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Anais do XXIV Seminário Nacional UNIVERSITAS/BR ISSN 2446-6123
Universidade Estadual de Maringá – 18 a 20 de Maio de 2016 1723
ESTUDO COM EGRESSOS DA LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO DO CAMPO DA UNB NO CONTEXTO DA EXPANSÃO DA EDUCAÇÃO
SUPERIOR
Márcia Mariana Bittencourt Brito – UnB [email protected]
Mônica Castagna Molina - UnB [email protected]
Eixo 7: Educação Superior do Campo na Expansão da Educação Superior
Resumo: O Presente estudo é resultado parcial dos primeiros dois anos da pesquisa de doutorado em educação sobre os Egressos do curso de Licenciatura em Educação do Campo da Universidade de Brasília no contexto da Expansão da Educação Superior. A presente pesquisa está fundamentada no Materialismo Histórico Dialético e nessa fase utilizamos as técnicas da análise documental e questionários para realizar o estudo sobre o perfil sócio econômico dos egressos do curso e sua inserção no mundo do trabalho. Esse primeiro levantamento apontou que da amostra pesquisada os egressos do curso de Licenciatura em Educação do Campo que estão nas escolas do campo estão atuando nas três frentes de formação prevista para o perfil do egresso do curso, no entanto, com muitos desafios no âmbito da Formação de docentes. Palavras-Chaves: Educação Superior do Campo. Expansão da Educação Superior. Licenciatura em Educação do Campo. Formação de Professores
Introdução:
Com base nas reivindicações1 dos trabalhadores e trabalhadoras do campo foi gestado
o Programa de Apoio à Formação Superior em Licenciatura em Educação do Campo -
PROCAMPO, Programa que implantou um projeto piloto em quatro Universidades:
Universidade Federal de Brasília (UnB), Universidade Federal da Bahia (UFBa),
Universidade Federal de Sergipe (UFS) e Universidade de Minas Gerais (UFMG).
Para a construção do Projeto Pedagógico do Curso que atendesse a formação dos
professores para as escolas das áreas rurais do País, considerando o alto índice de
precarização desses espaços, foram chamadas as Universidades e os Movimentos Sociais para
conceber um projeto que fosse discutido em cada estado da federação com a militância
política dentro do desafio da alternância2, possibilitando que a formação aconteça em diálogo
1 II Conferência Nacional de Educação do Campo, realizada na cidade de Luziânia-GO, no período de 02 a 06 de agosto de 2004, o documento final pode ser acessado em Disponível em http://www.red-ler.org/declaracion-II-conferencia-educacao-campo.pdf, acesso em 08 de março de 2016. 2 Segundo Antunes-Rocha (2013) a alternância pedagógica é uma metodologia adotada inicialmente no Brasil pelas Escolas Famílias Agrícolas (EFAs) e depois pelos Centros Educativos Familiares de Formação em Alternância (CEFFAs) é uma dimensão organizadora dos tempos/espaços formativos que acontecem na escola e
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com a prática de trabalho, cultura, religião e lazer dos docentes” (ANTUNES-ROCHA, 2011,
p.154)
A realização de turmas permanentes com metodologias que já vinham sendo utilizada
por cursos ofertados pela educação na Reforma Agrária forçou com que as universidades
públicas não estranhassem o funcionamento da Educação do Campo. E Como todo curso
novo e com um projeto audacioso de modificação das bases epistemológicas os desafios
pautados são desde o reconhecimento desses cursos, junto ao Conselho Nacional de Educação
(CNE) até a validação junto à sociedade, inclusive para abertura de concurso público, pelas
prefeituras e estados.
Dos 4 (quatro) projetos pilotos dois (UNB e UFMG) obtiveram êxito em sua
transformação em curso regular nas Universidades e vêm protagonizando um trabalho
pioneiro sempre na reflexão e estudo do próprio curso até as inserções nas escolas do campo e
a modificação nos modos de produção do conhecimento e do trabalho pedagógico.
A Sinopse do censo da Educação Superior 2014 (INEP, 2015) apresenta 7.828.013
estudantes matriculados neste nível de ensino. Desses 5.867.011 mil estudantes estão nas IES
privadas e 1.961.002 nas instituições públicas.
Nessa mesma perspectiva hegemônica os projetos de formação para os estudantes do
ensino superior visam formar os estudantes com viés para o mercado de trabalho e para a
produção de produtos e inovação. Porém, em um cenário contra hegemônico a essa
privatização da Educação Superior, a Educação Superior do Campo, que visa formar
professores para as áreas rurais do país, nasce e se expande, através de Editais do Ministério
da Educação nos anos de 2008, 2009 e 2010 sendo que, atualmente, é realizada por 42
(quarenta e duas) Instituições de Ensino Superior.
Para Molina (2015) essa expansão representa desafios e potencialidades dependendo
de como as Universidades estiverem institucionalizando essa política pública e indaga uma
série de questões que tem norteado uma pesquisa nacional
Essa expansão poderá significar um relevante avanço dos princípios do Movimento da Educação do Campo, no âmbito da Educação Superior, ou, esta concepção educativa será engolida e subsumida na institucionalização que, necessariamente, se fará presente neste processo de crescimento? A presença dos movimentos sociais e sindicais do campo, que devem vir a ser parte dos educandos destas graduações, pode significar algum tipo de ruptura no intenso processo de
no contexto econômico, político, social e cultural dos educandos(as), de suas famílias e de suas comunidades, buscando a superação entre a dicotomia teoria e prática (Antunes-Rocha, 2013)
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mercantilização da produção do conhecimento que se tem presenciado na Educação Superior? A vinculação direta destes cursos de formação de educadores com as lutas dos camponeses pela sua permanência na terra e no território, e com a conquista das escolas neles existentes, se manterá neste processo de expansão? (MOLINA, 2014, pág. 147)
A pesquisadora categoriza quatro desafios: a) As estratégias de ingresso dos sujeitos
camponeses nas Licenciaturas; b) O protagonismo dos movimentos sociais; c) A vinculação
com as Escolas do Campo; d) A concepção de Alternância a ser implementada nas
Licenciaturas e a compreensão e execução da formação por área de conhecimento e quatro
potencialidades: a) Consolidação da Educação do Campo como área de produção de
conhecimento; b) Espaço de acúmulo de forças para conquista de novas políticas públicas; c)
Ampliação do acesso e uso das Novas Tecnologias nas Escolas do Campo d) Inserção do
debate sobre a questão agrária nas universidades, que tem movido às reflexões dos
professores e pesquisadores vinculados com as licenciaturas em nessas instituições.
1. A nova hegemonia do capital: Educação superior como mercadoria
Iniciando nossas reflexões tomamos em primeiro momento o conceito de Marx(1996)
sobre o que é mercadoria
um objeto externo, uma coisa, a qual pelas suas propriedades satisfaz necessidades humanas de qualquer espécie. A natureza dessas necessidades, se elas se originam do estômago ou da fantasia, não altera nada na coisa3. Aqui também não se trata de como a coisa satisfaz a necessidade humana, se imediatamente, como meio de subsistência, isto é, objeto de consumo, ou se indiretamente, como meio de produção. Cada coisa útil, como ferro, papel etc., deve ser encarada sob duplo ponto de vista, segundo qualidade e quantidade. Cada uma dessas coisas é um todo de muitas propriedades e pode, portanto, ser útil, sob diversos aspectos. Descobrir esses diversos aspectos e, portanto, os múltiplos modos de usar as coisas é um ato histórico4. (Marx, 1996 pág. 165)
Expomos um extrato do conceito dos estudos de Marx, no século XIX para ilustrar o
processo de transformação da educação superior em mercadoria que em essência deve ser
tomada como direito. 3 Nota 77 do livro no qual Marx explica "Desejo inclui necessidade, é o apetite do espírito e tão natural como a fome para o corpo. (...) a maioria (das coisas) tem seu valor derivado da satisfação das necessidades do espírito." (BARBON, Nicholas. A Discourse on Coining the New Money Lighter. In Answer to Mr. Locke’s Considerations etc. Londres, 1696. p. 2-3 4 Nota 78 do livro no qual Marx explica "Coisas têm uma intrinsick vertue“ (isto para Barbon é a específica designação para valor de uso) ”que é igual em toda parte, assim como a do ímã de atrair o ferro" (op. cit., p. 6). A propriedade do ímã de atrair ferro só se tornou útil depois de descobrir-se por meio dela a polaridade magnética.
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Foi na gestão do Presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2003) que vimos um
grande ajuste para adaptação ao modelo neoliberal. A reforma econômica ocupou o centro das
políticas públicas e estão descritas no Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado5,
documento esse, que registrou as várias proposições de mudanças compreendidas por Bresser-
Pereira (1995) como:
A reforma do Estado deve ser entendida dentro do contexto da redefinição do papel do Estado, que deixa de ser o responsável direto pelo desenvolvimento econômico e social pela via da produção de bens e serviços, para fortalecer-se na função de promotor e regulador desse desenvolvimento. No plano econômico o Estado é essencialmente um instrumento de transferências de renda, que se torna necessário dada a existência de bens públicos e de economias externas, que limitam a capacidade de alocação de recursos do mercado. (Bresser-Pereira, 1995, pág. 12)
Está claro que a reforma em questão reduziu o papel do estado em desempenhar o
papel de executor e de prestador de serviços mantendo-se, entretanto, no papel de regulador e
provedor ou promotor destes. Principalmente de serviços como a Educação e a Saúde que
envolve investimento em capital humano e são necessário para o desenvolvimento do país. O
documento apresenta dois grandes movimentos vivenciados por nós: 1. O processo de
“privatização” – venda das empresas estatais para empresas privadas e 2. O processo de
publicização que tem por objetivo
Transferir para o setor publico não-estatal estes serviços, através de um programa de “publicização”, transformando as atuais fundações públicas em organizações sociais, ou seja, em entidades de direito privado, sem fins lucrativos, que tenham autorização específica do poder legislativo para celebrar contrato de gestão com o poder executivo e assim ter direito a dotação orçamentária. (Bresser-Pereira, 1995, pág.47)
A chamada “publicização” foi direcionada para acontecer com os serviços
considerados Não Exclusivos (Universidades, Hospitais, Centros de Pesquisa, Museus). Esse
processo está traçado no documento e continuou sendo realizado no governo Luiz Inácio Lula
da Silva (2013-2011) e nos dias atuais vem acontecendo tornando-se impactante na gestão,
inclusive, das escolas públicas, uma vez que envolve a descentralização para o setor público
não-estatal da execução de serviços que não envolvem o exercício do poder de Estado, mas
devem ser subsidiados por ele.
Para Silva Junior (2001) esse processo “é parte do intenso processo de reformas, no
interior de um radical movimento de transformações político-econômicas em nível mundial,
5 Disponível em http://www.bresserpereira.org.br/documents/mare/planodiretor/planodiretor.pdf.
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com profundas repercussões no Brasil” (SILVA JUNIOR, 2001, p.271). No caso da Educação
Superior Brasileira, basta analisar os dados estatísticos para percebermos o impacto dessas
mudanças referente à expansão da educação superior brasileira que nos últimos 20(vinte) anos
cresceu 284% no setor público e 604, 48% no setor privado.
Se analisarmos essa expansão no número de matrículas na educação superior brasileira
constatamos que os dados estatísticos disponíveis do INEP – Instituto Nacional Anísio
Teixeira6 demonstram um crescimento exponenciais.
ANO PÚBLICO
PRIVADO 1994 690.450 970.584 1995 700.540 1.059.163 1996 735.427 1.133.102 1997 759.182 1.186.433 1998 804.729 1.321.229 1999 832.022 1.537.923 2000 887.026 1.807.219 2001 939.225 2.091.529 2002 1.051.655 2.428.258 2003 1.136.370 2.750.652 2004 1.178.328 2.985.405 2005 1.192.189 3.260.967 2006 1.209.304 3.467.342 2007 1.240.968 3.639.413 2008 1.273.965 3.806.091 2009 1.351.168 3.764.728 2010 1.461.696 3.987.424 2011 1.773.315 4.966.374 2012 1.897.376 5.140.312 2013 1.932.527 5.373.450 2014 1.961.002 5.867.011
Fonte: MEC/INEP, 2015 (elaboração da autora)
A tendência seria a comemoração diante do real crescimento da oferta deste nível de
ensino. Porém, em estudos recentes, Waldemar Sguissardi (2014) revela que numa sociedade
com o modelo de desenvolvimento capitalista produtor de alto grau de desigualdade, tem ao 6 O INEP é uma autarquia federal vinculada ao Ministério da Educação (MEC), cuja missão é promover estudos, pesquisas e avaliações sobre o Sistema Educacional Brasileiro com o objetivo de subsidiar a formulação e implementação de políticas públicas para a área educacional.
Fonte: MEC/INEP, 2015 (elaboração da autora)
Gráfico 1 – Evolução de Matrículas no ensino superior – 1995 a 2014
Tabela 1: Evolução de matrículas no
Ensino Educação Superior Brasileira
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longo da história inviabilizado a massificação e ainda mais a universalização da educação
superior, especialmente para a população que está na faixa média e baixa, o que tem
acontecido é a “oligopolização” da educação superior fazendo com que as instituições e
matrículas nas instituições privada sejam objeto de disputa no mercado de capitais.
No entanto, no Brasil existe uma resistência ao modelo capitalista e neoliberal,
pautadas por vários Movimentos Sociais que tem forçado políticas públicas que vão de
encontro a esse modelo. No âmbito da Educação Superior o Movimento por uma Educação do
Campo7 vem trabalhando com a Formação de Educadores nas áreas de Reforma Agrária há
duas décadas e essa demanda de formação se estendeu para a Educação Superior fazendo com
que as Universidades sejam ocupadas por estudantes advindos do meio rural aderindo a
proposta de Formação adequada para os trabalhadores/trabalhadoras do campo. Essa
resistência não se iniciou na luta por educação conforme afirma Caldart (2009), mas com a
luta pelo direito a terra, no entanto, no processo de ocupação da terra a necessidade pelos
direitos sociais tem sido uma luta conjunta.
2. O curso de Licenciatura em Educação do Campo da universidade de Brasília, a partir do estudo com egressos.
O curso de Licenciatura em Educação do Campo da Universidade de Brasília8 (LedoC),
ofertado em Planaltina - DF nasce, como já descrito nesse artigo, como um projeto piloto
para atender as reivindicações do Movimento da Educação do Campo9, movimento esse que
trouxe para o debate político do Brasil a luta pela terra, por diretos básicos, por escolas, por
alimentação saudável e por outro projeto de nação para o Brasil. Para Molina e Sá (2011) a
implantação dessa Licenciatura é a possibilidade do protagonismo de sujeitos coletivos de
direito se colocarem em marcha para garantir o rico potencial que o projeto se impõe.
Caldart (2008) afirma que a política para a Educação do Campo nasceu como
mobilização/pressão dos movimentos sociais, por uma política social camponesa, nasceu na
luta dos sem terra pela implantação das escolas públicas nas áreas de Reforma Agrária, com a 7 Mais informações sobre esse Movimento pode ser encontrado em documentos oficiais do FONEC - Fórum Nacional de Educação do Campo, descrito por Caldart (2009). 8 A Universidade de Brasília foi inaugurada em 21 de abril de 1962. Atualmente possui 2.445 professores, 2.630 técnicos-administrativos, 28.570 estudantes de graduação 6.304 de pós-graduação. 9 Mais informações sobre esse Movimento pode ser encontrado em documentos oficiais do FONEC - Fórum Nacional de Educação do Campo, descrito por Caldart (2009).
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luta e a resistência de inúmeros trabalhadores do campo e militantes envolvidos nessa
questão. Essa luta só existiu pela necessidade de marcar o campo brasileiro como um projeto
de campo, contra a lógica do campo como negócio, mas necessário para o desenvolvimento
do país, pois atende boa parte da população brasileira. Essa lógica
se refere aos processos produtivos que são a base da sustentação da vida humana em qualquer país. Não é possível pensar um projeto de país, de nação, sem pensar um projeto de campo, um lugar social para seus sujeitos concretos, para seus processos produtivos, de trabalho, de cultura e de educação (CALDART, 2008, p.74).
Que está muito além do que atender somente os anseios pedagógicos das Escolas do
Campo ou de demanda do mercado de trabalho. É preciso ter a dimensão da necessidade,
portanto, desses sujeitos para o desenvolvimento real do País. A luta pela terra, pela educação
básica e pela educação superior foi garantida através dos cursos do PRONERA10, nascido
como um programa, outrora, muito criticado até mesmo nos grupos que pesquisamos sobre a
educação superior por ser uma política pública focalizada. Mas que hoje se efetivou como
política pública permanente através do Decreto 7.352, de 04 de novembro de 2010, tendo
dado acesso até 2011 a 3.323 estudantes na educação superior, em várias universidades
brasileiras. Mas que foram visibilizados (BRITO, 2013) quando entravam nas estatísticas do
ensino superior, a exemplo do curso de Pedagogias da Terra, curso ofertado pelo PRONERA
em parceria com as universidades, mas que foi cadastrado no Censo do Instituto Nacional
Anísio Teixeira - INEP como curso de Pedagogia.
Com vistas a verificar um curso piloto detemos nosso olhar ao Projeto Pedagógico do
Curso de Licenciatura da Educação do Campo da UnB que foi aprovado pelo Conselho de
Ensino, Pesquisa e Extensão em 2007 como um curso regular vinculado à UnB Planaltina
(FUP), com objetivo de formar professores para a escola de Educação Básica do Campo, com
ênfase na construção da organização escolar e do trabalho pedagógico para os anos finais do
Ensino Fundamental e do Ensino Médio (UnB, 2009).
Das 05 (Cinco) áreas propostas pelo Movimento da Educação do Campo, a UnB
optou em ofertar duas áreas: Ciências da Natureza e Matemática; Linguagens. Cada estudante
10 O PRONERA foi o primeiro Programa a atender os povos do campo e surgiu no contexto da luta pela Reforma Agrária em 1997 tendo sua repercussão analisada em duas pesquisas nacionais (quantitativa e qualitativa) pelo Ipea – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, os dados mostram que em 15 anos o PRONERA e ofertou 54 (Cinquenta e quatro) cursos, e formou 3.323 estudantes no período de (1998-2011),
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poderia optar pela habilitação em uma delas, na qual será certificado. A organização
curricular prevê etapas presenciais (equivalentes a semestres de cursos regulares) em regime
de alternância entre Tempo/Espaço Escola-Curso e Tempo/Espaço Comunidade-Escola do
Campo, tendo em vista a articulação intrínseca entre educação e a realidade específica das
populações do campo, bem como a necessidade de facilitar o acesso e a permanência no curso
dos professores em exercício, ou seja, evitar que o ingresso de jovens e adultos na educação
superior reforce a alternativa de deixar de viver no campo.
A carga horária total prevista é de 3.525 horas/aula e 235 créditos, integralizadas em
oito etapas (semestres) presenciais de curso. Desde que foi criado, das 420 vagas ofertadas até
o momento foram ocupadas 351 e formados 143 (cento e quarenta e três) estudantes até o ano
de 2014. Nesses 08(oito) anos de oferta o os estudantes tem ocupado 83,57% das vagas
ofertadas e formou 81,25% dos estudantes matriculados.
Tabela 02 – Estatísticas estudantes LedoC, UnB, Planaltina.
ANO ANO TURMA VAGAS MATRICULADOS FORMADOS
FORMADOS
2007 TURMA 2 60 37 2011 33 2008 TURMA 3 60 36 2012/2013 34 2009 TURMA 4 60 55 2013/2014 37 2010 TURMA 5 60 48 2015 39 2011 TURMA 6 60 49 2012 TURMA 7 60 35 2013 TURMA 8 60 60 2014 TURMA 9 120 112
TOTAL 420 351 143
Fonte: Secretaria LedoC, UnB, Planaltina – organizado pela autora
Através desses dados estatísticos do número de estudantes matriculados na
Licenciatura em Educação do Campo percebe-se que passado 08(oito) anos de sua
implantação o curso triplicou seu número de estudantes matriculados atendendo uma demanda
de estudantes interessados nessa formação. Podemos verificar ainda que apesar da quantidade
de vagas não serem preenchidas nos 06(seis) primeiros anos de oferta, no ano de 2015 foram
dobradas o que aponta para uma expansão dentro da própria demanda do curso. Essa evolução
nos revela que a Universidade de Brasília não só se desafiou a implantar a licenciatura como
também ampliá-la.
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Gráfico 2 – Evolução de número de estudantes Ledoc, UnB
Fonte: Secretaria Ledoc UnB Planaltina – organizado pela autora
A evolução das matrículas nos instigou a compará-lo estatisticamente às outras
licenciaturas da Universidade de Brasília e foi observado que no ano de 2014 das 21 (vinte e
uma) Licenciaturas ofertadas nessa universidade o curso de Licenciatura em Educação do
Campo é o 8ª curso que mais formou estudantes, ficando atrás somente dos cursos de
Pedagogia, Educação Física e Letras.
Essa constatação nos leva a acreditar que o curso de Licenciatura em Educação do
Campo, mesmo tendo uma proposta diferenciada das demais licenciaturas vem apresentando
uma das mais baixas taxas de evasão e nos leva a buscar entre os egressos os principais
motivos pelo qual ele permaneceu estudando no curso e se a metodologia da alternância teve
influência nessa permanência.
Para reforçar nossas análises a tabela 02 aponta a quantidade de estudantes
ingressantes, matriculados e concluintes e nos permite analisar apenas em 01 ano (2014) dos
três indicadores de quantidades para os quais são necessárias análises mais aprofundadas, mas
que apontam, nesse primeiro momento as estatísticas referente a totalidade das licenciaturas
na Universidade de Brasília.
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Tabela 03- Estatísticas dos Cursos de Licenciatura UnB ano 2014
CURSO Ingressantes Matriculados Concluintes Pedagogia (L - Integral) 165 640 112 Letras-Português (L - Noturno) 123 389 58 Pedagogia (L - Noturno) 95 347 54 Educação Física (L - Integral) 103 435 51 Letras-Espanhol (L - Noturno) 65 227 46 Letras-Português (L - Integral) 40 123 40 Educação do Campo (L - Integral) 58 199 37 Ciências Biológicas (L - Noturno) 88 321 36 Ciências Sociais (L - Integral) 20 101 34 Letras-Português do Brasil como Segunda Língua (L - Integral)
56 195 29
História (L - Integral) 22 114 26 Química (L - Noturno) 74 219 24 Música (L - Noturno) 21 154 23 Ciências Naturais (L - Noturno) 66 219 23 Letras-Inglês (L - Integral) 26 106 21 Ciências Naturais (L - Integral) 73 223 21 Artes Plásticas (L - Integral) 21 92 20 Computação (L - Noturno) 109 300 19 Filosofia (L - Integral) 7 129 16 Matemática (L - Integral) 8 101 16 Ciências Biológicas (L - Integral) 15 34 15 Geografia (L - Integral) 9 56 15 Educação Artística-Música (L - Integral) 0 29 13 Artes Plásticas (L - Noturno) 32 101 12 Matemática (L - Noturno) 70 176 11 Artes Cênicas (L - Integral) 9 73 10 Física (L - Integral) 7 27 9 Letras-Francês (L - Integral) 9 67 9 História (L - Noturno) 81 287 8 Letras-Japonês (L - Noturno) 52 167 8 Artes Cênicas (L – Noturno) 18 47 7 Enfermagem (L - Integral) 0 26 5 Ciências Biológicas (L - A Distância) 87 114 5 Psicologia (L - Integral) 13 14 3 Educação Artística-Cênicas (L - Integral) 0 2 1 Filosofia (L - Noturno) 81 207 1 Música (L - Integral) 28 57 0
Fonte: UnB em números, 2014.
Sendo estes dados em relação à matrícula e conclusão dos estudantes somente para
verificar como o curso de Licenciatura em Educação do Campo vem se consolidando junto às
demais Licenciaturas na Universidade de Brasília e sem a intenção de organizar um ranking
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ou fazer estudos comparativos das Licenciaturas que mais formam estudantes na UnB, mas
para analisar a relação direta da sua própria forma de oferta que inclui duas ousadias
pedagógicas na Educação Superior Brasileira: 1: A metodologia da alternância e a formação
por área de conhecimento.
Esse levantamento estatístico juntamente com a necessidade de analisar a Formação de
Professores que vem sendo trabalhada nesse curso nos impulsionou a realizar um estudo com
os egressos do Curso de Licenciatura em Educação do Campo da Universidade de Brasília
para que possamos analisar essa formação. No ano de 2014 e 2015 iniciamos o levantamento
dos egressos e até o momento conseguimos realizar contato com 03(três) grupos:
Fonte: Brito, 2015 – Pesquisa documental
Para cada grupo relacionado acima temos realizado um tratamento diferenciado: O
grupo I tem sido acompanhado por uma pesquisa participante; o grupo II com pesquisa ação e
o grupo III objeto de analise desse artigo via formulário eletrônico com o objetivo de buscar
evidências que nos revelem os próximos passos da pesquisa, uma vez que depende das
próprias condições dos sujeitos em questão.
O levantamento do formulário on line foi disponibilizado durante 09(nove) meses
(abril/2015 a março/2016) sendo que este instrumento nos possibilitou visualizar 03(três
dimensões) da formação dos egressos: Território; Perfil sócio-econômico-social; inserção no
mundo do trabalho; militância e prática pedagógica docente.
Grupo Quantidade Vinculação
I 12 Matriculados na pós-graduação lato senso
II 3 Matriculados na pós-graduação stricto senso
III 31 Responderam formulário on line
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2.1 Território; Perfil sócio-econômico-social; inserção no mundo do trabalho; militância
e prática docente dos Egressos da Licenciatura em Educação do Campo da
Universidade de Brasília.
a) Território
Com base em uma pesquisa a Pesquisa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PNERA,
2004) realizada pelo IPEA – Instituto de Pesquisa Aplicada, uma das questões relevantes que
o projeto pedagógico do curso de Licenciatura em Educação do Campo da Universidade de
Brasília apresenta é a necessidade de formação para os jovens do campo na região centro-
oeste apontando que em
relação ao ensino médio, podemos afirmar que, são poucas as escolas dos assentamentos que oferecem esse nível de ensino aos estudantes assentados, apenas 4,3 % das escolas brasileiras e 9,8% das escolas da região Centro-Oeste. (UnB, 2009, p. 6)
Isso se agrava à medida que os jovens crescem, pois essa modalidade é ofertada longe
de suas residências fazendo com que a maioria deixe o campo para estudar na cidade. O
Referido projeto pedagógico está voltado para atender as demandas dessa região que é a
terceira região do país com maior número de assentamentos 22.27011 é a segunda maior
região do Brasil produtora de grãos e tem em seus estados e municípios o berço do
agronegócio12. Assim formar professores para atuar nas áreas rurais dessa região é um
desafio pelo qual o curso vem atendendo, considerando que ao realizar o levantamento de
onde estão morando e trabalhando foi constatado que em três estados dessa região: Goiás,
Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e no Distrito Federal.
11 I censo da Reforma Agrária INCRA/CRUB/UnB 12 Segundo Leite e Medeiros (2009) O termo agronegócio foi criado para expressar as relações econômicas (mercantis, financeiras e tecnológicas) entre o setor agropecuário e aqueles situados na esfera industrial (tanto de produtos destinados à agricultura quanto de processamento daqueles com origem no setor), comercial e de serviços.
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Figura 1 – Mapa da localização dos egressos da Ledoc, UnB
Fonte: Secretaria Ledoc, UnB, 2015
Esse levantamento nos apontou que o curso está atendendo à demanda para o qual foi
objetivado em seu projeto de criação na Universidade de Brasília
Embora haja um quadro de atendimento razoável nas séries iniciais, apenas 9,8% das escolas do Centro-Oeste atendem o ensino médio. Esse quadro indica claramente a urgência na formação de professores que possam ampliar a oferta desse nível de ensino com formação adequada à realidade do campo (UnB, 2009, p.8)
Saber onde estão os egressos é de fundamental importância para analisarmos o retorno
e a inserção desses egressos em seus municípios de origem e constatar onde estão atuando
depois de formados.
Nossa pesquisa tem se baseado nas categorias apontadas pelos conceitos da Formação
Docente inter-relacionada ao projeto pedagógico do Curso de Licenciatura em Educação do
Campo com objetivo de verificar de que maneira estão enfrentando a situação em seus
territórios dentro da categoria desistência e/ou resistência na Formação do Professor e quando
questionados em relação a essa situação o egressos informaram que a maioria reside no
campo reforçando assim o vínculo com esse território de origem.
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b) Situação econômica
Questionados sobre a situação econômica 35,5% dos egressos identificaram-se como
principal mantenedor da família e 32, 3% contribui com 50% da renda, sendo que estes dois
grupos durante o período de formação se ausentavam de seus territórios, mesmo tendo a
responsabilidade sobre a manutenção da família.
Ainda na mesma questão sobre a renda familiar, os egressos do curso afirmaram ter
uma renda que está entre 01 e 02 salários mínimos o que nos indagou sobre a atividade do
campo, modo de vida e economia.
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c) Inserção no mundo do trabalho: Ocupação
Foi constado que 74,2% dos egressos estão trabalhando e quase 50% desses continuam
trabalhando e estudando.
Percebemos que apesar de 45% dos egressos informarem que não estão atuando como
licenciados em educação do campo, vimos que os que estão atuando como licenciado, ou seja,
a maioria 55% está atuando nos três diferentes perfis de egresso para o qual o Projeto
Pedagógico do Curso descreve (UnB, 2009, p.18)
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Os 11(onze) egressos que estão na docência revelaram que:
02(dois) estão atuando somente nos Anos finais do Ensino Fundamental e
Médio, principal ênfase da Formação do Curso com as disciplinas as seguintes
disciplinas:
Ciências, biologia, matemática, física e química e
Língua Portuguesa, Leitura e Oralidade, Espanhol e Geografia
04(quatro) estão lecionando somente nos Anos finais do ensino fundamental,
03(três) três deles com a disciplina de “língua portuguesa” e 1(um) com a
“disciplina de Práticas quilombolas”
04(quatro) estão somente nos anos iniciais do ensino fundamental e
01(um) Uni docência, filosofia e sociologia atuando desde os anos iniciais até os anos finais
do ensino fundamental e ensino médio.
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d) Militância
Dentro do eixo da formação “Gestão dos processos educativos nas comunidades”
observamos que as maiorias dos egressos estão atuando em Movimento Sindical ou Social
e quando questionados sobre quais são esse movimentos responderam: Movimento dos
Trabalhadores Rurais sem Terra (MST); Movimento de Apoio ao Trabalhador Rural
(M.A.T.R); Liga Camponesa; SINTEGO, Movimento da Educação do Campo;
IPOTECAMPO; FETRAF; SINTRAF Formosa; Associação de produtores rurais; Sindicato
rural e associação; sindicato dos trabalhadores(as)rurais.
e) Prática docente: Mudanças na escola
Os egressos foram questionados para uma auto avaliação do seu trabalho e quando
questionados se estão conseguindo realizar mudanças na forma tradicional da escolas a
maioria respondeu que estão conseguindo.
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f) Interdisciplinaridade
Os egressos avaliam que estão conseguindo realizar mudanças nas escolas e responderam
positivamente a questão da interdiciplinariedade, um princípio adotado pela formação por
área de conhecimento.
g) Trabalho coletivo
Em relação ao trabalho coletivo, outro principio necessário para a transformação da
escola, 73% desse grupo de egressos respondem que estão conseguindo realizar.
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Porém, quando questionados sobre as principais dificuldades no trabalho docente
como licenciado, foi apresentada as seguintes respostas: “Nos planejamentos de aulas”,
Reunir o coletivo na escola em que leciono; Enfrentar os desafios na sala de aula e trabalhar
com um grupo engessado, tendo que seguir algumas normas que não condizem com a minha
formação e com a minha filosofia de ensino; Desenvolver o trabalho interdisciplinar; Acesso a
Internet; Continuar Estudando; implantar uma sala de aulas através do PRONERA; Lidar com
a indisciplina dos alunos; conseguir ser convocada na escola; falta de estrutura escolar; alterar
as estruturas escolares e promover mudanças reais para a vida dos estudantes; conseguir uma
escola para trabalhar; represaria do poder politico; Com a matriz curricular que não tem nada
haver com a realidade dos alunos; Trabalhar na área de formação; conseguir reconhecimento;
estudar e trabalhar.
Os dados quantitativos apontados nessa fase da pesquisa nos remetem a várias análises
para desdobrarmo-nos em estudos qualitativos sobre essa formação dos Licenciados em
Educação do Campo, apesar de encontrar um quantitativo de 31(Trinta e um) egressos, nessa
fase eles correspondem a 21% dos concluintes do curso.
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Considerações
Consideramos que a Formação de Professores no Brasil em virtude do crescimento da
oferta pelo setor privado e a forte influência do capital vive também um processo de disputa
de projetos. Por um lado a Epistemologia da Prática13 e de outro a Epistemologia da
práxis14 percebemos que os desafios em analisar os egressos do Curso de Licenciatura em
Educação do Campo pauta-se em contribuir para política pública na Educação Superior
Brasileira, mas especificamente da Educação do Campo.
Nesse sentido todo o trabalho desenvolvido com os grupos de egressos mencionados no
interior desse artigo é parte de uma pesquisa maior no debate da Educação Superior do
Campo que deverá contribuir para a permanência desses sujeitos na universidade e também
para a regulamentação dos cursos de Licenciatura em Educação do Campo no Brasil. A
Educação Superior do Campo acende como um projeto contra hegemônico na Formação de
Educadores no Campo, no entanto, é necessário analisar em que bases as Licenciaturas em
educação do Campo estão se consolidando nas universidades e pautando seus projetos
pedagógicos.
Em relação ao território o mapeamento dos egressos mostrou que há poucos estudantes
dos assentamentos, inclusive, do Distrito Federal e entorno e ainda que 45% desses sujeitos
não moram em áreas de assentamento o que pode ser uma demanda talvez desconhecida e
necessária a ser visualizada pelos protagonistas desse curso. Considerando o desafio apontado
por Molina (2015) a) As estratégias de ingresso dos sujeitos camponeses nas Licenciaturas e
a localização da UnB seria interessante o debate com a gestão do curso para fortalecer a
relação com a Formação de Professores da Região Centro-Oeste.
Outro ponto importante a ser trabalhado é a inserção no mundo do trabalho e
especificamente nas áreas de formação da Licenciatura em Educação do Campo uma questão
que suscita o aprofundamento é quais as estratégias que devem ser adotadas por esses
egressos para inserção nas escolas do campo especificamente na área para o qual foram
13 Defendida por SCHÖN (1983) no livro The Reflective Practitioner como uma nova epistemologia da prática tomando como ponto de partida a competência e o talento. 14 A epistemologia da práxis é um termo cunhado por Antônio Gramsci (1999) para se referir a dialética materialista de Marx e que nasce com o objetivo de superar o idealismo na medida em que agrega uma filosofia integral.
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formados (Ensino Fundamental maior e Médio). E de que forma a relação com o Movimento
social/sindical tem contribuído para essa inserção.
Em relação ao trabalho docente analisaremos com fundamentação na área de Formação de
Professores os processos que tem levado a desistência e a resistência dos professores da
educação do campo formados pela Universidade de Brasília a permanecerem e transformarem
os locais em que se inseriram.
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