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0 Ministério do Desenvolvimento Agrário-MDA Cooperativa de Produção e Consumo Nossa terra Estudo do Sistema Produtivo Com Arranjo Integrando a Cadeia de Aves e de Óleo Vegetal na Agricultura Familiar Erechim, 2009.

ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

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Page 1: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

0

Ministério do Desenvolvimento Agrário-MDA Cooperativa de Produção e Consumo Nossa terra

Estudo do Sistema Produtivo Com Arranjo Integrando a Cadeia de Aves e de Óleo Vegetal na Agricultura Familiar

Erechim, 2009.

Page 2: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

1

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................... 03

1.1 BREVE DESCRIÇÃO DA CADEIA PRODURIVA GENÉRICA DE

FRANGO DE CORTE.......................................................................................

04

1.1.1 Aspectos Gerais..................................................................................... 04

2 DESCRIÇÃO DA CADEIA GENÉRICA DE FRANGO DE CORTE NA

REGIÃO ALTO URUGUAI GAUCHO..............................................................

06

2.1 A INDUSTRIA DE INSUMOS..................................................................... 06

2.2 O AGENTE PRODUTOR RURAL............................................................... 08

2.2.1 A produção integrada............................................................................ 09

2.2.1.1 Remuneração do integrado.................................................................. 11

2.2.2 O processo de produção de frango de corte...................................... 12

2.3 O AGENTE TRANSPORTADOR................................................................ 12

2.4 O AGENTE AGROINDUSTRIAL................................................................ 15

2.4.1 Aspectos Gerais..................................................................................... 15

2.4.2 Produtos................................................................................................. 17

2.5 PRODUÇÃO DE FRANGO DE CORTE..................................................... 18

2.6 PRODUÇÃO DE FRANGO COLONIAL E FRANGO CAIPIRA.................. 23

2.7 PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO DO FRANGO............................... 41

2.8 APRESENTAÇÃO DE PERFIL ABATEDOURO FAMILIAR OU

COMUNITÁRIO DE FRANGO MDA/APACO – 2008.......................................

45

2.9 MERCADO.................................................................................................. 49

2.9.1 Estrutura de mercado e formação de preço........................................ 49

3 FRANGO DE CORTE NO MERCADO INTERNACIONAL........................... 51

4 FRANGO DE CORTE NO MERCADO BRASILEIRO................................... 55

4.1 O MERCADO DE FRANGO DE CORTE NA MESOREGIÃO GFM........... 58

4.2 RIO GRANDE DO SUL............................................................................... 59

5 CONSUMIDOR DE FRANGO DE CORTE.................................................... 60

6 PERFIL DO CONSUMIDOR.......................................................................... 62

6.1 CULTURA E HÁBITO DE CONSUMO....................................................... 62

6.2 PREÇO E CONSUMO................................................................................ 62

7 TENDÊNCIAS................................................................................................ 64

Page 3: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

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8 AGENTE VAREJISTA................................................................................... 68

9 O AMBIENTE INSTITUCIONAL.................................................................... 70

10 PESQUISA.................................................................................................. 72

11 FISCALIZAÇÃO – QUALIDADE................................................................. 73

12 GESTÃO AMBIENTAL................................................................................ 76

13 AMBIENTE ORGANIZACIONAL................................................................ 77

14 FLUXOGRAMA DA CADEIRA PRODUTIVA GENÉRICA......................... 79

Page 4: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

3

1. INTRODUÇÃO

O trabalho realizado pela Brancher Assessoria e Consultoria Agropecuária e

Empresarial Ltda, em contrato com a Cooperativa Nossa Terra e o Ministério do

Desenvolvimento Agrário, Secretaria de desenvolvimento Territorial, tem a finalidade de

contribuir com o esforço realizado pelas organizações territoriais para desenvolvimento

de arranjos produtivos capazes de inserir a Agricultura Familiar nas opções

proporcionadas pelas cadeias produtivas agrícolas, de forma que haja viabilidade e

sustentabilidade das pequenas propriedades rurais e seus empreendimentos na Região

em análise.

O presente trabalho trata das seguintes questões:

− Análise genérica da conjuntura da cadeia, que se pretende, faça parte dos

arranjos produtivos das unidades produtivas (UP);

− Descrição do macro ambiente de inserção da cadeia produtiva do leite;

− Descrição do ambiente agroindustrial externo no qual a cadeia em estudo está

inserida;

− Descrição da realidade de cada entidade cooperativa ou associação e seus

empreendimentos ou agroindústrias familiares do território, através de um

diagnóstico básico (presencial em seminários ou pela coleta de dados);

− Elaboração de plano genérico para a inserção ou investimento da agricultura

familiar na cadeia agroindustrial da região, tendo em vista o diagnóstico da

região no contexto macro da cadeia, em especial da GFM – Grande Fronteira do

Mercosul;

− Elaboração de um plano de ação específico para o desenvolvimento territorial

sustentável com inserção da agricultura familiar na cadeia do frango num arranjo

produtivo com a cadeia dos óleos vegetais.

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1.1 BREVE DESCRIÇÃO DA CADEIA PRODUTIVA GENÉRICA DE FRANGO DE

CORTE

1.1.1 Aspectos Gerais

Atualmente a carne de frango é uma das carnes mais consumida pelos

brasileiros, além de produtos processados de carne de frango, principalmente pela

população de baixa renda. Dois são os fatores que colocam a carne de frango em

posição de destaque: a versatilidade de utilização da carne, que entra em muitos pratos

da culinária nacional e o maior acesso, sendo a carne de galinha mais barata que a

maioria das outras carnes.

A importância das carnes para a dieta do ser humano é que esses alimentos são

a principal fonte de proteína de qualidade, vitaminas e minerais. As proteínas animais

além de terem maior equilíbrio entre seus aminoácidos indispensáveis apresentam

melhor digestibilidade que as proteínas de origem vegetal.

Segundo estatísticas da USDA/ABEF, o Brasil é o terceiro maior produtor de

frangos de corte do mundo, com cerca de 9,7 milhões de toneladas de carne

produzidas em 2007. Apesar dos bons índices de produtividade obtidos imputando

competitividade no mercado externo, o abate e o processamento de frango de corte

com incremento de cortes especiais desossados, foi fundamental para o incremento

das exportações a partir da década de 90.

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-20611998000100017 acesso em 25/10/2005 EFEITO DA RESTRIÇÃO DE VITAMINAS E MINERAIS NA ALIMENTAÇÃO DE FRANGOS DE CORTE SOBRE O RENDIMENTO E A COMPOSIÇÃO DA CARNE- Regilda S. dos R. MOREIRA, Jorge F.F. ZAPATA, Maria de F.F. FUENTES, Eliana M. SAMPAIO, Geraldo Arraes MAIA- Apr. 1998

A agroindústria percebeu que o consumidor pagaria mais, se o produto fosse

mais adequado às suas necessidades. O frango inteiro começou a perder valor para os

Page 6: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

5

cortes. Filé de peito, peito com osso, coxa, sobre-coxa e até asas apresentavam

maiores valores econômicos quando comercializados separadamente. Vendendo o

produto em partes, a indústria aumentou a rentabilidade do frango, repassando essa

vantagem para toda a cadeia produtiva (Mulder, 1996). Dessa forma, a indústria avícola

modernizou sua oferta, trabalhando produtos e embalagens. Os cortes com ossos

congelados cederam rapidamente maior espaço aos produtos desossados e

elaborados. Com esse tipo de comercialização as indústrias passaram a ter excedentes

de partes de baixo valor comercial, principalmente dorso, pescoço e ossos com carne

remanescente. Esta carne representa cerca de 15% a 25% do peso da carcaça, e o

único processo racional e rentável para sua recuperação é por via mecânica (Gomide et

al., 1997).

O custo de produção de aves no Brasil é um dos mais baixos do mundo. Um dos

únicos pontos que podem ser considerados vulneráveis é o custo do milho. O produtor

brasileiro não recebe nenhum subsídio ou ajuda governamental, tendo alcançado uma

elevada produtividade em frangos utilizando técnicas muitas avançadas de criação e

produção industrial (Bliska, 1997).

Hoje, a agroindústria de aves é um dos setores brasileiros mais competitivos do

Mercosul, atuando nos mercados vizinhos apoiada por tecnologia de padrão

internacional. As indústrias de genética animal, nutrição, sanidade e equipamentos não

têm concorrentes na região. As principais vantagens brasileiras são quanto à qualidade

genética, à conversão alimentar, ao sistema produtivo de integração agroindustrial e à

rápida resposta desse setor a mudanças tecnológicas.

http://www.dipemar.com.br/carne/332/materia_artigo_carne.htm - acesso em 24/10/2005 ARTIGO TÉCNICO Aspectos tecnológicos e nutricionais da Carne Mecanicamente Separada de frango Carolina C. Negrão, Ivone Y. Mizubuti, Maria Celeste Morita, Célia Colli, Elza I. Ida1 & Massami Shimokomaki

Page 7: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

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2. DESCRIÇÃO DA CADEIA GENÉRICA DO FRANGO DE CORTE NA REGIÃO DO

ALTO URUGUAI GAÚCHO

Atualmente a cadeia do frango é oligopolizada pelas indústrias, tanto a montante

como a jusante do produtor, através das integrações. Na região do Alto Uruguai, com a

saída da Cotrel – Cooperativa Tritícola Erechim Ltda do processo industrial, a parte da

cadeia até a indústria está praticamente dominada pela Cooperativa Aurora.

Por outro lado, no mercado varejista a jusante da indústria, os grandes

supermercados é que praticamente “ditam as regras”, isso pelo grande poder de

barganha pela compra em grandes quantidades.

Existe ainda um viés da cadeia de frango, onde produtores rurais atuam ao longo

da cadeia, através de agroindústrias familiares que atuam num mercado próximo às

condições de concorrência perfeita. Essa estrutura de mercado leva os agentes

envolvidos a realizarem estratégias concorrenciais com o objetivo de fortalecerem suas

posições competitivas. (Mattuella et alii, 1992).

Nas grandes integrações, os sistemas produtivos variam conforme diferentes

combinações entre agroindústria e produtores, diferenças essas que influem nos custos

de produção, os quais dependem de custos das rações, distância entre integrados e

indústria, condições de transporte, sistemas tecnológicos, estrutura de mercado e das

margens de comercialização praticadas.

http://www.ufrgs.br/pgdr/dissertacoes/ecorural/mecorural_costa_n203.pdf - INTEGRAÇÃO REGIONAL E SEUS EFEITOS SOBRE AS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE CARNE AVÍCOLA - Thelmo Vergara De Almeida Martins Costa acessado em 01/11/2005

2.1 A INDÚSTRIA DE INSUMOS

Em relação à produção de insumos, imperam duas principais atividades

responsáveis pelo fornecimento de matérias à indústria: a produção de rações animal e

vegetal, e a genética animal. A produção de insumos vegetais vem aumentando nos

últimos anos, pois para a exportação de carnes, principalmente frango e derivados, a

alimentação dos animais deve ser predominantemente de alimentos de origem vegetal.

Page 8: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

7

Sabe-se que a alimentação representa cerca de 70% do custo da produção das

aves, sendo difícil, portanto, aliar qualidade e preço, com o agravante de que nos

últimos anos tem ocorrido escassez de matérias primas, devido à competição para o

consumo humano. Tais razões obrigam os nutricionistas a concentrarem maiores

esforços na pesquisa de fontes alternativas, principalmente energéticas e protéicas, e

na busca de formulações que atendam às necessidades qualitativas e econômicas de

produção na avicultura. Sendo a ração, portanto, no sistema convencional de produção,

o componente que mais onera a produção avícola, qualquer fator que ajude a melhorar

a utilização do alimento, através do maior ganho de peso ou de conversão alimentar,

poderá reduzir os custos finais de produção.

Entre os componentes utilizados na formulação de rações, estão os suplementos

e aditivos usualmente denominados de premix, cujo preço, pode atingir cerca de 10%

do custo da alimentação de frangos d.e corte, conforme a quantidade e os tipos de

ingredientes utilizados na sua produção.

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-20611998000100017 acesso em 25/10/2005 EFEITO DA RESTRIÇÃO DE VITAMINAS E MINERAIS NA ALIMENTAÇÃO DE FRANGOS DE CORTE SOBRE O RENDIMENTO E A COMPOSIÇÃO DA CARNE- Regilda S. dos R. MOREIRA, Jorge F.F. ZAPATA, Maria de F.F. FUENTES, Eliana M. SAMPAIO, Geraldo Arraes MAIA- Apr. 1998

Na área da genética animal, no sistema convencional de criação, o Brasil possui

dependência de empresas estrangeiras em relação à importação de avós, por não

possuir o desenvolvimento interno de linhagens, realizando no Brasil apenas atividades

de cruzamentos e melhoramentos.

http://www.finep.gov.br/PortalDPP/relatorio_setorial_final/relatorio_setorial_final_impressao.asp?lst_setor=13 RELATÓRIO SETORIAL – FINAL; SETOR: CARNES ;PESQUISADOR: GIULIANA SANTINI DATA: 26/04/2004. acesso em 24/10/2005

O setor de medicamentos, especialmente de vitaminas e antibióticos, é

dominado por grandes laboratórios químicos e veterinários com grande sofisticação

tecnológica, que produzem vitaminas e antibióticos, não fazendo parte do sistema de

integração vertical. Já o segmento de rações é pouco sofisticado, adquire e mistura

vitaminas e suprimentos minerais com matérias-primas agrícolas (milho, farelo de soja,

trigo, etc.), distribuindo este agregado como ração. Ao contrário do segmento de

medicamentos, o segmento de rações faz parte do sistema de integração.

Page 9: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

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http://www.ufrgs.br/pgdr/dissertacoes/ecorural/mecorural_costa_n203.pdf - INTEGRAÇÃO REGIONAL E SEUS EFEITOS SOBRE AS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE CARNE AVÍCOLA - Thelmo Vergara De Almeida Martins Costa acessado em 01/11/2005

As embalagens representam um fator importante. Muitos consumidores se

baseiam na apresentação da embalagem para comprar um produto. Atualmente as

embalagens para frango são sofisticadas, buscando evitar o acúmulo de água e

sangue. Carne com embalagens não ajustadas vendem menos.

http://www.sefaz.ms.gov.br/cadeias/arquivos/01_avicultura.pdf - ESTUDO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE MATO GROSSO DO SUL: AVICULTURA - 2003 - Mara Huebra de Oliveira Gordin Me., UNAES - Prof. Ido Luiz Michels Dr., UFMS.

2.2 O AGENTE PRODUTOR RURAL

A produção de aves no Sul do Brasil ocorre especialmente em pequenas

propriedades, a maioria com menos de 50 ha. Isso ocorre devido a fatores como ocupar

pouco espaço físico (com menos de 10 ha mantém-se um aviário de 12.000 frangos);

utiliza mão-de-obra familiar; ciclo de produção rápido (em geral, 45 dias), assegurando

entradas financeiras praticamente mensais durante o decorrer do ano, e, por apresentar

resíduos (cama de aviário), que pode ser utilizada nas outras atividades agrícolas da

propriedade ou mesmo ser comercializada.

Os sistemas integrados, que praticamente dominam a cadeia do frango de corte,

vinculam o produtor à agroindústria processadora através de contratos. Nesses

sistemas, o produtor atua praticamente como um prestador de serviço,

responsabilizando-se pela criação do frango e pelo fornecimento de equipamentos e

instalações. Em alguns casos a agroindústria financia essas estruturas, mas geralmente

os agricultores financiam em bancos. Por sua vez, a agroindústria situa-se a montante

da produção primária, fornecendo insumos (rações e medicamentos) e prestando

assistência técnica, e a jusante, processando a matéria-prima.

Page 10: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

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2.2.1 A Produção Integrada

Em um sistema de integração a relação agroindústria-produtor é regida por

contratos, que podem ser de várias formas. Os contratos definem os arranjos

produtivos, e coordenam as etapas de produção, desde o fornecimento de pintos e

insumos, como ração, passando pela assistência técnica, tratos culturais, até a entrega

da produção dentro dos padrões pré-acordados no contrato. Segundo Schrader, apud

Marques, 1992 sempre sob controle do integrador.

A literatura aponta que as grandes agroindústrias buscam com a integração

aumento da eficiência econômica. De modo geral pode-se afirmar que contratos de

integração, como as realizadas pela Sadia e pela Perdigão, de certa forma, garantem

renda aos agricultores integrados ou ao menos expectativa de obtê-la, porém a base da

formatação dos mesmos garante efetivamente a resolução dos problemas de

instabilidade no fornecimento de matérias-primas às integradoras, que assim,

adquirirem vantagens competitivas decisivas no mercado brasileiro de carne e

derivados de suínos e aves (Mattuella et al., 1994, p.5).

Com a integração as empresas obtêm:

- redução de custos em decorrência de ganhos de escala;

- ausência de custos associados com mecanismos de preços de mercado e;

- Eliminação dos intermediários.

Da mesma forma a empresa tem alta necessidade de capital de giro. Isso

porque, ao produzir o insumo, a empresa necessita arcar com quaisquer custos fixos

envolvidos na sua produção, mesmo que um decréscimo sazonal ou qualquer outro

fator reduza a sua demanda.

Por outro lado, a vantagem da integração para os produtores e suas

cooperativas, está no fato de os mesmos não possuírem capital de giro para os gastos

com ração, pintos, medicamentos (aproximadamente significam respectivamente,

70,44%, 23,35% e 0,48% do custo de produção). No sistema convencional a produção

independente é inviável pelo alto custo de produção. A integração também fica

interessante para o produtor e suas cooperativas pela variação dos preços durante o

ano.

Page 11: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

10

Para Sorj et al. (1982), o processo de produção de aves, que antes era de

domínio do produtor, passa a ser determinado por prescrições externas das

agroindústrias, as quais estruturam o ritmo e as tarefas da atividade produtiva. O

trabalhador rural desconhece o porquê das prescrições técnicas, apenas segue as

indicações dos técnicos, sob pena de produzir resultados econômicos insatisfatórios, ou

seja, o conhecimento é subtraído do produtor, assim como o ritmo de trabalho passa a

ser determinado pelas prescrições técnicas. Muitas vezes, o produtor tem de assumir

tarefas que vão além de uma jornada normal de oito horas de trabalho.

Para muitos produtores, devido a alta exigência tecnológica, na maioria

patenteada, e o alto custo de investimento de alavancagem inicial (custo dos aviários,

normalmente grandes pela necessidade de escala, que são pagos pelos produtores).

Isso pesa ainda mais em termos da agricultura familiar, normalmente descapitalizada.

O processo de integração também reduz a flexibilidade da unidade produtiva,

pois normalmente o agricultor financia o aviário, o que exige a permanência na

atividade, pelo menos até o pagamento do financiamento. Do mesmo modo é limitada a

possibilidade na mudança no processo produtivo das aves, pois com a alta tecnologia

as mudanças têm custo alto. Desta forma, falhas de estratégia ou outros problemas

podem gerar uma situação complicada para o produtor e com custo alto para resolução.

Segundo Porter (1989), esta desvantagem se estende as empresas, pois o

desempenho da cadeia vertical inteira depende de cada uma de suas partes, dessa

forma fica por conta da empresa manter o equilíbrio nas capacidades produtivas das

unidades integradas, arcando com os riscos da aplicação do seu estilo gerencial aos

distintos elementos da cadeia.

Segundo Sorj et al. (1982), também existe o risco de o produtor rural desenvolver

estratégias ou respostas negativas como, por exemplo, sua insolvência como produtor

rural integrado, o rompimento das relações contratuais pelo descontentamento, a

desistência de continuar sendo produtor passando a ser operário na própria

agroindústria e/ou nas atividades urbanas, e a formação de associações de criadores

com razoável poder de barganha frente às empresas integradas.

http://www.ufrgs.br/pgdr/dissertacoes/ecorural/mecorural_costa_n203.pdf - INTEGRAÇÃO REGIONAL E SEUS EFEITOS SOBRE AS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE CARNE AVÍCOLA - Thelmo Vergara De Almeida Martins Costa acessado em 01/11/2005

Page 12: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

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2.2.1.1 Remuneração do Integrado

A remuneração dos produtores se estabelece através de um índice denominado

Índice de Eficiência Europeu, que é calculado através da fórmula:

IEE =(PM x S x 100) / (I x CA),

onde:

IEE = Índice de Eficiência Europeu

PM = Peso Médio das Aves

I = Idade do lote

S = Índice de Sobrevivência

CA = Conversão Alimentar

No caso da integração com a Aurora na Região do Alto Uruguai, a CA de dá nas

seguintes bases médias:

- Frangos com peso médio de 2,5 kg / frango

- Período médio de desenvolvimento do lote de 45 dias

- Consumo médio de ração de 4,6 kg / frango

- Índice médio de conversão alimentar de 1,85 kg de ração / cada Kg de frango.

Há uma tabela, que varia de empresa para empresa e que elas não divulgam,

que define o percentual do peso do frango vivo pertencente ao lote do integrado.

Quanto maior o IEE, maior será a remuneração. É importante ressaltar que o índice de

sobrevivência é obtido através da divisão do número de aves entregues pelo integrado

para o abate pelo número de pintos recebidos, de modo que as mortes das aves, por

qualquer razão, refletem-se na remuneração. O mesmo acontece com relação à

conversão alimentar, calculada pela divisão do consumo total de ração pelo peso do

lote. Assim, quanto maior o consumo de ração para produzir 1 Kg de frango em pé,

menor será a remuneração do parceiro criador.

http://www.sefaz.ms.gov.br/cadeias/arquivos/01_avicultura.pdf - ESTUDO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE MATO GROSSO DO SUL: AVICULTURA - 2003 - Mara Huebra de Oliveira Gordin Me., UNAES - Prof. Ido Luiz Michels Dr., UFMS. Acesso em 2/11/2005.

Page 13: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

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2.2.2. O Processo de Produção do Frango de Corte

Segundo as normas e legislação vigente, o tempo necessário para a criação dos

frangos para produção industrial, desde o nascimento até o abate gira em torno de 42 a

45 dias e em torno de 80 dias para a produção do frango caipira.

Na produção de frango industrial o produtor recebe os pintinhos com um dia. Faz

o alojamento destes animais em galpões, fazendo os controles de iluminação,

temperatura, e alimentação. No ciclo de produção há três fases:

a) Fase Inicial: Refere-se ao período entre o recebimento do pintinho até os

vinte e um dias;

b) Fase de Crescimento: Refere-se ao período entre o recebimento o

vigésimo primeiro dia até o quadragésimo;

c) Fase Final: Refere-se ao período entre o quadragésimo dia até o dia do

abate;

Para a criação das aves, os produtores rurais demandam de diversos produtos e

de serviços, prestados por diversas empresas que fornecem insumos, como

medicamentos, rações, pintinhos, máquinas e equipamentos agrícolas como tratores,

implementos e ferramentas.

Nas experiências que estão sendo realizadas no Alto Uruguai de criação de

frango caipira ou colonial em pequenas unidades produtivas da agricultura familiar, o

sistema de criação busca estabelecer novos sistemas de produção, com bases

agroecológicas e/ou sustentáveis.

2.3 O AGENTE TRANSPORTADOR

Na cadeia do frango o transporte é de grande importância, por estar presente em

todos os elos da cadeia: fluxo dos insumos, frangos, ração, grãos, pintinhos, e outras,

formando uma ampla rede e gerando um número significativo de empregos. O

Page 14: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

13

transporte a montante da indústria é rodoviário, sendo que dentro da relação indústria-

produtor (entrega dos pintos, ração e carregamento dos frangos) a responsabilidade é

da empresa, tendo peso significativo na composição dos custos. Geralmente este

transporte é terceirizado. A figura 1 representa os fluxos de entrada e saídas de

insumos e produtos finais no abatedouro.

Figura 1 - Fluxo de Transporte no Abatedouro de Frango.

Elaboração: Professor Sergio Mosele – URI – Campus Erechim

O transporte da ração é feita a granel em caminhões especiais, chamados

raçãozeiro.

O transporte dos frangos vivos para o abate é feito em caixas de plástico modelo

padrão. Quanto aos frangos abatidos, estes são transportados em caixas de papelão,

acondicionados no final do processo de produção em plásticos ou filmes, o que varia de

acordo com a qualidade requerida pelo frigorífico. A participação do preço das

embalagens, no custo do frango é algo mínimo, não ultrapassando a 0,4 %.

http://www.sefaz.ms.gov.br/cadeias/arquivos/01_avicultura.pdf - ESTUDO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE MATO GROSSO DO SUL: AVICULTURA - 2003 - Mara Huebra de Oliveira Gordin Me., UNAES - Prof. Ido Luiz Michels Dr., UFMS. Acesso em 02/11/2005.

O transporte pré-abate é uma operação extremamente estressante para as aves

e, por esse motivo, tem correlação direta com a qualidade final da carne de frango. A

adoção de procedimentos inadequados nesta etapa pode favorecer a incidência de

miopatias e alterações de qualidade que, por sua vez, podem determinar prejuízos por

Page 15: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

14

condenação ou mesmo causar a rejeição, por parte do consumidor, do produto in

natura.

Durante esta etapa as aves podem ser acometidas por diversos tipos de estresse

como motor, emocional, digestivo, térmico e desequilíbrio hídrico. "O transporte das

aves com destino ao abatedouro, mesmo quando obedece a lotações favoráveis em

veículos apropriados, é capaz de estressá-las devido à simples mudança de ambiente e

às instabilidades do trajeto", diz Bressan.

A falta de ventilação para as aves que estão localizadas nas gaiolas do centro da

carga no caminhão pode fazê-las sofrer calor e hipertermia. Já as aves que se

encontram em gaiolas localizadas na extremidade da carga do veículo podem sofrer frio

excessivo. Ambas as situações são bastante estressantes para as aves. "Outra

condição de estresse é a contenção dos movimentos das aves mesmo que as caixas

obedeçam à densidade adequada. A restrição hídrica durante a fase que as aves

permanecem no transporte também é um fator de estresse", comenta a pesquisadora.

O tempo de duração do transporte tem influência direta na incidência de lesões

na carcaça. Aves que permanecem mais tempo no veículo de transporte apresentam

uma maior proporção de lesões. A taxa de contusões de peito, corte de maior valor

econômico, por exemplo, demonstra uma correlação positiva com o tempo de

transporte. "Quanto maior o tempo de transporte maior a incidência de lesões no peito",

afirma Bressan. "Normalmente a ave fica agachada no solo da gaiola e assim sofre

escoriações e hemorragias".

Segundo a pesquisadora, atualmente, para reduzir o efeito do estresse do

transporte, lesões na carcaça, quadros de desidratação, exaustão energética, as

empresas avícolas têm adotado medidas como evitar o transporte de aves cuja

distância seja superior a 30 quilômetros.

http://www.aviculturaindustrial.com.br/site/dinamica.asp?id=12940&tipo_tabela=cet&categoria=manejo RodolfoAntunes. Avicultura industrial - Cuidados essenciais acesso em 01/11/2005

Existe no mercado carrocerias especiais para o transporte de aves e suínos.

No caso das aves, a carroceria tem teto com isolamento térmico, nebulizadores e

ventiladores para controle da temperatura interna através do painel do caminhão. Esses

Page 16: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

15

equipamentos diminuem o stress dos animais, evitando sensivelmente a mortalidade

durante a sua locomoção.

(http://www.ub.es/geocrit/sn/sn119-85.htm - TECNOLOGIA E NOVAS RELAÇÕES DE TRABALHO NAS AGROINDÚSTRIAS DE CARNE DO SUL DO BRASIL-1 de agosto de 2002;Carlos José Espíndola; acesso em 24/10/2005)

2.4 O AGENTE AGROINDUSTRIAL

2.4.1. Aspectos Gerais

O abatedouro de aves é o elo principal de cadeia de frango, sendo intermediário

entre o agricultor e o mercado, sendo o centro do Sistema Agroindustrial – SAI que

compreende as atividades, desde a produção dos insumos até a chegada do produto

final industrializado ao consumidor.

Segundo MARTINS (1999, p.28), os abatedouros e frigoríficos constituem o elo

forte da cadeia de frango, articulando a atuação de vários agentes dentro de um timing

(datas marcadas) por ele estabelecido. Através dos contratos de integração, a

agroindústrias ele entrega aos criadores os pintainhos de um dia e a ração, fornece

assistência técnica, estipula a data para busca dos frangos quando atingirem o ponto

de abate, calcula a remuneração do produtor e a deposita na sua conta bancária.

Através da integração vertical, o segmento produz a ração necessária para a

criação, mantém incubatórios ou granjas matrizeiras e mesmo, no caso das grandes

empresas, mantém granjas avozeiras, associando-se, nestes casos, às multinacionais

estrangeiras produtoras de linhagens. Desta forma, o segmento garante custos

relativamente baixos, fluxo da matéria-prima compatível com a sua capacidade de

abate atual e estabelece planos de expansão, de acordo com as oportunidades

vislumbradas no mercado consumidor interno e externo. Além da transformação

industrial, desempenham também o papel de atacadistas no mercado de frango

abatido, uma vez que a distribuição do produto final ao varejo é executada pelos

Page 17: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

16

próprios frigoríficos, utilizando ou não serviços terceirizados, o que lhe dá grande

sensibilidade para as flutuações ou tendências de modificações de hábito de consumo,

que é valiosa no planejamento da produção e dos investimentos para ampliação ou

diversificação de produtos. Ainda segundo MARTINS, o fato de praticamente não haver

formação de estoques de carne de frango nem na indústria nem no varejo é um

indicador da eficiência do planejamento nestas unidades. Portanto, cabe aos frigoríficos

grande parte da coordenação do funcionamento desta cadeia produtiva.

http://www.sefaz.ms.gov.br/cadeias/arquivos/01_avicultura.pdf - ESTUDO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE MATO GROSSO DO SUL: AVICULTURA - 2003 - Mara Huebra de Oliveira Gordin Me., UNAES - Prof. Ido Luiz Michels Dr., UFMS. Acesso em 2/11/2005.

Hoje o frango industrial com algumas variações pode ser definido com uma

commodity. O mercado dos cortes de frango e dos produtos industrializados à base de

carne de frango, seguindo uma tendência internacional, vem crescendo. Porém, o

principal produto da cadeia ainda é o frango inteiro-congelado ou resfriado, podendo

haver variações nas tendências de acordo com o mercado a que se destina e as

agroindústrias da cadeia se adéquam para atender as diferentes demandas. Por

exemplo, o mercado do Oriente Médio que adquire frangos inteiros de pequeno

tamanho (em torno de 1 kg) o mercado argentino prefere frangos grandes (2,5 kg) com

a carne amarelada, o mercado asiático adquire partes de frangos cortadas de modo

característico etc.

.http://www.finep.gov.br/PortalDPP/relatorio_setorial_final/relatorio_setorial_final_impressao.asp?lst_setor=13 RELATÓRIO SETORIAL – FINAL; SETOR: CARNES ;PESQUISADOR: GIULIANA SANTINI DATA: 26/04/2004. acesso em 24/10/2005)

Na Região Alto Uruguai a indústria integradora de aves que domina a cadeia é

atualmente a Aurora, que assumiu os frigoríficos da Cotrel.

Page 18: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

17

2.4.2. Produtos

Os segmentos de mercados onde atuam os produtos brasileiros estão

distribuídos entre Commodity, Semi-commodity e Branded. O segmento de Commodity

inclui produtos sem diferenciação de marcas e com baixa margem, como no caso do

frango inteiro. O segmento de Semi-Commodity é aquele onde já se percebe uma

diferenciação de marcas e de cortes mais elaborados. O segmento considerado

Branded envolve produtos com diferenciação de marca e um processamento mais

elaborado, tais como frangos temperados, produtos cozidos, embutidos.

http://teses.eps.ufsc.br/defesa/pdf/2965.pdf - PROPOSTA DE UM SISTEMA DE INFORMAÇÕES PARA INDÚSTRIA AVÍCOLA CONSISTENTE COM OS CONCEITOS DE EXCELÊNCIA PRODUTIVA. ENFOQUE NOS SEGMENTOS DE COMMODITY E SEMI-COMMODITY. FREDERICO TADASHI CARVALHO SAKAMOTO FLORIANÓPOLIS – SC NOVEMBRO/1999. acesso em 24/10/2005

Os produtos oriundos do abatedouro são frango inteiro congelado ou resfriado,

frango em partes embalado para o consumo final e carne de frango destinada ao

segundo processamento ou industrialização.

(http://www.finep.gov.br/PortalDPP/relatorio_setorial_final/relatorio_setorial_final_impressao.asp?lst_setor=13 RELATÓRIO SETORIAL – FINAL; SETOR: CARNES; PESQUISADOR: GIULIANA SANTINI DATA: 26/04/2004. acesso em 24/10/2005)

A produção de filés de peito com especificações rígidas de peso, comprimento e

espessura para a exportação e produção de produtos pós-processados ou para

restaurantes de comidas rápidas tem implicações econômicas importantes para a

rentabilidade da indústria avícola. Além do tamanho e quantidade de carne obtida após

a desossa, existem outras características de qualidade, tais como pH, maciez,

capacidade de retenção de água, cor e características sensoriais.

http://www.dipemar.com.br/carne/317/materia_produtos3_carne.htm - Qualidade da carne de peito de frango de corte. Ariel Antonio Mendes; Joerley Moreira; Rodrigo Garófallo Garcia; acesso em 24/10/2005

A avicultura comercial da região Sul caracteriza-se pela prática da integração

vertical e por uma produção empresarial voltada tanto para o mercado interno como

Page 19: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

18

para exportação. As indústrias agroalimentares, desenvolveram uma série de produtos

derivados da carne de aves. A oferta não se restringe apenas ao abate e refrigeração

do frango a indústria de aves criou produtos mais sofisticados tecnologicamente, como

produtos reconstituídos, compostos de carnes de diversas origens, misturando

proteínas animais e vegetais. A distribuição do produto no mercado atacadista e

varejista é realizada por uma rede de distribuidores e representantes.

http://www.ufrgs.br/pgdr/dissertacoes/ecorural/mecorural_costa_n203.pdf - INTEGRAÇÃO REGIONAL E SEUS EFEITOS SOBRE AS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE CARNE AVÍCOLA - Thelmo Vergara De Almeida Martins Costa - acessado em 01/11/2005 2.5 PRODUÇÃO DE FRANGO DE CORTE

O que deve ser observado no esquema das etapas de produção do frango,

Figura 2, é que estas unidades que fazem parte do processo inicial da produção podem

ser ou não do mesmo grupo empresarial, com exceção dos aviários que sempre

pertencem a proprietários rurais, terceirizados, na sua maioria, pequenos ou médios. Os

matrizeiros se constituem em uma etapa que nem sempre está presente em todos os

abatedouros. Quando isto acontece, os ovos são comprados de matrizeiros fora do

grupo empresarial que detém o frigorífico, já os avozeiros pertencem às multinacionais.

Algumas empresas, por achar que o contrato de integração não é a melhor forma de

administrar sua empresa, possuem as duas formas de administração de aviários

(matrizeiro e incubatório).

Page 20: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

19

FIGURA 2 - unidades de produção do frango

http://www.sefaz.ms.gov.br/cadeias/arquivos/01_avicultura.pdf - ESTUDO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE MATO GROSSO DO SUL: AVICULTURA - 2003 - Mara Huebra de Oliveira Gordin Me., UNAES - Prof. Ido Luiz Michels Dr., UFMS. Acesso em 2/11/2005.

Cuidados e/ou Exigências das empresas para aviários convencionais:

• Instalações o Localização das edificações o Orientação o Largura do aviário, pé direito, comprimento e piso o Comprimento o Fechamentos o Cobertura o Inclinação do telhado o Lanternim o Circunvizinhança o Sombreiro o Ventilação

� Ventilação Natural ou Espontânea � Ventilação Dinâmica � Ventilação Térmica � Quebra-ventos � Ventilação de Verão e Inverno

� Ventilação Artificial, Mecânica ou Forçada � Sistema de Pressão Negativa ou Exaustão � Sistema de Pressão Positiva ou Pressurização

o Aquecimento � Aquecedores a lenha � Aquecedores elétricos � Aquecedores a gás � Aquecedores alternativos

Page 21: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

20

Local Recomendado para Instalação do aviário

O local deve ser escolhido de tal modo que se aproveitem as vantagens da

circulação natural do ar e se evite a obstrução do ar por outras construções, barreiras

naturais ou artificiais. O aviário deve ser situado em relação à principal direção do vento

se este provir do sul ou do norte. Caso isso não ocorra, a localização do aviário para

diminuir os efeitos da radiação solar no interior do aviário prevalece sobre a direção do

vento dominante. Escolher o local com declividade suave, voltada para o norte, é

desejável para boa ventilação.

É recomendado afastamento de 10 vezes a altura da construção, entre os dois

primeiros aviários a barlavento, sendo que do segundo aviário em diante o afastamento

deverá ser de 20 à 25 vezes esta altura, como representado na Figura 3.

Figura 3 - Esquema de distância mínima entre aviários

Largura:

A largura do aviário está relacionada com o clima da região onde o mesmo será

construído. Normalmente recomenda-se largura até 10m para clima quente e úmido e

largura de 10 até 14m para clima quente e seco A largura de 12m tem sido utilizada

com freqüência e se mostrado adequada para o custo estrutural, possibilitando bom

acondicionamento térmico natural, desde que associada à presença do lanternim e

altura do pé-direito adequadamente dimensionados.

Page 22: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

21

Pé direito:

O pé direito do aviário pode ser estabelecido em função da largura adotada, de

forma que os dois parâmetros em conjunto favoreçam a ventilação natural no interior do

aviário com acondicionamento térmico natural. Quanto mais largo for o aviário, maior

será a sua altura (Tabela 1).

Tabela 1. Determinação do pé direito em função da largura adotada para o aviário

Largura do Aviário (m) Pé direto mínimo em climas quentes (m) até 8 2,80 8 a 9 3,15 9 a 10 3,50 10 a 12 4,20 12 a 14 4,90 Fonte:TINÔCO (1995). Comprimento:

O comprimento do aviário deve ser estabelecido para se evitar problemas com

terraplanagem, comedouros e bebedouros automáticos. Não deve ultrapassar 200m.

Na prática os comprimentos de 100 à 125m têm-se mostrados satisfatórios ao manejo

das aves, porém é aconselhado divisórias internas ao longo do aviário em lotes de até

2.000 aves para diminuir a competição e facilitar o manejo das aves. Estas divisórias

devem ser removíveis, e de tela, para não impedir a ventilação e com altura de 50cm,

para facilitar o deslocamento do avicultor.

Piso:

O piso é importante para proteger o interior do aviário contra a entrada de

umidade e facilitar o manejo. Este deve ser de material lavável, impermeável, não liso

com espessura de 6 a 8cm de concreto no traço 1:4:8 (cimento, areia e brita) ou 1:10

(cimento e cascalho), revestido com 2cm de espessura de argamassa 1:4 (cimento e

areia). Pode ser construído em tijolo deitado que apresenta boas condições de

isolamento térmico. O piso de chão batido, não isola bem a umidade e é de difícil

Page 23: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

22

limpeza e desinfecção, no entanto , tem-se propagado por diminuir o custo de

instalação do aviário. Deverá ter inclinação transversal de 2% do centro para as

extremidades do aviário e estar a pelo menos 20cm acima do chão adjacente e sem

ralos, pois permite a entrada de pequenos roedores e insetos indesejáveis.

O comprimento do aviário deve ser estabelecido para se evitar problemas com

terraplanagem, comedouros e bebedouros automáticos. Não deve ultrapassar 200m.

Na prática os comprimentos de 100 à 125m têm-se mostrados satisfatórios ao manejo

das aves, porém é aconselhado divisórias internas ao longo do aviário em lotes de até

2.000 aves para diminuir a competição e facilitar o manejo das aves. Estas divisórias

devem ser removíveis, e de tela, para não impedir a ventilação e com altura de 50cm,

para facilitar o deslocamento do avicultor.

Cobertura:

O mais recomendável é escolher para o telhado, material com grande resistência

térmica, como o sapé ou a telha cerâmica. Contudo, por comodidade e economia é

comum o emprego de telhas de cimento amianto, que é material de baixo conforto para

as aves. Em termos de conforto térmico a telha de cerâmica ainda é a mais indicada.

Devem ser evitadas as telhas de alumínio, zinco ou de cimento amianto com

4mm de espessura, pois fornecem menor conforto para as aves.

http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Ave/ProducaodeFrangodeCorte/Instalacoes-

2.html - EMBRAPA SUÍNOS E AVES - SISTEMA DE PRODUÇÃO DE FRANGOS DE CORTE ISSN

1678-8850 VERSÃO ELETRÔNICA, JAN/2003 - Abreu, Paulo Giovani, acessado em 17/01/2009.

Desde que a Cotrel alugou suas indústrias de carne para a AURORA, a

integradora passou a ser a única atuante na área do frango na região. Em 2008 26

aviários chegaram a fazer contrato com a empresa MUNUANO, porém estes aviários

não estão mais alojando as aves para a empresa.

COTREL possui 587 aviários de associados integrados na região e que alojam

os frangos para a AURORA, com capacidade média de 10.858 animais, juntos estes

aviários têm capacidade total de alojamento de 6.373.400 animais, como mostra a

tabela a seguir.

Page 24: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

23

Tabela 1 – Distribuição dos aviários da Cotrel por município.

TABELA - DISTRIBUIÇÃO DOS AVIÁRIOS DA COTREL POR MUNICÍPIO

Nº MUNICÍPIO Nº AV KM-X CAP. MÉDIA CAP. ALOJ. % 1 Barão de Cotegipe 84 23,00 9.107 765.000 12,00 2 Severiano de Alemida 71 40,00 9.620 683.000 10,72 3 Aratiba 66 36,00 11.879 784.000 12,30 4 Erechim 65 14,00 14.831 964.000 15,13 5 Barra do Rio Azul 39 35,00 12.179 475.000 7,45 6 Três Arroios 37 24,00 10.162 376.000 5,90 7 Marcelino Ramos 35 50,00 9.309 325.800 5,11 8 Viadutos 30 39,00 11.133 334.000 5,24 9 Mariano Moro 22 51,00 9.909 218.000 3,42

10 Gaurama 20 18,00 14.180 283.600 4,45 11 Paulo Bento 18 16,00 7.500 135.000 2,12 12 São Valentin 17 35,00 11.882 202.000 3,17 13 Cruzaltense 15 57,00 8.667 130.000 2,04 14 Max. Almeida 14 69,00 11.571 162.000 2,54 15 Getúlio Vargas 11 29,00 11.091 122.000 1,91 16 Centenário 9 38,00 7.556 68.000 1,07 17 Itatiba do Sul 8 41,00 9.250 74.000 1,16 18 Campinas do Sul 7 49,00 12.571 88.000 1,38 19 Áurea 4 36,00 7.000 28.000 0,44 20 Ponte Preta 4 28,00 14.000 56.000 0,88 21 Faxinalzinho 3 62,00 10.667 32.000 0,50 22 Erebango 2 22,00 15.000 30.000 0,47 23 Ipiranga do Sul 2 48,00 9.000 18.000 0,28 24 Jacutinga 2 37,00 6.000 12.000 0,19 25 Quatro Irmãos 2 39,00 4.000 8.000 0,13

TOTAIS 587 37,44 10.323 6.373.400 00,00 Fonte: Cotrel - Depto. de Aves

2.6 PRODUÇÃO DE FRANGO COLONIAL E FRANGO CAIPIRA

A criação de frango de corte colonial ou caipira diferencia-se do sistema

tradicional pelo período até o abate e pelos tratos culturais, trocando o confinamento

permanente por espaços extra aviário ou extensões do aviário chamados de pátios,

com gramado que servem para maior deslocamento das aves, interferindo diretamente

na diminuição do grau de stress dos animais e no suplemento alimentar dos mesmos,

que se dá pela ingestão da pastagem disponível.

Os produtos coloniais e caipiras são uma tendência de consumo que começou

há poucos anos, mas é um nicho de mercado que tem ganhado um bom espaço junto a

Page 25: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

24

consumidores cada vez mais esclarecidos e preocupados com a melhoria da qualidade

de vida, que busca na alimentação natural, a base para a manutenção de uma vida

mais saudável. O frango caipira ou colonial tem um preço de mercado maior, não

competindo em escala de produção e custo com o frango industrial, mas em qualidade,

com características específicas com: sabor mais silvestre da carne, menor teor de

gordura, menos colesterol e mais proteína, atendendo a uma fatia de mercado que

paga mais por essas características de apelo ecológico. A ausência de antibióticos e

promotores de crescimento, sem agredir o meio ambiente, privilegiando o bem estar

animal, também torna o produto muito mais recomendável.

Atualmente pesquisadores do país inteiro vêm trabalhando para implantar a

produção deste tipo de aves junto à agricultura familiar, por estarem convencidos de ser

uma grande alternativa para a pequena propriedade.

Nos últimos anos o fato de os consumidores estarem cada vez mais esclarecidos

e buscando produtos naturais e de melhor qualidade, tem contribuindo para a expansão

da atividade no Brasil. Atividade que já está altamente difundida na Europa, ocupando

uma enorme fatia do mercado comum europeu, estendendo também para outros países

como Itália, Espanha, Estados Unidos, Japão, China, Rússia, dentre outros.

O sistema de criação do frango caipira é uma tradição em países europeus,

especialmente na França, onde existe uma forte tradição e atualmente 60% do frango

vendido é caipira. Inclusive existem várias certificadoras que fiscalizam e garantem a

carne das aves oriundas deste modo de criação, obedecendo a uma legislação

específica.

No Brasil, entretanto, até o momento não ocorreu uma regulamentação oficial

das normas de produção orgânica e as entidades certificadoras não são credenciadas

no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, nem em outros órgãos oficiais

nacionais. Não existe, portanto, uma lei que regulamente esses modelos de produção

orgânica, nem uma fiscalização efetiva dos processos de produção das empresas. Isto

acarreta uma série de dificuldades no reconhecimento e confiabilidade desses produtos

no mercado, pois existem produtos com declaração "orgânico" no rótulo, sem o selo de

qualquer certificadora orgânica. Na produção animal, isto é mais complicado, pois o

DIPOA (Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal) do S.I.F. (Serviço

Page 26: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

25

de Inspeção Federal do Ministério da Agricultura), que é o orgão responsável pela

aprovação dos rótulos dos produtos, não autoriza a colocação de selos de certificação

orgânica, por não reconhecer oficialmente as normas de produção orgânica. A falta

dessa padronização acarreta entendimentos diferentes por parte dos técnicos

responsáveis pela aprovação dos rótulos nas diversas regiões do país.

Diante dessas dificuldades, duas associações foram fundadas em 2002, com o

objetivo de contribuir para o desenvolvimento e a regulamentação do setor - a AVAL

(Associação da Avicultura Alternativa) e a AECO (Associação do Agronegócio

Certificado Orgânico). A primeira é uma entidade que tem orientado seus esforços

visando a padronização de todo o processo produtivo - da fabricação da ração ao

acompanhamento da produção e abate das aves. As normas da AVAL estabelecem

critérios relativos à produção, abate, controle laboratorial e certificação de frangos

criados sem o uso de antibióticos, anticoccidianos, promotores de crescimento e

ingredientes de origem animal na ração. Entre esses critérios, há requisitos para a

rotulagem do frango, restrições na preparação da ração, inspeção, rastreabilidade e

outras considerações específicas. A AVAL apresentou sua norma aos técnicos do

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para análise.

http://www.planetaorganico.com.br/TrabFrango.htm; Produção de Frango Orgânico - Desafios e

Perspectivas – visitado em 17 de janeiro de 2009.

No segmento de frango caipira, atualmente, a “Nhô Bento”, empresa sediada

em Veríssimo, no Triângulo Mineiro, é a maior empresa de frango caipira da América

Latina, com abate de 15 mil aves por dia. Está há dez anos no mercado e desenvolveu

tecnologia própria para a criação e abate de frango caipira. O frango caipira hoje pode

ser encontrado nos principais supermercados de pequeno, médio e grande porte de

todo o país, incluindo as grandes redes. Em estabelecimentos mais sofisticados, já

pode ser encontrada uma linha de produtos especiais, incluindo embutidos, (como

rocambole de frango, lingüiça etc), carne moída de frango caipira, carcaça temperada

para assados e o galeto caipira. A Nhô Bento também já exporta o frango caipira e em

2005 deve atingir 200 toneladas/mês de frango export.

http://www.abn.com.br/editorias1.php?id=26079 - Frango caipira ganha a mesa do brasileiro -

acessado em 04/11/2005

Page 27: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

26

A criação de aves caipiras, no Brasil, é uma atividade cujo mercado é muito

promissor, uma vez que a oferta desse produto é menor do que a demanda. Além

disso, sua comercialização pode ser efetuada de modo direto (produtor/consumidor)

tornando compensadores e bastante atrativos os preços para o produtor.

Existem, no mercado, linhagens caipiras específicas que se caracterizam pela

rusticidade da criação a campo e pelo sabor, maciez e pouca gordura de sua carne,

bem como de características de coloração da gema do ovo.

http://www.afe.com.br/catalogo/106_1246.php - Criação de Frango e Galinha Caipira - Luiz Fernando Teixeira Albino e outros, Doutor em Nutrição e Produção de Aves.

Na região norte do RS a experiência mais consolidada de produção caipira na

agricultura familiar é da COOPERVITA, no município de Tapejara. Segundo diretores

da Coopervita a demanda por frango caipira e colonial é bastante superior a produção.

O frango caipira pode ser criado de acordo com a infra-estrutura existente na

propriedade. Se houver uma vasta área disponível ele pode ser criado solto. Os

técnicos, porém aconselham dois sistemas para a criação do frango caipira de alta

qualidade: o sistema semiconfinado e o sistema confinado. No primeiro as aves são

criadas até os 30 dias de vida em galpões fechados protegidas de predadores, vento,

frio e chuva. Passado este período as aves têm acesso a piquetes com área de 3 a 5

metros quadrados por aves. Nestes piquetes as aves adquirirão o hábito de ciscar,

comer sementes de capim e insetos.

No sistema confinado as aves são criadas em galpões por todo o seu ciclo de

produção. Deve-se ressaltar que de qualquer modo as aves devem dormir em galpões

semifechados de preferência com alguns poleiros ou piso ripado suspenso, maravalha

ou palha de arroz no chão. O importante é que as aves não fiquem em contato com o

piso.

Como a ração representa de 65 a 75% do custo de produção da ave, é

aconselhável, principalmente numa criação confinada ou semiconfinada. Uma

alimentação à base de milho, sorgo, farelo de soja.

http://www.frangocaipira.com.br/br/produtos_02.html - Frango caipira acessado em 04/11/2005

Page 28: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

27

Associação Brasileira dos Produtores de Aves e Ovos – LABEL ROUGE, criou

uma normatização para os produtos caipira, que é seguida pelos criadores, tendo as

aves alguns precedentes básicos de enquadramento:

Utilização de raças selecionadas e de procedência com as seguintes

características: rusticidade (ser adaptada ao local de criação), crescimento

lento e qualidade de carne. As raças mais comuns encontradas são a pescoço

pelado, pesada e pesadão;

Criação a campo: em sistema semi-confinado ou liberdade total, em grandes

espaços, ou pequenos grupos em áreas divididas ou não em piquetes com

pastagens;

Receber alimentação a base de cereais (55% a 70%) - sem farinha, nem

gordura de origem animal – neste caso pode ser usada ração alternativa, como

de mandioca;

Um período de criação de 80 a 120 dias: neste aspecto o frango colonial tem

período de criação entre 80 e 90 dias (o dobro do sistema convencional) e o

frango caipira entre 90 e 120 dias;

Garantia de qualidade - produto diferenciado, de qualidade superior,

respeitando as exigências da inspeção sanitária, tanto na criação como no abete

e comercialização, buscando um nicho de mercado.

Algumas agroindústrias têm colocado no mercado carne de frango criado no

sistema convencional, porém com maior permanência no aviário (mais ou menos o

dobro de período normal) e vendido como frango colonial.

No Brasil não existe consenso quanto as características do frango caipira ou

colonial, o frango industrial caipira francês tem as seguintes exigências de variação (%)

- Gorduras (lipídios) % 2,85 2,34 -18%

- Valor Calórico (Kcal/100g) 113,93 108,17 -5%

- Resíduo Mineral % 0,74 0,68 -9%

Page 29: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

28

- Umidade 74,35 75,20 +1%

- Proteínas % 21,44 21,57 +6%

- Cálcio (mg/100g) 52,22 68,03 +30%

- Ferro (mg/100g) 2,06 2,03 -1%

Local de engorda:

- O local deve ser isolado de outras criações, de fácil acesso,

- Dar preferência a locais secos, arejados, mais protegidos dos ventos fortes

dominantes,

- Assim os locais elevados dentro da propriedade são os melhores, evitando as

baixadas e proximidades de lagos ou córregos.

- Deve ser protegido de trânsito de carros e pessoas, ter água limpa e potável, e

em abundância,

- Deve ter espaço compatível com a quantidade de aves a serem criadas.

Características gerais do galpão de engorda:

- Quando existe alguma instalação na propriedade que possa ser adaptada ao

criatório de aves, esta pode ser utilizada, desde que respeite as mínimas

condições necessárias a atividade,

- O galpão deve ser construído de maneira a facilitar o recebimento de

pintainhos, abastecimento de água e de alimento e a retirada de animais adultos,

a cama (trocar a cada 90 dias e utilizar para adubo),

- Limpeza e a desinfecção, além da preocupação com as normas sanitárias e

prevenção às doenças,

- A orientação solar correta é no sentido LESTE-OESTE de maneira que o sol

transpasse sobre a cumeeira nos meses mais quentes do ano.

Base:

Page 30: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

29

Chão batido a partir de material argiloso molhado e socado até ficar uma

superfície lisa ou usar massa de cimento, brita e areia lavada na espessura de 2,5 cm.

Colunas ou Pé direito:

Responsável pela armação lateral e a sustentação da cobertura, deve ter no

mínimo 2,0 m para galpões pequenos de até 20m² e 2,80m para galpões maiores.

Pode-se usar madeira tratada, postes de cimento, pré-moldados ou ferro.

Tesouras:

As tesouras servem para a sustentação do telhado, é usada normalmente,

madeira tratada, podendo ser substituída por pré-moldado ou ferro.

Telhado:

É a cobertura, que tem a função de proteger o galpão do sol, da chuva, do frio e

do calor. Usa-se telhas de cimento - amianto, telhas de barro, zinco, alumínio, ou

confeccionados com palhas de palmeiras e outros.

Mureta:

Construída em toda a extensão nas laterais e cabeceiras do galpão, tem de 20 a

45 cm de altura, conforme a temperatura da região. Usa-se tijolos, pré-moldados,

concreto armado, bloco de cimento, madeiras roliças deitadas ou tábuas beneficiadas.

Tem a função de fixar a tela e de proteger as aves de animais que podem entrar por

baixo.

Page 31: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

30

Tela:

- Deve ser instalada sobre a mureta em toda a extensão do galpão nas laterais e

cabeceiras. A fim de proteger contra os predadores das aves e proporcionar uma

melhor ventilação quando necessário.

- Após 90 dias trocar a cama e colocar em uma vala (buraco), para formar húmus,

- Em seguida colocar cal em cima do solo e deixar por 6 dias,

- Após seis dias, borrifar água sanitária no solo,

- Quinze dias antes de colocar nova remessa de frangos de 30 dias, colocar nova

cama.

Terreiro ou área de pastagens:

- 3,0m² a 5,0 m² por frango,

- De preferência capim com taxa de proteína elevada, como Tifton, mas qualquer capim

serve para pastejo, sendo que o frango aproveita no segundo mês 20% do pasto na

composição de sua alimentação e no terceiro mês 30%.

- Os piquetes podem ser formados por cerca elétrica que é mais versátil, tem baixo

custo, fácil de manusear e é eficiente.

Page 32: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

31

Fotos: Criação alternativa de frango de corte – Coopervita – Tapejara RS

Vacinas:

- O sistema de vacina segue as orientações normais para criação de aves.

CUSTO DE PRODUÇÃO SISTEMA CONVENCIONAL

Tabela 2 - Custo de Produção do frango vivo posto na plataforma de abate para os sistemas manual e automático, setembro/2002. Itens de custo Manual Automático Depreciação - Instalações 203,73 203,73

Depreciação - Equipamentos

. Cortina 66,46 99,49

. Demais Equipamentos 145,83 346,83

Remuneração do capital 216,90 312,00

Manutenção e reparos 34,42 100,54

Seguro 12,05 17,59

Cama 332,62 356,12

Pintos 4.756,46 5.107,58

Ração 14.984,75 16.678,95

Calefação

Page 33: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

32

.Gás 600,00 1.008,00

.Lenha 86,11 -

Energia elétrica 25,67 95,67

Desinfetantes, inseticidas e raticidas 79,48 79,48

Mão-de-obra do integrado 563,77 341,63

Equipe de carregamento 160,00 160,00

Assitência técnica 57,65 57,65

Transportes 986,48 1.101,98

Funrural 42,50 55,00

Custo total / lote 23.354,88 26.122,24

Custo Total / Kg 1,2306 1,2025

Fonte: Dados de pesquisa. EMBRAPA SUÍNOS E AVES - http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Ave/ProducaodeFrangodeCorte/Importancia-economica-4.html - Sistema de Produção de Frangos de Corte - ISSN 1678-8850 Versão Eletrônica - Jan/2003.

No sistema de integração o agricultor trabalha como um prestador de serviço

para a agroindústria, recebendo um valor médio por Kg de frango carregado aos 45

dias. O preço médio varia de R$ 0,22 a R$ 0,55, dependendo dos índices aplicados sob

uma tabela. Segundo a Cotrel, em janeiro de 2009 a AURORA pagou preço médio de

R$ 0,37/Kg.

Para definir o valor que cada produtor vai receber pelo lote entregue a

integradora usa um índice sobre uma tabela, que é calculado da seguinte forma:

Índice =

Peso médio X Viabilidade X 10

Idade de abate

Conversão alimentar

* Este índice deve ser menor que 1

Viabilidade = n° animais entregues - n° animais mortos

A integradora oferece: Pintos de 01 dia (posto no aviário), ração (posta no

aviário), ASTEC, medicamentos e vacinas, transporte do frango pronto, projeto do

aviário, garante o financiamento no banco e manutenção.

Page 34: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

33

O agricultor entra com: aviário, mão-de-obra, maravalha, desinfetantes, pintura e

inseticidas, energia elétrica e carregamento.

Na Região do Alto Uruguai, com a saída da COTREL da industrialização e com o

aluguel da sua unidade industrial para AURORA, a última passou a ser a única

empresa atuante na Região, acabando a concorrência.

Está previsto para 2010 o início das atividades de um novo frigorífico de aves da

empresa DIPLOMATA no Município de Trindade do Sul, cuja construção deve iniciar

ainda em 2009, com capacidade de abate inicial de 100 mil aves/dia e quando completo

deverá ter a capacidade de abate de 300 mil aves/dia. Com isso deverá haver alteração

no quadro atual, aumentando a competição. Quem sabe isso possa pesar

positivamente para os agricultores familiares produtores.

A tabela abaixo apresenta o custo de produção de um lote de produção de

frango caipira de um produtor associado à Coopervita – Tapejara. Dados de 2008.

Tabela 3 – Custo de produção Frango Caipira – Coopervita- 2008

Despesas Descrição Un Quant V.unit V.total

Pinto 1 dia caipira Cab R$ 1,10 R$ - Pinto 28 dd caipira Cab 424 R$ 2,36 R$ 998,95 Ração inicial Kg R$ 0,530 R$ - Ração crescimento Kg 2300 R$ 0,540 R$ 1.242,00 Ração terminação Kg 1400 R$ 0,500 R$ 700,00 Mão de obra Mês 413 R$ 0,50 R$ 206,50 Gás de Cozinha p/13 Btj R$ 35,00 R$ - Energia elétrica R$ 10,00 Vitagold/Celts Vd R$ 4,95 R$ - Total ração Kg 3700 Total R$ 3.157,45 INDICES animal vivo terminação Caipira Previsto/Ideal Frangos terminados Nº 413 462 Taxa de mortalidade Nº 2,7% 2,70% Peso total de ração Kg 3.700,00 3.633,63 Custo /kg ração R$ R$ 0,52 R$ 0,52 Custo total ração R$ R$ 1.942,00 R$ 1.907,16 Custos fixos R$ R$ 216,50 R$ 241,09 custo total R$ R$ 2.158,50 2.148,25 Peso tot vivo Kg 1182 1321,32 Peso med vivo Kg 2,86 2,86 Conversão (vivo) kg/kg 3,97 2,7500 Custo ( vivo) R$/kg 1,83 1,63

Page 35: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

34

Custo ( vivo) R$/cab 5,23 4,65 Preço de venda R$/kg 2,41 2,00 Receita total R$ 2848,62 2642,640 Saldo total R$ 690,12 494,39 Saldo / cabeça vivo R$ 1,67 1,07 Saldo / kg vivo R$ 0,58 0,37

Segundo os diretores da Coopervita, a cooperativa pagou em 2008 uma média

de R$ 0,42 por Kg do frango aos produtores de frango associados. Porém o período de

criação é maior, o que significa menor entrada média de recursos na propriedade.

Ainda segundo a Coopervita, dentro do processo produtivo, a maior dificuldade

enfrentada pela cooperativa está relacionada a capacidade de abate limitada pelo

sistema de frio pequeno, com isso o tempo de permanência das ave no aviário acaba

sendo maior do que o necessário, traduzindo-se em aumento de custo por Kg

ocasionado pelo aumento do consumo de ração, luz, água, etc. Além disso, a

capacidade de conversão alimentar das aves vai diminuindo a medida que ficam mais

velhas.

A tabela traz um exercício de custo de ração realizado pela Coopervita e que

serve como orientação no cálculo do custo de produção do frango caipira ou frango

colonial.

Tabela 4 – Cálculo de Consumo de Ração – produção Coopervita

PROJETO COOPERVITA DE GALINHA CAIPIRA

CÁLCULO DO CONSUMO DE RAÇÃO

PARÂMETROS:

Unidade animal 1 cab

Peso de abate 2,7

Conversão 3,5 consumo

Idade de abate 90 dias kg /cab

Tipos de ração 1 a 15 dias - 22% PB 1,14 12,10%

16 a 30 dias - 20% PB 1,83 19,40%

30 a 90 dias - 15% PB 6,47 68,50%

Atualizado Cons.tot. 9,45

Ingrediente Un med V. unit R$ Vlr/sc R$

Milho moído kg 0,33 0,33

Far. Soja kg 0,47 0,47

Núcleo inicial kg 3,4 3,40

Page 36: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

35

Núcleo cresc. kg 2,68 2,68

Núcleo termin. kg 2,1 2,10

Trigo kg 0,41 24,50

Raspa mandioca kg 0 Far. Fol mandioca kg

Fórmulas A B C Valor

22% PB R$ 20% PB R$ 15% PB R$ R$

Milho 60 19,80 66 21,78 79 26,07 67,65

Far. Soja 35 16,45 29 13,63 16 7,52 37,60

Núcleo 5 17 5 13,4 5 10,5 40,90

Trigo 0,00

Raspa mandioca 0,00

Far. Mandioca 0,00

100 53,25 100 48,81 100 44,09 146,15

custo / kg ração 0,53 0,49 0,44 1,46

custo / frango 0,61 0,89 2,85 4,36 Fonte: Coopervita

CRIAÇÃO ALTERNATIVA X CRIAÇÃO CONVENCIONAL

Sem dúvida alguma, o frango caipira ou colonial é uma alternativa para o

pequeno produtor. As aves são melhoradas para este sistema de criação, tendo alta

resistência e rusticidade, o que diminui as perdas de mortalidade, a criação é facilitada

pela simplificação dos tratos culturais. Além disso, existe uma boa produtividade. O

investimento também é menor, sendo que o agricultor não precisa seguir exigências

como as impostas pelas integradoras convencionais, podendo o agricultor, em grande

parte, utilizar materiais disponíveis na propriedade para construção dos galinheiros (ex:

utilizar cobertura de palha). Ainda é uma boa forma de agregar valores nos produtos

produzidos pelas pequenas propriedades.

Um galinheiro para produção de frango caipira pode variar de R$ 5.000,00 à R$

35.000,00, dependendo do material utilizado e do número de frangos, pois depende da

organização do(s) agricultor(es) e da capacidade da agroindústria.

Page 37: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

36

Exemplo de Instalação recomendada pela EMBRAPA para o sistema alternativo de criação de galinhas

caipiras - Sistemas de Produção, - ISSN 1678-8818 Versão Eletrônica - Jan/2003

No caso da integração da avicultura industrial, o investimento é alto, a margem

de lucro pequena e o risco é considerável. O frango caipira vem ocupar um nicho do

mercado deixado pelas empresas avícolas, proporcionando ao pequeno produtor

ingressar na atividade avícola sem grandes investimentos iniciais, poucos riscos e

considerável lucratividade.

É importante ressaltar que a criação alternativa não deve, em hipótese alguma,

querer competir com a avicultura industrial, mas sim preencher um nicho de mercado

com produtos originados de um sistema alternativo de produção, para atender a um

público que tende a buscar este tipo de produto.

De modo geral pode-se afirmar que os produtores integrados de frango tem tido

resposta satisfatória dentro da cadeia, principalmente no que diz respeito aos

rendimentos familiares. Aspecto favorecido, principalmente, pela periodicidade de

entrada de recursos. Porém há exigência de um grande volume de trabalho, causado

pela necessidade de escala, assim como uma grande necessidade de investimento em

capital inicial. Isso faz com que apenas os agricultores mais capitalizados poças integrar

a cadeia e deixa os menos favorecidos de fora do processo produtivo.

É justamente entre os agricultores de menor poder aquisitivo que o sistema de

criação alternativo de frango caipira ou colonial se encaixa, sendo uma forma de

inclusão dos agricultores familiares menos favorecidos na cadeia do frango.

Além dos aspectos relacionados a maior independência do produtor, apesar do

tempo de criação ser maior resultando em acréscimo proporcional no custo de

produção, a criação de frango caipira ou colonial apresenta outra grande vantagem

para a agricultura familiar em relação a criação do frango industrial tradicional, o fato de

Page 38: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

37

fato de a criação alternativa não competir internamente com outras atividades

desenvolvidas na unidade produtiva. Ao contrário, a criação das aves nesta modalidade

vem integrar de forma harmônica os sistemas de produção diversificados, marca da

agricultura familiar brasileira que se caracteriza por ser de economia mista. Ou seja,

entra como mais uma atividade para geração de emprego e renda para a família do

agricultor.

Uma das questões importantes quando se fala da produção de frango caipira ou

colonial, é o fato de que até o momento, no Brasil, não ocorreu uma regulamentação

oficial das normas de produção orgânica. Com isso as certificadoras existentes e

acreditadas à nível mundial e hoje atuantes no Brasil, como: IBD, CMO, AAO, Skal

Brasil, ICEA, FVO, OIA Brasil, dentre outras, não conseguem certificar a produção. Não

existe, portanto, uma lei que regulamente esses modelos de produção orgânica, nem

uma fiscalização efetiva dos processos de produção. Isso acarreta dificuldade de

reconhecimento por parte do consumidor como sendo um produto diferenciado.

Na produção animal, isto é mais complicado, pois o DIPOA (Departamento de

Inspeção de Produtos de Origem Animal) do S.I.F. (Serviço de Inspeção Federal do

Ministério da Agricultura), que é o orgão responsável pela aprovação dos rótulos dos

produtos, não autoriza a colocação de selos de certificação orgânica, por não

reconhecer oficialmente as normas de produção orgânica. A falta dessa padronização

acarreta entendimentos diferentes por parte dos técnicos responsáveis pela aprovação

dos rótulos nas diversas regiões do país.

http://www.planetaorganico.com.br/TrabFrango.htm - Produção de Frango Orgânico - Desafios e Perspectivas – Site visitado em 10/02/2009.

Na Tabela 5, estão comparados os custos estimados de três sistemas de criação de frangos: criação convencional (A), criação sem antibióticos, sem quimioterápicos e sem ingredientes de origem animal na ração (B) e criação orgânica (C). Os cálculos foram feitos para uma mesma linhagem de aves, com dados de janeiro/2003.

Page 39: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

38

Tabela 5 - Comparativo de Custos de Produção de Frango de Corte (R$/kg frango vivo)

Sistema de Criação Custo (R$ por kg) TOTAL (R$) Custo

ração

Custo pintos 01

dia

Custo integrado

Outros custos

Convencional 0,551 0,188 0,108 0,069 0,917

Alternativo sem antibióticos, sem quimioterápicos e sem ingredientes de

origem animal

0,954

0,201

0,127

0,113

1,395

Orgânico ( * ) 1,503 0,201 0,152 0,113 1,969

Fonte: http://www.planetaorganico.com.br/TrabFrango.htm

Observações:

1- Matéria-prima de origem orgânica em C deve corresponder no mínimo a 85% da

formulação. O custo de ingredientes orgânicos (milho, soja, trigo, etc) é 70% superior

aos dos ingredientes produzidos convencionalmente.

1.1 - Custos de formulação maiores em B e C, devido ao não uso de produtos de

origem animal e conversão alimentar menos eficiente.

2 - Custos maiores devido à mortalidade mais elevada e peso médio menor em B e C.

3 - Tabela de remuneração mais flexível em B, devido a oscilações de resultados. Em

C, remuneração 20% superior devido à maior exigência de mão-de-obra.

4 - Custos adicionais em B e C como vacinas, probióticos, menor volume de frangos por

produtor, visitas técnicas e entregas de ração mais frequentes, etc.

( * ) Sistema orgânico de acordo com a Instrução Normativa nº 7, de 17/05/1999, do

Ministério da Agricultura.

É pertinente ainda um esclarecimento devido à grande confusão que ocorre com

relação aos tipos de carne de frango disponíveis, pois há que se considerar que um

custo relevante será, sem dúvida, o de conscientizar e esclarecer os consumidores

http://www.planetaorganico.com.br/TrabFrango.htm - Produção de Frango Orgânico - Desafios e Perspectivas – Site visitado em 10/02/2009.

Page 40: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

39

O CUSTO DAS INSTALAÇÕES

O custo para implantação de um aviário tradicional com 100 a 120 m de

comprimento e 10,4 m de largura varia entre R$ 85.000,00 e 145.000,00, dependendo

do grau de tecnologia e tipo de equipamentos.

A seguir, na tabela abaixo, é apresentado o orçamento de um aviário

apresentado pela COTREL em junho de 2008, sendo que a terraplanagem e os

sistemas de abastecimento de água e esgoto não estão inclusos.

Normalmente a terraplanagem é feita pelas prefeituras municipais e o sistema de

abastecimento de água é por conta do agricultor e o sistema de energia elétrica é pago

pelo agricultor ou subsidiado pela companhia fornecedora.

Tabela 6 – Custo de Construção de aviário para 12.000 aves - Cotrel

ORÇAMENTO P/ CONSTRUÇÃO DE AVIÁRIOS P/ 12.000 AVES = 10,40 x 120 m

No UND. DESCRIÇÃO-MATERIAL UNITÁRIO TOTAL-R$ 1-MADEIRAS

84 PÇ Postes laterais de 20cm p/ 4mts de comprimento 9,60 806,40 84 PÇ Postes para o meio de 20cm p/ 5,20 mts de comprimento 14,40 1.209,60

160 PÇ Linhas de 12cm p/ 3,20 mts de comprimento 5,12 819,20 84 PÇ Travessas de 10cm p/ 3,5mts de comprimento 5,12 430,08 84 PÇ Travessas de 10cm p/ 4,5mts de comprimento 6,72 564,48

160 PÇ Mão francesa de 10cm p/ 1,30 mts 2,56 409,60 244 PÇ Caibros para telhado de 5X15cm p/ 7,0mts 9,92 2.420,48

5.200 MTS Ripas de 2,5X4,0cm 0,80 4.160,00 96 PÇ Tábuas de 30cm p/ 5,50mts 20,80 1.996,80 12 PÇ Travas de 10X4,0cm p/ 3,0mts de comprimento 8,00 96,00 14 PÇ Travas de 5X8,0cm p/ 5mts de comprimento 9,60 134,40 80 PÇ Pontaletes de 8,0cm p/ 3,0mts de comprimento 4,80 384,00 80 PÇ Travas para mureta de 8x5,0cm p/ 3,0mts de compri. 4,48 358,40

Sub-total 13.789,44 2-MURETAS

2.400 PÇ Tijolos de 6 furos 0,30 720,00 3 M3 Brita média 40,00 120,00

20 SC Cimento 35,00 700,00 6 M3 Areia média 40,00 240,00

12 SC Pozolit 5,00 60,00 Sub-total 1.840,00 3-TELHADO

Page 41: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

40

26 MILH. Telhas de barro 450,00 11.700,00 Sub-total 11.700,00 4-PREGOS E FERRAGENS

30 KG Pregos - 23X60 6,00 180,00 40 KG Pregos - 21X45 6,00 240,00 20 KG Pregos - 19X39 6,00 120,00 40 KG Pregos - 18X30 6,00 240,00

2 KG Pregos - 12X12 6,00 12,00 2 KG Pregos - 15X18 6,00 12,00 8 PÇ Dodradiças grandes 6,00 48,00 6 PÇ Dodradiças médias 6,00 36,00 1 PÇ Porta cadeado 6,00 6,00 1 PÇ Cadeado grande 15,00 15,00 3 KG Grampo para tela 6,00 18,00

Sub-total 927,00 5-TELA

240 MTS Tela de 2,70mts de altura- malha No2 , arame No6 8,50 2.040,00 Sub-total 2.040,00 6-INSTALAÇÃO DE ÁGUA

2 CX Caixas de água de 1.000 lts 400,00 800,00 20 MTS Cano pvc ¾ 1,25 25,00

2 PÇ Flanges 1'' 8,00 16,00 2 PÇ Registros 1'' 20,00 40,00

40 PÇ Conecções e outros 1,50 60,00 Sub-total 941,00 7-INSTALAÇÃO DE LUZ

12 PÇ Lâmpadas fluorescentes de 40 wts 28,00 336,00 300 MTS Fios 2,5mm 1,25 375,00

1 PÇ Dijuntor de 15 amp. 10,00 10,00 2 PÇ Interruptores 5,00 10,00

40 PÇ Outros 1,20 48,00 Sub-total 779,00 8-MÃO-DE-OBRA

1.200 M2 Mão -de- obra 10,00 12.000,00 1 UND. Licenciamento 550,00 550,00 1 UND. Taxas 450,00 450,00

Sub-total 13.000,00 9-EQUIPAMENTOS

1 PÇ Máquina de aquecimento Automática 8.000,00 8.000,00 54 PÇ Chapas de eucatex de 0,60X2,75mts 12,00 648,00

300 PÇ Comedouros tubulares c/ bandeijas plasticas p/ pintos 15,00 4.500,00 1 PÇ Silo Metálico 5.000,00 5.000,00 1 CONJ Bebedouro nipel com 1bico para 10 frangos em 3 linhas 9.200,00 9.200,00 1 CONJ Cortinado externo completo 3.000,00 3.000,00

1200 M2 Cortinado para estufa 1,20 1.440,00 1 PÇ Lança chamas 25,00 25,00 1 PÇ Carrinho para transporte de rações 250,00 250,00

12 UND. Ventiladores de 0,5 cv 380,00 4.560,00

Page 42: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

41

1 UND. Montagem 3.500,00 3.500,00 Sub-total 40.123,00

TOTAL 85.139,44 Fonte: COTREL- Junho 2008

Tabela 7 – Custo de construção de um galinheiro para frango caipira - Coopervita

ORÇAMENTO AVIÁRIO PARA CRIAÇÃO DE GALINHA CAIPIRA - COOPERVITA. Capacidade 700 aves / Tamanho: 18 x 5,5 m (99 m²) / Pé direito 2,80 m / Muro de material laterais. (tijolo 6 furo) / Coberto de brasilit 4 mm

Descrição Quant. R$ unit. R$ Total Madeira Tábuas de 15 cm – coberto 1 dz 170,00 170,00 Muro lateral tijolo 6 furo 21*14*9 450 0,22 99,00 Muro lateral cimento 3 Sc 17,50 52,50 Muro lateral Areião 1 Mts3 65,00 65,00 Muro lateral Cal 5 Sc 5,00 15,00 Coberto brasilit 4 mm 2,44 x 50 123 pç 5,80 713,40 Prego telheiro 3 Kg 8,50 25,50 Lona p/ cortinas + (corda, arame, isolador, tubo, argola...) 100 mts2 5,00 500,00 Lona frente e verso de 5,5 fixa c/ oitão 107,00 Cortina p/ forração pinteiro 50 mts2 2,50 125,00 Tela nº 4 108 mts2 7,00 756,00 Instalações elétricas 01 350,00 350,00 Instalações Hidráulicas (com caída d’água 3.000 L) 01 500,00 500,00 TOTAL OBRA CIVIL 3.478,00 Bebedouros pendular 20 15,00 300,00 Bebedouros infantil novo 20 8,00 160,00 Comedouros tubular adulto usado 10 15,00 150,00 Aquecedor tipo fornalha (a lenha) 1 750,00 750,00 Eucatex Fls 3 35,00 105,00 TOTAL EQUIPAMENTOS 1.465,00 ORÇAMENTO TOTAL 4.943,00 Fonte: COOPERVITA – novembro 2008.

2.7 PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO DO FRANGO

A unidade industrial, chamada de abatedouro é composta por várias seções, cujo

número varia de empresa para empresa. No geral é possível se exemplificar conforme o

fluxograma da figura 4.

Page 43: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

42

Figura 4 – Fluxograma do processo do frigorífico de aves

A descrição de cada uma das etapas que constam no fluxograma torna-se

importante para que se possa conhecer o processo técnico do abate e preparo do

frango até chegar ao consumidor final (as etapas sofrem pequenas variações entre as

empresas).

OBS: Nas agroindústrias familiares o fluxograma de abate também segue basicamente

os mesmos passos que uma agroindústria de grande porte descritos abaixo, porém

ocupando menos equipamentos e equipamentos de menor dimensão e mais simples,

não automatizados.

Page 44: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

43

- As aves criadas para fins de abates são enviadas para o abatedouro com idade

aproximada de 45 dias na criação convencional (Frango industrial) e entre 80 e 120 dias

na criação alternativa (80 a 90 frango colonial e 80 até 120 dias para frango caipira). Os

meios de transporte utilizados são caminhões dotados de características próprias que

permitem ventilação adequada; as aves, em número de 6 a 9 são alojadas em gaiolas

plásticas, e descarregadas na plataforma de Recepção e empilhadas com espaçamento

de 50 cm de uma pilha para outra, e de 1,20 m entre um lote e outro, permanecendo

neste local no mínimo 2 horas para descanso antes de serem abatidas. As aves são

retiradas das gaiolas e dependuradas pelos pés nos ganchos da nória transportadora –

trilhos suspensos que percorrem toda a extensão do frigorífico, passando por todas as

etapas do processo - e conduzidas ao túnel de Sangria, onde são sangradas pelo

sistema automático com uma incisão na jugular.

- Após percorrer o túnel de sangria em tempo não inferior a 3 minutos, as aves

são conduzidas pela mesma nória ao tanque de Escaldagem, onde são escaldadas a

uma temperatura de 58ºC a 60ºC. Depois disso, as aves passam pela primeira

Depenadeira, logo a seguir pela segunda e posteriormente pela terceira, para,

finalmente, passar por uma depenagem manual que corrige as falhas das depenadeiras

mecânicas.

- Depois de depenadas, as aves passam para a seção de Evisceração através

de uma calha posicionada sobre um óculo. Nesta transferência é feito o corte das patas

que são limpas em máquina especial, em seguida passam por um chuveiro de

aspersão, para então terem acesso à calha de evisceração, onde as carcaças são

abertas, ficando as vísceras e os miúdos em condições de serem inspecionados.

- Após a inspeção são retirados os órgãos comestíveis (fígado e moela) para a

limpeza e pré resfriamento em chiller próprio (individuais), desprezando-se os restos

não comestíveis que são encaminhados diretamente para a seção de subprodutos

(graxaria); ainda na calha de evisceração retiram-se o esôfago, a traquéia e o pulmão.

- Após estas operações as aves são lavadas, externa e internamente, por

equipamentos instalados no final da calha de evisceração. Após a Lavagem final a

cabeça e o pescoço são secionados. Separa-se a carcaça, que são destinadas ao Pré-

resfriamento, que é realizado em dois estágios: pré-chiller e chiller. No setor de pré-

Page 45: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

44

resfriamento, primeiro estágio, as carcaças são resfriadas com água hiperclorada (3 a 5

ppm) com renovação mínima de 2 litros por ave a uma temperatura não superior a

16ºC; no segundo estágio, as carcaças são pré-resfriadas com água gelada

hiperclorada (3 a 5 ppm) com renovação de 1,5 litro por ave e gelo em escamas, sendo

a temperatura da mesma entre 2ºC a 5ºC, permanecendo neste setor cerca de 40 min;

na saída, as carcaças são submetidas a uma temperatura de 7ºC na intimidade das

massas musculares.

- Após a saída do pré-resfriamento as carcaças são classificadas e

dependuradas na nória de respingo – Gotejamento – para eliminar o excesso de água

absorvida durante o processo de préresfriamento; ao saírem do gotejamento não

demonstram umidade superior a 8%, sendo logo a seguir encaminhadas para a sala de

cortes, climatizadas a uma temperatura de 12º.

- Após o processo de cortagem da carcaça, que se dá em mesa de aço inox

rolante de cone, os cortes obtidos são colocados em tambre de aço inox onde ocorre o

processo de tempero (quando temperado), sendo que a injeção é de no máximo 10%

sobre o peso da carne.

- A seguir, na Embalagem, os frangos, inteiros ou em pedaços, são colocados

em caixas de papelão interfolhadas com plástico de polietileno.

- As caixas são identificadas com etiquetas adesivas, colocadas em raque e

encaminhadas ao túnel de congelamento; após o congelamento são plastificadas em

túnel de encolhimento com polietileno e encaminhadas para a câmara de estocagem,

onde permanecem até a hora do embarque, a uma temperatura de – 18ºC.

Quanto às cinco atividades, localizadas no lado direito do Fluxograma 1

recolhimento de fezes, sangue, penas, e vísceras , são feitos por espécies de pequenos

canais colocados no piso do abatedouro, que são levados para os digestores, no

exterior do frigorífico, onde são processados.

Na figura 4 é representado esquematicamente o processo de industrialização do

frango.

Page 46: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

45

2.8 APRESENTAÇÃO DE PERFIL ABATEDOURO FAMILIAR OU COMUNITÁRIO DE

FRANGO MDA/APACO – 2008

No perfil publicado, o MDA constata que a legislação vigente no país não indica

medidas padrão sobre as instalações da agroindústria, devendo esta adequar-se as

necessidades para garantia das boas práticas de abate, de acordo com a quantia de

animais que se pretende abater.

No perfil hora apresentado a construção civil é constituída de um total de 69,7 m²

de área de industrialização, mais 28,78 m² de área de vestiários, banheiros, escritório,

adequada ao Sistema de Inspeção Estadual, assim distribuída:

- Sala de Sangria, com área de 7,63 m²

- Sala de Escaldagem e Depenagem, com área de 13,26 m²

- Sala de Evisceração, Corte e Embalagem com área de 21,97 m²

- Sala de Almoxarifado, com área de 6,80 m²

- Sala de Expedição, com área de 6,30 m²

- Sala de congelamento, com área de 6,30 m²

- Escritório e banheiro, com área de 8,16 m²

- Escritório, com área de 5,10 m²

- Vestiário e banheiro masculino, com área de 5,10 m²

- Vestiário e banheiro feminino, com área de 5,10 m² PLANTA DO ABATEDOURO

Foto externa agroindústria Coopervita – Tapejara-RS

Page 47: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

46

As máquinas e equipamentos que constituem a agroindústria referência são os

seguintes:

Equipamento 1: Aparelho de Sangria;

Equipamento 2: Tanque de Escaldagem;

Equipamento 3: Tanque para Carregamento;

Equipamento 4: Depenadeira;

Equipamento 5: Mesa para Evisceração;

Equipamento 6: Frezzer (Tanque de Reidratação);

Equipamento 7: Mesa de Gotejamento;

Equipamento 8: Mesa para Montagem e Embalagem;

Equipamento 9: Funil de Embalagem ;

Equipamento 10: Balança Eletrônica;

Equipamento 11: Frezzer;

Equipamento 12: Câmara de Congelamento (-18ºC) e Resfriamento (2 a 15ºC);

Equipamento 13: Utensílios Gerais.

OBS: Deve haver atenção especial quanto ao dimensionamento da(s) Câmara(s) de

congelamento e resfriamento, que deve ter capacidade de comportar as aves quando o

abatedouro estiver trabalhando com a capacidade máxima. Porém, para evitar

desperdício de energia com câmaras subutilizadas o ideal é que tenha vários

compartimentos que podem ser ligados separadamente.

O tempo aproximado, gasto por dia, para as tarefas de processamento na

agroindústria, é de 28 horas ou 3,5 homens/dia, assim distribuídas:

• Área suja (abate, sangria, escaldagem, depenagem e higienização) – 8 horas por

homem;

• Área limpa (evisceração, realização dos cortes, resfriamento, gotejamento,

embalagem). – 20 horas por homem;

Page 48: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

47

Área de recepção e abate Área de depena Área de evisceração

Sistema de choque térmico Área de corte e embalagem Estocagem e câmara fria Fonte: fotos de agroindústria da Coopervita em Tapejara

Figura 5 - Representação esquemática do processo de industrialização do frango.

http://www.sefaz.ms.gov.br/cadeias/arquivos/01_avicultura.pdf - ESTUDO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE MATO GROSSO DO SUL: AVICULTURA - 2003 - Mara Huebra de Oliveira Gordin Me., UNAES - Prof. Ido Luiz Michels Dr., UFMS. Acesso em 2/11/2005.

Page 49: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

48

A tabela a seguir traz o número de aves abatidas em 2008 no frigorífico de aves

da AURORA em Erechim. Entre os municípios do Alto Uruguai o que teve maior número

de aves batidas foi Severiano de Almeida com 3.840.384 aves, seguido de Barão de

Cotegipe com 3.443.820 aves e Aratiba com 3.443.820 aves, Erechim aparece em

quarto e Barra do Rio Azul em quinto. Junto com os municípios de Santa Catarina cujas

aves também destinam-se ao frigorífico de Erechim, foram abatidas no frigorífico

31.579.405 aves em 2008, num total de 88,31 toneladas.

Tabela 8 – Abate de aves por município – Coopervita.

ABATE DE AVES POR MUNICÍPIO – 2008

Município Nº Abate Peso Total Peso Médio Aratiba 3.443.820 9.429.841 2,738 Áurea 183.159 532.730 2,909 Barão de Cotegipe 3.656.136 10.299.300 2,817 Barra do Rio Azul 2.644.639 7.300.820 2,761 Benjamin Constant do Sul 41.303 104.130 2,521 Campinas do Sul 458.166 1.306.530 2,852 Centenário 444.711 1.250.010 2,811 Cruzaltense 579.489 1.655.520 2,857 Erebango 119.508 350.910 2,936 Erechim 3.067.160 8.695.248 2,835 Faxinalzinho 230.350 607.910 2,639 Gaurama 986.566 2.829.200 2,868 Getulio vargas 661.588 1.832.360 2,770 Ipiranga do Sul 189.736 509.800 2,687 Itatiba do Sul 426.494 1.200.771 2,815 Jacutinga 37.791 120.820 3,197 Marcelino Ramos 1.754.355 4.914.870 2,802 Mariano Moro 1.146.730 3.063.160 2,671 Maximiliano de Almeida 658.619 1.752.730 2,661 Paulo Bento 747.890 2.212.210 2,958 Ponte Preta 352.857 956.900 2,712 Quatro Irmãos 70.278 203.390 2,894 São Valentin 920.373 2.615.320 2,842 Severiano de Almeida 3.840.384 10.590.952 2,758 Três Arroios 1.958.774 5.564.838 2,841 Viadutos 1.916.604 5.427.568 2,832 Outros - S/C 1.041.925 2.986.380 2,866

TOTAL 31.579.405 88.314.218 2,797 Fonte: Cotrel - Depto. de Aves

Page 50: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

49

Nas agroindústrias familiares não é feita a separação mecânica da carne, sendo

que partes menos nobres, como o dorso, têm sido vendidas por menor preço ou doadas

para pessoas com menor poder aquisitivo ou obras de caridade.

2.9 MERCADO

2.9.1 Estrutura de Mercado e Formação de Preço

Para SPÍNOLA e TROSTER, 2004, ao observar os sete principais elos da cadeia

produtiva da avicultura - avozeiro, matrizeiro, incubatório, aviário, frigorífico, varejista e

consumidor final, observa-se que as relações existentes entre eles apresentam

conotações diferenciadas, em função do grau de poder/força e, conseqüentemente, do

grau de subordinação existente entre eles. É possível, portanto, inseri-los dentro de

estruturas específicas, e analisar, sob a ótica da teoria, tais especificidades inerentes à

estrutura de mercado, caracterizando a cadeia, como mostra a Figura abaixo. Nesta

Figura, identifica-se quem forma o preço no mercado e quem é o tomador de preço.

Estas estruturas estarão definidas e explicadas nos próximos tópicos deste trabalho.

Page 51: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

50

Figura 6 – Estrutura de mercado e formação de preço

http://www.sefaz.ms.gov.br/cadeias/arquivos/01_avicultura.pdf ESTUDO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE MATO GROSSO DO SUL: AVICULTURA - 2003 - Mara Huebra de Oliveira Gordin Me., UNAES - Prof. Ido Luiz Michels Dr., UFMS. Acesso em 2/11/2005.

Page 52: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

51

3. FRANGO DE CORTE NO MERCADO INTERNACIONAL

O Brasil, como demonstrado na tabela abaixo ocupava o terceiro lugar na

produção mundial de frango em 2007, com uma produção estimada em torno de 10

milhões de toneladas, sendo superado apenas pelos Estados Unidos e pela China.

A produção mundial de carne de frango, segundo o United States Department of

Agriculture (USDA), registrou em 2007 um aumento de 6,2%, passando de 64 milhões

de toneladas para 68 milhões de toneladas. A produção do Brasil em 2007 foi de 10,2

milhões de toneladas, resultado que manteve o país no terceiro lugar entre os maiores

produtores mundiais, atrás somente de Estados Unidos e China, que apresentaram

produção de 16,2 e 11,5 milhões de toneladas respectivamente.

http://www.abef.com.br/Relatorios_Anuais.php# - relatório abef 2007/2008 – site acessado em 15/03/09.

Tabela 9 – Produção mundial de carne de frango em mil toneladas

PRODUÇÃO MUNDIAL DE CARNE DE FRANGO EM MIL TONELADAS

ANO EUA CHINA BRASIL UE MÉXICO MUNDO

1999 13.367 8.550 5.526 6.614 1.784 47.554

2000 13.703 9.269 5.977 7.606 1.936 50.097

2001 14.033 9.278 6.736 7.883 2.067 52.303

2002 14.467 9.558 7.517 7.788 2.157 54.155

2003 14.696 9.898 7.843 7.512 2.290 54.282

2004 15.286 9.998 8.494 7.627 2.389 55.952

2005 15.869 10.200 9.200 7.736 2.498 59.092

2006 16.162 10.350 9.336 7.425 2.610 60.090

2007 16.211 11.500 10.246 8.111 2.730 67.753

2008* 16.558 12.500 10.895 8.200 2.825 70.748

Fonte: USDA / ABEF * Preliminar

Em termos de consumo o Brasil alcança a quarta posição, com consumo

estimado em 7.120 mil toneladas, como mostra a tabela.

Page 53: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

52

Tabela 10 – Consumo muncial de carne de frango

CONSUMO MUNDIAL DE CARNE DE FRANGO

PRINCIPAIS PAÍSES ( 2000 - 2007** )

Mil toneladas

ANO EUA CHINA UNIÃO EUROPÉIA

BRASIL MÉXICO MUNDO

2000 11.474 9.393 6.934 5.110 2.163 49.360

2001 11.558 9.237 7.359 5.341 2.311 50.854

2002 12.270 9.556 7.417 5.873 2.424 52.846

2003 12.540 9.963 7.312 5.742 2.627 52.903

2004 13.081 9.931 7.280 5.992 2.713 54.172

2005 13.428 10.088 7.503 6.612 2.871 57.339

2006* 13.817 10.370 7.405 6.622 3.010 58.888

2007** 13.901 10.585 7.490 7.120 3.148 59.744

Fonte: USDA / ABEF * Preliminar ** Previsão

O Brasil conquistou em 2004 o primeiro lugar absoluto nas exportações, tanto em

receita cambial quanto em volume exportado. As vendas somaram US$ 2,6 bilhões,

correspondendo a um crescimento de 44% sobre 2003. E os embarques totalizaram

2,470 milhões de toneladas, 26% acima do verificado no ano anterior.

“Esse desempenho representa um verdadeiro atestado de qualidade e sanidade para o

nosso produto, da parte dos mais variados e exigentes importadores. Os exportadores

brasileiros conquistaram 20 novos mercados em 2004 e ampliaram para 142 a relação

de clientes”, explica Júlio Cardoso, Presidente da Associação Brasileira dos Produtores

e Exportadores de Frangos – ABEF. Conforme Júlio Cardoso, sustentar a liderança

será mais difícil do que foi conquistá-la. Seu argumento é que alguns dos principais

concorrentes no mercado, como Tailândia, China e Estados Unidos, que tiveram sérios

problemas sanitários, terminarão superando essas dificuldades. Ele prevê que as

condições de mercado serão diferentes em 2005. “Por isso mesmo, faremos todos os

esforços, juntamente com os órgãos governamentais envolvidos em nosso negócio,

para que o frango brasileiro continue sendo cada vez mais reconhecido em seus

diversos atributos e siga ampliando sua presença na mesa dos consumidores mais

exigentes de todas as partes do mundo. Este será nosso maior desafio em 2005”,

enfatiza o presidente da ABEF. Segundo Cardoso, outro importante desafio será a

Page 54: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

53

criação de instrumentos preventivos como fundos/seguros indenizatórios para os

produtores integrados, tendo em vista manter problemas sanitários e doenças longe do

território brasileiro.

(http://www.uba.org.br/ - Relatório 2004/2005 acessado em 15/03/2009)

Com embarques de 7,2 milhões de toneladas, as exportações mundiais

registraram aumento de 11,4% em 2007. O Brasil teve participação de 45% nessas

vendas no mercado internacional, mantendo sua posição de maior exportador mundial

de carne de frango. Enquanto isso, os Estados Unidos, ocupando o segundo lugar no

ranking, registraram aumento de 10,8% nas vendas, que totalizaram 2,6 milhões de

toneladas.

(http://www.abef.com.br/Relatorios_Anuais.php# - relatório abef 2007/2008 – site acessado em 15/03/09)

Tabela 11 – Exportação Mundial de Carne de Frango nos principais países.

EXPORTAÇÃO MUNDIAL DE CARNE DE FRANGO PRINCIPAIS PAÍSES ( 2000 - 2008* )

Mil toneladas

ANO BRASIL EUA UNIÃO EUROPÉIA

TAILÂNDIA CHINA MUNDO

2000 907 2.231 774 333 464 4.856

2001 1.265 2.520 726 392 489 5.527

2002 1.625 2.180 871 427 438 5.702

2003 1.960 2.232 788 485 388 6.023

2004 2.470 2.170 813 200 241 6.055

2005 2.846 2.360 755 240 331 6.791

2006 2.713 2.454 620 280 350 6.470

2007 3.287 2.618 623 297 358 7.236

2008* 3.570 2.722 620 320 400 7.722

Fonte: USDA / ABEF * Preliminar

Apesar da tendência mundial histórica positiva para o frango de corte, no

programa Globo Rural da TV Globo no dia 29/03/09 foi veiculada matéria que

constatava uma retração no comercio mundial do frango, devido à crise econômica que

assola o mundo. Com isso, a retração estimada das exportações brasileira no primeiro

trimestre de 2009 foi estabelecida em 4,4% com relação ao mesmo período de 2008.

Page 55: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

54

Os agricultores estavam queixando-se que as integradoras, de forma arbitrária

diminuíram o alojamento, através do aumento do vazio sanitário (período entre o

recolhimento das aves prontas até o alojamento de novo lote de pintinhos) de 15 dias

para 34 dias. Com isso o número de lotes terminado no ano deve passar de 6 lotes

para 5 lotes. Se avaliados os números, isso significa que o agricultor que tem um aviário

de 12 mil frangos deixará de receber um valor bruto de R$ 11.100,00 no ano.

Além disso, segundo o agricultor entrevistado no programa, a integradora havia

aumentando o prazo de pagamento dos frangos de 30 para 90 dias, significando

dificuldades para os agricultores integrados cumprirem seus compromissos.

Page 56: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

55

4. FRANGO DE CORTE NO MERCADO BRASILEIRO

O gráfico da figura 7 mostra a evolução a evolução Brasileira da produção de

carne de frango ao longo dos anos, nota-se que sempre foi crescente a produção de

carne de frango.

Figura 7 - Gráfico - Evolução Brasileira da produção de carne de frango (em 1.000

toneladas)

(http://www.uba.org.br/ - Relatório 2004/2005 acessado em 15/03/2009)

No primeiro trimestre de 2006 a avicultura brasileira atravessou dificuldades, mas

após iniciou-se uma recuperação de mercado, encerrando o ano num bom momento,

encerrando o ano com estoques normais de carne de frango. Em 2007, o mercado

interno portou-se com demanda bastante equilibrada com a produção, apresentando

consumo médio de 580 mil toneladas/mês e alcançando demanda anual de 6,960

milhões de toneladas, com ganhos de 5% sobre o ano anterior, mantendo o consumo

per capita acima de 37,8 kg por habitante/ano. Esse pujante mercado interno é a

grande garantia do setor avícola, pois permite uma produção mensal estável. Na área

externa, com a volta da normalidade do mercado, os clientes, com baixos estoques

internacionais devido à retração de compras de 2006, foram obrigados a refazer suas

reservas.

Page 57: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

56

As exportações brasileiras recuperaram as perdas e ampliaram suas vendas,

atingindo um crescimento, em volumes, da ordem de 21%. Foi importante também a

recuperação de preços, que alcançou aumento de 28% sobre a média obtida em 2006,

corrigindo, assim, a desvalorização cambial e repondo as perdas do ano anterior.

Foram embarcadas 3,286 milhões de toneladas com receitas de 4,976 bilhões de

dólares nas exportações totais de carne e produtos de frango.Em 2007 foram

produzidas 10,246 milhões de toneladas de carne de frango, com o expressivo

crescimento de 9,75% sobre o ano anterior, números alcançados com abates da ordem

de 4,84 bilhões de cabeças. Assim, o ano foi bom, terminando melhor do que começou.

Fator muito importante foi a manutenção da sanidade avícola, com a presença

continua do MAPA, Secretarias de Agricultura dos Estados produtores e participação

ativa do setor privado, que bem soube trabalhar com a biosseguridade desejada,

zelando, de maneira eficiente, pelo enorme plantel brasileiro. A implementação do

Plano de Regionalização da Avicultura Brasileira foi iniciada com as auditorias e

classificação das estruturas sanitárias dos estados, caminhando assim, nossa

avicultura, para melhor controle e garantia da produção nacional.

Foi sentida, no final de 2007, preocupação no setor com os atuais estoques de

milho, pois suas exportações superaram todas as previsões, atingindo perto de 11

milhões de toneladas, deixando um estoque de passagem muito ajustado.

A produção ajustada de milho, acompanhada de grande exportação devido aos

bons preços internacionais tem sido constante preocupação para os produtores de

carnes no Brasil.

(http://www.uba.org.br/ - Relatório 2007/2008 acessado em 15/02/2009)

Page 58: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

57

Figura 8 - Produção de carne de frango no Brasil em 2008.

Obs.: Os números entre círculos indicam a variação percentual sobre o mesmo períododo ano anterior.O per capita foi estimado considerando a população brasileira de 187 milhões de habitantes.As exportações de industrializados de frango estão inclusas no volume exportado.Fonte: Anuário ABEF 2007/2008

CARNE DE FRANGOJAN/DEZ 2008

Total de Aves Produzidas

Toneladas

7.15%

1.952.209.4423.223.346.479

38.921 Kg

7.36%

15.97%

3.56%

1.86%

A tabela 12 demonstra que entre as maiores empresas na cadeia do frango no

Brasil, 7 atuam na região sul do país e 6 destas atuam no RS, sendo que a Aurora, que

atualmente é a única grande agroindústria atuante no Alto Uruguai aparece em sétimo

lugar, com uma participação de 2,35% da produção nacional.

Tabela 12 - Abate de Frango no Brasil 2006/2007 - 10 Maiores empresas em 2007.

Posição Empresa Aves (cabeças) Crescimento Participação

2006 2007 2007 2006 Cabeças % % em 2007

(1) 1 Sadia SC-PR-MG-MT-RS-DF 729.058.000 645.452.443 83.605.557 12,95 15,07 (2) 2 Perdigão SC-RS-PR-GO-MT 605.209.303 530.111.245 75.098.058 14,17 12,51

(3) 3 Seara SC-PR-SP-MS 270.170.765 257.490.544 12.680.221 4,92 5,59 (4) 4 Doux Frangosul RS-MS 255.941.470 214.471.190 41.470.280 19,34 5,29

(5) 5 Eleva RS-MS-BA 198.182.799 174.299.179 23.883.620 13,70 4,10

(8) 6 Diplomata RS-MS-BA 130.952.274 87.636.118 43.316.156 49,43 2,71 (7) 7 Aurora SC-RS-MS 113.813.408 108.743.902 5.069.506 4,66 2,35 (6) 8 Dagranja PR-MG 104.234.195 114.665.884 (10.431.689) (9,10) 2,15

(14) 9 Big Frango/Jandelle PR 75.887.785 49.152.408 26.735.377 54,39 1,57 (9) 10 Penabranca SP 71.622.790 75.173.127 (3.550.337) (4,72) 1,48

Fonte: uba_rel08_internet.pdf - consultado em 15/02/2009.

Page 59: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

58

4.1 O MERCADO DE FRANGO DE CORTE NA MESORREGIÃO GFM

O conjunto das Agroindústrias de carne do Sul do Brasil vem, desde o final dos

anos 80, promovendo um intenso esforço de reorganização produtiva. O processo de

reestruturação, perseguido pelas empresas, foi condicionado pela introdução de novas

tecnologias (equipamentos automatizados, biotecnologia, entre outras) que, por sua

vez, resultaram no rebaixamento dos custos produtivos, nos movimentos de fusões, nas

aquisições e parcerias, na relocalização da capacidade produtiva, no lançamento de

novos produtos e nas novas relações de trabalho. Merecem destaque, nas novas

relações de trabalho, o redimensionamento de quadros via dispensa de mão-de-obra,

terceirização e novos métodos de gestão da força de trabalho.

A porção Sul do território brasileiro, composta pelos estados do Paraná, Santa

Catarina e Rio Grande do Sul, vem, desde o final do século XIX e das primeiras

décadas do século XX, constituindo-se como um dos maiores pólos de frigorificação de

carne suinícula e avícola do Brasil. Nascidas a partir de pequenos empreendimentos,

empresas como Sadia, Perdigão, Chapecó, Avipal, Frangosul, Aurora, entre outras,

partiram agressivamente para um intenso processo de modernização tecnológica que

propiciou a inserção competitiva do Brasil no mercado mundial de proteínas animal,

deslocando, por vezes, países como Holanda, EUA e França, que necessitam

regularmente de fortes subsídios para poder competir no mercado internacional.

(http://www.ub.es/geocrit/sn/sn119-85.htm - TECNOLOGIA E NOVAS RELAÇÕES DE TRABALHO NAS AGROINDÚSTRIAS DE CARNE DO SUL DO BRASIL-1 de agosto de 2002; Carlos José Espíndola)

As agroindústrias de carnes integram a atividade rural às cidades, ajudando na

fixação do homem no campo e minimizando os problemas impostos pelo êxodo rural

aos centros urbanos. Além disso, contribuem na geração de tributos federais, estaduais

e municipais, especialmente por agregar em valor à produção primária, além de

aquecerem a economia dos municípios pelo efeito multiplicador nas atividades a elas

ligadas indiretamente, bem como no segmento de prestação de serviços.

http://www.ufrgs.br/pgdr/dissertacoes/ecorural/mecorural_costa_n203.pdf - INTEGRAÇÃO REGIONAL E

SEUS EFEITOS SOBRE AS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE CARNE AVÍCOLA - Thelmo Vergara

De Almeida Martins Costa)

Page 60: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

59

4.2 RIO GRANDE DO SUL

O Rio Grande do Sul ocupa hoje posição privilegiada no contexto da avicultura

brasileira. Terceiro maior produtor de carne de frango do País, o Estado obteve um

faturamento de R$ 1,2 bilhão com a atividade avícola em 2001. Com um plantel de 60

milhões de pintos de corte e 25 milhões de poedeiras comerciais, a avicultura gaúcha

registrou uma produção de 900 mil toneladas de carne de aves e 3,3 milhões de caixas

(de 30 dúzias) de ovos comerciais no último ano. Em 2001, o estado assinalou um

alojamento de 587,4 milhões de pintos de corte e foi responsável pelo abate de 559

milhões de aves. O consumo per capta de carne de frango é de 31,8 quilos anuais, um

dos maiores do País.

Durante o ano passado, o Rio Grande do Sul enviou para o mercado externo 347

mil toneladas de carne de frango, tendo como principais importadores os países da

União Européia, Oriente Médio e Mercosul. As vendas externas renderam ao Estado

US$ 365,8 milhões.

Composta predominantemente por pequenas e médias propriedades, a

avicultura gaúcha é de fundamental importância para o desenvolvimento econômico e

social do estado. "A avicultura gaúcha é responsável pela atividade e estabilidade de

oito mil famílias de produtores integrados de frango de corte e 180 mini e pequenos

produtores de ovos comerciais", afirma Paulo D'Arrigo Vellinho, presidente da

Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav). O setor avícola é responsável ainda pela

geração de 820 mil empregos diretos e indiretos. Uma das principais atividades

pecuárias do estado, a avicultura participa com cerca de 5% PIB agrícola gaúcho.

Page 61: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

60

5. CONSUMIDOR DE FRANGO DE CORTE

Observa-se que no período de 1986 a 2004, o consumo per capita de carne de

frango passou de cerca de 10 kg para perto de 35 kg /ano, quase igualando a

quantidade consumida de carne bovina. Então, pode-se afirmar que estamos passando

de um país preponderantemente consumidor de carne bovina para um país consumidor

também da carne de frango. Por outro lado a demanda pela carne bovina tem

apresentado oscilações, porém desde 1990 observa-se uma variação entre 35 e 40 kg

/ ano e a partir de 1998 uma estabilidade ainda maior, entre 35 e 37 kg / ano. O

consumo das carnes de suínos tem ao longo dos anos apresentado um discreto

crescimento, porém constante. Conclui-se que o hábito de consumo do brasileiro

mudou, mas a substituição entre as diferentes carnes foi apenas relativa e não

absoluta. Ocorreu crescimento na quantidade total consumida per capita e nos três

tipos de carnes aqui analisadas.

Principalmente o preço, junto com a qualidade do produto ofertado no mercado e a

facilidade no seu preparo, importante nos dias de hoje, contribuiu para o excepcional

crescimento do consumo interno da carne de frango. A evolução do consumo per capita

demonstra esse excelente desempenho, conforme mostrado na Figura 6. Em média, a

partir de 1986 o consumo de carne de frango do brasileiro cresceu 1,34 kg/hab/ano. No

período apenas nos anos de 1988, 1996 e 2003 ocorreu queda no consumo per capita

em relação ao ano anterior, mas observa-se claramente uma tendência de crescimento

acentuada.

Page 62: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

61

Figura 9 – Gráfico - Consumo per capta de carne de frango e ovos no Brasil.

Fonte: UBA/ABIPECS/ABEF/CNPC http://www.aviculturaindustrial.com.br/site/dinamica.asp?id=12024&tipo_tabela=produtos&categoria=frango_de_corte - Estudos da Embrapa - Situação atual e tendências para a avicultura de corte nos próximos anos - fonte: Por Ademir Francisco Girotto e Marcelo Miele - acesso em 01/11/2004.

Page 63: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

62

6. PERFIL DO CONSUMIDOR

6.1 CULTURA E HÁBITO DE CONSUMO

Embora o consumo de carne de frango seja um hábito consolidado no Brasil,

certamente não se trata de um mercado saturado, até porque o Nordeste ainda não tem

o hábito de consumir carne de frango. Estima-se que um terço da população brasileira

esteja fora do mercado de carnes. Isto significa uma parcela substancial de

consumidores a serem incorporados ao mercado de frangos, decorrente de uma

retomada de crescimento econômico ou de uma melhora na distribuição da renda

doméstica, como pode ser constatado pela análise do Quadro 1. A alta elasticidade

observada quanto ao consumo de carne industrializada e a média elasticidade para o

frango inteiro, entre pessoas com renda até 1 s.m. significa que qualquer melhoria de

renda para estas pessoas refletirá em maior consumo da carne de frango.

http://www.seprotur.ms.gov.br/Seprotur/camarasetorial.htm - ESTUDO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE MATO GROSSO DO SUL AVICULTURA Campo Grande 2003; acesso em 26/10/2005

6.2 PREÇO E CONSUMO

No Brasil, especificamente, o preço é variável fundamental de decisão de compra

por parte do consumidor. Os principais produtos industrializados, que, por possuírem

maior valor agregado, são utilizados pelas empresas mais modernas para atender à

parcela da população com maior poder aquisitivo, são: presuntos, hambúrguer, pastas,

pedaços empanados, salsichas, etc.

(http://www.finep.gov.br/PortalDPP/relatorio_setorial_final/relatorio_setorial_final_impressao.asp?lst_setor=13 RELATÓRIO SETORIAL – FINAL; SETOR: CARNES ;PESQUISADOR: GIULIANA SANTINI DATA: 26/04/2004. acesso em 24/10/2005)

Segundo o BNDES (1995, p.15) em estudos baseados na elasticidade-renda da

demanda para carnes, peixes e ovos, percebe-se que a classe de renda mais baixa -

até 5 salários mínimos tem um consumo restrito para carne bovina de primeira e para

Page 64: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

63

carne industrializada, como se observa no Quadro 1. Tal fato ocorre por ser alta a

elasticidade-renda da demanda para aqueles produtos, significando que o consumo dos

mesmos cresce consideravelmente com a elevação da renda dos que ganham até 5

s.m.. O conceito de elasticidade-renda mostra que os produtos citados têm seu

consumo condicionado ao aumento de renda da população: aumento de renda,

resposta positiva ao consumo; achatamento de renda, restrição ao consumo. Tal

restrição é menor para frango, ovos e carne de segunda, e praticamente nula para

carne de suíno. Na faixa de 5 a 10 s.m. não se verifica restrição significativa ao

consumo de nenhum tipo de carne. De qualquer forma, a carne bovina de primeira e a

carne industrializada são os produtos que apresentariam maior aumento de demanda

com o aumento da renda destas famílias. No terceiro extrato de renda - 10 a 15 s.m. -

não se observa aumento significativo da procura de qualquer tipo de carne, indicando

que as necessidades de consumo se estabilizam a partir de um certo ponto, não

importando quanto se aumente a renda.

Quadro 1 – Elasticidade renda da carne de frango

FONTE: Revista Nacional da Carne NOTA: Quadro citado em BNDES. Avicultura.Brasília, Ago. 1995. Relatório setorial

Page 65: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

64

7. TENDÊNCIAS

O avanço no comércio de aves deverá ser da ordem de 3% ao ano, frente a 16%

alcançados na década de 1990, porém, ele responderá por metade do aumento no

comércio mundial de carnes. Deverá ser mantida também a tendência de substituição

das demais carnes pela de aves, que atingirá 32% do consumo de carnes no mundo

em 2010, frente a 25% no início dos anos 90. Brasil, Tailândia e China estarão se

destacando como os principais vendedores mundiais nos próximos ano, enquanto Ásia

e América Central serão os maiores compradores.

(http://www.anuarios.com.br/port/2005/aves_suinos/versao_pdf_03.php# - mercado pdf )

Para 2005, (figura 10), a UBA, baseada nos investimentos programados pelas

indústrias, no alojamento de matrizes em 2004 e em suas projeções para 2005, assim

como no potencial de produção de pintos e na capacidade de criar e abater, estima um

abate de 4,32 bilhões de aves para atender à previsão de aumento do mercado interno

em 3,5% e das exportações em 10 %. Isso deverá levar a uma produção total de 8,950

milhões de toneladas, 5,4% maior que a de 2004. “Por isso mesmo, faremos todos os

esforços, juntamente com os órgãos governamentais envolvidos em nosso negócio,

para que o frango brasileiro continue sendo cada vez mais reconhecido em seus

diversos atributos e siga ampliando sua presença na mesa dos consumidores mais

exigentes de todas as partes do mundo. Este será nosso maior desafio em 2005”,

enfatiza o presidente da ABEF. O Diretor Executivo da ABEF, Cláudio Martins, explica

que para 2005 a ABEF tem como objetivo atingir um crescimento de até 10% nos

volumes e de 15% na receita cambial. “O mais importante, porém, será manter a inédita

posição de maior exportador mundial em receita e em volumes embarcados. E, para

isso, será necessário ter sempre o foco na importância da sanidade avícola”, ressalta.

Martins lembra os problemas sanitários de 2004 em alguns dos principais países

concorrentes e diz que será preciso redobrar a atenção e, ao lado do Governo Federal,

ampliar os investimentos, como forma de garantir a qualidade e a sanidade do produto

brasileiro. Quanto à abertura de novos mercados em 2005, ele cita como possibilidades

a China, Coréia do Sul, Estados Unidos, México, Malásia e Chile.

Page 66: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

65

Figura 10 - Produção de carne de frango - previsão para 2005.

Obs.: O consumo per-capita foi estimado considerando a população brasileira de 2005

projetada em 184,2 milhões de habitantes. Os números dentro dos círculos indicam a

variação percentual sobre o mesmo período do ano anterior. No volume relativo ao

mercado externo não estão computadas as exportações de industrializados de frango.

Fonte: UBA/ABEF.

(http://www.uba.org.br/ - Relatório Anual 2004/2005 - acessado em 01/11/2005)

Estima-se que os atuais baixos índices de consumo per capita (tanto de frangos

quanto de outras proteínas) irão crescer nos países em desenvolvimento. Confirmando-

se expectativas favoráveis para o crescimento econômico para esta década, o aumento

do consumo de carne de frango deve se concentrar nesses países (Tabela 4). Apesar

de um pouco diferentes, as previsões da OCDE também confirmam essa diferença

entre países, com um crescimento do consumo de carne de aves maior nos países em

desenvolvimento (2,5% a.a.) do que nos países da OCDE (1,7% a.a.).

Page 67: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

66

Tabela 13 - Estimativa de consumo para carne de aves (mil ton).

*Para os EUA a projeção é para até 2013. Fonte: USDA, 2004; para os EUA a fonte é OCDE

Entretanto, o mais importante é que se mantém a tendência de substituição das

demais carnes pela de ave, que atingirá 32% do consumo de carnes no mundo em

2010, frente a 25% no início dos anos 1990 (FAO).

http://www.aviculturaindustrial.com.br/site/dinamica.asp?id=12024&tipo_tabela=produtos&categoria=frango_de_corte - acesso em 21/10/2005 - Estudos da Embrapa - Situação atual e tendências para a avicultura de corte nos próximos anos,

O uso crescente de alimentos industrializados prontos e semiprontos possibilita o

aumento, nos grandes centros urbanos, do segmento de fast-food, permitindo

instalações de centros de alimentação em shopping centers e possibilitando o sistema

de licença franchising, impondo, enfim, um novo estilo de consumo, em que é

privilegiado o uso de alimentações rápidas e de fácil preparo.

http://www.ufrgs.br/pgdr/dissertacoes/ecorural/mecorural_costa_n203.pdf - acesso em 01/11/2005 INTEGRAÇÃO REGIONAL E SEUS EFEITOS SOBRE AS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE CARNE AVÍCOLA-Dissertação submetida como requisito parcial para obtenção do Titulo de Mestre em Economia Rural - UFRGS. Thelmo Vergara De Almeida Martins Costa. Porto Alegre, abril de 1999

Page 68: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

67

O crescimento na produção de carne de aves é acompanhado por uma maior

diversificação de produtos, com maior elaboração de itens de conveniência, praticidade

e valor agregado, em detrimento da comercialização de carcaças inteiras e/ou cortes.

Esta tendência ocorre em razão da mudança de hábitos da população, já que a

praticidade, conveniência, qualidade nutritiva e segurança alimentar, com preços

acessíveis, são condições básicas para os negócios na área da alimentação. Sob este

aspecto, a carne de frango tem vantagens, pois além de apresentar as referidas

características, não sofre restrições religiosas e culturais.

http://www.dipemar.com.br/carne/331/materia_artigo_carne.htm - Atualidades na qualidade da carne de

aves- Rubison Olivo; acesso em 25/10/2005

Page 69: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

68

8. AGENTE VAREJISTA

O sistema de distribuição de frango e derivados consiste de unidades atacadistas

e de unidades de comércio varejista. Devido à perecibilidade do produto, as unidades

atacadistas são controladas pela firma proprietária do frigorífico/abatedouro, via

integração ou concessão de franquias. Sua estrutura consiste de filiais nos principais

centros consumidores, com câmaras frias, frota de veículos para distribuição local e

equipe de vendedores. Já as unidades de comércio varejista são independentes.

Geralmente, o fluxo de produtos se dá diretamente dos abatedouros para grandes

estabelecimentos de varejo, ou, no caso de exportação, diretamente para os navios

com containers fechados e inspecionados no próprio abatedouro.

(http://www.finep.gov.br/PortalDPP/relatorio_setorial_final/relatorio_setorial_final_impressao.asp?lst_setor=13 RELATÓRIO SETORIAL – FINAL; SETOR: CARNES ;PESQUISADOR: GIULIANA SANTINI DATA: 26/04/2004. acesso em 24/10/2005)

Na distribuição varejista dos produtos avícolas, a importância dos

supermercados é crescente, constituindo-se no terceiro elo forte da cadeia produtiva do

frango. Tal comportamento ocorre porque os supermercados negociam com as

agroindústrias em posição de força, exigindo prazos de pagamentos longos e

escolhendo fornecedores que ofereçam bons preços. O mesmo comportamento não é

observado quando se trata de grandes frigoríficos, que têm marcas conhecidas do

público, como a Sadia, por exemplo. As condições de pagamento oferecidas pelos

frigoríficos aos pequenos varejistas, especialmente no que se refere a prazos de

pagamento, são menos vantajosas que as oferecidas aos supermercados. Segundo

SPROESSER (1995, p.34), o mercado do varejo de alimentos brasileiro é dominado por

grupos de grandes empresas modernas, regionalmente estabelecidos, coexistindo com

pequenas firmas de cunho tradicional que participam modestamente deste mercado,

ocupando espaços marginais e/ou menosprezados, pelo segmento moderno do setor.

Adicionalmente, observa-se nos veículos de comunicação a propaganda das

qualidades e vantagens oferecidas por determinadas empresas do setor. Tais

características – grupo dominante, diferenciação de produto e coexistência com firmas

marginais - são coerentes com as hipóteses associadas ao modelo teórico de

Page 70: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

69

oligopólio. A negociação com as grandes redes de supermercados não é divulgada.

Informalmente é dito que a barganha, junto aos frigoríficos menores, muitas vezes

passa pela ameaça de “não compra” por períodos de 6 meses ou mais, caso a

reivindicação do comprador não seja atendida. Desta forma, conclui-se que, o poder do

distribuidor de estabelecer preços e margens de lucro é uma realidade concreta.

http://www.sefaz.ms.gov.br/cadeias/arquivos/01_avicultura.pdf - ESTUDO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE MATO GROSSO DO SUL: AVICULTURA - 2003 - Mara Huebra de Oliveira Gordin Me., UNAES - Prof. Ido Luiz Michels Dr., UFMS. Acesso em 2/11/2005.

E, por fim, encontra-se o consumidor final, que, pela mudança de seus hábitos

de consumo, determina as condições de demanda.

http://www.ufrgs.br/pgdr/dissertacoes/ecorural/mecorural_costa_n203.pdf - acesso em 01/11/2005 INTEGRAÇÃO REGIONAL E SEUS EFEITOS SOBRE AS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE CARNE AVÍCOLA-Dissertação submetida como requisito parcial para obtenção do Titulo de Mestre em Economia Rural - UFRGS. Thelmo Vergara De Almeida Martins Costa. Porto Alegre, abril de 1999.

Page 71: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

70

9. O AMBIENTE INSTITUCIONAL

Considera-se como ambiente institucional o conjunto de normas, leis,

regulamentos, organizações de suporte e mecanismos de políticas públicas que afetam

as condições em que se desempenham as atividades de uma cadeia produtiva. A

seguir serão apresentados elementos do ambiente institucional que exercem influência

na cadeia produtiva de frango de corte.

No ambiente institucional estão presentes:

a) Ministério da Saúde, através da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância

Sanitária) que tem a finalidade institucional de promover a proteção da saúde da

população por intermédio do controle sanitário da produção e da comercialização de

produtos e de serviços submetidos à vigilância sanitária, inclusive dos ambientes,

dos processos, dos insumos e das tecnologias a eles relacionados.

b) Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, através do

INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial)

que faz a fiscalização de pesos e de medidas.

c) Ministério do Meio Ambiente, através do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio

Ambiente e Recursos Naturais) que faz a fiscalização do uso dos recursos

naturais,como lenha, etc....

d) Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão através do IBGE (Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística) que realiza levantamentos estatísticos,

provendo dados e informações a respeito da cadeia produtiva.

e) Ministério da Fazenda através da Secretaria da Receita Federal, que executa a

cobrança dos impostos federais.

f) Ministério da Agricultura, através da EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuária), atua na região executando pesquisa sobre insumos, matéria-prima,

produção.

g) Secretaria Estadual da Fazenda, faz a cobrança dos impostos estaduais.

Page 72: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

71

h) Secretaria Estadual da Saúde, faz a fiscalização sanitária nas indústrias.

i) Secretaria Estadual do Meio Ambiente – DEFAP – SEMA – Que fiscaliza as

questões ambientais tanto na produção rural como nas agroindústrias.

Page 73: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

72

10. PESQUISA

As pesquisas estão voltadas a eventuais casos de micoplasma, salmonela,

dermatites e outros fatores que geram condenação de carcaça nos frigoríficos. Dentre

os desafios da pesquisa para 2005, há um projeto, recém-aprovado, para estudo de

epidemiologia molecular com o vírus da influenza aviária. Este programa, pela sua

importância, é um grande passo a ser empreendido pelos pesquisadores brasileiros. O

trabalho buscará identificar o comportamento do vírus para, em caso de eventual

incidência, haver procedimentos definidos de combate. A medida agrega confiabilidade,

pois o País demonstra que, mesmo sem a ocorrência da doença, toma medidas

preventivas com muita seriedade.

(http://www.anuarios.com.br/port/2005/aves_suinos/versao_pdf_03.php# - aves - pesquisa - pdf)

Na questão sanitária, a rastreabilidade do produto é ponto fundamental para

aquisição de mercados e da confiança dos compradores internacionais. Americanos e

europeus detém competências em áreas que o Brasil ainda é vulnerável, caso das

tecnologias relacionadas ao processo e a embalagem do produto, e também as

biotecnologias ligadas às esferas do material genético, sanidade e na criação do

animal. Nos países desenvolvidos, os órgãos governamentais e as instituições de

pesquisa possuem relativa importância no desenvolvimento do setor, realizando

pesquisas nos diferentes elos.

Em relação ao desenvolvimento de novos produtos, as empresas pesquisadas

mostraram-se dinâmicas. A diferença entre as empresas é elevada em virtude dos tipos

variados de produtos lançados e os processos envoltos na confecção e lançamento

destes produtos, que envolveram desde um simples corte diferenciado até um produto

processado, cozido, embalado a vácuo, etc., visando atender as mais variadas

demandas.

http://www.finep.gov.br/PortalDPP/relatorio_setorial_final/relatorio_setorial_final_impressao.asp?lst_setor=13 RELATÓRIO SETORIAL – FINAL; SETOR: CARNES ;PESQUISADOR: GIULIANA SANTINI DATA: 26/04/2004. acesso em 24/10/2005

Page 74: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

73

11. FISCALIZAÇÃO – QUALIDADE

As empresas mencionaram que um produto de qualidade (e a competitividade) é

resultado dos sistemas e práticas de manejo encontrados nas etapas pré-abate e as

tecnologias utilizadas no abate e no pós-abate. No processo industrial existem

máquinas e equipamentos que trazem um diferencial competitivo, principalmente aos

processos relacionados aos cortes automáticos, desossa automática, sistemas de

ingestão de carnes, tambleamento (maciez) e sistemas de maturação. No processo

industrial o setor basicamente tomador de inovações. As mudanças tecnológicas

ocorridas nos processos de produção de cortes, industrializados, entre outros produtos,

não são de caráter exclusivo, dependem de recursos para a compra e ajuste de

equipamentos.

http://www.finep.gov.br/PortalDPP/relatorio_setorial_final/relatorio_setorial_final_impressao.asp?lst_setor

=25 - RELATÓRIO SETORIAL – FINAL; SETOR: CARNES ;PESQUISADOR: GIULIANA SANTINI DATA:

26/04/2004. acesso em 04/11/2005.

A legislação sanitária pertinente ao sistema agroindustrial avícola segue o

Sistema APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle). O sistema de

avaliação de perigos e pontos críticos de controle é amplamente disseminado na cadeia

produtiva. Todas as empresas com sistema de inspeção sanitária federal adotam esse

instrumento de controle de qualidade, que é apontado como favorável para a garantia

da competitividade da cadeia, por permitir a construção de uma imagem de segurança

alimentar, principalmente para as empresas exportadoras; sendo este, um pré-requisito

para ter acesso aos mercados externos. A inspeção é um fator de credibilidade para a

indústria de aves, pois certifica que o produto destinado ao mercado interno e externo

atende às exigências sanitárias. A coordenação dos agentes econômicos em uma

estrutura de governança, como a de aves, caracterizada por mecanismos de

integração, tem sido fator de desenvolvimento de instituições de inspeção.

O abate formal de animais é regido por legislação sanitária específica e possui

três níveis de inspeção e fiscalização: federal, exercida pelo Serviço de Inspeção

Page 75: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

74

Federal (SIF); estadual, por intermédio do Serviço de Inspeção Estadual (SIP); e

municipal, por meio do Serviço de Inspeção Municipal (SIM). Esta divisão de trabalho

encontra-se estabelecida em lei. Os estabelecimentos sob controle federal podem

realizar o comércio nacional e internacional de sua produção; os da esfera estadual têm

sua atuação restrita ao âmbito do estado e os da esfera municipal estão circunscritos às

respectivas divisas municipais.

A Portaria 304, editada em abril de 1996, estabelece que toda a carne vendida

pelos frigoríficos seja resfriada (até 7 graus centígrados no centro da musculatura da

peça) e embalada. Nesta embalagem deve constar, no mínimo, a designação da origem

do animal, a marca do frigorífico, o prazo de validade, e o telefone para contatos.

http://www.finep.gov.br/PortalDPP/relatorio_setorial_final/relatorio_setorial_final_impressao.asp?lst_setor=13 RELATÓRIO SETORIAL – FINAL; SETOR: CARNES ;PESQUISADOR: GIULIANA SANTINI DATA: 26/04/2004. acesso em 24/10/2005.

Um dos pontos de risco discutido internacionalmente, de acordo com a

pesquisadora Jalusa Deon Kich, da Embrapa Suínos e Aves são o estresse decorrente

do transporte dos animais até o abatedouro. “Eles chegam excretando salmonela e,

neste momento, deixam de ser apenas portadores da bactéria para tornarem-se

excretores, ampliando a infecção”, salienta. Daí, a importância de realizar o controle

antes da fase de transporte dos animais para o abate. “A porta de entrada da salmonela

nos frigoríficos é o ingresso de animais infectados”, confirma. A presença de salmonela

nos produtos é causada pela contaminação cruzada de carcaças, em razão do

rompimento de vísceras na linha de abate, bem como pela introdução de linfonodos e

amígdalas contaminadas. Atualmente, a fase de terminação é o alvo de estudo dos

fatores de risco, mas as conclusões demonstram que há necessidade de estudar as

fases iniciais da produção.

(http://www.anuarios.com.br/port/2005/aves_suinos/versao_pdf_03.php# - aves - segurança - pdf)

Page 76: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

75

A INSPEÇÃO SANITÁRIA DAS AGROINDÚSTRIAS FAMILIARES

Para ter credibilidade na venda, um dos pontos mais importantes quando se fala

de agroindústria de origem animal é a inspeção sanitária. As agroindústrias

convencionais, de grande e médio porte possuem fiscalização do SIF – Sistema de

Inspeção Federal ou Sistema de Inspeção Estadual – SISPOA no Rio Grande do Sul –.

Já a grande maioria das agroindústrias familiares optam pelo SIM – Serviço de

Inspeção Municipal. Esta opção é muito ligada à exigências em termos de estrutura

feita pelos sistemas de inspeção estaduais ou federal, que para adaptação exigem altos

investimentos, inviáveis para indústrias de pequena escala. A grande burocracia e

morosidade para cadastramento, tanto das agroindústrias, produtos e rótulos também

constituem elementos impeditivos para que a agricultura familiar usufrua desses

serviços.

O cadastramento das agroindústrias familiares junto ao SIM é mais simples,

menos moroso e menos exigente. Porém, existem fatores limitantes neste sistema de

inspeção. O primeiro é que muitos municípios não tem o Sistema Municipal de Inspeção

instalado. Na Região do Alto Uruguai apenas14 dos 32 municípios tem o sistema de

inspeção instalado e destes apenas 6 estão funcionando, mesmo que de forma

precária. Além das questões de organização citados, o SIM tem o limitante de validar a

inspeção apenas para o território do município, limitando muito a comercialização dos

produtos.

O SUASA Sistema Unificado de Inspeção, que recentemente entrou em vigor é

uma grande alternativa para as agroindústrias familiares. Porém, para que realmente

venha a se concretizar é necessário que os municípios façam a sua parte e, além de

aderirem ao programa, garantam a infraestrutura e os recursos humanos para que o

sistema, além de devidamente instalado e com as condições necessárias, tenha de fato

apoio para funcionar de forma eficiente e eficaz.

O sistema de consórcios que vem sendo proposto no Alto Uruguai aparece como

uma boa alternativa para instalação do SUASA na região, inclusive com apoio dos

técnicos do MAPA responsáveis pelo funcionamento do programa.

Page 77: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

76

12. GESTÃO AMBIENTAL

Os abatedouros de frango, quando da sua instalação nos diversos municípios,

devem se adequar à legislação municipal que trata do meio ambiente, Sistema de

Licenciamento Ambiental - SILAN. Na inexistência de órgãos municipais que cuidam do

assunto, os abatedouros devem seguir a orientação da Secretaria de Meio Ambiente,

Cultura e Turismo, para que possam ter a sua Licença Estadual expedida. Tanto os

aviários como os frigoríficos, em municípios que possuem a Lei de Ordenamento do

Uso e Ocupação do Solo, necessitam de licenças especiais, para obter a instalação do

empreendimento. Considerados como “potencial poluidor baixo”, os resíduos industriais,

vísceras, sangue, pena e água usada na lavagem durante o processo industrial, tem

parte aproveitada na fabricação da ração. O segundo nível do resíduo destina-se às

lagoas de decantação, que recebem tratamento adequado de despoluição dos detritos,

já que a destinação final destes resíduos e efluentes líquidos precisa de tratamento

antes de ser lançada a céu aberto.

As empresas que exportam seus produtos para países da Europa, seguem

normas internacionais, muitas vezes mais rígidas que as exigidas pelas leis brasileiras,

dependendo de legislação específica de cada país.

Observa-se que os dejetos dos frangos, quando estão nos aviários, são

considerados elementos de adubação, não havendo, portanto, problemas na sua

destinação, desde que fiscalizados pelos órgãos competentes. Muitas vezes são

considerados como uma forma de complementação de renda vendida pelo integrado,

quando este proprietário não possui lavouras para aproveitamento deste adubo.

http://www.sefaz.ms.gov.br/cadeias/arquivos/01_avicultura.pdf - ESTUDO DAS CADEIAS PRODUTIVAS

DE MATO GROSSO DO SUL: AVICULTURA - 2003 - Mara Huebra de Oliveira Gordin Me., UNAES -

Prof. Ido Luiz Michels Dr., UFMS. Acesso em 2/11/2005.

Page 78: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

77

13. AMBIENTE ORGANIZACIONAL

Diversas associações estão aglutinadas em torno da União Brasileira de

Avicultura (UBA), que representa o setor.

A UBA é a entidade que fala em nome da avicultura nacional junto ao governo

federal, ao Congresso Nacional e ao Poder Judiciário. O principal foco de sua atuação é

a busca da sanidade, da qualidade e de uma legislação que assegure o pleno e

contínuo desenvolvimento do setor.

Estão agrupadas em torno da UBA a Associação Brasileira dos Produtores e

Exportadores de Carne de Frango (Abef), a Associação Brasileira dos Produtores d

ePintos de Corte (Apinco), a Fundação Apinco de Ciência e Tecnologia Avícola (Facta)

e a Associação dos Criadores de Avestruz do Brasil (Acab). Além disso, estão ligadas à

entidade todas as associações estaduais, as associações setoriais, as granjas de

multiplicação genética, as empresas produtoras de frango de corte e de ovos, os

frigoríficos, os produtores de perus, os fornecedores de insumos e as prestadoras de

serviços.

(http://www.anuarios.com.br/port/2005/aves_suinos/versao_pdf_03.php# - aves - organização - pdf)

As associações de produtores e das indústrias são exemplos de organizações

que trabalham fornecendo informações relacionadas ao setor, principalmente através

de sites da Internet. Alguns exemplos de associações seriam:

Sindicato da Indústria do Frio, no Estado de São Paulo (Sindifrio);

Associação Brasileira da Indústria Frigorífica (ABIF);

Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC);

Associação Paulista de Avicultura (APA);

União Brasileira de Avicultura (UBA).

As empresas de consultoria Safras & Mercado e FNP Consultoria e Comércio

são muito importantes na captação de informações relacionadas ao mercado. Os sites

das empresas apresentam também muitas informações de fundamental relevância na

busca inicial de dados secundários. Muitos deles apresentam relatórios anuais e

Page 79: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

78

resultados financeiros da empresa por determinados períodos. No setor de carnes, as

empresas de aves e suínos são as que apresentam sites com um maior detalhamento

de informações.

http://www.finep.gov.br/PortalDPP/relatorio_setorial_final/relatorio_setorial_final_impressao.asp?lst_setor=13 - RELATÓRIO SETORIAL – FINAL; SETOR: CARNES ;PESQUISADOR: GIULIANA SANTINI DATA: 26/04/2004. acesso em 24/10/2005

Também podem ser fornecidas informações do setor pela Associação Gaúcha de

Avicultura (www.asgav.com.br), Associação Mineira de Avicultura (www.avimig.com.br),

Sindicato e Associação dos Abatedouros e Produtores Avícolas do Paraná

(www.sindiavipar.com.br)] possuem publicações mensais que trazem indicadores

numéricos do desempenho do setor. A principal instituição representativa é a

Associação Brasileira de Exportadores de Frango (ABEF), que fornece através de seus

anuários, dados de produção e exportação do setor. Ademais, os boletins da instituição

acompanham o desenvolvimento do setor semanalmente. Informações sobre

fornecedores de insumos e trabalhos de caráter técnico podem ser obtidos com o

acesso à página eletrônica (www.abef.com.br). O Centro Nacional de Pesquisa em

Suínos e Aves - CNPSA (Embrapa) é referência no desenvolvimento tecnológico para o

setor. Vários estudos e publicações técnicas importantes foram e estão sendo

realizados por esta instituição (www.cnpsa.embrapa.br).

http://www.finep.gov.br/PortalDPP/relatorio_setorial_final/relatorio_setorial_final_impressao.asp?lst_setor=25 - RELATÓRIO SETORIAL – FINAL; SETOR: CARNE DE AVES PESQUISADOR: ORLANDO MARTINELLI E JOÃO MARCOS DE SOUZA DATA: 19/08/2005 ; acesso em 24/10/2005

Page 80: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

79

14. FLUXOGRAMA DA CADEIA PRODUTIVA GENÉRICA

A avicultura comercial constitui-se num dos principais complexos agroindustriais,

em que se encontram dois elementos importantes, os grandes grupos agroalimentares

e o universo de produtores avícolas integrados. Os grupos agroalimentares realizam

estratégias intersetoriais em três direções principais:

- na direção da pesquisa, visando dominar a genética de aves.

- na internalização de algumas atividades antes externas aos grupos agroalimentares

(Ex.: Rações).

- no sistema de integração propriamente dito(Mior,1982).

Para Kageyama (1990), o complexo avícola (milho-ração-aves-frigorífico) constitui-se

num dos mais modernos e industrializados do setor agrícola brasileiro, sendo um

exemplo de complexo agroindustrial completo, formado pelo tripé: indústria a montante,

produção agropecuária e indústria a jusante. Para a autora, em razão de soldagens

específicas da atividade agrícola “para frente” e “para trás”, a dinâmica do complexo

não pode ser vista unicamente isolando o produto agrícola, pois o conjunto integrado de

atividades tem ritmo próprio e uma combinação de estratégias de crescimento.

http://www.ufrgs.br/pgdr/dissertacoes/ecorural/mecorural_costa_n203.pdf - INTEGRAÇÃO REGIONAL E

SEUS EFEITOS SOBRE AS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE CARNE AVÍCOLA - Thelmo Vergara

De Almeida Martins Costa - acessado em 01/11/2005

A cadeia de produção de aves, para fins de análise , é representada pela Figura

11.

Page 81: ESTUDO DE CADEIA ALTO URUGUAI

80

Figura 11 - Fluxograma da cadeia produtiva de frango de corte.

Em anexo está apresentado a tabela resumo das ações prioritárias e

investimentos a serem realizadas no território, baseada no debate realizado com os

entes regionais.

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ANEXO I - Resumo das informações necessárias ao Plano Territorial de Cadeias

de Produção Cooperativa - AU

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Tabela – Resumo das informações necessárias ao Plano Territorial de Cadeias de Produção Cooperativa - AU

Subespaços Atividades Políticas Públicas de custeio e investimento

ATER/ATES Formas de Gestão Comercialização

UFPs – Unidades Familiares de Produção

Ater para produtores de frango e biodiesel

Pronaf mais alimentos. ATER

R$ 100.000,00 Criação da Rede de ATER Cooperativa

Sutraf/AU e Coopervita

Comunidades rurais e áreas coletivas dos assentamentos

Grupos de produção de frango propriedades referências p/ dias de campo sobre produção de frango e biodiesel

Pronaf mais alimentos. ATER

R$ 150.000,00 ATER grupal, programas de apoio a gestão da produção leiteira

Via cooperativas da Agricultura Familiar

Pequenas cidades Agroindústrias damiliares cooperativas – São Valentim, Tapejara e Aratiba

PRONAT, Pronaf Agroindústria. R$ 900.000,00

Formação na área de industrialização e BPF R$ 150.000,00

Via Cooperativas da Agricultura Familiar

Via cooperativas da Agricultura Familiar

Espaços intermunicipais Todas as demais atividades porque são feitas no território ou envolvem mais de um município

R$ 2.500.000,00 Pronat, Pronaf agroindústria e Pronaf mais alimentos Fábricas de ração micro-regionais R$ 900.000,00

R$ 1.000.000,00 Através da rede de cooperativas da Agricultura familiar do AU

Via cooperativas da Agricultura Familiar

Cidades-polo Central de Comercialização - Erechim

R$ 1.500.000,00 – Pronaf agroindústria, Pronat

R$ 300.000,00 Via Base de Serviços Regional e/ou Central de Comercialização

Via cooperativas da Agricultura Familiar e Central de Comercialização

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TABELA – CUSTO DE PRODUÇÃO E RENDIMENTO DE CAMPO

LOTE DE 100 FRANGOS LABEL ROUGE MONITORADOS Preço de venda Totais Produção de carne 200,00 Kg 3,40 680,00 Consumo de ração 100,00 Ave

s

Media peso vivo 2,00 Kg

Período 83,00 Dias CUSTO VARIÁVEL

Consumo de milho 429,00 Kg 0,28 121,55 Farelo de soja 198,00 Kg 0,60 118,80 Farelo de trigo 30,00 Kg 0,23 7,00 Núcleo 50,00 Kg 2,08 104,00 Total 707,00 Pintos 100,00 Unid 1,00 100,00

CUSTO VARIÁVEL TOTAL 451,35 Margem bruta 228,65 Margem bruta/ ave 2,29 Consumo de ração 707,00 Conversão ração/carne 3,54 Consumo de ração por ave (kg) 7,07 % de perdas (vísceras) 15,97 FORMULAÇÃO DA RAÇÃO % Milho 60,68 % Farelo de soja 28,01 % Farelo de trigo 4,24 % Núcleo 7,07 Total 100%

Estudo de caso produtor de São Valentin – RS, sistematizado por

Eng.Agrônomo Loitamar de Almeida,2006

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Gráfico - Ganho de peso x dia

Estudo de caso produtor de São Valentin – RS, sistematizado por

Eng.Agrônomo Loitamar de Almeida,2006