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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA FACULDADE DE ENGENHARIA QUÍMICA Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ESTUDO DA IMOBILIZAÇÃO DE CÉLULAS DE Saccharomyces cerevisiae EM GEL DE ALGINATO DE CÁLCIO NO PROCESSO DE FERMENTAÇÃO ALCOÓLICA MESTRANDO: Eng.Químico Márcio de Andrade Batista ORIENTADOR: Prof. PhD. Luís Cláudio Oliveira Lopes Co-Orientador: Prof. Dr. Eloízio Júlio Ribeiro UBERLÂNDIA – MG AGOSTO – 2005

ESTUDO DA IMOBILIZAÇÃO DE CÉLULAS DE...HPLC Comatografia Líquida de Alta Resolução viii LISTA DE SÍMBOLOS S Concentração de substrato S 0 Concentração de substrato inicial

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA FACULDADE DE ENGENHARIA QUÍMICA

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

ESTUDO DA IMOBILIZAÇÃO DE CÉLULAS DE

Saccharomyces cerevisiae EM GEL DE ALGINATO DE CÁLCIO

NO PROCESSO DE FERMENTAÇÃO ALCOÓLICA

MESTRANDO: Eng.Químico Márcio de Andrade Batista

ORIENTADOR: Prof. PhD. Luís Cláudio Oliveira Lopes

Co-Orientador: Prof. Dr. Eloízio Júlio Ribeiro

UBERLÂNDIA – MG

AGOSTO – 2005

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA FACULDADE DE ENGENHARIA QUÍMICA

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química

ESTUDO DA IMOBILIZAÇÃO DE CÉLULAS DE Saccharomyces cerevisiae EM GEL DE ALGINATO DE CÁLCIO NO PROCESSO DE

FERMENTAÇÃO ALCOÓLICA

Márcio de Andrade Batista

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Química da Universidade Federal de Uberlândia como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre emEngenharia Química, Área de concentração emDesenvolvimento de Processos Químicos.

Uberlândia2005

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FICHA CATALOGRÁFICA

Elaborada pelo Sistema de Bibliotecas da UFU / Setor de Catalogação e Classificação

B333e Batista, Márcio de Andrade, 1974- Estudo da imobilização de células de Saccharomyces cerevisiae em gel de alginato de cálcio no processo de fermentação alcoólica / Márcio de An- drade Batista. - Uberlândia, 2005. 114f. : il. Orientador: Luís Cláudio Oliveira Lopes. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Uberlândia, Progra- ma de Pós-Graduação em Engenharia Química. Inclui bibliografia. 1. Álcool - Teses. 2. Fermentação - Teses. I. Lopes, Luís Cláudio Oli-veira. II. Universidade Federal de Uberlândia. Programa de Pós-Gradua-ção em Engenharia Química. III. Título.

CDU: 662.754

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AGRADECIMENTOS

A realização de uma dissertação de mestrado constitui-se uma tarefa de tal magnitude, que se torna impossível realizá-la sem a ajuda de outras pessoas e gostaria de certificar que as mesmas soubessem de meu apreço.

Agradeço ao Deus Jeová, que em sua onisciência, onipotência e onipresença tem guiado meus caminhos;

Aos meus irmãos Mauri Andrade, Maurílio Andrade e Maércio Andradepela ajuda econômica nos “duros” anos de graduação e que sem eles, esse mestrado não seria possível;

A mimha irmã Márcia Andrade pelo apóio constante e por acreditar em meu trabalho;

Ao hialotecnista Gentil pela confecção das “células” usadas nos ensaios experimentais;

Ao Prof. Dr. Luís Cláudio, que com paciência mostrou como as equações diferenciais podem ser “poderosas” na solução de problemas de Engenharia;

Ao Prof. Dr. Eloízio, Prof. Dr. Damasceno, Prof. Dr. Marcos Barroso, Prof. Dr. Adilson, Prof. Dr. Moilton e Prof. Dr. Sílvio Silvério da Silva. Professores que não só compreendem a ciência, mas também são capazes de explicá-la;

A técnica química Roberta, pela vidraria utilizada;

Ao Doutorando Cláudio “Mezenga” pelo treinamento no software Global Lab .

À empresa Torre - Materiais para panificação, pela doação do fermento utilizado nos ensaios fermentativos;

À Capes, pelo apoio financeiro;

A todos aqueles que embora não citados, contribuíram de maneira direta ou indireta nesse trabalho.

Recebam meus melhores agradecimentos.

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“Se ensinarmos a todo mundo, inclusive a estudantes de segundo grau, os hábitos do pensamento cético, eles provavelmente não vão restringir o seu ceticismo aos UFOS, aos comerciais de aspirina e as mentes canalizadas de 35 mil anos de idade.Talvez comecem a fazer perguntas incômodas sobre as instituições econômicas, sociais, políticas ou religiosas.Talvez desafiem as opiniões de quem está no poder. Então o que aconteceria conosco?”

Carl Sagan

“Não devemos acreditar nos muitos que dizem que só as pessoas livres devem ser educadas, deveríamos antes acreditar nos filósofos que dizem que apenas as pessoas educadas são livres.”

Epicteto, Filósofo e ex-escravo romano.

“Sucesso: 1% inspiração e 99% transpiração.”

Thomas Edison (1847-1931)

“Ubi dubiun ibi libertas”

Provérbio latino

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CONTEÚDO

LISTA DE FIGURAS......................................................................................................... iiiLISTA DE TABELAS........................................................................................................ viLISTA DE ABREVIATURAS........................................................................................... viiLISTA DE SIMBOLOS..................................................................................................... viiiRESUMO........................................................................................................................... xABSTRACT....................................................................................................................... xi

CAPÍTULO 01 - INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVAS.................................................. 1

1.1- O etanol e seu potencial de utilização........................................................................ 11.2- Bioprocessos conduzidos em células imobilizadas..................................................... 41.3- Objetivos...................................................................................................................... 71.4- Estrutura da dissertação............................................................................................... 7

CAPÍTULO 02 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................... 9

2.1- Introdução.................................................................................................................... 92.1.1- Microganismo: Saccharomyces cerevisiae.................................................... 92.1.2 - Cinética de fermentação................................................................................ 12

2.2 - Meios de cultura......................................................................................................... 142.2.1- Aspectos de assepsia e desinfecção............................................................... 15

2.3 - Rendimentos em processos fermentativos................................................................. 162.4 - Fluxograma simplificado do processo de produção de etanol.................................... 172.5 - Descrição ilustrativa do processo industrial de produção de etanol........................... 182.6 - Imobilização celular................................................................................................... 182.7 - Coeficiente de partição............................................................................................... 212.8 - Projeto de experimentos............................................................................................. 24

2.8.1- Aplicação da função desirability em bioprocessos....................................... 262.9- Modelagem e simulação.............................................................................................. 29

CAPÍTULO 03 - MATERIAIS E MÉTODOS................................................................... 32

3.1- Microrganismo e preparo do inóculo........................................................................... 323.2- Técnicas utilizadas nos ensaios................................................................................... 33

3.2.1- Métodos analíticos........................................................................................ 333.2.2- Procedimentos experimentais........................................................................ 34

3.3- Planejamento de experimentos.................................................................................... 373.3.1- Planejamento varredura................................................................................. 373.3.2- Planejamento tipo fatorial composto central................................................. 393.3.3- Investigação da função desirability em bioprocessos................................... 40

CAPÍTULO 04 - RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................ 42

4.1-Avaliação dos diferentes tipos de fermento biológico.................................................. 424.2-Avaliação das distribuições dos diâmetros dos pellets obtidos.................................... 424.3-Avaliação do planejamento fatorial completo dois níveis do tipo 23.......................... 444.4-Planejamento do tipo 24................................................................................................ 484.5-Planejamento composto central do tipo 34-1................................................................. 544.6-Aspectos introdutórios para a modelagem do Fermentador......................................... 65

CAPÍTULO 05-CONCLUSÕES........................................................................................ 75

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CAPÍTULO 06-SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS.................................... 78

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................ 79

APÊNDICES....................................................................................................................... 84

Apêndice A - Curvas de Calibração........................................................................ 85Apêndice B - Resultados dos Ensaios de Fermentação Realizados........................ 86

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01- Representação da síntese bioquímica do microrganismo Escherichia coli para a conversão de glicose a etanol................................................................................... 4

Figura 02- Fluxograma simplificado para a produção de etanol com

levedura imobilizada........................................................................................................... 6

Figura 03- Representação esquemática das estruturas tipicas

da levedura Saccharomyces cerevisiae............................................................................... 10

Figura 04- Microfotografia com as diversas fases de crescimento

da levedura Saccharomyces cerevisiae............................................................................... 10

Figura 05- Representação das diversas fases de crescimento

da levedura Saccharomyces cerevisiae............................................................................... 11

Figura 06- Etapas de redução da glicose a etanol............................................................... 14

Figura 07- Fermentação contaminada com cultura de lactobacilos e formação de espuma................................................................................................................................ 16

Figura 08- Fluxograma simplificado do processo de produção

de etanol.............................................................................................................................. 17

Figura 09- Métodos de imobilização celular....................................................................... 20

Figura 10- Características e tipos de suporte, utilizados nas diversas técnicas de imobilização........................................................................................................................ 21

Figura 11- Métodos básicos de imobilização.................................................................... 21

Figura 12- Representação esquemática do pellet com a entrada do substrato e saída do produto................................................................................................................................ 23

Figura 13- Reator utilizado nos ensaios fermentativos....................................................... 35

Figura 14- Equipamento utilizado na imobilização e confecção dos pellets...................... 36

Figura 15- Amostra representativa dos pellets de alginato de cálcio obtidos e o padrão de medida (diâmetro externo de15mm) usado no software Global Lab®........................... 37

Figura 16-“Ponteiras” usadas para obtenção dos pellets de diferentes diâmetros e padrão de medida (diâmetro externo de15mm).............................................................................. 37

Figura 17- Processamento de imagens dos pellets: (a) imagem processada; (b) determinação dos diâmetros de cada partícula; (c) avaliação do número de partículas para determinação do raio médio do conjunto de partículas............................................... 37

Figura 18- Diagrama de dispersão dos pontos do planejamento gerado............................ 38

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Figura 19- Perfis de concentração de etanol, glicose e células livres para o fermento

tipo A................................................................................................................................... 43

Figura 20- Perfis de concentração de etanol, glicose e células livres para o fermento

tipo B .................................................................................................................................. 43

Figura 21- Representação dos efeitos para o planejamento 23............................................ 46

Figura 22- Gráfico das médias marginais obtidas no planejamento 23............................... 46

Figura 23- Diagrama de Pareto das variáveis mais significativas, com nível de confiança de 95% ............................................................................................................... 47

Figura 24- Superfícies de resposta de obtidas no planejamento de varredura.................... 48

Figura 25- Análise de Pareto para a fração 24 do planejamento composto central com limite de confiança de 90%................................................................................................. 50

Figura 26- Perfis para valores preditos e desirability para o planejamento 24................... 51

Figura 27- Distribuição dos resíduos em função dos valores normais para o planejamento 24................................................................................................................... 52

Figura 28- Distribuição dos resíduos em função valor predito para o planejmento 24....... 53

Figura 29- Médias marginais para o panejamento 24 com nível de confiança de 90%....... 53

Figura 30- Resíduos para o planejamento 34-1 com nível de significância de 90%............. 54

Figura 31- Distribuição do valor predito versus valor observado para o planejamento

34-1....................................................................................................................................... 56

Figura 32- Análise de Pareto para o planejamento 34-1 com limite de confiança de 90%. Efeitos dos fatores: Lineares(L), Quadráticos (Q)……………………………………….. 56

Figura 33- Perfis para valores preditos otimizados e desirability para o planejamento

34-1 (desirability global igual a 1)....................................................................................... 57

Figura 34- Curvas de nível para desirability do planejamento 34-1: Valores ótimos com ajuste spline......................................................................................................................... 58

Figura 35- Região de máximo rendimento como função das concentrações de cloreto de cálcio e alginato de sódio no planejamento 34-1.................................................................. 59

Figura 36- Cinética e produtividade de fermentação do melhor ensaio obtido................... 62

Figura 37- Relação percentual entre concentração de células livres e células imobilizadas........................................................................................................................ 63

Figura 38- Partículas de alginato de cálcio com células imobilizadas: (a) Pellet do tipo A; (b) Pellet do tipo B............................................................................ 64

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v

Figura 39- Comportamento estacionário de uma partícula com 5 pontos de colocação

internos, polinômio de Jacobi com 1, 1 , Sh=100, 2,0 e =[1(+), 10(x), 100( )].................................................................................................................................

2

67

Figura 40- Comportamento estacionário de uma partícula com 5 pontos de colocação

internos, polinômio de Jacobi com 1, 1 . Sh=100, 2,0 , =100 e =[0(+), 10(x), 25( ),100( )].........................................................................................

2

2 68

Figura 41- Comportamento estacionário de uma partícula com inibição pelo produto de forma não competitiva utilizando 5 pontos de colocação internos, polinômios de Jacobi

com 1, 1 , 2,0 , Sh=100, =100 e 23 =[0(+), 10(x),

25( ),100( )]...................................................................................................................... 71

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vi

LISTAS DE TABELAS

Tabela 01- Propriedades termodinâmicas da gasolina e do etanol..................................... 2

Tabela 02- Rendimento ótimo de fermentação de leveduras em condições

anaeróbicas.......................................................................................................................... 13

Tabela 03- Composição do meio de cultura semi- sintético............................................... 15

Tabela 04- Produtos da fermentação alcoólica, em g/100g de glicose metabolizada, para diferentes rendimentos fermentativos em células livres............................................. 16Tabela 05- Classificação dos modelos cinéticos................................................................. 29

Tabela 06- Modelos cinéticos sem inibição........................................................................ 30

Tabela 07- Modelos cinéticos com inibição pelo substrato................................................ 30

Tabela 08- Modelos cinéticos com inibição pelo produto.................................................. 31

Tabela 09- Lista de Reagentes e Materiais utilizados nos ensaios de fermentação............ 32

Tabela 10- Composição do meio de cultura sintético........................................................ 33

Tabela 11- Fatores e níveis do planejamento fatorial tipo varredura................................. 39

Tabela 12- Matriz do planejamento experimental fatorial completo 23 com fatores e níveis codificados............................................................................................................... 39

Tabela 13- Fatores e níveis do planejamento composto central......................................... 40

Tabela 14- Matriz do planejamento experimental fatorial composto central 34-1

contendo fatores e níveis codificados................................................................................ 41Tabela 15- Avaliação estatística entre os fermentos biológicos disponíveis no mercado............................................................................................................................... 42Tabela 16- Raios médios para partículas confeccionadas nas 5 faixas analisadas com o software de processamento de imagens.............................................................................. 44Tabela 17- Planejamento 23 e a resposta obtida nos ensaios............................................ 45

Tabela 18 -Planejamento 24 e a resposta obtida nos ensaios............................................ 50

Tabela 19- Planejamento 34-1 e a resposta obtida nos ensaios.......................................... 54

Tabela 20- Propriedades físicas e aparentes do alginato de cálcio..................................... 61

Tabela 21- Características aparentes das partículas investigadas....................................... 64

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vii

LISTA DE ABREVIATURAS

RSM Response Surface Methodology-

AIE Agência Internacional de Energia

RMI Instituto Rocky Mountain

EUA Estados Unidos da América

RON Research Octane Number

MON Motor Octane Number

Co Company

SINAFERM Simpósio Nacional de Bioprocessos

SHEB Simpósio Nacional de Hidrólise Enzimática de Biomassas

NADH Nicotinamida Adenina Dinucleotídio

TQM Total Quality Managemente

JIT Just in Time,

PCC Planejamento composto central

ISO International Organization for Standardization

HPLC Comatografia Líquida de Alta Resolução

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viii

LISTA DE SÍMBOLOS

S Concentração de substrato S0 Concentração de substrato inicial P Concentração de produto X Concentração celular CO2 Dióxido de carbono Mg+2 Íon magnésio H2O Água(NH4)2SO4 Sulfato de amônio KH2PO4 Dihidrogenofosfato de potássio Na2HPO4 Monohidrogenofosfato de sódio MgSO4.7H2O Sulfato de Magnésio heptahidratado Al(NO3)3 Nitrato de alumínio

PiK Coeficiente de partição da espécie química i

iGC Concentração da espécie química i no interior da matriz

iFC Concentração da espécie química i no interior do fluido adjacente(r0) Taxa de reação por unidade de volume da partícula Cs Gradiente de concentração de substrato na superfície da partícula CSb Concentração de substrato na fase bulk Cx Concentração celular CS Concentração de substrato na superfície da partícula De Coeficiente de difusão efetivo K2 Parâmetro da equação de Monod Km Parâmetro da equação de Monod

X Valor médio Desvio padrão

T Valor desejado (L) Limite inferior (U) Limite superior S’, t’ Parâmetros que definem a variação da taxa de desejabilidade nm Nanômetrorpm Rotações por minuto

Coeficiente de rotabilidade

SR Taxa de transformação do substrato por unidade de volume na partícula

r Posição radial no pellet

R Raio do pellet (Superfície da partícula)kL Constantes de inibição (Monod)D Coeficiente de difusividade

2 Módulo de Thiele

2 Parâmetro de inibição

pD Difusividade do etanol na partícula

efR Taxa efetiva de crescimento celular no exterior da partícula Concentração inicial de células livres

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ix

Cgf Concentração de glicose no fluido Ccd Concentração de células CL Concentração celular no leito Kp, Km , n Constantes de processo mef Concentração de etanol no interior da partícula V Volume do reator

max Velocidade específica máxima

efm.

Quantidade de etanol gerada no interior da partícula

gfm.

Quantidade de glicose consumida no interior da partícula

Lk Coeficientes de transferência de massa nas vizinhanças externas à partícula ' Proporcionalidade

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x

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo central o oferecimento de uma contribuição para o

desenvolvimento de tecnologias alternativas na produção de etanol pela via biotecnológica.

Nessa direção, apresenta-se um estudo sobre as condições para a imobilização da levedura

Saccharomyces cerevisiae em alginato de cálcio e abordam-se aspectos de estabilidade de

pellets em um bioreator agitado a fim de investigar fatores importantes na operação de

biorreatores com células imobilizadas.

A metodologia da superfície de resposta (RSM), usando um projeto estatístico de

varredura e um planejamento composto central, aliada a função desirability, foram usados

para avaliar a eficiência das partículas na fermentação alcoólica e otimizar as condições de

imobilização. Utilizou-se um bioreator do tipo batelada com agitação mecânica e capacidade

volumétrica de 2 litros com controle de temperatura para o acompanhamento da concentração

celular livre e imobilizada, concentração de etanol e de glicose em intervalos de 2 horas

durante todo o ensaio.

Os resultados para a faixa experimental explorada indicam que o procedimento

sugerido leva a partículas suficientemente robustas no que diz respeito à imobilização. O

tratamento das partículas com Al(NO3)3 resultou em pellets com satisfatória estabilidade

mecânica e ótima atividade metabólica para a produção de etanol, atingindo valores de

conversão de até 94% do rendimento Pasteur.

Palavras-chave: Saccharomyces cerevisiae, Fermentação, Etanol, Imobilização.

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xi

ABSTRACT

This work aims to offer a contribution for the development of an economic technology

for ethanol production by the biotechnological approach. In this direction, it investigates the

conditions for Saccharomyces cerevisiae cells immobilization in calcium alginate and

addresses the operational stability aspects of a stirred batch bioreactor in order to deal with

important factors in the immobilized cell bioreactor operation.

A Response Surface Methodology (RSM), using a statistical screening design and a

central composite design, allied with a desirability function analysis, were used to evaluate the

fermentation efficiency of the pellets and to optimize the cells immobilization conditions. A 2

liters stirred batch bioreactor with temperature control was used to monitor the free and

immobilized cell concentrations, ethanol and glucose concentrations were sampled at each 2

hours during the duration of the fermentation process.

The results in the explored experimental range indicate that the proposed methodology

leads up to a sufficiently robust immobilization procedure. The pellets treated with Al(NO3)3

presented a great deal of stability and metabolic activity for ethanol production, reaching

conversion of up to 94% of the Pasteur yield.

Keywords: Saccharomyces cerevisiae, Fermentation, Ethanol, Immobilization.

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CAPÍTULO 01 – INTRODUÇÃO

1.1-O etanol e seu potencial de utilização

Nas últimas décadas o etanol tem ocupado um lugar de destaque e de grande

importância tecnológica, firmando-se como um produto estratégico economicamente. Tem

alto valor estratégico devido à proposta promissora como combustível alternativo ao petróleo,

que segundo estudiosos tem um tempo de vida estimado em 50 anos. Outro aspecto a ser

destacado é sua utilização como intermediário na síntese de biodiesel, durante a etapa de

transesterificação. Biodiesel é um combustível biodegradável derivado de fontes renováveis

como óleos vegetais (mamona, dendê, girassol e babaçu) e gorduras animais, que pela ação de

um catalisador, reagem com o etanol. Tecnicamente o biodiesel substitui total ou parcialmente

o diesel de petróleo em motores ciclodiesel de caminhões, tratores e automóveis e também é

indicado para a geração de energia. Pode ser utilizado puro ou misturado ao diesel tradicional

em diversas proporções. A mistura de 2% de biodiesel ao diesel de petróleo é chamada de B2

e assim sucessivamente, até o biodiesel puro, denominado B100.

Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), o mercado de biocombustíveis

dominará 30% do mercado mundial em 2020. Este setor tem crescido 20% ao ano, apontando

o Brasil como um dos potenciais produtores de energia alternativa ao petróleo para as

próximas décadas.

O mercado de biocombustíveis representa apenas 2% do mercado global e o comércio

internacional soma R$5 bilhões/ano. Neste contexto, o Brasil exportou 2 bilhões de litros de

etanol e o consumo interno foi de 15 bilhões de litros, mostrando assim que existe ainda um

grande mercado a ser explorado e desenvolvido.

O programa brasileiro Proálcool, segundo o Ministério da Ciência e Tecnologia, o

programa foi uma resposta à crise do petróleo na década de 80 e uma alternativa para o

controle flutuante dos preços do açúcar no mercado internacional e colocou o Brasil como o

maior produtor de mundial de etanol por via biotecnológica em 1980 e conforme relata

GOLDEMBERG et al.,(1994), as propriedades do etanol como combustível levaram as

empresas automobilísticas, ao desenvolvimento de motores a álcool e também motores de

mistura álcool/gasolina para os sistemas carburados e atualmente para todos os motores com

sistema de injeção eletrônica.

Na década de 80, 90% dos motores dos carros eram a álcool e o custo de produção do

barril de etanol atingiu valores de cerca de 100 dólares. Investimentos significativos estão

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2

sendo realizados na modernização de tecnologias de produção mais eficientes, atraindo a

atenção de investidores estrangeiros que importam o etanol brasileiro para diversas aplicações

industriais, entre elas a sua utilização na indústria de bebidas e como aditivo à gasolina.

Segundo GOLDEMBERG (1994), o etanol é um excelente combustível automotivo,

apresenta índice de octanagem superior ao da gasolina e tem uma pressão de vapor inferior,

resultando em menores emissões evaporativas. Isso o torna atrativo ambientalmente, tendo em

vista o protocolo de Kyoto e o compromisso firmado pelos países mais industrializados com a

United Nations Framework Climate Change Convention, onde os mesmos se comprometem

a reduzir suas emissões de CO2 na atmosfera.

De acordo com o Instituto Rocky Mountain (RMI , 2005), o etanol é uma das únicas

fontes alternativas de energia que podem competir de maneira equiparada ao petroleo, ainda

que o mesmo fosse vendido a menos da metade do preço atual e segundo o mesmo instituto, a

economia gerada nos EUA, na identificação de um substituto para o petroleo seria da ordem

de U$70 bilhoes / ano, alem de reduzir as emissões de carbono do pais em 26%.

Na Tabela 1 tem-se a comparação entre as propriedades termodinâmicas do etanol e da

gasolina.

Tabela 1- Propriedades termodinâmicas da gasolina e do etanol (GOLDEMBERG,1994)

Propriedades Físicas Gasolina Etanol

Calor específico 34900 kJ/kg 26700 kJ/kg

Número de octano (RON/MON)* 91/80 109/98

Calor latente de vaporização 376 a 502 903

Temperatura de ignição 220 oC 420 oC

Razão estequiométrica - Ar / Combustível 14,5 9 * RON –Research Octane Number MON-Motor Octane Number

Outra possibilidade para o uso de etanol é a sua utilização como intermediário na

produção de hidrogênio para células combustíveis para automóveis e como fonte de energia

elétrica para processos (SILVA , 2003). O uso do etanol como intermediário pode viabilizar a

aplicação do hidrogênio como combustível (SCHMIDT, 2004) e ainda apresentar vantagens

ambientais, pois o hidrogênio não emite nenhum tipo de poluição ou gases que contribuam

para o efeito estufa.

Processos para a produção de etanol a partir de cana-de-açúcar são bem documentados

e discutidos na literatura. Nos Estados Unidos e Europa, o etanol é obtido a partir de milho e

outros amiláceos que podem servir como fonte de matéria-prima barata e renovável (LIMA ,

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2002), mas do ponto de vista econômico, o produto americano custa até três vezes mais que o

etanol brasileiro, embora seja beneficiado por subsídios do governo americano para se tornar

competitivo.

Atualmente existem tecnologias disponíveis para a conversão de materiais

lignocelulósicos em etanol, mas DORRY (2001) afirma que embora cientificamente possível,

esta técnica ainda é inviável economicamente, devido a dificuldade de ruptura do complexo

lignina-hemicelulose-celulose (CARVALHO, 2000).

Estudos para se obter um fungo (gênero Trichoderma) para a obtenção de etanol a

partir da glicose resultante da degradação da celulose estão em desenvolvimento (DORRY et

al., 2001).

Com o desenvolvimento da biotecnologia e da genética, varias técnicas de

manipulação gênica tem tentado desenvolver microrganismos que sejam capazes de fermentar

uma ampla gama de açúcares. A Escherichia coli é capaz de fermentar uma grande gama de

açúcares, mas gera produtos de pouco valor agregado, o que a princípio desestimula o seu

uso, devido ao aspecto econômico (LIMA, 2002).

INGRAN et al. (1991), citado por LIMA (2002), afirmam que foram obtidos

recombinantes de Escherichia coli que possuem o gene pdc e adh de Zymomonas mobilis,

(que é um microrganismo referenciado na literatura para produção de etanol) permitindo que

o metabolismo do piruvato durante a fermentação seja desviado da síntese de uma mistura de

ácidos orgânicos para a produção de etanol com eficiência de conversão superior a 95% do

rendimento teórico máximo.

Na Figura 1, apresenta-se a representação da síntese bioquímica da Escherichia coli

para conversão de glicose a etanol, mostrando como a Escherichia Coli pode sintetizar as

unidades estruturais bioquímicas para a formação das proteínas, polissacarídeos, lipídeos e

ácidos nucléicos, bem como todas as estruturas celulares, quando cultivadas em meio

contendo glicose, sulfato de amônio e outros sais inorgânicos, conforme citado por

PELCZAR et al. (2004).

As leveduras foram os primeiros organismos encontrados capazes de crescer na

ausência de oxigênio e segundo TAKAHASHI et al. (2002), a levedura Saccharomyces

cerevisiae é o microrganismo mais freqüentemente utilizado na produção de etanol, embora

não seja capaz de fermentar pentoses.

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Figura 1 - Representação da síntese bioquímica do microrganismo Escherichia coli para a conversão de glicose a etanol (PELCZAR et al., 2004).

1.2 - Bioprocessos conduzidos com células imobilizadas

Tão importante quanto à escolha do microrganismo adequado para a fermentação é a

escolha do processo para a condução do bioprocesso. A literatura tem registrado inúmeros

modelos de bioreatores para a produção biotecnológica de etanol e atualmente o uso de

células livres é o método mais empregado.

Segundo FREEMAN e LILY (1998), citados por CARVALHO (2000), a imobilização

de células viáveis apresenta grande potencial para aplicações em conversões ou sínteses que

envolvam sistemas multienzimáticos complexos, nos quais a presença de passos que requerem

provisão de energia ou uso de cofatores seja comum, uma vez que a regeneração desses

compostos ocorre de forma natural.

Um inconveniente dos processos tradicionais é a necessidade de se inocular um

número elevado de células, assim a imobilização pode-se mostrar uma alternativa eficiente

para esse problema. CASSIOLA (2001), afirma que Saccharomyces cerevisiae imobilizada

em crisotila (resíduo da indústria de cerâmica) mostrou ser um excelente biocatalisador no

processo de produção de etanol, aumentando o rendimento do processo em cerca de 26 % em

relação ao sistema com células livres. BRODELIUS e VANDAMME (1987), citados por

CARVALHO (2000), destacam que a condução de bioprocessos com o emprego de células

imobilizadas tem vantagens em relação aos processos fermentativos tradicionais, como a

utilização de altas densidades celulares por unidade de volume do reator, e como destacam

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CASSIOLA (2001) e VASCONCELOS (1998) resulta em maior produtividade e rendimento

fermentativo.

A bibliografia especializada tem citado o uso de reatores para a produção de etanol e

os mais diversos rendimentos foram obtidos usando-se diferentes suportes como, por

exemplo, a crisotila, géis (como o alginato de cálcio) e o próprio bagaço de cana.

VASCONCELOS (1998) propôs o uso de reatores batelada simples e reator contínuo

para a fermentação alcoólica com leveduras imobilizadas em colmos de cana-de-açúcar e

obteve eficiência fermentativa de 86,40% no processo contínuo e FREGONESI (1998)

destaca que a utilização de sistemas contínuos, empregando-se reatores tubulares, pode

reduzir seu custo de produção, com um rendimento superior em relação ao sistema de células

livres.

RIGO (2001) conduziu fermentações alcoólicas em sistema batelada com células

imobilizadas em crisotila e teve aumento de até 27% na velocidade inicial de conversão de

açúcares a etanol e nas fermentações contínuas, com a presença de crisotila em seu leito,

ocorreu aumento da produção de etanol nas diversas taxas de diluição investigadas.

WENDHAUSEN JUNIOR (1998), utilizando sistemas em regime batelada e contínuo,

conduzidos com células imobilizadas em crisotila, afirmou que obteve de (25 a 30)% de

produção de etanol em relação ao sistema de células livres e o sistema operacional mostrou

estabilidade em relação à produtividade e estrutura do recheio.

No Japão, pelo menos um processo que utiliza levedura imobilizada em gel alginato de

cálcio em reatores de leito fluidizado, foi desenvolvido em escala piloto pela Kyowa Hakko

Kogyo Co. (BORZANI et al., 2001) e (FERREIRA, 1986). Seu fluxograma simplificado é

apresentado na Figura 2. Os autores afirmam que a planta produzindo 12 m3/dia operou por 6

meses sem perda da estabilidade. A produtividade do sistema foi de 20g de etanol/L.h com

uma concentração de etanol no caldo fermentado de 68 g/L e rendimento da fermentação de

aproximadamente 95% do valor teórico. Os resultados indicam que os valores de

produtividade em etanol e de rendimento da fermentação são superiores aos processos de

produção de etanol operando em batelada (Melle-Boinot).

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Figura 2 – Fluxograma simplificado para a produção de etanol com levedura imobilizada(BORZANI et al., 2001).

WENDHAUSEN JUNIOR (1998) afirmou que os biocatalisadores apresentam como

vantagens à não geração de resíduos de alta toxidade, sendo portanto, ecologicamente corretos

e principalmente, atuam sob condições “suaves”, operando com pH entre 4 e 8, com

temperaturas entre 200C e 400C e na condição de pressão ambiente.

Embora a imobilização de células viáveis seja uma metodologia recomendada em

processos biotecnológicos para o aumento nas taxas de produtividade de produtos de

interesse, o método de imobilização deve ser suficientemente ameno para preservar a

atividade e viabilidade celular (BATISTA et al., 1999).

ALVA (1997) destacou o estresse do microambiente sobre a atividade enzimática da

levedura e afirma que as barreiras difusionais impostas pela matriz sólida e a condição de

empacotamento das células são os principais responsáveis pelas mudanças metabólicas.

A literatura especializada tem citado que o aprisionamento de microrganismos por um

gel é a técnica de imobilização mais utilizada. Dentre os principais estão o alginato de cálcio e

k-carragenana. Outra técnica consiste uma adsorção celular no próprio bagaço de cana-de-

açúcar.

A proposta deste trabalho teve como objetivo apresentar uma contribuição para o

desenvolvimento de metodologias para processos fermentativos, bem como a escolha de um

suporte que alie compatibilidade biológica, resistência mecânica e difusão. A vantagem

principal de investigar a fermentação com a utilização de células imobilizadas deve-se ao fato

de que naqueles sistemas, as células estão fisicamente aprisionadas dentro de uma matriz e

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assim possuem melhor retenção e uma grande área superfícial para uma operação eficiente. A

imobilização de células permite o reuso de biomassa, melhora a estabilidade e diminui a

contaminação do produto. Entretanto, os bioreatores operando com células imobilizadas em

que as partículas não são fixas apresentam um grau mais elevado de dificuldade no projeto e

operação, principalmente devido à necessidade de agitação mecânica, a prevenção de

sedimentação ou quebra da partícula, e do necessário cuidado na operação para que os danos

nas partículas sejam minimizados.

Existe assim a necessidade de estudos que justifiquem a escolha adequada de suportes

para imobilização e o desenvolvimento de modelos teóricos que possibilitem a simulação

computacional e otimização de processos biotecnológicos.

1.3 – OBJETIVOS

Os objetivos principais desse trabalho podem ser divididos em :

GERAL:

Estudar a imobilização de células de Saccharomyces cerevisiae em gel alginato de cálcio no

processo de fermentação alcoólica.

ESPECÍFICOS:

Verificar as condições de imobilização de células Saccharomyces cerevisiae em suporte de

gel de alginato de cálcio usando técnicas estatísticas;

Propor um modelo matemático que considere os pellets em um bioreator de mistura;

Analisar o comportamento do reator bioquímico operando em batelada e com células

imobilizadas para obtenção de etanol;

Avaliar a produção de etanol com a melhor condição de imobilização definida através de

planejamentos fatoriais.

1.4 – ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

Essa dissertação foi dividida em 06 capítulos, além das referências bibliograficas,

com a estrutura apresentada a seguir. No Capítulo 01 apresenta-se uma abordagem sobre a

importância dos estudos de imobilização celular para a produção de etanol e as principais

realizações de diversos pesquisadores na área.

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O Capítulo 02 apresenta uma revisão da literatura sobre os diversos microrganismos

estudados para a produção de etanol, os processos pertinentes e ilustra os aspectos principais

do processo com um fluxograma de uma unidade produtora de etanol e açúcar.

O Capítulo 03 aborda as principais técnicas e metodologias desenvolvidas na

realização da dissertação, apresenta a utilização do software Global Lab® no tratamento de

imagens de pellets para a discriminação de tamanhos necessária ao planejamento

experimental proposto.

O Capítulo 04 apresenta os resultados e as discussões deste trabalho. As conclusões

são apresentadas no Capítulo 05 e sugestões para trabalhos futuros, como por exemplo, o

desenvolvimento de reatores para operação contínua, são propostas no Capítulo 06. O

Apêndice B apresenta as Tabelas (B1 até B25) com os resultados experimentais obtidos nos

experimentos realizados e o Apêndice A as curvas de calibração utilizadas durante os ensaios

fermentativos.

Alguns resultados desse trabalho foram publicados em congressos científicos. Citam-

se: (a) SINAFERM-2005 (XV Simpósio Nacional de Bioprocessos, Recife, Pernambuco),

título do trabalho Study of an immobilized cell bioreactor for alcohol production e (b) SHEB-

2005 (Simpósio Nacional de Hidrólise Enzimática de Biomassas, Maringá, Paraná), título do

trabalho: Avaliação das Condições de Confecção de Pellets de Alginato para a Imobilização

de Leveduras em Processos Biotecnológicos.

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CAPÍTULO 02 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1- Introdução

Esse capítulo apresenta uma revisão dos aspectos centrais da utilização da levedura

Saccharomyces cerevisiae na produção de etanol. A produção de etanol pela via química não

é discutida nessa dissertação. É de interesse nessa revisão, a apresentação do estado da arte da

produção de etanol pela via biotecnológica. Para fins de clareza, define-se processo

biotecnológico como aquele que objetiva a utilização de sistemas celulares para obtenção de

produtos ou desenvolvimento de processos industriais (BORZANI et al., 2001).

Os processos biotecnológicos possuem origem bastante antiga, entretanto, nas últimas

décadas têm despontado como área estratégica por muitos países, incluindo o Brasil. Essa

grande importância estratégica tem despertado e catalisado o crescimento de várias

possibilidades de aplicação.

2.1.1 - Microrganismo: Saccharomyces cerevisiae

De maneira geral, leveduras são fungos unicelulares pertencentes a um grande grupo

heterogêneo de organismos eucarióticos. A levedura Saccharomyces cerevisiae é tipicamente

gemulante e suas cepas são utilizadas no processo de fermentação para produção de bebidas

alcoólicas e combustíveis como o etanol, são em geral de forma elipsoidal, com dimensões

características de 6 a 8 de comprimento por 5m m de largura (PELCZAR et al., 2004).

Na Figura 03 tem-se a representação esquemática das estruturas típicas da levedura

Saccharomyces cerevisiae e suas principais organelas. Reproduzem-se assexuadamente por

brotamento e durante o processo, o núcleo divide-se por “estrangulamento” onde uma parte

dele entra no broto juntamente com outras organelas. A conexão citoplasmática é lacrada pela

confecção de novo material de parede celular.

As Figuras 4 e 5, mostram como é o desenvolvimento e reprodução da célula livre da

levedura Saccharomyces cerevisiae e assim pode-se fazer uma suposição do que acontece no

interior do microambiente.

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Figura 03 – Representação esquemática das estruturas típicas da leveduraSaccharomyces cerevisiae.

Figura 04 – Microfotografia com as diversas fases de crescimento da levedura Saccharomyces cerevisiae (PELCZAR et al., 2004).

Das Figuras 04 e 05 observa-se que tanto o estado vegetativo haplóide como os

20 m

Saccharomyces cerevisiaecom células vegetativas (1)

Ascósporos comarranjo tetraédrico

Saccharomyces cerevisiae comcélulas em brotamento (2)

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diplóides podem estar presentes. A cariogamia precede um estágio de multiplicação

vegetativa diplóide e a meiose precede um estágio de multiplicação vegetativa haplóide com

formação de ascósporos.

Figura 05 – Representação das diversas fases de crescimento da levedura Saccharomyces cerevisiae (PELCZAR et al., 2004).

Em termos de atividade biológica de microrganismos, VALLERO (1999), utilizando

células livres e imobilizadas em reator anaeróbio, constatou que as células aderidas aos

Ascósporos com arranjo tetraédrico (3)

Saccharomyces cerevisiae comcélulas em brotamento (2) Saccharomyces cerevisiae

com células vegetativas (1)

Plasmogamia

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diversos suportes utilizados tiveram menor atividade biológica que as células livres, embora

essa diferença não fosse significativa. Nesse mesmo trabalho, o autor afirma que tanto a

porosidade como a espessura do biofilme influenciaram na velocidade global de consumo de

substrato.

ALCAZAR (2000), estudando a atividade da levedura Saccharomyces cerevisiae sob

diferentes condições de estresse e o efeito do aprisionamento em gel alginato de cálcio, relata

que, além de exibirem maiores teores de glicogênio, as células imobilizadas apresentam uma

menor sensibilidade tanto ao estresse salino quanto ao estresse alcoólico durante a

fermentação, pois a matriz de alginato no sistema de fermentação contribui na tolerância ao

etanol.

MARQUES (2001), utilizando uma cultura mista de microrganismo Saccharomyces

cerevisiae e Zymomonas mobilis imobilizadas em siltito, destaca que a levedura

Saccharomyces cerevisiae apresentou melhor aderência e fixação ao suporte, resultando em

melhores desempenhos na fermentação contínua e em batelada.

De acordo com MARCONDES (2002), quando os nutrientes são deficientes, as

leveduras entram em meiose para formarem esporos haplóides, os quais germinam quando as

condições tornam-se mais favoráveis. Ainda de acordo com esse autor, para um processo

fermentativo recomenda-se que as leveduras sejam selecionadas conforme os seguintes

critérios:

Fermentação altamente produtiva;

Alto rendimento em etanol;

Tolerância ao etanol;

Ótima tolerância a baixo pH;

Alta tolerância na faixa de temperatura do processo;

Alta tolerância a contaminação.

A utilização dos critérios propostos por MARCONDES (2002) permite destacar as

leveduras Saccharomyces cerevisiae e Saccharomyces fragilis como as mais adequadas para

utilização, sendo que a levedura Saccharomyces cerevisiae ocupa lugar de maior atratividade.

2.1.2- Cinética de fermentação

A reação de produção do etanol é bem documentada na literatura e é expressa como:

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célulasGlicose S + Nutrientes Etanol P + Células X +Produtos

e apresenta um taxa de conversão teórica de glicose em etanol, segundo MAIORELLA

(1994), expressa por:

1,0g de Glicose 0,511g de Etanol

A princípio, a estequiometria da reação mostra que toda a glicose é consumida e é

convertida em etanol, com rendimento teórico de 0,511g de etanol para cada 1g de glicose.

No entanto, conforme relatam LIMA (2002) e MARCONDES (2002), ocorrem, durante a

síntese, reações secundárias, resultando na redução do rendimento teórico, conhecido com

rendimento Pasteur, que demonstra que no processo, o rendimento máximo real é de 95%. Em

laboratório, o rendimento obtido é de 64,33L de etanol / 100 kg de sacarose e não é atingido

nas destilarias industriais. Obviamente o controle de temperatura e demais condições de

processo são mais facilmente controladas em laboratório do que em escala industrial. Em

destilarias que operam bem tecnicamente e em adequadas condições de funcionamento tem-se

obtido cerca de 61 L de etanol/100 kg de sacarose em um processo bem conduzido.

Na Tabela 02, pode-se verificar quais são os subprodutos gerados durante a fermentação.

Tabela 02 - Rendimento ótimo de fermentação de leveduras em condições anaeróbicas, (LIMA, 2002) e (MARCONDES, 2002)

Produtos Massa (g) de Produto /100 g de Glicose

Etanol 48,4Dióxido de carbono 46,6Glicerol 3,3Ácido succínico 0,6Massa de células 1,2

A bioconversão da glicose em etanol é representada pela Figura 06, conforme citado

por PELCZAR et al. (2004). A glicose é convertida em piruvato pela glicólise, e o piruvato é

convertido em etanol e CO2 em um processo com duas etapas. Na primeira etapa o piruvato

sofre a descarboxilação em uma reação irreversível catalisada pelo piruvato descarboxilase.

Essa reação é uma descarboxilação simples e não envolve a oxidação do piruvato. A enzima

piruvato descarboxilase requer Mg+2 e tem uma coenzima firmemente ligada, a tiamina

pirofosfato, que segundo RAHN (1952), citado por MARCONDES et al. (2002), age

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aumentando a tolerância da levedura ao etanol. Na segunda etapa, por ação da enzima álcool

desidrogenase, o acetaldeído é reduzido a etanol, com o NADH derivado da atividade da

enzima gliceraldeído-3-fosfato desidrogenase fornecendo o poder redutor. Assim, em vez de

lactato, os produtos finais da fermentação alcoólica são o etanol e o CO2, (LEHNINGER et

al., 2002).

Destaca-se ainda que a levedura Saccharomyces cerevisiae é um aeróbio facultativo,

ou seja, em aerobiose, parte da glicose é transformada em biomassa, CO2 e H2O e em

anaerobiose, a maior parte é convertida em etanol e CO2, processo esse chamado de

fermentação.

Figura 06 – Etapas de redução da glicose a etanol (PELCZAR et al., 2004).

2.2- Meios de cultura

A preparação de meio de cultura semi-sintético visa identificar e selecionar os mais

importantes nutrientes de forma a se estabelecer um processo fermentativo adequado.

FERREIRA (1998), simulando a fermentação alcoólica usando glicose com fonte de carbono,

recomenda a seguinte composição, citada na Tabela 03.

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Tabela 03 – Composição do meio de cultura semi-sintético (FERREIRA,1998)

Nutrição mineral Concentração em (g/L)

(NH4)2SO4 1,2KH2PO4 2,4Na2HPO4 1,2Glicose variável*MgSO4.H2O 0,3Extrato de levedura 3,0*conforme planejamento experimental.

2.2.1-Aspectos de assepsia e desinfecção

Contaminação biológica e efeitos de infecções podem ser observados em praticamente

todos os processos biotecnológicos. Em geral, os processos contínuos apresentam uma

dificuldade extra, pois é difícil localizar a fonte de contaminação e quando isso acontece todo

o sistema fica comprometido.

GAVA (2004) afirma que o pH relativamente baixo (2 - 4,5) do meio de fermentação

inibe a ação de microrganismos contaminantes e ERGUN(2000) afirma que o pH ideal para a

fermentação alcoólica é de 4,5.

A Figura 07 apresenta uma fermentação tipicamente contaminada com lactobacilos,

onde se pode observar a formação de espuma nos frascos indicados com setas. Ressalta-se

ainda que essa espuma exerce uma influência significativa na homogeneização do meio de

cultura e ainda exige a presença de antiespumantes.

ANGELIS et al. (2001) destacam que a presença de bactérias floculantes, como o

Lactobacillus fermentun, pode causar o assentamento de células de levedura no fundo das

dornas e perdas de células nas centrífugas, já que essas bactérias são contaminantes triviais

das fermentações alcoólicas industriais e conseqüentemente levam a uma diminuição do

rendimento e produtividade do etanol. Outro aspecto importante desse trabalho, é que, na

faixa de pH entre 2 e 5, a floculação é próxima de zero, quando a concentração de

Lactobacillus fermentun foi de 1,38g/L para cada 65,4 g/L de Saccharomyces cerevisiae.

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Figura 07 - Fermentação contaminada com cultura de lactobacilos e formação de espuma (FERMENTEC, 2005).

2.3- Rendimentos de processos fermentativos

Sabe-se que parte do açúcar presente no meio fermentativo é consumido pela levedura

para sua manutenção, reprodução e às vezes quando o ambiente fermentativo torna-se

agressivo, a mesma consome o substrato de maneira acentuada, não para geração de produtos,

mas sim para sua proteção e manutenção.

A literatura tem avaliado que 5% do açúcar do meio fermentativo é metabolizado para

gerar subprodutos, diminuindo, conseqüentemente, o rendimento da fermentação. Na Tabela

04 apresenta-se os diversos rendimentos encontrados na literatura, bem como os produtos

obtidos durante a fermentação alcoólica.

Tabela 04 - Produtos da fermentação alcoólica, em g/100g de glicose metabolizada, para diferentes rendimentos fermentativos em células livres (BORZANI et al., 2001)

Produto de fermentação

Pasteur95%

JACKMAN (1987) (90-95)%

BASSO et al., (1996) (85-92)%

Etanol 48,5 45 - 49 43 – 47 CO2 46,4 43 – 47 41 – 45 Glicerol 3,3 2 – 5 3 – 6 Ácido succínico 0,6 0,5 – 1,5 0,3 – 1,2 Ácido acético ––– 0 – 1,4 0,1 – 0,7 Óleo fúsel ––– 0,2 – 0,6 –––Butilenoglicol ––– 0,2 – 0,6 –––Biomassa(massa seca) ––– 0,7 – 1,7 1 - 2

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Segundo STUPIELLO (1984), até 1975, o processo fermentativo tinha

aproximadamente 63% de taxa de conversão para 100 g de açúcar total. Com a incorporação

de leveduras selecionadas, melhor qualidade do mosto, controle da nutrição e de temperatura

do processo, as fermentações em batelada ganharam produtividades fermentativas, chegando

a ciclos completos de 5 a 8 horas e com rendimentos fermentativos de até 92%.

2.4 - Fluxograma simplificado do processo de produção de etanol

A Figura 08 apresenta um fluxograma simplificado para a produção de etanol,

representando apenas as etapas envolvidas no processo fermentativo. É importante ressaltar

que existem vários tipos de usinas e destilarias, destacando as seguintes categorias:

Usinas autônomas: processam a cana-de-açúcar para a produção de vários

tipos de açúcar;

Destilarias autônomas: processam a cana-de-açúcar para a produção de álcool

(hidratado ou anidro);

Destilarias anexas: são unidades próximas as usinas de açúcar que são

capazes de produzir açúcar e álcool hidratado ou anidro.

Figura 08 – Fluxograma simplificado para a produção de etanol (UDOP, 2005).

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18

2.5- Descrição ilustrativa do processo industrial de produção de etanol

Os procedimentos básicos de um processo industrial específico para produção de

etanol podem ser descritos pelas seguintes etapas: limpeza da carga de cana-de-açúcar; corte e

desfibrilamento (preparação para a extração do caldo); separação do caldo e bagaço. Esse

caldo que é chamado de caldo misto, é enviado aos aquecedores e depois para um decantador,

onde são separadas as impurezas, obtendo-se o caldo clarificado.

Após resfriamento do caldo clarificado em um trocador de calor, envia-se o mesmo

para o processo fermentativo, onde é adicionada a cultura de leveduras.

A suspensão (caldo + levedura) é incubada em dornas de fermentação por até 8 horas,

obtendo-se um produto intermediário chamado vinho. Após essa etapa, o vinho é

centrifugado, separando-se as leveduras, que são denominadas de leite de levedura, que será

usado em novas fermentações.

O produto centrifugado é chamado de vinho delevedurado (contém até 8% de álcool) e

o etanol (produto final) é separado deste por destilação. Para cada 1L de etanol processado

são gerados 13L de vinhaça e esta é enviada para tratamento para se minimizar impactos

ambientais. Após o término da destilação, obtem-se o álcool hidratado, que é armazenado em

tanques e posteriormente distribuído.

2.6- Imobilização celular

De modo geral, a imobilização celular consiste em “aprisionar” um microrganismo em

determinada matriz chamada suporte (bagaço de cana-de-açúcar, géis como o alginato e

pectina, siltito e crisotila, que é um resíduo da indústria produtora de cerâmica).

Em processos biotecnológicos, a imobilização celular tem-se mostrado uma técnica

promissora, pois permite a operação de fermentação em condições de alta densidade celular,

além de evitar o washout de células durante operações com altas vazões de alimentação e

possibilitar a reutilização das células em sistemas em batelada e contínuo. Em processos de

produção de etanol, por exemplo, existe a possibilidade de ganhos, evitando-se a etapa de

centrifugação e conseqüentemente a economia de energia.

Segundo CARVALHO (2000), a utilização da técnica tem sido recomendada uma vez

que possibilita a obtenção de elevadas concentrações celulares por unidade de volume do

reator, maximiza a fração de meio fermentativo descarregada ao final de cada batelada,

facilita a reutilização dos biocatalisadores, minimiza tempos “mortos” e custos de separação e

confere maior estabilidade às células.

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19

O aprisionamento em gel de alginato de cálcio é a técnica mais amplamente utilizada

para a imobilização de células viáveis. O alginato é um polissacarídeo presente em todas as

“algas marrons”, embora poucas espécies sejam comercialmente importantes (CARVALHO,

2000). A gelificação do alginato ocorre rapidamente na presença de íons cálcio sem alterações

drásticas de temperatura, pH e pressão osmótica, o que permite preservar a atividade e a

viabilidade dos microrganismos imobilizados. Além disso, o alginato é um material barato e

facilmente encontrado (BATISTA et al., 1999).

ORIVE et al. (2002) afirmam que a pureza do alginato também é um fator de

biocompatibilidade de microesferas e tem uma influência direta no processo fermentativo.

Outro fator importante que viabiliza a utilização da técnica de imobilização em alginato é a

possibilidade do preparo de grandes quantidades de pellets de maneira fácil e relativamente

rápida.

WENDHAUSEN JUNIOR (1998) apresenta como vantagens do uso de células

imobilizadas:

Processamento através de regime multienzimático;

Maior densidade celular por volume de reator;

Facilidade de separação do meio reacional;

Possibilidade de operar em sistema contínuo com maior controle sobre a

permanência das células dentro do reator;

Utilização de altas taxas de diluição sem possibilidade de eluição do

biocatalisador;

Redução da fase de adaptação do microrganismo (fase lag);

Maior conversão;

Menor inibição pelos produtos formados;

Menor tempo reacional;

Controle do crescimento da biomassa.

COX e NELSON (2002) destacam a importância de sistemas imobilizados e suas

vantagens, como por exemplo, a possibilidade de percolamento de um leito fixo com o meio

fermentativo e a coleta do produto de interesse no efluente.

WENDHAUSEN JUNIOR (1998) descreve os mais diversos métodos de imobilização

de biocatalisadores que tem sido relatados na literatura, e encontram-se destacados na Figura

09.

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20

ADSORÇÃO LIGAÇÃO IÔNICA LIGAÇÃO COVALENTE

LIGAÇÃO A SUPORTE SÓLIDO

LIGAÇÃO COVALENTE

RETICULAÇÃO

GEL MICROCÁPSULAS FIBRA

APRISIONAMENTO

FORMAS DE IMOBILIZAÇÃO

Figura 9 - Métodos de imobilização celular (WENDHAUSEN JUNIOR, 1998).

O mais popular método de aprisionamento é o que utiliza matrizes de gel, sendo que

os géis de cálcio são os mais utilizados devido a sua resistência ao ataque por microrganismos

ou enzimas. Um aspecto negativo do método de aprisionamento deve-se as limitações

difusionais do substrato e produto na matriz de gel, que necessitam de estudos mais

detalhados para aperfeiçoamento da metodologia de imobilização celular.

Segundo MATTIASSON (1982), citado por WENDHAUSEN JUNIOR (1998), o

método de reticulação ou ligação cruzada baseia-se na ligação covalente entre moléculas do

biocatalisador, criando aglomerados, através de um agente ligante, como por exemplo,

glutaraldeído. Os microrganismos têm uma tendência natural de aderência sobre superfícies

sólidas, e esse, é o principio da imobilização por adsorção.

FERREIRA (1986) afirma que os problemas mais evidentes relacionados à utilização

da técnica de imobilização de leveduras em gel são:

Vida útil do conjunto suporte / levedura;

Retirada do CO2 produzido na fermentação alcoólica;

Retirada de energia do sistema.

CARVALHO (2000), estudando a imobilização de Candida guilliermondii FTI 20037

em gel de alginato de sódio, verificou que as variações nos parâmetros de imobilização

exerceram influências sobre a estabilidade química do suporte e sobre a capacidade

fermentativa das células imobilizadas, mostrando que estudos no sentido de desenvolver

metodologias e planejamento para técnica de imobilização devem ser estimulados e

desenvolvidos.

Nas Figuras 10 e 11, pode-se observar os tipos de forças de atração e as diversas

formas de imobilização.

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21

Forças eletrostáticas Reagente Bifuncional Membrana com microporos

Matriz porosa Fase líquida Canal insolúvel

Figura 10- Características e tipos de suporte utilizados nas diversas técnicas de imobilização,(KOURKOUTAS et al., 2003).

Adsorção em uma superfície Ligação eletrostática em

uma superfície

Ligação covalente em uma superfície

Aprisionamento em matrizporosa

Floculação natural ou agregação

Floculação artificial ou Ligação cruzada

MicroencapsulaçãoMicroencapsulação

interfacial

Contenção entre membrana com microporos

Figura 11- Métodos básicos de imobilização (KOURKOUTAS et al., 2003).

2.7- Coeficiente de partição

A estrutura cinética em uma reação envolvendo células imobilizadas em suportes

inertes pode ser atribuída em parte a mudanças nas concentrações das espécies químicas e a

efeitos locais devido ao efeito de partição e efeito difusional, onde a partição está ligada ao

equilíbrio de fases entre a partícula de gel e o fluido que a envolve. E o efeito difusional está

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22

relacionado à resistência a transferência de massa das espécies químicas que difundem no gel,

segundo YAMANÉ et al. (1981), citados por FERREIRA (1986) e GUBULIN (1986).

O efeito de partição aparece devido a uma distribuição desigual da concentração de

solutos na superfície de contato entre a matriz e o fluido adjacente, em geral expresso por uma

constante de equilíbrio definida como coeficiente de partição, Kp, (FERREIRA,1986).

Em equilíbrio termodinâmico tem-se que:

iGPi

iF

CK

C(1)

onde:

PiK ..............Coeficiente de partição da espécie química i;

iGC .............Concentração da espécie química i no interior da matriz;

iFC .............Concentração da espécie química i no interior do fluido adjacente

(solução externa á partícula gelatinosa).

INCROPERA (2002) afirma que para mecanismos de difusão dos líquidos em sólidos

não existem teorias gerais disponíveis e apenas resultados limitados são encontrados na

literatura.

De acordo com a lei da conservação de massa, a taxa na qual a massa de uma

determinada espécie entra em um volume de controle menos a taxa na qual a massa da espécie

deixa o volume de controle deve ser igual a taxa na qual a massa da espécie é armazenada no

mesmo volume de controle.

Tomando um pellet como volume de controle, de acordo com a Figura 12, tem-se que

o balanço de massa correspondente à entrada de substrato A é dado pela Equação 2:

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23

Figura 12- Representação esquemática do pellet com a entrada do substrato e saída do

produto.

A, entra A, gerado A, sai A, armazenadoFluxo de Massa Fluxo de Massa -Fluxo de Massa Fluxo de MassadMA

dt

(2)

Para o caso de coordenadas esféricas tem-se que:

2 *2 2 2 2

1 1 1 sinr sin r sin

A A AAB AB AB A

Ax x xD r D D N

r r r t

C

(3)

HANDRIKOVÁ (1996), utilizando alginato de cálcio como suporte, propôs o modelo

descrito pela Equação 4 para coeficiente de difusão efetivo, baseado na cinética de Monod. O

modelo proposto baseia-se na dependência entre a taxa de reação por unidade de volume da

partícula (r0), em regime isotérmico e a partícula homogênea:

03 e s

r R

D dCr

R dr(4)

O gradiente de concentração de substrato Cs na superfície da partícula é obtido

resolvendo-se a equação reação-difusão abaixo:

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24

2

22

2 0S S Se X

m S

d C dC CD K C

dr r dr K C (5)

Com suas condições de contorno:

0 0S

S s

dCr

drr R C C b

(6)

CSb ---- Concentração de substrato na fase bulkCx ---- Concentração celularCS ---- Concentração de substrato na superfície da partícula De ---- Coeficiente de difusão efetivo K2 ---- Parâmetro da equação de Monod Km ---- Parâmetro da equação de Monod

Resolvendo-se as Equações (5-6) tem-se o modelo para o cálculo do coeficiente de

difusão efetivo em alginato de cálcio, Equação 7 (HANDRIKOVÁ, 1996):

0S Sb S P

P P

V dC V dCr

V dt V dtb (7)

HANDRIKOVÁ (1996) afirma que na concentração de 100mM de glicose, a 300C e

utilizando um reator batelada o De (coeficiente de difusão efetivo) é de 2,9.10-10 m2s-1.

2.8- Projeto de experimentos

A ferramenta estatística de planejamento de experimentos e superfícies de resposta,

RSM (Response Surface Methodology), não é nova, ela foi proposta por Box nos anos de

1950 e apresenta as mais diversas possibilidades de aplicações, como por exemplo, a redução

do teor de oxigênio dissolvido em cervejas e otimização de processos de fermentação.

Com o desenvolvimento da tecnologia e novas propostas para as ferramentas da

qualidade como TQM (Total Quality Managemente) e JIT (Just in Time), a técnica de

planejamento de experimentos ganhou destaque com a implementação da metodologia Six-

Sigma, que é mais uma filosofia de trabalho do que uma simples técnica matemática. Segundo

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25

essa metodologia, todos os processos operando no “estado” Six-Sigma geram apenas 3,4

defeitos por milhão de ensaios (NETO, 2001).

Em geral, o planejamento composto central (PCC) deve ser utilizado quando se deseja

verificar a existência de uma curvatura da função objetivo, ou seja, quando se deseja verificar

a existência de termos não lineares no modelo de regressão. Esse tipo de planejamento

consiste de uma parte referente ao planejamento fatorial 2k, com nF corridas, 2k corridas

axiais ou estrela e nC corridas centrais (CALLADO et al., 2001).

Quatro diferentes modelos podem ser testados seqüencialmente no planejamento

composto central:

Somente termos lineares dos efeitos principais;

Termos lineares e quadráticos dos efeitos principais;

Termos lineares dos efeitos principais e interações de segunda ordem;

Termos lineares e quadráticos dos efeitos principais e interações de segunda ordem.

A técnica de planejamento visa mostrar como os fatores (variáveis envolvidas no

processo) podem influenciar determinada resposta, como por exemplo, a produtividade. A

função que descreve essa influência é chamada de superfície de resposta (NETO et al., 2001).

Segundo MONTGOMERY e CALLADO (2001), quando as variáveis criticas não são

conhecidas é necessário aplicar um experimento varredura (o screen experiment), que visa

exatamente determinar quais são as variáveis mais importantes e que resultam em um melhor

desempenho do processo.

O planejamento, nesse aspecto, tem se apresentado como uma poderosa ferramenta de

análise, possibilitando o conhecimento do “melhor” caminho a ser investigado durante a

realização dos ensaios, para se evitar o estudo de “regiões” que não são relevantes na

investigação pretendida.

Como em procedimentos experimentais nem sempre é possível realizar a repetição de

ensaios, devido ao fator custo operacional e tempo, necessita-se do desenvolvimento de

ferramentas estatísticas de reconhecimento de anomalias nos resultados. O teste de Grubbs,

reconhecido pela International Organization for Standardization (ISO), é uma dessas

ferramentas. Ele admite a distribuição normal e compara a norma, medida em desvio padrão,

do valor duvidoso em relação à média do conjunto de valores. Assim, o valor duvidoso é

incluído no cálculo da média e do desvio padrão (NETO et al., 2001).

A expressão para o cálculo do teste é dada pela Equação 8, onde Xa é o valor anômalo

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26

do ensaio , X o valor médio dos ensaios e o desvio padrão. Se o valor do teste for maior

que o limite crítico tabelado, então o valor duvidoso é considerado anômalo.

(8)aX XG

Segundo NETO et al. (2001), uma das vantagens dos planejamentos compostos

centrais é que, por serem formados com três partes distintas, pode-se construí-los

seqüencialmente, conforme a necessidade. Se a análise estiver acontecendo em uma região da

superfície de resposta em que a curvatura não é importante, então não se precisa de um

modelo quadrático, e pode-se ter uma análise significativa com apenas a parte fatorial do

planejamento, com a qual pode-se ajustar um modelo linear e em seguida deslocar-se para a

região de interesse da superfície de resposta. Usando-se os ensaios dos pontos centrais pode-

se testar a significância da curvatura e se esta se mostrar significativa, pode-se completar o

planejamento com os pontos axiais.

2.8.1- Aplicação da função desirability em bioprocessos

A quantidade de fatores envolvidos no desempenho de bioprocessos e os respectivos

efeitos da interação entre os mesmos, tornam a análise e a otimização de processos um

procedimento complexo. Quando o número de fatores significativos em um processo é igual

ou superior a três não é mais possível a sobreposição das curvas de nível para todas as

respostas estudadas afim de se visualizar a região de ótimo e mesmo quando, apenas dois

fatores são significativos, a otimização simultânea de todos os fatores só é possível se a região

tida como ótima dos níveis dos dois fatores for a mesma para todas as respostas estudadas. É

evidente que a medida que o número de fatores aumenta, a análise torna-se ainda mais difícil

de ser realizada.

Segundo NETO (2001), um problema de otimização com várias respostas Y1 , Y2 ,..,

Yn , para o qual existe um modelo baseado no mesmo conjunto de fatores codificados X1 , X2

,..., Xn, consiste em identificar os níveis dos fatores que produzirão o conjunto de respostas

mais adequadas. Dessa forma, se o número de fatores significativos Xi gerar um modelo

ajustado, e ainda, se o número de respostas Yi não for superior a 2, pode-se sobrepor as

superfícies de resposta e localizar a região de ótimo por inspeção visual. A otimização de uma

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27

resposta poderá ser realizada por técnicas de programação matemática se as demais respostas

estiverem sujeitas a determinadas restrições impostas para cada processo específico.

Para que todos os fatores operem simultaneamente em seus níveis otimizados, pode-se

aplicar a metodologia de otimização simultânea proposta por DERRINGER et al. (1980). A

metodologia consiste em transformar cada resposta Yi em uma função, que se define função

de desejabilidade (desirability) di , com valores restritos ao intervalo [0,1], conforme:

di = 1 A resposta Yi está no seu valor desejável;

i0,80 d < 1 A resposta Yi está excelente;

i0,63 d < 0,80 A resposta Yi está adequada;

i0,40 d < 0,63 A resposta Yi está aceitável, mas pobre;

i0,30 d < 0,40 A resposta Yi está no limite de aceitabilidade;

i0 d < 0,30 A resposta Yi está fora da faixa adequada;

As funções de desejabilidade para todas as respostas são combinadas em uma função

chamada desejabilidade global (D), que é a média geométrica das m desejabilidades

individuais e é dada pela Equação (1) (STEUER, 1999).

1 2 . . . .mmD d d d (9)

A otimização simultânea das várias respostas se reduz a maximização da

desejabilidade global (D). Dessa maneira, a otimização está condicionada em se determinar

quais são os di que levam ao D global máximo. Dessa forma, todas as vezes em que um valor

de di estiver fora da faixa adequada, a desejabilidade global será anulada, independentemente

dos valores das demais respostas.

De acordo com MONTGOMERY e CALLADO (2001), as funções individuais de

desejabilidade são estruturadas como:

Maximização: para que um valor desejado ótimo T seja máximo para uma resposta Y,

tem-se uma função desejabilidade definida conforme a Equação (10), onde L é o

menor valor aceitável para a resposta.

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28

'

0 se

se

1 se

S

Y L

Y Ld

T L

Y T

L Y T (10)

Minimização: para que um valor desejado ótimo T seja mínimo para uma resposta Y,

tem-se uma função desejabilidade definida conforme a Equação (11), onde U é o

maior valor aceitável para a resposta Y.

'

1 se

se

0 se

t

T Y

U Yd T

U T

Y U

Y U (11)

Função bilateral: a função bilateral de desejabilidade é aquela em que o valor desejado

T está localizado entre o limite inferior (L) e o limite superior (U) e é definida segundo

a Equação (12).

'

'

0 se

se

se

0 se

S

t

Y L

Y LL Y T

T Ld

U YT Y U

U T

Y U

(12)

Nas Equações (10)- (12), S’ e t’ são os parâmetros que definem a variação da taxa de

desejabilidade com a resposta. Variando-se S’ e t’, pode-se acelerar ou retardar a

desejabilidade e atribuir diferentes valores aos diversos níveis de resposta. Valores altos de S

e t, farão com que a desejabilidade decresça rapidamente, tornando-se muito baixa exceto

quando Y está perto do valor ótimo. Valores baixos de S’ e t’ farão com que a resposta tenha

uma variação mais ampla sem que a desejabilidade seja diminuída (NETO, 2001). A escolha

dos parâmetros S’ e t’ é determinada de acordo com a prioridade que se atribui a cada resposta

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29

di. Assim, a taxa de variação ou queda da desejabilidade não precisam ser simétricas em torno

de T.

De acordo com NETO (2001) depois de se identificar o conjunto de condições que

maximizem ou minimizem a desejabilidade global, é necessário analisar o comportamento

individual de cada uma das respostas e verificar se as mesmas estão em regiões tecnicamente

possíveis e com suas restrições perfeitamente atendidas.

A variação dos parâmetros S’ e t’ gera um conjunto de soluções otimizadas e a própria

variação entre essas soluções indica o quanto é robusta a condição experimental avaliada.

Assim, se as soluções forem insensíveis a variação de S’ e t’, o procedimento experimental

está bem posto.

2.9 -Modelagem e simulação

Poucos trabalhos na literatura mostram o uso de modelos matemáticos para prever

taxas de difusão de substratos e produtos em células imobilizadas, considerando que a

principal desvantagem no procedimento de imobilização é a limitação imposta pelos

processos difusivos nos pellets (BRODELIUS e VANDAMME, (1987), citados por

CARVALHO, 2000).

SILVA (2001), utilizando fermentação alcoólica contínua e extrativa e trabalhando

com modelos empíricos, afirma que conseguiu uma conversão de 99,2% dos açúcares (glicose

e sacarose) do meio de alimentação e uma produtividade de 21,0 g/(h L).

Existem diversos modelos para determinação de parâmetros cinéticos para

fermentação na literatura. Segundo BAILEY et al. (1986), os modelos cinéticos podem ser

descritos segundo a Tabela 05 abaixo:

Tabela 05 – Classificação dos modelos cinéticos (BAILEY et al.,1986)

Modelos Cinéticos

Tipos Características

Não-estruturados e não-segregados Células são consideradas como solutos.

Estruturados e não-segregados Células são indivíduos múltiplos componentes,com composição média semelhante.

Não-estruturados e segregados Células são seres individuais distintos, masdescritos por um único componente.

Estruturados e segregados Células são seres individuais distintos, masdescritos por múltiplos componentes.

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Segundo BIROL (1998), são citados na literatura 11 equações de modelos cinéticos,

conforme as Tabelas 06, 07 e 08.

Tabela 06 – Modelos cinéticos sem inibição (BIROL, 1998)

ModelodX

dt

dS

dt

dP

dt

Monod maxsx

SX

K S maxsp

Sq X

K S / /

1 1

x s p s

dX dP

Y dt Y dt

Moser max

n

nsx

SX

K S max

n

nsp

Sq X

K S / /

1 1

x s p s

dX dP

Y dt Y dt

Teisse max 1 expsx

SX

K max 1 expsp

Sq X

K / /

1 1

x s p s

dX dP

Y dt Y dt

Tabela 07 – Modelos cinéticos com inibição pelo substrato (BIROL, 1998)

Autor dX

dt

dS

dt

dP

dt

Noack m a x

1 s x

s x

SX

K S

S K

m a x,

,

1 S P

I P

Sq X

K SS K

/ /

1 1

x s p s

dX dP

Y dt Y dt

Aiba max,

expsx I S

S SX

K S K max, ,

expS P I P

S Sq X

K S K / /

1 1

x s p s

dX dP

Y dt Y dt

Luong max,max

exp 1n

sx S

S SX

K S S max, ,

exp 1n

S P P

S Sq X

K S S max / /

1 1

x s p s

dX dP

Y dt Y dt

Segundo BIROL (1998), os modelos de Monod e Hinshelwood foram os mais

adequados para a simulação no sistema batelada utilizando células de Saccharomyces

cerevisiae em alginato, mas esse fato foi função de faixas muito estreitas de concentração de

substrato.

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31

Tabela 08 – Modelos cinéticos com inibição pelo produto (BIROL, 1998)

AutordX

dt

dS

dt

dP

dt

Levenspiel maxmax

1n

sx x

S PX

K S P max, ,max

1n

S P P

S Pq X

K S P/ /

1 1

x s p s

dX dP

Y dt Y dt

Aiba max exp pssx

SK P X

K S max ,,

exp PPS P

Sq K P X

K S / /

1 1

x s p s

dX dP

Y dt Y dt

Jerusalimsky ,max

,

I px

sx I px

KSX

K S K P,

max, ,

I px

S P I PP

KSq X

K S K P/ /

1 1

x s p s

dX dP

Y dt Y dt

Ghose-Tyagi max,max

1x

PX

Pmax

,max

1p

Pq X

P / /

1 1

x s p s

dX dP

Y dt Y dt

Hinshelwood max 1 pxsx

SK P X

K S max ,,

1 PPS P

Sq K P X

K S / /

1 1

x s p s

dX dP

Y dt Y dt

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32

CAPÍTULO 03 – MATERIAIS E MÉTODOS

3.1-Microrganismo e preparo do inóculo

O microrganismo utilizado nessa dissertação foi a levedura Saccharomyces cerevisiae,

na sua forma liofilizada e produzida pela empresa Mauri do Brasil. A cepa da levedura

utilizada foi a Y904 que é destinada para a produção de etanol. Para a sua utilização, a mesma

foi hidratada segundo metodologia proposta por FERREIRA (1998), onde a massa de

fermento é adicionada a um balão de 0,100 L que tem seu volume preenchido com água

destilada. Em seguida, essa solução celular é transferida para um Erlenmeyer de 0,250 L e

levada para um incubador rotativo a uma temperatura aproximada de 25oC por 2 horas. Após

a hidratação, os inóculos são preparados para a imobilização em gel alginato de cálcio,

segundo as condições do planejamento estatístico proposto.

Os reagentes e materiais utilizados nas análises e na preparação do meio de cultura

foram os produtos analíticos (PA) apresentados na Tabela 09.

Tabela 09 - Lista de Reagentes e Materiais utilizados nos ensaios de fermentação

Reagentes e Materiais

Reagentes Materiais

Ágar malte Pipeta de 1mL / Volumétrica Kitassato de 2000 mLÁgua destilada Pipeta de 5 mL / Volumétrica Erlenmeyer de 2000mLAlginato de sódio Pipeta de 10 mL/Volumétrica Erlenmeyer de 500mLCloreto de cálcio Pipeta de 50 mL/Volumétrica Erlenmeyer de 250mLCitrato de potássio Pipeta de 10 mL Erlenmeyer de 125 mLCél. de Saccharomyces cerevisiae Pipeta de 50 mL Erlenmeyer de 50mLGlicose Bastão de vidro Provetas de 500 mLSulfato de amônio Tubo Folin Wu Provetas de 100 mLSulfato de magnésio heptahidratado Mangueiras Tubos de Centrifuga Dihidrogenofosfato de potássio Luvas assépticas Paquímetro de precisãoMonohidrogenofosfato de sódio Tocas assépticas Papel alumínioNitrato de alumínio Algodão PapelAzul de metileno Gaze Tubos de Vortex Sulfato cúprico Pêra Álcool hidratado Dicromato de potássio Termômetro digital Luvas de amiantoEtanol Válvulas globo Tubos de ensaios Sal de Seignette Pissete Agulhas cirúrgicas

O meio de cultura sintético foi preparado segundo FERREIRA (1998) e é apresentado

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33

na Tabela 10. Destaca-se que o mesmo não sofreu nenhum tipo de processo de esterilização

ou processo asséptico e apenas seu pH foi ajustado para 4,5 conforme relatado por ERGUN

(1999).

Tabela 10 – Composição do meio de cultura sintético (FERREIRA, 1998)

Nutrição mineral Concentração( g/L)

(NH4)2SO4 1,2KH2PO4 2,4Na2HPO4 1,2Glicose variável*MgSO4.H2O 0,3Extrato de levedura 3,0

*Conforme planejamento experimental.

3.2- Técnicas utilizadas nos ensaios

3.2.1-Métodos analíticos

A concentração celular do inóculo foi determinada em espectrofotômetro a 650nm a

partir da suspensão de células devidamente diluída em água destilada. Uma curva de

calibração foi estabelecida para correlacionar o peso seco (g/L) de células livres e

imobilizadas com a absorbância a 650nm. A determinação da concentração celular (células

livres) no meio fermentativo, ao longo de todos os ensaios, foi realizada através da mesma

técnica.

A concentração de células imobilizadas foi quantificada a cada intervalo de 2 horas,

recolhendo-se uma amostra composta por 5 pellets de alginato do fermentador e colocando-os

na presença de uma solução de citrato de potássio 4% (p/v), onde os mesmos foram

dissolvidos e centrifugados a 10.000 rpm por 20 minutos. O sobrenadante da centrifugação foi

descartado e o material sólido contido no frasco da centrífuga foi colocado em suspensão e

diluído com água destilada em balão de 0,025L. Após essa etapa, a solução obtida foi levada

ao espectrofotômetro e teve sua leitura realizada em cubeta de vidro a 650nm para

determinação da concentração de células.

Para a quantificação do etanol, foi utilizado o método do dicromato de potássio, onde

uma amostra do meio de cultura foi centrifugada a 10.000 rpm e o sobrenadante foi levado ao

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balão de destilação junto com uma alíquota de 0,075L de água destilada. Uma nova amostra

foi recolhida do destilado e adicionou-se 0,002L de dicromato de potássio à mesma. A

solução amostra/dicromato foi aquecida em banho a 600C por 30 minutos em um tubo Folin

Wu. Após o aquecimento, deixou-se o material em repouso à temperatura ambiente para

resfriamento, quando uma amostra foi coletada para análise em espectrofotômetro operando a

600nm (FERREIRA , 1998).

A determinação de açúcares redutores (glicose), foi determinada pelo método de

Eynol-Lane modificado, segundo citado por FERREIRA (1986). O método baseia-se na

titulação da amostra a ser analisada com uma solução de sulfato cúprico e uma solução

alcalina do sal de Seignette, usando o azul de metileno com indicador. Destaca-se que a

titulação foi realizada à quente.

Além das análises de concentração de células, etanol e glicose, avaliou-se o raio médio

dos pellets com o software de processamento de imagens Global Lab®.

3.2.2- Procedimentos Experimentais

a) Seleção do fermento para ensaios de fermentação

Sabe-se que existem diferentes tipos de fermento biológico no mercado e esses

fermentos visam atender as mais diversas aplicações (desde as grandes usinas produtoras de

álcool até as pequenas panificadoras).

Na impossibilidade de se trabalhar com culturas puras e/ou geneticamente modificadas

para maximização de eficiência, foi realizado um ensaio estatístico (quadruplicata) do tipo:

Único fator (tipo de fermento);

Única resposta (concentração máxima de etanol produzida).

A partir das análises realizadas, determinou-se um intervalo de confiança para a

verificação da existência de diferenças significativas entre as médias dos ensaios e

conseqüentemente, a existência da diferença entre os vários tipos de fermento investigados.

Os ensaios foram realizados em reator de mistura da marca New Brunswick, modelo

MultiGen, com volume útil de 2L (Figura 14), operando em regime descontínuo.

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35

Figura 13 - Reator utilizado nos ensaios fermentativos.

b) Técnicas de imobilização da levedura Saccharomyces cerevisiae em alginato de cálcio

O inóculo obtido foi imobilizado em gel alginato de cálcio previamente preparado

segundo proposto pelos planejamentos experimentais, onde os fatores estudados em uma

etapa de varredura foram: concentração de alginato de sódio, concentração de cloreto de

cálcio e tempo de cura, conforme metodologia apresentada por CARVALHO (2000). Os

pellets foram obtidos pelo gotejamento do alginato de sódio em solução de cloreto de cálcio

nas concentrações propostas no planejamento (0,1M, 0,15M e 0,2M). As partículas com as

células imobilizadas foram mantidas em solução de cloreto de cálcio a 4oC durante 0, 12 e

24h e após esse período, lavadas com água destilada e usadas nas fermentações.

Na realização do planejamento fatorial fracionado, o tempo de cura em todos os

ensaios foi mantido em torno de 30 minutos e as partículas foram tratadas com Al(NO3)3 por

5 minutos conforme proposto por ROCCA et al. (1995).

c) Preparação dos pellets de alginato de cálcio

A obtenção de pellets com diâmetro padronizado conforme a necessidade exigida pelo

planejamento foi realizada com a utilização de procedimentos diferenciados de gotejamento

do alginato de sódio em solução de cloreto de cálcio utilizando-se o sistema experimental

apresentado na Figura 14. A avaliação das dimensões das particulas produzidas foi efetuada

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36

com o software de processamento de imagens Global Lab®. Esse software faz a digitalização

da imagem, possibilitando a avaliação do número de pellets e apresentando o raio médio

equivalente de cada pellet. A confecção de pellets para uma escala industrial pode seguir

procedimento sugerido por BRANDENBERG (1998).

Figura 14 – Equipamento utilizado na imobilização e confecção dos pellets.

A Figura 15 apresenta uma amostra representativa dos pellets obtidos pelo

procedimento de preparação utilizando a técnica de gotejamento com “ponteiras”

selecionadas (Figura 16) para fornecerem os diferentes diâmetros exigidos pelo planejamento

experimental.

Figura 15 – Amostra representativa dos pellets de alginato de cálcio obtidos e o padrão de medida (diâmetro externo de15mm) usado no software Global Lab®.

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Figura 16 – “Ponteiras” usadas para obtenção dos pellets de diferentes diâmetros e padrão de medida (diâmetro externo de15mm).

A Figura 17 apresenta imagens de pellets analisadas pelo software de varredura e

tratamento de imagens. Para avaliação dos diâmetros, o software converte o diâmetro do

padrão em pixels e através de comparação, determina o diâmetro médio das imagens

selecionadas. Após essa análise, o software de tratamento de imagens fornece os raios médios

dos pellets, possibilitando, assim, a avaliação do desvio padrão para os raios calculados.

(a) (b) (c) Figura 17 – Processamento de imagens dos pellets: (a) imagem processada; (b) determinaçãodos diâmetros de cada partícula; (c) avaliação do número de partículas para determinação do

raio médio do conjunto de partículas.

3.3-Planejamento de Experimento

3.3.1 – Planejamento Varredura

A técnica de varredura (Screen experiment) é uma técnica usada para verificar quais

variáveis são importantes para descrever um processo (CALLADO et al., 2003). NETO et al.

(2001) afirmam que não existe uma técnica para se determinar quais os níveis e fatores que

são mais significativos no processo e que essa escolha é feita empiricamente segundo

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características de cada processo, assim esse planejamento visou identificar os parâmetros mais

importantes para a maximização da fermentação alcoólica.

Segundo CALLADO et al. (2003), o algoritmo de Piepel e Snee pode ser utilizado

para se encontrar os vértices e os centróides da região de estudo e suas restrições. Nos ensaios

propostos, o algoritmo utilizado considerou cada restrição escrita na forma linear, onde cada

restrição representa uma linha através da região experimental e para cada restrição, avalia-se

se a restrição é atendida ou não. Se isso não acontece, novos vértices são calculados,

definindo assim uma nova região experimental, que é atualizada à medida que nova restrição

é analisada. Após a definição da região final do planejamento, os centróides dos lados são

calculados e representam os pontos do planejamento que são utilizados para o estudo

experimental (Figura 18).

Figura 18 –Diagrama de dispersão dos pontos do planejamento gerado.

As restrições definidas para os ensaios realizados, são:

1 (% p/v) concentração de alginato de sódio 2 (% p/v)

0,1 M concentração de cloreto de cálcio 0,3M

0 h tempo de cura 24h

A Tabela 11 apresenta os fatores e os diferentes níveis estudados no planejamento do tipo

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varredura e a Tabela 12 (contendo os fatores e níveis codificados) apresenta um esquema

do planejamento fatorial completo 23, que foi utilizado para se avaliar os efeitos

principais e as interações entre as variáveis (concentração de alginato de sódio,

concentração de cloreto de cálcio e tempo de cura) na região de estudo.

Tabela 11 - Fatores e níveis do planejamento fatorial tipo varredura

NÍVEISFATORES

-1 0 +1

Concentração de alginato de sódio (% p/v) 1 1,5 2Concentração de cloreto de cálcio (M) 0,1 0,15 0,2Tempo de cura (h) 0 12 24

nível superior: +1; nível inferior: -1 ; nível central: 0

Tabela 12 - Matriz do planejamento experimental fatorial completo 23 com fatores e níveis codificados

Ensaios Concentração de cloreto

Concentração de alginato

Tempo decura

1 - 1 -1 - 1

2 +1 - 1 - 1

3 - 1 +1 - 1

4 +1 +1 - 1

5 - 1 - 1 +1

6 +1 - 1 +1

7 - 1 +1 +1

8 +1 +1 +1

3.3.2- Planejamento tipo fatorial composto central

Nesse planejamento procurou-se verificar a influência dos diâmetros dos pellets no

processo fermentativo e caso exista, um valor que maximize a eficiência do processo

fermentativo. Nas Tabelas 13 e 14, tem-se os fatores e níveis do planejamento composto

central e a matriz do planejamento composto central 34-1 contendo os fatores e níveis

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codificados, respectivamente.

Tabela 13 - Fatores e níveis do planejamento composto central

NÍVEISFATORES

- -1 0 +1 +

Concentração de alginato de sódio (% p/v) 2,0 2,2 2,5 2,8 3,0Concentração de cloreto de cálcio (M) 0,05 0,10 0,18 0,26 0,30Concentração de glicose (g/L) 30,00 41,35 65,00 88,65 100,00Diâmetro do pellet (mm) 3,1 3,5 4,2 4,9 5,2

nível superior: +1; nível inferior: -1 ; nível central: 0 e níveis : + =1,48 e - =-1,48

A Tabela 14 apresenta o planejamento proposto do tipo 34-1. Destaca-se que os 16

primeiros ensaios representam um planejamento do tipo 24. Assim, a maneira como foi

estruturado a seqüência de ensios permitiu avaliar, após os primeiros 16 ensaios, se o

diâmetro era um fator estatisticamente significativo no processo operando em regime

batelada. Caso a conclusão fosse positiva, o planejamento proposto seria executado e em caso

negativo ter-se-ía que definir um novo fator.

Na fração do planejamento composto central pode-se verificar se existe interação entre

o diâmetro e outros fatores e se ela é significativa ou não, no nível de confiança estudado.

3.3.3- Investigação da função desirability em bioprocessos

A função de desejabilidade permite otimizar simultanemente os níveis de fatores de

interesse para a maximização do rendimento da fermentação. O modelo adotado foi o de

maximização com valor s’=1 (Equação 10). Utilizando-se os dados experimentais obtidos

para todos os ensaios com 40 níveis simulados, pode-se avaliar a desejabilidade global dos

ensaios realizados. Nesse caso tem-se uma combinação 40x40x40 para o experimento

varredura e uma combinação 40x40x40x40 para o planejamento composto central.

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Tabela 14 - Matriz do planejamento experimental fatorial composto central 34-1 contendofatores e níveis codificados

EnsaioConcentração de

Glicose (g/L)

Diâmetro do Pellet (mm)

Concentração de Alginato de Sódio

(% p/v)

Concentração de Cloreto de Cálcio

(M)

1 - 1 - 1 - 1 - 1

2 +1 - 1 - 1 - 1

3 - 1 +1 - 1 - 1

4 +1 +1 - 1 - 1

5 - 1 - 1 +1 - 1

6 +1 - 1 +1 - 1

7 - 1 +1 +1 - 1

8 +1 +1 +1 - 1

9 - 1 - 1 - 1 +1

10 +1 - 1 - 1 +1

11 - 1 +1 - 1 +1

12 +1 +1 - 1 +1

13 - 1 - 1 +1 +1

14 +1 - 1 +1 +1

15 - 1 +1 +1 +1

16 +1 +1 +1 +1

17 0 0 0 0

18 - 0 0 0

19 + 0 0 0

20 0 - 0 0

21 0 + 0 0

22 0 0 - 0

23 0 0 + 0

24 0 0 0 -

25 0 0 0 +

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CAPÍTULO 04 – RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1- Avaliação dos diferentes tipos de fermento biológico

Dois diferentes tipos de fermentos biológicos disponíveis no mercado foram avaliados

estatisticamente com o objetivo de se determinar qual apresentava melhor rendimento

fermentativo e condições de operacionalidade adequada.

A Tabela 15 apresenta os resultados do desempenho fermentativo de dois tipos de

fermentos disponíveis e utilizando o meio de cultura proposto por FERREIRA (1998) com

glicose como fonte de carbono. Os resultados foram expressos em concentração de etanol e

em rendimento Pasteur.

Tabela 15 – Avaliação estatística entre os fermentos biológicos disponíveis no mercado

Fermento (A) Fermento (B) d = XA - XBEnsaios

Fermentativos (1) Etanolg/L

RendimentoPasteur

Etanolg/L

RendimentoPasteur

Etanolg/L

RendimentoPasteur

1 22,55 92,97 17,50 72,14 5,05 20,832 22,31 92,00 17,53 72,27 4,79 19,733 22,94 94,45 16,96 69,93 4,98 24,524 22,50 92,78 17,56 72,42 4,94 20,36

Média 22,58 93,05 17,39 71,69 4,94 21,36

Desvio Padrão 0,277 1,023 0,286 1,179 0,111 2,154

Graus de Liberdade 3 3 3 3 3 3

(1)- Concentração de etanol (Pf em g/L) ao término de 04 horas de fermentação com S0 = 50g/L e X0=10g/L(A)- Fermento biológico seco instantâneo: Massa doce (B)- Fermento biológico fresco instantâneo

Após avaliação estatística, utilizando o teste t-student, obtivemos um tcalculado

=2,83x10-7, contra um valor tabelado de 614. Pode-se afirmar então, com nível de confiança

de 95%, que existe uma diferença na média dos resultados, concluindo portanto que o

fermento A é mais eficiente que o fermento B e essa eficiência encontra-se na ordem de 20%

de superioridade.

Essa é uma informação significativa, pois todos os ensaios são dependentes desse

resultado e influem diretamente na resposta do planejamento, comprovando que a escolha do

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microrganismo a ser utilizado tem impacto direto sobre a produtividade e eficiência

fermentativa. Dados cinéticos dessa avaliação, encontram-se nas Figuras 19 e 20,

respectivamente.

Figura 19 – Perfis de concentração de etanol, glicose e células livres para o fermento tipo A.

Figura 20- Perfis de concentração de etanol, glicose e células livres para o fermento tipo B.

4.2- Avaliação das distribuições dos diâmetros dos pellets obtidos

A Tabela 16 apresenta os raios médios obtidos durante os ensaios e calculados pelo

software de processamento de imagens com médias indicadas em negrito. Os resultados

mostram que não houve dispersão significativa dos raios obtidos, validando assim a proposta

do planejamento e do procedimento experimental de confecção dos pellets.

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Tabela 16 –Raios médios para partículas confeccionadas nas 5 faixas analisadascom software de processamento de imagens

Raios médios obtidos ( mm )

R1 R2 R3 R4 R5

1,5 2,3 1,7 2,1 2,51,5 2,3 1,7 2,1 2,51,5 2,3 1,7 2,1 2,51,5 2,3 1,7 2,1 2,61,5 2,3 1,6 2,1 2,51,5 2,3 1,7 2,1 2,51,5 2,3 1,7 2,1 2,51,6 2,3 1,7 2,1 2,61,6 2,3 1,7 2,1 2,61,6 2,6 1,7 2,2 2,61,6 2,6 1,7 2,2 2,61,6 2,6 1,7 2,2 2,61,6 2,6 1,7 2,2 2,61,6 2,6 1,7 2,2 2,61,6 2,6 1,7 2,2 2,61,6 2,6 1,7 2,2 2,61,6 2,6 1,8 2,2 2,61,6 2,3 1,7 2,2 2,61,6 2,3 1,8 2,2 2,61,6 2,7 1,7 2,2 2,71,6 2,7 1,8 2,2 2,71,6 2,7 1,8 2,2 2,71,6 2,5 1,8 2,2 2,71,6 2,5 1,8 2,2 2,71,6 2,5 1,8 2,2 2,61,6 2,3 1,8 2,2 2,61,7 2,7 1,8 2,3 2,7

Valores médios dos raios1,57 2,47 1,72 2,16 2,59

4.3- Avaliação do planejamento fatorial completo a dois níveis do tipo 23

A realização desse planejamento tem como objetivo a verificação dos fatores mais

importantes no fenômeno de imobilização e visa a identificação de quais fatores são mais

significativos na melhoria do processo fermentativo.Trata-se, então, de um planejamento que

tem um caráter de varredura, pois o mesmo não é capaz de identificar pontos de máximo,

mínimo ou sela, se eles existirem, o que a princípio é uma limitação para uma possível

otimização ou minimização local. O planejamento utilizou como resposta a concentração de

etanol ao final de 5 horas de batelada e uma concentração inicial de 30g/L de glicose.

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45

A Tabela 17 apresenta os fatores e níveis estudados e a resposta obtida em cada

ensaio com uma correlação superior a 0,98, ou seja, o modelo é capaz de explicar a

variabilidade dos ensaios em 98% dos casos (R2= 98,32%). É possível observar que as

restrições estudadas mostraram que a região delimitada por um cubo, são as regiões onde os

estudos a dois níveis devem ser executados, comprovando a eficiência do algoritmo de Piepel.

Tabela 17 – Planejamento 23 e a resposta obtida nos ensaios

Ensaios Concentraçãode cloreto

Concentraçãode alginato

Tempo de cura

Concentraçãode Etanol

RendimentoPasteur (%)

1 - 1 - 1 - 1 13,2 90,42 +1 - 1 - 1 14,0 95,93 - 1 +1 - 1 12,4 84,94 +1 +1 - 1 12,1 82,95 - 1 - 1 +1 13,1 89,86 +1 - 1 +1 12,3 90,47 - 1 +1 +1 12,2 83,48 +1 +1 +1 9,5 65,1

A Figura 22 apresenta o comportamento das médias marginais dos ensaios realizados.

Pode-se observar o não paralelismo das curvas de cloreto de cálcio operando nos níveis -1 e

+1 (0,1M e 0,2M, respectivamente), representando os possíveis efeitos de interação entre o

cloreto de cálcio e o tempo de cura, tendo em vista que o processo de gelificação do alginato

ocorre devido a troca iônica entre os íons sódio e cloreto durante a imobilização.

Pode-se observar que a alteração de nível para o cloreto de cálcio apresenta importante

efeito na resposta estudada. Na Figura 21, os valores entre parênteses são as faixas previstas

para o modelo, calculadas pelo software Statistica 6.0®. A concentração de etanol é dada pela

equação 13.

Etanol = 12,35 – 0,575*(Tempo de cura) – 0,375*(Conc.Cloreto) – 0,8*(Conc.Alginato)+

–0,5*(Tempo*Conc.Cloreto) – 0,375*(Conc.Cloreto*Conc.Alginato)

( 13 )

Outro ponto de destaque é o tempo de cura, pois se percebe pela Figura 21, que ao se

deslocar o tempo de cura de 24h para 0h, obtém-se uma melhoria na resposta, fato esse que

apresenta um diferencial para execução de processos industriais, onde o fator tempo de

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execução é primordial.

Figura 21 – Representação dos efeitos para o planejamento 23.

Figura 22 – Gráfico das médias marginais obtidas no planejamento 23.

Na Figura 23, tem-se o diagrama de Pareto, onde os efeitos principais e de interação

entre as variáveis são observados.

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Figura 23- Diagrama de Pareto das variáveis mais significativas, com nível de confiança de 95% (números próximos às barras do diagrama são os valores do teste t-student)

O diagrama da Figura 23 mostra os fatores que mais influênciaram nos ensaios e que

têm maior significância estatística. A concentração de alginato foi o fator que apresentou

maior significância estatística, com nível de confiança de 95%, provavelmente devido ao fato

de que a sua concentração influi na transferência de massa na partícula. O segundo fator mais

importante foi o tempo de cura, provavelmente devido ao fato de que a cura possui efeito na

difusão de massa na matriz de gel e esse efeito aumenta com o tempo de cura. A interação

entre cloreto de cálcio e tempo de cura também foi significativa no intervalo de confiança

estudado. Esses resultados apresentam concordância com afirmações da literatura

(CARVALHO, 2001) pois são os fatores responsáveis pelo formação e gelificação do

alginato, conseqüentemente respondem pela eficiência do processo.

A concentração de cloreto de cálcio e o tempo de cura das esferas também foram

fatores significativos ao serem analisados com um nível de confiança de 95%. Destaca-se

também, que a interação entre os fatores, tempo de cura e concentração de cloreto, teve uma

contribuição importante, no mesmo nível de confiança estudado, conforme dados

apresentados na forma de diagrama de Pareto da Figura 23.

As superfícies de resposta apresentadas na Figura 24 mostram também uma

maximização da resposta, operando-se nas concentrações de alginato igual a 1% (p/v),

concentração de cloreto 0,2M e tempo de cura 0h. Cabe ressaltar que nem sempre a proposta

estatística corresponde á realidade física, pois o alginato não opera continuamente para o

inferior e se assim o fosse, o sistema tenderia a se comportar como sistema de células livres e

certamente a diminuição excessiva de alginato comprometeria a capacidade de retenção

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celular do pellet.

Figura 24 – Superfícies de resposta de obtidas no planejamento de varredura.

Durante os ensaios que operaram na condição de tempo de cura e concentração de

cloreto nos níveis inferiores, foi observado uma perda de estabilidade mecânica do gel. Para

se contornar esse problema, estudos baseados nos trabalhos de ROCCA (1995), que propõe

um tratamento das esferas de gel em solução de Al(NO3)3, em substituição ao tempo de cura

foram realizados e serão apresentados posteriormente nessa dissertação em planejamento

experimental 24 e 34-1.

Os resultados preliminares do planejamento de varredura indicam que há a

necessidade de estudos mais detalhados na região de imobilização. Na próxima seção,

apresenta-se a proposta para um planejamento composto central.

4.4- Planejamento do tipo 24

Para um estudo mais detalhado da região de imobilização, novos experimentos foram

planejados com o objetivo de se investigar o efeito da concentração de glicose, diâmetro de

partícula, concentração de alginato de sódio e da concentração de cloreto de cálcio na

eficiência fermentativa. A análise do desempenho fermentativo no planejamento 23 indicou

que o tempo de cura operando no nível inferior implica em melhor desempenho, mas

apresenta menor estabilidade operacional. Além disso, os ensaios com pellets submetidos ao

tratamento de tempo de cura, apresentaram pellets danificados após 6 horas de operação em

Etanol(g/L

)

Etanol(g/L

)

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49

batelada, indicando que o reaproveitamento dos mesmos em bateladas sucessivas seria

inadequado.

Para a investigação de um método alternativo de produção de partículas com melhor

resistência mecânica, buscou-se a produção de pellets tratados com Al(NO3)3 ao invés de

tempo de cura. A técnica de tratamento com Al(NO3)3 foi proposta por ROCCA (1995), que

afirma ter obtido bons resultados substituindo o tempo de cura por um tratamento alternativo

com Al(NO3)3. Segundo ROCCA (1995), pellets produzidos com essa metodologia

apresentam estabilidade operacional por até 70 dias, obtendo produtividade de até 31g/L.h.

Outro aspecto que o autor destaca é que o pellet tratado com Al(NO3)3 apresenta um aumento

médio no diâmetro de 7,5%.

A melhoria nas características mecânicas do pellet tratado com Al(NO3)3 é uma

condição de produção interessante, pois indica a capacidade de reaproveitamento do pellet.

Além disso, devido as propriedades de eficiência fermentativa obtidas, os pellets produzidos

possuem potencial de utilização industrial. Esses fatos estimularam a substituição do

tratamento de tempo de cura pelo tratamento com solução de Al(NO3)3, assim aliando um

processo que apresenta elevado desempenho fermentativo e ainda boa resistência mecânica.

Baseando-se no planejamento varredura efetuado, propôs-se um novo planejamento

experimental, onde o tratamento de tempo de cura foi substituido pelo tratamento das

partículas com solução de Al(NO3)3 e adicionou-se um novo fator, o diâmetro do pellet, na

avaliação do rendimento fermentativo. Em princípio, o estudo do diâmetro como fator do

planejamento tende a mostrar as possíveis limitações, restrições à transferência de massa e

interações competitivas entre os fatores investigados no processo de fermentação de

interesse.

Na Tabela 18, apresentam-se os fatores, níveis e respostas do planejamento 24

investigado. O objetivo do planejamento é encontrar valores de diâmetros que reunam

características desejáveis de difusividade aliadas a propriedades de resistência mecânica.

A análise do gráfico de Pareto do planejamento 24, Figura 25, mostra que existe uma

interação significativa entre o diâmetro do pellet e a concentração de alginato. Além disso,

tem-se que o segundo fator mais importante é a concentração de cloreto de cálcio usada na

imobilização, conforme já observado no planejamento varredura 23. Esse fato deve-se a troca

de íons entre a solução de cloreto de cálcio e alginato de sódio, para a geleificação do pellet

em condições brandas. Destaca-se que os ensaios revelaram uma interação entre o cloreto de

cálcio e o alginato de sódio não observada no planejamento 23.

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50

Tabela 18 – Planejamento fatorial tipo 24 e a resposta obtida nos ensaios

Ensaio Concentração de Glicose (g/L)

Diâmetro do Pellet (mm)

Concentraçãode Alginato de Sódio (% p/v)

Concentraçãode Cloreto de Cálcio (M)

RendimentoPasteur (%)

1 - 1 - 1 -1 -1 89,502 +1 - 1 -1 -1 87,763 - 1 +1 -1 -1 78,154 +1 +1 -1 -1 80,715 - 1 - 1 +1 -1 71,216 +1 - 1 +1 -1 79,577 - 1 +1 +1 -1 85,978 +1 +1 +1 -1 87,449 - 1 - 1 -1 +1 89,8510 +1 - 1 -1 +1 84,7111 - 1 +1 -1 +1 83,6712 +1 +1 -1 +1 82,7113 - 1 - 1 +1 +1 80,4314 +1 - 1 +1 +1 84,6315 - 1 +1 +1 +1 92,7516 +1 +1 +1 +1 89,62

Novamente destaca-se que não é possível avaliar o efeito das variáveis de forma

independente, e no planejamento 24, onde a interação (alginato x cloreto) foi observada, tem-

se que fazer uma consideração do efeito associado ao diâmetro do pellet, pois partículas

maiores podem apresentar um processo de geleificação diferente daquele existente nas

menores partículas.

Figura 25 – Análise de Pareto para a fração 24 do planejamento composto central com limitede confiança de 90%.

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51

Com a determinação dos fatores mais significativos, torna-se necessário avaliar a

região experimental definida para o planejamento. Essa análise foi implementada através da

função desirability (função desejabilidade) e encontra-se detalhada na Figura 26. Ao se

avaliar a função desirability com 40 ensaios de simulação tem-se os valores que maximizam

a resposta dentro da faixa experimental proposta. Pela Figura 26, pode-se observar a “direção”

do ótimo que o planejamento sugere. O valor máximo da desirability para o planejamento 24

efetuado é de 0,975, com valores ótimos nos extremos superiores da região investigada nos

experimentos. Este resultado indica que a faixa escolhida para o experimento 24 não permite a

identificação das condições ótimas para o experimento no interior da região de busca, pois

planejamentos em 2 níveis não conseguem verificar essa situação.

Figura 26 – Perfis para valores preditos e desirability para o planejamento 24 (desirabilityglobal de 97,55%).

A Figura 27 apresenta a distribuição dos resíduos em relação ao modelo descrevendo o

rendimento percentual na equação 14,

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52

Rendimento(%)=84,29+0,8350*D+1,7538*C+1,0112*G*A-0,9800*G*C+4,1575*D*A+

+1,1512*A*C (14)

Onde D representa o diâmetro do pellet, G a concentração de glicose, A a concentração de

alginato e C a concentração de cloreto. Da Figura 27 pode-se concluir que os resíduos seguem

a distribuição normal e que 90% dos resíduos padronizados estão dentro do intervalo do nível

superior (+1) e nível inferior (–1). Caso isso não ocorresse, ter-se-ia a presença de outliers.

Figura 27 – Distribuição dos resíduos em função dos valores normais para o planejamento 24.

A Figura 28 apresenta a distribuição dos resíduos em função dos valores preditos.

Pode-se observar que os resíduos não apresentam tendência, o que caracteriza variância dos

erros constante.

A Figura 29 apresenta as médias marginais do planejamento 24, onde pode-se notar a

interação dos fatores operando no nível inferior (-1) e superior (+1). Esta observação pode ser

avaliada, a partir das inclinações das retas nos diagramas. Observa-se que quando as retas

possuem inclinações próximas, a interação entre as variaveis não é significativa no nível de

significância estudado e, no entanto, o cruzamento das mesma mostra uma forte interação

entre os fatores.

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53

Figura 28 – Distribuição dos resíduos em função valor predito para o planejmento 24.

Figura 29 –Médias marginais para o panejamento 24 com nível de confiança de 90%.

Como o planejamento 34-1 foi estruturado, tem-se a possibilidade de se estudar o

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54

processo em duas etapas. Assim, ao se observar a disposição dos fatores na Tabela 18,

concluí-se que os 16 ensaios realizados podem ser os mesmos ensaios usados para construir

um planejamento do tipo 34-1 (planejamento composto central). Na próxima seção, avalia-se o

planejamento composto central complementando os experimentos da Tabela 18 de forma a

atender as exigências do planejamento composto central do tipo 34-1 com =1,48.

4.5- Planejamento composto central do tipo 34-1

Na Tabela 19 apresentam-se os fatores, níveis e respostas do planejamento 34-1

investigado. O objetivo do planejamento é aumentar a região de análise realizada no

planejamento 24, ampliando-se o planejamento com experimentos axiais de rotabilidade

=1,48 de forma a possibilitar a verificação dos termos quadráticos no modelo de regressão.

-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4

Resíduo

-3,0

-2,5

-2,0

-1,5

-1,0

-0,5

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

Val

or N

orm

al E

sper

ado

,01

,05

,15

,35

,55

,75

,95

,99

Ren

dim

ento

Figura 30 – Resíduos para o planejamento 34-1 com nível de significância de 90%.

A Figura 30 indica que os resíduos para o modelo seguem aproximadamente a

distribuição normal, caso isso não ocorresse, ter-se-ia a presença de outliers e seria então

necessário à aplicação de teste para o reconhecimento da(s) anomalia(s) apresentada(s) nos

resultados (por exemplo o teste de Grubbs). No caso em análise, não se identificou nenhum

outlier segundo a metodologia six-sigma. A Figura 31, entretanto, mostra que a utilização dos

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55

pontos axiais para a ampliação da área experimental a ser estuda revelou que o modelo para a

região de estudo ampliada não representa de maneira satisfatória (quando comparado com o

modelo obtido para o planejamento 24) o comportamento experimental, apresentando uma

correlação/ajuste estatístico de aproximadamente 80%. Obviamente é uma redução

significativa no nível de confiança, mas é necessário considerar que a região experimental

ampliada possibilita que dois novos níveis de operação sejam acrescentados, totalizando

assim uma proposta experimental para cinco níveis de operação. A adição dos níveis + e -

na proposta do planejamento implica que é necessário confeccionar cinco diâmetros diferentes

para a realização dos ensaios, além dos cinco níveis de operação para os novos fatores.

Tabela 19 – Planejamento fatorial tipo 34-1 e a resposta obtida nos ensaios

Ensaio Concentração de Glicose (g/L)

Diâmetro do Pellet (mm)

Concentraçãode Alginato de Sódio (% p/v)

Concentraçãode Cloreto de Cálcio (M)

RendimentoPasteur (%)

1 - 1 - 1 -1 -1 89,502 +1 - 1 -1 -1 87,763 - 1 +1 -1 -1 78,154 +1 +1 -1 -1 80,715 - 1 - 1 +1 -1 71,216 +1 - 1 +1 -1 79,577 - 1 +1 +1 -1 85,978 +1 +1 +1 -1 87,449 - 1 - 1 -1 +1 89,8510 +1 - 1 -1 +1 84,7111 - 1 +1 -1 +1 83,6712 +1 +1 -1 +1 82,7113 - 1 - 1 +1 +1 80,4314 +1 - 1 +1 +1 84,6315 - 1 +1 +1 +1 92,7516 +1 +1 +1 +1 89,6217 0 0 0 0 87,5518 - 0 0 0 93,1319 + 0 0 0 93,3420 0 - 0 0 93,9321 0 + 0 0 81,2422 0 0 - 0 86,0323 0 0 + 0 73,4024 0 0 0 - 77,7525 0 0 0 + 85,14

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56

65 70 75 80 85 90 95 100

Valor Observado

70

72

74

76

78

80

82

84

86

88

90

92

94

96

Val

or

Pre

dit

o

Figura 31 – Distribuição do valor predito versus valor observado para o planejamento 34-1.

-1,03631

1,069359

1,217404

-1,41317

-1,90491

2,068884

2,283642

-2,488

4,396402

p=,1

Gl icose (L) x Cloreto (L)

Gl icose (L) x Alginato (L)

Alg inato (L) x Cloreto (L)

Alginato (L)

Cloreto (Q)

Gl icose (Q)

Cloreto (L)

Alginato (Q)

Diâm etro (L) x Alginato (L)

Figura 32 - Análise de Pareto para o planejamento 34-1 com limite de confiança de 90%. Efeitos dos fatores: Lineares(L), Quadráticos (Q).

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57

O Diagrama de Pareto da Figura 32 confirma o fato de que não é possível avaliar o efeito

das variáveis (fatores) de forma independente (a ação isolada de cada fator sem os devidos efeitos

de interação).

A interação diâmetro do pellet x concentração de alginato de sódio foi observada

como a mais importante e significativa para o nível de confiança de 90%. Outros fatores

também tiveram significância estatística com seus termos lineares e quadráticos, como é

possível observar na análise de Pareto.

É interessante destacar que todos fatores avaliados como principais e identificados no

planejamento varredura (screen) mostraram-se novamente importantes e significativos

estatisticamente.

As interações obtidas e fatores isolados abaixo do nível de confiança proposto foram

desconsiderados para análise, a fim de se reduzir o número de termos expressivos na

avaliação dos resíduos indicados nas Figuras 30 e 31.

Glicose

60,000

94,010

110,00

Diâmetro Alginato Cloreto Desirability

0,

,5

1,

71,2

1082

,570

93,9

30

Re

nd

ime

nto

(%

)

-1,48 1,48

1,0000

-1,48 1,48 -1,48 1,48 -1,48 1,48

De

sir

ab

ilit

y

Figura 33 – Perfis para valores preditos otimizados e desirability para o planejamento 34-1

(desirability global igual a 1).

Com a análise de Pareto, e portanto conhecendo-se os fatores mais significativos, foi

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58

realizada a avaliação da região experimental definida para o planejamento composto central.

Com o objetivo de se encontrar os valores que maximizem os fatores envolvidos utilizou-se a

investigação da função desirability (função desejabilidade), com 40 ensaios de simulação,

para a faixa de interesse. O resultado da análise encontra-se na Figura 33 que permite

identificar os níveis dos fatores investigados que produzem máximo rendimento fermentativo

na faixa investigada para os experimentos, ou seja, o ponto de máxima desirability que situa-

se aproximadamente nos níveis de glicose, diâmetro, alginato de cálcio e cloreto de cálcio

produzindo a resposta mais desejável para o rendimento e indicadas por desirability global 1

na Figura 33.

1 0,8 0,6 0,4 0,2 0

-2,0-1,5

-1,0-0,5

0,00,5

1,01,5

2,0

Glicose

-2,0-1,5-1,0-0,50,00,51,01,52,0

Diâ

met

ro

1 0,8 0,6 0,4 0,2 0

-2,0-1,5

-1,0-0,5

0,00,5

1,01,5

2,0

Glicose

-2,0-1,5-1,0-0,50,00,51,01,52,0

Alg

inat

o

1 0,8 0,6 0,4 0,20

-2,0-1,5

-1,0-0,5

0,00,5

1,01,5

2,0

Diâmetro

-2,0-1,5-1,0-0,50,00,51,01,52,0

Alg

inat

o

1 0,8 0,6 0,4 0,2 0

-2,0-1,5

-1,0-0,5

0,00,5

1,01,5

2,0

Glicose

-2,0-1,5-1,0-0,50,00,51,01,52,0

Clo

reto

1 0,8 0,6 0,4 0,2 0

-2,0-1,5

-1,0-0,5

0,00,5

1,01,5

2,0

Diâmetro

-2,0-1,5-1,0-0,50,00,51,01,52,0

Clo

reto

1 0,8 0,6 0,4 0,2 0

-2,0-1,5

-1,0-0,5

0,00,5

1,01,5

2,0

Alginato

-2,0-1,5-1,0-0,50,00,51,01,52,0

Clo

reto

Figura 34 – Curvas de nível para desirability do planejamento 34-1: Valores ótimos comajuste spline.

A Figura 34 mostra as diversas curvas de nível obtidas para a função desirability onde

é possível verificar as regiões que levam aos valores ótimos de desirability. As combinações

dos fatores mais importantes foram apresentadas em função do valor da desirability global

para uma melhor visualização das regiões de interesse. Dessa maneira, é possível fazer

inferências rápidas as diversas análises disponíveis como, por exemplo, verificar a região de

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59

desirability igual a 1 para os fatores concentração de cloreto de cálcio e concentração de

alginato de cálcio, conforme indicado pela seta na Figura 34.

80 70 60

Figura 35 – Região de máximo rendimento como função das concentrações de cloreto de cálcio e alginato de sódio no planejamento 34-1.

A Figura 35 apresenta a região de máximo rendimento fermentativo para as faixas de

concentrações de cloreto de cálcio e alginato de cálcio investigadas, confirmando a região já

indicada na análise de desirability. Outro aspecto a ser destacado é que o algoritmo de Pipel

utilizado para projetar o experimento varredura (screen) foi capaz de propor uma região

inicial consistente para a realização dos experimentos, uma vez que a investigação posterior

indicou a existência de máximo rendimento fermentativo na região experimental estudada e

sob as condições propostas.

A avaliação da Figura 33 mostra um aspecto interessante para a glicose, pois este fator

não tem ponto máximo e mínimo no interior da região investigada, possui um ponto chamado

de ponto de sela. Além disso, pode verificar na Figura 33 que a concentração elevada de

alginato de sódio influi de maneira direta nos mecanismos de transferência de massa e

difusividade do pellet e a partir dessa informação é possível especular-se que essa influencia

também aconteça no coeficiente de partição das esferas e nesse caso, estudos mais detalhados

devam ser realizados com o objetivo de se obter uma melhor compreensão desses

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60

mecanismos, e por fim viabilizar o desenvolvimento de modelos matemáticos que descrevam

o comportamento de difusividade e transferência de massa no interior do gel.

Em uma avaliação de eficiência fermentativa para os experimentos realizados,

observa-se que o aumento do diâmetro do pellet reduziu a eficiência fermentativa,

excetuando-se naqueles sistemas operando no nível superior de concentração de alginato de

cálcio, onde tal aumento no diâmetro leva a uma elevação no desempenho fermentativo. Esse

fato pode está relacionado ao efeito de interação entre diâmetro do pellet e concentração de

alginato na obtenção das respostas dos ensaios, conforme apresentado na Figura 32. De outra

forma, a avaliação do efeito da concentração de alginato de sódio na eficiência fermentativa

indica que para as partículas desenvolvidas nos níveis superiores de diâmetros tem os seus

rendimentos fermentativos superiores na faixa de ensaios investigada. Essa observação não é

intuitiva, uma vez que uma mesma massa de partículas de menores diâmetros possui maior

área superficial total disponível a transferência de massa do que aquela com maiores

diâmetros. É fato que, na análise realizada, outros efeitos importantes merecem uma maior

investigação, tal como o efeito da fluidodinâmica de mistura e suspensão mecância dos pellets

no meio agitado, uma vez que partículas maiores tendem a se depositar mais facilmente na

parte inferior do bioreator.

Segundo os resultados apresentados na Tabela 19, tem-se que o melhor rendimento

obtido foi da ordem de 93,93% em relação ao rendimento Pasteur. Esse valor apresenta um

desempenho significativo e mostra que a proposta de imobilização é promissora do ponto de

vista técnico e operacional, apresentando-se como uma alternativa competitiva e eficaz.

LUONG(1985) citado por BORZANI et al., 2001, utilizando células de Zymomonas

mobilis imobilizadas em partículas de gel hidrofílico de K-carragenana e operando em leito

fluidizado, com glicose como substrato afirma que na concentração de glicose igual a 10g/L,

os efeitos difusivos eram desprezíveis se o diâmetro da partícula fosse igual ou menor que

1mm, com concentração celular no suporte/matriz igual a 27,6g/L. Nessas condições

operacionais a velocidade reacional se igualava a velocidade máxima possível. Por outro

lado, partículas que apresentavam concentração celular igual a 27,6g/L possuíam a velocidade

reacional máxima possível inferior e o mesmo ainda afirma que nessa situação, partículas

maiores que 3mm de diâmetro tem desempenho inferior.

FERREIRA (1986), utilizando Saccharomyces cerevisiae imobilizada em carragenato,

com esferas em torno de 4mm de diâmetro e utilizando a glicose como substrato, afirma que

os valores do coeficiente de partição independem das concentrações de etanol e glicose no

meio e que o efeito mais pronunciado é obtido em função da concentração de microrganismos

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61

no gel (Massa de microganismo / Massa de gel = 0,13). Dessa maneira é válido considerar se

o diâmetro e a concentração celular tem um efeito de interação significativo ou não, pois

segundo o autor o coeficiente de partição para o etanol tende a 1 , ou seja a concentração

dentro do gel e no leito tem o mesmo valor, enquanto que para a glicose o coeficiente fica em

torno de 0,73. Pelos resultados obtidos, acredita-se que existe uma condição de imobilização

que otimiza esses valores e que diâmetros maiores realmente dificultam a transferência de

massa, se considerados isoladamente, mas a interação da concentração do gel e o diâmetro

mostra que valores de diâmetro (4 mm) próximos aos valores relatados por FERREIRA

(1986) tem apresentado bons resultados. Outro aspecto a se destacar nesse trabalho, é que

dada a agitação do sistema, a transferência de massa foi significativamente melhorada,

justificativa essa para a proposição acima.

NAJAFPOUR et al., (2003) utilizando células de Saccharomyces cerevisiae

imobilizadas em alginato de cálcio em reator tipo batelada com concentração de substrato de

50g/L, obteve uma produtividade média de 2,8g/L.h, sendo esse desempenho ligeiramente

superior ao encontrado nos ensaios dessa dissertação, tendo em vista que na melhor condição

partiu-se de uma concentração inicial de glicose de 60g/L e atingindo uma produtividade de

3,2g/L.h. NAJAFPOUR et al., (2003) aponta as seguintes características de imobilização

apresentadas na Tabela 20.

Tabela 20 - Propriedades do alginato de cálcio (NAJAFPOUR et al., 2003)

Características gerais do processo de imobilização

Concentração de alginato (% p/ v) 1,5 2 3 4,5

Diâmetro dos pellets(mm) 5 4,9-5 4,8-4,9 4,5

Expansão do diâmetroapós 72h (%) 50-60 25-30 20-25 Sem expansão

Problemas de difusão Nenhum Nenhum Nenhum Talvez existam

Atividade Celular Ativa Totalmente ativa Totalmente ativa ParcialmenteAtiva

Aparência física Facilmentequebrável

Flexível e forte o suficiente para estabilidade

Flexível e forte Muito forte

Estabilidade Semestabilidade

Boa estabilidade Estável e rígida Muito rígida

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62

Pela Tabela 20, relativa aos trabalhos de NAJAFPOUR et al. (2003), observa-se que

concentrações baixas de alginato não tem estabilidade suficiente para condução do processo e

altas concentrações mostram que podem existir problemas relacionados a transferência de

massa. Pouco pode-se concluir a respeito dos diâmetros, pois a faixa de estudos foi

praticamente a mesma em todos os ensaios (Média = 5mm) e para a faixa estudada o autor

afirma que não encontrou problemas de difusividade. Essa faixa também foi estudada no

presente trabalho e é indicada como ótima pela função desejabilidade.

0 2 4 6 8 10-5

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

Con

cent

raçã

o: G

licos

e /E

tano

l(g/

L)

Tempo (h)

Etanol Glicose

0 2 4 6 8 10

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

Con

cent

raçã

o de

cél

ulas

livr

es (

g/L)

Tempo (h)

a) Consumo de glicose e produção de etanol b) Crescimento de células no meio de fermentação

0 2 4 6 8 105

10

15

20

25

30

35

40

45

Con

cent

raçã

o ce

lula

r no

inte

rior

do p

elle

t(g/

L)

Tempo (h)

0 2 4 6 8 10-0,5

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

Pro

dutiv

idad

e (g

/L)

Tempo (h)

c) Crescimento celular no interior da matriz porosa

d) Produtividade do processo

Figura 36 - Cinética e produtividade de fermentação do melhor ensaio obtido (n0 20, vide Apêndice).

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63

A Figura 36 apresenta o desempenho fermentativo obtido no melhor ensaio realizado

no planejamento 34-1, onde se representa graficamente as diversas curvas experimentais

indicadas respectivamente nos gráficos: crescimento de células livres no meio fermentativo,

crescimento celular no interior da matriz, consumo de glicose e produção de etanol.

Pode-se observar que a técnica de imobilização foi eficiente, pois após 10 horas de

fermentação a razão entre células livres / imobilizadas foi de aproximadamente 1,4% e após 8

horas de fermentação foi obtida a produtividade máxima média de 3,0g/L.h, com uma

concentração celular de 42g/L no interior do pellet.

O estudo de imobilização das partículas permite mostrar que nas condições de maior

produtividade, a relação percentual das concentrações de células livres e concentração de

células imobilizadas é uma medida da eficiência de imobilização, assim quanto menor for

esse número, melhor será a imobilização. É também claro que uma imobilização eficiente não

pode levar a um decaimento das características de produtividade associadas ao sistema.

Assim, fator de eficiência de imobilização menor que 2% com níveis de produtividade

superiores a 92% do rendimento Pasteur são altamente significativos para esses sistemas com

partículas imobilizadas em agitação ou em leito fluidizado. Nesse estudo, após 10h de

produção, os níveis de retenção situaram-se sempre da ordem de 1,0% a 1,5%.

Figura 37- Relação percentual entre concentração de células livres e células imobilizadas.

(%)

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64

A relação percentual entre células livres e imobilizadas apresentada no gráfico da

Figura 37, mostra que a técnica de imobilização foi eficiente do ponto de vista de retenção

celular, evidenciando dessa maneira que a capacidade de retenção do alginato foi

significamente melhorada com a utilização do Al(NO3)3.

A Figura 38 apresenta as partículas utilizadas nos experimentos. A Figura 38a

apresenta as partículas sem o tratamento de Al(NO3)3 representando partículas do tipo A após

5h de utilização, enquanto a Figura 38b apresenta as partículas do tipo B coletadas durante

uma fermentação para determinação da concentração média de células no interior das

mesmas.

Figura 38 – Partículas de alginato de cálcio com células imobilizadas: (a) Pellet do tipo A; (b) Pellet do tipo B.

A Tabela 21 apresenta uma breve comparação das características principais das

partículas do tipo A (preparadas com tempo de cura) e do tipo B (preparadas com a utilização

de Al(NO3)3) observadas nas faixas de experimentos realizadas.

Tabela 21 – Características aparentes das partículas investigadas

Características Pellet A Pellet B

Estabilidade mecânica Pouco estável Muito estável Problemas de difusão Não observado PequenoAtividade celular Ativa AtivaAparência Alongada após uso Flexível e forte Diâmetro Investigado 4mm (3,5-4,9)mm

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65

As características de estabilidade mecânica das partículas e as aparências das mesmas

foram avaliadas conforme segue: pellet do tipo A: avaliação após 5h de fermentação em

bioreator agitado operando em batelada; pellet do tipo B após 10h de fermentação sob as

mesmas condições de agitação. As Figuras 38a e 38b, ilustram as diferenças de características

aparentes das partículas. A avaliacão da atividade celular deu-se pelo acompanhamento da

produção de etanol desses sistemas, enquanto as características de difusão foram avaliadas

para níveis de agitação e diâmetros distintos para as partículas e a diferença comparadas a

produção do sistema para uma condição de células livres. Nesse sentido, para uma melhor

aprofundamento dessa análise um estudo de partição para o sistema de fermentação deve ser

feito.

Na próxima seção apresentam-se alguns aspectos desenvolvidos na modelagem do

fermentador investigado.

4.6 – Aspectos introdutórios para a modelagem do fermentador.

A cinética de transformação para um sistema com células imobilizadas é diferente

daquela resultante de células livre. Existem vários efeitos que contribuem para essas

diferenças sendo a modificação de ação metabólica e a existência de efeitos de resistência à

transferência de massa os fatores mais importantes dessa diferença. O balanço de massa para

o substrato dentro de uma partícula esférica pode ser escrito na forma unidimensional

conforme:

SRdr

dSDr

dr

d

r2

2

1(15)

Onde é a taxa de transformação do substrato por unidade de volume na partícula.SR

As condições de contorno para o problema são dadas por:

Em:

r=0, 0dr

dS

r=R, )( SSkdrdS

D oL (16)

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66

Onde:

S Substrato consumidoS0 Substrato inicial r Posição radial no pelletR Raio do pellet (Superfície da partícula) kL Constantes de inibição (Monod) D Coeficiente de difusividade

Escrevendo o modelo com variáveis adimensionalizadas:

oS

S (17)

R

r (18)

Tem-se o modelo adimensional e com D constante,

o

d d R Rd d DS

22

2

1 (19)

As condições de contorno na forma adimensional são,

Em 0 , 0d

d (20)

Em 1, )1()1( ShD

Rk

d

d L (21)

A simulação computacional desse modelo é simples e pode ser feita utilizando uma

metodologia de discretização acoplada a um algoritmo para solução de sistemas de equações

não lineares. Nesse trabalho utilizou-se a técnica de colocação ortogonal com polinômios de

Jacobi (VILLADSEN e MICHELSEN, 1978) em um ambiente Scilab. A investigação

preliminar utilizou-se uma cinética do tipo Michaelis-Menten dada pela expressão de taxa:

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67

xS

m

kC SR

K S (22)

A dificuldade de se medir a concentração de glicose (S) dentro da partícula fez com

que se escolhesse uma abordagem paramétrica de investigação preliminar onde investiga-se o

efeito dos parâmetros que descrevem o modelo. Nesse aspecto, busca-se valores que

possibilitem compreender o efeito a ser verificado experimentalmente em trabalhos futuros. O

sistema investigado, comm

o

K

S e vários valores de módulo de Thiele,

mDK

KCR22 ,

apresenta o comportamento descrito na Figura 39. Merece destaque o fato de que como a

concentração de células aumenta com o tempo, a exploração do comportamento desse sistema

para uma faixa de valores do módulo de Thiele permite esboçar o comportamento que esse

modelo descreve para o comportamento do sistema. De forma análoga, o raio da partícula

possui influência quadrática nesse comportamento.

Figura 39 - Comportamento estacionário de uma partícula com 5 pontos de colocação

internos, polinômio de Jacobi com 1, 1 , Sh=100, 2,0 e =[1(+), 10(x), 100(o)].

2

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68

O módulo de Thiele apresenta explicitamente, para uma partícula esférica com raio

fixo, uma proporcionalidade direta com a concentração de células, indicando assim que

durante a operação do sistema o comportamento qualitativo que se espera no tempo seja algo

similar ao resultado mostrado na Figura 39, considerando comportamento estacionário com

três níveis de concentração de células na partícula. Pode-se, também, investigar o efeito da

resistência externa à transferência de massa. Nesse trabalho, procurou-se minimizar esses

efeitos com uma agitação eficiente no sistema.

O sistema operando com células imobilizadas apresenta menores problemas em

relação a inibição pelo substrato. Mesmo assim, estudos do metabolismo das células

imobilizadas e avaliação dos mecanismos difusivos no interior de uma partícula num processo

de fermentação com células imobilizadas merecem ainda a atenção futura. Procurando

explorar os efeitos que tal descrição de modelo pode apresentar, faz-se na Figura 40 uma

análise com uma cinética com inibição pelo substrato e expressão de taxa dada por:

imS KSSK

kCSR

/1 (23)

Figura 40 - Comportamento estacionário de uma partícula com 5 pontos de colocação

internos, polinômio de Jacobi com 1, 1 . Sh=100, 2,0 , =100 e =[0(+),10(x), 25( ),100( ))].

22

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69

A simulação para elevados níveis de módulos de Thiele faz com que o efeito de

inibição pelo substrato seja entendido à medida que o parâmetro de inibição

i

o

K

S2 aumenta, ou seja, com o aumento da inibição têm-se a esperada redução na queda de

concentração do substrato dentro da partícula. É fato também que com o crescimento celular,

os mecanismos difusivos se alteram e considerar que o coeficiente de difusividade interno é

constante pode não representar bem a realidade. De acordo com FERREIRA (1986), os

coeficientes de partição em partículas de gel contendo Saccharomyces cerevisiae são funções

da concentração celular, e possuem a tendência de redução com o aumento da concentração

de células no interior da partícula.

A consideração de uma cinética com inibição pelo produto segue mesmos padrões da

inibição pelo substrato e fornece uma expressão do tipo das Equações 24 e 25 para inibição

não competitiva e competitiva, respectivamente.

1 /Sm i

kCxSR

K S P K (24)

/Sm m I

kCxSR

K S K K P (25)

No caso da inibição pelo substrato, exige-se que o balanço de massa para o produto

também seja feito na partícula. Assim, o modelo descrevendo o sistema tem a forma:

SRdr

dSDr

dr

d

r2

21

e Sp Rdr

dPDr

dr

d

r2

21

(26)

Onde é a difusividade do etanol na partícula. Escrevendo o sistema na formaadimensionalizada, com:

pD

oS

P eD

Dp , têm-se:

o

d d R Rd d DS

22

2

1 e

o

d d R Rd d DS

22

2

1 1

(27)

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70

As condições de contorno na forma adimensional são,

Em 0 , 0d

de 0

dd

(28)

Em 1, )1()1( ShD

Rk

d

d L (29)

e )()( ooL Sh

DRk

dd

(30)

ondeo

oo S

P.

Somando-se as equações dos modelos pode-se mostrar que:

1o (31)

Isso permite que modelo seja resolvido apenas substituindo na expressão da taxa e resolve-

se o balanço de massa para o substrato. A resolução desse sistema para o caso em que a

concentração do produto na fase líquida é nula, I

o

K

S3 é investigada numa faixa inibitória

de 0 a 100 e 1 . A Figura 41 apresenta o comportamento para o substrato.

Page 88: ESTUDO DA IMOBILIZAÇÃO DE CÉLULAS DE...HPLC Comatografia Líquida de Alta Resolução viii LISTA DE SÍMBOLOS S Concentração de substrato S 0 Concentração de substrato inicial

71

Figura 41- Comportamento estacionário de uma partícula com inibição pelo produto de forma não competitiva utilizando 5 pontos de colocação internos, polinômios de Jacobi com

1, 1 , 2,0 , Sh=100, =100 e 23 =[0(+), 10(x), 25( ),100( )].

A análise apresentada não considera casos em que a difusividade é função da

concentração. Entretanto, essa consideração pode ser facilmente implementada nos sistemas

investigados nessa seção se tal comportamento constitutivo for conhecido.

Da avaliação preliminar do comportamento estacionário da concentração de substrato

dentro de uma partícula esférica pode-se inferir que o comportamento quando o número de

células precisa também ser considerado não é de todo simples para uma descrição transiente.

Abordando-se o reator de mistura investigado (e considerado em mistura perfeita), pode-se

escrever o balanço de células, etanol e glicose conforme seguem:

Balanço de células livres no fermentador:

efL R

dt

dC , (32) LC (0)

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onde é a taxa efetiva de crescimento celular no exterior da partícula com células

imobilizadas e

efR

a concentração inicial de células livres (<<1 g/L). Uma expressão

para para uma cinética tipo Monod pode ser dada por: efR

ncdpL

gfm

gfef CKC

CK

CR max , (33)

Assim, tem-se:

ncdpL

gfm

gfL CKCCK

C

dt

dC max

(34)

onde;

Cgf Concentração de glicose no fluido Ccd Concentração de células CL Concentração celular no leito Kp, Km , n. Constantes de processo mef Concentração de etanol no interior da partícula V Volume do reator

max Velocidade específica máxima

Na Equação 34, a primeira parcela é resultante do crescimento celular das células

livres e a segunda parcela origina-se do desprendimento da própria partícula, sendo e n

constantes que dependem fundamentalmente do processo utilizado para a confecção da

partícula e da operação do fermentador (resistência a estresse, etc.). Pelos resultados

experimentais apresentados nesse estudo, que não reutilizou partículas em fermentações

subseqüentes, a contribuição do número de células por desagregação de partículas pode ser

negligenciada, mantidos os níveis operacionais conforme investigado.

pK

A avaliação do comportamento do substrato e produto para o sistema pode ser descrita

pelos balanços:

Balanço de Etanol:

efLgfm

gfcP

ef mVCCK

CY

dt

VdC .max/ ; 0)0(efC (35)

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73

onde é a quantidade de etanol, gerada no interior da partícula, e que foi transferido para a

fase bulk do fermentador. Esse termo pode ser descrito conforme comumente feito na

literatura de transferência de massa, nesse caso, é proporcional a , ou seja

.

efm.

efm.

o(P P )

ef om (P P.

' )

Balanço de Glicose:

gfLgfm

gfcS

gf mVCCK

CY

dt

VdC .max/ ; goef CC )0( (36)

onde é a quantidade de glicose consumida no interior da partícula, e que foi retirada da

fase bulk do fermentador, nesse caso

gfm.

.' ( )gf gfm C S , C ogf S .

Evidentemente o modelo pode ser facilmente ajustado para considerar expressões

cinéticas de fermentação de glicose com Saccharomyces cerevisiae mais complexas. Os

balanços dentro da partícula podem ser expressos por:

Balanço dentro da Partícula

SRdr

dSDr

dr

d

rt

S 22

1 (37)

Sp Rdr

dPDr

dr

d

rt

P 22

1 (38)

Onde eS P são as concentrações de glicose e etanol no interior da partícula. As condições de

contorno para caso de coeficientes de transferência de massa nas vizinhanças externas à

partícula dadas por , são descritas por: Lk

Em r=0, 0dtdP

drdS

(39)

Em r=R, )( SSkdrdS

D oL e )( PPkdrdP

D oLp (40)

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74

O conjunto de equações descrevendo o modelo desse sistema, embora não seja

simples, ainda é tratável de um ponto de vista numérico, necessitando, entretanto, de

parâmetros cinéticos, de operação e internos à partícula. A simulação e validação do modelo

proposto, bem como a avaliação dos resultados experimentais, serão deixadas como sugestão

de continuidade desse trabalho.

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75

CAPÍTULO 05 – CONCLUSÕES

O uso de técnicas estatísticas para a condução dos ensaios, apresentou-se como uma

ferramenta robusta para a avaliação do processo fermentativo, permitindo a avaliação de

fatores que não são observáveis ou mensuráveis diretamente para sistemas complexos e as

interações entre eles.

Dos resultados obtidos pode-se concluir que:

A concentração de alginato de sódio influi diretamente no rendimento fermentativo,

como demonstrado no planejamento Screen. O ensaio realizado na condição em que a

concentração de alginato, o tempo de cura e a concentração de cloreto operaram nos

níveis: 1%, 0h, 0,2M , respectivamente, produziram o melhor rendimento observado,

embora com pellets pouco estáveis.

A alteração da concentração de cloreto de cálcio influi no rendimento fermentativo, de

forma não isolada e sim combinada com o tempo de cura. O aumento da concentração

de cloreto indica que em tempos de cura relativamente curtos, existe a necessidade de

saturação da solução de cloreto. Nos experimentos do planejamento 23, verificou-se

que as partículas eram afetadas demasiadamente para os níveis de concentração de

glicose investigados, mesmo para elevadas concentrações de cloreto de cálcio e

tempos de cura de 24 horas. Essa constatação levou a mudança no procedimento de

preparação das partículas com a adoção de Al(NO3)3, que levou a partículas de maior

resistência mecânica e com eficiente imobilização de células no seu interior, mesmo

para partículas com 4,9mm de diâmetro e sob condições de suspensão mantida com

agitação mecânica.

O alginato de sódio mostrou-se isoladamente importante ou em interação com outros

fatores estudados e até mesmo em interações quadráticas, como mostrado no

planejamento composto central.

A matriz de gel é robusta à concentração de glicose e etanol no meio. O gráfico das

médias marginais mostra que a glicose não teve atuação significativa no processo no

intervalo de confiança estudado.

A técnica de gotejamento do alginato de sódio mostrou-se satisfatória para a produção

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76

de pellets com elevado grau de esfericidade.

Não foi estudado o tipo de empacotamento da célula no interior no pellet, mas pode-se

inferir que ele não foi agressivo para o microrganismo, em virtude da taxa de

crescimento celular verificada no pellet após a sua solubilização.

A função desirability (desejabilidade) para a fração 24 teve seu alvo global de 97,55%,

mostrando que a escolha das variáveis independentes para otimizar o rendimento

fermentativo foi adequado, de outra forma, o planejamento composto central tipo 34-1

teve sua alvo global de 100%, mostrando que a ampliação da faixa investigada para as

variáveis independentes levou ao aperfeiçoamento da região experimental. A faixa de

concentração de glicose com maior desirability acontece próximos aos extremos do

planejamento, indicando que a avaliação de uma faixa mais ampla pode ser importante

para esse estudo.

As avaliações conduzidas com a função valor desejado mostram que a região

investigada captura um ponto de ótimo rendimento. Dentre os experimentos

realizados, esse ponto é próximo aos valores de concentração de glicose igual a 65g/L,

concentração de alginato igual a 2,2%, a concentração de cloreto igual a 0,26M e o

diâmetro do pellet igual a 5,2mm.

Analisando a formação do pellet como uma mistura de três componentes e utilizando o

algoritmo de Piepel e Snee, com as devidas restrições, foi possível construir e projetar

um planejamento estatístico bem posto e avaliar quais foram os fatores mais

significativos e que impactaram no processo fermentativo.

A alteração da concentração de alginato influi no rendimento fermentativo

diretamente. Os fenômenos de transferência de massa e difusividade estão fortemente

ligados à concentração de alginato de sódio usada para confecção das esferas.

O tratamento das partículas com Al(NO3)3 contribuiu para melhoria de estabilidade do

pellet estudado e de sua resistência mecânica, garantindo uma melhor capacidade de

retenção celular em comparação aos pellets obtidos e tratados com tempo de cura. A

imobilização das células nas condições investigadas manteve grau elevado de

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77

atividade celular, o que constitui em fator promissor da utilização industrial desses

pellets na produção de etanol.

A investigação do sistema nas condições estabelecidas pelos planejamentos de

experimentos confirmam que o uso de técnicas estatísticas para a condução dos

ensaios permite a avaliação de fatores que não são observáveis ou mensuráveis

diretamente para sistemas complexos e as interações entre eles.

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78

CAPÍTULO 06 – SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Ampliar a faixa de concentração de glicose para valores acima de 100 g/L e verificar,

se existe ação inibitória para o microrganismo, problemas relativos a transferência de

massa e difusividade no gel.

Determinar a faixa de concentração ótima de Al(NO3)3 que proporciona pellets com

características adequadas de baixa resistência à transferência de massa com elevada

resistência mecânica.

Desenvolver técnicas analíticas compatíveis com a precisão necessária a uma maior

fundamentação experimental do fenômeno de fermentação com células imobilizadas.

Nesse aspecto, a utilização da cromatografia de alta resolução (HPLC) para o cálculo

do coeficiente de partição do etanol e da glicose pode ser uma contribuição valiosa.

Otimizar as condições de operação de um bioreator em sistema batelada.

Analisar as condições de imobilização em bioreatores operando em sistema contínuo

em regimes de leito fixo e fluidizado.

Avaliar outros tipos de suporte para a investigação da imobilização.

Desenvolver experimentos para medida de parâmetros de transferência de massa para

o sistema partícula-fermentador.

Validar modelo e simular os diversos esquemas de bioreator descritos nesse texto.

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79

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84

Apêndices

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85

Apêndice A

1 - Curvas de Calibração

As curvas de calibração para a quantificação da concentração de etanol e celular foram

elaboradas utilizando-se o software Origin 7.0®. O teste estatístico utilizado para sua

validação foi o teste t-Student, com resultados apresentados na Tabela A1, onde a absorbância

(ABS) é correlacionada à concentração celular e de etanol conforme metodologia apresentada

por NETO et al. (2001).

Tabela A1 – Curvas de calibração para concentração celular e de etanol

Concentração celular

ABS = -9,023x10-4 +0,0437x[concentração (g/L)]

Correlação Desvio Padrão Número de amostras (N) t0,999 0,009 7 <0,0001

Concentração de etanol

ABS = 0,011 +0,031x[concentração (g/L)]

Correlação Desvio Padrão Número de amostras (N) t0,996 0,007 6 <0,0001

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86

Apêndice B

1- Resultados dos Ensaios de Fermentação Realizados

Tabela B1 - Resultado da cinética de fermentação – Ensaio 01

Ensaio Concentração de Glicose (g/L)

Diâmetro do Pellet (mm)

Concentração de Alginato de Sódio

(% p/v)

Concentração de Cloreto de Cálcio

(M)1 41,35 3,5 2,2 0,1

Tempo (h) Concentração de Etanol (g/L)

Concentração de Glicose (g/L)

Concentração de Células Livres (g/L)

Concentraçãode Células

Imobilizadas (g/L)

02468

1012

06,25

12,1617,95____________

41,3525,2410,20

0____________

00,02720,06530,2893____________

8,111,3617,1626,68____________

Tabela B2 - Resultado da cinética de fermentação – Ensaio 02

Ensaio Concentração de Glicose (g/L)

Diâmetro do Pellet(mm)

Concentração de Alginato de Sódio

(% p/v)

Concentração de Cloreto de Cálcio

(M)2 88,65 3,5 2,2 0,1

Tempo (h) Concentração de Etanol (g/L)

Concentração de Glicose (g/L)

Concentração de Células Livres (g/L)

Concentraçãode Células

Imobilizadas (g/L)

0 0 88,65 0 8,12 5,56 76,25 0,02610 11,784 13,25 60,01 0,06432 17,256 20,12 42,15 0,2791 25,658 25,10 21,36 0,50400 40,39

10 37,73 4,30 0,5850 46,3112 ____ ____ ____ ____

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87

Tabela B3 - Resultado da cinética de fermentação – Ensaio 03

Ensaio Concentração de Glicose (g/L)

Diâmetro do Pellet(mm)

Concentração de Alginato de Sódio

(% p/v)

Concentração de Cloreto de Cálcio

(M)3 41,35 4,9 2,2 0,1

Tempo (h) Concentração de Etanol (g/L)

Concentração de Glicose (g/L)

Concentração de Células Livres (g/L)

Concentraçãode Células

Imobilizadas (g/L)

0 0 41,35 0 8,12 4,58 29,24 0,04789 10,894 10,69 16,20 0,06532 16,256 15,67 3,51 0,5873 27,988 ____ ____ ____ ____

10 ____ ____ ____ ____12 ____ ____ ____ ____

Tabela B4 - Resultado da cinética de fermentação – Ensaio 04

Ensaio Concentração de Glicose (g/L)

Diâmetro do Pellet(mm)

Concentração de Alginato de Sódio

(% p/v)

Concentração de Cloreto de Cálcio

(M)4 88,65 4,9 2,2 0,1

Tempo (h) Concentração de Etanol (g/L)

Concentração de Glicose (g/L)

Concentração de Células Livres (g/L)

Concentraçãode Células

Imobilizadas (g/L)

0 0 88,65 0 8,12 3,69 77,12 0,02320 10,164 11,25 57,26 0,05522 16,106 17,04 44,15 0,2893 27,608 25,12 22,33 0,50380 36,40

10 29,59 5,30 1,026 49,3412 34,70 0,71 1,4121 53,12

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88

Tabela B5 - Resultado da cinética de fermentação – Ensaio 05

Ensaio Concentração de Glicose (g/L)

Diâmetro do Pellet(mm)

Concentração de Alginato de Sódio

(% p/v)

Concentração de Cloreto de Cálcio

(M)5 41,35 3,5 2,8 0,1

Tempo (h) Concentração de Etanol (g/L)

Concentração de Glicose (g/L)

Concentração de Células Livres (g/L)

Concentração de Células

Imobilizadas (g/L)

0 0 41,35 0 8,12 2,36 31,00 0,02611 11,004 6,72 19,03 0,07513 16,996 9,11 11,1 0,2997 26,898 10,23 4,09 0,5200 38,25

10 14,28 0,66 0,5800 41,3312 ____ ____ ____ ____

Tabela B6 - Resultado da cinética de fermentação – Ensaio 06

Ensaio Concentração de Glicose (g/L)

Diâmetro do Pellet(mm)

Concentração de Alginato de Sódio

(% p/v)

Concentração de Cloreto de Cálcio

(M)6 88,65 3,5 2,8 0,1

Tempo (h) Concentração de Etanol (g/L)

Concentração de Glicose (g/L)

Concentração de Células Livres (g/L)

Concentração de Células

Imobilizadas (g/L)

0 0 88,65 0 8,12 6,8 66,21 0,02720 12,464 11,01 55,09 0,06532 18,366 17,21 41,19 0,2893 24,788 28,12 24,26 0,50380 35,25

10 31,54 9,25 0,5800 42,4312 34,21 0 0,9923 49,65

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89

Tabela B7 - Resultado da cinética de fermentação – Ensaio 07

Ensaio Concentração de Glicose (g/L)

Diâmetro do Pellet (mm)

Concentração de Alginato de Sódio

(% p/v)

Concentração de Cloreto de Cálcio

(M)7 41,35 4,9 2,8 0,1

Tempo (h) Concentração de Etanol (g/L)

Concentração de Glicose (g/L)

Concentração de Células Livres (g/L)

Concentração de Células

Imobilizadas (g/L)

0 0 41,35 0 8,12 4,10 29,23 0,02680 11,774 6,75 16,20 0,06342 16,756 11,24 9,77 0,2689 27,118 15,02 3,35 0,5134 33,13

10 17,24 0 0,9685 40,2412 ____ ____ ____ ____

Tabela B8 - Resultado da cinética de fermentação – Ensaio 08

Ensaio Concentração de Glicose (g/L)

Diâmetro do Pellet(mm)

Concentração de Alginato de Sódio

(% p/v)

Concentração de Cloreto de Cálcio

(M)8 88,65 4,9 2,8 0,1

Tempo (h) Concentração de Etanol (g/L)

Concentração de Glicose (g/L)

Concentração de Células Livres (g/L)

Concentraçãode Células

Imobilizadas (g/L)

0 0 88,65 0 8,12 3,12 76,25 0,02517 9,314 6,65 60,01 0,06223 14,986 14,56 42,15 0,2961 23,648 23,61 21,36 0,52650 32,41

10 31,04 4,30 0,5678 42,3112 37,6 0 1,0030 45,97

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90

Tabela B9 - Resultado da cinética de fermentação – Ensaio 09

Ensaio Concentração de Glicose (g/L)

Diâmetro do Pellet (mm)

Concentração de Alginato de Sódio

(% p/v)

Concentração de Cloreto de Cálcio

(M)9 41,35 3,5 2,2 0,26

Tempo (h) Concentração de Etanol (g/L)

Concentração de Glicose (g/L)

Concentração de Células Livres (g/L)

Concentração de Células

Imobilizadas (g/L)

0 0 41,35 0 8,12 8,1 19,89 0,02915 10,984 15,4 11,24 0,06262 16,946 18,2 0 0,2762 22,528 ____ ____ ____ ____

10 ____ ____ ____ ____12 ____ ____ ____ ____

Tabela B10 - Resultado da cinética de fermentação – Ensaio 10

Ensaio Concentração de Glicose (g/L)

Diâmetro do Pellet(mm)

Concentração de Alginato de Sódio

(% p/v)

Concentração de Cloreto de Cálcio

(M)10 88,65 3,5 2,2 0,26

Tempo (h) Concentração de Etanol (g/L)

Concentração de Glicose (g/L)

Concentração de Células Livres (g/L)

Concentração de Células

Imobilizadas (g/L)

0 0 88,65 0 8,12 1,45 66,25 0,02496 12,264 12,11 55,01 0,06312 19,006 19,26 43,15 0,2743 25,788 31,51 11,16 0,5920 39,55

10 36,4 0,60 0,5911 41,2312 ____ ____ ____ ____

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91

Tabela B11 - Resultado da cinética de fermentação – Ensaio 11

Ensaio Concentração de Glicose (g/L)

Diâmetro do Pellet (mm)

Concentração de Alginato de Sódio

(% p/v)

Concentração de Cloreto de Cálcio

(M)11 41,35 4,9 2,2 0,26

Tempo (h) Concentração de Etanol (g/L)

Concentração de Glicose (g/L)

Concentração de Células Livres (g/L)

Concentraçãode Células

Imobilizadas (g/L)

0 0 41,35 0 8,12 1,1 27,24 0,02817 13,344 9,23 12,20 0,06966 20,126 10,17 3,1 0,3025 29,518 16,78 0 0,49985 31,24

10 ____ ____ ____ ____12 ____ ____ ____ ____

Tabela B12 - Resultado da cinética de fermentação – Ensaio 12

Ensaio Concentração de Glicose (g/L)

Diâmetro do Pellet(mm)

Concentração de Alginato de Sódio

(% p/v)

Concentração de Cloreto de Cálcio

(M)12 88,65 4,9 2,2 0,26

Tempo (h) Concentração de Etanol (g/L)

Concentração de Glicose (g/L)

Concentração de Células Livres (g/L)

Concentraçãode Células

Imobilizadas (g/L)

0 0 88,65 0 8,12 4,3 69,20 0,02986 11,514 9,21 57,01 0,06345 17,196 16,12 43,15 0,3000 25,918 27,1 19,98 0,5975 38,95

10 31,04 9,12 0,6104 44,3912 35,56 1,22 1,1253 47,32

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92

Tabela B13 - Resultado da cinética de fermentação – Ensaio 13

Ensaio Concentração de Glicose (g/L)

Diâmetro do Pellet(mm)

Concentração de Alginato de Sódio

(% p/v)

Concentração de Cloreto de Cálcio

(M)13 41,35 3,5 2,8 0,26

Tempo (h) Concentração de Etanol (g/L)

Concentração de Glicose (g/L)

Concentração de Células Livres (g/L)

Concentração de Células

Imobilizadas (g/L)

0 0 41,35 0 8,12 2,54 28,72 0,02699 8,34 8,59 14,03 0,05932 19,146 11,23 7,16 0,2811 24,238 16,13 5,6 0,57280 26,25

10 ____ ____ ____ ____12 ____ ____ ____ ____

Tabela B14 - Resultado da cinética de fermentação – Ensaio 14

Ensaio Concentração de Glicose (g/L)

Diâmetro do Pellet (mm)

Concentração de Alginato de Sódio

(% p/v)

Concentração de Cloreto de Cálcio

(M)14 88,65 3,5 2,8 0,26

Tempo (h) Concentração de Etanol (g/L)

Concentração de Glicose (g/L)

Concentração de Células Livres (g/L)

Concentraçãode Células

Imobilizadas (g/L)

0 0 88,65 0 8,12 5,85 68,25 0,02520 13,254 11,26 54,01 0,06592 17,126 17,45 47,31 0,2943 27,638 23,2 23,16 0,5180 40,44

10 29,41 16,31 0,5750 45,3012 31,06 7,52 0,6500 49,3214 36,39 1,11 1,3012 49,11

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93

Tabela B15 - Resultado da cinética de fermentação – Ensaio 15

Ensaio Concentração de Glicose (g/L)

Diâmetro do Pellet(mm)

Concentração de Alginato de Sódio

(% p/v)

Concentração de Cloreto de Cálcio

(M)15 41,35 4,9 2,8 0,26

Tempo (h) Concentração de Etanol (g/L)

Concentração de Glicose (g/L)

Concentração de Células Livres (g/L)

Concentraçãoce Células

Imobilizadas (g/L)

0 0 41,35 0 8,12 3,9 25,24 0,02719 11,234 12,6 10,20 0,06585 16,136 18,6 5,63 0,2800 21,688 ____ ____ ____ ____

10 ____ ____ ____ ____12 ____ ____ ____ ____

Tabela B16 - Resultado da cinética de fermentação – Ensaio 16

Ensaio Concentração de Glicose (g/L)

Diâmetro do Pellet(mm)

Concentração de Alginato de Sódio

(% p/v)

Concentração de Cloreto de Cálcio

(M)16 88,65 4,9 2,8 0,26

Tempo (h) Concentração de Etanol (g/L)

Concentração de Glicose (g/L)

Concentração de Células Livres (g/L)

Concentração de Células

Imobilizadas (g/L)

0 0 88,65 0 8,12 3,1 76,25 0,02310 10,944 8,5 60,01 0,05532 17,456 17,4 42,15 0,2993 25,368 26,1 21,36 0,5280 38,44

10 29,3 4,30 0,6100 41,3112 38,53 0 1,0500 52,32

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94

Tabela B17 - Resultado da cinética de fermentação – Ensaio 17

Ensaio Concentração de Glicose (g/L)

Diâmetro do Pellet(mm)

Concentração de Alginato de Sódio

(% p/v)

Concentração de Cloreto de Cálcio

(M)17 65 4,2 2,5 0,18

Tempo (h) Concentração de Etanol (g/L)

Concentração de Glicose (g/L)

Concentração de Células Livres (g/L)

Concentraçãode Células

Imobilizadas (g/L)

0 0 65 0 8,12 3,45 33,41 0,02729 13,024 11,62 20,84 0,06542 19,146 25,69 10,12 0,27226 28,668 27,6 2,70 0,55886 39,55

10 ____ ____ ____ ____12 ____ ____ ____ ____

Tabela B18 - Resultado da cinética de fermentação – Ensaio 18

Ensaio Concentração de Glicose (g/L)

Diâmetro do Pellet(mm)

Concentração de Alginato de Sódio

(% p/v)

Concentração de Cloreto de Cálcio

(M)18 30 4,2 2,5 0,18

Tempo (h) Concentração de Etanol (g/L)

Concentração de Glicose (g/L)

Concentração de Células Livres (g/L)

Concentraçãode Células

Imobilizadas (g/L)

0 0 30 0 8,12 3,21 22,11 0,03020 12,364 13,51 0,11 0,09512 17,126 ____ ____ ____ ____8 ____ ____ ____ ____

10 ____ ____ ____ ____12 ____ ____ ____ ____

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95

Tabela B19- Resultado da cinética de fermentação – Ensaio 19

Ensaio Concentração de Glicose (g/L)

Diâmetro do Pellet(mm)

Concentração de Alginato de Sódio

(% p/v)

Concentração de Cloreto de Cálcio

(M)19 100 4,2 2,5 0,18

Tempo (h) Concentração de Etanol (g/L)

Concentração de Glicose (g/L)

Concentração de Células Livres (g/L)

Concentração de Células

Imobilizadas (g/L)

0 0 100 0 8,12 3,54 80,01 0,02729 10,944 12,59 72,15 0,06530 17,146 17,56 63,03 0,2356 24,698 27,6 44,17 0,5000 36,44

10 31,94 29,30 0,5622 39,3712 27,61 19,12 0,6529 44,3114 37,25 8,59 0,9564 49,2216 45,27 1,66 1,60982 52,24

Tabela B20 - Resultado da cinética de fermentação – Ensaio 20

Ensaio Concentração de Glicose (g/L)

Diâmetro do Pellet(mm)

Concentração de Alginato de Sódio

(% p/v)

Concentração de Cloreto de Cálcio

(M)20 65 3,1 2,5 0,18

Tempo (h) Concentração de Etanol (g/L)

Concentração de Glicose (g/L)

Concentração de Células Livres (g/L)

Concentraçãode Células

Imobilizadas (g/L)

0 0 65 0 8,12 1,05 49,01 0,02785 12,324 8,69 32,82 0,06409 19,106 17,69 12,43 0,2762 23,588 26,11 6,56 0,5168 41,65

10 29,61 2,11 0,5600 42,1012 ____ ____ ____ ____

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96

Tabela B21 - Resultado da cinética de fermentação – Ensaio 21

Ensaio Concentração de Glicose (g/L)

Diâmetro do Pellet(mm)

Concentração de Alginato de Sódio

(% p/v)

Concentração de Cloreto de Cálcio

(M)21 65 5,2 2,5 0,18

Tempo (h) Concentração de Etanol (g/L)

Concentração de Glicose (g/L)

Concentração de Células Livres (g/L)

Concentraçãode Células

Imobilizadas (g/L)

0 0 65 0 8,12 0,98 41,01 0,02320 13,004 6,13 30,82 0,06329 16,996 19,5 12,43 0,2863 28,568 20,2 7,56 0,5022 39,45

10 23,4 2,71 0,5150 44,4312 25,61 0,95 1,1548 46,31

Tabela B22 - Resultado da cinética de fermentação – Ensaio 22

Ensaio Concentração de Glicose (g/L)

Diâmetro do Pellet(mm)

Concentração de Alginato de Sódio

(% p/v)

Concentração de Cloreto de Cálcio

(M)22 65 4,2 2 0,18

Tempo (h) Concentração de Etanol (g/L)

Concentração de Glicose (g/L)

Concentração de Células Livres (g/L)

Concentração de Células

Imobilizadas (g/L)

0 0 65 0 8,12 3,1 38,06 0,02633 12,364 8,6 29,82 0,06522 16,166 25,4 10,43 0,2988 25,688 27,12 0,33 0,5301 41,45

10 ____ ____ ____ ____12 ____ ____ ____ ____

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97

Tabela B23 - Resultado da cinética de fermentação – Ensaio 23

Ensaio Concentração de Glicose (g/L)

Diâmetro do Pellet(mm)

Concentração de Alginato de Sódio

(% p/v)

Concentração deCloreto de Cálcio

(M)23 65 4,2 3 0,18

Tempo (h) Concentração de Etanol (g/L)

Concentração de Glicose (g/L)

Concentração de Células Livres (g/L)

Concentração de Células

Imobilizadas (g/L)

0 0 65 0 8,12 4,9 52,25 0,02990 9,364 7,9 30,82 0,07032 14,166 15,63 16,43 0,3193 21,688 19,21 10,56 0,56380 36,45

10 20,89 5,62 0,64890 43,1312 21,04 0,6 1,2569 45,4214 23,14 0 1,6589 47,44

Tabela B24 - Resultado da cinética de fermentação – Ensaio 24

Ensaio Concentração de Glicose (g/L)

Diâmetro do Pellet(mm)

Concentração de Alginato de Sódio

(% p/v)

Concentração de Cloreto de Cálcio

(M)24 65 4,2 2,5 0,05

Tempo (h) Concentração de Etanol (g/L)

Concentração de Glicose (g/L)

Concentração de Células Livres (g/L)

Concentraçãode Células

Imobilizadas (g/L)

0 0 65 0 8,12 3,4 49,21 0,03129 11,744 8,9 36,82 0,07219 17,586 13,45 17,43 0,31052 25,688 20,2 6,56 0,58964 38,41

10 24,51 0 0,69982 41,3312 ____ ____ ____ ____

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98

Tabela B25 - Resultado da cinética de fermentação – Ensaio 25

Ensaio Concentração de Glicose (g/L)

Diâmetro do Pellet(mm)

Concentração de Alginato de Sódio

(% p/v)

Concentração de Cloreto de Cálcio

(M)25 65 4,2 2,5 0,3

Tempo (h) Concentração de Etanol (g/L)

Concentração de Glicose (g/L)

Concentração de Células Livres (g/L)

Concentração de Células

Imobilizadas (g/L)

0 0 65 0 8,12 0,56 42,12 0,0242 12,464 5,1 31,25 0,0593 19,136 9,33 19,63 0,3193 28,678 15,28 12,51 0,5838 39,41

10 19,78 8,91 0,7100 41,3712 21,07 4,18 0,9988 47,2414 26,84 0,41 1,2358 49,86