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1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Instituto de Artes Departamento de Artes Corporais Relatório Final de Iniciação Científica PIBIC/CNPq Quota 2006-2007 Estudo da função estética e expressiva da luz no espetáculo de dança em palcos italianos Orientador: Prof. Dr. Eusébio Lobo Co-orientador: Valmir Perez Orientanda: Claudia Regina Garcia Millás (RA:031867) Campinas, 2007

Estudo da Funcao Estética e Expressiva da Luz em Teatro e Palcos

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Page 1: Estudo da Funcao Estética e Expressiva da Luz em Teatro e Palcos

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Instituto de Artes

Departamento de Artes Corporais

Relatório Final de Iniciação Científica PIBIC/CNPq

Quota 2006-2007

Estudo da função estética e expressiva da luz no espetáculo de dança em palcos italianos

Orientador: Prof. Dr. Eusébio Lobo

Co-orientador: Valmir Perez

Orientanda: Claudia Regina Garcia Millás (RA:031867)

Campinas, 2007

Page 2: Estudo da Funcao Estética e Expressiva da Luz em Teatro e Palcos

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1. Introdução

Este é um estudo relativo à iluminação cênica no espetáculo de dança em

palcos italianos que analisa a função estética e expressiva da luz a partir de cinco

instrumentos convencionais de iluminação: Par, Fresnel, Plano-convexo, Elipsoidal e

Ciclorama.

Entre as justificativas desta pesquisa inscreve-se a carência de material e

informação bibliográfica nacional referente à iluminação para dança. Importa sobremaneira

o fato de ser a luz um elemento fundamental na composição coreográfica, em especial nos

espetáculos em Palcos Italianos (mais conhecidos como “caixa-preta”), o que faz necessário

seu domínio enquanto ferramenta para ampliar as possibilidades de criação. Desta forma,

não incluímos em nosso estudo, as possibilidades de trabalho em espaços alternativos que

demandariam outro tipo de iluminação, como luz natural, velas, lanternas, candeeiros e

outros instrumentos não elétricos, dependendo da estrutura física e da intenção

coreográfica.

Já no começo do século XVI, o teatro começou a se fechar em salas e em

espaços que exigiam um tipo de iluminação artificial para compensar a ausência da luz

solar. Portanto, era necessário um artifício que clareasse o palco e tornasse os artistas e

objetos cênicos visíveis. Como a luz elétrica só seria inventada no final do século XIX,

eram usados outros instrumentos de iluminação: primeiro as velas, depois as lâmpadas a

óleo e, a seguir, as lâmpadas a gás.

A invenção da lâmpada elétrica em 1879 por Thomas A. Edson (1847-1931)

foi um importante marco na história da iluminação. A eletricidade trouxe a possibilidade de

se conseguir diferentes tipos de luz em um mesmo espetáculo, mostrando sua plasticidade,

eficiência e inúmeras possibilidades estéticas e expressivas.

Quanto às funções que a luz adquiriu ao longo da evolução científica com as

novas invenções elétricas, temos como principais características: a iluminação dos corpos,

objetos e adereços cênicos (Função Estética da luz) e a alteração do visual e da

dramaticidade da coreografia ou cena (Função Expressiva da luz).

Apesar da iluminação cênica no espetáculo de dança ainda ser pouco

estudada pelos profissionais da área, ela é uma poderosa ferramenta de criação e

composição, podendo auxiliar e complementar os movimentos corporais (coreografia), as

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cenas e o próprio tema de criação, transformando e integrando o trabalho de dança, com

novas possibilidades estéticas, visuais e emocionais.

Assim como os figurinos, os cenários, a trilha sonora, os objetos cênicos e

os adereços, a luz é mais um componente de criação e composição que auxilia e intensifica

a proposta do espetáculo. A mudança dos padrões luminosos altera estes elementos e sem a

sua presença, eles não podem ser vistos, portanto, sentidos esteticamente.

Este trabalho descreve a funcionalidade de cada um dos equipamentos

mencionados acima, a partir dos seus desenhos1, relaciona estes desenhos ao ambiente da

criação em dança (expressão e visualidade) e prepara ambientes simulados para a

visualização da função estética e expressiva da luz.

Referencial

a. História da iluminação na dança

Com o advento da luz elétrica, outras formas de criação e concepção do

espetáculo de dança se tornaram possíveis. Hoje existem equipamentos muito sofisticados,

como os “Moving lights” que possuem controle digital e tanto podem projetar uma

iluminação suave (soft ou wash) como focos definidos, projeções de gobos (lâminas

vasadas de duralumínio ou vidro para projeção de imagens) e luzes estroboscópicas.

Atualmente, no Brasil, o Grupo Corpo pode ser exemplo de uma companhia de dança que

trabalha a relação direta entre o corpo (movimento) e a luz. O iluminador e diretor geral do

grupo, Paulo Pederneiras, tem como matéria prima para o trabalho das coreografias:

luminância (capacidade física que um objeto tem de receber e refletir a luz) e organicidade,

ou seja, luz e corpo. Para tanto, ele utiliza diferentes equipamentos de iluminação e

possibilidades de criação (ELETROBRÁS, 1998).

b. Importância da iluminação no espetáculo de dança: função estética e

expressiva da luz

1 Desenho: “Resultados finais obtidos através do comportamento do fluxo luminoso sobre superfícies diversas, fluxo esse emitido como resultado conjunto das características físicas dos equipamentos e suas lâmpadas”.

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A luz possui uma função estética no espetáculo de dança: iluminar os

corpos, objetos e adereços cênicos. Ela revela sua plasticidade ao iluminar um bailarino ou

objeto, acentuando, transformando ou escondendo a sua configuração, materialidade,

textura, tamanho, cor, volume, contorno, peso, brilho. A cena a ser iluminada pode ser

reinventada pela luz, como se estivesse sendo vista pela primeira vez. A iluminação altera o

visual e a expressão, segundo o contexto emocional do espetáculo, podendo transformar o

sentido das cenas e figuras. Pode transformar o palco, deixando de ser somente um

iluminante passivo que se limita a imitar um tipo de fonte ou reflexo de luz, para limitar ou

ampliar uma área, aproximar ou distanciar figuras em relação ao público, transformar o

clima, estabelecer cortes rápidos, revelar contorno, altura e profundidade do que se ilumina,

e outros (CAMARGO, 2000).

c. Palco italiano

O Teatro de tipo Italiano, também chamado de “caixa preta”, consiste em

um espaço retangular fechado nos três lados, com uma quarta parede frontal, a boca de

cena, visível ao público. Seus tipos são: retangular, semicircular, ferradura ou misto.

Estes teatros são os mais comuns e os mais utilizados em espetáculos de

dança atualmente e, devido ao caráter fechado, necessita da utilização de iluminação

artificial, principalmente do tipo elétrica, para suprir a ausência da luz natural do sol

(TORMANN, 2006b).

d. Equipamentos

Os principais equipamentos de iluminação cênica utilizados em Teatros do

tipo Italiano são: fresnel, plano-convexo, par, elipsoidal e ciclorama. Cada um destes

equipamentos possui diferentes tipos de projeção de luz, tais como: iluminação de alta

intensidade com bordas suaves, iluminação de alta intensidade com bordas acentuadas,

efeitos de cor e diferentes tamanhos de foco, foco concentrado com bordas acentuadas e

iluminação uniforme. Em comparação a outros equipamentos de iluminação disponíveis no

mercado, estes cinco escolhidos são de fácil acesso devido ao seu custo e produção fabril.

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2. Materiais e métodos

Este é um estudo experimental descritivo realizado por meio das seguintes

etapas:

1. Fundamentação bibliográfica acerca dos temas: História geral da

iluminação (MOURA,2001), História da iluminação na dança (ELETROBRÁS,1998),

Importância da iluminação no espetáculo de dança: função estética e expressiva da luz

(CAMARGO,2000), Palco Italiano (TORMANN,2006b), Equipamentos (TELEM,2006;PEREZ,2005),

Desenhos (TORMANN,2006) e Teatro Alfa Real.

2. Análise e revisão técnica dos cinco instrumentos convencionais de

iluminação, tendo por referência os seguintes modelos de equipamentos da Telem (empresa

nacional):

3. Aplicação de questionários semi-estruturados (em anexo) aos

profissionais da área de iluminação cênica, com objetivo de estudar a aplicação dos

equipamentos no espetáculo de dança.

4. Criação de ambientes simulados para visualização da função estética

e expressiva da luz, com base nas especificações técnicas do Teatro Alfa, e aplicação dos

programas: 3D Estúdio Max (versão 5.0) e Compucad (versão 2.0).

É importante ressaltar que o estudo foi co-orientado pelo Lighting

Designer Valmir Perez, da Associação Brasileira de Iluminadores Cênicos (ABRIC), a

partir da qual fez-se contato com profissionais da área para aplicação dos questionários.

Quanto ao trabalho de campo utilizou-se o Laboratório de Iluminação do Departamento de

Artes Cênicas da Unicamp, sob a responsabilidade do co-orientador.

3. Resultados

Os resultados obtidos neste trabalho consistem: na descrição e análise dos

equipamentos (3.1); no estudo comparativo entre informações técnicas e experiência dos

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profissionais quanto a estes equipamentos (3.2); e na visualização dos ambientes simulados

(3.4) tomando como base o Teatro Alfa (3.3).

3.1 Descrição2 e Análise dos equipamentos

•Equipamento Telem: Fresnel (modelo TA-3810): “Projetor para lâmpadas

halógenas de até 1000w que proporciona iluminação de alta intensidade com bordas suaves

e pode ser utilizado em Teatros, shows e auditórios. Fotometria: Spot (ângulo Beam 9° e

ângulo Field 16°) e Flood (ângulo Beam 50° e ângulo Field 70°)” (TELEM, 2006).

(TELEM, 2006)

Análise do equipamento fresnel: O equipamento leva esse nome devido a

sua lente, inventada pelo físico francês Augustin Fresnel (1788 - 1827). Como o plano-

convexo, o fresnel é um equipamento cuja luz pode ser considerada "dura", porém, devido

as características difusoras de sua lente, o equipamento fornece um detalhamento focal

menos acentuado nas bordas, diluindo a iluminação do centro à periferia. Muito útil na

construção de gerais, contra-luzes e banhos, o fresnel é o tipo de equipamento essencial

dentro dos teatros. Sendo sua luz mais suave, suas sombras são menos definidas. Suas

potências variam muito e no cinema criam uma iluminação muito apropriada para efeitos

de luz do dia com utilização de lâmpadas hmi de alta potência (PEREZ,2005;

TORMANN,2006a)

2 As descrições contidas neste sub item foram retiradas da TELEM,2006

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•Equipamento Telem: Plano-Convexo (modelo TA-3011): “Projetor para

lâmpadas halógenas de até 1000W que proporciona uma iluminação de alta intensidade

com bordas acentuadas e pode ser utilizado em Teatros, shows e auditórios. Fotometria:

Spot (ângulo Beam 9° e ângulo Field 16°) e Flood (ângulo Beam 50° e ângulo Field 70°)”

(TELEM, 2006).

(TELEM, 2006).

Análise do equipamento plano-convexo: Equipamento mais comum nos

teatros, o famoso PC, ou plano-convexo. Ele leva esse nome por que utiliza uma lente

plano-convexa para fazer com que os raios luminosos tenham uma incidência focalizada em

determinado campo e produza uma fonte luminosa bastante definida. Sua utilização é

bastante variada, pois esse equipamento possui grande versatilidade. Gerais, banhos, focos

com definição (luz dura), focos indefinidos (luz soft), back lights (contra-luzes), podem ser

criados com esse "pincel". Para criação de luz soft, adicionam-se filtros difusores ou silk,

assim como para desenhos retangulares utilizam-se barndoors. Outros efeitos podem ser

conseguidos com prática e experiência, tais como: sombras projetadas, vitrais projetados,

máscaras, etc (PEREZ,2005; TORMANN,2006a)

•EquipamentoTelem: Par64 (modelo TM-6212): “Projetor para lâmpada

PAR 64, de até 1000W de potência, que proporciona efeitos de cor, vasta escolha de

lâmpadas e ampla utilização tanto em ambientes fechados como ao ar livre que pode ser

utilizado em Teatros, Auditórios, Estúdios de Televisão e Shows” (TELEM, 2006).

Page 8: Estudo da Funcao Estética e Expressiva da Luz em Teatro e Palcos

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•EquipamentoTelem: Par36 (modelo TM-6006/1): “Aparelho tipo Mini

Brute, para 1 lâmpada par 36 de 650W, com corpo confeccionado em chapa de aço zincado,

acabamento em esmalte estufa laranja, janela de manutenção de chapa perfurada e freio do

braço para movimento vertical. Utilizado principalmente em estúdios de televisão, cinema,

show e Externa” (TELEM, 2006).

(TELEM, 2006).

Análise do equipamento par: O equipamento Par leva esse nome porque

possui uma lâmpada com espelho parabólico (Parabolic Alumized Reflector). Encontramos

também outros tipos de lâmpada Par, como: par20, par30, par36, par38, par56, par64 e etc.

Mas, apesar do equipamento ser conhecido somente como lâmpada par, ele é na verdade

um refletor completo com lâmpada, espelho e “lente”. O número 64, por exemplo, (da

especificação do equipamento: PAR 64) indica o tamanho do diâmetro do espelho

parabólico e conseqüentemente de todo o conjunto. Portanto, o diâmetro da parabólica é de

64 x 1/8 de polegada, ou seja, 8 polegadas (PEREZ,2005; TORMANN,2006a).

•EquipamentoTelem: Elipsoidal (modelo TA7711): “Projetor com zoom

para lâmpadas de até 1000w de potência (17º a 38°) que proporciona iluminação de alta

intensidade, foco concentrado e com bordas acentuadas, pode ser utilizado para efeitos

especiais através do uso de pás para corte, íris e slides metálicos (gobos) e pode ser

utilizado em Teatros, Shows, Auditórios e Estúdios de Televisão” (TELEM, 2006).

Page 9: Estudo da Funcao Estética e Expressiva da Luz em Teatro e Palcos

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(TELEM, 2006).

Análise do equipamento elipsoidal:

O equipamento possui duas lentes plano-convexas reguláveis, capazes de

aumentar ou diminuir o tamanho do feixe luminoso e ainda modificar a característica deste,

tornando-o mais definido ou mais difuso. Possui ainda um espelho elipsoidal que define o

nome do equipamento (PEREZ,2005; TORMANN,2006a).

•EquipamentoTelem: Ciclorama (modelo TM9610): “Projetor tipo “Far

cyc” de até 1000W, em chapa de aço zincado com acabamento em tinta preto fosco,

constituído de curva assimétrica que proporciona uma iluminação uniforme e pode ser

utilizado em Teatros , Estúdio de Televisão, cinema, fotografia e Shows” (TELEM, 2006).

(TELEM, 2006).

Análise do equipamento ciclorama: Como o nome já diz, o equipamento é

utilizado para projeção de fundos em cicloramas (painel de fundo de cenários e estúdios

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que possuem características semicirculares - fundo infinito) de palco e estúdios. O

ciclorama possui iluminação soft de grande abertura angular (PEREZ,2005; TORMANN,2006a).

3.2 Estudo comparativo entre informações técnicas e experiência dos profissionais

com esses equipamentos

A tabela abaixo compara as possibilidades de utilização dos cinco

instrumentos de iluminação na perspectiva dos profissionais, as quais foram semelhantes

nos seguintes pontos: Fresnel usado para Gerais; Plano-convexo usado para focos; Par

usado para diferentes tamanhos de focos; Elipsoidal usado para recortes e efeito de gobos; e

Ciclorama para iluminação de tela de fundo, ou ciclorama.

Tabela I: Possibilidades de utilização dos equipamentos

Equipamento/ Profissional

Fresnel Plano-convexo

Par Elipsoidal Ciclorama

I

Geral zenital

Geral frontal, contraluz e focos

Geral, contraluz, laterais, diagonais e focos

Foco, corredores, recorte de janelas, projeção de efeitos e imagens (gobos)

Iluminação de cicloramas, cenários e superfícies amplas

II

Gerais Usada para focos e gerais

Usada em shows para formas desenhos entre si

Recortar a luz geometricamente e fazer focos com definição

Apoio de efeito, espelho e fundo de projeção

III Gerais com linóleo branco

Focos direcionais e gerais

Focos, gerais e contraluz

Recortes e laterais (em balés), focos e imagens de gobos

Dar profundidade e definir situações como noite, dia, entardecer...

Page 11: Estudo da Funcao Estética e Expressiva da Luz em Teatro e Palcos

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Esta próxima tabela compara o motivo das escolhas de utilização de cada um

dos equipamentos com a especificação dada pela empresa Telem, observando-se os

seguintes pontos em comum: Fresnel é usado, principalmente, para fazer Gerais, por

possuir bordas suaves (luz difusa); Plano-convexo, para fazer focos definidos por possuir

bordas acentuadas; Par, usado para diferentes tipos de foco devido à possibilidade da

escolha de lâmpadas; Elipsoidal, para recortes devido ao sistema de pás e para efeito de

gobos pois possui porta-gobos; e Ciclorama, para iluminação de tela de fundo ou ciclorama

por possuir iluminação uniforme e grande ângulo de projeção.

Tabela II: Justificativas para a utilização dos equipamentos

Equipamento/ Profissional

Fresnel Plano-convexo

Par Elipsoidal Ciclorama

I Borda suave e iluminação homogênea

Borda levemente definida e foco regulável

Vários focos (1,2,5,6), excelente projeção de luz e reprodução de cores

Versátil (borda dura ou suave) e projeção de imagens (porta gobos)

Grande ângulo de projeção

II

Luz difusa Luz limpa Boa luminosidade

Telem3 Iluminação de alta intensidade com bordas suaves

Iluminação de alta intensidade com bordas acentuadas

Muito útil em tomadas a luz do dia, possibilita escolhas de lâmpadas e ampla utilização tanto em ambientes fechados como ao ar livre.

Iluminação com alta intensidade, foco concentrado e bordas acentuadas, podendo ser utilizado para efeitos especiais através de uso de pás para corte, íris, e slides metálicos (gobos)

Iluminação uniforme

3 Equipamentos Telem utilizados na pesquisa: Fresnel TA-3810

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3.3 Informações sobre Teatro Alfa Real

Devido à necessidade de dados e medidas técnicas de um teatro de porte

médio para serem usadas como referência nas simulações previstas neste projeto, escolheu-

se o Teatro Alfa Real para servir de base, pois possui excelente estrutura física e

arquitetural, visibilidade e materiais organizados e coerentes, conforme demonstrado na

Simulação de nº 1 e no Mapa de Palco. Desta forma, contribuiu para melhor produção e

visualização das imagens.

(Simulação do palco do Teatro Alfa Real)

Plano-convexo TA-3011 PAR36 TM6006/1 Elipsoidal TA-7711 Ciclorama TM-9610

Page 13: Estudo da Funcao Estética e Expressiva da Luz em Teatro e Palcos

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Na tabela a seguir constam as informações técnicas referentes a alguns

elementos cênicos presentes no teatro em questão para facilitar a compreensão do estudo:

Elemento cênico quantidade medida

Pernas 12 4m largura x 8,82m altura Ciclorama 2 17,40m largura x 10,10m altura Quartelada de palco 33 1m x 2m Bambolina∗ 8 17,70m largura x 8,85m altura Tule preto 1 17,40m largura x 10,10m altura Tule branco 1 17,40m x 10,10m Tapete de dança ROSCO 1 Dimensão do palco Sobre piso para dança 1 Até 148m² Vara de luz (sofita superior) 54 17,5m largura Vara de luz (sofita inferior) 11 17,5m largura

(Mapa do palco do Teatro Alfa Real)

∗ Pode ser usada como Rotunda

Page 14: Estudo da Funcao Estética e Expressiva da Luz em Teatro e Palcos

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3.4 Visualização de ambientes simulados

As observações obtidas nas tabelas I e II foram o subsidio para a construção

dos ambientes simulados abaixo.

As imagens a seguir demonstram algumas das possibilidades de utilização

dos equipamentos conforme: a descrição e análise dos equipamentos (item 3.1), o estudo

comparativo entre as informações técnicas e a experiência dos profissionais com os

equipamentos (item 3.2) e as informações do Teatro Alfa (item 3.3).

Na simulação do equipamento Fresnel com Geral branca, por exemplo,

observa-se todo o palco iluminado uniformemente. Este efeito pode ser conseguido, devido

às características do equipamento em questão que foram estudadas nos itens mencionados

acima.

Nas demais simulações utilizou-se o mesmo método, o que dispensa a

descrição detalhada.

(Simulação da utilização do equipamento Fresnel com luz tipo Geral branca)

Page 15: Estudo da Funcao Estética e Expressiva da Luz em Teatro e Palcos

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(Simulação da utilização do equipamento Plano Convexo com focos concentrados)

(Simulação da utilização do equipamento PAR36 com focos)

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(Simulação da utilização do equipamento Elipsoidal com recortes coloridos como focos

retangulares e projeção de gobo com desenho de nuvens na tela de fundo)

(Simulação da utilização do equipamento Elipsoidal com recorte de laterais)

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(Simulação da utilização do Equipamento Ciclorama com iluminação de tela de fundo

com cor azul)

4. Discussão

Desta pesquisa inscreve-se, principalmente, a carência de material e

informação bibliográfica nacional referente à iluminação para dança.

A experiência de elaborar simulações por meio do programa 3D Estúdio

Max foi muito interessante e gratificante devido ao resultado e a qualidade das imagens

obtidas.

O Teatro Alfa nos permitiu ter acesso a publicação com especificações

técnicas do seu interior para serem utilizadas nesta pesquisa, o que não acontece com outros

espaços que não possuem tais informações organizadas.

Os meios para se pesquisar estes equipamentos de iluminação cênica são

escassos, a exemplo da própria Unicamp que, apesar de ter cursos de Artes Cênicas e de

Artes Corporais, ainda não conta com estrutura física, equipamentos e aparelhagens para o

estudo de iluminação cênica.

As informações técnicas dos equipamentos de iluminação pesquisados em

sites especializados não se encontram organizadas e em algumas situações contém erros.

Page 18: Estudo da Funcao Estética e Expressiva da Luz em Teatro e Palcos

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Quanto ao questionário aplicado aos profissionais da área de iluminação,

pudemos perceber que a linguagem técnica ainda é pouco acessível e não padronizada

como, por exemplo, no caso da descrição da utilização do equipamento Fresnel, que foram

usadas diferentes expressões para descrever o mesmo efeito: geral, geral zenital e geral

frontal. Torna-se premente a necessidade de construção de um glossário para

reconhecimento e organização destas expressões técnicas.

Percebemos também que as respostas obtidas no questionário não estavam

dentro do esperado para ser usado na pesquisa. Para tal, teríamos que utilizar a entrevista in

loco, que não seria possível neste momento da pesquisa de iniciação científica devido ao

tempo e recurso financeiro necessário para a sua realização. A constatação advém da

observação das respostas dos questionários de que o conhecimento técnico na área de

iluminação é pragmático e de difícil explicitação teórica, ainda mais na escrita. A grande

maioria dos profissionais da área adquirem o conhecimento na prática de sua profissão, mas

não passam este conhecimento adiante, publicando-os ou transformando-os em

documentos.

5. Conclusões

Das análises obtidas, percebemos que os cinco equipamentos de iluminação

cênica estudados possuem grande diversidade e possibilidades de composição da cena,

mesmo levando em conta o conjunto de suas características físicas e lâmpadas que resultam

em determinado comportamento do fluxo luminoso sobre superfícies diversas.

Do caminho percorrido nesta iniciação cientifica, concluímos que: os

materiais teóricos e bibliografia nesta área de iluminação para dança são escassos; as

imagens simuladas por meio do programa 3D Estúdio Max são importante ferramenta de

trabalho para visualização dos conceitos estudados; dados corretos e organizados são muito

importantes para o estudo e análise dos equipamentos; e estudos, como este, são

fundamentais para a propagação e documentação do conhecimento em iluminação cênica.

6. Matéria encaminhada para publicação

O resultado e documento íntegro desta pesquisa serão encaminhados para

publicação no site oficial do Laboratório de Iluminação da Unicamp (PEREZ,2005)

Page 19: Estudo da Funcao Estética e Expressiva da Luz em Teatro e Palcos

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7. Bibliografia

CAMARGO, R. G. Função Estética da Luz. Sorocaba: TCM Comunicação, 2000.

ELETROBRÁS. Luz na Dança: Contornos e Movimentos. Rio de Janeiro: Eletrobrás,

1998.

MOURA, E. P. 50 anos luz, câmera e ação. São Paulo: SENAC São Paulo, 2001.

TORMANN, J. Caderno de iluminação: Arte e Ciência. Rio de Janeiro: Musica

Tecnologia, 2006a. 135p.

Perez, V. Ver e olhar – primeira parte: sobre como a iluminação provoca diferentes tipos de

experiências. Luz & cena, ano VII, n. 80, 40-42, 2006.

Sabastinelli, R. Antes de tudo, a luz. Luz & cena, anoVII, n. 65, 34-41, 2004.

PEDROSA, I. Da cor à cor inexistente. Rio de Janeiro: Maio Gráfica, 2002.

PEREZ, V. Laboratório de Iluminação, Campinas, 7 abril 2005. Disponível em:

<http://www.iar.unicamp.br/lab/luz>. Acesso em: 18 nov. 2006.

Associação Brasileira de Iluminação cênica. Disponível em: <http://www.abric.org.br>.

Acesso em: 18 nov. 2006.

TELEM. Iluminação Telem, São Paulo. Disponível em:

<http://www.telem.com.br/index1.html>. Acesso em: 18 nov. 2006.

TORMANN, J. Roteiro de iluminação, Curitiba. Disponível em:

<http://www.iluminacao.arq.br>. Acesso em: 18 nov. 2006b.

8. Perspectivas de continuidade ou desdobramento do trabalho

Este trabalho terá continuidade prática com estágio em teatros do tipo

italiano, ainda a serem definidos, e participação como iluminadora em possíveis projetos

artísticos.

9. Agradecimentos

Agradeço ao meu orientador Eusébio Lobo pelo incentivo para escrever este

projeto e ao meu Co-orientador Valmir Perez pela troca de experiência e conhecimento

neste ramo de iluminação. Agradeço também a minha mãe querida, Alice, que tanto me

ajudou com sua paciência e disponibilidade para escrever e desenvolver esta pesquisa.

Page 20: Estudo da Funcao Estética e Expressiva da Luz em Teatro e Palcos

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Anexo I

Questionário para coleta de dados

Nome: Profissão: Escolaridade: Cidade: Estado: País: Obs*: Todos os itens do presente questionário são referentes à iluminação na dança em palcos italianos.

1) Na sua opinião, podemos utilizar a luz como linguagem cênica? De que maneira? 2) Na sua opinião, quais as funções da iluminação cênica? 3) Como a linguagem da dança e a da iluminação se influenciam no espaço cênico? 4) Supondo que o universo da criação de dança compreende a interação entre diversas

linguagens estéticas (cenografia, coreografia, figurino, iluminação, etc.), na sua opinião, no momento da criação, como deve se dar essa interação?

5) Descreva as possibilidades de utilização dos instrumentos de iluminação apresentados abaixo:

- Plano-convexo: - Fresnel: - Ciclorama: - Elipsoidal: - Par:

6) Explique o motivo das suas escolhas:

- Plano-convexo: - Fresnel: - Ciclorama: - Elipsoidal: - Par:

7) Na iluminação cênica, alguns procedimentos são comuns quanto ao desenho da luz

nos palcos, por exemplo: gerais, contra-luzes, banhos, corredores laterais, projeções de imagens, etc. Defina qual a importância desses desenhos na estética das cenas.

8) Na sua opinião qual a importância das estruturas de suporte (varas de luz, arandelas, torres, Box truss, etc.) quanto ao desenvolvimento das estéticas nos palcos?

9) Quais as vantagens e desvantagens das mesas de controle analógicas durante a operação das luzes de um espetáculo?

10) Quais as vantagens e desvantagens das mesas de controle digitais durante a operação das luzes de um espetáculo?