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ESTUDO DE ATRATIVIDADE E POTENCIALIDADE DOS CLUSTERS AGROALIMENTAR, ECONOMIA DO MAR, CIDADES INTELIGENTES, TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO E TURISMO PARA AS EMPRESAS TICE

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Estudo de atratividade e potencialidade dos Clusters – Agroalimentar, Economia do Mar, Cidades Inteligentes, Tecnologias de Produção e Turismo para as empresas TICE

Sumário Executivo

PARTE I ABORDAGEM METODOLÓGICA E TENDÊNCIAS DE EVOLUÇÃO

1/ Introdução2/ Metodologia3/ Tendências 3.1 Tendências Tecnológicas 3.2 Tendências de Fundo

PARTE II ANÁLISE DA ATRATIVIDADE POTENCIAL DOS CLUSTERS

4/ Cluster das Cidades Inteligentes5/ Cluster Agroalimentar6/ Cluster das Tecnologias de Produção7/ Cluster do Turismo8/ Cluster da Economia do Mar

PARTE III RECOMENDAÇÕES E ATRATIVIDADE DOS CLUSTERS

9/ Recomendações para Inovar e Competir dentro dos Clusters

10/ Avaliação da Atratividade dos Clusters 10.1 Cluster das Cidades Inteligentes 10.2 Cluster Agroalimentar 10.3 Cluster das Tecnologias de Produção 10.4 Cluster do Turismo 10.5 Cluster da Economia do Mar

AgradecimentosPresenças no Workshop

AnexosReferências Bibliográficas

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FICHA TÉCNICA

Título: Estudo de atratividade e potencialidade nos clusters – Agroalimentar, Economia do Mar, Cidades Inteligentes, Tecnologias de Produção e Turismo

Autoria: B´TEN – Business Talent Enterprise Network

Coordenação Global: Sérgio Lorga

Equipa Técnica: João Ribeiro, José Vasconcelos, Mafalda Correia, Nuno Crespo, Patrícia Silva

Projeto Gráfico: Musse Ecodesign

Edição: Setembro 2014

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Estudo de atratividade e potencialidade dos Clusters – Agroalimentar, Economia do Mar, Cidades Inteligentes, Tecnologias de Produção e Turismo para as empresas TICE

// SUMÁRIO EXECUTIVOO estudo “Atratividade e Potencialidade dos Clusters” insere-se no âmbito do Projeto 23285 - SIAC PAE e visa efetuar a avaliação da atratividade e potencialidade dos clusters do Mar, Cidades Inteligentes, Agroalimentar, Tecnologias de Produção e Turismo como mercados prioritários de aposta para as empresas TICE da Região.

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O presente estudo procura “dar pistas” e orientar as empresas de Tecnologias de Informação, Comunicação e Eletróni-ca (TICE) associadas da Inova-Ria para o aproveitamento de oportunidades que possam surgir no âmbito dos clusters decorrentes da antecipação de tendências e das evoluções tecnológicas esperadas num horizonte temporal de médio/longo prazo.

Com esta finalidade estimulou-se a participação ativa das empresas TICE (associadas Inova-Ria) e das entidades relevan-tes em cada cluster. Aplicaram-se ferramentas/metodologias inovadoras para a identificação de tendências e deteção de oportunidades de desenvolvimento de novas áreas de negócio, que possam resultar da capacidade de antecipar desafios tecnológicos.

Ao longo do estudo apresentam-se um conjunto de recomendações estratégicas, que as empresas TICE poderão seguir, de forma a prosseguir uma abordagem focada no aproveitamento de oportunidades de desenvolvimento de modelos de negócios que respondam aos desafios dos clusters identificados. As linhas orientadoras apresentadas incidem essencial-mente em atividades de vigilância (externa e interna) potenciadoras da implementação de novos processos e/ou novos produtos que permitam alcançar um posicionamento estratégico, dando resposta aos desafios dos mercados-alvo.

ABORDAGEM METODOLÓGICA

A abordagem metodológica identificada em sede do caderno de encargos, remete para a análise da atratividade e das potencialidades dos clusters, assente no modelo das cinco forças de Michael Porter (M. Porter).

A equipa técnica deste Estudo, assim como o steering committee, órgão que acompanhou o trabalho ao longo do seu desenvolvimento, considerou que a metodologia a prosseguir deveria ser mais abrangente, recorrendo a metodologias de vigilância externa (tendências-chave, nomeadamente as tendências tecnológicas, forças de mercado, forças macroeco-nómicas) e uma metodologia de vigilância interna, assente no Modelo do Open Innovation Canvas, cuja mais valia decorre da identificação e análise das dinâmicas potenciadoras da competitividade das empresas.

Instrumentalmente foram identificadas tendências de fundo associadas a dez áreas de vivência social: saúde, alimenta-ção, educação, trabalho, ambiente, lazer, mobilidade, segurança, energia e consumo.

Paralelamente foram identificadas tendências tecnológicas e selecionadas 18, cujo potencial de crescimento é destacado por especialistas ao nível nacional e internacional, a saber: Big data; Cloud computing; Location Intelligence; Predicti-ve Analytics; Activity Streams; Biometric authentication methods; Gesture control; Quantified self; Speech recognition; Virtual assistants; Affective computing; Augmented reality; Autonomous vehicles; Machine to machine communication services; Mobile robots; 3D Printing; Advanced materials (Nanomaterials); Quantum computing.

O trabalho realizado teve a participação alargada de um conjunto de interlocutores, tendo contado, para além do stee-ring committee, com um vasto número de especialistas que participaram num processo de auscultação que envolveu a realização de um questionário, entrevistas e de workshops (um para cada cluster). Através de uma metodologia de roadmapping tecnológico foi possível aproximar fornecedores de tecnologias (associados Inova-Ria) e potenciais clientes (empresários inseridos nos clusters), identificando tendências de mercado, oportunidades setoriais com potencial de inovação, possíveis aplicações e ainda facilitadores/barreiras e recursos necessários para o seu desenvolvimento. As oportunidades com potencial de inovação nos clusters são inúmeras, interessa portanto perceber a realidade em que a empresa se insere, a sua envolvente, de forma a tirar o maior partido de cada um dos desafios. Neste contexto, aferiu-se quais as tendências tecnológicas com maior interesse para cada um dos clusters.

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CIDADES INTELIGENTES

O cluster das Cidades Inteligentes regista um elevado nível de atratividade para o setor das TICE, alavancado quer pelo elevado número de setores de atuação, quer pela proximidade que este cluster tem das atividades do dia-a-dia e do cidadão comum, havendo facilidade na identificação de necessidades e de oportunidades de inovação.

As questões associadas à interoperabilidade dos sistemas de transpor-tes, a gestão dos edifícios, a segurança pública e o desenvolvimento de tecnologias de gestão de redes inteligentes com a integração de uma multiplicidade de dispositivos e de sensores e a gestão de quantidades enormes de dados e de informação que é gerada em cada momento, começa agora a ter as primeiras soluções, estando por isso numa fase muito inicial de desenvolvimento, havendo ainda incerteza quanto às so-luções que no futuro serão os principais standards.

Esta fase inicial coloca grandes desafios em termos da compatibilidade de soluções para problemas relacionados, em que o investimento numa nova solução deve ser precedido pela vigilância do mercado e da tec-nologia a fim de perceber se existem aplicações similares a serem de-senvolvidas por (grandes) concorrentes que tenham maior facilidade de distribuição dessas soluções no mercado, nomeadamente no mercado internacional.

Importa ainda destacar que os constrangimentos financeiros que nos próximos anos moldarão as decisões de investimento do Setor Público, nomeadamente das Autarquias, que por definição são um dos principais clientes finais das novas soluções, poderão tornar mais atrativas as so-luções que resolvam em primeira instância problemas comuns dos cida-dãos. Estas soluções têm que ser intuitivas, fáceis de utilizar e têm que dar a clara perceção do valor entregue ao cliente, para que os cidadãos valorizem os benefícios das aplicações ao ponto de estarem disponíveis para pagar por elas.

Outras áreas de atuação com elevada atratividade são as áreas da Ener-gia, Utilities e Transportes e Logística, pelo facto de nestes setores ope-rarem empresas com elevados fluxos de investimento, que valorizam muito as soluções que aumentem a eficiência e eficácia dos seus ser-viços.

Subjacente a todo o desenvolvimento de soluções neste cluster está a necessidade de desenvolvimento da infraestrutura necessária à comuni-cação, armazenagem e tratamento dos dados, que permita a adoção em massa das soluções desenvolvidas (nomeadamente das soluções para o cidadão comum).

As principais tecnologias necessárias ao desenvolvimento destas apli-cações são: Big Data; Location Intelligence; 3D Printing; Machine-to-Ma-chine Comunication Services; Virtual Assistants; Biometric Autentication Methods; Mobile Robots.

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AGROALIMENTAR

O cluster Agroalimentar, a nível global, enfrenta um conjunto de importantes desafios relacionados com o crescimento da população mundial, as alterações climáticas, a crescente necessidade de segurança e a necessidade de sustentabili-dade ambiental, social e económica.

Na Europa, os desafios são o aumento de produtividade e de ganhos substanciais de eficiência na produção e na cadeia de valor, respondendo a um mercado cada vez mais sofisticado e exigente em qualidade, segurança, garantias e preço. A estes acrescem os condicionalismos e as oportunidades impostos pelas políticas públicas.

A conjuntura portuguesa acrescenta a estes desafios uma estrutura empresarial débil e de pequena dimensão. Por outro lado, as políticas públicas que condicionam, mas também apoiam o setor, canalizam para as atividades fluxos importantes de financiamento, quer através de subsídios a fundo perdido, quer através da disponibilização de crédito ao investimento que viabilizam as apostas empresariais. Nos próximos anos, a necessidade de inovação, nomeadamente ao nível da biotecnologia e das TICE, é fundamental para vencer estes desafios.

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A diversidade das atividades a que as empresas do cluster se dedicam despoleta múltiplas oportunidades não apenas na melhoria tecnológica ou de processo, como também no encurtamento das cadeias de valor e de informação. Para o encurtamento das cadeias de valor serão essenciais os contributos das tecnologias associadas à WEB, como Activities Streams e Predictive Analytics.

A multiplicidade de tecnologias (na sua maior parte TICE) incluídas nos processos, desde a produção até ao consumo, gera um elevado potencial de desenvolvimento de aplicações e instrumentos de controlo, de produção e investigação e inovação.

Para promover o encurtamento da cadeia de valor, aproximando a produção do consumidor, identifica-se como potencial gerador de oportunidades a utilização de tecnologias como Virtual Assistance e Augmented Reality. Na área da gestão de informação e qualidade prevê-se o incremento das tecnologias como Internet of Things, Machine to Machine, Location Intelligence, Big Data, Advanced Materials e Autonumous Machines como veículos de solução para os problemas que se colocam para elevar a produtividade, diminuir o preço final aumentando a qualidade, assegurando segurança, potenciando as caraterísticas organoléticas, obtendo ganhos de resistência à perecidade ou otimizando a transportabilidade.

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TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO

O cluster das Tecnologias de Produção apresenta-se como gerador de inúmeras oportunidades pela diversidade de cara-terísticas e indústrias que o integram. Os desafios atuais do cluster prendem-se com a elevada volatilidade do mercado, as exigências dos consumidores cada vez mais elevadas e o consequente aumento da importância que estes têm vindo a demonstrar nos processos produtivos. Estes aspetos levam à necessidade de adaptação a ciclos de vida dos produ-tos cada vez mais curtos e assim adotar, entre outras medidas, estratégias pull, através da utilização de equipamentos “flexíveis” e com caraterísticas de rápido set-up aos desafios/situações, logo capazes de, utilizando tecnologias como virtual assistants, predictive analytics, quantum computing e augmented reality, adaptar-se rapidamente aos padrões de produção exigidos.

Os clientes/consumidores estão cada vez mais exigentes nas questões relacionadas com o controlo/garantia de qualida-de, querendo isto dizer que a preocupação com a rastreabilidade e monitorização está a aumentar, havendo necessidade de “dar a” conhecer a origem, as transformações e fases em que os produtos se encontram.

A utilização de ferramentas de previsão e sensorização ganham importância na ligação entre a dinâmica da procura e a gestão da produção (caraterísticas dos produtos, dimensão dos lotes de produção, gestão dos stocks, etc.).

Os pontos anteriormente identificados revelam a importância de investir na capacidade de comunicação dos equipa-mentos, através de cloud computing e machine-to-machine communications, independentemente dos seus sistemas e marcas, garantindo a existência de processos contínuos e autónomos. Esta metodologia/processo pode, e deve, ser fortalecida através da integração da cadeia de valor, efetuando o estabelecimento de redes e parcerias entre qualquer interveniente na cadeia, que pode envolver desde fornecedores, a entidades do Sistema Científico e Tecnológico Nacional (SCTN), até utilizadores das tecnologias, criando assim sinergias mútuas.

Do lado da eficiência do processo produtivo destaca-se a aposta em tecnologias potenciadoras da eficiência, nomeada-mente na área dos mobile robots e gesture control, que voltam a ganhar relevância nesta nova fase de revalorização da capacidade industrial nacional e europeia.

As energias renováveis são um tema que está também presente, num objetivo global denominado sustentabilidade, que visa garantir a eficácia e eficiência das empresas. As energias renováveis surgem, não como uma fonte geradora de energia para o funcionamento dos equipamentos, mas sim como parte integrante dos processos produtivos e dos equi-pamentos.

A atratividade para as TICE é elevada na medida em que os desafios deste cluster, que passa por um processo de “re-in-dustrialização”, estão a ser respondidos investindo em sistemas que possuem capacidade para interagir com materiais, peças e produtos através da monitorização e comunicando com outros sistemas na fábrica através de eletrónica e de recursos de computação. A estes desafios estão associados em permanência a segurança dos trabalhadores, a susten-tabilidade, a eco-inovação e a interação com a rede de parceiros que integram o ecossistema competitivo.

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TURISMO

O cluster do Turismo apresenta uma atratividade elevada para o setor das TICE, prevendo-se que num futuro próximo possa ainda aumentar, devido ao crescimento do seu peso nos diversos elos da cadeia de valor.

A abrangência e transversalidade deste cluster, aposta na crescente sofis-ticação do uso da internet, alavancando vantagens através de meios cada vez mais inovadores, fazendo crescer a competitividade e em simultâneo a desigualdade entre os vários intervenientes da cadeia de valor. O cluster do turismo é considerado um cluster “emocional”, uma vez que o proces-so de tomada de decisão assenta em “perceções e sensações”, que são únicas para cada indivíduo, daqui decorrendo a importância identificada para tendências tecnológicas como affective computing, speech recogni-tion, biometric authentication methods que interagem diretamente com o turista-cliente.

O alojamento e a restauração, na cadeia de valor do turismo, são os elos que mais poderão beneficiar com as aplicações a desenvolver no cluster, nomeadamente na implementação de software mais sofisticado no back--office (designadamente através de sistemas de CRM – Customer Rela-tionship Management - mais integrados e customizados).

Paralelamente, as agências de viagem beneficiarão da introdução do con-ceito de reputation manager digital e de plataformas inteligentes que pos-sibilitem ao cliente-turista possuir um “gestor de cliente”, à imagem do que é praticado no sistema bancário (gestor bancário).

De destacar ainda, para as empresas turísticas de pequena dimensão, a possibilidade de desenvolverem plataformas digitais e/ou outros dispo-sitivos, utilizando uma soft brand comum, o que ajudaria a colmatar as dificuldades destas estruturas, em termos de publicidade e marketing, po-tenciando-as para serem mais competitivas dentro do segmento a que pertencem.

O turista green surge também como uma tendência bastante relevante para este cluster. As soluções eco-friendly aplicadas aos recursos natu-rais, à utilização de novos materiais, a partir de resíduos e/ou o desen-volvimento de novos materiais assentes na nanotecnologia, biotecnologia, entre outros são tendências em curso, com bastante potencial de cresci-mento.

O desenvolvimento de tecnologias associadas ao entretenimento, como por exemplo, os jogos e as visitas virtuais que exploram o affective com-puting e a augmented reality introduzindo-lhes um cariz cada vez mais adaptado ao utilizador em causa, “customizados e móveis”, a partir de aplicações user-friendly, com soluções intuitivas à perceção do cliente, são uma tendência com grande representatividade no mercado e cada vez em maior crescimento.

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MAR

O cluster da Economia do Mar apresenta uma atratividade que comparativamente com as restantes pode ser classificada como média-alta. Se por um lado esta atratividade é alavancada pelo elevado número de atividades que inclui e pela importância à escala global de algumas dessas atividades, por outro é refreada pela inclusão de um conjunto de setores emergentes que ainda têm uma procura imatura e com grande dificuldade de obtenção de financiamento.

A grande distância que algumas atividades têm do cidadão comum pode penalizar o interesse comercial no desenvolvi-mento de algumas soluções, exigindo das empresas TICE um investimento adicional de ambientação com os conceitos, modelos de negócio e necessidades existentes em cada um dos setores que o integram. Esse esforço adicional poderá ser exigido também no caso do exercício de auscultação da tecnologia já existente ou das soluções que se encontram a ser desenvolvidas, para tentar controlar o risco de desenvolvimento de novas soluções. Aliás, este cluster tem registado nos últimos anos um crescimento das atividades de I&D e Inovação, como forma de responder ao incremento da con-corrência asiática.

O desenvolvimento de novas aplicações terá objetivos distintos, dependendo dos setores a que se dirigem: no caso dos setores emergentes as novas soluções valerão sobretudo pela novidade, enquanto no caso dos setores maduros existe uma grande procura de soluções que aumentam a eficiência e permitem modernizar e melhorar as operações atuais. Dada a distinção entre tipologias de setores, na identificação dos setores alvo de atenção por parte das empresas TICE, há que ponderar qual a capacidade que os players desses setores têm para desenvolver novos projetos, nomeadamente para aceder a financiamento.

O desenvolvimento de soluções poderá ter origem em setores com diversos operadores, de forma a tornar as aplicações replicáveis e escaláveis, tais como na fileira do pescado e aquacultura, transportes marítimos e atividades logísticas e portuárias. Possui ainda grande atratividade o desenvolvimento de soluções que cheguem ao consumidor final, como no caso das soluções para o turismo marítimo e náutica de recreio.

As principais tecnologias identificadas como sendo importantes para o desenvolvimento de aplicações para o cluster são: Big Data; Location Intelligence; Predictive Analytics; Augmented Reality (visão artificial); Quantified self; Machine-to-Ma-chine Communication Services; Autonomous vehicles; Mobile Robots; e Advanced Materials (Nanomaterials).

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TURISMO

Software mais sofisticado no back-office (integração com Sistemas de CRM)

Plataformas digitais (WEB 3,0) como agregador de serviços e conteúdos

Soluções eco-friendly aplicadas aos recursos naturais (nanotec-nologia, biotecnologia)

Soluções user-friendly intuitivas para o turista

“Visitas e jogos” virtuais costumizáveis

Realidade aumentada para valorização dos recursos históri-cos e naturais

AGROALIMENTAR

Rastreabilidade de alimentos

Integração de processos de gestão

Gestão de sistemas logísticos

Sensores e drones para con-trole de colheitas e deteção de riscos

Controle efetivo pecuário e massa florestal

TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO

Integração da cadeia de valor (redes e parcerias)

Rastreabilidade e monitori-zação de todas as fases do processo produtivo

Equipamentos flexíveis (rápido set-up) para resposta à procura

Garantia de qualidade e Ferramentas de previsão

Integração das energias renováveis nos equipa-mentos

Interface e comunicação de equipamentos e maquinaria

Robótica de apoio à performance dos operadores

CIDADES INTELIGENTES

Mobilidade e acessibilidade

Parqueamento citadino

Energia e Utilities

Construção sustentável e gestão de edifícios

Armazenagem e tratamen-to de dados

Segurança Pública

Comunicação e gestão de interfaces e dispositivos

Transportes e logística

MAR

Qualidade e segurança alimentar

Refrigeração e congelação

Digitalizar e desburocrati-zar as operações portuárias

Transporte de curta distância

Inserção na rede transeuropeia

Segurança e Defesa

Energias renováveis

Exploração do solo marinho

Biotecnologia marinha

Robótica e sensores

VIGILÂNCIA COMPETITIVAPUSH

VIGILÂNCIAINTERNA

VIGILÂNCIACONTEXTO

VIGILÂNCIAMERCADO

VIGILÂNCIATECNOLÓGICA

EXPLORAÇÃOESTRATÉGIALIDERANÇAINSPIRAÇÃO

Cultura, competências e capital humano

Gestão para a mudança

Estímulos àcriatividade

Orientação estratégicapara a mudança

Planeamento a curto,médio e longo prazo

Implementação e gestão das atividades

VIGILÂNCIA DE CLUSTERS

PULL

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ABORDAGEM METODOLÓGICA E TENDÊNCIAS DE EVOLUÇÃO

PARTE I

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As Tecnologias de Informação Comunicação e Eletrónica (TICE) apre-sentam-se atualmente como um motor importante na vida quotidiana e na atividade económica mundial. Sendo as economias mais dinâmicas que conseguem estabelecer uma posição favorável no mercado mundial. Em Portugal este mercado é marcado por uma expressiva concentração territorial, em torno das áreas mais dinâmicas do país.

Em Aveiro, a Inova-Ria objetiva a criação e consolidação de um agru-pamento de empresas que contribui para o desenvolvimento e compe-titividade da região e das TICE em Portugal. O seu sucesso deve-se em grande medida à valorização da especialização regional e ao grau de transversalidade e complementaridade das atividades da rede e dos seus associados. A inclusão de empresas âncora com elevada capacidade de atração de empresas de prestígio constitui-se como uma vantagem.

Sendo fundamental dotar a Associação de mecanismos de apoio aos seus associados, este estudo pretende ser um instrumento da estratégia de desenvolvimento da Inova-Ria, ao abordar a atratividade e potencial de clusters e setores de atividade selecionados para progressão das empre-sas associadas.

1/ INTRODUÇÃO

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2/ METODOLOGIAA Inova-Ria tendo por base os seus objetivos, que aposta explicitamente na valorização das áreas que incorporam uma forte componente científica e tecnológica de base nacional, selecionou cinco Clusters/Polos de Competitividade e Tec-nologia (PCTs) que representam potenciais apostas de mercado para os seus associados, tendo em consideração a sua relevância atual e perspectivas de crescimento.

Os clusters alvo identificados foram o cluster da Economia do Mar, cluster Agro alimentar, cluster das Tecnologias de Produção, cluster das Cidades Inteligentes/Smartcities e cluster do Turismo. Estes clusters e polos de competitividade são objeto de políticas públicas de incentivo à competitividade dos atores e traduzem, em grande medida, grandes apos-tas setoriais governamentais nas áreas da ciência e tecnologia, inovação e empreendedorismo.

Esta escolha incidiu em particular na identificação de novas oportunidades, onde estes possam ter vantagens compara-tivas, ou setores passíveis de apostar, com vista a desempenharem um papel relevante no enquadramento da economia Europeia ou Mundial.

Importa referir que as TICE atuam como um facilitador da comunicação e como um integrador transversal com fortes repercussões na inovação e na competitividade económica, em setores-chave como os identificados para alavancar o crescimento da performance dos associados da Inova-Ria.

Este trabalho baseia-se numa metodologia de prospeção de mercado, com incidência em mercados de interesse para a progressão das empresas associadas da Inova-Ria. Começando por abordar de forma sucinta conceitos fundamentais para a “avaliação da atratividade e potencial dos diferentes clusters e setores de atividade”, o estudo assenta num exer-cício de reflexão que permite identificar, definir potenciais mercados prioritários e conhecer tendências tecnológicas cujo desenvolvimento poderá trazer maiores ganhos para os associados da Inova-Ria.

A reflexão conjunta entre os associados Inova-Ria e os clusters alvo permite identificar as tendências, ao mesmo tempo que promove as relações de colaboração entre fornecedor e cliente. O presente estudo resulta dessa mesma reflexão, englobando as conclusões obtidas nas várias entrevistas aos profissionais dos diferentes setores, num questionário apli-cado aos associados da Inova-Ria e aos resultados do Workshop – Desafios do Mercado às TICE que recorreu à aplicação da metodologia de Roadmap Tecnológico.

O roteiro metodológico levado a cabo neste estudo passou pelas seguintes fases:

1) Numa fase prévia com o apoio do steering committee, foram definidos e escolhidos os participantes e interlocu-tores adequados.

Foram identificadas as principais tendências de mercado para cada um dos setores em causa e paralelamente levantadas as principais oportunidades com potencial de inovação associados a essas tendências e identificados especialistas que pudessem enriquecer o trabalho com a sua visão e capacidade prospetiva, quer participando no ciclo de entrevistas, quer participando nos workshops ao nível dos clusters.

2) Foram identificadas e sistematizadas, a partir de estudos prospetivos realizados por consultores internacionais e especialistas em T.I., as tendências tecnológicas.

Posteriormente, foi ainda identificado um conjunto de tendências e com o apoio do steering committee, selecionadas 18 destas tendências tecnológicas como sendo aquelas que a nível mundial se espera terem mais impacto nos modelos de

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negócio dos vários setores de atividade. O período de referência de maturidade tecnológica deveria situar-se em torno dos 5 anos, não devendo ultrapassar o horizonte dos 10 anos. No que se refere ao horizonte temporal, procurou-se definir um intervalo de tempo médio de cinco anos, por questões de adesão às estratégias de médio longo prazo das empresas. Este horizonte temporal possibilita às empresas o desenvolvi-mento de projetos de IDI para se posicionarem atempadamente no mercado afastando-se de horizontes temporais muito alargados onde a incerteza aumenta e a determinação dos fatores de competitividade fica mais difícil de prospetivar.

3) Posteriormente, pediu-se a um conjunto de especialistas dos clusters, em entrevistas, que pensassem em “ideias” para aplicações de base tecnológica que pudessem de alguma forma responder às oportunidades apontadas e iden-tificar as tendências tecnológicas que estariam na base desse desenvolvimento.4) Realização de questionários relativos a tendências tecnológicas, aos associados.5) Realização de workshops para cada um dos clusters tendo em vista a realização de um roadmap tecnológico.

A metodologia de roadmapping tecnológico privilegia a resposta às questões de posicionamento atual e futuro e da tra-jetória a percorrer para atingir as metas desejadas (ver figura seguinte).

Where arewe now?

How can weget there?

Where do we want to go?

Why do we need to act?

What shouldwe do?

How shouldwe do it?

Questões fundamentais para Roadmapping

ONDE ESTAMOS NÓS AGORA?Quais são as tendências correntes?Quais são as áreas de nicho?Quais são os “gaps” na tecnologia?Temos as competências chave?

ONDE QUEREMOS ESTAR?Qual é a sua visão para o futuro?Está a fazer alguma coisa atualmente, na qual deve depositar maior esforço?Que novas áreas se devem trabalhar?

O QUE NOS IMPEDE DE LÁ CHEGAR?Quais são os gaps na nossa tecnologia?Temos as skills que necessitamos?Temos financiamento adequado?Temos a infraestrutura adequada?

O QUE É PRECISO SER FEITO PARA ULTRAPASSAR BARREIRAS? QUAIS SÃO OS FACILITADORES PARA LÁ CHEGAR?

Figura 1 • Elementos para preeenchimento de tela de Roadmap Tecnológico

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Estudo de atratividade e potencialidade dos Clusters – Agroalimentar, Economia do Mar, Cidades Inteligentes, Tecnologias de Produção e Turismo para as empresas TICE

Figura 2 • Tela Roadmap Tecnológico

A metodologia do Roadmap Tecnológico foi realizada com o auxílio de uma Tela, como a exemplificada na Figura 2, onde se organiza e sistematiza um conjunto de informação, quer em termos operacionais quer em termos organizacionais, assente nas tendências, recursos, facilitadores e barreiras presentes, projetados numa perspetiva de curto e médio prazo e ancorados numa visão de médio, longo prazo.

Figura 3 • Metodologia de Abordagem

Que novos produtos/serviços/experiências podem ser criados à luz desta tendência de mer-cado? Poderemos aplicar esta tendên-cia para lançar um novo negó-cio?Como adaptar os produtos/ser-viços atuais?

Aplicações/dispositivos/ideias que possam na prática enfor-mar as tendências de mercado e o potencial de inovação iden-tificado

Identificar das 18 tendências tec-nológicas aquelas que poderão ajudar a desenvolver a aplicação/dispositivo identificado.

Quem são os clientes e qual a posição na cadeia de valor (Fornecedores?,Intermediários?, Cliente Final?)

APLICAÇÕES TECNOLOGIAS (TC1..TC17)

TIPOLOGIA CLIENTES/CADEIA DE VALOR

OPORTUNIDADES SETORIAIS/POTENCIAL DE INOVAÇÃO

TENDÊNCIAS MERCADO (TM1..)

FACILITADORES/BARREIRAS (Mercado, Regulamentação, Sociedade, Economia)

RECURSOS (Parcerias, Redes Conhecimento, Competências, Instalações/Infraestruturas)

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3/ TENDÊNCIAS

O desenvolvimento de novas tecnologias e/ou o aperfeiçoamento de algumas já existentes será uma realidade cada vez mais célere e transversal a toda a sociedade: saúde, alimentação, segurança, energia, ambiente, consumo, lazer, mobili-dade, educação, trabalho, entre outros.

Estudando as tendências tecnológicas, que resultam de um conjunto de Estudos1 de consultoras internacionais, é eviden-te o foco nas “relações” entre humanos e máquinas, e na complementaridade que terá que existir, de forma a alavancar potenciais benefícios.

O uso de sensores, dispositivos, avisos, alertas inteligentes permitirão o aumento da interatividade e conectividade, o armazenamento e a monitorização de informação “privada” na nuvem, a realidade virtual e a realidade aumentada, a pro-dução 3D, a mobilidade inteligente, as cidades inteligentes e eficientes em energia permitirão uma “globalização digital” cada vez mais acelerada e acumulando volumes cada vez maiores de informação.

Em termos europeus, importa referir o novo programa de financiamento da União Europeia no domínio da investigação e inovação – Horizonte 2020 – que se constitui como referência no desenvolvimento de novas tecnologias e das suas múltiplas aplicações.

O Horizonte 2020, apresenta um foco específico na integração da investigação direcionada para as necessidades e preocupações comuns dos cidadãos da Europa (e não só), pretendendo alcançar excelência científica, e uma liderança industrial nos desafios societais. Revelando-se como um fator decisivo a procura de tecnologias que sirvam as diretivas anunciadas para as várias áreas.

Os grandes desafios sociais, endereçados nas diretivas Horizonte 2020, apontam para a necessidade de uma ampla gama de produtos e soluções para áreas de desenvolvimento chave, que assentarão em inovações de base tecnológica, nomea-damente: mobilidade sustentável; reutilização dos subprodutos (Improved recycling); prestação de cuidados domiciliários aos idosos; energia sustentável; saúde ativa, entre outros.

As forças motrizes para novos produtos serão, ao mesmo tempo globais (eletrónica de consumo, conectividade, teleco-municações, mobilidade, grande inteligência de dados, entre outros) e locais, onde as regulamentações locais e as ne-cessidades do mercado local empurram para produtos com exigências específicas em determinadas áreas geográficas.

De seguida, apresentam-se as principais tendências tecnológicas que se espera enformarão o desenvolvimento econó-mico e social, no futuro, sendo que algumas delas já começaram a ser delineadas.

1 Ver bibliografia

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“EM MÉDIA AS PESSOAS OLHAM PARA OS SEUS SMARTPHONES MAIS DE 150 VEZES POR DIA”Fonte: Estudo Nokia, 2010

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3.1 // TENDÊNCIAS TECNOLÓGICAS

Big Data - Armazenagem e processamento inovador de grande volume de informação, de alta velocidade e variedade, obtendo conhecimento claro que possibilita tomar melhores decisões e mais otimizadas.

Cloud computing – Modelo que utiliza recursos computacionais resultantes de servidores compartilhados e interligados por meio da Internet (flexíveis e escaláveis), que através de ambientes virtuais, permite o armazenamento e processa-mento de dados, partilha, gestão e disponibilização de aplicações (empresariais ou não) e software, podendo aceder-se a estes em qualquer lugar, a qualquer hora, e independentemente da plataforma. Assim, o utilizador apenas necessita de se preocupar com a forma de acesso e de utilização, uma vez que “todos os riscos” ficam a cargo do fornecedor do serviço (tarefas de desenvolvimento, armazenamento, manutenção, atualização, backup, entre outros).

Location Intelligence - Ferramenta/Processo que permite perceber a importância da localização geográfica e qual o seu impacto na tomada de decisão, inclusive em negócios. Tem capacidade de traçar perfis que em cruzamento com a restante informação permite fazer escolhas de forma a minimizar o risco e a maximizar as oportunidades.

Predictive Analytics - Abordagem para exploração de dados, assente em 4 atributos: ~ Ênfase na previsão; análise rápida, medida em horas ou dias; enfase nas principais ideias (ideias chave); enfase na facilidade de utilização por quem tem essa necessidade.

Activity Streams - Mecanismo de notificação de publicações (acompanhamento de subscrições feitas, por norma utili-zado nas redes sociais).

Biometric Authentication Methods - Utilização de caraterísticas biométricas para verificar identidades quando os utili-zadores acedem a redes e aplicações web.

Gesture Control - Capacidade de interagir (controlar e comunicar) com um sistema de computador através de movimen-tos do corpo humano, “sem contato direto”.

Quantified self - Método de monitorização de dados pessoais através de vários interfaces (hardware e/ou software), permitindo estabelercer padrões e perfis constituindo uma base de dados global.

Speech Recognition - Sistemas de reconhecimento de voz, traduzidos em instruções/comandos ou em texto.

Virtual assistants - Forma de interação entre o utilizador e uma “personagem virtual” que incorpora capacidade de reconhecimento/processamento da linguagem natural e comunica através dos seguintes métodos: texto para texto, texto para voz, voz para voz e voz para texto.

Affective computing - Tecnologia de computação capaz de perceber/entender o estado “emocional” do utilizador (através de sensores, microfones, câmaras, etc.) e rapidamente adaptar-se ao seu estado, por exemplo, sugerindo vídeos, “publici-dade” e notícias.

Augmented reality - Tecnologia que permite melhorar a interação dos utilizadores com o ambiente virtual, isto é, uso de informação em tempo real (na forma de texto, gráficos, imagens e audio) integrados com objetos reais.

Autonomous vehicles - Veículo autónomo, ou seja, veículo capaz de se deslocar “sozinho” de um ponto de partida para um local pré-definido, através de tecnologias avançadas, nomeadamente, sensores, radares, gps, cruise control entre outros...

Machine to machine communication services - Forma de comunicação/transmissão de dados automatizada entre máquinas, pode ser feito através de sistemas sem fios e redes de comunicação de RFID.

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2ATÉ

ANOS

2 5ANOS

A

5 10ANOS

A. Big Data

. Cloud Computing

. Locattion Intelligence

. Predictive Analytics

. Activity Streams

. Biometric Authentication

. Gesture Control

. Quantified Self

. Speech Recognition

. Virtual Assistants

. Affective Computing

. Augmented Reality

. Authonomus Vehicles

. Machine to Machine Communication Services. Mobile Robots. 3D Printing. Nanomaterials. Quantum Computing

Figura 4 • Tendências e Maturidade Tecnológica

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Mobile robots - Equipamento/Máquina capaz de se movimentar (não está fixo, nem afeto a um espaço físico) em qual-quer ambiente. É capaz de realizar inúmeras tarefas.

3D Printing - Pertence a uma classe de técnicas conhecidas como produção aditiva. Esta forma de produção fabrica objetos camada-a-camada, em vez de os fabricar por moldagem ou por subtração.

Advanced Materials (Nanomaterials) - Utilização e manipulação de materiais que seja efetuada numa escala inferior a 100 nanómetros (escala molecular), pode ser considerada nanotecnologia.

Quantum computing – Computadores quânticos, que se apresentam como “um novo tipo de supercondutor” que pro-cessa, através da mecânica quântica, de forma muito mais rápida, o conjunto de algoritmos que constituem a computa-ção. Potencialmente mais adequado para resolver problemas complexos de otimização, que existem em vários domínios, nomeadamente, Aprendizagem da Máquina (permite que a máquina vá aprendendo a melhorar a performance durante os processos que vai realizando), reconhecimento de Padrões, deteção de Anomalias, Análise Financeira e Verificação de Software/Hardware e Validação.

3.2 // TENDÊNCIAS DE FUNDO Para além das tendências tecnológicas identificadas com potencial de aplicação transversal às atividades económicas analisadas neste estudo, existe em simultâneo um conjunto de desafios que servem como pano de fundo às estratégias competitivas das empresas, na medida em que incidem diretamente sobre o quotidiano das pessoas e sobre a sua mul-tiplicidade de necessidades e aspirações enquanto consumidores de bens e serviços.

A figura seguinte representa esquematicamente a relação que as pessoas estabelecem com as principais áreas funcio-nais que contribuem para a sua vivência.

Figura 5 • Áreas geradoras de tendências transversais

Pessoas

Trabalho Saúde

Alimentação

Segurança

Energia

AmbienteConsumo

Lazer

Mobilidade

Educação

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/// SAÚDE

Atualmente, a par de uma sociedade ocidental envelhecida (baixas taxas de natalidade e elevada longevidade) que sofre com doenças decorrentes de uma sociedade dita desenvolvida (como a obesidade, problemas cardiovasculares e car-diorrespiratórios, entre outros), existe uma sociedade em vias de desenvolvimento, cujas taxas de mortalidade infantil são elevadas e a esperança média de vida ainda reduzida, necessitando de cuidados de saúde considerados básicos.

Em termos futuros estima-se uma evolução crescente de doenças relacionadas com o aumento da mobilidade de pes-soas e bens (globalização), o que tornará mais fácil o contágio e a propagação das mesmas.

Neste contexto, as tendências tecnológicas, prevêem que em termos futuros sejam criados diversos dispositivos, alguns já em teste e/ou utilização, que visam colmatar problemas, com que a sociedade já se depara na atualidade. De seguida, apresentam-se algumas dessas aplicações:

• “Appficação” – Aplicações que permitem diagnosticar estados de saúde, assentes em algoritmos (base de dados arquivados e online) e dados introduzidos pelos pacientes, encurtando as vias de comunicação entre estes e os médicos.

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• “Informática pessoal” e Monitorização – Crescente preocupação das pessoas no sentido de acompanharem de

perto o seu estado de saúde, afastando assim esta tarefa exclusivamente dos médicos, hospitais e laboratórios. Os sistemas tecnológicos de informação permitem o armazenamento de informação, proporcionando assim uma redu-ção de custos, uma vez que torna possível a prevenção e a realização de consultas online.

• Biologia sintética – Intensificação da biotecnologia em determinados campos de atuação, com o objetivo de dese-nhar e construir funções biológicas novas e adaptar as já existentes, através da manipulação de elementos químicos, produção de materiais e estruturas com vista à auto regeneração.

O Horizonte 2020 advoga para todos uma vida longa e saudável, depara-se no entanto com a necessidade de encontrar novas tecnologias que promovam a saúde e o bem-estar, sobretudo as capazes de acelerar a investigação em áreas como a neurociência, as doenças cancerígenas e novos modelos de sistemas de medicina.

“UMA PERCENTAGEM SIGNIFICATIVA DA POPULAÇÃO OPTA POR PESQUISAR OS SEUS SINTOMAS ONLINE, ANTES DE FALAR COM UM MÉDICO OU FAMILIARES.”

Fonte: Revista Assoc. Med. Bras. vol.58 no.6 Nov./Dec. 2012

“DILUIÇÃO DAS FRONTEIRAS ENTRE O CORPO HUMANO E A TECNOLOGIA”. Fonte: Informação contida em www.futurodamedicina.com.br

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/// ALIMENTAÇÃO

Espera-se que a perceção e a importância conferida aos alimentos sejam influenciadas por uma nova demografia e novos valores da sociedade, nomeadamente a escassez dos próprios recursos naturais e dos alimentos com a extinção de mui-tas espécies animais e vegetais que fazem hoje parte da nossa alimentação. O mix cultural, conectado digitalmente, abrirá novas perspetivas, nomeadamente transparência e acessibilidade podendo alterar a cadeia de produção dos alimentos. Novas formas e fontes de comida, desde insetos até algas, poderão entrar em conflito com a perceção de sabor, saúde e hábitos alimentares da sociedade atual.

Espera-se que a perceção e a importância conferida aos alimentos seja influenciada por uma nova demografia e novos valores da sociedade, nomeadamente a gestão da escassez dos próprios recursos naturais e dos alimentos com a extin-ção de muitas espécies animais e vegetais que fazem hoje parte da nossa alimentação.

Segundo alguns estudos, num futuro próximo, os interesses da população podem-se agrupar essencialmente em 5 ver-tentes, no que diz respeito às tendências alimentares, são elas: sensorial e prazer; saúde e bem-estar; conveniência e sentido prático; qualidade e confiabilidade; sustentabilidade e ética.

No entanto, é já notória a crescente preocupação e interesse numa grande variedade de sabores e em produtos “pre-mium”, exóticos, tradicionais e com embalagens apelativas no sentido da clareza da informação e rastreabilidade do modo de produção.

Espera-se que os produtos sejam adaptados às rotinas do dia-a-dia e ao consumo individual, assim como se pressupõe uma cada vez maior utilização dos produtos pré-cozinhados ou até mesmo prontos.

Por outro lado, os alimentos orgânicos (aqueles que procuram o equilíbrio entre fauna, flora, e ser humano, de forma sustentável), os alimentos funcionais (aqueles que trazem benefícios diretos à promoção da saúde, tratamento de doen-ças e retardamento do processo de envelhecimento) e os alimentos transgénicos (desenvolvidos em laboratório com a utilização de genes de espécies diferentes de animais, vegetais, ou microrganismos) terão um papel de relevo no futuro, sendo o seu desenvolvimento assente na engenharia genética, ela própria em grande desenvolvimento tecnológico.Em termos europeus, o Horizonte 2020 visa tomar medidas que possam garantir aos consumidores o acesso a comida

“HAMBÚRGUERES CRIADOS EM LABORATÓRIO, PIZZAS IMPRESSAS EM CASA, TOMATES ROXOS COM PROPRIEDADES ANTICANCERÍGENAS AMPLIADAS. DENTRO DE DÉCADAS, OS NOSSOS PRATOS TERÃO OS MESMOS NUTRIENTES DE HOJE, MAS O ASPECTO VAI SER BEM DIFERENTE.” Fonte: Francois Lenoir/Reuters/VEJA

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segura, saudável e de alta qualidade e ainda tornar competitivo o mercado europeu dos alimentos e das bebidas. Assim serão tomadas medidas nas seguintes vertentes:

• Promover escolhas informadas por parte dos consumidores;• Fornecer soluções estratégicas para alimentos seguros e saudáveis;• Criar oportunidades para a sustentabilidade e competitividade da agroindústria, através da inovação no processa-

mento dos produtos.

/// SEGURANÇA

Este tema constitui um elemento decisivo nas ações do ser humano, tendo em conta a realidade que se vive atualmente. Num mundo em mudança constante, muitas vezes torna-se difícil assegurar que os mecanismos de segurança indispen-sáveis às pessoas, seja como um todo (sociedade), seja em termos individuais ou empresariais, funcionam.

As empresas deparam-se com fatores que necessitam de atenção/intervenção de políticas de segurança ativa, tais como:

• BYOD (bring your own device), isto é, a utilização dos dispositivos eletrónicos pessoais dos trabalhadores no local de trabalho;

• Utilização de serviços de nuvem (cloud);• Big Data, armazenamento de grandes quantidades de dados.

As empresas podem ser afetadas por malwares (que se apresentam cada vez mais sofisticados e que afetam as suas infraestruturas), por descargas de dados (pessoais e consecutivamente da empresa) e por “perdas” de dados com in-formação privilegiada (privacidade), estes dois últimos realizados pelas APT (Ameaças Persistentes Avançadas), que caraterizam técnicas sofisticadas de ataques especialmente direcionados para recolha de informações confidenciais.

Neste sentido haverá um grande investimento por parte das empresas relativamente às questões da segurança de dados, nomeadamente em “Security Analytics” e “Next-Generation Security”.

No que diz respeito à vivência, pode-se dizer que o indivíduo procurará que a sua habitação seja o mais segura possível, recorrendo à implementação de sistemas de domótica (equipamentos capazes de gerir sistemas de segurança, luzes, estores, aquecimento inteligente, entre outros, etc.), surgirá a substituição das “chaves de casa”, por sistemas biomé-tricos (comando por voz, leitura de iris, por impressões digitais, etc.), tudo ligado a dispositivos tecnológicos individuais (ex: Smartphones).

Neste sentido surge o “Desafio das Sociedades Seguras” que vai contribuir para a implementação dos objetivos políticos da estratégia Europa 2020 com especial atenção para as seguintes atividades: combate ao crime, ao tráfico ilegal e ao terrorismo; proteção e melhoria da resiliência das cadeias de abastecimento e dos modos de transporte; reforço da segu-rança através da gestão das fronteiras; melhoria da segurança cibernética, incluindo a garantia de privacidade e de liber-dade, na Internet; melhoria da padronização e interoperabilidade dos sistemas; apoio às políticas de segurança externa.

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/// ENERGIA

O setor energético afirma-se como um dos setores que apresenta maior capacidade para influenciar a geopolítica e a economia dos países, uma vez que a produção e a distribuição de energia está largamente presente na gestão das ci-dades, na indústria, nos sistemas de transporte, segurança, saúde e de educação, no turismo, comércio ou agricultura.Espera-se que a energia seja cada vez mais segura (segurança do aprovisionamento energético), acessível, de baixo nível de carbono, universalmente disponível e utilizada de forma cada vez mais eficiente e competitiva. A pegada ambiental provocada pela emissão de carbono tem vindo a ser reduzida (cerca de 14 giga toneladas de CO2 por ano, uma redução de cerca de 80%) e a tendência pode ser suportada por medidas nas seguintes áreas:

• Um papel vital da produção e eficiência energética do lado da procura, provocada por melhores rendimentos resul-tantes da conversão energética, maior conservação e sistemas de apoio social e de infraestruturas;

• Um aumento massivo das renováveis e mais combustíveis fósseis alvo de conversão para captura de carbono;

• Novos dispositivos tecnológicos como por exemplo as smart-grides e os smart-meeters.

O investimento a efetuar, tendo em conta esta perspetiva futura, apresentará particular enfoque na contribuição para a reforma ou adaptação dos ativos intensivos em energia ineficiente e de carbono, no fomento à inovação pré-competitiva, em termos de eficiência e soluções de energia carbono zero e na criação e/ou modernização da infra-estrutura energé-tica que permite o acesso, o uso eficiente e a resiliência à variabilidade da distribuição, das fontes de energia renováveis.

A União Europeia, no quadro da sua política de clima e energia projetados para 2030 estabelece para esta matéria, os seguintes objetivos a atingir até 2020: reduzir as emissões de Gases do Efeito de Estufa para pelo menos 20% abaixo dos níveis de 1990; assegurar que 20% da energia consumida tem origem em fontes renováveis e reduzir o consumo total de energia em 20%, através de medidas de eficiência energética.

A Comissão propõe ainda uma nova estruturação da governação baseada em planos nacionais para uma energia compe-titiva, segura e sustentável, com uma abordagem comum entre Estados Membros, que promova o aumento da integração do mercado e a concorrência.

/// AMBIENTE

Estima-se que em 2050, a população mundial se situe nos 9 mil milhões de pessoas. A pressão sobre os recursos existentes no planeta, que hoje já se faz sentir de forma intensa, será ainda mais forte e em alguns casos extremos (desertificação, erosão costeira, fenómenos derivados das alterações climáticas, emissões de GEE, entre outros) poderá ser irreversível. No presente, um facto já é bem conhecido e consensual: no futuro teremos que “produzir mais, com menos recursos”.

Neste sentido, a preservação dos recursos naturais e a comercialização dos resíduos (reintrodução dos resíduos no circuito económico – economia circular), através da transformação dos resíduos em produtos, subprodutos ou matérias--primas são uma tendência que será cada vez mais valorizada. A análise da relação ambiente, energia e sustentabilidade assume também um caráter cada vez mais urgente. O equilíbrio

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2020:GEE para -20% abaixo dos níveis de 199020% da energia consumida é verde-20% consumo total de energia

até

Fonte: Europa 2020 – Estratégia para o Crescimento da Europa

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racional preconizado pelo desenvolvimento sustentável deve substituir o modelo de visão fragmentada que, historicamen-te, pôs em campos opostos o progresso socioeconómico e a conservação ambiental.

O ritmo acelerado da mudança tecnológica acarreta oportunidades imensas para o ambiente, estas incluem, em particu-lar, clusters emergentes como o da nanotecnologia, da biotecnologia e das tecnologias de informação e da comunicação, no entanto há que ter em atenção que os riscos associados às mudanças tecnológicas têm que ser regulados de forma adequada e bastante controlada no que concerne ao ambiente, uma vez que podem ser irreversíveis e catastróficos.

Grandes investimentos serão necessários para criar, modernizar ou substituir infraestruturas críticas. Por exemplo, os sistemas carbono – zero, as energias renováveis, a gestão dos materiais como um ciclo fechado requerem mais investi-gação e desenvolvimento, que as empresas por si só não serão capazes de iniciar apenas a partir dos seus recursos. O financiamento público terá um papel fundamental no incentivo e mobilização do capital privado.

A estratégia para o crescimento da Europa - EUROPA 2020, para a próxima década, pretende que num mundo em mudança, a UE se transforme numa economia smart, inclusiva e sustentável que possa alavancar elevados níveis de emprego, produtividade e coesão social, sendo, deste ponto de vista o emprego, a inovação, a educação, a inclusão social e o clima/energia os objetivos prioritários para 2020.

/// CONSUMO

Num mundo globalizado e em mudança constante, novos padrões de consumo são assumidos, surge progressivamente um “novo” consumidor com novas necessidades e expetativas: a internet está a transformar o comportamento e expetativas do consumidor a uma escala mundial - individualização, transparência, disponibilidade e rapidez serão as palavras de ordem; ser “amigo do ambiente” e consumir de forma consciente vai determinar o comportamento de compra; comodidade, confor-to e simplicidade serão os requisitos fundamentais aliados à sustentabilidade ambiental e exigem que os serviços e produtos os ajudem na procura desse equilíbrio.

Em 2020 a internet estará presente em quase todos os lados e irá ditar novos comportamentos do consumidor. As pessoas estarão sempre na internet, rodeadas de aplicações “easy-to-use” e de “virtual smart agents” que as auxiliam automatica-mente nas suas atividades diárias, filtram a informação, orientam e apoiam na formulação de opções.

Apesar desta omnipresença da internet, os consumidores não vão dispensar o “aconselhamento individualizado”, isto é, ao lidar com as empresas, os clientes vão querer sentir que as informações e serviços são adaptados às suas necessidades, assistindo-se à proliferação dos pontos de contato e de formas de interação entre pessoas e computadores, robots ou máquinas.

De seguida apresentam-se alguns aspetos fulcrais, nos quais se espera, assentem as principais tendências de consumo de futuro:

• Oportunidades de negócios ligadas ao “movimento verde”, incluindo o desenvolvimento dos recursos de energia mais “limpa” e produtos ecologicamente “corretos”;

• Reengenharia de produtos para que estes possam adotar várias funções para múltiplos fins, ou serem reduzidos a ma-térias-primas para produção de outros produtos recursos hiper-eficientes em setores–chave, por exemplo, transporte e energia renovável;

• O acesso sem precedentes à comunicação tem vindo a quebrar barreiras globais, aumentando a produtividade e mo-dificando a maneira como vivemos, trabalhamos e consumimos.

Em termos europeus, a Estratégia Europa 2020 aponta para “a utilização eficiente” dos recursos e apela a um aumento da

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eficiência desses recursos, “alterar os padrões de consumo, otimizar processos de produção, gestão e inovação nas em-presas e melhorar a logística”, de forma a reduzir o impacto ambiental da produção de alimentos e os padrões de consumo.

/// LAZER E DESPORTO

A designação Lazer, no seu sentido mais amplo, reporta a um conjunto alargado de matérias que importa identificar e es-truturar de acordo com uma afinidade funcional e de conteúdos: o lazer assente nos meios de comunicação e desenvolvido em ambiente doméstico: por meio de rádio, televisão, livros, jornais, revistas, jogos de vídeo, computadores, etc.; o lazer assente nas relações sociais e com o espaço em que se habita: em parques, escolas, bares, restaurantes, teatros, cinemas, discotecas, centros comerciais, etc.; e o lazer assente no turismo: vetor que será estratégico no desenvolvimento econó-mico da indústria do Lazer.

Convém referir que uma grande parte da população mundial encontra-se, atualmente, afastada desta prática devido à falta de condições económicas, de segurança e de infraestruturas.

De acordo com um estudo desenvolvido pelo Institute Foresight , a tendência dominante parece ser a de que o setor do lazer crescerá em função, principalmente, de uma redução da carga horária de trabalho, da possibilidade dos locais de trabalho serem simultaneamente espaços para lazer, de uma motivação pela busca de saúde e qualidade de vida, apostando em atividades desportivas ao ar livre, nomeadamente a designada “saúde ativa”.Com base em estudos da Organização Mundial do Turismo – OMT destacam-se ainda algumas tendências para os setores de lazer e turismo, a saber:

• Valorização dos lugares autênticos para lazer, devido aos impactos da globalização;• Intensificação do lazer em família;• Procura de locais próximos da área de residência, viagens mais curtas e percursos mais rápidos e confortáveis;• Planeamento das atividades de lazer com uso da tecnologia;• Mercado de lazer desafiador em razão de mudanças constantes;• Fidelidade do cliente, valorização de produtos personalizados;• Lazer sustentável como parte do vocabulário das pessoas;• Maior oferta de lazer para a terceira idade;• Influência tecnológica nas atividades de lazer.

As tecnologias estarão cada vez mais presentes nos momentos de lazer das pessoas, influenciando comportamentos e até a estrutura de trabalho. Com equipamentos portáteis e uso de Internet, acredita-se que a tendência é de diversificação dos ambientes de trabalho, inclusive em locais destinados ao lazer.

/// MOBILIDADE

Todas as previsões apontam para uma atração crescente da população para as cidades, há que prepará-las para que as pessoas possam viver de forma sustentável nas novas urbes. Neste contexto, a mobilidade, a construção sustentável e o desenvolvimento de smart-cities serão áreas prioritárias de intervenção, uma vez que a competitividade urbana depende diretamente destes aspetos.

Relativamente à mobilidade, o desafio passa por desenvolver sistemas de transporte que respondam simultaneamente às necessidades em termos ambientais e às exigências dos cidadãos de se deslocarem cada vez mais e de forma mais racional, seja para lazer, seja para trabalhar – geração móvel, novas estratégias de mobilidade e novos métodos de comunicação.

Espera-se que o acesso à mobilidade esteja disponível para todos, aumentando as atividades sociais, económicas e de lazer.

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010101

“A APRENDIZAGEM ABERTA É CARATERIZADA PELO AMPLO ACESSO DO ESTUDANTE A MATERIAIS E TECNOLOGIAS; OPÇÕES DE ESCOLHA EM RELAÇÃO AOS CONTEÚDOS E METODOLOGIAS; E GRANDE ABERTURA A DIVERSOS PÚBLICOS EM DIFERENTES LOCAIS, CULTURAS E CONTEXTOS” (Okada, 2008; Willinsky, 2006).

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O volume de transporte mais do que duplicará em passageiros e toneladas-quilómetro, nos próximos anos, apesar disso espera-se que os impactes ambientais negativos sejam substancialmente reduzidos - as emissões de CO2 sejam reduzidas em cerca de 60-70%, o NOX e as emissões de partículas sejam praticamente eliminados. Isto, espera-se que seja alcançado através de:

• Mudança para sistemas de transporte inteligentes que melhoram a eficiência, segurança, rapidez, confiança, conforto, facilidade de acesso, que incluirão também preocupações com idosos, crianças e pessoas com mobilidade condiciona-da e aumentarão a disponibilidade de intermodalidade de transporte público e privado;

• Promoção do uso de veículos inteligentes, gestão do fluxo de tráfego e da eco-condução;

• Tecnologias avançadas, tais como veículos elétricos e aeronaves altamente eficientes na utilização do combustível, com base em materiais leves, aerodinâmica de nível superior e eficiência dos motores;

• Redução da intensidade de emissões de GEE, dos veículos ligeiros, em 80%, através de downsizing, mais leves, mais eficientes e combustíveis de baixo teor em carbono;

• Diminuição da intensidade do carbono em pelo menos 50%, em outros modos - transporte rodoviário, transporte aéreo e marítimo;

• Combustíveis alternativos, como os biocombustíveis sustentáveis, hidrogénio e energia elétrica a partir de fontes de baixo carbono.

“Retirar os veículos a combustão convencional das cidades até 2030 … e… implementar até 2020 a framework de gestão de informação e de pagamentos, para o transporte multimodal na Europa”. Fonte: informação contida em “White Paper on Transport”

/// EDUCAÇÃO

O contexto atual da globalização, contempla uma enorme diversidade de informação e conhecimento, e de expectativas perante a forma como esse conhecimento será transmitido, sobretudo no que diz respeito à introdução de novas tecno-logias para este efeito.

Prevê-se que o ensino, cada vez mais, deixe de ser aquele espaço físico em que apenas há a transmissão de conheci-mento do professor para o aluno, dando maior relevância ao desenvolvimento de competências e projetos em conjunto, e que enformará um novo sistema “mais livre”, que possibilitará a existência de modelos de gestão diferentes de escola para escola, em que a inovação e a experimentação deverão ser os pilares naturais.

Preconiza-se uma maior liberdade de escolha (independentemente da localidade de residência) dos projetos educativos que mais potenciam as capacidades de aprendizagem dos alunos.

Os processos atuais de ensino darão lugar a uma nova forma de aprendizagem que assenta nos seguintes termos:

• Flip teaching – Ver e analisar conteúdos online, em casa, e apenas se deslocar à escola para debater e consolidar conteúdos;

• Adaptive learning – Utilização de computadores interativos para uma aprendizagem personalizada de acordo com as necessidades;

• Open Education – Acesso gratuito a várias plataformas com conteúdos essenciais e avançados para aprendizagem;

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• BYOD Education – Possibilidade de levar o computador pessoal ou outro equipamento equivalente para utilizar nos processos de aprendizagem.

Todos estes processos possibilitam uma aprendizagem “em todo o lado e a qualquer hora”, que vão de encontro às ex-petativas que se possuem também, neste sentido, para o trabalho e para o lazer. Estes desenvolvimentos já possibilitam o acesso ao ensino ministrado em instituições de ensino de referência internacional que passam a poder globalizar a sua oferta educativa e terão consequências concorrenciais para as instituições de ensino de âmbito mais local.

/// TRABALHO

Nesta área o futuro apresenta a continuação de algumas mudanças que já se começaram a fazer sentir, nomeadamente a “substituição”/complemento dos graus académicos pelas competências (soft skills). Pode-se dizer que será crescente a importância da existência de profissionais polivalentes e interdisciplinares com capacidade para expressar e aplicar o conhecimento adquirido através das suas competências, sendo que a grande mudança se encontra patente na forma de trabalhar.

“MAIS DO QUE AQUILO QUE SE SABE É A CAPACIDADE QUE SE TEM DE APRENDER COISAS NOVAS, DE SE ADAPTAR ÀS SITUAÇÕES, DE PRODUZIR CONHECIMENTO, DE INTERAGIR”. Fonte: João Barroso, da Universidade de Lisboa, em Jornal Público tema “Quando a escola deixar de ser uma fábrica de alunos”

Um outro aspeto a ter em conta prende-se com as questões ligadas à mobilidade e à aposta nas tecnologias que se prevêem como fundamentais no contexto empresarial futuro, uma vez que irão surgir novas políticas e modelos de mobilidade internacional (sendo que aqui há uma transição das viagens de curta/média e longa duração para as viagens frequentes) que proporcionam a rapidez e a fluidez, sendo esta situação possível através da aposta na tecnologia.

“No mundo do trabalho navegamos, como um surfista, … Não temos… controle sobre as ondas de oportunida-des que surgirão, nem mesmo se elas virão na praia profissional escolhida… O correto é estar preparado para enfrentá-las, independentemente das suas caraterísticas”. Fonte: José Manuel Morgan em Perspetivas virtuais para a educação cita MACEDO, 2000

As empresas estão também a modificar a sua forma de fazer negócios, apostando em novos modelos. Esta transfor-mação assenta essencialmente em três tipologias, a saber: modelos de negócio centrados no digital, criação de novos negócios de âmbito digital e a globalização digital.

No “Novo Negócio Digital” as novas empresas introduzem produtos digitais que podem complementar produtos tra-dicionais, ou transformar os modelos de negócio, reestruturando as suas próprias fronteiras para uma performance assumidamente digital.

Na “Globalização Digital” as empresas estão a transformar-se de multinacionais para globais, suportando-se nas tecnolo-gias digitais que permitem ganhar sinergias globais, enquanto se mantém fiéis às necessidades/responsabilidades locais.

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“WE’VE REALIZED THAT IF WE DON’T TRANSFORM THE WAY WE DO BUSINESS, WE’RE GOING TO DIE. IT’S NOT ABOUT CHANGING THE WAY WE DO TECHNOLOGY BUT CHANGING THE WAY WE DO BUSINESS.”Fonte: The Nine Elements of Digital Transformation, MIT Sloan O “Negócio Modificado Digitalmente” advoga que é necessária uma introdução massiva do digital para transformar e fazer crescer o negócio.

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/// INOVAÇÃO COMO FATOR DE COMPETITIVIDADE

As ideias que se apresentam resultam do desafio que foi colocado ao Prof. Joaquim José Borges Gouveia para encerrar os workshops temáticos realizados na Universidade de Aveiro. Esta caixa de texto é uma síntese de uma apresentação que nos fez chegar com a sistematização das reflexões por si apresentadas nesse evento. Inovar: Como e Porquê?

• Como conceptualizar, analisar e perspetivar a evolução das atividades e dos negócios?• Como analisar o impacto das tecnologias avançadas de informação, em particular da Internet, na redefinição da

cadeia de valor e na cadeia de operações das atividades e dos negócios?• Como perspetivar novos modelos de negócio, conduzindo a novos produtos e serviços centrados nas necessidades

dos clientes/utilizadores/utentes?• Como desenvolver o conceito de novos serviços baseados na WEB?• Como é que as organizações e /ou as empresas podem inovar?

É importante/necessário perceber os desafios da procura:

• Como criar valor com o consumidor/cliente/utente/utilizador;• Da venda do produto à contratualização de um serviço;• A importância crescente da legislação, regulamentação e normalização;• O prazo de entrega para ontem (efeito de zapping);• A resolução da reclamação dos clientes/utilizadores/ utentes e dos cidadãos;• A sustentabilidade económica, social e ambiental.

Para fazer face a todos os desafios pode-se investir/apostar em 4 vertentes, são elas, modelo e processo, rede de com-petências e emoções, co-competição, e território.

Modelo e processo (redes low cost) consiste em pessoas (atitude inovadora e empreendedora, liderança e motivação,

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ética e competência), no paradigma (da procura para a oferta - focalização no cliente), em modelo de gestão (cadeia de fornecedores/abastecimento, SCM - supply chain management ou cadeia de operações), na visão (integrada e global com um processo produtivo flexível e produtos/serviços com diversificação e diferenciação) e em objetivos (custo mínimo por produto entregue no cliente; “lead time” mínimo; produzir quando e quanto solicitado pelo cliente - filosofia jit).

Rede de competências e emoções contempla o modelo de gestão (supply chain / networking), o conceito de rede (nós ramos e fluxos), a liderança, ética e cumplicidade, o paradigma (partilha do conhecimento), o capital (humano, intelectual e social), a cooperação, parcerias win-win, filantropia e a visão do texto e contexto para a cor e imagem.

Co-competição consiste na diferenciação (customização e/ou personalização), diversificação (ciclos de vida curtos - resposta rápida), flexibilidade (redes de cooperação e parcerias), integração (focalização no cliente/utente/cidadão) e posicionamento (preço/qualidade/disponibilidade).

Território (desafios e oportunidades) representa ações com intuito de promover: a formação dos jovens e dos habitantes no território ao longo da vida, a criatividade, o espírito empreendedor, a inovação nos jovens, a capacitação dos jovens para a globalização (ensino de línguas diversas, história, geografia...), a criação da rede do conhecimento no território, a atratividade e competitividade do território e a inovação social no território.

Em jeito de conclusão, devem ser criadas condições para um desenvolvimento inovador na empresa (definição da vi-são, missão e criação de novos objetivos através de novos projetos), criado um papel ativo para os parceiros sociais – stakeholders (cooperação em parcerias win-win entre parceiros sociais, políticos, “fazedores” de opinião, académicos, inovadores, gente da moda “fashion people”, gente de negócios e empresários) e ainda contruídas novas alianças para criar um território inovador - workplace of innovation (Cidade, Região, Ibéria, Europa e Mundo – cidade de pontes e redes sempre ligadas quando e onde estamos…). Fonte: Professor Joaquim José Borges Gouveia

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ANÁLISE DA ATRATIVIDADE POTENCIAL DOS CLUSTERS

PARTE II

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Nesta 2ª parte do estudo procede-se à análise do potencial das atividades dos clusters para as empresas do setor das TICE.

Não sendo um estudo de caraterização setorial afastam-se as questões de deli-mitação de âmbito das atividades que integram cada cluster.

Neste sentido e para efeito de delimitação de âmbito das atividades envolvidas no cluster, considera-se por razões de simplicidade de nomenclatura as seguintes denominações:

• Cluster do conhecimento e da economia do mar – Cluster da Economia do Mar;

• Polo de competitividade e tecnologia agroindustrial – Cluster Agroalimentar;• Polo das tecnologias de produção – PRODUTECH – Cluster das Tecnologias

de Produção;• Polo de competitividade e tecnologia das indústrias da mobilidade – Cluster

das Cidades Inteligentes;• Polo de competitividade e tecnologia do turismo – Cluster do Turismo.

A análise de cada um dos clusters é efetuada dentro desta parte, passando pelos seguintes pontos: enquadramento institucional e das atividades chave dentro do cluster, análise das 5 forças competitivas de M. Porter e a apresentação dos resultados do workshop de Roadmap Tecnológico.

Sendo as cinco forças de M. Porter um referencial metodológico para análise da atratividade de um segmento de mercado, a sua utilização no âmbito deste es-tudo ajudará a identificar os vetores que influenciam as estratégias competitivas em cada cluster. A partir das cinco forças de M. Porter será ainda apresentado um sistema de vigilância competitiva (capítulo 9), que servirá de suporte à ca-raterização da posição competitiva das empresas TICE, auxiliando-as a atingir patamares mais elevados de competitividade.

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Figura 6 • Relação entre as cinco forças de M. Porter e as dimensões

No entanto é necessário frisar que a utilização deste referencial de análise competitiva estratégica deve ser encarada fundamentalmente como um quadro de organização de ideias e de contextualização de desafios, mais do que uma es-cala de avaliação da atratividade de cada um dos megaclusters.

Para tornar mais específico o exercício de identificação de oportunidades, a equipa de trabalho dinamizou workshops de Roadmap Tecnológico, contando com a participação de especialistas dos clusters alvo e dos associados Inova-Ria. Para cada um dos clusters foram identificadas tendências de mercado; oportunidades setoriais e áreas com potencial de inovação; aplicações que possam aproveitar esse potencial de inovação; tecnologias que devem ser mobilizadas; ti-pologias de clientes potenciais e o seu posicionamento na cadeia de valor. O processo de roadmapping teve ainda como objetivo a identificação de facilitadores/barreiras e de recursos necessários para as empresas TICE poderem responder aos desafios inerentes às tendências de mercado identificadas.

VigilânciaContexto

VigilânciaMercado

VigilânciaInterna

VigilânciaTecnológica

RivalidadeSetorial

Poder denegociação dos fornecedores

Poder denegociação dos

clientes

Produtossubstitutos

Concorrentespotenciais

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4/ CLUSTER DAS CIDADES INTELIGENTES

Atualmente as cidades enfrentam desafios relacionados com as alterações climáticas, a demografia, os fluxos popula-cionais, a dependência energética, a exclusão social ou segurança que exigem o desenvolvimento de novos modelos de organização e desenvolvimento urbano. Em diversas cidades de todo o mundo estão a ser desenvolvidos projetos-piloto, integrados em movimentos organizados por entidades nacionais ou supranacionais ou pela própria indústria.

Na União Europeia, a Parceria Europeia de Inovação em Cidades e Comunidades Inteligentes (European Innovation Partnership on Smart Cities and Communities) tem por objetivo combinar as TICE, com a gestão energética e a gestão de transportes de forma a identificar soluções inovadoras que sirvam os desafios colocados às cidades Europeias em termos de ambiente, saúde e sociedade. Deste modo, pretende-se desenvolver soluções que possam ser transferíveis e escaláveis, e assim contribuir para os objetivos 20-20-20 do Clima e Energia que a EU prevê atingir no horizonte 2020. Atualmente, a EU está a cofinanciar projetos que possam ter um efeito demonstrador, bem como a ajudar na coordena-ção dos projetos que estão a ser desenvolvidos por cidades em conjunto com diversos operadores e diferentes indústrias relacionadas na área da mobilidade e das TICE.

Em Portugal, algumas cidades participaram ou estão a participar em alguns projetos autónomos de soluções smart, exis-te a Rede de cidades RENER – Living Lab para a inovação urbana, existe a rede “Smart Cities Portugal”, e algumas em-presas nacionais e internacionais (nomeadamente algumas empresas multinacionais como a CISCO, a IBM, a SIEMENS ou a ORACLE) que têm integrado estas parcerias como forma de conhecer o mercado das cidades inteligentes, o seu potencial de exploração de novos modelos de negócio, novas formas de governação e novas formas de financiamento. A existência destes exercícios de cooperação e codesenvolvimento entre empresas, universidades, centros de investi-gação, associações, clusters ou pólos empresariais e autarquias, têm em vista o possível desenvolvimento de soluções que possam ter impacto na organização e desenvolvimento urbano das cidades nacionais mas também que possam ser escaláveis e transferíveis para outros mercados internacionais.

O conceito de cidade inteligente é bastante amplo e pode incluir aspetos transversais à vivência em sociedade e à relação das pessoas com as cidades. A avaliação do “nível de inteligência” das cidades pode estar simultaneamente relacionado com a competitividade da economia, com o ambiente e recursos naturais, com o modelo de participação e governação das cidades, com o nível de desenvolvimento do capital humano e social, com a qualidade de vida das pessoas e com a mobilidade.

A identificação de potenciais aplicações das TICE no pólo das Cidades Inteligentes tem vindo a ser explorado por diversos players com dimensão global. A evolução da identificação de potenciais aplicações, reflete a evolução quer da própria tecnologia de base, quer da identificação de potenciais aplicações da mesma e de novos modelos de negócio. Ainda que o potencial de aplicação das TICE afete diversos setores, como os transportes, construção, logística, energias e utilities, segurança ou governação autárquica, no presente trabalho fez-se um esforço de identificação das principais áreas de utilização, ilustrando potenciais “avenidas” de desenvolvimento de aplicações.

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Sistema de Transportes: Com a evolução tecnológica futura, os veículos rodoviários e as estradas em que os mesmos circulam tenderão a ser mais inteligentes. Deste modo, será possível desenvolver tecnologias que serão incluídas na construção das vias de comunicação (estradas), de forma a que os veículos, incorporando sensores e sistemas de locali-zação GPS, possam melhorar o tráfego nas cidades e promover a segurança de condutores e transeuntes. Nos sistemas de transportes aéreos, marítimos (portos) e ferroviários, o desenvolvimento de ferramentas de obtenção, tratamento e partilha de informação sobre todo o tipo de operações, permitirá melhorar os processos e melhorar a mobilidade de pessoas e mercadorias. A coordenação de informação sobre todos estes modos de transporte permitirá otimizar a mo-bilidade das pessoas, as operações logísticas (unimodais e intermodais), ao mesmo tempo que promove soluções mais seguras, mais económicas e ambientalmente mais eficientes. Podem-se encontrar soluções que respondam a necessi-dades comuns como por ex. desenvolver sistemas integrados de pagamento que permitam utilizar todos os modos de transporte e ter apenas uma “fatura” de mobilidade.

Parqueamento Citadino: Ainda que seja uma área muito particular, uma das áreas de destaque na atuação potencial das TICE é a otimização do parqueamento dentro das cidades. O desenvolvimento de tecnologias que permitam gerir o parqueamento citadino, disponibilizando formas de pagamento online, por telefone ou via SMS, disponibilizando informa-ção sobre ocupação e pagamento de parqueamento em tempo real permitirão aumentar receitas, reduzir emissões de carbono e aumentar a eficiência do espaço e dos veículos.

Gestão de Edifícios: A gestão dos edifícios deverá evoluir para modelos em que o controlo das pessoas, cargas e fluxos será feita de forma a melhorar os níveis de conforto, saúde e segurança das pessoas. Todas as tecnologias que permitam otimizar a climatização e a luminosidade dos edifícios, bem como a utilização direta de energia, poderão ter um elevado impacto na energia consumida e nos custos energéticos finais, uma vez que os edifícios (residenciais, comerciais e in-dustriais) são responsáveis por aproximadamente 32% da energia consumida no Mundo, chegando a 40% da energia em países mais desenvolvidos (International Energy Agency, 2014).

Complementarmente, também as novas técnicas de construção e o desenvolvimento de novos materiais de construção de edifícios, poderão ter igual impacto na luminosidade e climatização dos edifícios, bem como a crescente integração de soluções que possam tornar os edifícios cada vez menos energeticamente dependentes, quer seja pela integração de energias renováveis, quer seja pela integração de dispositivos que utilizem os fluxos do edifício como produtores de energia.

Energia e Utilities: O desenvolvimento de tecnologias que tornem possíveis as redes inteligentes, permitirão obter ganhos de racionalidade e utilização. Do lado da procura, a integração de sensores e medidores permitirá saber qual a energia (ou outra utility) que os utilizadores/consumidores estão a utilizar, influenciando a procura, enquanto do lado da oferta e da gestão de redes, a integração de sensores, medidores, controlos digitais e ferramentas analíticas permitirão otimizar a performance da rede, orientando a energia para onde a mesma é necessária, bem como diminuir e restaurar interrupções mais rapidamente.

Segurança Pública: Usando os avanços tecnológicos disponíveis procurar-se-á tornar todos os sistemas de segurança pública mais inteligentes. Deste modo as capacidades e tempos de resposta dos serviços de emergência serão melho-radas, será mais fácil controlar e proteger os grandes eventos de massas, proteger transações e fluxos de trabalho da administração pública, antecipar ocorrências relacionados com segurança pública e permitir vigilância de locais públicos.

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/// CINCO FORÇAS DE M. PORTER

O cluster das Cidades Inteligentes apresenta-se com grande potencial de desenvolvimento, assim engloba um conjunto de atividades de diversas áreas, que segundo as cinco forças de M. Porter se caraterizam de seguida.

Poder de Negociação dos ClientesSendo esta uma área de atuação baseada na inovação e desenvolvimento de novas soluções, existem forças contrárias relativamente ao poder de negociação dos setores clientes. Por um lado, o facto de não se estar perante produtos indife-renciados, de não se estar a vender soluções a clientes na mesma cadeia de valor, que assim não têm acesso ao conhe-cimento tecnológico e tácito associado ao desenvolvimento destas soluções e não têm capacidade de integração vertical a montante, penaliza o poder de negociação dos clientes. Por outro lado, os custos de mudança poderão ser elevados, uma vez que não estando perante soluções estandardizadas, a mudança para outros fornecedores pode implicar novo investimento em infraestrutura com a consequente falha de serviço.

No sentido oposto, os clientes poderão incluir empresas estruturais duma economia (como empresas de energia e uti-lities), entidades estatais ou empresas públicas, responsáveis pelo sistema de segurança pública ou pelos sistemas de transportes. Algumas destas empresas pertencem a setores com um elevado grau de concentração, ou são entidades estatais, ambas têm elevado poder de negociação.

Parece claro que num primeiro momento, e considerando apenas o mercado nacional, as soluções terão que ser de-senvolvidas utilizando estratégias de parceria e alianças estratégicas com os potenciais clientes de modo a garantir ade-quabilidade total da solução aos clientes do mercado nacional. Para mercados internacionais, a estratégia poderá seguir esta mesma lógica, num momento inicial. Ainda assim, como em mercados mais maduros também nestes mercados as vantagens de ser o first mover poderão gerar valor para as empresas que produzam soluções mais eficientes, mais user-friendly, e que criem maior valor para os vários elementos da cadeia de valor (cidadãos, autarquias, gestores de infraestruturas, etc).

Poder de Negociação dos FornecedoresPor este ser um novo mercado de atuação, em que as soluções a oferecer ainda irão ser desenvolvidas, é difícil de ante-cipar como é que as soluções irão ser operacionalizadas, e assim não se consegue antecipar com rigor quais os forne-cedores das empresas que irão desenvolver estas soluções. Ainda assim, é possível perceber que alguns dos principais fornecedores serão empresas de hardware, de soluções de redes, de comunicações e de equipamento. Estes pertencem a setores de elevada tecnologia, mas onde a tecnologia é estável e por isso com reduzidos graus de concentração e existência de diversos produtos substitutos, ou em alternativa, onde os produtos tecnológicos têm um reduzido ciclo de vida. Estas situações acabam por configurar um fraco poder de negociação por parte dos fornecedores previsíveis.Em sentido oposto, este é um setor em que grandes empresas multinacionais de TI se estão a posicionar como solution providers. Deste modo, poderá existir a ameaça de haver integração vertical a jusante, ou com o mesmo nível de impacto, a disponibilização da solução por parte destes fornecedores aos clientes finais.

Rivalidade SetorialUma vez que as soluções/produtos/serviços a implementar no cluster nas cidades inteligentes ainda não estão estan-dardizadas, os diversos players do mercado estão a desenvolver as suas soluções de forma autónoma. Por essa razão, a rivalidade existente entre concorrentes não tem por objetivo a conquista de quota de mercado, uma vez que o setor ainda está numa face inicial do ciclo de vida. Nesta primeira fase as empresas passarão por um processo de “evangelização” do mercado de forma autónoma, e apenas poderão debater-se em fases de apresentação de propostas de solução.Contudo, as empresas que procuram desenvolver soluções/produtos/serviços para implementar no âmbito do cluster das cidades inteligentes têm caraterísticas muito diferenciadas, quer em termos de dimensão, acesso à tecnologia, estrutura de I&D, estrutura de custos, etc. Daqui decorre que a rivalidade se baseará sobretudo na estratégia de diferenciação, com os diversos concorrentes a apresentarem os seus argumentos como os mais válidos para influenciarem a confiança na sua empresa como a mais adequada para dar resposta aos problemas ou necessidades dos clientes.

Concorrentes PotenciaisUma vez que este cluster incorpora diversas tendências tecnológicas futuras, apresenta uma elevada atratividade por via da dimensão do mercado potencial. Este mercado será atrativo sobretudo para:

• Organizações que atualmente exploram formas de atuação mais físicas e tradicionais (por ex. construção, mobilida-de, ambiente ou energia);

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• Empresas que dominam tendências tecnológicas, e que surgem como “hubs” de tecnologia e de I&D, e que procuram diversificar potenciais aplicações da sua tecnologia (por ex. consultoras de TI, empresas de software e hardware);

• Startups que identificam novas oportunidades de negócio, desenvolvem novos modelos de negócios disruptivos e identificam soluções radicais para problemas ou necessidades existentes.

No âmbito deste cluster, a criação de barreiras para a entrada de concorrentes potenciais poderá ter as seguintes fontes:

Economias de Escala: Como a maioria do investimento passa pela I&D, as soluções que forem replicáveis e escaláveis permitirão aos players obter economias de escala. Por outro lado, o tratamento da informação do mesmo tipo gerada pe-las soluções aplicadas é muitas vezes independente da quantidade, pelo que quanto mais informação processar, maiores as economias de escala e mais poder terão os players.

Diferenciação de Produto: Muitas empresas (nomeadamente multinacionais) já estabelecidas no mercado (mesmo noutras áreas de atuação) usam a sua notoriedade, imagem e/ou marca como facilitadores de relação ou base de vendas. Também se podem criar barreiras à entrada de novos players, se os atuais players desenvolverem soluções de tal forma adaptadas às necessidades ou problemas que se propõem resolver, que criam um enorme reconhecimento e fidelização à solução proposta.

Exigências de Capital: As soluções a aplicar no âmbito das cidades inteligentes exigem grande investimento em I&D. A entrada de novos concorrentes (late ou close followers) está também sujeita a grande investimento (capital e tempo) para desenvolver soluções similares ou melhoradas.

Custos de Mudança: Nas diversas áreas de atuação das cidades inteligentes, grande parte das soluções exigem inves-timentos em CAPEX, quer em equipamento (como sensores, medidores, controladores, ferramentas de análise, emisso-res, recetores, entre outros), mas sobretudo em software de tratamento, integração e interoperabilidade de informação. A mudança de solução exigirá novo investimento, sendo uma enorme barreira à mudança.

Acesso a Canais (de Distribuição): Como contrapartida para aumentar a “customização” das soluções a cidades/re-giões em concreto, pode-se conseguir exclusividade na implementação dessas soluções na restante região/país.Curva de Experiência e Tecnologia Produtiva Própria: A vantagem de ser líder passa muitas vezes pelo avanço em termos de conhecimento (tácito) e tecnologia própria que torna difícil a cópia ou melhoria.

Produtos SubstitutosComo em todos os setores que estão em fase inicial de desenvolvimento, ainda não existem certezas sobre os standards que irão implantar-se no mercado e que irão marcar o desenvolvimento das soluções a implementar. Contudo, dadas as caraterísticas estruturais destas soluções não é expectável grande facilidade na alternância entre diferentes soluções. Assim a existência de produtos/serviços/soluções alternativos tem sobretudo impacto aquando da decisão quanto à so-lução a implementar, porque os custos de mudança serão extremamente elevados.

No horizonte em análise, este cluster não terá como caraterística vigente a concorrência pelo preço, mas antes a con-corrência pela qualidade ou diferenciação, pelo que após tomada a decisão de implementação de uma solução, não se espera experimentação de soluções alternativas.

/// RESULTADOS DO WORKSHOPNo decorrer, do presente Estudo, foi realizado um Workshop específico para o cluster das Cidades Inteligentes, utilizando uma metodologia de Roadmap Tecnológico, cujos resultados se passam a apresentar:

Tendências de MercadoO exercício de identificação de tendências de mercado e de oportunidades de inovação foi bastante produtivo, com a identificação de um elevado número de tendências e oportunidades. Ainda assim, fez-se um esforço de síntese desses contributos de forma a destacar apenas cinco tendências principais que apresentamos de seguida:

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• Redução dos veículos próprios nas cidades até 2030 – De acordo com a meta definida pela CE de diminuir os níveis de emissão de CO2 em 40% até 2030, tal terá impacto na restrição da circulação de automóveis nas cidades.

• Mobilidade Sustentável – Em linha com a tendência de fundo da Mobilidade, o crescente nível de atração das cidades para a população exigirá novos sistemas de mobilidade, com a utilização de veículos e sistemas de transporte mais inteligentes.

• Logística Inteligente – A forma de atuação das cadeias de distribuição terá que se adaptar cada vez mais à segmenta-ção dos gostos e estilos de vida dos consumidores. As alterações relativamente à forma de compra, baseadas cada vez mais no online, levarão à alteração de formas, horários e quantidades de armazenamento e distribuição dos produtos.

• Utilização marginal da tecnologia disponível – Estima-se que apenas 5% da tecnologia que é disponibilizada nos dispositivos tecnológicos, é que é efetivamente utilizada. Esta fraca utilização deve-se quer às caraterísticas agregado-ras de features dos equipamentos, quer ao desenvolvimento de tecnologia não adaptada às necessidades das pessoas.

• Crescimento das populações idosas nas cidades – Acompanha a tendência de envelhecimento populacional com que se deparam as economias desenvolvidas do Ocidente, as cidades estão a ficar com um elevado número de população idosa sem ocupação ou em fim de carreira.

Oportunidades Setoriais/ Potencial de InovaçãoTendo por base as tendências de mercado destacadas anteriormente, identificaram-se diversas oportunidades de inovação, das quais se destacam:

• Disponibilização em tempo real de informação sobre acidentes e rotas; disponibilização de informação sobre níveis de poluição; desenvolvimento de interfaces intermodais (físicos e virtuais);

• Mudança na lógica de distribuição nas cidades;• Desenvolvimento de tecnologia mais intuitiva e fácil de chegar às pessoas; Social Business, ou seja modelos de negó-

cios de base social;• Telemetria e monitorização remota.

Aplicações e TecnologiasAssociadas a cada um dos 4 grupos de potenciais áreas de inovação, identificaram as seguintes aplicações:

• Gestão de acessos às cidades com base nos índices de poluição; Check-in online: com ligação aos vários modos de transporte; pay–as-driving behaviour, associado à determinação dos prémios de seguro, em que o seguro seria deter-minado a partir dos comportamentos e hábitos de condução de cada pessoa; mooble, ou seja, um google de mobilidade, o desenvolvimento de uma app intermodal, em que a partir da identificação de um conjunto de critérios, fornecesse as soluções intermodais mais adequadas.;

• Microdistribuição (adaptada às necessidades de transporte cada vez mais fracionadas) e impressão 3D de produtos (que altera o modo de operar das cadeias de distribuição);

• Desenvolvimento de aplicações de aprendizagem soft, mais adaptadas às necessidades das pessoas;• Desenvolvimento de medicamentos customizados de acordo com a informação genética de cada paciente; desenvolvi-

mento de robots de companhia e para a realização de determinadas tarefas.

Estas aplicações têm como clientes entidades da parte final da cadeia de valor, nomeadamente, as Autarquias, os Cidadãos, e os Trabalhadores das Cidades, e ainda as Entidades Reguladoras que terão que produzir regulamentação adaptada às potencialidades das novas soluções/aplicações e utilizam tecnologias como Big Data; Location Intelligence; 3D Printing; Ma-chine-to-Machine Communication Services; Virtual Assistants; Biometric Autentication Methods; Mobile Robots.

Facilitadores/ Barreiras e RecursosOs facilitadores identificados na sessão de trabalho foram:

• Regulamentação clara e flexível: grande parte das soluções que possam ser implementadas, necessitam de desen-volvimento de regulamentação que as enquadre;

• Tangibilidade do produto: a aceitação das novas soluções e aplicações será positivamente influenciada pela facilidade de entendimento de qual o valor entregue ao cliente. Isso será tão mais fácil, quanto mais tangível for a solução;

• User-Friendlyness: A aceitação e adoção das novas soluções e aplicações será influenciada pela facilidade de acesso e utilização que essas soluções possam ter;

• Desenvolvimento de Modelos de Negócio claros e bidirecionais: quanto mais claros forem os modelos de negócio em que se baseiam as novas soluções, melhor será a aderência a essas soluções. Por outro lado, têm que ser modelos de negócio win-win, em que quer os fornecedores quer os clientes ganham valor com os mesmos.

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As barreiras identificadas foram:

• A necessidade de haver uma mudança cultural: atendendo à urgência das mudanças de paradigma de como as cidades são entendidas e como as pessoas se relacionam com a cidade, terá que ser necessariamente rápida;

• Exigência de segurança e privacidade dos dados: o desenvolvimento deste cluster exige que a par do desenvolvi-mento das tecnologias e soluções, aumentem as garantias de privacidade de utilizações e acessos dadas às pessoas.

• Assimetria de informação entre os consumidores e as grandes empresas: a utilização a ser dada à informação gerada com as soluções implementadas no âmbito das cidades inteligentes tem que ser clara e segura.

Os recursos necessários ao desenvolvimento das potenciais inovações e aplicações sugeridas são sobretudo colocadas ao nível infraestrutural, nomeadamente:

• Infraestrutura de fibra (fixa);• Infraestruturas móveis;• Infraestrutura de Data (armazenamento) e de Business Intelligence (análise e tratamento dos dados);• Formação da população: as soluções e potenciais inovações funcionam na sua maioria numa base tecnológica pelo

que necessitam que exista uma disseminação do conhecimento sobre tecnologias de informação.

Tela Roadmap Tecnológico

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Estudo de atratividade e potencialidade dos Clusters – Agroalimentar, Economia do Mar, Cidades Inteligentes, Tecnologias de Produção e Turismo para as empresas TICE

“O PURO É O NOVO NATURAL”Fonte: “Innova – Top 10 Trends 2012”

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5/ CLUSTER AGROALIMENTAR

O Setor Agroalimentar representa uma parcela relevante da economia nacional e europeia, apresentando uma grande variedade/dispersão de subsetores. Estes integram um conjunto de atividades relacionadas com a produção primária, transformação e consequente disponibilização de produtos alimentares ao consumidor final.

Na Europa é fortemente intervencionado e sujeito a incentivos, proteções e regulamentação desde a fundação da CEE – Comunidade Económica Europeia através da Politica Agrícola Comum.

Portugal é um país pequeno, muito diversificado, não apenas na orografia, clima, natureza dos solos e cultura (fatores determinantes para a produção alimentar), mas também pequeno na dimensão das estruturas produtoras e transforma-doras.

Com a adesão de Portugal à CEE, o país, com um tecido produtivo antiquado, passou a ter acesso a um conjunto de incen-tivos que permitiram a modernização de estruturas agrícolas e agroindustriais. A modernização do setor, a abertura do mercado interno às importações europeias e o surgimento de novas estruturas de distribuição conduziram a uma grande pressão no sentido de orientação para o mercado e para as necessidades (gosto) dos consumidores.

A alteração da vivência e da acessibilidade das áreas rurais, a adoção de tecnologia em todas as fases do processo pro-dutivo e a importância do efeito de escala tem determinado enormes alterações não apenas nos processos produtivos como na organização do setor enquanto fileira ou cluster.

Na generalidade, todas as tendências que se têm verificado e que terão de se manter como aposta para os próximos anos são de diferenciação (permitindo ocupar nichos de mercado com maior valor acrescentado ou afirmando marcas distintivas) e de aumento da eficiência (tirando partido das vantagens pré-existentes como clima ou marca, aumentando qualidade e quantidade de forma a aceder aos mercados de forma mais competitiva).

Dada a amplitude do setor, este estudo centra-se nas oportunidades económicas e de inovação definidas pela Portugal Foods. Retira-se aos subsetores incluídos nesta PCT aqueles cuja produção é associada ao mar e aos recursos hídricos, por esses estarem enquadrados noutro capítulo deste estudo.

A Portugal Foods enquanto PCT (Pólo de Competitividade e Tecnologia) Agroindustrial, elaborou um plano de ação com as seguintes prioridades:

• Criação de sistemas de produção inovadores e sustentáveis, que proporcionem autenticidade (origem, certificação biológica, pegada de carbono, etc.) e qualidade de produtos através do lançamento de novos conceitos de alimenta-ção e valorização e reutilização de subprodutos provenientes do processo de transformação;

• Desenvolver novas formas de processamento e conservação através de novas tecnologias de produção;• Desenvolver e comercializar produtos competitivos e adaptados à satisfação de exigências dos consumidores;• Estímulo à ecoeficiência e a sistemas de produção que proporcionem produtos seguros, saudáveis, amigos do am-

biente e sustentáveis social e financeiramente;• Proporcionar sinergias entre os intervenientes na cadeia de valor, de forma, a garantir a escalabilidade, rapidez no

acesso ao mercado e uma oferta bastante completa em termos de caraterísticas;• Apostar na divulgação da imagem/marca nacional, permitindo o aumento das exportações e do valor do país;• Definição de uma estratégia seletiva e integrada para a internacionalização, apostando nas economias emergentes

(Ásia, América Latina) e manter a posição no mercado Europeu e o dos países da CPLP;

Fonte: “Innova – Top 10 Trends 2012”

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Estudo de atratividade e potencialidade dos Clusters – Agroalimentar, Economia do Mar, Cidades Inteligentes, Tecnologias de Produção e Turismo para as empresas TICE

O mercado alimentar globalizou-se. Mesmo o mercado interno, tradicionalmente de proximidade, é hoje maioritariamente europeu e responde a novas necessidades e obedece a novas restrições regulamentares e tendências de consumo.

A segurança alimentar não se coloca apenas no aspeto higiénico e sanitário, mas cada vez mais também no equilíbrio nutricional e no seu contributo para uma vida saudável. São cada vez mais valorizadas as dietas e os alimentos que se apresentam como benéficos para a saúde. Neste âmbito produtos originados na agricultura biológica ou a ingestão de alimentos com baixo valor calórico e ricos em suplementos alimentares são cada vez mais procurados. Acompanhando os avanços da medicina e a influência de outros tipos de culturas. Uma alimentação que proporcione saúde e bem-estar, beleza física e maior longevidade tornou-se uma preocupação fundamental das sociedades mais ricas.

Principais tendências alimentares segundo “Innova – Top 10 trends 2012”: • “O puro é o novo natural”• “Verde como adquirido”• “Local, local, local” • “O destaque dos produtos Premium”• “A atenção especial aos Seniores”• “Os quarenta são os novos vinte”• “Alicerçado na ciência”• “A regulamentação força um repensar”• “A oportunidade de alguns nichos”• “O boom das proteínas”

A conservação dos alimentos, a preservação das suas caraterísticas e a garantia de sustentabilidade através da infor-mação sobre a sua produção são exigências do mercado e da regulamentação publicada. Conhecer todos os passos da produção e ter a garantia da qualidade intrínseca dos alimentos, conhecendo os seus ingredientes ou fatores de produção tornou-se um argumento de segurança e de diferenciação dos produtos.

A perceção de qualidade por parte dos consumidores implica cada vez mais, além da embalagem, o conhecimento do produto e da cadeia de produção que o gerou, valorizando a utilização de ingredientes naturais, sustentáveis tanto do ponto de vista ambiental como social. O consumidor europeu médio valoriza os processos não poluentes, com recurso a ingredientes ou práticas culturais naturais, sem introdução de elementos de síntese, preservando o bem-estar de po-pulações, dos animais e preservando recursos energéticos e hídricos (por exemplo, agricultura biológica). Este aspeto implica também o transporte, preferindo-se os produtos produzidos localmente ou próximos.

O fator preço é também cada vez mais um fator distintivo. O consumidor, procura os produtos com garantia de qualidade e com custo mais baixo (ex: produtos de marca própria das cadeias de distribuição) proporcionando cada vez mais a oportunidade a fenómenos de concentração a partir dos elementos da cadeia de produção mais próximas do consumidor. No pólo oposto, produtos regionais e de origem certificada e produtores de prestígio têm posicionamentos premium com preços e margens elevados.

A incorporação de tecnologia é um fator relevante e valorizado. Esta permite a inovação no produto e o posicionamento diferenciado no mercado, facilita o acesso à informação e potencia os resultados da publicidade, da distribuição e co-mercialização. Neste contexto, além da I&D nas áreas biológicas e de engenharia de produção agroalimentar é relevante a utilização das TICE no processo pela eficiência que permitem aos processos de gestão da produção, de gestão do pro-cesso de comercialização e nas ferramentas de informação que apoiam o desenvolvimento de I&D. Na Europa os níveis de investigação no setor e a interligação entre as diferentes áreas é ainda muito baixa, havendo muitas oportunidades de melhorar, face ao que é prática noutras regiões do globo.

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A alimentação articula-se com os outros setores nomeadamente através das preocupações com saúde, ambiente, segu-rança ou aspetos sociais como o trabalho, o consumo ou a mobilidade.

Podemos sintetizar as aplicações das TICE às tendências do cluster responsável pela geração de alimentos através dos seguintes tópicos:

• Tecnologias de produção – Apesar de terem evoluído muito nos últimos anos, revolucionando a forma de produzir os alimentos, garantindo a conformidade com as regras cada vez mais exigentes dos mercados, a necessidade de maior eficiência e a alteração na forma de comercialização, continuam presentes em todos equipamentos mecâni-cos associados à produção e à gestão dos processos, passem-se eles em pequenas explorações agrícolas ou em grandes cadeias industriais ou de distribuição.

• Saúde e Segurança – A preocupação com a produção de alimentos saudáveis, tem proporcionado um enorme con-junto de oportunidades para os que se dedicam à organização de informação para a gestão e para a comunicação, bem como na escolha das tecnologias e fatores de produção escolhidos. A necessidade de sensores, de gestão da informação e da sua comunicação aos consumidores implica a utilização das TICE ao longo de toda a cadeia de valor.

• Responsabilidade Ambiental e Social – Uma cada vez maior preocupação com o futuro da vida humana na Terra, quer do ponto de vista ambiental, quer do ponto de vista social tem trazido o tema da sustentabilidade para o painel das grandes tendências. O consumo obriga a produção a ter cuidados especiais com o ambiente natural e social em que estão envolvidos. As TICE jogam um papel determinante neste processo, pela monitorização e gestão de produção tendo em conta os valores ambientais e sociais das organizações.

• Inovação e Desenvolvimento – Novos produtos, novos modelos de negócio, novas formas de produzir e de comer-cializar os produtos obrigam um conjunto cada vez maior de investigadores a trabalhar arduamente para melhorar as condições e as tecnologias. Esta investigação é potenciada pela existência de equipamentos cada vez mais sen-síveis e pela capacidade de aceder e gerir cada vez maior quantidade de informação relevante.

• Organização da Cadeia de Valor – A extensão dos elos da cadeia varia com a natureza dos produtos alimentares. No entanto a sua racionalidade é frequentemente posta em causa face aos objetivos imediatos da distribuição. A integração de mais setores nesta cadeia e a capacidade de gerir melhor os interfaces irá permitir no futuro ganhos significativos de exploração, de sustentabilidade e de qualidade. Novas soluções tecnológicas são necessárias para potenciar a integração necessária para que se alcance o objetivo de encurtamento das cadeias com respostas mais rápidas e adequadas às necessidades identificadas nos mercados e junto dos consumidores finais.

Os grandes desafios Europeus passarão, assim, pelo aumento da utilização de recursos naturais limitados e finitos, alte-rações climáticas que implicarão medidas principalmente ao nível da produção primária (agricultura, pecuária e silvicultu-ra) e a garantia de sustentabilidade (fornecimento e segurança) para a população, ou seja, existe uma necessidade cres-cente em desenvolver ações globais que aumentem a massa crítica de forma a integrar esforços isolados em coletivos.

/// CINCO FORÇAS DE M. PORTER

O cluster Agroalimentar engloba um vasto conjunto de atividades, que segundo as cinco forças de M. Porter se carate-rizam da seguinte forma.

Poder de Negociação dos FornecedoresA dimensão dos fornecedores do cluster agroalimentar varia muito em função do produto e do mercado. Os maiores e principais fornecedores dos produtores agrícolas e industriais, nomeadamente, energia, combustíveis, adubos e semen-tes, têm um poder de negociação muito elevado, os fornecedores de produtos intermédios (tipicamente produtos agríco-las) têm baixo poder de negociação (relativamente à industria). Face à distribuição, ambos têm fraco poder de negociação. Para combater o esmagamento de margens a produção recorre a diversas estratégias, nomeadamente à concentração da oferta através de redes colaborativas entre produtores e empresas da distribuição.

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Estudo de atratividade e potencialidade dos Clusters – Agroalimentar, Economia do Mar, Cidades Inteligentes, Tecnologias de Produção e Turismo para as empresas TICE

O poder de negociação dos fornecedores de tecnologia eleva-se de forma notável, quando os investimentos são reali-zados com o apoio destes. No entanto, a necessidade constante de adoção de instrumentos e tecnologias indutores de ganhos de produtividade, tem vindo a aumentar a dependência do Agroalimentar relativamente às TICE, proporcionando aos seus fornecedores maior poder negocial.

Poder de Negociação dos ClientesNa generalidade do setor alimentar, o poder de negociação dos clientes, habitualmente representados pelas empresas de distribuição é elevado face aos produtores.

A situação é aparentemente inversa à analisada no item anterior. No entanto a integração de segmentos da produção na distribuição torna o setor internamente mais solidário e diminui o seu poder negocial (através de contratação ou através de aquisição de unidades produtivas). Esta caraterística potencia oportunidades para o desenvolvimento de tecnologia que valorizando-se na cadeia de valor, ganham poder negocial.

A capacidade de negociação com a distribuição pode ser aumentada ou reequilibrada com a utilização de tecnologias que valorizem a experiência dos consumidores finais, por exemplo utilizando lojas virtuais, ou comunicando de forma inovadora as caraterísticas dos produtos alimentares.

As empresas TICE que contribuam para esta aproximação terão novas oportunidades de negócio a explorar aumentando a sua capacidade de negociação face às empresas do cluster.

Rivalidade Setorial Num cluster em que ainda a grande maioria dos produtos se comportam como commodities, os processos de diferen-ciação pela marca são pouco evidentes ou associados a um pequeno conjunto de marcas.

A rivalidade é muito elevada, mas, na grande maioria dos subsetores ou produtos baseia-se no preço e no controlo do ca-nal. As condições de produção não diferem radicalmente entre produtores, no entanto é na sua gestão e na relação com fornecedores e clientes que as empresas do setor conseguem obter ganhos de competitividade e vantagem comercial nos mercados. Para obter esta vantagem concorrencial recorre-se a diferentes tipos de estratégia.

Para os fornecedores de TICE esta rivalidade representa uma oportunidade não afetando o seu posicionamento de forne-cedores no seio do cluster. Pelo contrário, tende a gerar oportunidades e permite consolidar e fidelizar clientes.

Concorrentes Potenciais Internamente, o setor nacional tem como concorrentes principais não apenas os produtos importados de outros países da UE, como também de outras origens.

Este é um setor em que “pode existir” uma certa ambiguidade, dada a verificação quer de algumas barreiras à entrada, quer de meios propícios a novas entradas. Entre as barreiras surge o elevado investimento em equipamento/utensílios e máquinas, a necessidade que há em ser um negócio escalável e por vezes a dificuldade em encontrar matéria-prima adequada.

O avanço tecnológico permite minimizar o efeito das barreiras, nomeadamente através do aumento da capacidade de diferenciação e sua perceção pelo consumidor.

Também para as TICE, enquanto parte integrante do cluster, as barreiras mais relevantes verificam-se na venda de tecnologias distribuídas conjuntamente com equipamentos ou integrados nas obrigações assumidas junto de clientes.

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Produtos SubstitutosOs custos de mudança dependem do produto e da estrutura produtora implicados. Mesmo que sejam reduzidos inicial-mente, podem aumentar, tendo em conta a crescente preocupação com a segurança e com a produção e transformação sustentável e “verde”. Este fator pesa cada vez mais nas tomadas de decisão de compra, tornando possível uma alteração do “objetivo da concorrência” para qualidade, através de formas de rastreabilidade e monitorização que validem a origem. Valorizando o papel das TICE, este aspeto proporciona vantagem aos produtos fortemente integradores de TICE, sendo que as tecnologias apenas são substituídas por novas tecnologias.

/// RESULTADOS WORKSHOP

No decorrer, do presente Estudo, foi realizado um Workshop para o cluster Agroalimentar, utilizando a metodologia do Roadmap Tecnológico, cujos resultados se passam a apresentar:

Tendências de Mercado

Relação entre atores do Setor – A relação entre os diferentes atores (pessoas) do setor foi avaliada como um dos drivers fundamentais na evolução e na geração de novas oportunidades. Efetivamente a dispersão de pequenas empre-sas, da perificidade ou acesso remoto às unidades produtivas mantém a comunicação e partilha de elementos através de meios digitais de TICE um dos aspetos relevantes.

Nesta tendência, que foi identificada como muito forte no setor, é incluída a interoperabilidade e integração de informação (por exemplo é o caso da integração da informação sobre o volume de produção diária de uma vaca leiteira, da ração e aditivos que ela ingere, do lote em que foi incluído e dos produtos lácteos a que deu origem – iogurtes, queijos, leite UHT, natas, etc.), a formação nas novas práticas e tecnologias, a quem se encontra em localizações remotas (por exemplo, ilhas dos Açores onde a mobilidade de quem se dedica ao setor é muito difícil) ou a organização da cadeia de valor numa perspetiva de business intelligence.

Gestão de informação – O processo produtivo varia muito entre atividades e produtos. Em comum têm a necessidade de controlar a variabilidade induzida pelo facto de se trabalhar com biomateriais ao longo de cadeias de operações mais ou menos longas. Para se controlar esta cadeia têm que existir sensores e processadores da informação que a permitam manipular ao longo de toda a cadeia produtiva e intervir nos momentos críticos. É o caso da gestão da rega numa explo-ração agrícola que pode ser otimizada através de software associado a sensores e controladores.

A qualidade é associada à segurança do consumo de alimentos. Para esta é necessário não apenas assegurar a qualidade e sanidade alimentar, como a sua comprovação. A exigência das normas de segurança que permitem a certificação dos produtos e a cada vez maior exigência dos consumidores obriga os produtores a recolher, gerir e disponibilizar informa-ção cada vez mais precisa sobre o processo de produção. A necessidade de rigor e controle sobre variáveis de predição difícil (porque biológicas, atmosféricas ou de outra natureza a que o setor está sujeito) induz à necessidade de usar fer-ramentas cada vez mais complexas do ponto de vista tecnológico para o seu controlo (casos de nanosensores ou drones).

Aproximação aos clientes finais – Numa atividade económica em que as margens são muito pequenas e a capacidade de produzir se encontra muitos vezes abaixo do volume crítico, a estratégia passa pela exploração de nichos de mercado e no encurtamento da cadeia de valor a jusante da produção. Verifica-se a tendência de venda direta aos clientes finais através de e-commerce utilizando aplicações e-mobile e web. Estas aplicações poderão ainda ser preditivas de apetência de mercado podendo ser usadas no sentido inverso como fontes de informação de mercado e auxiliar de planificação da produção, quer em volume quer na qualidade ou no tipo de produto.

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Oportunidades Setoriais/Potencial InovaçãoFeita a análise de tendências, as oportunidades identificadas no cluster estão associadas à:

• Facilitação da relação entre atores, através da exploração e configuração de plataformas colaborativas (numa pers-petiva de aproximação dos diferentes atores da cadeia de valor) ou o e-learning;

• Gestão de informação, foram identificadas as oportunidades de aplicações que se podem identificar nas grandes áreas definidas: Internet of Things (IOT), Machine to Machine (M2M) e Big Data (gestão de informação) associadas a novas aplicações e de novas gerações de microships / tecnologias de etiquetagem (para deteção, localização, identi-ficação de materiais, lotes ou animais), a sensores para deteção e classificação da qualidade dos produtos e deteção de riscos (como fenómenos micrometeorológicos ou sanitários) e potenciação da rastreabilidade dos produtos, desde a sua produção primária até ao consumo final.

Aplicações e TecnologiasAs aplicações foram definidas a partir das tendências e das oportunidades identificadas. As redes sociais, portais, redes fechadas, plataformas de business intelligence terão um papel fundamental na aproximação entre atores (empresários, decisores ou colaboradores de todo o tipo de empresas, fornecedores diretos e indiretos dos processos produtivos, distribuição e consumidores). Novas formas de abordagem serão certamente uma oportunidade de inovação e de apro-veitamento das oportunidades subjacentes às tendências identificadas, tais como a utilização de Virtual Assistance e a Augment Reality.

Os cliente-alvo destas tecnologias são quase todos os atores do cluster: empresários, decisores ou colaboradores de todo o tipo de empresas do cluster, fornecedores diretos e indiretos dos processos produtivos, distribuição e consumido-res. Os principais clientes são todos aqueles que estão envolvidos na cadeia de valor com especial relevo aos produtores, no entanto foi dado especial relevo aos pequenos produtores e às estruturas que agregam a sua produção.

Na gestão de informação, destacaram-se a aplicação de novas gerações de sensores (smart sensors), drones ou de plataformas de business intelligence como forma de recolha e gestão de grandes volumes de informação orientada para objetivos de negócio, que poderão ser desenvolvidas utilizando tecnologias como Internet of Things (IOT), Machine to Machine comunication (M2M), Location Inteligence, Big Data, Advanced Materials e Autonomous Machines.

No encurtamento da cadeia de valor foram sugeridas aplicações realizadas sobre as atuais plataformas de e-commerce através da utilização de tecnologias como Activities Streams e Predictive Analisys. Estas últimas aplicações incidem em atores mais envolvidos na produção, imediatamente a montante da distribuição.

Na gestão de informação associada aos processos produtivos e de qualidade, bem como na tendência de encurtamento da cadeia de valor, são alvo todos os principais intervenientes assumindo especial relevo os atores mais envolvidos na produção, imediatamente a montante da distribuição. No entanto, com a crescente integração dos setores qualquer ele-mento da cadeia de valor poderá ser pivot em processos de inovação que permita alcançar os objetivos enunciados e subjacentes às tendências.

Facilitadores/Barreiras e RecursosDada a natureza do setor, o seu desenvolvimento foi, nas últimas dezenas de anos, facilitado e potenciado por incentivos públicos através de politicas protecionistas, subsídios à produção, incentivos aos fatores de produção ou ao rendimento dos produtores. No espaço europeu, a utilização dos fundos estruturais teve um papel fundamental neste setor e prevê--se que continue a ter.

A aplicação da política, a legislação portuguesa e europeia associada e a carga administrativa e burocrática foram referidas como potenciais barreiras, sendo no entanto de considerar como facilitador a injeção de meios financeiros potenciadores de investimento.

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O desconhecimento do território nacional, não apenas ao nível do cadastro, como das caraterísticas e propriedades dos solos, foi assinalado, como condicionador da atividade agrícola, mas, por outro lado, gerador de oportunidade para o desenvolvimento de tecnologias.

A dimensão económica dos produtores e a fragilidade das suas organizações associativas constitui-se como uma barrei-ra à aplicação de TICE. Algum conservadorismo cultural, falta de preparação técnica e aversão ao risco e à inovação as-sociada à ausência de especialização inteligente foram assinalados como barreiras à aplicação de tecnologias inovadoras.Apesar de todos os condicionalismos apresentados, o mercado de bens alimentares apresenta um dinamismo notável, sendo por isso uma fonte constante e perdurável de oportunidades.

No que respeita aos recursos necessários, o país tem realizado ao longo das últimas dezenas de anos fortíssimos inves-timentos em infraestruturas coletivas e em estruturas produtivas, usando para o efeito os fundos estruturais disponíveis. Também têm sido realizados fortíssimos investimentos em formação e capacitação de organizações que conduziram a uma crescente disponibilidade de competências.

Foram construídas redes socioprofissionais, comerciais, culturais e sociais que proporcionam bases favoráveis para abordar o setor numa perspetiva de inovação e de aproveitamento de oportunidades de utilização de tecnologias de informação, comunicação e eletrónica.

Apesar de ter sido referido haver ainda muito para fazer ao nível das estruturas produtivas, ao nível do seu dimensiona-mento crítico e à capacidade da sua intervenção especializada, foi consensual existirem os recursos necessários, cuja potenciação é condicionada pela dificuldade nacional de organização destes recursos numa lógica objetiva e concertada.

Tela Roadmap Tecnológico

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“O HOMEM É TÃO BOM QUANTO O SEU DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO O PERMITE SER”Fonte: George Orwell

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6/ CLUSTER DAS TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO

Este cluster é um dos pilares da economia europeia, uma vez que representa uma percentagem significativa do valor acrescentado e da criação de emprego,é também o principal responsável pelo processo de re-industrialização que a Europa pretende empreender.

O PRODUTECH - Pólo das Tecnologias de Produção, dinamiza a cooperação entre empresas que produzem tecnologias para a produção e entidades relevantes dos setores utilizadores. Promove a cooperação, a inovação e a internacionaliza-ção da fileira em estreita colaboração com os principais setores da indústria transformadora portuguesa e com o Sistema Científico e Tecnológico (SCT), visando a modernização e qualificação destes, através da implementação de iniciativas e estratégias de eficiência de forma estruturada (i.e. Planos de Ação). Tem como principais objetivos os seguintes pontos:

• Promover, valorizar (imagem de Portugal e da fileira), dinamizar e apoiar iniciativas e projetos que valorizem a coo-peração entre empresas da fileira, a nível nacional ou internacional, desde que se insiram no âmbito de atividade do Pólo, melhorando a balança de transações externas (diminuição importações e aumento das exportações);

• Incremento do investimento privado em I&DT, investigação, desenvolvimento, inovação e troca constante de ideias, experiências e projetos nas empresas e setores envolvidos;

• Promover atividades de informação, disseminação e debate, nomeadamente conferências, workshops e, assim como a produção de documentação e estudos;

• Estabelecer contatos privilegiados com entidades SCTN, instituições de ensino superior, unidades de investigação, instituições de I&D de interface, centros tecnológicos, outros organismos públicos ou privados e associações con-géneres, possibilitando a capacidade de participar e influenciar no contexto nacional e internacional.

PRODUTECH OPEN DAY

Este evento organizado pela PRODUTECH realiza-se nas instalações da entidade que se encontra na fileira (que utiliza tecnologias de produção). Sendo que no decorrer da sessão, esta, faz uma apresentação da sua atividade, descreve os desafios, oportunidades e principais constrangimentos tecnológicos no âmbito dos processos produtivos inerentes ao seu funcionamento. Posto isto, realiza-se uma visita pelas instalações da empresa e no final decorre um período de debate, onde se pretendem identificar várias oportunidades de cooperação e networking, bem como oportunidades para o fornecimento de soluções tecnológicas, a serem desenvolvidas pelas empresas participantes, e dirigidas à satisfação de necessidades e desafios da empresa.

Fonte: http://www.produtech.org/noticias

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O investimento em I&D e Inovação, apresentam-se como os meios propícios para criação de novos produtos cada vez mais sofisticados, sistemas de produção mais abrangentes, instalação e configuração de “operações”, ferramentas e aplicações informáticas. Isto permitirá a redução dos custos de produção e acrescentar valor ao produto final, bem como o aumento da competitividade com outros mercados. Assim é possível verificar as seguintes áreas de atuação:

Processos de produção avançados – Processos de produção inovadores, eficientes e de elevada qualidade. Com ên-fase para a produção em massa, mas em simultâneo obtendo a flexibilidade e capacidade de resposta necessária para acomodar as mudanças da procura. Os produtos do futuro deverão assentar em níveis elevados de sofisticação (3D, nano-micro-meso-macro-escala, inteligente), respondendo ao exposto anteriormente e ainda reduzindo os custos.

Sistemas de produção inteligentes e adaptáveis – As grandes prioridades de investigação neste âmbito centram-se na produção de produtos inovadores quer ao nível das componentes quer do sistema, com o objetivo de alcançar pro-cessos produtivos ágeis/flexíveis, em diferentes mercados e áreas, por serem sistemas inteligentes (robôs, máquinas que “interagem entre si”) e autónomos.

Indústrias digitais, virtuais e recursos eficientes – As fábricas estão a tornar-se mais complexas devido aos novos paradigmas com que se deparam assim são necessárias melhores práticas para enfrentar a concorrência e as questões relacionadas com a sustentabilidade. Esta área assenta principalmente na recolha e gestão de dados em tempo real para abordagens de otimização de longo prazo. É necessário um modelo de fábrica integrada e escalável, capaz de propor-cionar análises da qualidade, dos processos, dos custos, através da utilização de indicadores de desempenho, adaptável a diferentes situações (padronização da abordagem de gestão).

Redes móveis e de cooperação – Rede de empresas industriais, quer sejam estas PMEs ou grandes empresas, e a “mobilidade” das mesmas são dois parâmetros que se vêm a revelar essenciais nas suas operações. A capacidade de gestão remota é benéfica em vários sentidos, nomeadamente na redução do tempo das ações e dos custos, aumento da rapidez de processos e consequentemente da eficiência. São necessárias soluções que permitam realizar ações em tempo real (independentemente da localização da empresa e do gestor que toma a decisão) e tendo em conta o espirito de cooperação e partilha.

Produção centrada na relação Homem-máquina – Foco essencialmente na relação homem-máquina no sentido da harmonia e extração do potencial da produtividade do trabalho humano nas fábricas. Isto será necessário de modo a garantir a competitividade agilidade e flexibilidade, que não são conseguidas nas fábricas em que se utiliza apenas um só lado, havendo ainda a necessidade de transformar a informação que é gerada neste ambiente do nível dos dados para o nível do conhecimento. Será possível proporcionar uma melhor aprendizagem e transferência de conhecimentos para/entre trabalhadores, um nível de segurança mais elevado e envolver pessoas com vários tipos de deficiência e inexpe-riência nestes processos.

Produção centrada no cliente – Transição da visão do cliente como “um alvo de marketing” para a incorporação do cliente na cadeia de valor (em toda a produção, desde a concepção do produto), uma vez que, este tem vindo a ganhar importância/estatuto, nomeadamente pelo facto de estar mais informado (mais informação disponível e com vários tipos de ferramentas disponíveis). Deste modo, será necessário tomar medidas capazes de fazer a ligação empresas-clientes--ambiente, no sentido da recolha de feedback e consequente melhoria da qualidade, preço, personalização e sustentabili-dade (informação sobre o uso do produto em tempo real, divulgada nos meios sociais, e em coerência com os requisitos do ambiente envolvente).

As empresas deste tipo de indústrias enfrentam uma série de desafios, nomeadamente, ao nível da complexidade de processos e redes de fornecedores, assistência e segurança dos colaboradores, crescimento das espetativas do cliente (qualidade, velocidade e personalização) e custos associados.

Assim as TICE poderão proporcionar um feedback constante, formas de rastreabilidade e controlo, plataformas de contato e de vendas, melhoria da performance do serviço e aceleração dos processos de inovação, possibilitando uma redução de custos.

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O maior impacto é esperado a partir dos seguintes “key technologies and enablers”:

• Desenvolvimento e aplicação conjunta de tecnologias convencionais e novos processos de fabricação integrando tecnologias não-convencionais possibilitando processos híbridos ou multifuncionais (por exemplo, micro/nano, tec-nologias de laser e jato, os processos de baixa frequência ou ultrassónica).

• Aumento do poder computacional (capacidade, rapidez e capacidade de pesquisas complexas, através da utilização de tecnologias como a Big Data, Predictive Analytics), e que permitam estabelecer processos de aprendizagem e de adaptação, bem como acompanhamento e alteração em tempo real de sistemas de produção, garantindo a susten-tabilidade e a competitividade.

• Equipamentos inteligentes, flexíveis, energeticamente eficientes e reconfiguráveis consoante necessidade, que per-mitem não só aumentar a velocidade, precisão e qualidade, mas que tragam também benefícios do ponto de vista ambiental e social.

• Assegurar a produção em escala (flexibilidade e replicação) com fiabilidade, utilizando por exemplo, métodos de as-semblagem de peças automáticas, rastreabilidade, dispositivos móveis e novas aplicações. Isto releva a importância da informação estar acessível em qualquer lugar e a necessidade de interação das infraestruturas e equipamentos de TICE.

• Tecnologias energéticas, nomeadamente a utilização de energias renováveis nos processos produtivos, não apenas para alimentar (eletricidade) as máquinas e equipamentos, mas também para incorporar parte destes processos.

• Abordagem centrada no produto e no cliente, através de sistemas de serviços e soluções orientadas, por exemplo, para a manutenção, atualizações e garantia. Isto é possível com a inclusão de modelos/serviços inovadores fortale-cidos por ambientes colaborativos, flexíveis/adaptáveis e virtuais, que permitem a interoperabilidade e a integração da cadeia de valor.

• Ferramentas de alto desempenho, plataformas de serviços abertos e colaborativos, como por exemplo serviços “cloud” (nuvem), mas garantindo níveis de segurança e confiança elevados melhorando o desempenho, uma vez que possibilitará, por exemplo, gestão do ciclo de vida, monitorização e controlo (decidir em tempo real) e acompanha-mento e gestão dos clientes (CRM - Customer Relationship Management).

• Modelação e simulação, que possibilite a correlação de informação para criar uma previsão do resultado final e analisar diferentes tipos de abordagem, visando a escolha acertada do melhor caminho a seguir (incidirá mais con-cretamente sobre os processos produtivos/conceção dos produtos). Estas ferramentas poderão ter grande impacto em toda a estrutura de produção, nomeadamente pela diminuição do risco e melhoria da performance, bem como apoiar tomadas de decisão estratégicas, de longo prazo.

• Processo de re-industrialização, surge como novo paradigma no que diz respeito à produção de produtos persona-lizados, que permitirá a criação de redes partilhadas, fileiras no setor e programas europeus de I&D.

• Acrescentar valor aos produtos (através da qualidade, produtividade, menor consumo de energia e menor criação de resíduos), investindo em sistemas que para além da capacidade de interagir com materiais, peças e produtos através da monitorização, como também de co-operar com segurança com os trabalhadores e de comunicar com outros sistemas na fábrica através de eletrónica e recursos de computação (TICE).

• Novas abordagens ao nível dos recursos humanos, incidindo nas competências, no conhecimento e nos métodos de aprendizagem. Utilizando novos ambientes (com segurança e conforto) e formas de organizar e compensar os trabalhadores do chão de fábrica, apostando na Integração/compreensão de padrões sociais locais e globais na forma de operar da empresa, e até mesmo na automação que contorne as limitações relacionadas com a idade e a fraca mobilidade.

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Estudo de atratividade e potencialidade dos Clusters – Agroalimentar, Economia do Mar, Cidades Inteligentes, Tecnologias de Produção e Turismo para as empresas TICE

/// CINCO FORÇAS DE M. PORTER

O cluster das tecnologias de produção apresenta-se como uma das áreas mais relevantes no contexto económico, abran-gendo uma enorme quantidade de atividades e segmentos de mercado.

Poder de Negociação dos FornecedoresOs produtos apresentam, cada vez mais, ciclos de vida curtos, complexidade e personalização segundo a procura que se revela bastante exigente e com mudanças rápidas. Deste modo, os fornecedores devem encontrar “uma forma” de equilibrar a personalização com a produção em massa.

Por outro lado, e tendo em conta o estádio atual das empresas, na sua maioria são PME, podemos verificar que para ser possível ter investimentos produtivos, rentáveis, reunir os recursos e a massa crítica necessária, é mais fácil através da implementação de estratégias coletivas de cooperação procurando elevados índices de eficiência, focalizando no que se faz melhor, e eficácia oferecendo soluções completas a clientes.

Quer isto dizer que, devem ser criadas sinergias entre produtores, utilizadores das tecnologias e entidades do SCTN, de forma a garantir a sustentabilidade e o desenvolvimento quer dos produtores de tecnologias de produção, quer da indústria de transformação, incluindo a criação de vantagens competitivas duradouras.

Poder de Negociação dos ClientesEm termos gerais, sendo esta uma área de atuação baseada na inovação e desenvolvimento de novas soluções (produtos e software), o poder negocial dos clientes diminuirá com a capacidade de resolver problemas através de soluções TICE.

Através da “digitalização” e do networking, as cadeias de valor podem ser otimizadas, o que significa que os clientes serão capazes de combinar e integrar componentes individuais (em termos de funções) ao invés de estarem limitados a uma determinada gama de produtos/soluções, que outrora se verificava.

As empresas TICE que consigam contribuir para uma redução dos custos e aumentar a satisfação dos clientes, terão o seu poder de negociação aumentado, proporcionando também uma “janela” de oportunidade para o aumento do tamanho deste mercado e do potencial de escalabilidade ao nível internacional.

Rivalidade setorialElevada concorrência na indústria de transformação, quer por parte de países desenvolvidos (EUA, UE e Japão), quer por parte dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e dos países em vias de desenvolvimento (países da Ásia e da América Latina), nomeadamente pelo facto destes últimos terem um custo de mão-de-obra relativamente baixo quando comparados com os praticados no nosso país. Para além disto é notório o forte investimento em I&D e Inovação, que se intensifica com o tempo, o que permite a luta por uma quota de mercado mais significativa, através do desenvolvimento de soluções, produtos e serviços que possam ser implementados neste âmbito.

Assim, pode-se afirmar que este cluster passa pelo upgrade tecnológico (novos produtos, ferramentas, sistemas e apli-cações informáticas), dos termos tradicionais, pela alteração de modelos de negócio, métodos e processos de gestão, tornando possível o aumento da competitividade e dinamização de cooperações e “coletividades”, capazes de proporcio-nar uma rede global e difícil de replicar por “concorrentes”.

Concorrentes PotenciaisEste cluster apresenta-se bastante atrativo, muito em virtude do processo de re-industrialização, que se começa a veri-ficar, que tem proporcionado um grande investimento em I&D. Assim podemos dizer que terá “sucesso” quem, de certa forma, conseguir economias de escala (através da replicação de grande quantidade de produtos), aquelas empresas que já estejam estabelecidas (com uma boa imagem/notoriedade) e as que desenvolvam soluções que respondam totalmente às necessidades ou problemas a resolver.

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O investimento em equipamentos é elevado e requer um elevado grau de especialização (poucos fabricantes de equipa-mentos) e o acesso aos canais de distribuição é algo difícil de conseguir, logo os fornecedores de soluções TICE podem sentir dificuldades em “entrar”, no entanto para os que conseguirem existe uma grande possibilidade de garantir exclu-sividade de produção.

Produtos SubstitutosA incorporação de tecnologias mais recentes, nomeadamente “modelização e simulação, assistentes virtuais e realidade aumentada”, nos processos produtivos permitirá uma melhor eficiência das soluções apresentadas.

Neste sentido a diferenciação entre produtos assentará na capacidade de produzir soluções integradas (completas, que melhor satisfação as necessidades dos clientes/consumidores), na notoriedade que a marca tem para aqueles que a pre-tendam adquirir, e no impacto (positivo ou negativo) que terá no dia-a-dia do cliente/consumidor que servirá como base para tomadas de decisão seguintes, uma vez que serve como experiência para possíveis futuros clientes, o mesmo se diz ao facto da possibilidade destas soluções já terem sido testadas noutros países/empresas.

/// RESULTADOS WORKSHOP

No decorrer, do presente Estudo, foi realizado um Workshop específico para este cluster, utilizando a metodologia do Roadmap Tecnológico, cujos resultados se passam a apresentar:

Tendências de MercadoOs intervenientes na sessão do cluster das tecnologias de produção identificaram como principais tendências de mer-cado as seguintes áreas:

• Customização do produto – Referindo a crescente influência do cliente/consumidor nos processos produtivos, ao nível daquilo que este quer e quando quer (quantidade, personalização e tempo). Caraterizou-se a customização a 3 níveis: Parametrização – de uma panóplia de opções, o cliente escolhe um tipo de produto com determinadas cara-terísticas (a produção pode ser feita antes da compra/venda); Best-fit – apesar do cliente escolher de uma panóplia de opções, o produto já considera algumas medidas introduzidas pelo cliente (a maior parte da produção pode ser feita antes da compra/venda); Full-costumer – o cliente indica o que deseja receber (a produção é feita depois da compra/venda).

• Volatilidade de mercado – Constantes variações na procura, ao nível da quantidade e também dos gostos/neces-sidades. Isto, torna o “time to market” e os ciclos de vida dos produtos mais curtos, o que origina preocupações ao nível dos custos de produção e do tempo de entrega.

• Interoperabilidade – Prende-se com a comunicação entre máquinas, produtos, pessoas e entre sistemas (iguais e/ou diferentes). É considerado um aspeto fundamental na medida em que do sucesso da interoperabilidade depende a criação de valor e a sustentabilidade das outras áreas (capacidade de customização, capacidade de responder à volatilidade do mercado e capacidade para gerir os recursos com eficiência).

• Eficiência dos recursos – Este é um tema bastante abrangente, tendo em conta as diferentes vertentes dos recursos (financeiros, energéticos, equipamentos, humanos, entre outros…), assim, pode-se englobar todas estas vertentes na intenção de melhorar a performance de todos os recurso e reduzir os custos e desperdícios (esforço realizado fora do contexto em que realmente é necessário investir recursos, tempo e trabalho).

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Oportunidades Setoriais/Potencial InovaçãoApós análise das tendências de mercado foram identificadas oportunidades no cluster que pudessem ser exploradas e foram encontradas as seguintes:

• Sistemas de interface consumidores/clientes;

• “Knowledge management” (ao nível dos processos de aprendizagem e formação, e também capacidade de entender o mercado e utilizar da melhor forma a informação recolhida), engenharia do produto (formas eficientes de conceção do produto);

• Integração da cadeia de valor (vertical e horizontal, proporcionando sinergias mútuas);

• Flexibilidade (no sentido de acompanhar as necessidades da procura, por exemplo capacidade para alterar as séries de produção consoante as necessidades);

• Novas formas de organização da produção (visando a redução dos custos e melhorando a eficiência dos recursos);

• Sistemas de previsão (perceber o que o mercado pretende e assim conseguir satisfazer as necessidades da melhor forma);

• Modelização e simulação (acompanhamento em tempo real dos processos produtivos, de forma a corrigir eventuais “falhas” e analisando diversos cenários);

• Integração das energias renováveis nos processos produtivos (não só como meio principal de produção de energia para alimentar o funcionamento dos equipamentos, mas também como parte destes, por exemplo num sistema que seja necessário o aquecimento de algum material por via de concentração, entre outros…).

Aplicações e TecnologiasPara fazer face às tendências de mercado e oportunidades anteriormente identificadas, foram abordadas algumas poten-ciais aplicações que podem ser aplicadas não só na fase de produção, mas também ao longo de toda a cadeia de valor.

Estas aplicações são ao nível dos sistemas de relacionamento inteligente e garantia de qualidade (ferramentas, equi-pamentos e processos) que podem utilizar tecnologias com virtual assistants, predictive analytics, quantum computing e augmented reality, plataformas de integração (ao nível da fileira/cluster) e “supply chain management” através de tecnologias como cloud computing e machine-to-machine communications, set-up de equipamentos (configuração e mudança simples e rápida), planeamento e logística utilizando mobile robots e sensorização, ferramentas de previsão e do processo produtivo, reutilização de material (evitar desperdícios), e gestão integrada de recursos que se relacionam com a utilização de sensorização e tecnologias relacionadas com as energias renováveis.

Facilitadores/Barreiras e RecursosComo facilitadores surge a crescente necessidade de “ser sustentável” e o processo de reindustrialização que estamos a “começar” a sentir neste momento, mas por outro lado existem algumas barreiras, nomeadamente ao nível da legislação, privacidade, proteção e segurança de dados.

Os recursos principais que são necessários para desenvolver aplicações/iniciativas neste cluster são, a formação, a gestão de competências, a necessidade de financiamento (elevada), a necessidade de polivalência, existir associações/fileiras das tecnologias de produção e programas europeus que promovam e financiem projetos de I&D, à semelhança de (Industrie 4.0” - Alemanha e Smart industrie” – Holanda).

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Tela Roadmap Tecnológico

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Estudo de atratividade e potencialidade dos Clusters – Agroalimentar, Economia do Mar, Cidades Inteligentes, Tecnologias de Produção e Turismo para as empresas TICE

Turismo

201515% do PIB

Fonte: Plano Estratégico Nacional Turismo – PENT

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7/ CLUSTER DO TURISMO

A constituição do Pólo de Competitividade e Tecnologia, Turismo 2015, e da parceria que o suporta, teve como objetivo essencial criar as condições necessárias para dar cumprimento às metas do Plano Estratégico Nacional do Turismo - PENT, garantindo um crescimento do turismo acima da média europeia e reforçando o contributo da atividade enquanto motor do desenvolvimento económico e social português.

Com efeito, o Turismo 2015 alicerça-se na inovação, na qualificação e na modernização das empresas como “motor” da mudança, prevendo a criação de mecanismos de cooperação e de funcionamento em rede, incluindo a participação ativa de um novo centro de saber e de I&D, que dinamizará a produção, disseminação e transferência de conhecimento e tecnologia para as empresas que concorrem para a atividade turística, alargada a todo o território continental.

Sendo a atividade turística constituída por um “conjunto” de setores económicos, de delimitação difícil de estabelecer mas já de si interligados pela cadeia de valor do produto turístico, a parceria Turismo 2015 atribui particular importância à promoção do conhecimento científico e tecnológico no turismo.

Os objetivos que se espera atingir são os seguintes:

• Gerar e incorporar o conhecimento na atividade turística, aproximando os centros de investigação e conhecimento das preocupações do setor;

• Dotar o país de recursos humanos detentores de níveis de formação, especialização e qualificação adequados ao desenvolvimento do setor;

• Qualificar a oferta turística através de um programa de qualidade para o turismo; da criação de um sistema de regis-to de empresas que atuam na atividade turística, da renovação da imagem da rede nacional de informação turística, da dinamização de pólos de desenvolvimento turístico; da aposta no reforço de competitividade dos 10 produtos turísticos prioritários no Plano Estratégico Nacional de Turismo (PENT) e da requalificação dos destinos turísticos consolidados;

• Reposicionar a imagem do “Destino Portugal” através da dinamização de uma campanha multicanal e da intensifica-ção dos contatos internacionais das empresas.

De acordo com os objetivos delineados, os resultados esperados são:

• Atingir, para o setor do turismo, um peso relativo de 15% do PIB no horizonte de 2015;• Aumentar o número de turistas e o número de camas para, respetivamente, 20 milhões e 90 mil;• Retomar o padrão de crescimento de receitas, ultrapassando o patamar dos 15 mil milhões de euros;• Gerar maior dinâmica das regiões Alentejo, Lisboa e Algarve que deverão registar o maior crescimento absoluto em

número de camas;• Incorporar mais tecnologia nas empresas como forma de reforço da sua competitividade no mercado internacional.

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Estudo de atratividade e potencialidade dos Clusters – Agroalimentar, Economia do Mar, Cidades Inteligentes, Tecnologias de Produção e Turismo para as empresas TICE

A abrangência e transversalidade deste cluster aposta na crescente sofisticação do uso da internet, alavancando van-tagens através de meios cada vez mais inovadores, fazendo crescer a competitividade e em simultâneo a desigualdade entre os vários intervenientes da cadeia de valor.

As TICE, para além da plataforma de marketing que a internet permite desenvolver, permitem endereçar soluções a várias questões/necessidades existentes neste cluster: Portais turísticos, múltiplas conexões, computadores, telemóveis, tablets, TV digital interativa, soluções sofisticadas de “content management”, sistemas de informação turística suportado em ferramentas CRM – Custom Relationship Management e com base em tecnologias e princípios de “knowledge mana-gement”, mecanismos eficazes de acompanhamento permanente das variáveis do mercado e informação com atualização ao minuto (que pode ser consultada no conforto do lar, no local de trabalho, no quarto do hotel, ou à distancia de um smartphone).

O cluster do turismo depende cada vez mais do potencial que as tecnologias apresentam nas suas diversas vertentes.

Apresentam-se de seguida, algumas tendências internacionais de fundo, que já se começaram a desenhar, assim:

• O comércio eletrónico continuará a contribuir para a redução dos custos associados às transações tradicionais;

• O comércio eletrónico funcionará mais na base da procura real. Novos métodos de construir negócio – muitos clientes vão continuar a sentir a necessidade de ter experiências em sociedade, vão continuar a querer “cheirar” e “tocar”, a ter ajuda de pessoas reais, em prol de pessoas “virtuais”. O “business to business e-commerce” (B2B) crescerá mais rapidamente do que o “business to consumer e-commerce”;

• As TICE proporcionam aos operadores um melhor entendimento das necessidades dos clientes devido à interação de dados e “data mining”, que proporcionará diferenciação e customização, de acordo com as preferências do cliente;

• A Web 3.0 ou a “semantic Web” introduzirá sistemas inteligentes (SI) na internet que atuarão como “conselheiros pessoais” – o modelo atual adotado pelos agentes de viagens. Isto vai fechar o “gap” entre os serviços de viagem offline, uma vez que tem capacidade para providenciar informação à medida para os potenciais turistas.

Para além destas tendências, a capacidade da internet continua a crescer para um patamar acima das simples reservas online, para conteúdo avançado e colaborativo em sistemas inteligentes. Estes sites passarão a fazer parte dos modelos de negócio das próprias organizações.

Um dos grandes desafios da indústria do turismo será desenvolver produtos e serviços que vão de encontro às mudan-ças das necessidades dos clientes, por exemplo as novas tecnologias de entretenimento em casa competem em alguns segmentos de mercado com o turismo, mas por outro lado se estas forem incorporadas ao nível do alojamento hoteleiro podem ser complementares e diferenciadoras.

Por outro lado, os programas cada vez mais “inteligentes” instalados nos computadores propiciarão poupanças de tempo na “navegação” na internet. A internet móvel irá capacitar ainda mais os visitantes.

O crescimento do “turismo verde” como um negócio capaz de criar lucros e com um número sempre crescente de clien-tes posicionou-o num elevado patamar, sendo que Portugal é um país com um acervo considerável de recursos naturais interessantes para este negócio.

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É urgente que as empresas tenham uma abordagem “triple bottom line” (Pessoas, Planeta e Proveitos) à sustentabilidade para se certificarem que na sua gestão têm em conta o valor económico, social e ambiental.O “novo” turista”

• Procura novas experiências• Valoriza o tempo disponível• Maior flexibilidade no tempo disponível para férias• Discernimento• Consciente• Individualista• Procura experiências diferentes• Mais crítico• Menos leal a marcas• Procura valor para o dinheiro, não procura necessariamente o mais barato• Consciência social e ambiental mais forte• Procura de experiências autênticas• Procura participar e não ser um mero expetador• Procura opções adicionais

Fonte: Weaver & Oppermann

Assim, no que diz respeito ao uso das tecnologias de informação, as entidades administradoras das regiões de turismo e os restantes agentes do trade turístico procuram desenvolver uma política de fomento da qualidade global da oferta turística, cujo reforço do “cluster da Indústria do Turismo” passará por intervenções em todos os elos da cadeia de valor: promoção do destino turístico regional e/ou nacional; desenvolvimento da diversidade e qualidade da oferta; captação de investimentos; promoção continuada de uma oferta de serviços e produtos, destinados à Indústria do Turismo; desen-volvimento permanente dos recursos humanos na indústria; captação de novos profissionais e talentos para a indústria. No caso específico do Turismo, embora haja uma enorme concorrência global, Portugal possui um conjunto de especi-ficidades que à partida lhe garantem uma posição privilegiada e um extraordinário potencial – recursos patrimoniais e naturais, gastronomia, tradição, entre outros.

/// CINCO FORÇAS DE M. PORTER

Sendo o cluster do Turismo, um cluster que assenta numa cadeia de valor extensa e transversal a outros setores eco-nómicos, o exercício estratégico, que utilizará a metodologia das cinco forças de M. Porter, focará a sua análise numa estrutura que incide nos elementos formais da cadeia de valor do produto turístico.

Poder de Negociação dos FornecedoresA internet já é e continuará a ser o grande elo de ligação entre todos os intervenientes ao longo da cadeia de valor do setor do turismo. A utilização da internet e de meios multimédia online na comunicação, promoção e venda de produtos turísticos, que é cada vez mais uma atividade “global”, possibilita o envolvimento de todos os agentes económicos do setor, direta ou indiretamente, num enorme efeito de alavancagem.

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Estudo de atratividade e potencialidade dos Clusters – Agroalimentar, Economia do Mar, Cidades Inteligentes, Tecnologias de Produção e Turismo para as empresas TICE

A capacidade negocial dos fornecedores (operadores de turismo, agências de viagens, restauração, companhias trans-portadoras, entre outros), estará dependente da sua capacidade para responder às expetativas dos turistas que são vastas e evolutivas, obrigando a uma preocupação sistemática de comunicação de uma oferta global composta, integrada de múltiplas vertentes e caraterizada por novidades periódicas relevantes que só serão possíveis de levar a cabo através da utilização dos sistemas de informação (SI) e das Tecnologias da informação (TI).

Poder de Negociação dos ClientesA procura de experiências de curta duração devido ao limitado tempo (e poder económico) dos turistas, e/ou a crescente necessidade e apetência do turista para experiências diversificadas e diferenciadas faz aumentar o sentido/necessidade de utilização das novas tecnologias, colocando maior poder do lado da procura. O turista tem grande poder de decisão devido às oportunidades de escolha existentes.

Os consumidores recorrem a menos operadores turísticos e agências de viagem (pacotes de viagens) – para tal con-tribui o crescimento da internet na compra direta às companhias aéreas, empresas de aluguer de automóveis, hotéis (e-booking), museus, parqueamentos, etc. Verifica-se também um crescimento da quota de mercado das companhias low-cost, uma vez que são cada vez mais procuradas pelo turista, como parte integrante do pacote que ele próprio con-cebe à sua “imagem” (estilo de vida) e necessidade (restrições orçamentais e disponibilidade de tempo).

Rivalidade SetorialO cluster do turismo é constituído por vários segmentos: turismo natureza, touring, turismo de negócios, turismo religio-so, turismo sol&praia, entre outros. O turista procura, cada vez mais, experiências diferenciadas e diversificadas que se enquadram em mais do que um segmento turístico.

Os diversos “players” no mercado tendem, cada vez mais, a trabalhar de forma complementar, assente nas tecnologias, de maneira a fazer crescer as suas quotas de mercado. Contudo, as empresas que procuram desenvolver serviços/produtos e soluções no cluster do turismo, têm caraterísticas bem diferenciadas.

A rivalidade decorrerá sobretudo da rapidez e satisfação que proporciona ao turista, conquistando e mantendo a sua confiança, através do uso das tecnologias (sistemas CRM cada vez mais integrados e personalizados) e dos sistemas de informação, no âmbito do trade turístico.

Concorrentes PotenciaisOs intermediários, por excelência, da oferta turística são, embora com posicionamentos diferentes na cadeia de valor, os operadores turísticos e as agências de viagem.

A utilização que os operadores turísticos e agências de viagem fazem das TICE para efeitos de negócio é muito condicio-nada pelas relações a montante na cadeia de valor e pelo desequilíbrio de “peso” face aos parceiros de negócio, já que a natureza da atividade implica uma dependência quase absoluta destes.

Nas transações comerciais online, a eliminação dos intermediários por via da maior aproximação entre “produtor” e consumidor é recorrente.

Para um intermediário como um operador turístico ou uma agência de viagens, nesta perspectiva, a Internet constitui não só uma ameaça mas uma realidade que impõe a reconfiguração da forma como os clientes (turistas) se relacionam com os vários intervenientes do setor (operadores, empresas de transporte de passageiros, cadeias hoteleiras, restauração, etc.).

Na cadeia de valor do turismo, os “players” que consigam oferecer um produto integrado, diversificado e possível de obter facilmente, tipo “à distância de um clique” serão aqueles que estarão concorrencialmente melhor posicionados.

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Produtos SubstitutosEste cluster desenvolve-se dando particular importância à qualidade e à diferenciação do produto que tem para oferecer. Cada vez mais o cliente quer soluções assentes em produtos turísticos integrados e diversificados, de fácil reserva e acesso, a preços apelativos. Cada vez mais, estes aspetos passam pelo recurso à Internet.

Um outro aspeto a incorporar, cada vez mais em termos globais, é a questão do “brand” (um brand forte supera/reforça a questão da “imagem” e da “marca” dos operadores) que se revela essencial, aliás, para a “produtização” do destino. A construção de um brand Portugal ou de diversos brand regionais, impõe a necessidade de uma marca e de uma imagem global e passa, de igual forma, pelo recurso intensivo às TICE e à Internet.

A utilização de tecnologias cada vez mais emergentes, assentes na “Intelligent Location”, como o GPS, as fotografias panorâmicas e a realidade virtual são tecnologias incontornáveis, por exemplo em sites/portais de promoção turística, museus on-line, simuladores de realidade virtual, entre outros. O objetivo é proporcionar ao visitante “virtual” uma sen-sação próxima da realidade e que muitas vezes extravasa essa realidade, e ao visitante “real” uma experiência reforçada ao nível sensorial que permita criar memórias agradáveis e duradouras.

/// RESULTADOS WORKSHOP

No decorrer, do presente Estudo, foi realizado um Workshop para o cluster, utilizando a metodologia do Roadmap Tecno-lógico, cujos resultados se passam a apresentar:

Tendências de MercadoO grupo de trabalho afeto ao setor do Turismo levou a cabo um exercício focado em algumas questões consideradas estruturantes, destacando-se:

• O Turismo é considerado o setor das “ligações emocionais” - o turista procura libertar-se de uma vida rotineira e stressante, para viver emoções novas, intensas, diversificadas e integradas, ou simplesmente desfrutar de espaços e/ou entretenimentos que possibilitem “romper” com o seu dia-a-dia.

• A internet como um instrumento fundamental na procura de destinos turísticos - nas reservas (e-booking), na deter-minação da localização geográfica dos locais de interesse e na avaliação de destinos através de blogues e/ou sites (como o Tripadvisor, entre outros).

Em relação à Internet foi referido que os operadores turísticos e as agências de viagem terão que operar uma mudança na sua forma de atuar no mercado, uma vez que o turista cada vez utiliza menos os pacotes dos primeiros, são demasia-do standard para as suas expetativas, e as reservas dos segundos, sendo que este pode fazê-las à distância de um clique.

No entanto, a questão da disponibilidade de tempo para procurar o melhor destino, ao preço mais competitivo, de forma segura, na internet, continua a ser uma condicionante a ter em conta, no campo dos desafios tecnológicos.

• Necessidade de equilíbrio entre o back-office e o front-office das empresas - o que normalmente se verifica é um desfasamento entre sistemas de informação e gestão, havendo sistemas muito avançados no front-office em oposi-ção ao back-office que funciona de forma desajustada e ainda muito “tradicional”, não sendo possível fazer o trata-mento de dados indispensáveis para uma boa gestão do cliente que proporcione um tratamento mais personalizado.

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Estudo de atratividade e potencialidade dos Clusters – Agroalimentar, Economia do Mar, Cidades Inteligentes, Tecnologias de Produção e Turismo para as empresas TICE

Esta questão aponta para a necessidade de sistemas de CRM - Customer Relationship management cada vez mais inte-grados e personalizados e software mais sofisticado em termos do back-office.

• Turistas com preocupações crescentes relativamente ao “green is good” - o mercado está a tornar-se mais ambien-talmente sensível, quer em termos de consciencialização, quer no seu esforço para uma atitude mais responsável das suas atividades turísticas em geral, sendo que o turista, individualmente, exerce uma influência significativa nas atividades turísticas e no seu impacto no ambiente.

A adoção de práticas ambientalmente responsáveis, tais como a redução de resíduos, a reciclagem, a reutilização de materiais, a introdução de códigos de conduta e a medição da pegada ecológica são disso exemplos. A utilização das tecnologias ao serviço do ambiente é já uma realidade – sistemas inteligentes de controle de água (consumo e rega), dispositivos para medição de níveis de emissão de carbono, novos materiais, utilização de dispositivos inteligentes em percursos (por ex. parques naturais) abolindo o sistema de sinalética tradicional, entre outros.

• Turistas mais informados e exigentes que pretendem experiências mais diversificadas e integradas - o turista de “massas” dá cada vez mais lugar ao turista que não se revê num “pacote standard” de viagem, procurando sensa-ções e emoções novas e diversificadas no mais curto espaço de tempo, mas de forma mais regular ao longo do ano.

Oportunidades Setoriais/Potencial de InovaçãoO potencial de inovação e as oportunidades, identificados no seguimento de cada uma das tendências de mercado para o cluster do Turismo, posicionaram-se em torno de sistemas de informação “mais inteligentes”, integrados e personaliza-dos, nomeadamente no que concerne ao Big Data e ao CRM – Customer Relationship Management.

O entretenimento e as tecnologias associadas apresentam um grande potencial de desenvolvimento. As visitas e jogos virtuais possíveis de fazer a partir do quarto de hotel e/ou do conforto doméstico, a possibilidade de detetar eventos de interesse a poucos quilómetros do local de alojamento, sua localização, horário, preço, tudo a partir de uma aplicação em smartphone; assim como a possibilidade de traçar programas “customizados” e “móveis”, ou seja, traçar roteiros adaptados a cada cliente são oportunidades a explorar cada vez mais.

Aplicações e Tecnologias Os intervenientes no workshop consideram como questão chave a escala das empresas e o seu posicionamento no Mer-cado interno e/ou mercado externo e a sua dificuldade para adquirir tecnologia que lhes permita ter visibilidade e meios que atraiam mais turistas.

Assim, as principais aplicações e tecnologias associadas identificadas foram:

• Call Centers inteligentes (Big Data);• Sistemas de gestão de recursos inteligentes (machine to machine communications);• Tablets/APP dispositivo móvel facultado pelo hotel (dentro e fora) e dispositivos Wearables “do hotel” - relógios,

pulseiras, vestuário (location intelligence, predictive analysis);• Visitas virtuais (augmented reality, quantify-self, affective computing).

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Facilitadores/Barreiras e RecursosOs principais facilitadores identificados no que concerne ao setor do Turismo foram a existência de instrumentos de ordenamento e planeamento territorial e gestão setorial (PENT, Planos Diretores Municipais, …) de elevada qualidade e que acautelam as condicionantes de âmbito territorial e ambiental, incluindo as fases de anteprojeto – planeamento das infraestruturas e a existência de uma Sociedade globalizada, cada vez mais green consumer .

Em termos das barreiras, as principais barreiras identificadas foram um certo distanciamento entre as empresas do setor turístico e os centros de conhecimento (universidades, politécnicos, institutos de investigação científica e tecnológica), a dimensão/escala de algumas empresas que necessitam de maior visibilidade e que não têm meios disponíveis para alcançar essa visibilidade e ainda a questão da falta de tratamento de informação dos dados do cliente que possibilitaria uma potencial fidelização do mesmo, de forma mais consistente.

Relativamente aos recursos, as redes sociais têm um papel importantíssimo que poderia ser potenciado com a introdução de um “reputation manager” e de um “gestor do cliente”, seria um passo importante na fidelização do cliente e finalmente o recurso às “soft brands” que possibilitaria a empresas de escala reduzida poderem comunicar e fazer o seu marketing por essa via.

Tela Roadmap Tecnológico

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Estudo de atratividade e potencialidade dos Clusters – Agroalimentar, Economia do Mar, Cidades Inteligentes, Tecnologias de Produção e Turismo para as empresas TICE

5 biliõesde toneladas de carga por ano (90% do comércio externo euro-peu) é transportada por mar

Fonte: EC, (2008, 2009)

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8/ CLUSTER DA ECONOMIA DO MAR

O mar ocupa aproximadamente 2/3 da superfície terrestre existindo no entanto um grande desconhecimento sobre o papel do mar e das atividades relacionadas com o mesmo, no desenvolvimento económico e social, e como fonte de oportunidades de crescimento das economias.

Existe um conjunto de tendências socioeconómicas que acaba por dar mais destaque ao mar, pelo impacto que tem num conjunto de atividades relacionadas com o cluster: i) crescente necessidade energética mundial acaba por dar mais destaque à exploração petrolífera e de gás em regiões offshore, aumentando o interesse na exploração de energias re-nováveis marítimas (eólica, marés e ondas); ii) crescente necessidade da sustentabilidade das fontes de alimentos coloca desafios a toda a fileira relacionada com a pesca, aquacultura e transformação de pescado; e iii) surgimento de novas potências económicas, exige adaptações aos processos produtivos e aos fatores de diferenciação de um conjunto de indústrias de países mais desenvolvidos, como é o caso da indústria de construção e reparação naval.

Na Europa, a grande maioria do comércio externo da União Europeia é transportado pelo mar: 5 biliões de toneladas de carga por ano, ou seja, mais de 90% do comércio externo europeu, fixando-se em 25% o total do comércio marítimo mundial que passa pelos portos europeus. Por outro lado, mais de 350 milhões de pessoas passam pelos portos Euro-peus (EC, 2008, 2009).

A relevância do mar na Economia Europeia, é igualmente visível nos seguintes dados: I) 40% do petróleo e 60% do gás consumido na Europa é extraído em perfurações offshore; II) a Europa domina o mercado mundial de energias renová-veis offshore; III) cerca de 40% da frota mundial pertence a empresas europeias de transporte marítimo; IV) a Europa é o maior destino turístico, tendo no turismo costeiro uma das principais valências; V) a construção naval europeia é a atividade com o maior volume de negócios na última década; VI), os fabricantes de iates europeus produziram 60% dos mega-iates; VII) as empresas europeias de dragagem têm mais de 80% de quota de mercado (EC, 2008).

Apresentam-se de seguida as 4 principais tendências transversais que afetam todos os setores marítimos na Europa (EC, 2008).

Crescimento das Atividades de I&D e Inovação - A maioria das indústrias marítimas na Europa, tem vindo a sofrer uma crescente concorrência por parte de países que baseia a sua oferta no baixo-custo, nomeadamente países Asiáticos. Estes países acabam muitas vezes por aproveitar ideias desenvolvidas e patenteadas por empresas europeias, sem que direitos de propriedade intelectual consigam ter o efeito de proteção efetiva. Torna-se cada vez mais claro que para manter a vantagem competitiva, as empresas Europeias terão que se especializar em know-how e focar em nichos de elevado valor acrescentado, pelo investimento em atividades de IDI. Este aspeto é de particular relevância, para o setor das TICE, uma vez que pode dar resposta a muitos dos desafios que se colocam em termos de IDI deste setor.

Dificuldades no Recrutamento de Recursos Humanos - Nos últimos anos, tem-se tornado cada vez mais difícil atrair potenciais empregados (em particular jovens) para os setores marítimos, nomeadamente para as atividades que são exercidas offshore. Esta tendência tem as suas origens na crescente importância que o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional tem na sociedade moderna.

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Estudo de atratividade e potencialidade dos Clusters – Agroalimentar, Economia do Mar, Cidades Inteligentes, Tecnologias de Produção e Turismo para as empresas TICE

Consciência Pública Limitada sobre a Importância dos Setores Marítimos - Com a deslocalização dos portos e das correspondentes atividades e serviços, das cidades para regiões mais isoladas (por questões práticas e de segurança), a consciência pública sobre a relevância destes setores acabou por ser afetada. Este distanciamento provoca as, já referidas, dificuldades de recrutamento, mas também a diminuição da sensibilidade das iniciativas governamentais e de desenvolvimento de políticas para o setor.

Sustentabilidade do Desenvolvimento - Devido à crescente consciência e know-how sobre os efeitos ambientais negati-vos de algumas atividades marítimas, ao aumento do preço dos combustíveis e às necessidades de redução dos custos operacionais, existem investimentos e iniciativas que procuram o desenvolvimento sustentável dos setores incluídos neste cluster. Nesta área as TICE também poderão vir a ter grande importância, atuando junto das diferentes atividades de forma a aumentar a sua sustentabilidade, tornando-as operacionalmente mais eficientes e diminuindo os efeitos am-bientais negativos.

Com o objetivo de reforçar a importância e competitividade das indústrias relacionadas com o mar, nos últimos anos, a grande maioria dos estados-membro da União Europeia criou os seus próprios clusters de representação de todas as indústrias marítimas. Em 2005, foi criada a Rede Europeia de Clusters Marítimos (European Network of Maritime Clusters – ENMC), com o principal objetivo de coordenar os esforços efetuados pelos clusters nacionais e promover conjunta-mente os setores marítimos Europeus.

Existem em Portugal duas estruturas, o FEEM - Fórum Empresarial da Economia do Mar e o Oceano XXI – Cluster do Conhecimento e Economia do Mar, que pretendem, de forma complementar, potenciar a competitividade das empresas/instituições relacionadas com as diferentes indústrias relacionadas com o mar. Embora com estruturas distintas, a missão de ambos os clusters acaba por incidir sobre o apoio ao desenvolvimento das atividades marítimas em Portugal, valorização do recurso Mar através do desenvolvimento de um conjunto de atividades, de produtos e de serviços, aposta no reforço da IDI da formação, do empreendedorismo, da cooperação e do governo, de modo a contribuir para a compe-titividade do país, e das indústrias relacionadas com o mar em particular.

O número de indústrias que se incluem no cluster da economia do mar é bastante elevado, tendo este cluster já sido apelidado de Hypercluster (SaeR, 2009). A avaliação do potencial das TICE no âmbito deste cluster, torna-se mais fácil de sistematizar classificando esses setores quanto à fase do ciclo de vida: setores maduros e setores emergentes.

• Pesca, aquacultura e indústria transformadora do pescado;

• Atividades portuárias, transportes marítimos e logística;

• Construção e reparação naval;• Defesa e segurança;• Turismo marítimo e náutica de recreio.

• Exploração do solo marinho;• Energias marítimas renováveis;• Biotecnologia marinha

Setores Maduros Setores Emergentes

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Em termos gerais, as atividades maduras têm sofrido grandes ameaças, e embora tenham um maior peso na economia, registam um potencial de crescimento mais limitado. Nestes setores perspetiva-se uma margem de progressão mais baseada em esforços de modernização e na aplicação a estes setores de tecnologias já desenvolvidas noutros contex-tos. A utilização de tecnologias TICE terá sempre como foco principal o aumento de eficiência das tarefas já efetuadas atualmente nesses setores. Nestes setores poderão existir inovações nos processos produtivos (maior eficiência), mas também ao nível do produto: quer na oferta de novos produtos, quer melhorando as estratégias de marketing associadas à oferta dos produtos destes setores.

Relativamente aos setores emergentes, e ainda que os mesmos estejam em diferentes estados de desenvolvimento, acabam por apresentar um potencial de crescimento mais elevado. Estes setores estão atualmente a atrair investimento para o desenvolvimento de soluções criadas de raiz. A geração de novo conhecimento e de aplicações para esse co-nhecimento, levará ao desenvolvimento de soluções pioneiras, que permitirão a esses setores registar elevadas taxas de crescimento. Por outro lado, estes setores colocam grandes desafios em termos tecnológicos, pelo que deverão ser grandes utilizadores de TICE no âmbito da criação de novas soluções.

Apresentada a perspetiva de evolução global, importa analisar cada um dos setores em particular, para tentar concretizar maior número de oportunidades que se podem vir a colocar para as empresas do setor das TICE.

Setores Maduros

O setor da pesca, aquacultura e indústria transformadora do pescado tem sofrido uma grande alteração resultante da crescente falta de matéria-prima selvagem no mar, e consequente aumento da produção de peixe em aquacultura. Para reduzir o impacto das atividades piscatórias nos ecossistemas marinhos, foram impostas quotas de pesca no espaço Europeu, que se deverão manter num futuro próximo. Em Portugal, a capacidade de produção em aquacultura é limitada, sobretudo comparando com a de outros países do Mediterrâneo (ex.: Espanha, Grécia ou Turquia), uma vez que a nossa costa está muito exposta.

Portugal poderá ter algum potencial na produção de peixes planos (como rodovalho ou linguado) e na produção de bival-ves. Existem assim oportunidades de inovação com potencial para as TICE em áreas relacionadas com a melhoria das condições de produção de aquacultura, com a identificação e captura de peixe em alto mar e com o aumento de eficiência dos processos de transformação do pescado. Pode ainda existir algum desenvolvimento ao nível do aproveitamento de subprodutos da indústria pesqueira que atualmente estão a ser desperdiçados (por ex.: algas).

Nas atividades portuárias, transportes marítimos e logística, as tendências de desenvolvimento estão relacionadas com os aspetos já identificados no âmbito do cluster das Cidades Inteligentes.

O principal constrangimento deste setor tem a ver com a interoperabilidade. Poderão surgir diversas oportunidades na área das TICE para o desenvolvimento de ferramentas de obtenção, tratamento e partilha de informação sobre todo o tipo de operações. A coordenação de informação entre os transportes marítimos, os portos a restante cadeia logística permitirá otimizar a mobilidade das pessoas, mas sobretudo das mercadorias (aumento de eficiência), ao mesmo tempo que promove soluções mais seguras, mais económicas e ambientalmente mais eficientes. Espera-se que as tecnologias do âmbito TICE ajudem a suportar o desenvolvimento destes setores.

O setor de construção e reparação naval na Europa tem-se especializado na construção de navios de maior valor acres-centado (por ex. cruzeiros ou dragas), usando soluções tecnologicamente mais avançadas em alternativa à concorrência pelo baixo custo. A concorrência fora da EU é mais experiente na produção de navios menos complexos, usando o custo de mão-de-obra mais baixo e os instrumentos de apoio financeiro do Estado para apresentar preços mais baixos.

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Os estaleiros europeus também têm conseguido alguma atividade na reparação e manutenção de embarcações com elevado valor acrescentado. Perspetiva-se ainda um grande potencial na construção offshore, usando os conhecimentos da construção de embarcações de transporte marítimo para a construção de plataformas petrolíferas e estruturas eólicas marítimas, estruturas que necessitam de novas soluções na área das TICE.

A função do setor da defesa e segurança inclui os navios e os submarinos, bem como os sistemas de teledeteção, de co-municações, de comando e controlo para uso naval e o armamento naval. Deste setor fazem ainda parte as bases navais e respetivos arsenais relacionados com a manutenção de navios, e as plataformas de observação marítima, quer aérea quer espacial (SaeR, 2009). Esta função, passou também a incluir uma componente de apoio à conservação de recursos e ao combate à poluição, fazendo da Sustentabilidade um terceiro vetor desta função, a acrescentar à Defesa e Segurança.

Portugal é o país da União Europeia que exerce jurisdição de vigilância ao maior espaço marítimo, pelo que existe sempre a procura de melhores soluções tecnológicas que auxiliem os meios marítimos da Marinha Portuguesa. Por outro lado, há que distinguir um aspeto que sobressai pela relevância atual: a ciber segurança marítima como uma área de especial interesse e com espaço para o desenvolvimento de aplicações TICE.

Por último, os setores do turismo marítimo e da náutica de recreio, ainda que sejam setores maduros, têm registado crescimentos elevados na Europa (EC, 2008), e em particular em Portugal. O turismo em Portugal para além do sol e praia passa a ter outras valências com potencial de valor acrescentado, como o surf, o bodyboard, o kitesurf e a vela. A realização em Portugal de eventos internacionais relacionados com o mar tem alertado os turistas internacionais para outras atrações do turismo em Portugal. Neste contexto, poderão existir oportunidades para as TICE no desenvolvimento de aplicações que possam aumentar a informação disponibilizada aos turistas sobre as condições do mar. Por outro lado, o turismo de cruzeiros em Portugal também aumentou, havendo uma melhoria das condições de acesso aos portos na-cionais (em Lisboa, Funchal e Leixões). Esta tendência acompanha o crescimento deste tipo de turismo à escala mundial. Depois das Caraíbas (34,4%), o mercado Europeu tornou-se o segundo maior destino do turismo de cruzeiros com um peso de 32,6%, incluindo as rotas do Mediterrâneo e do Báltico e Reino Unido (CLIA, 2013).

Setores Emergentes

Em termos gerais, os setores emergentes ainda não têm uma procura muito formada, sendo áreas que têm um grande risco associado e que, por isso mesmo, também têm grande dificuldade em obter financiamento. Nestes casos é a busca do conhecimento e a necessidade de encontrar soluções para novos problemas que acaba por potenciar o desenvolvi-mento do setor, não a procura.

O setor relativo à exploração do solo marinho tem um elevado potencial de desenvolvimento no longo prazo, sendo particularmente interessante devido ao alargamento da plataforma continental. Esta área prende-se com a crescente exploração do subsolo para efeitos de exploração de petróleo e gás. Também existem alguns desenvolvimentos mundiais em termos de exploração no solo e subsolo marinho de metais preciosos. Dada a profundidade, a exploração do solo e subsolo marinho coloca grandes desafios em termos de tecnologias que permitirão desenvolver soluções de prospeção e monitorização, podendo passar por aplicações de veículos submarinos não tripulados.

Existem em Portugal institutos de referência muito avançados na robótica marítima. O crescente esgotamento da explo-ração em locais inshore e offshore pouco profundos, e a crescente subida dos preços do petróleo potenciam a explora-ção em mares mais profundos.

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O setor das energias marítimas renováveis tem um potencial de crescimento elevado no médio prazo, existindo já, em Portugal, alguns projetos-piloto que têm apresentado bons resultados. Ainda assim, ao contrário de países com águas costeiras pouco profundas e agitação de pequena amplitude onde a instalação de parques eólicos offshore é mais fácil, Portugal tem grande agitação marítima nas costas continentais e insulares e fundos com grandes declives. Assim, em-bora em termos globais a tecnologia eólica offshore esteja muito mais madura, poderão ser as energias associadas às marés e ondas as que podem oferecer maior potencial em Portugal. A instalação deste tipo de parques (eólicos offshore ou ondas), coloca grandes desafios em termos de corrosão, monitorização, ou ligação à rede energética. Por outro lado, este tipo de energia tem sido preterido pelo facto do custo de produção por Kwh da energia eólica offshore ser 50% superior ao custo de produção de energia eólica inshore (RAE, 2014).

Dada a insipiência das tecnologias das marés e ondas, e as dificuldades colocadas pela profundidade das águas nacionais, espera-se que tenham que se desenvolver soluções que possam incluir aplicações TICE.

O setor da biotecnologia marinha tem um potencial de crescimento no médio prazo. Os produtos do ecossistema marinho começam a ser explorados pela biotecnologia marinha para produzir produtos de cosmética, de cuidados de saúde e far-macêuticos, mas também para serem usados na agricultura e noutras indústrias. A identificação de seres vivos animais e vegetais em profundidades e condições outrora consideradas como inóspitas, coloca possibilidades de desenvolvimento de novas soluções com potencial de exploração. A utilização das algas também tem crescido nos últimos anos (SaeR, 2009), como fonte alimentar, em produtos cosméticos e farmacêuticos, ou ainda em utilizações industriais (por ex. para diminuir os índices de poluição gasosa de indústrias pesadas).

O facto de Portugal ter uma área marítima de elevada extensão, permite identificar algum potencial de desenvolvimento de novas aplicações. Contudo, esse desenvolvimento está dependente da necessidade de investigação científica e desen-volvimento de base de tecnologias que permitam fazer esse aproveitamento dos nossos recursos marinhos. Nesta fase, esse exercício deverá vir a ser explorado sobretudo por unidades de investigação científica pertencentes a Universidades e Laboratórios Públicos. Existem poucas empresas de biotecnologia em Portugal, sendo que as que trabalham com re-cursos marinhos são ainda em menor número.

/// CINCO FORÇAS DE M. PORTER

O cluster do mar alberga uma variedade de áreas de atividade, desta forma a análise da 5 forças de M. Porter apresen-ta-se tal como podemos ver de seguida.

Poder de Negociação dos ClientesSendo o cluster do mar um megacluster que engloba várias cadeias de valor, existem forças de sinal oposto relativa-mente ao poder de negociação dos clientes. Assim, temos setores como a defesa e a segurança, portos e logística, em que o Estado e as políticas estratégicas prosseguidas têm um grande poder face às soluções desenvolvidas, aprovadas e integradas no setor. Neste lote, também se podem considerar os setores emergentes, uma vez que estando limitados em termos de investimento, as soluções poderão ser influenciadas pelos investidores/financiadores. Nestes casos, o poder de negociação dos clientes é bastante forte.

Nos outros setores maduros, em que o número de operadores é bastante maior, o poder de negociação dos clientes é bastante menor. Nestes casos (por ex., na construção e reparação naval ou na indústria do pescado), o poder de negocia-ção do cliente depende muito da escala e das tecnologias utilizadas. Ainda assim, o foco na tecnologia usada é transversal a todos os setores, uma melhoria na mesma levará sempre a produções mais eficientes e eficazes.

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Poder de Negociação dos FornecedoresPara alguns dos setores maduros (atividades portuárias, transportes marítimos e logística, a construção e reparação naval e o turismo marítimo a náutica de recreio), já existem mercados com soluções mais desenvolvidas que as que atualmente existem no mercado nacional. Contudo, sendo áreas relativamente recentes, não existem soluções standard estáveis, razão pela qual o poder de negociação dos fornecedores nunca poderá ser alto, pelo menos no médio prazo. Poderá existir um elevado poder de negociação dos fornecedores de tecnologia de base no âmbito da defesa e segu-rança. Sendo setores de atuação muito fechados, com necessidades de integração de sistemas e “linguagens” ao nível internacional, poderão ser impostos padrões específicos aquando do desenvolvimento de novas soluções.

Só será possível às empresas manter uma posição de relevo, se procurarem melhorar os seus produtos, serviços e pro-cessos produtivos de forma contínua. Para isso será necessário dispor de uma infraestrutura de I&D e de políticas que estimulem os empresários a inovar, a partilhar informação e a correr riscos de desenvolvimento conjunto. As empresas de topo do cluster definem os padrões da procura, estimulam a inovação e levam ao aparecimento de empresas no setor do abastecimento capazes de assumirem os desafios da inovação. Essas empresas de topo constituem as âncoras do cluster, e serão importantes no processo de aperfeiçoamento das outras empresas dentro do “cluster”, numa lógica individual por cadeia de valor, mas também em lógicas cruzadas.

Relativamente aos setores emergentes a situação é similar. Sendo setores que em Portugal não estão muito desenvolvi-dos, poderão aproveitar soluções já desenvolvidas noutros mercados. Contudo, sendo setores relativamente recentes no âmbito mundial, não existem soluções standard estáveis, não se antecipando um elevado poder de mercado por parte dos fornecedores deste cluster. O poder de negociação dos fornecedores dependerá sobretudo da capacidade das empresas em apostar no desenvolvimento e maturação de tecnologias que possam garantir a sustentabilidade, nomeadamente a criação de vantagens competitivas duradouras.

Rivalidade SetorialOs setores marítimos podem dividir-se em dois grupos: os que incentivam a procura e os que estimulam a oferta. Os primeiros podem adquirir o seu equipamento principal no cluster nacional ou no exterior, como acontece com o setor do transporte marítimo, ou a cadeia de valor das pescas, existindo alguma rivalidade setorial. Já os que estimulam a oferta, como a construção naval ou os setores emergentes, estão mais expostos à competição estrangeira que procurará dis-seminar as suas soluções. No contexto nacional também poderá existir alguma rivalidade, nomeadamente pela escassez de investimento neste tipo de setores. Contudo, é aqui que a estrutura do cluster poderá ter um papel mais interventivo, promovendo relações entre players posicionados em diferentes elos da cadeia de valor ou a realização de projetos con-juntos de IDI que articulam os diferentes conhecimentos, e disseminando o conhecimento do que já está a ser desenvol-vido, para que não exista concorrência interna que possa colocar em causa a valia internacional de soluções nacionais. A rivalidade basear-se-á sobretudo na diferenciação e no upgrade tecnológico, apresentando aos concorrentes os seus argumentos como os mais válidos para atraírem a confiança na sua solução, como sendo a melhor para responder às necessidades e expetativas dos clientes.

Concorrentes PotenciaisExiste uma elevada concorrência nos vários setores que compõem o cluster, quer em relação aos países desenvolvidos, quer em relação aos países em vias de desenvolvimento, nomeadamente pelo facto destes últimos terem um custo de mão-de-obra relativamente baixo quando comparados com os praticados no nosso país. Todos os setores são confron-tados internacionalmente com concorrência desleal. De facto, não basta ser uma excelente empresa, se houver concor-rência desleal, como por exemplo a da construção naval da Coreia do Sul.

Por vezes as administrações nacionais são suficientes para garantir oportunidades iguais, tal como sucedeu na Holanda com a política para o transporte marítimo de 1996, mas noutros é preciso ir mais longe, como aconteceu com a União Europeia relativamente ao setor da construção naval.

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É, pois, importante vigiar continuamente a concorrência e fazê-lo em cooperação também com as organizações do co-mércio e com os seus membros.

Produtos SubstitutosDada a transversalidade deste cluster, a possibilidade de substituição de produtos é mais expectável nuns setores do que noutros. No entanto, em todos os setores, os upgrades tecnológicos surgem como os grandes drivers de mudança, nomeadamente no que diz respeito aos setores emergentes.

Em todos os setores, a diferenciação entre produtos assentará na capacidade de produzir soluções integradas, tecno-logicamente robustas e de qualidade, e no impacto que terá no dia-a-dia do cliente/consumidor que servirá como base para tomadas de decisão posteriores. O setor da construção e reparação naval industrial tradicional poderá dar lugar, por exemplo, à construção e reparação de barcos que se destinam à náutica de recreio, uma vez que existe procura na Europa, e Portugal não consegue competir com países como a Coreia da Sul e a China na construção industrial. No setor da defesa e segurança, questões como a confiança em determinado fornecedor de longa data pode ser algo que pesará numa tomada de decisão.

/// RESULTADOS DO WORKSHOP

O workshop para o cluster da Economia do Mar foi um exercício bastante participado por agentes do cluster e por re-presentantes das TICE. Deste encontro resultou a identificação de várias tendências de mercado e de oportunidades de inovação.

Tendências de Mercado

As tendências foram organizadas em torno dos 6 eixos apresentados de seguida:

• Sustentabilidade do Abastecimento Alimentar da População e Segurança Alimentar – Com a diminuição da auto-suficiência alimentar das populações mundiais, existe uma maior dependência da agricultura empresarial, da pesca e da produção alimentar. No caso da pesca, é necessário promover políticas que aumentem a sustentabilidade da pesca, e a segurança alimentar ao longo de toda a cadeia de distribuição.

• Conhecimento e Aproveitamento de Novos Recursos Marinhos – Necessidades de aumentar a monitorização dos recursos marítimos, (ex.: água, fundos e subsolo), e aumentar o aproveitamento desses recursos, nomeadamen-te recursos minerais, bio recursos e exploração energética.

• Monitorização e Gestão das Zonas Costeiras – Com o aumento do nível do mar e crescente erosão das zonas costeiras, existe a necessidade de monitorizar essas regiões, bem como o processo de erosão.

• Eficiência da Cadeia Logística – O crescimento exponencial do comércio internacional levou ao aumento, também exponencial, do transporte marítimo, colocando uma enorme pressão de racionalização na cadeia logística.

• Segurança em Alto Mar – Com o aumento do número de embarcações e de plataformas em alto-mar, crescem as necessidades de segurança (security & safety) para as mesmas, para os passageiros/tripulantes e para as cargas.

• Aumento do Consumo de Energia – Espera-se que até 2035, o consumo mundial de energia aumente 1/3 (IEA, 2013). Existe assim a necessidade de utilizar mais o mar como fonte de produção/prospeção de fontes de energia.

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Oportunidades Setoriais/ Potencial de Inovação

No seguimento de cada uma das tendências de mercado avançadas, foram identificadas diversas oportunidades ou po-tenciais de inovação para este cluster.

Como resposta à tendência Sustentabilidade do Abastecimento Alimentar da População e Segurança Alimentar, identifi-caram-se diversas oportunidades relacionadas com aquacultura, nomeadamente: desenvolvimentos que garantam a sus-tentabilidade da aquacultura; desenvolvimento de soluções de limpeza dos fundos dos tanques; desenvolvimentos na ali-mentação dos peixes de aquacultura; introdução de novas espécies para produção em aquacultura (qualidade, quantidade e I&D); desenvolvimento do conhecimento genómico para responder às necessidades alimentares das novas espécies.

Identificaram-se também algumas oportunidades relacionadas com a pesca em alto mar: monitorização dos fluxos mi-gratórios das espécies de peixe; desenvolvimento de equipamentos de triagem e identificação de determinadas espécies de peixe; e avaliação do impacto da alimentação em alto mar.Transversal a estas duas áreas, é a oportunidade associada à rastreabilidade do peixe.

Em resposta à tendência Conhecimento e Aproveitamento de Novos Recursos Marinhos, foram identificadas as seguintes oportunidades: expansão da plataforma continental; desenvolvimento de biotecnologias marinhas; plataforma de monito-rização offshore multiusos.

No âmbito da tendência Monitorização e Gestão das Zonas Costeiras, foram identificadas as oportunidades de monitori-zação do mar, junto à zona menos monitorizada: a zona de rebentação e monitorização fluvial, nomeadamente em termos de caudal e de sedimentos.

Enquadradas na tendência Eficiência da Cadeia Logística, foram identificadas as oportunidades de monitorização de todo o processo logístico e a necessidade de localização de contentores em alto mar.

Enquadradas na tendência Aumento do Consumo de Energia, foram identificadas as oportunidades de exploração de petróleo e gás offshore e a valorização das energias marítimas renováveis: eólica, ondas e marés.

Para a tendência Segurança em Alto Mar, identificou-se a oportunidade de localização de náufragos.

Aplicações e Tecnologias

Tendo por base os 6 eixos de tendências de mercado identificados e respetivas oportunidades ou potenciais de inovação, foram sugeridas diversas aplicações:

• Em aquacultura: sensores para monitorização de crescimento do peixe; tecnologia e equipamentos de monitorização e manipulação unitária do peixe (ex. vacinação); sensores para avaliar quantidade e tipo de alimentos. Em pesca de alto mar: ferramentas de apoio à gestão marítima.

• Desenvolvimento de aplicações nas áreas da defesa, segurança, exploração de recursos minerais, energias e biotec-nologias; desenvolvimento de produtos de saúde, cosmética e farmacêutica; exploração do subsolo com a utilização de drones de reconhecimento – AUVs submarinos.

• Sistemas de alerta para “pontos negros” – segurança de navegação; sistemas de proteção de tsunamis; melhoria na robustez de equipamentos para a monitorização.

• “Miniaturização” de sensores e equipamento de localização/comunicação nos contentores; definição de um standard de comunicação logística; desenvolvimento de soluções para armazenamento de energia – baterias incorporadas.

• Equipamentos de monitorização e diagnóstico médico de RH em alto mar (embarcações e plataformas offshore); wearable equipments (coletes, fatos) ou barcos, userfriendly e com sistemas de localização e comunicação; incor-poração de sistemas de armazenamento de energia – baterias.

• Sistemas de alerta à navegação; sistemas de avaliação de eficiência de energias renováveis; sistemas de proteção, vigilância e manutenção das infraestruturas.

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Estas aplicações utilizam tecnologias como, Big Data; Location Intelligence; Predictive Analytics; Augmented Reality (visão artificial); Quantified self; Machine-to-Machine Communication Services; Autonomous vehicles; Mobile Robots; e Advanced Materials (Nanomaterials). Os clientes são bastante diversificados atuando por toda a cadeia de valor, isto é, desde consumidores ou utentes finais (consumidores de produtos do mar, turistas ou desportistas náuticos), organi-zações (como portos, marinas ou resorts), operadores a atuar no âmbito deste cluster (empresas de pesca, empresas de transportes marítimos e logística), empresas de aquacultura e ainda entidades contextuais (como as autoridades de prevenção e segurança e as autoridades de controlo) ou entidades a jusante na cadeia de fornecimento: cadeia de distri-buição de produtos alimentares.

Facilitadores/ Barreiras e Recursos

Os facilitadores que poderão ajudar ao desenvolvimento das aplicações identificadas são:

• Crescente necessidade das aplicações/informação: quer dos end-users/consumidores (para tomar melhores deci-sões), quer das empresas (para aumentar a eficiência e a rendibilidade);

• Existência de instrumentos e recursos: que possam ser aplicados em projetos de elevado risco, como os dos setores emergentes;

• Existência do cluster do Mar: dinamizador de projetos inovadores e de I&D tecnológico que poderão ser âncora de algumas aplicações;

• Existência de Estratégia Nacional para o Mar: existência de Documento Estratégico de nível nacional;

• Existência de recursos especializados: nomeadamente recursos humanos com as competências necessárias ao desenvolvimento e aplicação das inovações;

• Dinâmicas de mercado positivas: em alguns setores (por exemplo, a náutica e logística).

As barreiras que poderão dificultar o desenvolvimento das aplicações identificadas são:

• Regulamentação: Grande parte das aplicações necessitarão de alterações em termos de regulamentação e legisla-ção dos setores incluídos neste cluster.

• Atitude cultural: No caso do setor da pesca, existe uma grande relutância em partilhar ou mostrar informação.

• Imagem do “mar”: Reduzido interesse dos jovens em trabalhar nestes setores, dada a visão negativa das profissões relacionadas com o mar (dureza, insegurança, etc).

• Barreiras institucionais: O cluster integra diversos setores tutelados por diferentes Ministérios, o que pode levantar questões de coordenação, por ex. no licenciamento de atividades.

• Dinâmicas de mercado negativas: em alguns setores (ex., construção naval).

• Standard de Comunicação: Muitas das aplicações poderão exigir a existência de um standard comum associado à comunicação.

Os recursos identificados como sendo potenciadores do desenvolvimento das inovações e aplicações sugeridas foram: associações empresariais/industriais e as estruturas do cluster; inter-clusterização; existência de capital nas empresas petrolíferas; concretização do projeto da Plataforma Experimental Offshore; ligação à investigação internacional (Europa do Norte/ Atlântico Sul/ Austrália e Nova Zelândia); sensibilização da população para o mar; investimento no ensino “Bo-ttom-up”; e infraestruturas de I&D (Universidades, Fundação para a Ciência e Tecnologia, Centro de Investigação Marinha e Ambiental, ...).

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Estudo de atratividade e potencialidade dos Clusters – Agroalimentar, Economia do Mar, Cidades Inteligentes, Tecnologias de Produção e Turismo para as empresas TICE

Tela Roadmap Tecnológico

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RECOMENDAÇÕES E ATRATIVIDADE DOS CLUSTERS

PARTE III

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Nesta última parte do Estudo apresentam-se um conjunto de linhas de orientação que podem servir de suporte às empresas TICE para se capacitarem para o futuro, em linha com aquelas que são as principais tendências de fundo que poderão enfor-mar a mudança do paradigma societal num futuro próximo, assim como as tendências tecnológicas que mais rapidamente poderão influenciar o con-texto competitivo das empresas.

A forma como as empresas de base TICE se po-dem posicionar para responder às necessidades com desafios que presidem aos clusters alvo, é consequência das políticas da empresa e da sua capacidade para aproveitar as oportunidades que emergem do mercado.

Neste sentido, o capítulo 9 é especialmente dedi-cado à apresentação de uma abordagem prática para cada empresa utilizar na formulação das suas políticas de investigação, desenvolvimento tecno-lógico e inovação. Em complemento apresenta-se ainda em anexo um guião metodológico, baseado no “Open Innovation Canvas” que visa facilitar a gestão dos mecanismos de inovação dentro da empresa.

O último capítulo deste Estudo, capítulo 10, encer-ra com uma análise da competitividade potencial de cada cluster para as empresas TICE, tendo em consideração as alterações esperadas no seu contexto competitivo, resultantes da evolução das tecnologias e das oportunidades setoriais identifi-cadas.

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9/RECOMENDAÇÕES PARA INOVAR E COMPETIR DENTRO DOS CLUSTERS

As recomendações que a seguir se apresentam, mais do que linhas orientadoras a ter em conta, constituem uma pro-posta de abordagem prática para aproveitamento de oportunidades de desenvolvimento de modelos de negócio, ligados às tecnologias, novas e emergentes, que possam de alguma forma, dar resposta às necessidades e desafios dos clusters identificados.

De seguida, passa-se a apresentar um roteiro de suporte que define/propõe um caminho que as empresas poderão efetuar para implementarem internamente uma abordagem estratégica da inovação que passa pela Vigilância e Ação, suportado em processos de vigilância externa e interna, assim como por processos de implementação/ação, como forma de se posicionarem e capacitarem para dar resposta ao mercado concorrencial.

ROTEIRO TECNOLÓGICO E ESTRATÉGIA

A elaboração de roteiros tecnológicos (Roadmap Tecnológicos), como os desenvolvidos nos capítulos 4 a 8, são ferra-mentas de apoio ao desenvolvimento da atuação estratégica da atividade de prospeção das empresas TICE. Fornecem um método para explorar, num horizonte que pode ir até ao longo prazo, a dinâmica das tendências detetadas nas atividades de prospetiva e vigilância, de modo a alinhar a estratégia com ações futuras, e incorporar um plano para que a infra-es-trutura empresarial, as competências e os investimentos necessários estejam disponíveis atempadamente.

A figura 7 ilustra a relação existente entre a maturidade tecnológica e o grau de investimento, risco e potencial de apro-veitamento de oportunidades para as empresas TICE.

Assim, um exercício desta natureza permite a estas empresas, de uma forma simples, posicionar-se antecipadamente relativamente ao esforço exigido para o desenvolvimento de determinada tecnologia e permite-lhe ainda verificar o potencial para entrada e posicionamento no Mercado, auxiliando no processo de definição da estratégia a implementar

Figura 7 • Roteiro Tecnológico

Curto prazo Médio prazo Longo prazo

Tecnologias perto da competitividade

de mercado

Tecnologias emergentes

Novastecnologias

Elevada maturidadetecnológica, risco

limitado com grandeatratividade para

a empresa

Elevada maturidadetecnológica, risco

limitado com grandeatratividade para

a empresa

Risco e potencialde rentabilidade

Investimento em pesquisa, desenvolvimento

e demonstração

Oportunidades

Médio Relativamenteelevado

Relativamenteelevado

Elevada Moderada RelativamenteReduzida

Baixa maturidadetecnológica, risco elevado

e incertezas diversas associadas à tecnologia e

potencial de mercado

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PROCESSOS DE VIGILÂNCIA COMPETITIVA

Para além da aplicação dos roteiros tecnológicos, existem outras atividades de vigilância que constituem uma forma organizada, seletiva e permanente de captar informação do exterior, com o fim de a converter em conhecimento que permita antecipar a mudança, tomar decisões com menor risco e reorientar a estratégia da empresa.

As atividades de vigilância funcionam como um radar, exercendo um rastreio constante e que localiza e organiza co-letivamente os esforços individuais sobre os acontecimentos que podem ser relevantes para a empresa. De seguida identificam-se algumas atividades relevantes para as empresas TICE:

Vigilância de Tecnologias Disruptivas: Por vezes o seguimento da evolução de uma tecnologia e das suas aplicações é insuficiente, sendo fundamental a vigilância das tecnologias emergentes.

Technology Scouting: Numa lógica de inovação aberta, envolve a pesquisa, identificação e avaliação de tecnologias desenvolvidas no exterior e potencialmente relevantes para a incorporação nos processos de inovação e tecnologia. Para além da obtenção de informação para os decisores, esta função envolve as recomendações de ações a tomar para a transferência/aplicação da tecnologia.

As empresas TICE, necessitam de vigiar, para além das transformações/tendências tecnológicas, o que ocorre no mer-cado concorrencial e na envolvente externa à sua empresa, como por exemplo, os desafios e as oportunidades que os clusters encerram. Assim, destacam-se:

Vigilância de Mercado: Acompanhamento da evolução das necessidades dos clientes, canais de transferência de tec-nologia e conhecimento, oportunidades em novos mercados geográficos, etc.

Vigilância de Contexto: Acompanhamento de fatores como a legislação aplicável, normas, políticas sociais e económi-cas, conjuntura económico-financeira, programas de financiamento e incentivo à IDT, etc.

Vigilância de Clusters: Acompanhamento dos desafios, oportunidades e tendências que os clusters encerram para as empresas TICE.

Para além da vigilância externa à empresa, a vigilância interna da empresa, ou seja a identificação dos fatores que devem ser melhorados e/ou potenciados para acelerar a sua competitividade é fundamental.

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PROCESSOS DE IMPLEMENTAÇÃO/AÇÃO

A forma como a empresa pensa estrategicamente o seu desenvolvimento/posicionamento, ou seja o seu Modelo de Negócio, e a capacidade que possui para reavaliar esse modelo de negócio, de forma consistente, é outro fator a ter em conta.

A figura 8 representa esquematicamente uma abordagem metodológica, que é muito utilizada para ajudar as empresas que pretendem inovar no seu modelo de negócio, seja a nível do produto e serviços da organização e/ou do marketing. Esta metodologia é constituída por 4 pilares/blocos comunicantes entre si, que se passam a explicar:

Inspiração – O pilar da INSPIRAÇÃO deve ser alimentado por uma diversidade de pessoas/colaboradores com mentes abertas, que combinam ideias, tirando o máximo partido dos seus talentos, competências e conhecimento e experiência acumulada.

Liderança – Assume uma importância chave na motivação das pessoas, para responder a desafios/objetivos, executar planos e entregar resultados, investindo tempo e energia para atingir com sucesso objetivos comuns, procurando maxi-mizar a inovação, a capacidade tecnológica, a eficiência e a sustentabilidade da empresa no seu todo.

Estratégia – Este pilar é aquele que une todos os outros, refletindo a capacidade de visão e planeamento da liderança, a inspiração e envolvimento de todos os colaboradores e a forma como se pode projetar a empresa para o futuro, tendo por base instrumentos de vigilância como os identificados e/ou outros que se julguem pertinentes. O modelo de negócio a im-plementar deve ser desenhado tendo como suporte toda a informação decorrente dos processos de vigilância realizados.

Exploração – Este pilar representa o funcionamento e a gestão da empresa, assim como as relações que a empresa estabelece: relações com colegas, parceiros, clientes, fornecedores, clusters e entidades do Sistema Científico e Tecno-lógico, entre outras, e que acentuam o espírito de equipa e a co-criação, permitindo trabalhar de forma mais organizada, célere e competitiva o plano de ação para a empresa definido ao abrigo do modelo de negócio preconizado.

De destacar, que a capacitação da estrutura interna das empresas TICE se faz também pela análise da envolvente exter-na, que é facultada pelos processos de vigilância externos: mercado, clusters, tecnológicos, entre outros.

Paralelamente, a estratégia da empresa deve basear-se numa boa análise de mercado robusta, no sentido de perceber quais os grandes players que se encontram com projetos piloto no mercado.

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TURISMO

Software mais sofisticado no back-office (integração com Sistemas de CRM)

Plataformas digitais (WEB 3,0) como agregador de serviços e conteúdos

Soluções eco-friendly aplicadas aos recursos naturais (nanotec-nologia, biotecnologia)

Soluções user-friendly intuitivas para o turista

“Visitas e jogos” virtuais costumizáveis

Realidade aumentada para valorização dos recursos históri-cos e naturais

AGROALIMENTAR

Rastreabilidade de alimentos

Integração de processos de gestão

Gestão de sistemas logísticos

Sensores e drones para con-trole de colheitas e deteção de riscos

Controle efetivo pecuário e massa florestal

TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO

Integração da cadeia de valor (redes e parcerias)

Rastreabilidade e monitori-zação de todas as fases do processo produtivo

Equipamentos flexíveis (rápido set-up) para resposta à procura

Garantia de qualidade e Ferramentas de previsão

Integração das energias renováveis nos equipa-mentos

Interface e comunicação de equipamentos e maquinaria

Robótica de apoio à performance dos operadores

CIDADES INTELIGENTES

Mobilidade e acessibilidade

Parqueamento citadino

Energia e Utilities

Construção sustentável e gestão de edifícios

Armazenagem e tratamen-to de dados

Segurança Pública

Comunicação e gestão de interfaces e dispositivos

Transportes e logística

MAR

Qualidade e segurança alimentar

Refrigeração e congelação

Digitalizar e desburocrati-zar as operações portuárias

Transporte de curta distância

Inserção na rede transeuropeia

Segurança e Defesa

Energias renováveis

Exploração do solo marinho

Biotecnologia marinha

Robótica e sensores

VIGILÂNCIA COMPETITIVAPULL PUSH

VIGILÂNCIAINTERNA

VIGILÂNCIACONTEXTO

VIGILÂNCIAMERCADO

VIGILÂNCIATECNOLÓGICA

EXPLORAÇÃOESTRATÉGIALIDERANÇAINSPIRAÇÃO

Cultura, competências e capital humano

Gestão para a mudança

Estímulos àcriatividade

Orientação estratégicapara a mudança

Planeamento a curto,médio e longo prazo

Implementação e gestão das atividades

VIGILÂNCIA DE CLUSTERS

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Estudo de atratividade e potencialidade dos Clusters – Agroalimentar, Economia do Mar, Cidades Inteligentes, Tecnologias de Produção e Turismo para as empresas TICE

Tendo em conta a competitividade e a evolução tecnológica que se verifica cada vez mais rápida é do interesse das em-presas do setor investir em projetos piloto que forneçam informação plausível de ser utilizada quer no desenvolvimento de novos produtos quer como “guia de orientação” estratégica. Em anexo (Anexo 1), encontra-se uma listagem de ques-tões (check-list) que as empresas devem tentar responder como guião de suporte à sua mudança (existem naturalmente, riscos associados, mas em novos segmentos uma estratégia de liderança pela inovação pode ser potencialmente muito lucrativa).

Sabe-se que as empresas com maior notoriedade no setor têm mais aptidão para realizar estas ações piloto, como tal é de analisar “quem” já está a desenvolvê-las e se ainda não estiverem a ser desenvolvidas é importante perceber o porquê e, caso evidencie ser apelativo é fundamental ser pioneiro.

A definição de estratégias de desenvolvimento de novos produtos e de marketing para a divulgação e introdução dos mesmos nos canais de distribuição é fundamental para capacitar a empresa para o desenvolvimento de um determinado produto e dos meios necessários de interação e disponibilidade dos mesmos, para os potenciais clientes.

O reforço da I&D com o objetivo de desenvolver competências necessárias em todas as áreas prioritárias e de interesse é um tópico que deve ser reforçado pela empresa, e que se apresenta como um dos pontos essenciais de uma estratégia para a mudança, uma vez que, permite melhorar a qualificação e capacidade das empresas e principalmente identificar oportunidades e desenvolver novas soluções.

A promoção, desenvolvimento e criação de novos produtos inovadores, diferenciadores, atrativos e escaláveis, no con-texto atual é importante para as empresas desenvolverem produtos e serviços inovadores, que possibilitem uma expe-riência ao cliente, que se carateriza por ser diferenciadora, intuitiva, fácil de utilizar e com elevado valor acrescentado. As empresas que o consigam fazer podem alcançar o sucesso e as receitas necessárias à sustentabilidade e continuidade dos seus negócios.

A promoção do empreendedorismo “interno” para aparecimento de novas ideias com elevado potencial de crescimento deve também ser incluído na estratégia empresarial.

Muito à semelhança das iniciativas de I&D, o intraempreendedorismo é bastante relevante, uma vez que é um incentivo ao aparecimento de soluções que se podem revelar eficazes, motivando também os quadros da empresa, para além de que a empresa não incorre em mais custos porque recorre ao know-how e poder de inovação gerado dentro da própria empresa.

A construção de relações com outros agentes, nomeadamente, parcerias, consórcios, associações e clusters e o ne-tworking com o intuito de gerar sinergias entre todos os intervenientes, alcançar notoriedade e dimensão é fundamental à sobrevivência e desenvolvimento das empresas, sendo um fator determinante no desenvolvimento de processos, es-tratégias, soluções e produtos.

Neste sentido, estas relações permitem colmatar alguns pontos menos fortes de uma empresa, pelo que este é um aspeto a considerar.

Associado a este ponto decorre a oportunidade de utilização de sistemas de incentivos/fundos estruturais, por exemplo através do Portugal 2020 e da realização de candidaturas ao Horizonte 2020 que assenta essencialmente em 3 pilares de interesse, excelência científica, liderança industrial e desafios sociais, sendo que na maioria das situações é necessária a constituição de um consórcio para ir a concurso na obtenção destes apoios.

Estes apoios são importantes porque munem a empresa de capital que não detém e permite testar as ideias que estão a ser pensadas, mas que ainda não foram postas em prática.

Todos os aspetos anteriores podem ser maximizados, caso a empresa adote uma postura dinâmica e proativa. Todos os esforços são considerados, o que representa um potencial reconhecimento da empresa.

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10/AVALIAÇÃO DA ATRATIVIDADE DOS CLUSTERS

Com o objetivo de avaliar o potencial de atratividade de cada cluster de atividades para as empresas TICE, apresenta-se de seguida uma análise que procura sintetizar as ideias chave que podem contribuir para a contextualização dos principais desafios, atuais e futuros, em cada um dos clusters analisados.

Sendo a capacidade competitiva de cada empresa, entre outros aspetos, dependente das suas competências, da sua capa-cidade de mobilizar recursos, da sua reputação, do seu posicionamento em cada elo da cadeia de valor, em suma das suas forças e fraquezas, pretende-se com este capítulo sintetizar oportunidades de crescimento a partir de “pistas” de trabalho que possam de alguma formar contribuir para o aparecimento de novas áreas de negócio e/ou reforço das atuais e para a construção de novas vantagens competitivas.

Esta análise afasta-se por isso de uma abordagem prescritiva assente em relações de causa-efeito em que apostas em tendências tecnológicas possam resultar em novos fatores competitivos.

Este capítulo é por isso um convite à reflexão sobre potenciais oportunidades a explorar e sobre “caminhos de competi-tividade “ de médio/longo prazo a traçar que podem conduzir à identificação e criação de novos segmentos de mercado geradores de novas fontes de receita. Tratando-se de tendências tecnológicas internacionais na área das TICE parece evidente que os associados da Inova-Ria aumentarão a sua possibilidade de sucesso se mobilizarem, desde já, redes de competências de todo o seu ecossistema competitivo.

10.1 // CLUSTER DAS CIDADES INTELIGENTES

Em termos gerais este cluster parece apresentar uma atratividade elevada para o setor das TICE, uma vez que para além de ser um cluster que abarca muitos setores de atuação, é um cluster próximo do cidadão comum, e onde se identificam oportunidades de inovação e aplicações que podem resultar das necessidades do dia-a-dia. Contudo, existem também aspetos que deverão ser alvo de reflexão por parte das empresas nacionais que venham a explorar o desenvolvimento de aplicações neste cluster.

1. Definição de standards, protocolos de comunicação e interfaces entre SI/TISendo um setor em fase inicial do ciclo de vida, em que estão ainda em fase de definição standards e protocolos tecnoló-gicos e interfaces de comunicação, existe um espaço de incerteza sobre as soluções a adotar pelo mercado. As soluções mais bem sucedidas, dependerão da forma como se abordem os problemas sentidos pelos seus utilizadores. Se isto por um lado funciona numa lógica motivadora, por outro lado, poderá colocar grandes desafios em termos de compatibilidade entre soluções que foram desenvolvidas por entidades autónomas em linguagens distintas.

Entre as tendências tecnológicas identificadas, as associadas ao big data, cloud computing , autonomous vehicles, machine to machine communications, location intelligence, quantum computing, mobile robots e predictive analytics estarão certa-mente envolvidas no desenvolvimento de respostas aos problemas relacionados com a gestão inteligente das cidades.

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2. Especialização e vigilância em segmentos com grande potencial As grandes empresas multinacionais da área das TICE têm procurado afirmar-se no mercado, conquistando quotas signi-ficativas, gerando o mais rapidamente possível economias de rede.

Face à concorrência, antes de investir no desenvolvimento de novas aplicações, importa perceber se existem aplicações similares a serem desenvolvidas por potenciais concorrentes com um poder de mercado que possa inviabilizar a possibi-lidade de tornar as soluções desenvolvidas por empresas nacionais escaláveis internacionalmente.

3. Projetos piloto para clientes nacionais a pensar em mercados internacionaisUma das formas de responder às limitações de dimensão das PME TICE em Portugal é a implementação de projetos piloto para aperfeiçoar tecnologias e soluções que estão em fase final de desenvolvimento, procurando gerar projetos demons-tradores da sofisticação das soluções que possam ser replicadas num número alargado de mercados.

Implementando projetos-piloto para aperfeiçoar tecnologias e soluções que estão em fase final de desenvolvimento é uma abordagem que permite potenciar a aceleração do projeto e mitigar riscos de investimento em mercados emergentes.

4. Adequação das infraestruturas aos requisitos tecnológicosO desenvolvimento de novas soluções passará pela existência da infraestrutura adequada para suportar exigências de co-municação, armazenagem e tratamento dos dados. Para que as soluções possam ser massificadas terá que ser estimado se as infraestruturas existentes são compatíveis com as exigências dos equipamentos, ao nível local, cidade, região ou país.

5. Soluções práticas para territórios inteligentesUm dos principais clientes ou elementos da cadeia de valor que mais poderão beneficiar com as inovações e as aplicações a desenvolver no cluster das smartcities são as autarquias e o Estado Central. Ter como clientes instituições do Estado apresenta a vantagem de assegurar a existência de projetos piloto, com possibilidade de serem replicados noutros clientes e noutros mercados.

No entanto, a aposta neste tipo de clientes pode colocar constrangimentos adicionais em termos de viabilidade dos pro-jetos, uma vez que os mesmos estarão sempre dependentes do Orçamento Geral do Estado, dos Orçamentos das Au-tarquias e da vontade política para serem implementados. Por outro lado, permite também identificar oportunidades em termos de aproveitamento de cofinanciamento da UE de projetos nestas áreas que permitam responder aos objetivos defi-nidos no Horizonte 2020, quer em termos de transportes e mobilidade, quer em termos energéticos e de sustentabilidade.

6. Foco no utente/cliente finalPara que não se fique dependente da vontade política e/ou da disponibilidade de cabimento do Orçamento Geral do Estado e dos Orçamentos das Autarquias, que nos próximos anos se encontrarão muito comprimidos, poderão ter maior atra-tividade o desenvolvimento de soluções que explorem modelos de negócio claros e bidirecionais, em que o benefício é valorizado pelo cidadão, ao ponto do mesmo estar disponível para pagar por ele.

Estas soluções poderão vir a registar uma elevada atratividade, pela possibilidade de serem escaláveis e de poderem vir a traduzir-se em entradas de cash-flows contínuas. Para isso, tem que ser dada grande importância à facilidade de utilização das aplicações, à utilização de soluções intuitivas e à perceção de valor que o cliente sente que lhe está a ser entregue aquando da utilização do serviço/produto/solução.Por exemplo, as soluções a desenvolver na área do parqueamento citadino, poderão ser um exemplo claro em que para além de ter benefícios económicos, sociais e ambientais (possíveis de serem avaliados numa análise custo-benefício en-quanto externalidade positivas), poderão ser também valorizados pelos cidadãos em termos gerais, que não se importarão de pagar para obter rápido acesso a informação e disponibilização imediata de parqueamento.

7. Procurar grandes clientes em setores estratégicosAinda na perspetiva da procura, as oportunidades de desenvolvimento de aplicações que se venham a colocar na área da Energia e Utilities (e na área dos Transportes - mobilidade e logística – o raciocínio é similar), poderão ser interessantes pelo facto destas empresas terem fluxos de investimento contínuos e elevados.

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Ainda assim, podem ter que lidar com elevados poderes de negociação por parte dessas entidades, uma vez que esses negócios estão muitas vezes concentrados em poucos operadores. Por outro lado, experiências positivas com grandes operadores têm sempre elevado efeito demonstrativo e podem facilitar a exploração internacional das soluções desenvol-vidas com operadores nacionais.

Do ponto de vista tecnológico as questões relativas à gestão da rede, para além de mobilizarem as áreas da gestão massiva de informação e das previsões dos consumos, mobilizarão competências que valorizem a inter-relação entre as infraestruturas de suporte, os equipamentos e os dispositivos de gestão e controle que serão otimizados pelos progressos expectáveis na utilização de nanomateriais e novos compósitos de elevada performance (advanced materials).

Concluindo, o desenvolvimento de aplicações que potenciem o conceito das smartcities parecem apresentar grande atra-tividade, ainda que essa seja maior quando essas aplicações têm como principal beneficiário e utilizador o cidadão comum ou grandes empresas detentoras de elevados orçamentos para investimentos.

É uma área de atuação que conta atualmente com diversas dinâmicas push & pull, que o tornam bastante apetecível para um grande número de empresas de dimensão, poder de mercado e capacidade de I&D distintos, e que podem condicionar o sucesso efetivo das soluções desenvolvidas. Mas esse é o risco de toda a inovação!

Este é o território onde todas as necessidades emergem, as tendências se definem e as tecnologias se desenvolvem.

Tabela 1 • Atratividade Potencial por Tendência Tecnológica

Sistemas de transportes

Parqueamentocitadino

Gestão de edifícios

Energiae utilities

Big Data

Cloud Computing

Location Inteligence

Predictive Analytics

Activity Streams

Biometric Authentication Methods

Gesture Control

Quantified self

Speech Recognition

Virtual Assistants

Affective Computing

Augmented Reality

Autonomous Vehicles

Machine to MachineCommunication Services

Mobile Robots

3d Printing

Advanced Materials(Nanomaterials)

Quantum Computing

Atratividade elevada Atratividade média Atratividade reduzida

Segurançapública

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10.2 // CLUSTER AGROALIMENTAR

O cluster da produção agroalimentar assegura a satisfação de necessidades fundamentais das populações. Efetivamente, a alimentação humana tem além da função primordial de garantia de sobrevivência, várias outras funções, nomeadamente a de segurança e lazer, sendo por isso, um setor fundamental na estrutura das sociedades e nas economias das regiões.Complexo e dinâmico na sua estrutura interna, e enfrentando enormes desafios nos próximos anos, o cluster enquanto agregador de todas atividades económicas que contribuem diretamente para a produção de bens alimentares representa uma fonte segura e constante de necessidades de inovação e de tecnologia, afirmando-se como um setor muito atrativo pelo potencial de geração de oportunidades que representa.

1. Riscos e ameaças globais

O setor, a nível global, enfrenta um conjunto de importantes desafios que, mais do que do setor ou do cluster, são desa-fios para toda a humanidade nos moldes como a conhecemos. Entre estes são particularmente relevantes o crescimento da população mundial, as alterações climáticas, a crescente necessidade de segurança associada à aceleração do surgi-mento de novos organismos prejudiciais à vida humana, a necessidade de sustentabilidade ambiental, social e económica de que a produção de alimentos carece e a dependência de fatores limitados biológicos ou edafo-climáticos.

2. Produtividade e eficiência da cadeia de valor

Ao nível europeu (e nacional) os desafios colocam-se na necessidade de produtividade e eficiência produtiva, associada à necessidade de ganhos substanciais de eficiência da cadeia de valor, respondendo em simultâneo a um mercado cada vez mais sofisticado e exigente em qualidade e segurança e garantias associadas a informação relevante e rigorosa sobre os produtos alimentares.

Nos últimos anos têm-se obtido ganhos de produtividade muito significativos pela aplicação de técnicas e tecnologias associadas à biotecnologia, à engenharia e à gestão. Em todos estes avanços tecnológicos, as TICE tiveram um papel preponderante nomeadamente aplicando tecnologias como quantified self, big data e location intelligence.

Nos próximos anos, a necessidade de inovação para evitar efeitos com impactos negativos de dimensão incalculável será ainda maior. As TICE são parte integrante ou estão na génese de todas as tecnologias e biotecnologias a adotar.

3. I&D tecnológico e inovação centrada na integração da cadeia de valor

As tendências do setor agroalimentar para os próximos anos apontam para a necessidade de investimento em investi-gação fundamental e aplicada nas áreas associadas à produção de alimentos. A evolução demográfica reforça a preocu-pação com a disponibilidade e qualidade de alimentos à escala mundial ganhando relevância o tema da sustentabilidade intensiva na agricultura. (assegurar a sustentabilidade dos ecossistemas com níveis de produção crescentes).

A diversidade das atividades a que as empresas do cluster se dedicam e a sua inter-relação em cadeias de valor mais ou menos longas, permite encontrar muitos segmentos de mercado para a melhoria tecnológica ou de processo e realça a necessidade de encurtamento das cadeias de valor através da integração vertical de subsetores ou adoção de novas tecnologias que permitam agilizar processos de produção, orientando-os para as necessidades e gostos dos consumido-res e dos vários mercados de destino, através da utilização de tecnologias como predictive analytics, augmented reality, virtual assistants e cloud computing.

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4. Evolução de competências em novas técnicas e tecnologias

Dada a estrutura de produção dispersa pelo país, a sua relação com a gestão do território e dependência em muitas das atividades de múltiplas unidades de produção de pequena dimensão, a importância do fator humano é predominante. A continuação da atuação sobre as pessoas, ao nível da obtenção de sinergias e colaborações, bem como de evolução de competências na adoção de novas técnicas e tecnologias é também um dos fatores de atratividade do setor.

5. Gestão territorial

A ligação dos produtos ao território e a associação da produção alimentar com zonas rurais, gera novas oportunidades relacionadas a este cluster, nomeadamente no domínio da gestão do território, como é o caso da identificação e cadas-tro em que as tecnologias ligadas à digitalização da informação, à georreferenciação dos terrenos agrícolas, à gestão da mancha florestal entre outras, podem dar origem a novos serviços que contribuem para a eficácia das explorações agrícolas, agropecuárias e silvícolas. Existe uma oportunidade de completar, integrar e cruzar informação já existente, nomeadamente através da integração das cartas de solo, capacidade de utilização de solo, cadastro, fotografias aéreas e satélite, linhas de água, permeabilidade do solo, entre outros, através de vários tipos de aplicações/dispositivos de base tecnológica (big data, location intelligence, predictive analytics, entre outros).

6. Instrumentos de gestão e controlo do processo produtivo

A multiplicidade de tecnologias incluídas no processo produtivo e de gestão dos vários tipos de produção e a necessidade de uma maior integração entre elas, gera um elevado potencial de oportunidades no desenvolvimento de aplicações e instrumentos de controlo, de produção e investigação e inovação. Associada a esta, o papel das TICE é fulcral, quer como parte das tecnologias a desenvolver, quer dos mecanismos de gestão, quer das novas técnicas desenvolvidas ou ainda do próprio processo de investigação, destacando-se tecnologias como o quantified self, gesture control e augmented reality, entre outras.

7. Importância das políticas públicas

A importância da produção alimentar justifica a existência de políticas públicas de desenvolvimento e suporte da atividade e de atividades relacionadas a montante e a jusante do setor e canalizando para as atividades fluxos importantes de fi-nanciamento, quer através de subsídios a fundo perdido, quer através de disponibilização de crédito ao investimento que viabilizam as apostas empresariais do setor.

As políticas públicas apresentam relevância, para colmatar as fraquezas do cluster associadas à estrutura pulverizada do tecido produtivo e à pequena dimensão de uma parte das unidades de produção. No entanto, associada a essa pulveriza-ção e à renovação necessária, estão também subjacentes oportunidades para as TICE.

Em síntese, o setor alberga múltiplas oportunidades que decorrem de imperativos de evolução associados à garantia de abastecimento, segurança e saúde das populações; a maior parte da inovação necessária para responder a estes desa-fios, requer utilização intensiva das TICE.

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Tabela 2 • Atratividade Potencial por Tendência Tecnológica

Tecnologiasde produção

Saúde e segurança

Responsabilidadeambiental e social

Inovação e desenvolvimento

Big Data

Cloud Computing

Location Inteligence

Predictive Analytics

Activity Streams

Biometric Authentication Methods

Gesture Control

Quantified self

Speech Recognition

Virtual Assistants

Affective Computing

Augmented Reality

Autonomous Vehicles

Machine to MachineCommunication Services

Mobile Robots

3d Printing

Advanced Materials(Nanomaterials)

Quantum Computing

Atratividade elevada Atratividade média Atratividade reduzida

Organização dacadeia de valor

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Estudo de atratividade e potencialidade dos Clusters – Agroalimentar, Economia do Mar, Cidades Inteligentes, Tecnologias de Produção e Turismo para as empresas TICE

10.3 // CLUSTER DAS TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO

O cluster das tecnologias de produção contempla uma diversidade de indústrias, bastante atrativas para as TICE.

1. Adoção de estratégias para satisfação das exigências dos clientesTendo em consideração que o cliente/consumidor se revela cada vez mais importante nos processos produtivos e com graus de exigência bastante mais elevados, para dar uma resposta satisfatória são, cada vez mais, adotadas estratégias pull (é o consumidor que “dá voz” para a produção, quer em quantidade, quer em caraterísticas), sendo possível perceber que há um potencial de inovação e desenvolvimento de produtos que possibilitem tornar real, fácil, acessível e eficaz esta comunicação que é necessária entre produtores e clientes.

2. Flexibilidade e rapidez de set up dos equipamentosA volatilidade de mercado (enorme) associada às alterações dos gostos/necessidades dos consumidores remete para ciclos de vida dos produtos bastante mais curtos. Neste sentido importa capacitar os produtores com ferramentas/pro-dutos que gerem soluções capazes de criar formas rápidas de set-up dos equipamentos, podendo rapidamente mudar de série produtiva. Quem vencer o desafio da flexibilidade tem uma maior capacidade de responder às alterações da procura e aproveitar oportunidades de negócio que respondam à tendência para a valorização de médias e pequenas séries.

3. Valorização das redes e parcerias ao longo da cadeia de valorAs empresas que desenvolvam soluções que contribuam para a integração da cadeia de valor registam um elevado potencial de expansão. O estabelecimento de redes e de parcerias, entre fornecedores de tecnologia, utilizadores das mesmas e as entidades do SCTN, para além de criarem sinergias mútuas, pode permitir capacidade de investimento acrescida, designadamente através de financiamento europeu e nacional. A resposta aos desafios da procura é estrutura-da por OEM’s (Original Equipment Manufacturer) que desenvolvem redes de inovação aberta, onde participam ativamente um conjunto alargado de parceiros. O estreitamento de relações dentro de agrupamentos de fornecedores estruturados em torno de uma mesma cadeia produtiva e de distribuição cria uma margem de manobra acrescida para as entidades que o integram e dificuldades a potenciais concorrentes ou substitutos de intervir ao nível do mercado. As soluções que viabilizam esta abordagem podem recorrer a tecnologias como cloud computing, augmented reality e activity streams.

4. Rastreabilidade e MonitorizaçãoA integração da cadeia de valor “exige” o desenvolvimento de soluções tendo em vista a rastreabilidade e monitorização dos produtos durante o processo produtivo, que utilizando tecnologias como quantified self e mobile robots podem dete-tar a origem, transformações/processos pelos quais tenha passado e em que fase destes se encontra, aferir caraterísti-cas dos produtos e avaliar se estes se apresentam dentro dos parâmetros considerados como ideais (o que possibilitará por vezes, reduzir tempos de teste).

5. Comunicação entre equipamentos e dispositivo de produção e controloA capacidade de comunicação entre equipamentos de diferentes marcas e sistemas, ao longo de toda a cadeia de valor, é essencial para tornar possível a articulação dos mesmos e estabelecer processos contínuos, autónomos, com as condi-ções necessárias a uma rastreabilidade e monitorização eficientes. O desenvolvimento destas soluções pode ser baseado na aplicação de tecnologias associadas ao cloud computing e machine-to-machine communications.

6. Integração de energias renováveis nos processos produtivosA necessidade de garantir a eficiência e eficácia nas empresas (sustentabilidade) apresenta-se também como uma área de enfoque, neste sentido o cluster depara-se com o desenvolvimento de soluções que utilizam as energias renováveis, não como alimentação dos equipamentos, mas como parte integrante destes e, consequentemente, dos processos pro-dutivos.

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7. Aumento de produtividade no “chão de fábrica”Estão em desenvolvimento um conjunto de tecnologias e de dispositivos focados no aumento do desempenho dos tra-balhadores, através da utilização de equipamentos inteligentes, ferramentas indutoras de melhorias na performance técnica, combinando tecnologias convencionais e novos processos de fabricação integrando tecnologias não convencio-nais (nomeadamente robótica, realidade aumentada, assistente virtual, speech recognition e gesture control) e processos híbridos ou multifuncionais, como por exemplo, processos de baixa frequência ou ultrassónica. Com o aumento do poder computacional e a crescente inteligência de todos os equipamentos fabris e dispositivos de monitorização, prevê-se a utilização mais generalizada e bem sucedida de modelos de previsão, recorrendo a tecnologias como Big Data, Predictive Analytics e Quantum Computing.

Em suma, o cluster das tecnologias de produção mostra-se com grande potencial de atratividade, uma vez que as tendên-cias de mudança presentes no cluster são grandes e assentam essencialmente no upgrade tecnológico, que permitirá a aposta em novos modelos de negócio, novos métodos e processos de gestão, e consequentemente o aumento da com-petitividade interna e externa. Isto indica que há espaço de desenvolvimento para que fornecedores de tecnologias pro-duzam produtos que possibilitem o acompanhamento em tempo real de todos os processos de produção, a monitorização dos produtos e até mesmo a previsão (quer de mudanças nos mercados, quer para perceber e evitar possíveis futuros erros) de forma a garantir a sustentabilidade e eficiência, bem como toda a integração da cadeia de valor, articulação entre equipamentos, pessoas e empresas.

Tabela 3 • Atratividade Potencial por Tendência Tecnológica

Sistemas deprodução inteligentes

Fábricaseficientes edigitais

Empresascolaborativase remotas

Produção com foco nos funcionários

Big Data

Cloud Computing

Location Inteligence

Predictive Analytics

Activity Streams

Biometric Authentication Methods

Gesture Control

Quantified self

Speech Recognition

Virtual Assistants

Affective Computing

Augmented Reality

Autonomous Vehicles

Machine to MachineCommunication Services

Mobile Robots

3d Printing

Advanced Materials(Nanomaterials)

Quantum Computing

Atratividade elevada Atratividade média Atratividade reduzida

Produção com foco no cliente

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10.4 // CLUSTER DO TURISMO

O cluster do Turismo, carateriza-se como um cluster que, atualmente, já apresenta uma atratividade elevada para o setor das TICE. Neste cluster bastante transversal e que abarca muitos setores de atuação, o cliente-turista possui cada vez maior poder de decisão que lhe é transmitido pela possibilidade de “em qualquer lado e a qualquer hora” utilizar as TICE como instrumento que lhe proporciona uma visão lata de destinos diversos e diferenciados, traçados à sua “medida”.

1. O cluster das emoçõesO cluster do turismo é considerado um cluster “emocional”, uma vez que o processo de tomada de decisão assenta em “perceções e sentimentos”, que são únicos para cada indivíduo. Neste sentido, as empresas TICE devem apostar em tendências que possam de alguma forma inovar no relacionamento com o cliente-turista, mas que não se substituam ao relacionamento humano.

Daqui decorre a importância identificada para tendências tecnológicas como o affective computing, speech recognition, biometric authentication methods que interagem diretamente com o turista-cliente.

2. Posicionamento no mercado global – vigilância tecnológica e de contextoEm termos do setor do turismo, um pressuposto que deve presidir ao investimento no desenvolvimento de novas apli-cações é a verificação da existência, ou não, de aplicações similares, a serem desenvolvidas por outros concorrentes, nacionais e/ou internacionais, que possuam já um posicionamento de relevo no mercado global, inviabilizando a possibili-dade de conquistar e alargar mercado. Por outro lado, o aparecimento de uma nova solução pode significar oportunidades de entrada num segmento de mercado a nível internacional, até porque os grandes operadores setoriais (alojamento, centrais de compras, agências de viagens, rent-a-car, entre outros) estão presentes num número alargado de países.

3. Sistemas mais integrados e costumizadosA existência de uma capacidade de resposta pronta, às necessidades e expetativas do cliente-turista, é um desafio que só é possível vencer possuindo sistemas cada vez mais integrados (back-office e front-office) e costumizados de base tecnológica. Os setores do alojamento e da restauração são os elos da cadeia de valor que mais poderão beneficiar com as inovações e as aplicações a desenvolver, no que diz respeito à implementação de software mais sofisticado, nomeadamente sistemas de CRM – Customer Relationship Management, que se pretendem cada vez mais integrados, personalizados e flexíveis.

4. Introdução de novos conceitos e plataformas “digitais”A introdução de conceitos como o de “reputation manager” digital e a possibilidade de utilização de plataformas digitais inteligentes que possibilitem ao cliente-turista ter um “gestor de cliente”, à imagem do que é praticado no sistema ban-cário, são ideias reconhecidas por clientes e por elementos pertencentes a segmentos da cadeia de valor deste cluster. Nomeadamente, as agências de viagem que foram identificadas como um dos elos mais fracos da cadeia de valor e que através da potenciação desta ideia podem ter uma oportunidade de “reeditarem” o seu serviço a partir do envolvimento das TICE.

5. Empresas turísticas de pequena dimensão e as soft brandsAs empresas turísticas de pequena dimensão (turismo natureza, ecoturismo, turismo rural, entre outras) são confron-tadas com dificuldades que têm a ver com a sua pequena escala e reduzida autonomia financeira, para empreenderem ações concertadas de marketing e publicidade, a nível nacional e internacional. A hipótese de desenvolver para estas empresas turísticas plataformas digitais e/ou outros dispositivos, utilizando uma “soft brand” comum induziria um aumento de exposição nos media possibilitando chegar a um maior número de clientes do mercado global.

6. Turista green e a consciência globalNo que diz respeito à tendência identificada para o turista “green” esta é cada vez mais transversal a toda a sociedade, até porque existe uma escassez de recursos que se tem vindo a acentuar e uma consciência global relativamente a essa condicionante.

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Nesta tendência as TICE têm muito a explorar, desde soluções eco-friendly aplicadas aos recursos naturais, até à utiliza-ção de novos materiais apostando na nanotecnologia, biotecnologia, entre outros e na valorização da economia circular (ecodesign integrando a reutilização de materiais e subprodutos, assim como a reconversão de resíduos).

7. Interligação e valorização das tecnologias associadas ao lazer e entretenimentoO lazer é um vetor estratégico no desenvolvimento económico da indústria do turismo. A utilização e desenvolvimento de tecnologias associadas ao entretenimento é sem dúvida um dos grandes desafios das TICE. Os jogos e as visitas virtuais que melhor exploram as tendências associadas ao affective computing e à augmented reality, introduzindo-lhes um cariz cada vez mais adaptado ao utilizador em causa “costumizados e móveis” a partir de aplicações user-friendly com solu-ções intuitivas à perceção do cliente são fundamentais para o sucesso dessas aplicações no mercado.

O desenvolvimento de tecnologias e aplicações no cluster do turismo, apresenta grande atratividade, sendo essa atra-tividade ainda mais vincada para o utilizador final utilizador, o cliente-turista, ainda que para toda a cadeia de valor as soluções com base nas tecnologias sejam já uma realidade, até porque este é um cluster global, e continuará a ter um grande desenvolvimento, consolidando-se como um dos setores de atividade mais forte e competitivo.

Tabela 4 • Atratividade Potencial por Tendência Tecnológica

Operadores turismo

Agências Alojamento Restauração Lazere entretenimento

Big Data

Cloud Computing

Location Inteligence

Predictive Analytics

Activity Streams

Biometric Authentication Methods

Gesture Control

Quantified self

Speech Recognition

Virtual Assistants

Affective Computing

Augmented Reality

Autonomous Vehicles

Machine to MachineCommunication Services

Mobile Robots

3d Printing

Advanced Materials(Nanomaterials)

Quantum Computing

Atratividade elevada Atratividade média Atratividade reduzida

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10.5 // CLUSTER DA ECONOMIA DO MAR

Em termos gerais este cluster apresenta uma atratividade média-alta para o setor das TICE. Esta classificação é influen-ciada positivamente pelo número de setores que este cluster inclui. Se em cada um desses setores existir um pequeno número de oportunidades de inovação e novas ideias para aplicações, o potencial de mercado para os setores TICE é muito interessante. Acresce ainda o facto de muitos dos setores terem uma grande importância à escala global, como é o caso da exploração de recursos associados ao setor do “Oil and Gas”, transportes marítimos e logística e da cadeia de valor da pesca.

1. Renascimento da importância estratégica do mar

A consciência da importância fundamental dos recursos marítimos tem gerado uma nova aposta política na economia do mar, valorizando a dimensão da Zona Económica Exclusiva – ZEE, fomentando processos de clusterização (redes nacio-nais e europeias) e afetando recursos financeiros significativos como forma de potenciar a competitividade das empresas e indústrias relacionadas com o mar.

2. Relação dual entre setores emergentes e maduros

Os setores emergentes relacionados com as atividades de exploração do solo marinho, mobilizam competências na área da energia marítima renovável e tecnologias nas áreas da biotecnologia marinha, robótica e sensores submarinos que apresentam um forte potencial de geração de oportunidades para as TICE. Contudo, a sua atratividade potencial é pena-lizada por não terem uma procura totalmente desenvolvida (dado que estão a tomar forma enquanto setores). Acabam por ter um grande risco associado, na medida em que requerem níveis elevados de investimento e grande incerteza no que se refere à sua rendibilidade.

As oportunidades dos setores tradicionais advém fundamentalmente dos esforços de modernização e de geração de ganhos de eficiência, ainda que estes setores não registem grandes taxas de crescimento. Podem ainda ter grande atra-tividade as soluções que têm impacto num maior número de utilizadores, como é o caso das soluções no setor do turismo marítimo e náutica de recreio. Sendo um setor que tem os turistas e desportistas náuticos como interessados, está mais perto das necessidades do cidadão comum e, por isso mesmo, pode ter maior facilidade de acesso a financiamento e podem-se desenvolver soluções que são facilmente escaláveis numa perspetiva internacional.

3. Mitigação de riscos tecnológicos e financeiros

O desenvolvimento de novas aplicações nestes setores deverá ter objetivos distintos quer se trate de setores emergentes ou maduros. No caso dos primeiros, importa sobretudo a novidade das soluções (o que não coloca de lado a necessi-dade de um exercício de benchmarking internacional e de vigilância competitiva para perceber as melhores práticas e as soluções que já existem e as que estão a ser desenvolvidas). No caso dos setores maduros importam sobretudo as aplicações que aumentem a eficiência e surjam no âmbito da modernização dos próprios operadores desses setores (utilizando por exemplo as seguintes tecnologias location intelligence, predictive analytics, cloud computing e machine--to-machine communications).

Dada essa distinção na tipologia setorial, aquando da decisão sobre a eleição dos mercados alvo de atenção por parte das empresas TICE, deve-se ponderar a capacidade que os players desses setores têm para desenvolver novos projetos, no-meadamente em termos de acesso a financiamento. Terá maior atratividade o desenvolvimento de soluções para setores em que existem diversos operadores que valorizam a aplicação pelo impacto imediato que a mesma na rendibilidade dos seus negócios, como será o caso de soluções na fileira do pescado e aquacultura, dos setores dos transportes marítimos ou atividades portuárias e logísticas.

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No caso das energias renováveis o desenvolvimento de novas soluções pode ser financiado pelas empresas nacionais da área energética. Contudo, nunca se deve deixar de analisar as soluções existentes noutros países com maior tradição na implementação destas soluções de produção de energias renováveis offshore.

4. Crescimento das atividades de I&D e Inovação

Importa referir que uma tendência transversal a todo o cluster é o crescimento acentuado das atividades de investigação & desenvolvimento e inovação. Esta é a solução que as empresas e as organizações europeias pensam que pode dar resposta à concorrência pelo baixo custo a que estão a ser sujeitas, por parte dos grandes players mundiais provenientes de outros blocos económicos.

Tal como para os outros clusters, antes de investir no desenvolvimento de qualquer nova aplicação, é importante analisar se já existem soluções similares a serem desenvolvidas ou já totalmente desenvolvidas e em exploração noutros mer-cados. Este é aliás um cluster que não estando tão próximo do cidadão comum, tal como atrás se identificou enquanto tendência transversal do cluster, necessita de maior investimento por parte das empresas TICE para entender as neces-sidades da procura. É necessário perceber de forma clara e profunda a atividade das empresas/organizações a operar em cada um destes setores para identificar novas oportunidades ou potenciais de inovação.

5. Defesa e segurança um mercado restrito com oportunidades globais

O setor da defesa e segurança é uma área que, embora tenha grande potencial para o desenvolvimento de soluções tecnológicas, tem relações privilegiadas com um grupo restrito de empresas ligadas à área militar (designadamente pela empresa nacional de desenvolvimento de TICE participada pela EMPORDEF), pelo que poderá ser difícil desenvolver novas soluções, que não seja em áreas muito de nicho, ou em parceria com esse player.

Este setor, pelas obrigações de integração internacional dos sistemas pode ter que adotar soluções que respondam a standards internacionais e ao aproveitamento de oportunidade faz-se, normalmente, pela participação em consórcios internacionais e em ligação aos grandes projetos europeus e a organizações internacionais de defesa e segurança (por exemplo ligados à indústria aeroespacial, através da ESA, European Space Agency).

A defesa e segurança é um setor que utiliza de forma contínua e intensiva novas soluções tecnológicas, destacando-se big data, location intelligence, predictive analytics, activity streams e autonomous vehicles.

6. Preservação e valorização de recursos estratégicos

A somar à necessidade de preservação dos recursos haliêuticos acresce a necessidade de complementar os padrões de exploração valorizando atividades como a aquacultura, tendo em consideração a não sustentabilidade dos recursos existentes.

No setor da aquacultura e transformação de pescado existem diversos exemplos de possíveis aplicações (que incidem sobre a gestão e monitorização da cadeia produtiva) que poderão melhorar em muito a eficiência dos produtores nacio-nais. Contudo, temos que ter em consideração que Portugal não tem grande peso na produção de peixe em aquacultura. Deve-se assim desenvolver soluções que possam depois ser exploradas noutros mercados que têm maior dimensão.

Relativamente aos portos e atividade logísticas, podem ser desenvolvidas diversas aplicações que aumentem a eficiência em todo o processo logístico, fomentando a relação com os transportadores marítimos e a interoperabilidade com os outros modos de transporte. Nestes casos, as soluções poderão ser desenvolvidas numa lógica de parceria com um ou vários portos nacionais e com operadores internacionais tendo como objetivo a sua replicabilidade a nível internacional.

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A exploração do solo marinho e das energias marítimas renováveis requerem uma forte interligação a grandes empresas especializadas nesses setores, quer por razões associadas ao conhecimento científico, tecnológico e operacional, quer por integração em projetos com acesso a fontes de financiamento que normalmente atingem montantes elevados.

7. Potencial de crescimento do turismo marítimo e da náutica de recreio

Relativamente às atividades turísticas relacionadas com o mar, as soluções desenvolvidas para um cada vez maior nú-mero de utilizadores/turistas, provenientes do turismo marítimo e náutica de recreio, apresentam um crescente potencial de atratividade. Este setor posiciona-se mais próximo das necessidades do cidadão comum podendo, por essa razão, ter maior facilidade de acesso a financiamento e consequentemente, ao desenvolvimento de soluções que são facilmente escaláveis numa perspetiva internacional.

Pelo que atrás se referiu, o desenvolvimento de soluções no âmbito do cluster da Economia do Mar parece apresentar uma atratividade média-alta. Sendo um cluster em que existem poucos setores que têm impacto direto e imediato no dia--a-dia dos cidadãos comuns, poderá haver maiores dificuldades a interpretar as necessidades desses mesmos setores, e em alguns casos (como alguns dos setores emergentes) a obter financiamento para desenvolvimento de novos projetos.

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Pesca,aquaculturae transformaçãode pescado

Portos,transportesmarítimos elogística

Construçãoe reparação naval

Defesa e segurança

Turismo marítimo enáutica derecreio

Energiasmarítimasrenováveis

Exploraçãodo solomarinho

Bio-tecnologiamarinha

Big Data

Cloud Computing

Location Inteligence

Predictive Analytics

Activity Streams

Biometric Authentication Methods

Gesture Control

Quantified self

Speech Recognition

Virtual Assistants

Affective Computing

Augmented Reality

Autonomous Vehicles

Machine to MachineCommunication Services

Mobile Robots

3d Printing

Advanced Materials(Nanomaterials)

Quantum Computing

Atratividade elevada Atratividade média Atratividade reduzida

Tabela 5 • Atratividade Potencial por Tendência Tecnológica

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AGRADE-CIMENTOS

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No decorrer deste Estudo foram várias as entidades/pessoas que nos facul-taram informação, documentação, contatos e partilharam reflexões valiosas para o seu desenvolvimento, tornando o desafio mais estimulante e o percurso mais enriquecedor. A todas elas queremos manifestar o nosso apreço pelo seu contributo:

Ao Steering Committee, constituído com o intuito de acompanhar e validar a estratégia adotada para o projeto:

• Joaquim José Borges Gouveia - Universidade de Aveiro• Edgar Secca – STRIX, Lda• Jorge Sales Gomes – Brisa Inovação• José Joaquim Oliveira – Consultor TICE• José Rui Soares – BTEN• Paulo Cunha – Medidata• Vasco Varela – Pet System Electronic

Aos Coordenadores Especialistas que acompanharam e dinamizaram os gru-pos de trabalho temáticos, aquando da realização dos Workshops, associados a cada um dos clusters: Lucília Cruz Pinto - Turismo; Frederico Avillez – Agroali-mentar; José Carlos Caldeira - Tecnologias de Produção; Susana Sargento - Cidades Inteligentes/SmartCities; Rui Azevedo – Economia do Mar.

Aos Especialistas que se disponibilizaram para responder a algumas questões setoriais e técnicas, destacando: Francisco Avillez e Manuela Nina Jorge (Agro-ges); Susana Sargento (Venian Works e Universidade de Aveiro); António Conde (BOSCH), Jorge Soares (Campotec); Virgílio Loureiro (ISA); Rui Aguiar e Rui Costa (Universidade de Aveiro);

A todos os Participantes nas sessões de workshop (ver lista no ponto seguinte);

À Inova-Ria pela colaboração prestada ao bom desenvolvimento do trabalho, nomeadamente no apoio prestado na realização dos eventos associados ao projeto: António Teixeira, Marlos Silva e Carisa Martins.

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PRESENÇAS NO WORKSHOP

CIDADES INTELIGENTES

AGROALIMENTAR

TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO

António Teixeira . Inova-Ria

Daniel Polónia . UA

José Alberto Fonseca . UA/ IT/ MicroI/O

José Diogo . ICTECH

José Rui Soares . BTEN

Marcelino Pousa . IT

Marcos Ribeiro . XLM

Rui Isidro . T&T

Rui Sá . ICTECH

Susana Sargento . UA/ IT/ Veniam Works

Vasco Lagarto . TICE.PT

Vasco Varela . Pet System

Walter Marinho . Geneseg

Wesley Ribeiro . Geneseg

Diogo Gomes . UA

Frederico Avillez . AgroGestão

Ivonne Delgadillo . UA

João Correia . FreedomGrow

Marlos Silva . Inova-Ria

Paulo Alexandre . DigiDelta Software

Alberto Manuel . BPM

Carlos Alves . HFA

José Carlos Caldeira . PRODUTECH

Pedro Cruz . BOSCH

José Amaro . Criativa

José Domingues . ICTECH

José Ferreira . INERMETER

Manuela Vaz Velho . IPVC

Marlos Silva . Inova-Ria

Miguel Santos . CIIMAR

Paulo Bartolomeu . Globaltronic

Pedro Roseiro . I-zone

Ricardo Costa . Ponto C

Rui Azevedo . Oceano XXI

Teresa Martins . INERMETER

TURISMO

ECONOMIA DO MAR

Ana Paula Pereira . BTEN

António Silva . IC TECH

Isabel Feijão Ferreira . Turismo 2015

Lucília Cruz Pinto . Particular

Marcos Ribeiro . XLM

Rui Isidro . TT

Augustin Olivier . INESC TECH

Carlos Alves . HFA

Carlos Oliveira . ISCIA

Catarina Lemos . UA

Cristina Guimarães . INESC TECH

Eduardo Cardoso . UCP

Joaquim Pais Barbosa . Lusófona Porto

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ANEXO 1

A check-list que a seguir se apresenta, enforma uma metodologia que pode ajudar a refletir sobre a capacidade que as empresas possuem para inovar e/ou que esforços necessitam de canalizar nesse sentido, sendo este um passo funda-mental na definição da sua estratégia de médio/longo prazo.

A metodologia designa-se Open Innovation Canvas e assenta num conjunto de blocos comunicantes entre si (ver figura 9).As questões que fazem parte da check-list, alimentam cada um dos blocos, possibilitando a construção de um plano para a inovação da empresa como um todo, ou simplesmente a construção de um projeto inovador em que a empresa queira apostar.

CHECK-LIST:

• ESTRATÉGIAQuais são as nossas principais competências?Qual é o ADN base de todas as nossas ações?A disponibilidade para inovar representa um valor ou um objetivo na nossa estratégia?O que se pretende alcançar com este esforço/investimento ou projeto?

• MERCADOConhecemos bem a envolvente e o mercado-alvo (concorrentes, condições jurídicas e socioculturais)?Qual é o mercado-alvo que se pretende atingir?Há novos mercados que influenciam o nosso?Há novos mercados onde o nosso know-how seria interessante?

• TENDÊNCIASQuais são as tendências (políticas, económicas, sociais, tecnológicas, ambientais e legais) que influenciam o nosso pro-duto, empresa e mercado?Como é que vamos “utilizar” as tendências da envolvente?Observamos e avaliamos as tendências de forma sistemática?Como podemos utilizar estas tendências em relação à nossa estratégia, tecnologia/PI (Propriedade Intelectual), proces-sos, redes e produtos?

• PRODUTOSQual o valor que os nossos produtos oferecem (proposta de valor) e que necessidades satisfazemos?O valor dos nossos produtos é complementar?Onde estão os nossos produtos na “Technology S Curve”?Qual o papel da impulsão da tecnologia e da força do mercado nos nossos produtos?Quais as tecnologias, PI e conhecimento que utilizamos para os nossos produtos? Onde é que os vamos buscar?

ANEXOS

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• NETWORKQuais são os parceiros e respetivas funções que temos dentro da nossa rede?Que parceiros poderiam apoiar razoavelmente a nossa rede?Quais os processos de observação e tratamento que queremos promover com os parceiros?Qual é a estrutura da nossa rede? (Largura/profundidade, formal/informal)

• TECNOLOGIAQue tecnologias ou PI temos ou são precisas?Existem estruturas e processos internos para utilização de tecnologia e PI? (Especialmente quando estes surgem de fontes externas)Como é que podemos usar a tecnologia e a PI? Quem traz novas tecnologias e a PI para a nossa organização?

• PROCESSOSQual é o estado dos processos de desenvolvimento de produtos, gestão de ideias e desenvolvimento de modelo de ne-gócios?Será que os processos conectam as pessoas, os conhecimentos e as redes de contatos, com o respeito inerente à nossa cultura e estratégia?Como está o controlo da nossa inovação?Quando e como são os parceiros externos (clientes, supppliers, centros de pesquisa, concorrentes) e os seus conheci-mentos incluídos no processo de desenvolvimento de produtos?

• CULTURAExiste uma apreciação comum de valores, comportamentos, normas e atitudes?Quais os benefícios que oferecemos aos nossos funcionários para serem criativos, em todos os departamentos e com proatividade (iniciativa própria)?Qual a importância da orientação tecnológica, orientação para o mercado, orientação empresarial (Intraempreendedoris-mo) e orientação para aprender na nossa organização?Que papel desempenha o fracasso dentro da nossa organização?Está a nossa cultura espelhada nos nossos processos?Fomentamos a criatividade?

• PESSOASQue papéis e responsabilidades organizacionais estão atribuídos e a quem?Há pessoas na empresa que representam pontos definidos de interseção com a nossa rede de contatos?Que papéis têm as pessoas que operaram fora da nossa rede?

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASAs oito grandes tendências de crescimento até 2020, Bain & Company, Inc., 2012CLIA (2013), “2013 Cruise Industry Presentation”, Cruise Line International Association, January, 2014

Disruptive Technologies: Advances that will transform life, business and global economy – McKinsey&Company, 2013Envisioning a Future Characterized by Increased Internationalization, Collaboration and Complexity” Manufacturing in 2020, 2008

Economia do Mar, suplemento integrante do Diário Económico nº 5705 de 2 de julho de 2013

European Union (2008), “The role of Maritime Clusters to enhance the strength and development of European maritime setors”, Policy Research Corporation, DG MARE, November 2008

European Commission (2009), “The European Union’s maritime transport policy for 2018”, MEMO/09/16

Estratégia Nacional para o MAR 2013 – 2020, ANEXO A - A Economia do Mar em Portugal, Governo de Portugal

Estratégia Regional 2020 Oeste Portugal - Programa Estratégico 2020 – Oeste Portugal, SPI, Junho 2013

CULTURA NETWORK

TECNOLOGIA/PI

TENDÊNCIAS

PR

OC

ESS

OS

PR

OD

UTO

S

PESSOAS

Figura 9 • Representação Esquemática do Modelo de Open Innovation Canvas

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Estudo de atratividade e potencialidade dos Clusters – Agroalimentar, Economia do Mar, Cidades Inteligentes, Tecnologias de Produção e Turismo para as empresas TICE

Factories of the Future Strategic Multi-Annual Roadmap - Factories of the Future 2020, European Factories of the Future Re-search Association (EFFRA), Março 2013

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