41
Estudo da Aplicabilidade do JP-8 em Motores Diesel – Ensaios em Banco Nelson Jorge Lima Garcia Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Mecânica Orientador: Prof. João Eduardo de Barros Teixeira Borges Júri Presidente: Prof. Carlos Federico Neves Bettencourt da Silva Orientador: Prof. João Eduardo de Barros Teixeira Borges Vogais: Capitão Luís Filipe Prates Quinto Prof. Miguel Abreu de Almeida Mendes Novembro 2017

Estudo da Aplicabilidade do JP-8 em Motores Diesel ......Para avaliar esta hipótese realizaram-se testes em banco de ensaios num motor a 2 tempos Detroit Diesel 5063-5299 V6, utilizado

  • Upload
    others

  • View
    6

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Estudo da Aplicabilidade do JP-8 em Motores Diesel ......Para avaliar esta hipótese realizaram-se testes em banco de ensaios num motor a 2 tempos Detroit Diesel 5063-5299 V6, utilizado

Estudo da Aplicabilidade do JP-8 em Motores Diesel – Ensaios em

Banco

Nelson Jorge Lima Garcia

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Mecânica

Orientador: Prof. João Eduardo de Barros Teixeira Borges

Júri

Presidente: Prof. Carlos Federico Neves Bettencourt da Silva

Orientador: Prof. João Eduardo de Barros Teixeira Borges

Vogais: Capitão Luís Filipe Prates Quinto

Prof. Miguel Abreu de Almeida Mendes

Novembro 2017

Page 2: Estudo da Aplicabilidade do JP-8 em Motores Diesel ......Para avaliar esta hipótese realizaram-se testes em banco de ensaios num motor a 2 tempos Detroit Diesel 5063-5299 V6, utilizado

ii

Page 3: Estudo da Aplicabilidade do JP-8 em Motores Diesel ......Para avaliar esta hipótese realizaram-se testes em banco de ensaios num motor a 2 tempos Detroit Diesel 5063-5299 V6, utilizado

iii

Agradecimentos

A toda a minha família por criar todas as condições para me encontrar na situação de hoje;

A todos os camaradas da Academia Militar, em especial ao Dmytro Solovey, pela amizade ao

longo destes anos e por me ajudar sempre a ser uma pessoa melhor;

A todos os meus amigos por me ajudarem a crescer e a ser a pessoa que sou hoje;

Ao Coronel Ribeiro e Capitão Carilho, por todo o apoio prestado no decorrer dos ensaios.

Page 4: Estudo da Aplicabilidade do JP-8 em Motores Diesel ......Para avaliar esta hipótese realizaram-se testes em banco de ensaios num motor a 2 tempos Detroit Diesel 5063-5299 V6, utilizado

iv

Resumo O objetivo principal deste trabalho é estudar a possibilidade de utilizar o combustível JP-8, com

o auxílio dos aditivos para aumento do número de cetano 2-ethylhexyl nitrate e aditivos para melhorar

as características de lubrificação do combustível, nos motores diesel que equipam as viaturas do

Exército Português.

Esta hipótese vem no seguimento da política adotada pela OTAN (Organização do Tratado

Atlântico Norte), o conceito de combustível único, que pretende simplificar as cadeias logísticas das

forças armadas dos países membros e ainda melhorar o uso da sua rede de gasodutos.

Para avaliar esta hipótese realizaram-se testes em banco de ensaios num motor a 2 tempos

Detroit Diesel 5063-5299 V6, utilizado na viatura militar do Exército Português M113. Os ensaios

compreenderam 3 fases distintas, uma para cada tipologia de combustível, diesel, JP-8 (Jet propellant

8) simples e JP-8 aditivado. Cada uma das fases compreendeu ensaios de carga máxima, ensaios de

rotação fixa a cargas variáveis, e recolheram-se ainda dados para a construção dos diagramas de

colina do motor com os diversos combustíveis.

Os resultados obtidos demonstram que o JP-8 com o uso de aditivos é realmente uma hipótese

viável em termos de performance do motor, apresentando uma queda máxima de potência de 3,1%

acompanhado por uma redução no consumo específico de 2,9 % quando comparado ao diesel. Estes

resultados poderiam ainda ser melhorados caso se fizessem alterações mecânicas no motor, como a

alteração do timing de injeção do combustível e a regulação da bomba injetora, o que não se realizou

neste caso.

Palavras chave: motor diesel, combustível JP-8, performance, diagrama de colina.

Page 5: Estudo da Aplicabilidade do JP-8 em Motores Diesel ......Para avaliar esta hipótese realizaram-se testes em banco de ensaios num motor a 2 tempos Detroit Diesel 5063-5299 V6, utilizado

v

Abstract The main objective of this work is to study the possibility of using the JP-8 fuel with additives.

The additives used are to to increase the number of cetane 2-ethylhexyl nitrate and the additives to

improve the lubrication characteristics of the fuel in the diesel engines that equip the vehicles of the

Portuguese Army.

This is in line with the NATO policy, the single fuel concept, which aims to simplify the logistics

chains of member states' armed forces and improve the use of their pipeline network.

To evaluate this hypothesis tests were carried out on a test bench in a 2-stroke Detroit Diesel

5063-5299 V6 engine, used in the military vehicle of the Portuguese Army M113. The tests comprised

3 distinct phases, one for each type of fuel, diesel, JP-8 single and JP-8 with additives. Each phase

comprised maximum load tests, fixed rotational speed tests at variable loads, and data were also

collected for the construction of the engine hill diagrams with the various fuels.

The results show that the JP-8 with the use of additives is really a viable hypothesis in terms of

engine performance, presenting a maximum power drop of 3.1% accompanied by a reduction in specific

consumption of 2.9% when compared to diesel. These results could also be improved if mechanical

changes were made to the engine, such as the change in fuel injection timing and injection pump

regulation, which was not done in this case.

Keywords: diesel engine, JP-8 fuel, performance, hill chart.

Page 6: Estudo da Aplicabilidade do JP-8 em Motores Diesel ......Para avaliar esta hipótese realizaram-se testes em banco de ensaios num motor a 2 tempos Detroit Diesel 5063-5299 V6, utilizado

vi

Índice Agradecimentos .................................................................................................................................. iii

Resumo ................................................................................................................................................. iv

Abstract .................................................................................................................................................. v

Lista de Tabelas ................................................................................................................................. vii

Lista de Figuras ................................................................................................................................ viii

1. Introdução ........................................................................................................................................ 1

1.1. Enquadramento ....................................................................................................................... 1

1.2. Motivação .................................................................................................................................. 1

1.3. Estrutura da Dissertação ...................................................................................................... 1

2. Estado da Arte ................................................................................................................................ 3

3. Fundamentos Teóricos ................................................................................................................. 6

3.1. Funcionamento dos motores diesel a 2 tempos ............................................................ 6

3.2. Diagramas de Colina .............................................................................................................. 8

3.3. Atraso à inflamação ............................................................................................................... 9

3.4. Número de Cetano ................................................................................................................ 10

4. Método e Equipamento............................................................................................................... 11

4.1. O motor .................................................................................................................................... 11

4.2. O banco de ensaios ............................................................................................................. 12

4.3. Processo de Recolha e Tratamento de Dados .............................................................. 12

5. Análise e Discussão de Resultados ....................................................................................... 15

5.1. Os Combustíveis................................................................................................................... 15

5.2. Ensaios de aceitação ........................................................................................................... 16

5.3. Ensaios de Carga Máxima .................................................................................................. 16

5.4. Análise da evolução de consumos a cargas variáveis .............................................. 21

5.5. Diagramas de Colina ............................................................................................................ 23

5.6. Análise dos Custos .............................................................................................................. 27

6. Conclusões .................................................................................................................................... 29

6.1. Trabalhos futuros ................................................................................................................. 29

7. Referências Bibliográficas ........................................................................................................ 31

8. Anexos ............................................................................................................................................ 32

Page 7: Estudo da Aplicabilidade do JP-8 em Motores Diesel ......Para avaliar esta hipótese realizaram-se testes em banco de ensaios num motor a 2 tempos Detroit Diesel 5063-5299 V6, utilizado

vii

Lista de Tabelas Tabela 1: Características do Motor ....................................................................................................... 11

Tabela 2 - Características dos combustíveis .......................................................................................... 15

Tabela 3 - Diferenças percentuais do desempenho para os 3 combustíveis ........................................ 20

Tabela 4 - Modelo utilizado para análise de consumos ........................................................................ 27

Tabela 5 - Consumos horàrio e total tendo em conta o modelo .......................................................... 27

Page 8: Estudo da Aplicabilidade do JP-8 em Motores Diesel ......Para avaliar esta hipótese realizaram-se testes em banco de ensaios num motor a 2 tempos Detroit Diesel 5063-5299 V6, utilizado

viii

Lista de Figuras Figura 1- evolução do spray de combustível a 30 Mpa [7] ..................................................................... 4

Figura 2- evolução do spray de combustível a 140 Mpa [7] ................................................................... 4

Figura 3- Ciclo misto teórico .................................................................................................................... 7

Figura 4- fases do motor a 2 tempos [10] ............................................................................................... 8

Figura 5 - Exemplo de diagrama em colina [7] ........................................................................................ 9

Figura 6 - Explicação do atraso à inflamação ........................................................................................ 10

Figura 7 - Motor do M113 ..................................................................................................................... 11

Figura 8 - Layout do software Tornado ................................................................................................. 12

Figura 9 - Modelo do ensaio de aceitação [10] ..................................................................................... 13

Figura 10 - Gráfico 1-Pressão de combustível medido em banco ......................................................... 16

Figura 11 - Gráfico 2 – Potência e Binário do motor a DIESEL .............................................................. 17

Figura 12 - Gráfico 3 – Potência e Binário do motor a JP-8 SIMPLES .................................................... 18

Figura 13 - Gráfico 4 – Potência e Binário do JP-8 ADITIVADO ............................................................. 18

Figura 14 - Gráfico 5 – Consumos específico e horário do motor a DIESEL em carga máxima ............. 19

Figura 15 - Gráfico 6 – consumo específico e horário do motor a JP-8 simples em carga máxima ...... 19

Figura 16 - Gráfico 7 – Consumo específico e horário do motor a JP-8 aditivado em carga máxima ... 20

Figura 17 - Gráfico 8 - Consumo horário dos diferentes combustíveis ................................................. 21

Figura 18 - Gráfico 9 – Consumo específico a 1200 RPM e carga variável ............................................ 22

Figura 19 - Gráfico 10 – Consumo específico a 2600 RPM e carga variável .......................................... 22

Figura 20 - Gráfico 11- Diagrama de colina para o Diesel ..................................................................... 24

Figura 21 - Gráfico 12- Diagrama de colina para o JP-8 ........................................................................ 25

Figura 22 - Gráfico 13- Diagrama de colina para o JP-8 aditivado ........................................................ 26

Page 9: Estudo da Aplicabilidade do JP-8 em Motores Diesel ......Para avaliar esta hipótese realizaram-se testes em banco de ensaios num motor a 2 tempos Detroit Diesel 5063-5299 V6, utilizado

ix

Lista de Acrónimos

SFC………………… Single Fuel Concept

OTAN………………. Organização do Tratado Atlântico Norte

PMI…………………. Ponto morto inferior

PMS………………… Ponto morto superior

Page 10: Estudo da Aplicabilidade do JP-8 em Motores Diesel ......Para avaliar esta hipótese realizaram-se testes em banco de ensaios num motor a 2 tempos Detroit Diesel 5063-5299 V6, utilizado

1

1. Introdução

Neste capítulo apresenta-se uma visão geral sobre esta dissertação. É constituído por 3

subcapítulos, sendo que no primeiro se faz um enquadramento do tema, no segundo apresentam-se

os principais motivos que levaram à realização deste estudo e no terceiro faz se uma descrição da

estrutura da dissertação.

1.1. Enquadramento

Os combustíveis representam um dos recursos mais críticos para todas as Forças Armadas

ativas em todo o mundo, derivado da tipologia das mesmas neste momento, sendo todas elas

fortemente mecanizadas, sendo este o motivo para que a OTAN, organização de que Portugal faz

parte, procure constantemente procurar novas formas de explorar tal recurso, com o intuito da

otimização da sua utilização, realizando vários estudos em relação ao mesmo. Após a segunda grande

guerra foi desenvolvido o conceito de combustível único (Single Fuel Concept - SFC), conceito este

introduzido em 1986, de forma a simplificar toda a cadeia logística dos produtos petrolíferos em uso

nas várias nações integrantes na OTAN.

As vantagens de utilizar um único combustível em todos os equipamentos, sejam eles terrestres

ou aéreos, são claras, desde os grandes ganhos logísticos em tempo de guerra, mas também, o facto

de permitir simplificar e melhorar o uso da rede de condutas da OTAN, sendo este um dos grandes

objetivos da organização.

O combustível escolhido pela organização, após vários estudos acabou por ser o JP-8, que por

estar muito presente no território europeu, representa também uma grande vantagem em termos de

custos, sendo o seu preço cerca de um terço do diesel convencional.

1.2. Motivação

Como foi referido anteriormente a utilização de um combustível único é um grande objetivo da

OTAN, sendo que nesse sentido vários países membros e com acordos com a organização realizaram

já vários estudos quanto à possibilidade do mesmo. Neste sentido sendo Portugal um dos países

membros da organização surgiu o interesse de contribuir também para tais estudos.

Em 1991 o Exército Português expressou a sua vontade de iniciar tais estudos, sendo que para

isso se iniciou a construção de um banco de ensaios para tal, no entanto este projeto acabou por ser

abandonado e só em 2000 se voltou a debruçar sobre o assunto. Nesse ano realizaram-se então alguns

ensaios sobre o assunto, no entanto estes foram realizados com equipamentos algo rudimentares e os

testes foram bastante inconclusivos, daí o interesse neste presente estudo.

1.3. Estrutura da Dissertação

A presente dissertação é constituída por 6 capítulos, sendo eles introdução, estado da arte,

fundamentos teóricos, metodologia e equipamentos, análise e discussão de resultados e por fim

conclusões.

No segundo capítulo são apresentadas as conclusões retiradas de vários estudos realizados

previamente sobre o tema da utilização do JP-8 em motores diesel, incidindo estes estudos sobre a

influência do JP-8 no desempenho dos motores, níveis de emissões e problemas decorrentes da

utilização deste combustível, entre outros aspetos. Este capítulo tem como objetivo servir de base de

conhecimentos para o presente estudo.

No terceiro capítulo apresentam-se os fundamentos teóricos que são essenciais para a

compreensão deste estudo, sendo nele discutidos alguns conceitos chave para a clara exposição deste

assunto.

Page 11: Estudo da Aplicabilidade do JP-8 em Motores Diesel ......Para avaliar esta hipótese realizaram-se testes em banco de ensaios num motor a 2 tempos Detroit Diesel 5063-5299 V6, utilizado

2

No quarto capitulo descreve-se o processo que se adotou neste estudo, desde os ensaios

levados a cabo até ao tratamento dos dados recolhidos. Apresenta-se também os equipamentos

utilizados.

O quinto capítulo é referente aos dados recolhidos, fazendo-se a sua apresentação e a

discussão dos mesmos. Apresentam-se assim dados sobre os ensaios de carga máxima, ensaios a

velocidade de rotação fixa e a cargas variáveis, os diagramas de colina e faz-se ainda uma breve

análise em termos de consumos de combustíveis associados aos seus custos para os três combustíveis

estudados, o diesel, o JP-8 simples e o JP-8 aditivado.

No sexto capítulo apresentam-se as conclusões decorrentes deste estudo, fazendo-se uma

análise crítica do método utilizado, apresentando os principais pontos concluídos dos ensaios, e

fazendo ainda propostas para trabalhos futuros.

Page 12: Estudo da Aplicabilidade do JP-8 em Motores Diesel ......Para avaliar esta hipótese realizaram-se testes em banco de ensaios num motor a 2 tempos Detroit Diesel 5063-5299 V6, utilizado

3

2. Estado da Arte

Os combustíveis são um recurso imprescindível de todas as Forças Armadas ativas em todo o

mundo, sendo este motivo para que a OTAN, organização de que Portugal faz parte, tenha uma

preocupação constante com todos os aspetos que envolvam tal recurso. Foi neste sentido que após a

segunda grande guerra foi desenvolvido o conceito de combustível único (Single Fuel Concept),

conceito este introduzido em 1986, de forma a simplificar toda a cadeia logística dos produtos

petrolíferos em uso nas várias nações integrantes na OTAN.

As vantagens de utilizar um único combustível em todos os equipamentos, sejam eles terrestres

ou aéreos, são claras, desde os grandes ganhos logísticos em tempo de guerra, mas também, o facto

de permitir simplificar e melhorar o uso da rede de condutas da OTAN, sendo este um dos grandes

objetivos da organização.

O combustível escolhido para este conceito foi o JP-8, também conhecido como F-34, utilizado

na aviação militar. Este combustível é muito semelhante ao utilizado na aviação civil, o F-35, que está

largamente presente nos terrenos europeus. [2]

Antes da decisão de adotar o JP-8 como o combustível para o SFC, algumas das nações

integrantes da OTAN realizaram uma série de estudos e ensaios com o objetivo de identificar possíveis

problemas da utilização de JP-8 em veículos com motores diesel.

Um dos problemas encontrados está relacionado com a menor viscosidade do JP-8, o que

poderia causar problemas na durabilidade dos motores diesel. Segundo Arkoudeas et al. [3] o

desenvolvimento de derivados de biomassas para aditivar o JP-8 seria uma possível e atrativa hipótese

para solucionar este problema. Desta forma o mesmo levou a cabo testes em banco de ensaios num

motor de Petter, de um único cilindro e de injeção direta em que demonstrou que a mistura de JP-8

com óleos vegetais aumentava a qualidade de lubrificação, com leves aumentos do consumo

específico.

As diferenças entre o Diesel e o JP-8 são várias, podendo estas causar alterações significativas

no funcionamento do motor. De facto, um estudo experimental levado a cabo por Lee e Bae [4],

demonstrou que a penetração do JP-8 na câmara de combustão era menor de que no diesel em

aproximadamente 16% quando a pressão de injeção era de 30 MPa e de 10% com uma pressão de

injeção de 140 MPa, como se pode verificar nas figuras 1 e 2. No entanto esta menor penetração era

acompanhada por um aumento do ângulo de entrada na câmara de 15.9 e 6.2 graus, respetivamente.

Estas variações devem se essencialmente às diferenças de massa específica, viscosidade e ponto de

ebulição dos dois combustíveis. Estas propriedades do JP-8 contribuem para uma melhor mistura

combustível-ar, melhorando a atomização do combustível. [8]

Page 13: Estudo da Aplicabilidade do JP-8 em Motores Diesel ......Para avaliar esta hipótese realizaram-se testes em banco de ensaios num motor a 2 tempos Detroit Diesel 5063-5299 V6, utilizado

4

Figura 1- evolução do spray de combustível a 30 Mpa [7]

Figura 2- evolução do spray de combustível a 140 Mpa [7]

Pandey et al. [5] realizou testes num motor diesel de injeção direta, de 558 kW, com 12 cilindros,

em que concluiu que o binário e potência do motor a trabalhar a diesel pode ser igualado pelo JP-8,

com um ligeiro aumento de cerca de 4,5 % no consumo específico, através do aumento da quantidade,

em volume, de combustível para compensar a menor massa específica do JP-8. Com este ensaio

conseguiu ainda demonstrar que o número de cetano inferior do JP-8, apesar de causar um atraso à

inflamação superior ao diesel, melhora a combustão em condições de carga elevada, reduzindo assim

o ruído do motor.

Como foi referido, o menor número de cetano do JP-8 em relação ao diesel, leva a quedas de

potência, ou a aumentos de consumo para a mesma potência. Foi neste sentido que Labeckas et al.

[1] investigou o efeito de um aditivo para o aumento do número e cetano do JP-8, o 2-ethylhexyl nitrate,

aditivo este especialmente fabricado em laboratório. Durante estas investigações, concluiu-se que o

uso deste aditivo reduzia o atraso à inflamação, sendo que quando submetido a grandes cargas este

atraso coincidia mesmo com o obtido para os ensaios com o diesel. Conclui-se ainda que o consumo

é dependente do regime do motor, isto é, a diferentes velocidades de rotação e carga o JP-8 pode até

apresentar melhores consumos específicos que o diesel.

Após vários anos de estudos, Zielinski [6] elaborou um relatório em que faz um levantamento

dos problemas causados pelo uso do JP-8 nos motores diesel, associando a estes problemas hipóteses

de modificações aos motores diesel para extrair destes o seu máximo potencial com a utilização de JP-

8. Como referido anteriormente o menor número de cetano aumenta o atraso à inflamação, e

consequentemente tem efeitos nefastos para o binário e potência de um motor. Isto ocorre porque o

pico de pressão e temperatura no cilindro dá-se quando o êmbolo já alcançou o PMS, ou seja, existe

Page 14: Estudo da Aplicabilidade do JP-8 em Motores Diesel ......Para avaliar esta hipótese realizaram-se testes em banco de ensaios num motor a 2 tempos Detroit Diesel 5063-5299 V6, utilizado

5

menos trabalho a poder ser retirado do ciclo de potência, durante o tempo de expansão. Este problema

pode ser solucionado reprogramando a centralina do veículo para ajustar o momento de injeção, no

entanto isto só é possível nos equipamentos mais modernos. No caso dos equipamentos mais antigos,

caso do M113 português, teria de ser feita uma regulação das válvulas, obrigando a grandes

modificações nos motores.

Ainda no relatório de Zielinski [6], conclui-se que uma vez que o poder calorífico do JP-8 por

unidade de volume é inferior ao do diesel, para igualar os dois combustíveis seria necessário ajustar a

bomba injetora de forma a que o volume de combustível injetado no caso do JP-8 fosse ligeiramente

superior do que no diesel. No entanto, segundo Lee et al. [4] a redução de cerca de 4% no poder

calorífico por unidade de massa não causa grandes impactos no binário nem potência dos motores.

Outra preocupação no relatório reside na menor viscosidade do JP-8, uma vez que no caso do diesel

os componentes do motor são auto lubrificados pelo próprio combustível, a alteração para JP-8 poderia

levar a danos tanto na bomba injetora como nos componentes internos do motor, no entanto um teste

de longa duração (210 horas) num veículo militar levado a cabo pela Ford Motor Company não detetou

alterações significativas no motor.

No caso do Exército Português, em 1991 com o intuito de iniciar estudos da aplicabilidade do

JP-8 nas viaturas militares iniciou-se a construção de um banco de ensaios nas Oficina Gerais de

Material de Engenharia especificamente para esse estudo, no entanto esta construção acabou por ser

abandonada ao fim de cerca de 2 anos. Já em 2000, voltou a surgir o interesse de realizar tais ensaios,

tendo sido utilizado para isso o banco de ensaios utilizado nas mesmas oficinas para testes dos motores

aí reparados, sendo este banco de ensaios um equipamento bastante desatualizado. Os ensaios

realizados foram apenas ensaios de aceitação, isto é, os ensaios propostos pelos manuais dos

motores, nesse caso motor das viaturas militares M113 e M60. Esse tipo de ensaios serve apenas para

garantir que o motor está em condições mínimas de funcionamento, não sendo assim possível aferir

as reais perdas em termos de desempenho devido à utilização de um combustível diferente. Além disto,

os ensaios foram levados a cabo com injetores diferentes para os dois combustíveis, sendo que apesar

de ambos os combustíveis terem sido aprovados pelo ensaio de aceitação em ambos os motores, estes

resultados não foram obtidos em condições de igualdade. Outra aprendizagem retirada destes ensaios

realizados pelo Exército Português, advém de relatos dos mecânicos presentes na realização dos

mesmos, que apesar de não ter algum registo em formato escrito, relatam que após a desmontagem

do motor se verificava um desgaste muito superior nas camisas do motor após os ensaios com JP-8.

Além disto é ainda de referir relatos de que o trabalhar do motor seria muito inconstante.

Apesar de não ter sido realizado algum teste à cerca do impacto no desgaste do motor derivado

do uso de JP-8, simples ou aditivado, convém notar que também Zielinski no seu relatório faz referência

aos possíveis danos a que o motor está sujeito devido a um maior teor de enxofre presente nos

diferentes combustíveis. Esta problemática levanta problemas essencialmente ao nível dos injetores,

uma vez que tende a haver uma acumulação de cristais neste componente, levando assim à sua

deterioração prematura. Apesar desta conclusão, vários estudos revelam que não é um dado adquirido

que o JP-8 tenha maior teor de enxofre, variando muito conforme a zona e procedimentos de produção.

De qualquer forma, para solucionar este possível problema é ainda aconselhado a utilização de aditivos

com efeitos de lavagem.

Page 15: Estudo da Aplicabilidade do JP-8 em Motores Diesel ......Para avaliar esta hipótese realizaram-se testes em banco de ensaios num motor a 2 tempos Detroit Diesel 5063-5299 V6, utilizado

6

3. Fundamentos Teóricos

3.1. Funcionamento dos motores diesel a 2 tempos

Nos motores diesel, o ciclo de funcionamento segue aproximadamente o modelo teórico de 4

fases, sendo estas compressão isentrópica, introdução parcial de calor a volume constante e introdução

parcial de calor a pressão constante, expansão isentrópica e por última rejeição de calor a volume

constante. Este ciclo na verdade é conhecido como ciclo misto e não como ciclo diesel. O ciclo diesel

tem uma diferença, o calor é introduzido totalmente a pressão constante, no entanto na realidade a

generalidade dos casos de motores diesel trabalha com o ciclo misto.

Abordaremos agora os quatro tempos do ciclo misto com maior pormenor. A compressão

isentrópica inicia-se no ponto morto inferior (PMI) e termina no ponto morto superior (PMS). O

combustível é inserido, em forma de gás (spray), e a sua pressão e temperatura aumentam. Na

segunda fase, quando o êmbolo inicia a deslocação do PMS para o PMI considera-se numa fase inicial

que há uma troca de calor instantânea no inicio desse movimento, ou seja no PMS, sendo esta a fase

em que se insere parcialmente calor a volume constante. A libertação dessa energia provoca uma

subida de pressão, e de temperatura, obrigando o êmbolo a movimentar-se para o PMI, nesta fase a

pressão mantém-se constante, mas a temperatura aumenta, sendo esta a fase em que se dá a inserção

de calor a pressão constante. Após o fim da combustão inicia-se a expansão isentrópica, a terceira

fase, o gás é expandido isentropicamente. A quarta fase trata-se da rejeição de calor, todo este

processo ocorre quando o êmbolo se encontra no PMI, e por isso a volume constante, e considera-se

que o calor é rejeitado instantaneamente.

Na realidade o funcionamento do ciclo real é ligeiramente diferente do descrito anteriormente.

O motor utilizado neste estudo não tem um turbocompressor, no entanto existe um compressor

rotacional para garantir que a fase da lavagem seja possível, apresentam-se agora as fases do ciclo

real dum motor diesel deste tipo. O ciclo inicia-se com o êmbolo no PMS. A válvula de admissão está

aberta e inicia-se o movimento do êmbolo para o PMI. Neste processo o ar é aspirado para a conduta

de admissão passando primeiro pelo filtro, e depois pelo coletor de admissão, este movimento está

naturalmente associado a perdas de carga pelo que a pressão dentro do cilindro é inferior à pressão

atmosférica.

O ar que entra no cilindro mistura-se então com o gás residual do ciclo anterior. Este gás, que

se encontra a uma temperatura elevada, aquece a nova mistura, sendo a temperatura desta

francamente superior à temperatura exterior. A velocidade da mistura ao passar a válvula de admissão

é muito elevada, levando à produção de turbulência. Esta turbulência associada ao movimento do gás

em swirl, são essenciais para uma boa combustão.

Após o êmbolo atingir o PMI, a válvula mantém-se aberta para tirar partido da inércia da mistura

que se movimenta na conduta de admissão, fechando um pouco depois do PMI. Inicia-se então a fase

de compressão, a temperatura da mistura aumenta naturalmente, de início recebendo calor das

paredes do cilindro, até que noutra fase atinge uma temperatura superior às mesmas cedendo agora

calor à camisa. Este aumento de temperatura com a compressão é fundamental para a inflamação dos

motores diesel.

O combustível começa a ser introduzido um pouco antes do êmbolo atingir o PMS. Este, é

introduzido em forma líquida, finamente dividido, em forma de spray. O líquido vaporiza-se

parcialmente, misturando-se com o ar quente e acaba por se auto inflamar.

Convém notar que o combustível deve ser de fácil vaporização, para que se possa autoinflamar

facilmente. O tempo que o combustível leva para se vaporizar e autoinflamar é conhecido como atraso

à inflamação. Este atraso é o motivo para a introdução do combustível ser iniciado antes do PMS,

sendo conhecido como avanço à injeção.

Page 16: Estudo da Aplicabilidade do JP-8 em Motores Diesel ......Para avaliar esta hipótese realizaram-se testes em banco de ensaios num motor a 2 tempos Detroit Diesel 5063-5299 V6, utilizado

7

A fase da expansão começa com a combustão ainda a decorrer, o aumento do volume do

cilindro é mais intenso nos casos dos motores diesel devido à superior razão de expansão quando

comparada aos motores de explosão. As trocas de calor são muito intensas durante a expansão devido

às elevadas temperaturas do gás. Ainda durante esta fase abrem-se as válvulas de escape, antes do

PMI, uma vez que a pressão no cilindro é muito elevada o gás sai espontaneamente para a conduta de

escape.

Figura 3- Ciclo misto teórico [Fonte: demotor.net]

Normalmente estes ciclos realizam-se em 2 rotações da cambota (motor a 4 tempos), no

entanto é possível realizar em apenas uma rotação (motor a 2 tempos), como acontece no caso do

motor utilizado para esta dissertação. Estes motores apresentam assim simplificações mecânicas de

forma a tornar isto possível. Uma das principais simplificações consiste em dispensar o mecanismo de

distribuição. As aberturas de admissão e do escape não ficam localizadas na cabeça do motor e não

são controladas pelas válvulas como no caso dos motores a 4 tempos. Estas são assim localizadas na

parte inferior da camisa e chamam-se neste caso janelas. A sua abertura e fecho são neste caso

controladas pelo próprio êmbolo, ou seja, quando este se encontra próximo do PMI as janelas estão

abertas.

Page 17: Estudo da Aplicabilidade do JP-8 em Motores Diesel ......Para avaliar esta hipótese realizaram-se testes em banco de ensaios num motor a 2 tempos Detroit Diesel 5063-5299 V6, utilizado

8

Figura 4- fases do motor a 2 tempos [10]

A fase da expansão é muito semelhante à expansão que se verifica no caso a 4 tempos. A

grande diferença verifica-se no fim da fase de expansão, a janela de escape abre bastante antes do

PMI, iniciando se o escape espontâneo. O avanço ao escape é assim muito superior que no caso do

motor a 4 tempos. Este maior avanço traduz-se numa redução da expansão do gás, com uma

consequente perda de trabalho. Durante o movimento descendente do êmbolo, e depois da abertura

do escape abre-se a janela de admissão. O gás queimado que está no interior do cilindro tem que ser

impulsionado para a conduta de escape, como o movimento do êmbolo é quase nulo, o gás tem de ser

impulsionado pelo gás de admissão, assim as fases de escape e admissão são simultâneas neste caso.

Uma vez que a abertura e fecho das janelas é comandado pelo êmbolo, a janela de admissão fecha

primeiro que a de escape, assim parte do gás presente no cilindro sai para o escape.

Terminada a admissão e escape, já com o êmbolo a deslocar-se do PMI para o PMS, inicia-se

a compressão. Esta é muito semelhante ao caso de 4 tempos, no entanto note se que as temperaturas

são muito mais elevadas que no caso a 4 tempos, uma vez que se realizam o dobro das combustões

numa rotação da cambota.

A fase da combustão é muito semelhante à dos motores a 4 tempos.

3.2. Diagramas de Colina

As curvas de desempenhos dos motores, são muitas vezes representadas em diagramas de

binário efetivo versus velocidade do motor. Essas curvas surgem depois como isolinhas da grandeza a

representar nesse plano, normalmente de consumo específico.

Page 18: Estudo da Aplicabilidade do JP-8 em Motores Diesel ......Para avaliar esta hipótese realizaram-se testes em banco de ensaios num motor a 2 tempos Detroit Diesel 5063-5299 V6, utilizado

9

Figura 5 - Exemplo de diagrama em colina [7]

A baixas cargas, o rendimento dos motores é necessariamente baixo porque o rendimento

mecânico é muito baixo. A velocidades elevadas as perdas mecânicas são muito elevadas, uma vez

que estas variam com a velocidade segundo um polinómio de terceiro grau, o que leva o rendimento

mecânico a diminuir com a velocidade do motor, diminuindo o rendimento do motor. A velocidades

muito baixas as perdas térmicas são elevadas por existir mais tempo disponível para as trocas de calor.

Nos motores diesel, quando a carga a cada rotação se aproxima da carga máxima, a combustão

começa a ser cada vez mais incompleta. Conjugando todos estes fatores é visível no diagrama da

figura 5 que o consumo específico mínimo se verifica a rotações intermédias e a cargas parciais.

3.3. Atraso à inflamação

O atraso à inflamação de um combustível, no contexto dos motores diesel, é o período desde

o momento em que a primeira parcela de combustível entra na câmara até o ponto em que a primeira

chama é observada no spray de combustível. Este período é diferente dependendo do combustível e

do seu desempenho na combustão, o que influencia a eficiência do motor. O atraso à inflamação de

um diesel é importante do ponto de vista da preparação do combustível antes de ser injetado na câmara

do motor, bem como na seleção do tempo de injeção ideal.

Mais concretamente, a definição de atraso à inflamação é o intervalo de tempo entre o início

da injeção para o início da combustão quando a mistura ar-combustível é inflamada. Num motor a

diesel, pode ser determinado experimentalmente como o intervalo de tempo entre o início da injeção e

o início da combustão (figura 6). Devido aos efeitos de vaporização, a aparente libertação de calor, na

curva exibirá valores negativos antes da combustão para casos de injeção direta em motores a diesel.

O início da combustão é tomado como o valor angular (da cambota) a que a taxa aparente de libertação

de calor passa de negativo para positivo. A diferença horária entre o início da injeção e o início da

combustão é chamado de atraso à inflamação

Page 19: Estudo da Aplicabilidade do JP-8 em Motores Diesel ......Para avaliar esta hipótese realizaram-se testes em banco de ensaios num motor a 2 tempos Detroit Diesel 5063-5299 V6, utilizado

10

Figura 6 - Explicação do atraso à inflamação

3.4. Número de Cetano

O número de cetano é um parâmetro empírico associado ao tempo de atraso à inflamação dos

combustíveis diesel, que é determinado por meio de testes. O atraso à inflamação, como referido

anteriormente, é o intervalo de tempo entre o início da injeção de combustível e o início da reação de

oxidação. O período de atraso à inflamação começa com a injeção de combustível e consiste em

períodos de atraso físico e químico até à auto inflamação ocorrer. Os combustíveis com um número de

cetano alto têm um tempo de atraso à inflamação muito diminuto, isto é, a inflamação ocorre num

intervalo muito curto de tempo após a injeção começar. Por outro lado, quanto maior o tempo de atraso

à inflamação, menor será o número de cetano do combustível. O tempo de atraso à inflamação dos

motores do ciclo diesel é um parâmetro fundamental para controlar efetivamente o processo de

combustão, permitindo uma alta eficiência térmica através de pressões máximas próximas dos 15 °

após atingir o PMS, no qual o binário máximo para ciclos diesel são obtidos [3]. O tempo de atraso à

inflamação é influenciado por vários fatores físicos e químicos associados à natureza do combustível,

como a estrutura molecular, a volatilidade, a viscosidade, a tensão superficial e as características

mecânicas dos motores, como a relação de compressão, a pressão do sistema de injeção e o ângulo

de injeção (timing de injeção).

Page 20: Estudo da Aplicabilidade do JP-8 em Motores Diesel ......Para avaliar esta hipótese realizaram-se testes em banco de ensaios num motor a 2 tempos Detroit Diesel 5063-5299 V6, utilizado

11

4. Método e Equipamento

Neste capítulo vai ser descrito detalhadamente o método utilizado para a obtenção dos

resultados, bem como o equipamento utilizado nos vários processos, incluindo o motor estudado, o

processo de obtenção dos parâmetros do motor a ser estudado, descrição do banco de ensaios

utilizado bem como do seu equipamento mais crítico para este estudo, o processo de tratamento dos

dados recolhidos no banco.

4.1. O motor

O motor utilizado neste estudo é o motor que equipa as viaturas blindadas de transporte de

pessoal M113 do Exército Português. Estas viaturas começaram a ser introduzidas no Exército no ano

de 1976, e atualmente existem ainda cerca de 400 viaturas, em diferentes versões, ao serviço no

Exército. Esta viatura é equipada com o motor Detroit Diesel 5063-5299 V6. Trata-se de um motor

diesel a 2 tempos, sem turbocompressor, o que o torna um motor peculiar. Apresenta-se de seguida

uma tabela com as características principais do motor [10]:

Tabela 1: Características do Motor

Marca Detroit (GMC)

Tipo Diesel 2 tempos

Modelo 5063-5299

Combustível Gasóleo

Nº de Cilindros 6 em V

Cilindrada 5.211 cm3

Potência Máxima 215 HP/2800 rpm

Este motor apresenta o ralenti entre a 600 e 700 RPM.

Figura 7 - Motor do M113

Page 21: Estudo da Aplicabilidade do JP-8 em Motores Diesel ......Para avaliar esta hipótese realizaram-se testes em banco de ensaios num motor a 2 tempos Detroit Diesel 5063-5299 V6, utilizado

12

4.2. O banco de ensaios

O banco de ensaios utilizado é um banco com equipamento muito recente, tendo sido instalado

no início do presente ano na Unidade de Apoio Geral e Material do Exército (UAGME), com a finalidade

principal de permitir avaliar se os motores das várias viaturas do exército após reparação cumprem os

requisitos necessários para voltar à circulação.

Foi assim adquirido o banco de ensaios à empresa austríaca KS Engineers, tendo este sido

preparado para todos os motores ao serviço do Exército Português. Esta instalação compreende uma

sala de controlo e a sala do próprio banco em si. Os equipamentos mais importantes para este estudo

que equipam o banco são:

• Um freio Horiba WTS740, com velocidade máxima de 7000 RPM, binário máximo de 2400 Nm,

potência máxima de 470 kW e momento de inércia de 2.06 kg/m2, erro de 0,0005 Nm.

• Uma balança de combustível AVL, funcionando segundo o princípio gravimétrico, que permite

a medição direta da massa de combustível consumido bem como a sua temperatura. Esta

balança tem um erro máximo de 0,1% e permite a medição desde os 0 kg/h até aos 150 kg/h;

• O software utilizado pelo banco é o Tornado, cuja imagem do layout é visível na figura 8;

Note-se ainda que o erro máximo na medição das velocidades de rotação é de 0,0005 RPM.

Figura 8 - Layout do software Tornado

4.3. Processo de Recolha e Tratamento de Dados

Sendo objetivo do estudo comparar a desempenho do motor descrito em cima com os

diferentes combustíveis, isto é, diesel, JP-8 e JP-8 aditivado, o processo baseou-se em recolher os

mesmos dados para os três tipos de combustível, fazendo a posteriori o diagrama de colina do motor

com os diferentes combustíveis para poder fazer a comparação dos desempenhos. No entanto antes

Page 22: Estudo da Aplicabilidade do JP-8 em Motores Diesel ......Para avaliar esta hipótese realizaram-se testes em banco de ensaios num motor a 2 tempos Detroit Diesel 5063-5299 V6, utilizado

13

de chegar ao diagrama de colina foi necessário proceder a uma série de ensaios de forma a garantir

condições de igualdade nos testes, sendo esses procedimentos descritos neste capítulo.

Em primeiro lugar, e uma vez que o motor utilizado durante os ensaios é um motor com alguma

utilização, importava realizar o teste de aceitação do motor, isto é, o teste predefinido pelo manual da

viatura que garante as condições de funcionamento normais do motor em ambiente real, ou seja na

viatura a funcionar no terreno. Este ensaio de aceitação está descrito na seguinte tabela:

Figura 9 - Modelo do ensaio de aceitação [10]

Após a realização deste ensaio de aceitação procedeu-se então a um ensaio de carga máxima,

servindo este para traçar o gráfico de binário máximo versus velocidade de rotação, bem como potência

máxima versus velocidade de rotação. Estes gráficos são especialmente importantes uma vez que ao

controlar o motor através do controlador manual da sala de controlo do banco de ensaios é necessário

saber os limites do motor em cada regime do motor, de forma a não sobrecarregar o mesmo, que

poderia levar a danos na sua estrutura. Além do mais estes dois gráficos permitem verificar para qual

regime o motor está otimizado, o que também é um bom ponto de comparação para os diversos

combustíveis, pois permite perceber se têm de ser feitas mudanças estruturais ao motor de forma a

que o ponto ótimo deste seja na mesma gama que para o combustível original, ou seja o diesel.

A terceira fase do processo baseou-se na obtenção dos pontos necessários à construção do

diagrama de colina. Este diagrama é tanto mais útil quanto maior for a gama de velocidades do motor

e cargas abrangidas. Sendo assim definiu-se em função do gráfico de binário versus velocidade de

rotação intervalos para a recolha de dados, isto é, para os diferentes combustíveis foram retirados

dados de potência, consumo específico e consumo de combustível por unidade de tempo, fazendo

variar o binário a uma velocidade do motor fixa desde a carga mínima até ao máximo obtido no ensaio

Page 23: Estudo da Aplicabilidade do JP-8 em Motores Diesel ......Para avaliar esta hipótese realizaram-se testes em banco de ensaios num motor a 2 tempos Detroit Diesel 5063-5299 V6, utilizado

14

de carga máxima e, após atingir esse máximo fez se variar a velocidade fixando-a no novo patamar.

Neste caso variou-se o binário de 70 Nm em 70 Nm, e a velocidade do motor de 200 em 200 rotações

por minuto, desde as 800 rpm até ao máximo admitido pelo motor, 2800 rpm.

Estas três fases descritas foram executadas de igual forma para os três tipos de combustível,

no entanto há que ter em atenção que para último combustível utilizado, ou seja JP-8 mais aditivos, foi

feito primeiro a adição desses mesmos aditivos. Esta adição foi feita através do uso de seringas

esterilizadas, diretamente no reservatório do combustível. Por sua vez, a mistura para garantir a

homogeneidade do combustível foi feita pelo próprio sistema de circulação do banco de ensaios. Os

aditivos utilizados serviram para resolver dois dos problemas associados ao JP-8 encontrados na

literatura que podem prejudicar a desempenho do motor, um aumentador do índice de cetano, o nitrato

de 2-ethylhexyl, fabricado pela empresa sediada nos Estados Unidos da América, Sigma-Aldrich e um

aditivo de lubrificação de produtos diesel e semelhantes da marca Stanadyne. O produto trata-se da

Performance Formula dessa mesma marca e foi utilizado na proporção recomendada de 250 mililitros

por cada 250 litros de combustível. Convém ainda referir que a empresa Sigma-Aldrich foi escolhida

pois também no estudo de Labeckas et al. [1] referido no capítulo “Estado da Arte” foi esta a empresa

que fabricou tal aditivo.

Após a obtenção destes dados, retirados diretamente do software controlador do banco de

ensaios, estes foram tratados, numa fase inicial através do software Microsoft Excel 2016, e

posteriormente no software Matlab 2013, onde foi criado um script para a formulação dos diagramas

de colina bem como todos os outros gráficos de interesse para o estudo.

Além destes procedimentos foram ainda efetuadas recolhas de amostras dos três tipos de

combustíveis, de forma a comparar as suas características e averiguar a mudança causada nas

características do JP-8 pelos aditivos escolhidos. Estas amostras foram posteriormente entregues à

empresa Saybolt, com laboratórios na Costa da Caparica, especialistas na análise de produtos

petrolíferos, sendo analisado nos três combustíveis o índice de cetano, a massa específica e a

viscosidade cinemática. Estes parâmetros foram escolhidos tendo em conta os problemas causados

no funcionamento do motor pelas diferenças dos mesmos como referido no capítulo anterior.

Page 24: Estudo da Aplicabilidade do JP-8 em Motores Diesel ......Para avaliar esta hipótese realizaram-se testes em banco de ensaios num motor a 2 tempos Detroit Diesel 5063-5299 V6, utilizado

15

5. Análise e Discussão de Resultados

Neste capítulo serão apresentados os resultados obtidos no decorrer do processo, isto é, os

dados obtidos em banco de ensaios após o seu tratamento, ou seja, a comparação entre os vários

combustíveis e a sua influência no desempenho do motor Detroit Diesel 5063-5299 V6.

5.1. Os Combustíveis

Os parâmetros técnicos mais relevante para este estudo dos diferentes combustíveis, diesel,

JP-8 e JP-8 tratado com o melhorador de índice de cetano pela adição de 0,12 de percentagem por

unidade de volume de combustível e o aditivo para melhorar a lubrificação do combustível Stanadyne

Performance Formula foram analisados pela empresa acreditada para a inspeção de produtos

petrolíferos Saybolt, sendo os resultados apresentados na seguinte tabela.

O número de características analisadas poderiam ser muito mais extensas, no entanto tendo

em conta a especificidade deste estudo optou-se por não fazer mais medições a características como

a presença de enxofre, realizado em ensaios da bibliografia.

Tabela 2 - Características dos combustíveis

Propriedade Método de Teste Diesel JP-8 JP-8 aditivado

Fórmula Química - C10-C29 C8-C18 C8-C18

Massa específica

a 15ºC [𝑘𝑔

𝑚3]

EN ISO 12185 836,6 791,5 799,3

Viscosidade Cinemática a

40ºC [𝑚𝑚2

𝑠]

EN ISO 3104 3, 010 1,115 1,260

Número de Cetano

EN ISO 5165 64,8 43,6 51,1

Como podemos verificar o JP-8 é 5,4 % mais leve que o diesel, já no caso do JP-8 aditivado

este é 4,5 % mais leve em comparação ao diesel. A menor massa específica e viscosidade tem

tendência a reduzir as propriedades lubrificantes do combustível, assim sendo verifica-se que a

presença dos aditivos no JP-8 teve uma influência positiva no aumento das propriedades lubrificantes,

uma vez que em comparação o JP-8 sem aditivos apresenta uma redução na viscosidade de 63 % em

comparação ao diesel e no caso do JP-8 aditivado esta redução é de 58 %. Apesar desta melhoria

através dos aditivos, estes valores ficam ainda longe dos valores do combustível convencional, o diesel,

pelo que seria de interesse estudar de forma mais aprofundada um aditivo mais eficaz para melhorar

as características de lubrificação do JP-8.

A desvantagem do menor número de cetano do JP-8 já é conhecida dos capítulos anteriores,

de facto confirma-se que este apresenta uma redução de 33 % no número de cetano. Também neste

caso se verifica que os aditivos tiveram uma influência bastante positiva nas propriedades do

combustível, apresentando um aumento de 17 % em relação ao JP-8 simples. Convém ainda notar que

o índice de cetano do JP-8 aditivado cumpre mesmo os mínimos exigidos pela norma EN ISO 12185

para diesel (mínimo de 51 para diesel comercial).

A menor massa específica e viscosidade cinemática do JP-8 em relação ao diesel pode

melhorar as características de vaporização e a mistura de combustível [1], verifica-se que apesar de

Page 25: Estudo da Aplicabilidade do JP-8 em Motores Diesel ......Para avaliar esta hipótese realizaram-se testes em banco de ensaios num motor a 2 tempos Detroit Diesel 5063-5299 V6, utilizado

16

no caso do JP-8 aditivado estas características apresentarem valores superiores de que no caso de

JP-8 simples, continuam a ser inferiores aos valores do diesel. De facto, pode-se comprovar a melhor

vaporização do combustível através das pressões de entrada do combustível [1], que como se pode

ver no seguinte gráfico são inferiores no JP-8 aditivado em relação ao diesel.

Figura 10 - Gráfico 1-Pressão de combustível medido em banco

O menor número de cetano do JP-8 e JP-8 aditivado em relação ao diesel pode ainda levar a

um maior atraso de inflamação do combustível [1], o que afeta a libertação de calor, apesar do poder

calorífico por unidade de massa ser superior no JP-8, e consequentemente leva também a um menor

trabalho útil por ciclo de potência.

5.2. Ensaios de aceitação

Como foi referido no capítulo anterior, para cada tipo de combustível a ser utilizado no motor

executou-se o ensaio de aceitação proposto pelo manual do motor Detroit Diesel 5063-5299 V6. No

decorrer destes ensaios verificou-se que todos os combustíveis validavam os parâmetros da marca, no

entanto uma vez que se trata de um ensaio standard e como dito anteriormente corresponde aos

mínimos aceitáveis para que o motor possa ser utilizado, não é de interesse apresentar esses

resultados, uma vez que são iguais para os diferentes combustíveis. Assim sendo os relatórios destes

ensaios encontram-se em anexo, onde se pode verificar que todos os combustíveis cumpriram os

requisitos mínimos.

5.3. Ensaios de Carga Máxima

Os ensaios de carga máxima além de permitirem aferir até onde podemos forçar o motor no

decorrer dos outros ensaios sem lhe causar danos estruturais, são também um indicador de como as

diferentes características do combustível afetam o desempenho do motor em estudo.

Como pode ser verificado nos gráficos 2, 3 e 4, a baixas velocidades (até às 1200 RPM) do

motor o binário extraído com o JP-8 mesmo sem aditivos consegue igualar o extraído com o

combustível convencional, o diesel. No caso do JP-8 aditivado pode-se mesmo verificar que é possível

extrair mais binário do motor a baixas velocidades (até às 1400 RPM). Verifica-se que a estas

velocidades o JP-8 aditivado tem um aumento máximo de binário extraído de 5%, ocorrendo às 1000

RPM. No caso do JP-8 simples a partir das 1200 RPM começa a verificar-se uma queda no binário

extraído, sendo a redução máxima de 10,5 %, que ocorre à velocidade máxima de 2800 RPM. Já no

caso do JP-8 aditivado essa redução ocorre apenas a partir das 1400 RPM, como foi referido, no

entanto esta é substancialmente menor, verificando-se o seu máximo às 2600 RPM com um

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

Pre

ssão

Co

mb

ust

ível

[b

ar]

Evolução da Pressão do Combustível

JP-8 Aditivado

Diesel

Page 26: Estudo da Aplicabilidade do JP-8 em Motores Diesel ......Para avaliar esta hipótese realizaram-se testes em banco de ensaios num motor a 2 tempos Detroit Diesel 5063-5299 V6, utilizado

17

decréscimo de apenas 3 %. Estes resultados validam as conclusões do estudo de [1], sendo que neste

caso trata-se de um motor a 2 tempos e nesse estudo foram retiradas as mesmas conclusões para um

motor de 4 tempos.

No caso da potência extraída, verifica-se o mesmo cenário, como seria de esperar devido à

relação da potência com o binário, ou seja, no caso do JP-8 simples a baixas rotações (até às 1200

RPM) a potência é igualada ao caso diesel. Para rotações mais elevada verifica-se um decréscimo

máximo de potência de 10,7 % ocorrendo este às 2800 RPM. Para o caso do JP-8 aditivado até às

1400 RPM verifica-se um aumento de potência máximo de 3, %, ocorrendo às 1000 RPM, para rotações

superiores a 1400 RPM verifica-se um decréscimo máximo de 3,1 %, ocorrendo este às 2800 RPM. É

de referir que estas diferenças entre percentagens de binário e potência se devem ao fator de correção

que o software do banco de ensaios aplica aos valores retirados do dínamo.

A partir destes gráficos (2, 3 e 4) é possível ainda constatar que o regime ótimo de

funcionamento do motor é igual no caso diesel e JP-8 simples, encontrando-se este nas 2200 RPM. Já

no caso do JP-8 aditivado verifica-se uma ligeira alteração para rotações superiores, sendo neste caso

verificado às 2400 RPM. De facto, esta alteração é até vantajosa uma vez que as viaturas blindadas

equipadas com este motor Detroit trabalham geralmente em regimes de altas rotações.

Figura 11 - Gráfico 2 – Potência e Binário do motor a DIESEL

480

500

520

540

560

580

600

620

640

660

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

1000 1200 1400 1600 1800 2000 2200 2400 2600 2800

Bin

ário

[N

m]

Po

tên

cia

[kW

]

RPM

Gráfico Potência e Binário Motor a trabalhar a DIESEL

Potência

Torque

Page 27: Estudo da Aplicabilidade do JP-8 em Motores Diesel ......Para avaliar esta hipótese realizaram-se testes em banco de ensaios num motor a 2 tempos Detroit Diesel 5063-5299 V6, utilizado

18

Figura 12 - Gráfico 3 – Potência e Binário do motor a JP-8 SIMPLES

Figura 13 - Gráfico 4 – Potência e Binário do JP-8 ADITIVADO

Convém ainda verificar como é que estes diferentes valores de binário e potência para os

diversos combustíveis influenciam os consumos do motor. No gráfico 5 e 6 pode-se constatar que o

JP-8 simples apresenta em todo o espectro de rotações um menor consumo horário e consumo

específico que no caso diesel. No entanto este consumo inferior tem como contrapartida uma redução

elevada de binário e potência como foi descrito anteriormente, sendo este facto ainda mais crítico uma

vez que a maior redução de potência ocorre a altas rotações, regime que é o mais utilizado quando o

motor está inserido nas viaturas militares.

480

500

520

540

560

580

600

620

640

660

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

1000 1200 1400 1600 1800 2000 2200 2400 2600 2800

Bin

ário

[N

m]

Po

tên

cia

[kW

]

RPM

Gráfico Potência e Binário Motor a trabalhar a JP-8 SIMPLES

Potência

Torque

480

500

520

540

560

580

600

620

640

660

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

1000 1200 1400 1600 1800 2000 2200 2400 2600 2800

Bin

ário

[N

m]

Po

tên

cia

[kW

]

RPM

Gráfico Potência e Binário Motor a trabalhar a JP-8 com aditivos

Potência

Torque

Page 28: Estudo da Aplicabilidade do JP-8 em Motores Diesel ......Para avaliar esta hipótese realizaram-se testes em banco de ensaios num motor a 2 tempos Detroit Diesel 5063-5299 V6, utilizado

19

Figura 14 - Gráfico 5 – Consumos específico e horário do motor a DIESEL em carga máxima

Figura 15 - Gráfico 6 – consumo específico e horário do motor a JP-8 simples em carga máxima

Já no caso do JP-8 aditivado pode-se verificar no gráfico 7 que há um ligeiro aumento tanto ao

nível do consumo específico como do consumo horário quando comparado ao caso do JP-8 simples.

Este resultado era esperado, pois como constatou [1] para um motor de 4 tempos é possível aproximar

a desempenho do motor em termos de binário e potência com alguma perda nos resultados de

consumo (quando comparado ao caso diesel). Neste caso o mesmo se verifica para um motor a dois

tempos, no entanto convém recordar que este resultado é apenas do ensaio de carga máxima, sendo

que mais à frente serão apresentados os resultados para diferentes cargas. Pode-se então verificar na

tabela 2 as diferenças em termos percentuais dos consumos específicos e horários, binário e potência

para os diversos combustíveis em alguns níveis de velocidade do motor.

0

50

100

150

200

250

300

350

0

5

10

15

20

25

30

35

40

1000 1200 1400 1600 1800 2000 2200 2400 2600 2800

Co

nsu

mo

Esp

ecíf

ico

[g/

kWh

]

Co

nsu

mo

Ho

rári

o [

kg/h

]

RPM

Consumos Específico e Horário do Motor a DIESEL -Carga Máxima

Consumo Horário

Consumo Específico

0

50

100

150

200

250

300

350

0

5

10

15

20

25

30

35

40

1000 1200 1400 1600 1800 2000 2200 2400 2600 2800

Co

nsu

mo

Esp

ecíf

ico

[g/

kWh

]

Co

nsu

mo

Ho

rári

o [

kg/h

]

RPM

Consumos Específico e Horário do Motor a JP-8 Simples - Carga Máxima

Consumo Horário

Consumo Específico

Page 29: Estudo da Aplicabilidade do JP-8 em Motores Diesel ......Para avaliar esta hipótese realizaram-se testes em banco de ensaios num motor a 2 tempos Detroit Diesel 5063-5299 V6, utilizado

20

Figura 16 - Gráfico 7 – Consumo específico e horário do motor a JP-8 aditivado em carga máxima

Tabela 3 - Diferenças percentuais do desempenho para os 3 combustíveis

RPM Diesel Parâmetros JP-8 vs Diesel JP-8 Aditivado vs

Diesel

1000

60 kW Potência = +3,3 %

569 Nm Binário = +4,7 %

339 g/kWh Consumo Específico

-11,5 % -11,8 %

20,2 kg/h Consumo Horário -5,7 % -10 %

1600

107 kW Potência -3,7 % -1,9 %

637 Nm Binário -3,1 % -1,6%

264 g/kWh Consumo Específico

-5,7 % -5,3 %

28,2 kg/h Consumo Horário -8,5 % -8,2 %

2000

135 kW Potência -3,7 % -3 %

645 Nm Binário -3,7 % -2,6 %

243 g/kWh Consumo Específico

-4,5 % -4,1 %

32,9 kg/h Consumo Horário -7,9 % -8,2 %

2800

160 kW Potência -10,7 % -3,1 %

544 Nm Binário -10,5 % -3 %

245 g/kWh Consumo Específico

-2 % -2,9 %

39,1 kg/h Consumo Horário -12,5 % -5,9 %

É ainda de referir que, uma vez que as massas específicas dos combustíveis são diferentes e

o consumo horário apresentado nos gráficos anteriores está em unidades de massa por hora, estes

resultados deverão ser traduzidos em unidades de volume por hora para o cálculo de custos associados

0

50

100

150

200

250

300

350

0

5

10

15

20

25

30

35

40

1000 1200 1400 1600 1800 2000 2200 2400 2600 2800

Co

nsu

mo

Esp

ecíf

ico

[g/

kWh

]

Co

nsu

mo

Ho

rári

o [

kg/h

]

RPM

Consumos Específico e Horário do Motor a JP-8 Aditivado - Carga Máxima

Consumo Horário

Consumo Específico

Page 30: Estudo da Aplicabilidade do JP-8 em Motores Diesel ......Para avaliar esta hipótese realizaram-se testes em banco de ensaios num motor a 2 tempos Detroit Diesel 5063-5299 V6, utilizado

21

à utilização dos diferentes combustíveis. Assim sendo, no gráfico 8 é possível verificar os consumos

horários dos diferentes combustíveis nessas unidades, para o ensaio de carga máxima.

Figura 17 - Gráfico 8 - Consumo horário dos diferentes combustíveis

Verifica-se assim que os consumos com JP-8 aditivado ou não, em regime de carga máxima

apresenta sempre consumos inferiores ao diesel, relembre se ainda que no caso do JP-8 simples com

uma perda máxima de 10,5 % de potência e no caso do JP-8 aditivado com uma perda máxima de

3,1% de potência.

5.4. Análise da evolução de consumos a cargas variáveis

No subcapítulo anterior fez-se uma análise aos consumos dos diferentes combustíveis sempre

em regime de carga máxima do motor, convém, no entanto, analisar a evolução dos mesmos a

velocidades fixas, mas com cargas variáveis, uma vez que como já foi verificado anteriormente existem

diferenças substanciais em regimes de baixas rotações versus altas rotações. Assim sendo

apresentam-se nos gráficos 9 e 10 as evoluções de consumos dos 3 combustíveis a velocidades fixas

de 1200 RPM e 2600 RPM com cargas variáveis.

1000 1200 1400 1600 1800 2000 2200 2400 2600 2800

DIESEL 24,1453527,4922330,4805233,7078736,6961539,32584 41,836 44,1071 46,4977346,73679

JP8 Aditivado 22,76992 26,3981 29,2756232,4033535,1557637,7830640,03503 42,287 44,7891946,04029

JP8 Simples 22,6152926,0265329,4377832,59634 35,7549 38,2817440,55591 42,3247 43,71447 43,2091

05

101520253035404550

CO

NSU

MO

HO

RIO

[L/

H]

RPM

CONSUMO HORÁRIO DO MOTOR PARA OS DIFERENTES COMBUSTÍVEIS - CARGA

MÁXIMA

DIESEL JP8 Aditivado JP8 Simples

Page 31: Estudo da Aplicabilidade do JP-8 em Motores Diesel ......Para avaliar esta hipótese realizaram-se testes em banco de ensaios num motor a 2 tempos Detroit Diesel 5063-5299 V6, utilizado

22

Figura 18 - Gráfico 9 – Consumo específico a 1200 RPM e carga variável

Figura 19 - Gráfico 10 – Consumo específico a 2600 RPM e carga variável

Como se pode verificar a baixas rotações, neste caso 1200 RPM, o consumo específico do JP-

8 aditivado é sempre inferior ao do diesel, tirando no caso de carga máxima que é ligeiramente superior.

Já no caso do JP-8 simples, verifica-se um consumo específico a baixas cargas e baixas rotações

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

0

100

200

300

400

500

70 140 210 280 350 420 490 560 630

Co

nsu

mo

Ho

rári

o [

l/h

]

Co

nsu

mo

Esp

ecíf

ico

[g/

kWh

]

Torque [Nm]

Consumo Específico a 1200 RPM

Diesel

JP-8

JP-8 Aditivado

Diesel Ch

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

0

100

200

300

400

500

70 140 210 280 350 420 490 560 630

Co

nsu

mo

ho

rári

o [

l/h

]

Co

nsu

mo

Esp

ecíf

ico

[g/

kWh

]

Torque [N/m]

Consumo Específico a 2600 RPM

Diesel JP-8 JP-8 Aditivado Diesel Ch JP-8 Ch JP-8 Aditivado Ch

Page 32: Estudo da Aplicabilidade do JP-8 em Motores Diesel ......Para avaliar esta hipótese realizaram-se testes em banco de ensaios num motor a 2 tempos Detroit Diesel 5063-5299 V6, utilizado

23

superior tanto ao diesel como JP-8 aditivado, mas com uma tendência de redução em relação aos

outros dois combustíveis à medida que a carga vai aumentando.

No caso de velocidades do motor elevadas, neste caso 2600 RPM, a baixas cargas o diesel

apresenta o melhor consumo específico, no entanto a tendência com a carga a aumentar é de aumento

de consumo específico, chegando mesmo na zona de carga máxima a ser substancialmente superior

ao caso JP-8 aditivado. O caso do JP-8 simples a cargas elevadas tende a acompanhar o caso do JP-

8 aditivado, no entanto este combustível não consegue atingir as mesmas cargas que os outros dois

combustíveis.

Na realidade, estes resultados são bastante encorajadores para o uso de JP-8 uma vez que

como já foi referido a viatura blindada de transporte de pessoal, que é equipada com este motor,

trabalha preferencialmente em regimes de altas rotações. Além do mais, a baixas rotações o máximo

de aumento de consumo específico verifica-se a cargas baixas, sendo que este regime, baixas rotações

e pequenas cargas praticamente não se aplica nestas viaturas, sendo a sua influência para os

consumos totais negligenciáveis.

Estes resultados estão ainda, mais uma vez, em linha com os resultados de Labeckas et al.,

no entanto no caso do motor a 4 tempos utilizado nesse estudo a cargas e rotações elevadas o diesel

apresentava um melhor consumo específico que o JP-8 aditivado, o mesmo não se verificou no motor

a 2 tempos utilizado para este estudo.

Para o caso do consumo horário, apesar de se verificar em praticamente todo o espectro de

cargas um ligeiro aumento tanto do JP-8 como do JP-8 aditivado, convém perceber que o custo por

litro destes dois combustíveis é substancialmente inferior ao custo do diesel. Este ponto será

escrutinado num subcapítulo mais à frente. Apesar desta vantagem em termos de custo, poderá existir

algum problema em termos de autonomia, este aspeto será também tratado mais à frente.

5.5. Diagramas de Colina

Serão agora apresentados os diagramas de colina construídos a partir do software Matlab. Para

cada diagrama foram retirados informação em banco de ensaios de 110 diferentes regimes de

funcionamento, fazendo variar a velocidade do motor em intervalos de 200 RPM, desde as 800 RPM

às 2800 RPM, e a carga a variar em intervalos de 70 Nm, desde a carga mínima à carga máxima

correspondente a cada nível de velocidade do motor.

Nestes diagramas estão representados binário efetivo (torque) em Nm, velocidade do motor

em RPM, e as isolinhas de consumo específico em g/kWh.

Como é visível para os três casos e como seria de esperar, o consumo específico mínimo situa-

se a rotações intermédias (entre as 1800 e as 2400 RPM, e a cargas parciais (entre os 400 e 500 Nm).

Verifica-se que a velocidades elevadas o consumo tende a aumentar, isso deve-se ao fato de

que a velocidades elevadas as perdas mecânicas são muito elevadas. No entanto este aumento não é

tão elevado como seria de esperar. Isto verifica-se uma vez que o motor está claramente otimizado

para trabalhar a elevadas velocidades.

A rotações baixas pode-se verificar que o consumo específico é elevado. Isto pode dever-se

às maiores perdas térmicas uma vez que existe mais tempo disponível para trocas de calor.

Verifica-se ainda que a cargas baixas o consumo específico é muito elevado, isto é natural uma

vez que o potencial do motor não está a ser extraído na sua totalidade.

Page 33: Estudo da Aplicabilidade do JP-8 em Motores Diesel ......Para avaliar esta hipótese realizaram-se testes em banco de ensaios num motor a 2 tempos Detroit Diesel 5063-5299 V6, utilizado

24

Figura 20 - Gráfico 11- Diagrama de colina para o Diesel

Page 34: Estudo da Aplicabilidade do JP-8 em Motores Diesel ......Para avaliar esta hipótese realizaram-se testes em banco de ensaios num motor a 2 tempos Detroit Diesel 5063-5299 V6, utilizado

25

Figura 21 - Gráfico 12- Diagrama de colina para o JP-8

Page 35: Estudo da Aplicabilidade do JP-8 em Motores Diesel ......Para avaliar esta hipótese realizaram-se testes em banco de ensaios num motor a 2 tempos Detroit Diesel 5063-5299 V6, utilizado

26

Figura 22 - Gráfico 13- Diagrama de colina para o JP-8 aditivado

Page 36: Estudo da Aplicabilidade do JP-8 em Motores Diesel ......Para avaliar esta hipótese realizaram-se testes em banco de ensaios num motor a 2 tempos Detroit Diesel 5063-5299 V6, utilizado

27

5.6. Análise dos Custos

De forma a avaliar as diferenças de custos provenientes da utilização dos diferentes

combustíveis foi necessário recorrer à formulação de um modelo de regimes de funcionamento para o

motor, de forma a ser possível fazer uma comparação de consumos, e consequentemente de custos.

O modelo escolhido foi feito para 50 minutos de funcionamento, os regimes de rotação e cargas

foram escolhidos tendo em conta o facto já referido de a viatura funcionar maior parte do tempo em

regime de altas rotações, assim na tabela 4 pode se verificar qual o modelo utilizado.

Tabela 4 - Modelo utilizado para análise de consumos

Tempo [min] RPM Binário [N/m]

Fase 1 10 800 70

Fase 2 10 1200 280

Fase 3 20 2400 350

Fase 4 5 2600 420

Fase 5 5 2800 Carga Máxima

Com base neste modelo e tendo em conta os consumos apresentados obtidos durante os

ensaios (dados encontram se em anexo), obtemos então os seguintes valores de consumo ao final

desses 50 minutos previstos no modelo:

Tabela 5 - Consumos horário e total tendo em conta o modelo

DIESEL JP-8 Aditivado JP-8

Consumo

[Kg/h] Consumo

[Kg] Consumo

[Kg/h] Consumo

[Kg] Consumo

[Kg/h] Consumo

[Kg]

Fase 1 2,508 0,418 2,7462 0,4577 2,3251 0,3875

Fase 2 8,5794 1,4299 8,4189 1,4031 8,626 1,4376

Fase 3 20,7829 6,9276 20,5708 6,8593 20,5071 6,8357

Fase 4 26,9985 2,2498 26,5093 2,2091 26,7899 2,2324

Fase 5 39,1 3,2583 36,1834 3,0152 34,2232 2,8519

Total [Kg] 14,2837 13,9421 13,7453

Total [L] 17,0735 17,4429 17,3661

Como se pode verificar na tabela 5, os consumos em termos de volume, ao final dos cinquenta

minutos do modelo, são muito semelhantes. Importa agora perceber o que isso significa em termos de

custos.

Em agosto de 2017 o preço médio do JP-8 foi de 35 cêntimos, já no caso do diesel o preço

médio foi de 1 euro e 28 cêntimos. Neste caso, para o modelo escolhido os custos associados seriam

para o caso diesel de 21,85 euros, e no caso do JP-8 de 6,08 euros. Como foi referido anteriormente,

o JP-8 simples implica uma grande perda no desempenho do motor, no entanto, se analisarmos o caso

do JP-8 aditivado, o custo associado também é significativamente inferior ao diesel sem essa grande

Page 37: Estudo da Aplicabilidade do JP-8 em Motores Diesel ......Para avaliar esta hipótese realizaram-se testes em banco de ensaios num motor a 2 tempos Detroit Diesel 5063-5299 V6, utilizado

28

perda de desempenho. Os dois aditivos utilizados, lubrificação e aumento de cetano, têm

respetivamente um custo associado por litro de 7 cêntimos e 17,3 cêntimos, fazendo um custo total por

litro de 59,6 cêntimos. Para o nosso modelo isto significa que o custo associado ao JP-8 aditivado é de

10 euros e 40 cêntimos, isto significa uma redução nos custos de 52,4%. Estes valores são claramente

significativos, tendo em conta o grande número de viaturas do Exército Português que utilizam este

motor.

Apesar destes resultados convém referir que os custos dos diferentes combustíveis podem ter

associados diferentes impostos associados, o que no caso de utilização em grande escala poderia

variar os mesmos.

Page 38: Estudo da Aplicabilidade do JP-8 em Motores Diesel ......Para avaliar esta hipótese realizaram-se testes em banco de ensaios num motor a 2 tempos Detroit Diesel 5063-5299 V6, utilizado

29

6. Conclusões

Nesta dissertação realizaram-se testes em banco de ensaios num motor Detroit Diesel 5063-

5299 V6 com três tipos de combustíveis, diesel, JP-8 simples e JP-8 aditivado. Estes ensaios foram

realizados com o intuito de comparar os desempenhos do motor e avaliar a viabilidade do uso de JP-8

aditivado nos motores diesel ao serviço do Exército Português.

O ensaio com JP-8 simples serviu essencialmente para verificar a eficácia dos aditivos

utilizados, o que permitiu concluir que realmente estes tiveram um efeito positivo, melhorando o número

de cetano em 17,2%, e melhorando ainda as características de lubrificação.

Os ensaios de JP-8 aditivado revelaram que a utilização deste combustível é uma hipótese

viável, não se verificando perdas significativas de potência extraída do motor, e verificando-se mesmo

uma redução no consumo específico. Na realidade a perda de potência fixada no máximo de 3% é

negligenciável, uma vez que a potência máxima assegurada pela construtora no manual do motor se

fixa nos 210 cv de potência, e nos ensaios com JP-8, mesmo com essa perda de 3% obtiveram-se 211

cv de potência. Quanto aos consumos estes são, em 90% da gama de velocidades e cargas, inferiores

aos do caso diesel. Convém, no entanto, notar que esta redução se verifica no consumo específico e

que é fruto das diferentes massas específicas dos combustíveis. Isto pode, em alguns pontos de toda

a gama de velocidades e cargas, traduzir-se num aumento de consumo ao nível de volume, ou seja,

em litros, o que poderá ser relevante em termos de custos. No entanto, como demonstrado, é

claramente vantajoso em termos de custos a utilização de JP-8 aditivado.

Durante este processo, construíram-se os diagramas de colina do motor com os três tipos de

combustíveis. Isto é de facto uma mais valia para o Exército Português visto que tais dados não

existiam, uma vez que não foram fornecidos pela construtora, e são de elevada utilidade mesmo para

alterar rotinas de condução, conduzindo para reduções de consumos nas viaturas equipadas com estes

motores.

A nível de consumos e custos associados a estes, verifica-se que a utilização do JP-8 aditivado

é de extremo interesse, obtendo-se uma redução de custos na ordem dos 50% face ao caso diesel com

um prejuízo máximo de 3 % no desempenho do motor.

Quanto ao nível do desgaste do motor, deveriam ter sido realizadas análises ao óleo do motor

pré e pós ensaios de forma a verificar as quantidades de metais no mesmo, o que permitiria ter uma

ideia, ainda que pouco precisa, das diferenças do desgaste com os diferentes combustíveis. No

entanto, por falta de tempo para tais análises, estas acabaram por não se realizar.

Esta dissertação baseou-se em ensaios em ambiente de banco, estando o motor isolado da

viatura, pelo que é necessário ter em conta que ensaios na viatura, em ambiente real, poderão revelar

problemas não encontrados durante a realização dos testes realizados no âmbito desta dissertação.

Além disto, convém notar que a duração dos ensaios é relativamente curta em relação ao que as

viaturas em ambiente tático necessitam de realizar.

6.1. Trabalhos futuros

O objetivo principal desta dissertação foi cumprido, sendo que a comparação de desempenho

do motor com os diferentes combustíveis se realizou e no ambiente de banco de ensaios ficou

comprovado que o JP-8 quando aditivado é realmente uma hipótese viável. No entanto, melhores

resultados podem ainda ser obtidos calibrando o timing de injeção do combustível para contrariar o

maior atraso à inflamação que se verifica no JP-8, pelo que seria de interesse realizar esses estudos e

proceder a essa alteração. Além desta mudança, seria também útil regular a bomba injetora de forma

a compensar a menor massa específica que se verifica no JP-8 e que leva a um menor volume de

combustível introduzido no motor.

Page 39: Estudo da Aplicabilidade do JP-8 em Motores Diesel ......Para avaliar esta hipótese realizaram-se testes em banco de ensaios num motor a 2 tempos Detroit Diesel 5063-5299 V6, utilizado

30

Como foi referido este trabalho baseou-se em testes em banco de ensaios, pelo que seria útil

validar os resultados em situação real, ou seja com o motor incorporado na viatura e utilizando a mesma

em ambiente real, no terreno.

Durante a dissertação, realizaram-se os ensaios com vista a comparar os desempenhos do

motor. Apesar destes resultados terem sido positivos, convém recordar que ao nível do desgaste do

motor não foram avaliados nenhuns dados, pelo que seria de interesse realizar este estudo no futuro.

Page 40: Estudo da Aplicabilidade do JP-8 em Motores Diesel ......Para avaliar esta hipótese realizaram-se testes em banco de ensaios num motor a 2 tempos Detroit Diesel 5063-5299 V6, utilizado

31

7. Referências Bibliográficas

[1] Labeckas, Gvidonas et Slavinskas, Stanis, Combustion, performance and exhaust emissions of the

diesel engine operating on jet fuel, Journal of KONES Powertrain and Transport, Vol. 19, No. 1 2012.

[2] Church, G. J., OTAN Logistics Handbook. -SNLC Secretariat International Staff, Defence

Policy and Planning Division, Logistics OTAN HQ, 1110, 219 p., Brussels Belgium 1990.

[3] Arkoudeas, P., Kalligeros, S., Zannikos, F., Anastopoulos, G., Karonis, D., Korres, D.,

Lois, E., Study of using IP-8 aviation fuel and biodiesel in CI engines, Energy Conversion

and Management, Vol. 44, Is. 7, pp. 1013-1025, 2003.

[4] Lee, J., Bae, C., Application of JP-8 in a heavy duty diesel engine, Fuel, Vol. 90, Is. 5,

pp. 1762-1770, 2011.

[5] Pandey, A. K., Nandgaonkar, M. R., Performance, Emission and Pump Wear Analysis of JP-

8 Fuel for Military Use on a 558 kW, CIDI Diesel Engine. SAE International Technical Paper

Number: 2010-01-1518. J. Fuels Lubr. 3(2):238-245, doi: 10.4271/2010-01-1518, 2007.

[6] Zielinski, Steven, Overview of Necessary Modifications for Commercial Diesel Engines in

Military Vehicles, TARDEC GVPM Powertrain.

[7] Lopes, José Miguel C. Mendes, motores de combustão interna – uma abordagem termodinâmica,

Sebentas do Instituto Superior Técnico, 2003.

[8] Myong, K., Suzuki, H., Senda, J., Fujimoto H. Spray inner structure of evaporating multicomponent

fuel, Fuel, Vol. 87, Is. 2, pp. 202-210, 2007.

[9] Fernandes et al, Technical Report #15355.

[10] Detroit Company, Technical Manual TM 5-3895-355-14&P, 1981.

Page 41: Estudo da Aplicabilidade do JP-8 em Motores Diesel ......Para avaliar esta hipótese realizaram-se testes em banco de ensaios num motor a 2 tempos Detroit Diesel 5063-5299 V6, utilizado

32

8. Anexos