia e concentrao limitada por diversos factores qumicos e instrumentais, tais como: disperso da radiao devido presena de partculas na soluo ou desvios nos coeficientes de absoro molar devido a interaces intermoleculares entre molculas muito prximas, a utilizao radiao no totalmente monocromtica e possibilidade de fluorescncia da amostra, assim como alteraes do ndice de refraco das cuvvetes e alteraes no equilbrio das solues analisadas. Ao obter absorvncias muito altas, ir obter-se concentraes de produto formado muito altas, o que vai influenciar a velocidade inicial obtida em cada tubo de ensaio e

consequentemente os parmetros cinticos. A obteno de valores de Km muito baixos pode dever-se alta afinidade entre enzima e substrato. Cada enzima apresenta um valor caracterstico de K m e de Vmx. Para a maioria das enzimas, o valor de Km est entre 10-1 e 10-7 M. Esse valor depende do substrato em particular e tambm das condies no sistema de reaco, tais como pH, temperatura e fora inica. Km corresponde concentrao de substrato em que metade dos centros activos da enzima est preenchida e mostra a afinidade pela enzima ao substrato; um Km baixo implica uma grande concentrao do complexo enzima substrato em soluo, portanto, muito substrato em soluo, isto , pequeno Km implica velocidade maior. Existem outros factores que podem influenciar a actividade enzimtica, como o pH e a temperatura do meio:17 de Maio de 2011

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pH

As protenas como j foi visto, so construdas a partir de aminocidos. Estas unidades bioqumicas possuem grupos bsicos, neutros e cidos.

Consequentemente, a enzima intacta pode conter ambos os grupos ou

carregados

positiva

negativamente a um dado pH. Deste modo, grupos ionizveis so,Imagem 13. Efeito do pH na actividade enzimtica.

aparentemente, muitas vezes parte do centro activo visto que a aco

cataltica de cidos e bases est ligada a vrios mecanismos enzimticos. Alm disso, variaes do pH podem alterar a estrutura tridimensional das enzimas. Por essas razes, as enzimas so activas somente dentro de uma certa faixa de pH. O pH do meio pode afectar a velocidade mxima da reaco, Km, e a estabilidade da enzima. Em alguns casos, o substrato pode conter grupos inicos, e o pH do meio influi na afinidade do substrato com a enzima.

Temperatura A velocidade das reaces catalisadas por enzimas cresce at

um certo limite. Acima de uma determinada temperatura, a actividade da enzima diminui devido sua desnaturao. A velocidade de uma reaco qumica afectada pela temperatura isso pode ser explicado pela teoria de Arrhenius que se baseia na hiptese de que duas partculas devem se colidir na orientao correcta e com energia cintica suficiente para que os reagentes sejam transformados em produtos. Pode-se dizer que o mesmo acontece com as reaces catalisadas por enzimas, lembrando que a variao de temperatura afecta as constantes cinticas (Km e Vmx).

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Em baixas temperaturas, as reaces so mais lentas devido queda da energia cintica do sistema. Porm, como as enzimas so protenas, o aumento da temperatura no causa apenas o aumento da velocidade de reao, mas, sim, dois efeitos opostos: At determinada temperatura, ocorre um aumento da

velocidade de reao; A partir de determinada temperatura, h uma diminuio na

velocidade de reao. A actividade enzimtica da invertase atinge um mximo aos 55C, a temperatura ambiente do

laboratrio era 29C. medida que a temperatura aumenta, a actividade cataltica

aumenta tambm, at atingir um determinado valor - Temperatura ptima. A partir desta temperatura, que corresponde ao valor mximo de actividade enzimtica, a actividade cataltica comea a diminuir, pois, a temperaturas elevadas inicia-se a desnaturao trmica das protenas.Imagem 14. Efeito da temperatura na actividade enzimtica.

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Bibliografia Alexander, R.R., Griffiths, J.M., e Wilkinson, M.L. (1984) Basic Biochemical Methods, John Wiley & Sons: New York, pp. 56-67. Boyer, R.F. (1986) Modern Experimental Biochemistry, Addison-Wesley: Reading, MA, pp.299-321. Cornish-Bowden, A. (1995) Fundamentals of Enzyme Kinetics, Portland Press: London. Holme, D.J. e Peck, H. (1998) Analytical Biochemistry, Cap. 8, Addison Wesley Longman: New York. Ninfa, A.J. e Ballou, D.P. (1998) Fundamental Laboratory Approaches for Biochemistry and Biotechnology, Fitzgerald Science Press: Bethesda, MA, pp. 199-206.

Questionrio1. Porque que a soluo de invertase foi preparada em tampo Tris-HCl (pH 7,5) 0,01 M e os ensaios foram realizados usando-se tampo acetato de sdio (pH 4,5) 0,2 M? O enzima invertase catalisa a hidrlise da ligao glicosdica (12) do dixido no redutor, sacarose, originando glucose e frutose na proporo de 1:2 - por cada molcula de sacarose hidrolisada, formam-se duas molculas de oses redutoras.

A invertase apresenta uma actividade elevada num intervalo alargado de valores de pH (3,5 5,5), apresentando um valor de pH ptimo igual a 4,5. O pH tem uma grande influncia na actividade enzimtica. Os enzimas sofrem os mesmos efeitos estruturais observados nas protenas globulares17 de Maio de 2011

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pela variao de pH - mudanas extremas de pH podem alterar a estrutura da enzima devido a uma repulso de cargas. Assim, a soluo de enzima foi preparada a valor de pH igual a 7,5 pois para este valor de pH, o enzima bastante estvel. Nesta fase o importante foi preparar uma soluo diluda assegurando que o enzima estaria presente na sua forma estvel para que mais tarde fosse possvel estudar a sua actividade. Os ensaios foram realizados usando-se tampo acetato de sdio (pH 4,5) 0,2 M pois este o valor de pH ptimo do enzima, ou seja, o valor de pH para o qual o enzima tem mxima potncia e eficincia. Caso a preparao da soluo fosse realizada para outros valores de pH, o enzima poderia no ser estvel e, mais tarde, ao realizar os ensaios, poderia ocorrer o caso extremo de no se encontrar enzima em soluo para catalisar a reaco, sendo impossvel de atingir o objectivo do trabalho. 2. Como comprovaria que a ocorrncia de uma reaco num

homogenato ou extracto celular era devida aco cataltica de um enzima, presente nesse homogenato, sobre o substrato utilizado?

Para comprovar que a ocorrncia de uma reaco num homogenato ou extracto celular era devida aco cataltica de um enzima realizar-se-ia um estudo cintico, traando-se o grfico da velocidade inicial em funo da concentrao de substrato. Se nesse grfico se obtivesse uma hiprbole rectangular, concluir-se-ia que a reaco era devida aco cataltica de um enzima que obedece a uma cintica de Michaelis-Menten.

No

entanto,

existem

vrios

enzimas

que

no

possuem

um

comportamento Michaeliano e, por isso, seria necessrio recorrer a outra forma de confirmar a existncia de actividade cataltica. Poder-se-ia, ento, efectuar um ensaio com um agente interferente, causando, por exemplo, uma variao significativa de pH e/ou temperatura. Caso se obtivesse um grfico de velocidades iniciais em funo da concentrao de substrato em que a velocidade inicial da reaco tivesse diminudo ou mesmo desaparecido em17 de Maio de 2011

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relao ao ensaio cintico sem agentes interferentes, saber-se-ia que o enzima era responsvel pela actividade cataltica. Os agentes interferentes actuariam como agentes desnaturantes dos enzimas catalticos da reaco, de natureza proteica, perdendo assim a sua actividade devido a alterao das condies experimentais do meio.

3.

Um enzima que apresenta um pH ptimo a 6,8, tem uma

actividade muito reduzida a pH 4,2. Como poderia determinar se esta reduo na actividade resulta de uma ionizao reversvel do substrato e/ou enzima ou causada por uma desnaturao irreversvel do enzima?

O pH determina o estado de ionizao dos diferentes grupos constituintes dos diversos componentes do vaso reaccional, nomeadamente dos enzimas e do substrato. Variaes acentuadas deste, podero levar impossibilidade de estabelecer ligaes enzima-substrato, devido

modificao do centro activo do enzima. Estas modificaes podero ser de tal modo significativas que alteram a estrutura da protena, pois as alteraes das foras electroestticas de diferentes grupos ionizveis levam a um aumento da instabilidade do enzima, levando sua desnaturao e consequente perda da actividade cataltica.

Para verificar experimentalmente se ocorreu desnaturao irreversvel do enzima ou ionizao reversvel do substrato e/ou enzima, realizar-se-ia um ensaio cintico para um pH ptimo de 6,8. De seguida realizar-se-ia um outro ensaio adicionando um cido, de modo a diminuir o pH at ao valor de 4,2. Analisando a velocidade da reaco, verificar-se-ia que no ltimo ensaio ocorreria uma diminuio da mesma. Se, ao voltarmos ao pH 6,8, adicionando base, se verificasse um aumento da velocidade da reaco, significaria que tinha ocorrido uma ionizao reversvel do substrato e/ou enzima. Caso contrrio, se a velocidade se mantivesse inaltervel, significaria que tinha ocorrido uma desnaturao irreversvel.

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4.

Qual a forma geral da curva que representa a dependncia

da velocidade de uma reaco enzimtica com a temperatura do meio? Justifique sucintamente. A temperatura apresenta uma grande influncia na catlise enzimtica. Existe uma temperatura para a qual a actividade do enzima mxima temperatura ptima diferente de enzima para enzima (Imagem 14. Efeito da temperatura na actividade enzimtica.) Esta influncia sobre a cintica da reaco enzimtica deve ser entendida em duas fases distintas: no princpio, aumentos de temperatura levam a aumentos da velocidade de reaco, por aumentar a energia cintica das molculas componentes do sistema este efeito observado num intervalo de temperatura compatvel com a manuteno da estrutura espacial do enzima. No entanto, temperaturas muito mais elevadas levam desnaturao do enzima por alterarem as ligaes qumicas que mantm a sua estrutura tridimensional. A temperatura que provoca a desnaturao est, geralmente, pouco acima da sua temperatura ptima. Deste modo, verifica-se uma diminuio da actividade enzimtica medida que a temperatura aumenta a partir da temperatura ptima. Por outro lado, a temperaturas inferiores temperatura ptima, a velocidade da reaco pequena devido existncia de menor energia envolvida nas colises entre o enzima e o substrato, originando uma menor actividade enzimtica.

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