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1 Mostra PROPEEs UFMG, v. 1, n. 1, 29 e 30 de Abril 2013
Avaliação das Tensões no Estado Limite de Serviço em Seções de
Concreto Protendido
Avaliation of Stresses in the Service Limit State in Prestressed Concrete
Sections
Thiago Pena Bortone1
1Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Estruturas da Universidade Federal de Minas Gerais;
Resumo
Este trabalho visa apresentar um modelo matemático e um fluxograma de software para a avaliação das tensões, no
estado limite de serviço, em seções de peças de concreto protendido em qualquer idade desde o instante da aplicação
da força de protensão. Inicia-se com a conceituação de concreto protendido, seus materiais, dispositivos e suas
vantagens na engenharia estrutural. Posteriormente é iniciada uma abordagem sobre reologia do concreto,
descrevendo sob o ponto de vista físico suas propriedades mecânicas e também a descrição das perdas de protensão
no sistema de pós-tração com armadura aderente. A seguir, apresentam-se as formulações matemáticas de tais
fenômenos conforme prescrição da norma brasileira NBR-6118 (ABNT, 2007). Terminada a parte conceitual
relacionada aos materiais, iniciam-se as exposições dos métodos numéricos utilizados para a determinação dos
esforços solicitantes dos elementos de vigas isostáticos ou hiperestáticos, bem como a introdução do conceito de
esforços hiperestáticos de protensão e suas influências em estruturas hiperestáticas. Por fim, apresenta-se um roteiro
de cálculo e um fluxograma com passos detalhados para futura criação de um software desenvolvido na linguagem
orientada a objetos, Microsoft Visual Basic .NET, com a finalidade de permitir a análise em termos quantitativos das
tensões em qualquer tempo especificado, verificando assim, para estruturas de vigas de eixo reto simplesmente
apoiadas, os estados limite de utilização preconizados pela norma NBR-6118 (ABNT, 2007), classificando a estrutura
quanto ao grau de protensão. Palavras-chave: Concreto Protendido. Tensões no Estado Limite de Serviço. Perdas Imediatas de Protensão. Perdas
Diferidas de Protensão.
Abstract
This paper presents a mathematical model and a flowchart of software for the avaliation of stresses in the service
limit state, in sections of prestressed concrete pieces in any ages until the moment of application of prestressing force.
It starts with the concept of prestressed concrete, materials, devices and their advantages in structural engineering.
Thereafter begins a discussion of rheology of the concrete, describing the point of view of their physical and
mechanical properties also the description of the loss of prestress in post-pull system with armor adherent. Next, we
present the mathematical formulations of such phenomena as prescribed by the Brazilian standard NBR-6118
(ABNT, 2007). Once the conceptual part related to materials, begin the exhibitions of the numerical methods used to
determine the internal forces of elements or hyperstatic isostatic beams, as well as introducing the concept of
prestressing hyperstatic efforts and their influences in statically indeterminate structures. Finally, it presents a guide
of calculation and a flowchart with detailed steps to creating a future software developed in object-oriented language,
Microsoft Visual Basic .NET, in order to enable analysis in quantitative terms at any time of tensions specified, thus
verifying structural beams straight shaft simply supported, states usage limit recommended by the standard NBR-
6118 (ABNT, 2007), classifying the structure of the degree of prestressing.
Keywords: Prestressed Concrete. Stresses in Service Limit State. Immediately Loss of Prestressing. Deferred Loss of
Prestressing.
1 Introdução
Ao longo dos tempos, a sociedade vem exigindo
estruturas cada vez mais eficientes tanto em questão de
suporte de cargas quanto em relação conforto em sua
utilização. Por isso, o homem está sempre em busca de
soluções no campo da engenharia para alcançar esses
objetivos.
O primeiro grande passo, no campo das estruturas de
concreto foia utilização do concreto armado que, segundo
Pfeil (1988), por definição, é o material misto obtido pela
colocação de barras de aço no interior do concreto. Nele, as
armaduras são posicionadas no interior da formaantes do
lançamento do concreto, obtendo-se assim uma peça de
concreto armado.
As armaduras colocadas nas peças de concreto armado
têm capital influência sobre a resistência última da
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Mostra PROPEEs UFMG, v. 1, n. 1, 29 e 30 de Abril 2013
estrutura, bem como sobre os fenômenos de deformações
excessivas e aparecimento de fissuras. Porém a falta de
conhecimento quanto aos modos de abordar o problema,
principalmente da fissuração, atrasou durante várias
décadas o desenvolvimento do concreto armado, levando os
projetistas a usar tensões muito baixas nas armaduras
tracionadas, limitando a capacidade de carga em serviço
(PFEIL, 1984a).
As preocupações com a fissuração do concreto levou os
engenheiros do início do século XX a utilizarem o artifício
de pré-compressão de vigas, de modo que, sob as cargas em
serviço a seção de concreto permanecesse toda comprimida
eportanto, livre de fissuras.
Daí surgiu-se o conceito da protensão de estruturas que,
segundo Pereira (1987), pode ser definido como o artifício
de introduzir em uma estrutura um estado prévio de
tensões, de modo a melhorar sua resistência ou seu
comportamento sob ação de diversas solicitações.
A pré-compressão era aplicada tracionando-se as barras
de armação antes da concretagem (Figura 1a). Após o
preenchimento das formas com concreto e decorrido um
período de cura do mesmo, as barras eram ancoradas por
meio de um conjunto formado de rosca e porca, em placas
metálicas situadas na face das vigas, cortando-se o excesso
de armadura ao final da operação (Figura 1b).
Figura 1: Concreto armado com barras de armadura pré-
tracionadas
SIMBOLOGIA:
a) – barras de armaduras tracionadas por meio de macacos
hidráulicos atuando nos bancos de ancoragem;
b) – viga após a cura do concreto e cabos de protensão
ancorados aplicando uma força P de compressão;
1 – armadura de protensão;
2 – forma da viga;
3 – bancos de ancoragem;
4 –viga concretada;
5 –placa de ancoragem do cabo de protensão;
Os ensaios de flexão de vigas pré-comprimidas
revelaram excelente comportamento sem que a viga
fissurasse sob as cargas de serviço. Porém, com a repetição
da experiência, depois de decorridos alguns mesesverificou-
se que a melhora do comportamento havia desaparecido e a
mesma estava se comportando da mesma forma que uma
estrutura de concreto armado usual, sem alongamento das
armaduras.
Este fato não foi compreendido na época devido ao
pouco conhecimento acerca do efeito dos fenômenos de
relaxação do aço, retração e fluência do concreto.
Em 1928, o engenheiro francês Eugène Freyssinet
(LEONHARDT, 1983), não só fundamentou teoricamente
os citados fenômenos como também criou um sistema
capaz de comprimir a viga de maneira durável.
Em seus estudos, ele comprovou que os encurtamentos
unitários no concreto devido à retração e fluência,
correspondiam a tensões de 15 a 25 KN/cm², o que
explicava o desaparecimento do efeito da pré-compressão
das vigas visto que as armaduras eram tracionadas a tensões
de ordem de 10 a 12 KN/cm². Freyssinet então passou a
utilizar fios de aço trefilado, que trabalhavam com tensões
iniciais da ordem de 100 KN/cm² restando ao passar do
tempo, uma tensão de compressão permanente de 75 a 85
KN/cm².
2 Objetivos
Visto a importância da aferição das tensões iniciais e
finais para o comportamento estrutural de peças de concreto
protendido, esse trabalho visa apresentar um roteiro de
cálculo e um fluxograma com passos detalhados para futura
criação de um software escrito, na linguagem orientada a
objetos, Microsoft Visual Basic .NET com a finalidade de
permitir a análise em termos quantitativos das tensões em
qualquer tempo especificado, verificando assim, para
estruturas de vigas de eixo reto simplesmente apoiadas, os
estados limite de utilização preconizados pela norma
brasileira NBR-6118 (ABNT, 2007).
3 Importância da pesquisa
Como já é sabido, para todo e qualquer projeto de
estruturas é necessário atender os critérios de
dimensionamento tanto do estado limite último, que
determina à segurança a ruptura da peça, quanto dos
estados limites de serviço que garantem um adequado
funcionamento da estrutura para as cargas correntemente
aplicadas sobre ela.
Assim, esse trabalho vem propor um modelo e
posteriormente, uma implementação computacional, para
caracterizar o comportamento em serviço das estruturas
protendidas com cabos aderentes pós-tracionados
compostos de cordoalhas agilizando assim o processo de
cálculo das tensões no estado limite de serviço.
Suas aplicações são inúmeras desde lajes alveolares pré-
moldadas até seções de pontes e viadutos enfim, todas as
estruturas de concreto protendido podem ter suas tensões
avaliadas em qualquer tempo requerido de maneira mais
rápida comparada ao método de cálculo manual.
Bortone, T. P.
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4 Revisão bibliográfica
4.1 Aços para Protensão
Os aços atualmente utilizados e fabricados para uso em
estruturas de concreto protendido podem ser divididos em
três grandes grupos representados na Figura 2:
Figura 2: Tipos de Aços para Protensão
Suas características principais são (SCHMID, 2008):
Fios trefilados de aço carbono:
- Diâmetro máximo de 12 mm;
- Fornecidos em rolos ou bobinas;
- Resistência aumentada devido ao
encruamento do aço;
- Resistências mais elevadas para menores
diâmetros.
Cordoalhas sem revestimento (Figura 3):
- Fios enrolados em forma de hélice;
- Comumente em 3 a 7 fios;
- Aço de protensão aderente.
Cordoalhas com revestimento:
- Fios enrolados em forma de hélice;
- Comumente em 3 a 7 fios;
- Uso de graxa e capa de PEAD;
- Aço de protensão não aderente.
Cordoalhas para estais:
- Produzidas com 3 camadas protetoras à
corrosão;
- Fios galvanizados a quente;
- Uso de capa plástica resistente a raios
ultravioleta;
- Aço de protensão não aderente.
Barras de Aço:
- Peças retilíneas de comprimento limitado;
- Aço laminado a quente;
- Diâmetro superior a 12mm.
Podemos também classificar os aços de protensão
quanto a relaxação que, segundo Pereira (1987), é o
fenômeno da perda de tensão sob deformação imposta
constante. Os dois tipos são definidos como aço de
relaxação baixa (RB) e aço de relaxação normal (RN).
Até 1974, segundo Schmid (2008), eram fabricados no
Brasil somente aços de protensão de relaxação normal
(RN), também chamados aços aliviados. Estes aços são
retificados por um tratamento térmico que alivia tensões
internas de trefilação, através do qual os fios são passados
em chumbo derretido entre 250 e 500ºC, o que resulta na
melhora da linearidade do diagrama Tensão x Deformação.
Contudo, o fio de aço tracionado tende a ceder com o
tempo e consequentemente perder parte da tensão
introduzida com a protensão, fenômeno conhecido como
relaxação. Parte desta relaxação pode ser provocada
propositalmente durante o alívio das tensões, elevando-se a
temperatura entre 350 e 400ºC e provocando um
alongamento no fio de, aproximadamente, 1%. Esta etapa é
conhecida como estabilização e os aços produzidos e
sujeitos a este tratamento termomecânicosão denominados
estabilizados ou de relaxação baixa (RB).
Os aços utilizados atualmente para a protensão
caracterizam-se por suas elevadas resistências e pela
ausência de um patamar de escoamento.
Em se tratando de cordoalhas, que é objeto de estudo
desse artigo, sua designação se dá pelas letras CP (concreto
protendido) seguidas da resistência característica à ruptura
por tração em kgf/mm² e, indicação sobre sua relaxação RN
(relaxação normal) ou RB (relaxação baixa).
A curva tensão-deformação dos principais aços
utilizados no detalhamento de projetos de estruturas
protendidas são apresentadas na Figura 3 abaixo:
Figura 3: Diagrama Tensão-Deformação dos aços.
Aresistência característica a ruptura (fptk) dos tipos
mais comuns de aços para concreto protendido é
apresentada na Tabela 1:
Fios trefilados de aço carbono
Cordoalhas
Sem Revestimento
Engraxadas e Plastificadas
Para Estais Barras de aço
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Tabela 1: Característica de alguns tipos de aço.
4.2 Concreto
O concreto usual é constituído de quatro materiais:
agregado graúdo (brita), agregado miúdo (areia), água e
cimento portland. Os dois últimos constituintes formam um
material pastoso que preenche a maior parte dos vazios
entre os agregados e, quando esta pasta endurece, se forma
um material sólido, que é denominado concreto.
É conhecido que, o comportamento estrutural do
concreto varia sob o efeito do tempo e que, tais variações
devem ser tomadas em conta principalmente em estruturas
de concreto protendido. As principais parcelas contribuintes
para a deformação total do concreto são as deformações por
retração do concreto, a deformação elástica e por fluência
do concreto.
4.2.1 Deformação por Retração do Concreto
Segundo Pfeil (1983) denomina-se retração, a redução
de volume do concreto provocada por perda de umidade por
evaporação e/ou pela carbonatação do concreto (dissolução
de cristais de hidróxido de cálcio, seguida da transformação
em carbonato de cálcio).
O encurtamento total devido à retração depende de
diversos fatores sendo os mais importantes: a dimensão do
elemento estrutural, fator água/cimento, a umidade
ambiente e a temperatura de exposição da obra.
Seu efeito inicia a partir do momento em que a água
presente no concreto é consumida pelas reações químicas
que ocorrem no mesmo sendo, o processo de cura com uso
de água ou de produtos químicos, diminuidores de sua
intensidade.
A seguir vê-se um gráfico tempo-deformação indicativo
do efeito da retração do concreto (Figura 4).
4.2.2 Deformação Elástica do Concreto
A deformação elástica, como o próprio nome sugere,
segue a Lei de Hooke onde, a tensão devido ao
carregamento externo ou interno (ζ) é proporcional à
deformação específica (ε) e ao módulo de elasticidade
longitudinal ou módulo de Young do material constituinte
(E).
Essa deformação é reversível sendo assim eliminada de
maneira imediata após a remoção da solicitação (Figura 4).
4.2.3 Deformação por Fluência do Concreto
Segundo Pereira (1987), denomina-se fluência, o
acréscimo de deformação de uma peça sob tensão imposta
constante e pode ser ilustrada pela Figura 4:
Quando um carregamento é aplicado no concreto, uma
parte das tensões é absorvida pela água microscópica
presente no concreto e o restante pelo esqueleto sólido do
mesmo. Mantendo-se o carregamento por um longo período
de tempo, as tensões absorvidas pela água são lentamente
transferidas para o esqueleto do concreto aumentando assim
sua deformação.
A fluência é um fenômeno parcialmente reversível o
que significa que parteda é plástica.
O efeito da fluência depende de vários fatores, sendo os
mais importantes: a idade do concreto na época do
carregamento, a umidade ambiente, a temperatura ambiente
e as dimensões do elemento estrutural (FERRAZ, 1958b).
Figura 4: Deformações no concreto.
SIMBOLOGIA:
εc– Deformação específica do concreto;
εc,s – Deformação específica do concreto devido a retração;
εcc – Deformação específica do concreto devido a fluência;
εc,el – Deformação específica elástica do concreto.
4.3 Prescrições da NBR 6118 (2007)
4.3.1 Classe de Agressividade Ambiental
A agressividade do meio ambiente está relacionada às
ações físicas e químicas que atuam sobre as estruturas de
concreto independentemente das ações mecânicas ou outras
previstas no dimensionamento estrutural (NBR 6118;
ABNT, 2007).
As estruturas de concreto protendido assim como as de
concreto armado são classificadas quanto ao tipo de
ambiente em:
CP-105 Barra
CP-125 Barra
CP-150 RN Fio
CP-175 RN Cordoalha
CP-175 RB Cordoalha
CP-190 RN Cordoalha
CP-190 RB Cordoalha 190
175
190
150
175
105
125
Resistência Característica à
Ruptura (fptk) - KN/cm²Designação Tipo
Bortone, T. P.
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Tabela 2: Classes de Agressividade Ambiental.
Tal classificação gera requisitos mínimos a serem
atendidos no campo do cobrimento da armadura de modo a
evitar a corrosão da mesma, na qualidade do concreto e no
nível de protensão (Tabela 3).
Tabela 3: Exigências das Classes de Agressividade Ambiental.
4.3.2 Estados Limites de Serviço
Os estados limites de serviço previstos pela norma
brasileira NBR 6118 (ABNT, 2007) para estruturas de
concreto protendido são:
Estado Limite de Formação de Fissuras (ELS-F):
Estado em que inicia a formação de fissuras.
Admite-se que este estado é atingido quando a
tensão de tração máxima na seção transversal for
igual a resistência a tração na flexão do concreto;
Estado Limite de Abertura das Fissuras (ELS-W):
Estado em que as fissuras se apresentam com
aberturas iguais aos máximos permitidos;
Estado Limite de Deformações Excessivas (ELS-
DEF): Estado em que as deformações atingem os
limites estabelecidos para sua utilização;
Estado Limite de Descompressão (ELS-D): Estado
no qual em um ou mais pontos da seção
transversal a tensão normal é nula, não havendo
tração no restante da seção;
Estado Limite de Compressão Excessiva (ELS-
CE): Estado em que as tensões de compressão
atingem o limite convencional estabelecido.
4.3.3 Combinações de Ações de Serviço
As combinações de ações de serviço são classificadas de
acordo com sua permanência na estrutura e são definidas
pela norma brasileira NBR 6118 (ABNT, 2007) como:
Quase Permanentes (CQP): Podem atuar
durante grande parte da vida da estrutura.
Frequentes (CF): Se repetem muitas vezes
durante a vida da estrutura.
Raras (CR): Ocorrem algumas vezes durante a
vida da estrutura.
Para o cômputo das solicitações devido as combinações
descritas anteriormente procede-se segundo as fórmulas
abaixo com os coeficientes de ponderação descritos na
Tabela 4:
( ) ∑ ∑ (1)
( ) ∑ ∑ ∑
(2)
( ) ∑ ∑ (3)
SIMBOLOGIA:
Fd,serv– Solicitação em serviço;
Fgi,k– Solicitação permanente;
Fqj,k– Solicitação acidental;
Fg1,k– Solicitação permanente principal;
Fq1,k– Solicitação acidental principal;
ψ1j ou ψ1– Coeficiente de ponderação da solicitação acidental
principal;
ψ2 – Coeficiente de ponderação da solicitação acidental
secundária.
Tabela 4: Coeficientes de Ponderação.
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4.3.4 Níveis de Protensão
Os níveis de protensão estão relacionados com a
intensidade da força aplicada que por sua vez é função da
proporção de armadura ativa em relação à passiva.
As estruturas de concreto protendido pós-tracionadas
são classificadas quanto em três níveis onde para cada um
deles temos requisitos quanto a classe de agressividade
ambiental (CAA), fissuração e combinações de ações,
conforme a Tabela 5:
Tabela 5: Níveis de Protensão.
4.4 Sistema de Protensão com cabos
aderentes pós-tracionados compostos de
cordoalhas
No sistema de protensão com cabos aderentes pós-
tracionados, os cabos têm suas extremidades ancoradas no
concreto. Por isso, eles, além de aplicarem ao concreto um
esforço de compressão, podem ainda funcionar como
armadura de concreto convencional graças a aderência entre
os cabos e o elemento estrutural (FERRAZ, 1958a).
O sistema de armadura pós-tracionada é constituído
basicamente pelos cabos de protensão, suas ancoragens e o
equipamento de protensão.
4.4.1 Cabos de Protensão
Os cabos de protensão, como já descritos anteriormente,
são fabricados com o uso de aço de alta resistência,
aproximadamente quatro vezes mais resistente que o aço
usado no concreto armado.
Os cabos são posicionados dentro de bainhas metálicas,
geralmente feitas com chapas finas corrugadas, visando
assim garantir sua correta posição dentro do elemento
estrutural e também permitir tanto sua colocação antes da
concretagem quanto depois dela (fiação posterior). O
diâmetro das bainhas utilizadas depende do diâmetro do
cabo de protensão usado.
Após a concretagem do elemento estrutural, a bainha
metálica contendo o cabo de protensão é preenchida com
uma nata de cimento, o que garante uma proteção adicional
à armadura contra a corrosão e estabelece a aderência entre
o cabo e a peça de concreto.
Para atender a essas finalidades é necessário que ocorra
o preenchimento total dos espaços vazios das bainhas pela
nata de cimento sem que haja bolhas de ar ou água de
segregação. Além disso, a nata não deve conter em sua
composição elementos capazes de provocar corrosão do aço
e, que após seu endurecimento, haja garantida elevada
resistência (MACHADO, 1965)
O procedimento de preenchimento das bainhas é
controlado por meio de purgadores instalados ao longo da
peça. A saída desta nata dos purgadorescomprova o total
preenchimento dos vazios da bainha (ver Figura 5).
Figura 5: Purgador e bainha metálica.
4.4.2 Ancoragem dos Cabos
Os sistemas de ancoragem dos cabos de protensão nos
elementos estruturais compreendem dois tipos: ancoragens
ativas e ancoragens passivas ou mortas (Figura 6):
Figura 6: Tipos principais de ancoragem e seus subtipos.
As ancoragens ativas (Figura 7a) são aquelas por onde
se faz o estiramento dos cabos e são colocadas nos pontos
de saída dos mesmos. Sua localização deve ser escolhida de
modo a permitir fácil acesso e posicionamento dos
equipamentos de protensão (EMERICK, 2005).
De maneira geral, a fixação dos cabos nessas
ancoragensé feita através do processo de encunhamento.
Nesse processo, as cordoalhas são inicialmente separadas
uma a uma. Quando no instante de tracionamento de cada
cordoalha, a força de protensão determinada pelo projeto é
atingida, cunhas são forçadas no furo de passagem das
Ancoragens Ativas
Ancoragens Passivas ou
Mortas
Com uso de Dispositivos de
Ancoragem Ativa
Com uso de Laço ou Barras Dobradas
Com uso de formas Especiais
Bortone, T. P.
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cordoalhas de modo a não deixá-las regredir a posição
inicial.
Para o posicionamento das ancoragens ativas são feitos
antes da concretagem, rebaixos nas faces dos elementos
estruturais, chamados de nichos, que após a operação de
protensãosão preenchidas com concreto, de forma a
permitir um bom acabamento final da face da peça bem
como promover uma maior proteção a corrosão da
armadura protendida.
As ancoragens passivas ou mortas podem ser feitas pré-
cravando os fios das cordoalhas, utilizando um dispositivo
de ancoragem ativa ou podem ser feitas com uso de laços
ou barras dobradas, ancorando os cabos por aderência
dentro do corpo de concreto (Figura 7b).
Figura 7: Ancoragem ativa (a) e passiva (b).
4.4.3 Equipamentos de Protensão
Basicamente, para se executar a operação de protensão
em uma peça, o equipamento necessário é o macaco de
protensão. Ele é um dispositivo hidráulico para estiramento
do cabo onde se controla, através de um manômetro de
pressão, a força aplicada nas cordoalhas. Na medida em que
o cabo é tracionado, são feitas medições do alongamento do
mesmo para comparação com os dados de projeto.
4.5 Perdas de protensão no sistema com
cabos aderentes pós-tracionados compostos
de cordoalhas
Segundo Pfeil (1983), denominam-se perdas de protensão
todas as perdas verificadas nos esforços ou nas tensões
aplicadas aos cabos de protensão.
As perdas podem ser classificadas quanto ao agente
causador ou quanto à época de ocorrência (Figura 8).
Quanto à época de ocorrência, denominam-se perdas
imediatas as perdas que só dependem do sistema
construtivo da obra e perdas diferidas são aquelas que são
computadas de acordo com as propriedades dos materiais
incorporados na estrutura.
Figura 8: Classificação das perdas de protensão.
5 Metodologia
A metodologia está dividida em duas partes. A primeira
consiste na apresentação do modelo de cálculo para
computar os esforços e tensões tanto nas fases iniciais e
finais quanto em qualquer tempo determinado em seções de
elementos protendidos. Na segunda parte, é descrito o
roteiro em forma de fluxograma representando todos os
passos a serem percorridos para determinação das tensões
nas seções.
5.1 Modelo de Cálculo
O modelo matemático proposto considera que a estrutura
protendida é discretizada em um dado número de seções
transversais que têm propriedades geométricas conhecidas e
também que o número de cabos, área e geometria estão
definidos.
5.1.1 Hipóteses
Todas as formulações aqui consideradas são válidasse
satisfeitas as seguintes hipóteses:
Quanto ao Agente
Causador
Perdas por Atrito
Perda na cravação das Ancoragens
Perdas por Deformação do
Concreto
Deformação Elástica
Deformação por Fluência
Deformação por Retração Perdas por
Relaxação do Aço
Quanto a Época de Ocorrência
Perdas Imediatas
Perdas por Atrito
Perda na cravação das Ancoragens
Deformação Elástica
Perdas Diferidas
Deformação por Fluência
Deformação por Retração
Relaxação do Aço
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O endurecimento do concreto acontece a
condições ambientes constantes;
Existe uma perfeita aderência entre as barras de
armadura e o concreto;
A resistência a tração do concreto é considerada;
A peça analisada permanece no estádio I;
Os conceitos aqui expostos não são aplicáveis a
concretos sujeitos a temperaturas extremamente
altas (maiores do que 150ºC) ou baixas (menores
do que -20ºC).
5.1.2 Posições dos Cabos nas Seções
Para se determinar o traçado do cabo e garantir que o
mesmo seja suave e contínuo é necessária a inserção, por
parte do usuário, de pontos notáveis que, definirão trechos
de cabos onde, sua posição é completamente definida.
Para inserção de tais pontos do cabo usa-se uma
orientação de eixos cartesianos com origem na fibra
superior da seção mais à esquerda do elemento em análise.
O sentido positivo do eixo das abscissas vai da esquerda
para direita e do eixo das ordenadas de cima para baixo.
Com a definição dos pontos notáveis por trecho, as
ordenadas dos cabos nas seções do elemento estrutural são
definidas considerando:
Polinômios de 1º grau: apenas em trecho
horizontais;
Polinômios de 2º grau: demais casos.
Segundo essas premissas e visando um traçado suave
(sem angulosidade) dos cabos estabeleceu-se que no caso
de existir uma parábola no início do cabo, que não seja
seguida de um ponto de inflexão, a mesma terá derivada
primeira nula neste ponto sucessor. Caso ocorra uma
parábola no final do cabo, antecedida de um ponto que não
seja de inflexão, a mesma terá derivada primeira nula nesse
ponto antecessor. Não acontecendo nenhum dos dois casos
anteriores, teremos sempre trechos retos ou duas parábolas
consecutivas que serão definidas através das abscissas de
três pontos consecutivos cujas ordenadas do primeiro e
terceiro ponto tenham derivadas primeiras nulas. Os valores
da ordenada e da derivada primeira do ponto intermediário
são iguais para as duas parábolas.
Definidas assim as equações do desenvolvimento dos
cabos (Figura 9) basta calcular através das abscissas das
seções definidas pelo usuário, as ordenadas da posição dos
cabos de protensão bem como a variação angular de cada
trecho dos mesmos. Estes valores serão utilizados na
determinação do comprimento total do cabo bem como na
avaliação das perdas de tensão por atrito entre o cabo e a
bainha.
Figura 9: Processo para definição dos traçados dos cabos.
5.1.3 Perdas imediatas no sistema de protensão
com cabos aderentes pós-tracionados
compostos de cordoalhas
5.1.3.1 Perdas por Atrito
As perdas por atrito são de extrema importância para
determinação dos esforços de protensão atuantes ao longo
do elemento estrutural e acontecem nos macacos
hidráulicos, nas ancoragens e ao longo do comprimento dos
cabos de protensão.
5.1.3.1.1 Perdas por Atrito nos Macacos
Hidráulicos e nas Ancoragens
Essas perdas são determinadas através de ensaios e
variam de acordo com o modelo de macaco e ancoragens
utilizados. Seus valores dependem do esforço efetivo
aplicado nos cabos de protensão e é ligeiramente inferior ao
produto da pressão manométrica indicada pela área do
cilindro de protensão. Tais perdas equivalem, segundo Pfeil
(1984b), a 5% da tensão inicial aplicada.
Geralmente essas perdas são compensadas aplicando-se
aos cabos uma tensão (ζ) equivalente a:
(4)
onde Pmáx é a força aplicada pelo macaco e Acil a área do
cilindro do equipamento de protensão.
1) Definir os pontos notáveis dos cabos (trechos).
2a) Dois pontos consecutivos com mesma ordenada.
3a) Definição da equação analítica do trecho analisado segundo um polinômio do 1º
grau.
2b) Dois pontos consecutivos com ordenadas diferentes ou um dos
dois sendo um ponto de inflexão.
3b) Definição da equação analítica do trecho analisado segundo um polinômio do 2º
grau.
4) Computar o comprimento do cabo e sua variação angular.
Bortone, T. P.
9
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5.1.3.1.2 Perdas por Atrito ao Longo do Cabo de
Protensão
Em geral, os cabos de protensão utilizados nas estruturas
de concreto protendido têm em seu perfil longitudinal e em
alguns casos, em seu perfil transversal, trajetórias curvas.
Quando de seu estiramento durante a protensão, eles
atritam contra a parede das bainhas metálicas em que estão
inseridos provocando perdas na tensão inicial de protensão
(PFEIL, 1980).
A norma brasileira NBR-6118 (ABNT, 2007), diz que
nos elementos estruturais com pós-tração, a perda por atrito
pode ser determinada pela equação abaixo transcrita sob a
forma de tensão:
[ ( )] (5)
SIMBOLOGIA:
Δζanc – perda de tensão de protensão devido ao atrito ao longo do cabo;
ζpmáx – tensão inicial de protensão;
α – soma dos ângulos de desvio entre a ancoragem e o ponto de
abscissa x,em radianos;
μ –é o coeficiente de atrito aparente entre o cabo e a bainha, em
1/radianos;
k –é o coeficiente de perda por metro provocada por curvaturas não
intencionais do cabo.
Na falta de dados experimentais, a referida norma
brasileira propõe valores estimados para μ e k como mostra
a Tabela 6.
Tabela 6: Coeficientes de atrito.
5.1.3.2 Perdas na cravação das ancoragens
No processo de protensão que utiliza macacos hidráulicos
para promover o estiramento dos cabos e cunhas para
fixação dos mesmos ao término da aplicação da força,
sempre há, quando da cravação da cunha e descarregamento
do macaco hidráulico, uma penetração da cunha na
ancoragem e por consequência, uma perda na elongação do
cabo que se configura em uma perda de tensão do elemento
protendido (BUCHAIM, 2007).
Essa penetração deve ser determinada experimentalmente
ou adotado valores indicados pelos fabricantes dos
dispositivos de ancoragem (NBR 6118; ABNT, 2007).
Para o cômputo dessa perda faz-se uso de um processo
iterativo (Figura 10) onde determinado o comprimento
afetado pela penetração da cunha, é calculada a força
ancorada e por consequência, tem-se a tensão ancorada e a
perda de tensão (Figura 11).
Figura 10: Processo para o cálculo da perda por atrito na
cravação das ancoragens.
Figura 11: Diagrama de tensões com perda por atrito e
cravação das ancoragens.
5.1.3.3 Perdas por Deformação Elástica
As perdas por deformação elástica do concreto ou
encurtamento elástico, acontecem a medida que o elemento
estrutural tem em seu processo de protensão, mais de uma
fase de aplicação da força.
Assim, o primeiro cabo executado tem perda por
encurtamento elástico dos (n-1) cabos restantes e, o último
cabo tem essa perda nula.
Logo, a perda média de tensão por cabo pode ser
calculada por (NBR 6118; ABNT, 2007):
1) Traçar diagrama de tensões levando em conta as perdas por atrito.
2) Arbitrar o valor de x (comprimento afetado pela penetração da cunha).
3) Traçar, da orgiem até o ponto x, uma curva simétrica com sentido oposto a do diagrama de tensões
4) Calcular a área entre os diagramas.
5) Comparar o resultado com o deslocamento (δ) recomendado pelo fabricante da ancoragem.
6a) A tensão ancorada é igual ao valor, na origem, da curva traçada no passo 3.
6b) Voltar ao passo 2.
Valor = Valor ≠
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10
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( ) ( )
(6)
SIMBOLOGIA:
Δζp – perda de tensão de protensão devido ao encurtamento elástico do
concreto;
αp – relação entre os módulos de elasticidade do aço e do concreto;
ζcp – tensão no concreto causada pela protensão;
ζcg – tensão no concreto causada pela carga permanente.
5.1.4 Esforços Iniciais de Protensão
Após a determinação das perdas iniciais de protensão é
necessário determinar os esforços inicias de tal forma que:
∑ ( ) (7)
∑ ( ) (8)
∑ ( ) ( ) (9)
SIMBOLOGIA:
Nip – Força normal inicial de protensão na seção;
Ncab – Área do cabo de protensão na seção;
ζip – Tensão após as perdas imediatas de protensão do cabo na
seção;
α – Ângulo que o cabo faz com a horizontal na seção;
Qip – Força cortante inicial de protensão na seção;
Mip – Momento fletor inicial de protensão na seção;
Ycab – Ordenada do cabo na seção;
Ycg – Altura do centro de gravidade da seção.
5.1.5 Esforços Hiperestáticos de Protensão
Ao se protender uma estrutura estamos nada mais do
que inserindo um carregamento auto-equilibrado que
provoca esforços solicitantes nas seções, deformando-as.
Nas estruturas isostáticas, como estas deformações podem
ocorrer livremente, isto é, não são restringidas pelos apoios,
a protensão não modifica nem as reações de apoio nem os
diagramas de esforços solicitantes (GUYON, 1962).
Porém, quando temos estruturas hiperestáticas, por suas
restrições de deslocamento, há mudanças tanto nas reações
de apoio quando nos diagramas de esforços solicitantes.
Chamam-se de esforços hiperestáticos de protensão as
solicitações e reações geradas pela protensão em estruturas
hiperestáticas. Com isso o momento total em uma seção
qualquer será:
(10)
SIMBOLOGIA:
MSi – momento fletor solicitante em uma seção i;
MSe – momento fletor gerado pela solicitação externa;
Mhip – momento fletor hiperestático de protensão;
5.1.5.1 Cálculo dos Esforços Hiperestáticos de
Protensão
Para o cálculo das solicitações hiperestáticas de
protensão vamos utilizar o Método das Forças em sua
forma matricial.
Esse método consiste em criar uma de série de soluções
básicas da estrutura que satisfazem suas condições de
equilíbrio, mas não suas condições de compatibilidade para
que na superposição das mesmas essa condição seja
atendida (MARTHA, 2010). Logo, temos em ordem de
acontecimento: em primeiro lugar o estabelecimento das
condições de equilíbrio depois, as condições sobre o
comportamento dos materiais (leis constitutivas) e por fim
as condições de compatibilidade.
São obtidas após a resolução da estrutura pelo Método
das Forças, as reações de apoio hiperestáticas e com elas
são calculados os momentos hiperestáticos de protensão em
cada seção.
Para a obtenção das reações de apoio hiperestáticas
basta resolver um sistema de equações, apresentado aqui de
maneira matricial (Equação 11), onde no primeiro termo
temos a matriz de flexibilidade da estrutura (matriz
quadrada de ordem igual ao número de apoios da estrutura
hiperestática menos dois); no segundo termo o vetor de
reações hiperestáticas e no terceiro o vetor de deformações
na direção e sentido das reações de apoio redundantes,
provocadas pelo carregamento, aplicado a estrutura
isostática fundamental.
[
] [
] [
] (11)
∫
∫
∫
∫
(12)
Pode-se ver que cada termo aij da matriz de flexibilidade
da estrutura (Equação 12) é composto de 4 partes sendo,
por sua ordem de aparecimento, a componente que depende
do momento fletor, do esforço cortante, do momento torsor
e da força normal.
No presente trabalho, para o cálculo dos termos da
matriz de flexibilidade usaremos a Equação 13 pelos
motivos abaixo:
O termo relacionado ao momento de torsão
será nulo, pois, a análise aqui feita é contida no
plano (bidimensional);
O termo relacionado ao esforço normal
também será nulo pois, na estrutura não serão
aplicadas cargas horizontais;
O termo relacionado ao esforço cortante
também será nulo visto que o mesmo tem
Bortone, T. P.
11
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pouca representatividade perante ao termo
relacionado ao momento fletor.
∫
(13)
SIMBOLOGIA:
aij – Termos da matriz de flexibilidade (válidos para i e j ≠ 0);
ai0 – Termos do vetor Bi;
Mi ou Mj –Momento fletor nas seções, devido ao esforço unitário
aplicado na direção do hiperestático i ou j (valido para i e j ≠ 0);
M0- Momento fletor nas seções devido à protensão (inicial ou
final);
E – Módulo de elasticidade longitudinal do concreto;
I – Momento de inércia da seção estudada;
5.1.5.2 Primeira Regra de Simpson
Como somente possuímos os valores dos momentos
fletores em cada seção utilizaremos uma integração
numéricas para determinação dos termos da matriz de
flexibilidade.
O método de integração numérica adotado foi a primeira
regra de Simpson (Equação 14) generalizada que, é uma
interpolação polinomial de 2º grau, portanto tem valor
exato para funções de até 3º grau e também possibilita a
divisão desigual entre tramos.
Numerando a seção inicial da estrutura a partir do
número zero temos e, sendo um numero par de seções por
vão temos:
∑
(14)
SIMBOLOGIA:
Δx– Distância entre duas seções consecutivas quaisquer de cada
tramo;
aij – Termos da matriz de flexibilidade (válidos para i e j ≠ 0);
ai0 – Termos do vetor Bi;
Mi ou Mj–Momento fletor nas seções, devido ao esforço unitário
aplicado na direção do hiperestático i ou j (valido para i e j ≠ 0);
M0- Momento fletor nas seções devido à protensão (inicial ou
final);
E – Módulo de elasticidade longitudinal do concreto;
I– Momento de inércia da seção estudada;
Ns– Número total de seções;
C – Coeficiente de Simpson (1 para seções extremas, 2 para seções
de numero par e 4 para seções de numero ímpar).
5.1.6 Deformações diferidas do concreto
5.1.6.1 Idade Fictícia do Concreto
Chama-se de idade fictícia do concreto, uma correlação
matemática que visa ajustar as propriedades reológicas do
concreto para os casos em que seu endurecimento ocorre
em temperaturas diferentes de 20ºC e, tem influência nos
efeitos das deformações causadas por retração e fluência do
concreto. Tal formulação não se aplica, porém a concretos
submetidos a cura a vapor. Devido ao fato de ocorrer
variação de temperatura durante a execução da obra é
recomendado um cálculo levando em conta 20ºC de
variação sempre a favor da segurança.
Defini-se então que a idade corrigida do concreto,
segundo a NBR 6118 (ABNT, 2007) é:
∑
(15)
SIMBOLOGIA:
t – idade fictícia do concreto, em dias;
α – coeficiente dependente da velocidade de endurecimento do
cimento (Tabela 7);
Ti – temperatura média diária do ambiente, em graus Celsius;
Δtef,i – período, em dias, durante o qual a temperatura média diária
do ambiente Tipode ser admitida constante.
Tabela 7: Valores sugeridos pela norma NBR 6118 (ABNT,
2007) para o coeficiente α.
5.1.6.2 Espessura Fictícia da Peça
Chama-se de espessura fictícia da peça, a espessura de
uma parede, com as duas faces em contato com a
atmosfera, que sofre o mesmo efeito das deformações por
retração e fluência do concreto que a peça estudada,
multiplicada por um coeficiente que reflete a influência da
umidade relativa do ar sobre os citados efeitos (PFEIL,
1983).
Sua formulação matemática é proposta pela norma
brasileira NBR 6118 (ABNT, 2007) como sendo:
(16)
( ) (17)
SIMBOLOGIA:
hfic – espessura fictícia da peça;
γ – coeficiente dependente da umidade relativa do ar;
Ac – área da seção transversal da peça;
uar– parte do perímetro externo da peça em contato com o ar;
U – umidade relativa do ar, em porcentagem;
5.1.6.3 Deformação por Fluência no Concreto
5.1.6.3.1 Hipóteses Básicas
Para o cálculo das deformações por fluência no
concreto, quando das tensões em serviço, admitem-se as
seguintes hipóteses conforme consta da norma brasileira
NBR 6118 (ABNT, 2007):
a) A deformação por fluência do concreto εcc varia
linearmente com a tensão aplicada;
Avaliação das Tensões no Estado Limite de Serviço em Seções de Concreto Protendido
12
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b) Para acréscimos de tensão aplicados em instantes
distintos, os respectivos efeitos de fluência se
superpõem;
c) A deformação rápida produz deformações
constantes ao longo do tempo; os valores de
coeficiente φa são função da relação entre a
resistência do concreto no momento da aplicação
da carga e sua resistência final;
d) O coeficiente de deformação lenta reversível φd
depende apenas da duração do carregamento; o seu
valor final e o seu desenvolvimento ao longo do
tempo são independentes da idade do concreto no
momento da aplicação da carga;
e) O coeficiente da deformação lenta irreversível φf
depende da umidade relativa do ambiente,
consistência do concreto no lançamento, espessura
fictícia da peça, idade fictícia do concreto no
instante to da aplicação da carga e da idade fictícia
do concreto no instante considerado t.
f) Para o mesmo concreto, as curvas de deformação
lenta irreversível, em função do tempo,
correspondente as diferentes idade do concreto no
momento do carregamento, são obtidas, umas em
relação a outras, por deslocamento paralelo ao eixo
das deformações.
5.1.6.3.2 Valor da Deformação por Fluência do
Concreto
Segundo a norma brasileira NBR 6118 (ABNT, 2007), a
deformação devido a fluência do concreto é dada por:
( )
( ) (18)
√ (19)
( ) [ ( ) ( )] (20)
[ ( )
( )] (21)
(22)
(23)
(24)
( )
(25)
( )
(26)
(27)
(28)
(29)
(30)
SIMBOLOGIA:
εcc(t,to)– deformação devido a fluência do concreto;
ζc – tensão atuante na peça;
Ec28 – Módulo de Elasticidade inicial do Concreto aos 28 dias;
φ(t,to) – Coeficiente de Fluência;
fck – resistência característica a compressão do concreto em MPa;
φa – coeficiente de deformação rápida irreversível;
φf∞ – coeficiente de deformação lenta irreversível em função da
espessura fictícia da peça e umidade relativa do ar;
βf(t) ou βf(to)– coeficiente de deformação lenta irreversível em
função da espessura fictícia da peça e idade do concreto (Figura 12);
t – idade fictícia do concreto no instante considerado, em dias;
to – idade fictícia do concreto ao ser feito o carregamento, em dias;
φd∞ – coeficiente de deformação lenta reversível, considerado igual
a 0,4;
βd – coeficiente de deformação lenta reversível em função do tempo
(t-to) decorrido após o carregamento;
fc(to)/fc(t∞) – função do crescimento da resistência do concreto
com a idade;
φ1c – parcela do coeficiente de deformação lenta irreversível que
depende da umidade relativa do ar e da consistência do concreto.
Equação válida para abatimentos entre 5 cm e 9 cm. Para valores de
abatimento entre 0cm e 4cm, com U≤90%, considerar 25% menor
do que o calculado pela equação. Para valores de abatimento entre
10 cm e 15 cm, com U≤90%, considerar 25% maior do que o
calculado pela equação;
U – Umidade relativa do ar, em porcentagem;
φ2c – parcela do coeficiente de deformação lenta irreversível que
depende da espessura fictícia da peça;
hfic – Espessura fictícia da peça, em metros;
A, B, C e D – Coeficientes da função βf.
Figura 12: Diagrama do coeficiente βf.
Bortone, T. P.
13
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5.1.6.4 Deformação por Retração no Concreto
5.1.6.4.1 Hipóteses Básicas
Para o cálculo das deformações por retração no
concreto, admite-se a seguinte hipótese presente da norma
brasileira NBR 6118 (ABNT, 2007):
a) A deformação por retração do concreto
dependesomente da umidade relativa do ambiente,
da consistência do concreto no instante de seu
lançamento, da espessura fictícia da peça e da idade
fictícia do concreto.
5.1.6.4.2 Valor da Deformação por Retração do
Concreto
Segundo a norma brasileira NBR 6118 (ABNT, 2007), a
deformação devido à retração do concreto entre os instantes
t e to é dada por:
( ) [ ( ) ( )] (31)
(32)
(33)
(34)
( ) (
)
(
)
(
)
(
)
(
)
(
)
(35)
(36)
(37)
(38)
(39)
(40)
SIMBOLOGIA:
εcs(t,to)– deformação devido a retração do concreto;
εcs∞ – coeficiente de retração que leva em conta a umidade relativa
do ambiente, espessura fictícia da peça e consistência do concreto;
ε1s – coeficiente dependente da umidade relativa do ambiente e da
consistência do concreto. Equação válida para abatimentos entre 5
cm e 9 cm. Para valores de abatimento entre 0 cm e 4 cm, com
U≤90%, considerar 25% menor do que o calculado pela equação.
Para valores de abatimento entre 10 cm e 15 cm, com U≤90%,
considerar 25% maior do que o calculado pela equação;
ε2s – coeficiente dependente da espessura fictícia da peça;
U – Umidade relativa do ar, em porcentagem;
βs(t) ou βs(to) – coeficiente relativo a retração em função da
espessura fictícia da peça e idade do concreto (Figura 13);
hfic – Espessura fictícia da peça, em metros;
t – idade fictícia do concreto no instante considerado, em dias;
to – idade fictícia do concreto no instante em que o efeito da
retração na peça começa a ser considerado, em dias;
A, B, C, D e E – Coeficientes da função βs.
Figura 13: Diagrama do coeficiente βs.
5.1.7 Perdas diferidas no sistema de protensão com
cabos aderentes pós-tracionados compostos de
cordoalhas
Como já dito anteriormente, as perdas diferidas de
protensão se resumem em perdas causadas por deformação
do concreto pelo efeito de fluência e retração e por
relaxação do aço.
As deformações de fluência e relaxação são
interdependentes, pois a armadura de protensão não fica
submetida nem a tensão constante nem a deformação
constante. Além disso, ambos os fenômenos são também
influenciados pela retração do concreto. As perdas totais de
protensão não podem ser então explicitadas em termos de
variáveis conhecidas recaindo em um problema iterativo
(Figura 14).
Para determinação das perdas utilizaremos o método da
tensão média com Ec (módulo de elasticidade do concreto)
variável:
( ) ( ) ( )
( ( ) ( ))
( ) ( ) ( )
(41)
(42)
(43)
(
)
(
) (44)
(45)
(46)
Avaliação das Tensões no Estado Limite de Serviço em Seções de Concreto Protendido
14
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(47)
SIMBOLOGIA:
Δζp,csr – Perda de tensão na armadura de protensão devido a
fluência e retração do concreto e relaxação do aço;
εcs(t,to) – Deformação total por retração do concreto;
Ep – Módulo de elasticidade longitudinal do aço de protensão;
n – Razão entre o módulo de elasticidade longitudinal do aço de
protensão e do concreto aos 28 dias;
φ(t,to) – Coeficiente de deformação por fluência do concreto;
ζcg – Tensão no concreto, ao nível do cabo, devido ao peso próprio
e outras cargas permanentes atuantes;
ζcpo – Tensão inicial no concreto, ao nível do cabo, devido apenas a
protensão;
Δζpr – Perda de tensão na armadura de protensão devido ao efeito
da relaxação pura do aço;
ζpo – Tensão inicial no aço de protensão devido apenas a protensão;
Ec(t) – Módulo de elasticidade longitudinal do concreto no tempo
desejado;
Ec(to) – Módulo de elasticidade longitudinal do concreto no
momento do carregamento;
ζp – Tensão no aço de protensão;
qi – Função de relaxação do aço de protensão;
a, b e c – Coeficientes da função de relaxação;
ψ60 – Valores de relaxação pura do aço para uma tensão
correspondente a 60% de ζpo;
ψ70 – Valores de relaxação pura do aço para uma tensão
correspondente a 70% de ζpo;
ψ80 – Valores de relaxação pura do aço para uma tensão
correspondente a 80% de ζpo.
Figura 14: Fluxograma de determinação das perdas diferidas de
protensão.
5.1.8 Esforços Finais de Protensão
Após a determinação das perdas diferidas de protensão é
necessário determinar os esforços finais de tal forma que:
∑ ( ) (48)
∑ ( ) (49)
∑ ( ) ( ) (50)
SIMBOLOGIA:
Nfp – Força normal final de protensão na seção;
Acab – Área do cabo de protensão na seção;
ζfp – Tensão após as perdas diferidas e imediatas de protensão do
cabo na seção;
α – Ângulo que o cabo faz com a horizontal na seção;
Qfp – Força cortante final de protensão na seção;
Mfp – Momento fletor final de protensão na seção;
Ycab – Ordenada do cabo na seção;
Ycg – Altura do centro de gravidade da seção.
5.1.9 Tensões finais no sistema de protensão com
cabos aderentes pós-tracionados compostos de
cordoalhas
Após a determinação dos esforços iniciais e finais de
protensão, passamos ao cálculo das tensões normais
máximas e mínimas em cada seção para as diversas
combinações de ações com o uso das equações da
resistência dos materiais (HIBBELER, 2010) mostradas
abaixo:
(51)
(52)
SIMBOLOGIA:
ζsup – Tensão atuante na borda superior;
Nx – Força normal atuante na seção;
A – Área da seção transversal;
I – Momento Central de Inércia no sentido da flexão;
Mx – Momento fletor atuante na seção;
ζinf – Tensão atuante na borda inferior;
Ys – Distância do centro de gravidade da seção transversal à borda
superior;
Yi – Distância do centro de gravidade da seção transversal à borda
inferior.
5.2 Fluxograma Proposto
Visto os conceitos básicos das estruturas protendidas
bem como os métodos matemáticos para computar os
esforços tanto nas fases iniciais e finais quanto em qualquer
tempo determinado, estabelecemos aqui o roteiro em forma
de fluxograma que representa todos os passos a serem
percorridos para determinação das tensões nas seções.
O fluxograma proposto será dividido em módulos
numerados de 1 a 14 para maiores explicações e
detalhamentos. Esse fluxograma será implementado
utilizando a linguagem de programação orientada a objetos
Microsoft Visual Basic .NET.
5.2.1 Módulo 1 (Entrada de Dados)
O chamado módulo 1 é o módulo pré-processador de
dados e se resume a recepção de dados fornecidos pelo
1) Arbitrar um valor para Δζp,csr e calcular Δζpr (Equação 42).
2) Recalcular Δζp,csr (Equação 41).
3) Δζp,csr (Passo 1) = Δζp,csr (Passo 2) ?
4a) Equilíbrio alcançado. 4b) Voltar ao
passo 1.
Bortone, T. P.
15
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usuário e alocação dos mesmos em variáveis adequadas
para futuro acesso de outros módulos (Figura 15).
Figura 15: Fluxograma do Módulo 1.
5.2.1.1 Dados Gerais da Estrutura
São os dados iniciais fornecidos pelo usuário e que
descrevem o modelo da estrutura:
Tipo da Estrutura : Rodoviária ou Ferroviária;
Número de Cabos;
Número de Apoios;
Abscissas dos Apoios.
5.2.1.2 Características Geométricas das Seções
Os seguintes elementos definem as características
geométricas de cada seção do modelo:
Área da seção transversal;
Momento principal de inércia;
Altura da seção;
Posição do centro de gravidade da seção
medido a partir da face superior da seção;
Perímetro da seção em contato com o meio
ambiente.
5.2.1.3 Envoltórias de Esforços Solicitantes
Consideram-se os dados, em cada seção, dos esforços
externos no cálculo das tensões iniciais e finais da estrutura.
5.2.1.4 Dados Relativos ao Aço de Protensão
Para o cálculo das perdas do sistema de protensão e
tensões iniciais e finais, são utilizados os seguintes
elementos:
Módulo de Elasticidade Longitudinal do Aço
de Protensão (Ep);
Resistência Característica à tração do aço de
protensão (fptk);
Relaxação pura com ζ0/fptk = 0,60 (ψ60);
Relaxação pura com ζ0/fptk = 0,70 (ψ70);
Relaxação pura com ζ0/fptk = 0,80 (ψ80);
Área da Seção transversal dos cabos de
protensão;
Tensão inicial sem perdas no cabo;
Coeficiente de atrito entre o cabo e a bainha;
Perda de atrito por metro linear;
Escorregamento na ancoragem.
5.2.1.5 Dados Relativos ao Concreto e Meio
Ambiente
Os dados fundamentais para o cálculo das perdas da
resistência do concreto e influência do mesmo sobre os
efeitos de fluência e retração na estrutura:
Resistência Característica à Compressão do
Concreto (fck);
Abatimento (Slump);
Umidade Relativa do ar;
Data da aplicação da protensão;
Combinações de ações.
5.2.1.6 Dados Relativos aos Cabos de Protensão
Dados essenciais para o cálculo das posições dos cabos
nas seções bem como para determinação das perdas por
atrito e esforços finais nos cabos:
Modo de protensão: por ambas as
extremidades, pela extremidade da direita ou
pela extremidade da esquerda;
Números de cabos de protensão;
Desvio angular horizontal do cabo;
Número de trechos de cabos;
Coordenadas ou pontos notáveis que definem
cada trecho.
5.2.2 Módulo 2 (Propriedade dos Cabos)
O chamado módulo 2 se resume ao cômputo da
geometria dos cabos conforme 5.1.2 (Figura 16).
Módulo 1
Pré-Processador de Arquivos
(leitura de dado em arquivo)
Pré-Processador de Teclado
(leitura de dado digitados na tela)
Leitura de dados
Gerais da Estrutura
Características Geométricas das Seções
Envoltória de Momentos Fletores
Envoltória de Esforços Cortante
Dados Relativos ao aço de Protenção
Dados Relativos ao Concreto e Meio Ambiente
Dados Relativos aos Cabos de Protensão
Alocação dos dados em variáveis.
Avaliação das Tensões no Estado Limite de Serviço em Seções de Concreto Protendido
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Figura 16: Fluxograma do Módulo 2.
5.2.3 Módulo 3 (Perda por Atrito)
No módulo 3 se propõe calcular as perdas por atrito na
estrutura conforme 5.1.3.1 (Figura 17).
Figura 17: Fluxograma do Módulo 3.
5.2.4 Módulo 4 (Perda na Cravação das
Ancoragens)
É denominado como módulo 4, o processador de dados
onde se propõe calcular as perdas na cravação das
ancoragens conforme 5.1.3.2 (Figura 18).
Figura 18: Fluxograma do Módulo 4.
5.2.5 Módulo 5 (Perda por Encurtamento Elástico)
No módulo 5 é indicado o calculo das perdas por
encurtamento elástico do concreto devido às cravações de
cabos de protensão não simultâneas conforme 5.1.3.3
(Figura 19).
Figura 19: Fluxograma do Módulo 5.
5.2.6 Módulo 6 (Tensão Inicial de Protensão)
No módulo 6 é indicado o calculo as tensões iniciais de
protensão (Figura 20).
Módulo 2
Carregamentos dos dados relativos aos Cabos de Protensão (Módulo 1)
Processamento de dados
Equações do perfil longitudinal
Obtenção do comprimento
Obtenção da variação angular vertical total
Obtenção das posições (ordenadas) em cada seção
Desenho do perfil longitudinal na estrutura
Alocação dos dados em variáveis.
Módulo 3
Carregamentos dos dados relativos aos Cabos de Protensão (Módulo 1 e Módulo 2)
Processamento de dados
Equações das perdas por atrito
Obtenção dos valores das perdas em cada seção
Desenho do diagrama de tensões iniciais e com perdas
Alocação dos dados em variáveis.
Módulo 4
Carregamentos dos dados relativos aos Cabos de Protensão (Módulos 1,2 e 3)
Processamento de dados
Determinação do comprimento de influência
Montagem das equações das perdas
Determinação dos valores das perdas para cada seção
Desenho do diagrama de tensões iniciais junto com
o do Módulo 3
Alocação dos dados em variáveis.
Módulo 5
Carregamentos dos dados relativos aos Cabos de Protensão (Módulos 1,2)
Processamento de dados
Montagem das equações das perdas
Determinação dos valores das perdas para cada seção
Desenho do diagrama de tensões junto com o do módulo 4
Alocação dos dados em variáveis.
Bortone, T. P.
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Figura 20: Fluxograma do Módulo 6.
5.2.7 Módulo 7 (Esforços Iniciais de Protensão)
O módulo 7 é onde se indica o calculo dos esforços
iniciais de protensão conforme 5.1.4 (Figura 21).
Figura 21: Fluxograma do Módulo 7.
5.2.8 Módulo 8 (Reações Hiperestáticas Iniciais)
O chamado módulo 8 é onde se propõe calcular as
reações hiperestáticas iniciais de protensão conforme 5.1.5
(Figura 22).
Figura 22: Fluxograma do Módulo 8.
5.2.9 Módulo 9 (Perdas Diferidas)
O chamado módulo 9 propõe calcular perdas diferidas
(por fluência e retração do concreto e relaxação do aço) de
protensão conforme 5.1.7 (Figura 23).
Figura 23: Fluxograma do Módulo 9.
5.2.10 Módulo 10 (Esforços Finais de Protensão)
No módulo 10 são estabelecidos o calculo dos esforços
finais de protensão conforme 5.1.8 (Figura 24).
Módulo 6
Carregamentos dos dados relativos aos Cabos de Protensão (Módulos Anteriores)
Processamento de dados
Determinação dos valores das tensões para cada seção
Desenho do diagrama de tensões iniciais junto com
o do Módulo 5
Alocação dos dados em variáveis.
Módulo 7
Carregamentos dos dados relativos aos Cabos de Protensão (Módulos Anteriores)
Processamento de dados
Determinação dos valores dos esforços para cada seção
Exibição dos dados na tela
Alocação dos dados em variáveis.
Módulo 8
Carregamentos dos dados relativos aos Cabos de Protensão (Módulos Anteriores)
Processamento de dados
Determinação dos valores das reações para estrutura
Obtenção do momento fletor e esforços cortantes
hiperestáticos e exibiçào na tela
Alocação dos dados em variáveis.
Módulo 9
Carregamentos dos dados relativos aos Cabos de Protensão (Módulos Anteriores)
Processamento de dados
Estabelecimento das equações
Determinação dos valores das perdas para estrutura
Desenho do diagrama de tensões iniciais junto com
o do Módulo 6 e exibição na tela
Alocação dos dados em variáveis.
Avaliação das Tensões no Estado Limite de Serviço em Seções de Concreto Protendido
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Figura 24: Fluxograma do Módulo 10.
5.2.11 Módulo 11 (Tensão Final de Protensão)
O chamado módulo 11 é um módulo processador de
dados e é onde se propõe calcular as tensões iniciais de
protensão (Figura 25).
Figura 25: Fluxograma do Módulo 11.
5.2.12 Módulo 12 (Combinações)
O chamado módulo 12 é onde se propõe definir as
combinações de ações e chegar aos esforços solicitantes de
cada combinação (Figura 26).
Figura 26: Fluxograma do Módulo 12.
5.2.13 Módulo 13 (Tensões Finais da Seção e
Classificação)
O chamado módulo 13 é um módulo processador de
dados e é onde se propõe definir as tensões finais conforme
5.1.9 e classificar a estrutura quanto ao grau de protensão
conforme 4.3.4 (Figura 27).
Figura 27: Fluxograma do Módulo 13.
5.2.14 Módulo 14 (Saída de Dados)
O chamado módulo 14 é um módulo pós-processador de
dados e é onde se propõe efetuar a saída de dados do
programa (Figura 28).
Módulo 10
Carregamentos dos dados relativos aos Cabos de Protensão (Módulos Anteriores)
Processamento de dados
Determinação dos valores dos esforços para cada seção
Exibição dos dados na tela
Alocação dos dados em variáveis.
Módulo 11
Carregamentos dos dados relativos aos Cabos de Protensão (Módulos Anteriores)
Processamento de dados
Determinação dos valores das tensões para cada seção
Desenho do diagrama de tensões finais junto com
o do Módulo 7
Alocação dos dados em variáveis.
Módulo 12
Carregamentos dos dados relativos às Combinações (Módulo 1)
Processamento de dados
Determinação dos valores dos esforços por combinação
Alocação dos dados em variáveis.
Módulo 13
Carregamentos dos dados relativos aos Cabos de Protensão (Módulos Anteriores)
Processamento de dados
Estabelecimento das equações para as combina;cões
Determinação dos valores das tensões para estrutura
Desenho do diagrama de tensões finais por seção
e exibição na tela
Alocação dos dados em variáveis.
Bortone, T. P.
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Figura 28: Fluxograma do Módulo 14.
6 Considerações Finais
O modelo aqui descrito para o cálculo de estruturas
protendidas embora simples é matematicamente laborioso
para realização manual.
Inúmeras aproximações têm sido propostas para
simplificar tais cálculos e, obter um comportamentoatravés
do modelo matemático que, represente a estrutura da
maneira mais real possível.
É verdade que, para as estruturas de concreto
protendido bem como qualquer estrutura são necessárias as
verificações de todos os estados limite últimos (ELU) e
estados limites de serviço (ELS) visto que os dois
determinam a segurança a ruptura (ELU) e garantem um
adequado nível de conforto ao usuário (ELS).
Entretanto computando e garantindo um bom
funcionamento da peça no estado limite de serviço (ELS), a
segurança a ruptura (ELU), na grande maioria dos casos,
vai se concretizar bastando-se apenas considerar a armadura
passiva na seção transversal.
A vantagem de se ter um sistema computacional no qual
se computa as tensões atuantes em peças com cabos pós-
protendidos aderentes constituídos por cordoalhas é que se
agiliza o processo de cálculo e se minimiza erros que, pelo
fato de se efetuarem cálculos múltiplos semelhantes
acontecem com certa frequência.
Alguns pontos poderão ser revistos no futuro como, por
exemplo, a inclusão da verificação ao esforço cortante,
análise não linear das deformações por fluência e retração
no concreto e relaxação no aço e nova formulação para
perda por atrito entre os cabos e a bainha metálica.
Enfim, em termos de contribuição, é proposto um
modelo matemático a ser implementado na linguagem
orientada a objetos Microsoft Visual Basic .NET, gerando
uma ferramenta tanto para uso acadêmico quanto para uso
profissional para o estudo das tensões no estado limite de
serviço de peças em com cabos aderentes pós-tracionados
compostos de cordoalhas protendidas capaz de calcular as
referidas tensões nas etapas iniciais e finais (tempo
estipulado), considerando as formulações preconizadas pela
norma brasileira NBR 6118 (ABNT, 2007), e mostrando de
maneira gráfica as evoluções das perdas de tensões das
diversas fases de protensão.
Referências Bibliográficas
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(ABNT). NBR 6118: Projeto de Estruturas de Concreto –
Procedimento. Brasil, 2007.
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Técnicos e Científicos Editora S.A., 1983.
Módulo 14
Pós-Processador de Arquivos
(saída de dado em arquivo)
Pós-Processador de Teclado
(saída de dadso na tela)
Saída de dados
Impressão:
Dados de Entrada (Módulo 1)
Tabelas de posições dos cabos e tensões nos cabos em cada seção
Variações angulares verticais dos cabos
Comprimento dos Cabos
Alongamento dos Cabos
Tabelas de esforços iniciais, finais e hiperestáticos
Tensões nas seções transversais devido as combinações e comparaçào com os limites
Classificação quanto ao nível de protensão
Alocação dos dados em variáveis.
Avaliação das Tensões no Estado Limite de Serviço em Seções de Concreto Protendido
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