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223 ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN 2359-0645
ESTUDO DE VIABILIDADE PARA PRODUÇÃO DE BIODIESEL A PARTIR DO USO DE MICROALGAS
AROCA, ALEXANDRE1; SANTOS, KLEBER T.¹; CASERTA, RODRIGO¹; BRUDER, EDSON MARCELO2
Área de Conhecimento: BIOENERGIA Subáreas: FONTES RENOVÁVEIS
RESUMO: Com o crescimento da população mundial e a dependência mundial do petróleo, alto poluidor ambiental e não renovável, existe a necessidade do surgimento de novas tecnologia de produção e principalmente uso alternativo de matérias primas para a cadeia bioenergética. Diante desse cenário o objetivo foi apresentar a viabilidade da produção de biodiesel através de microalgas, por práticas ecologicamente corretas, para obter as informações sobre a produção e tecnologias utilizadas para a produção de biodiesel de microalgas, foram utilizadas técnicas de pesquisa descritiva e exploratória, a partir de levantamentos bibliográficos, artigos impressos em jornais, revistas, artigos da internet, sites, monografias, livros.Além de coloborar com novas ideias de aplicação, para uso deste produto, possibilitará entender se há viabilidade em seu uso, abordando suas principais característica de potencial energético: Levantar a viabilidade econômica da microalga para produção de biodiesel; mapear as tipologias das microalgas e seu potencial para extração de biodiesel; caracterizar as tecnologias para produção de biodiesel a partir de microalgas; levantar meios de cultivos. Palavras-chaves: Microalgas; Biodiesel; Fonte renovável.
ABSTRACT: With the growth of the world population and global dependence on oil, high polluting non-renewable, there is the need of the emergence of new production technologies and alternative raw materials mainly use to jail bioenergetics. In this scenario the objective was to present the feasibility of biodiesel production by microalgae, ecologically correct practices, to obtain information on production and technologies used for the production of biodiesel from microalgae were used descriptive and exploratory research techniques, from bibliographic surveys, articles
1 Alunos do Curso de Graduação em Tecnologia da Bioenergia ,FACULDADE ORÍGENES LESSA (FACOL), e-mail: [email protected];[email protected]; [email protected]. 2 Orientador,[email protected]
224 ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN 2359-0645 printed in newspapers, magazines, internet sites, articles, monographs, books. In addition to collaborate with new ideas, for use of this product, will understand if there's viability in its use, addressing its main features of energy potential. Raise the economic viability of microalgae for biodiesel production; map the types of microalgae and their potential for biodiesel extraction; characterize the technologies for the production of biodiesel from microalgae; raise means of crops. Keywords: Microalgae; biodiesel; renewable source.
1. INTRODUÇÃO
O Petróleo por ser um produto não renovável, alto poluidor ambiental
torna-se um dos fatores que causam preocupação na sociedade mundial, impondo a
necessidade de buscar fontes alternativas de combustíveis. Existe a necessidade de
fontes alternativas de energia e de práticas ecologicamente corretas, assim os
biocombustíveis surgem como uma opção que se ajusta ao desenvolvimento
sustentável1. A necessidade e os compromissos de redução das emissões de gases
efeito estufa, firmados em 1997 em Kyoto, no Japão, abriram espaço para uma
corrida tecnológica em busca do desenvolvimento de tecnologias para fontes de
energias renováveis e limpas2.
As microalgas são organismos fotossintéticos procariontes
(cianobactérias) ou eucariontes (algas verdes) que crescem rapidamente e vivem em
condições adversas do meio ambiente devido sua estrutura, presentes não apenas
em ambientes aquáticos, mas também terrestres1.
O biocombustível de microalgas vem despontando como uma alternativa
energética, pois apresentam características renováveis, as microalgas têm grande
produtividade e contribui para diminuição do efeito estufa3. Diversos experimentos
comprovam seu potencial no que diz respeito a produtividade em biomassa e teor de
óleo, independente do uso energético2.
Estima-se que atualmente 80% da produção de biodiesel no país tem
origem do óleo de soja, o qual estes 80% representam 10% de toda a produção
nacional do grão, o que querendo ou não atrapalha significativamente a exportação
do produto alimentício4. O problema básico e que culturas como a soja e o milho
estão bem posicionadas no mercado alimentício, atualmentesão utilizados para
225 ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN 2359-0645 produção de biocombustíveis, uma fonte energética que está se destacando no
mercado mundial4.
1.1. Objetivos Gerais
O objetivo foianalisar o uso de microalgas para produção de biodiesel e a
viabilidade do processo utilizando artigos de revisão bibliográfica.
Além de coloborar com novas formas de aplicação, para uso deste
produto, possibilitou entender se há viabilidade em seu uso, abordando suas
principais características de potencial energético.
a)Foi analisada a viabilidade econômica da microalga para produção de
biodiesel;
b) Mapeamento das espécies de microalgas e seu potencial para extração
de biodiesel;
c)A caracterização das tecnologias para produção de biodiesel a partir de
microalgas;
d) Levantamento dos meios de cultivos.
1.2. Justificativa
O Brasil é responsável pela emissão de 1,70 bilhões de toneladas de
dióxido de carbono (CO2) por ano e o setor de transportes responde por 9% destas
emissões5. Deste total 88,31% devem-se aos transportes rodoviários e 32,5 milhões
de toneladas são produzidas pelos veículos leves.O CO2 é considerado o
principalresponsável pelo efeito estufa6. Sendo que sozinho corresponde por cerca
de 64% do mesmo, quando considerados todos os gases de efeito estufa7.
A redução de emissões proporcionada, pelo uso de biodiesel, contribui
para que o Brasil atinja sua meta de redução de emissões nacionais de GEE (gases
de efeito estufa), em 36,1% a 38,9% até 2020, compromisso voluntário firmado em
2009, durante a Conferência do Clima8.
A utilização de 7% de biodiesel em todo o diesel terrestre comercializado
no Brasil, vigente desde novembro de 2014, significa 7,3 milhões de toneladas de
emissões de CO2eq (é uma medida internacionalmente aceita, que expressa a
226 ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN 2359-0645 quantidade de gases de efeito estufa) evitadas ao ano8. Com o B20 (mistura de 20%
de biodiesel com 80% de diesel de petróleo), metropolitano, cerca de 577,2 mil
toneladas a mais deixariam de ser emitidas, o equivalente à plantação de 3,6
milhões de árvores8. Pesquisas já evidenciaram as potencialidades de microalgas na
produção de biocombustível por se tratar de umaprática socioeconômica
promissora9.
Diante desse cenário o objetivo foi apresentar a viabilidade da produção
de biodiesel através de microalgas, por práticas ecologicamente corretas.
2. Metodologia
Para obter as informações sobre a produção e tecnologias utilizadas para
a produção de biodiesel de microalgas foram utilizadas técnicas de pesquisa
descritiva e exploratória, a partir de levantamentos bibliográficos, artigos impressos
em jornais, revistas, artigos da internet, sites, monografias e livros.
3. Desenvolvimento
A utilização dos recursos energéticos é vital para as atuais necessidades
humanas, pois à medida que as sociedades humanas evoluem, o consumo de
energia aumenta, as fontes de energia podem ser classificadas conforme a
capacidade natural de reposição de seus recursos. Existem, as chamadas fontes
renováveis como o próprio nome indica, são aquelas que possuem a capacidade de
serem repostas naturalmente e com seu uso sustentado não provocar danos ao meio ambiente, como exemplo, a energia eólica, energiasolar,energia hidrelétrica, biomassa, energia das marés e as fontes não renováveis são
aquelas que poderão esgotar-se em um futuro relativamente próximo,exemplo os
combustíveis fosseis10.
Os meios de transporte, comunicação, além das residências, indústrias,
comércio, agricultura e vários campos da sociedade, dependem totalmente da
disponibilidade de energia, tanto a eletricidade quanto os combustíveis. Portanto,
com o crescimento socioeconômico de diversos países, a cada ano a procura por
227 ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN 2359-0645 recursos para a geração de energia aumenta, elevando também o caráter
estratégico e asdisputas internacionais em busca de muitos desses recursos10.
Nesse cenário de busca por fontes alternativas para fins energéticos,
cita-se as microalgas,que apresentamuma série de vantagens como: o potencial de
produção de óleo de 7 a 30 vezes superior ao das oleaginosas típicas, como
girassol, mamona, palma e soja; possibilidade de produção contínua, sem período
de plantio e entressafra; e, por fim, taxa de sequestro de carbono muito superior à
dos vegetais terrestres11.
3.1. Microalgas
As microalgas são conhecidas como uma das mais antigas formas de
vida do planeta, definindo-se como organismos microscópicos fotossintetizantes que
crescem rapidamente e em diferentes condições ambientais a sua estrutura celular
simples1. Em relação a sua forma de vida são descritas como organismos autótrofos
de habitat aquático microscópicas (unicelulares ou multicelulares), que constituem
os sintetizadores primários de matéria orgânica através da fotossíntese, que são
capazes de acumular óleos durante seu metabolismo12. As microalgas com maior
importância,para o cultivo massivo, com propósito aprodução de biodiesel são as
algas unicelulares, devido a sua alta produtividade e facilidade de operação13. Como
características possuem eficiência fotossintética e taxa de crescimento superior aos
vegetais terrestres, por esta razão, nos últimos anos discute-se a possibilidade de
utilizaro potencial das microalgas para produção em massa de biocombustíveis14. O
teor médio de lipídeos está entre 20a50%, em peso seco das células15.
As microalgas são capazes de obter energia da luz (sol) e o carbono do
CO2 presente no ar e converter em forma líquida de energia de alta densidade (óleos
naturais), necessita de três componentes para seu crescimento: luz solar, dióxido
carbono (CO2) e agua16. As microalgas, em sua diversidade, são organismos muito
flexíveis quanto ao habitat, sendo encontradas tanto em ambientes úmidos
terrestres, quanto em ambientes aquáticos de água doce, salobra e salgada, esta
capacidade proporciona vantagens consideráveis em comparação com os cultivos
convencionais utilizados para a produção de biodiesel, com potencial de minimizar o
uso e os impactos ambientais adversos nos recursos naturais solo e água17.
228 ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN 2359-0645
3.2 SISTEMAS CULTIVO MICROALGAS
3.1.1. Sistema Aberto (Lagoas Raceway)
O método de sistema aberto (lagoa Raceway) é utilizado desde 1950 e,
portanto, tem-se um vasto conhecimento sobre sua operação e projeto18. Os
tanques podem ser construídos e explorados a baixos custos e, portanto, oferecem
muitas vantagens, desde que sejam utilizadas espécies adequadas para este tipo de
cultivo1. Inicia-se o cultivo com uma espécie inoculada no tanque, mas ao longo do
tempo espécies indesejáveis são inevitavelmente introduzidas e podem reduzir
severamente o rendimento e até mesmo superar as espécies inoculadas. A inserção
de um concorrente indesejávelqueestabelece residência no tanque, torna-se
extremamente difícil erradicá-lo19. No entanto, um cultivo sustentável e confiável de
uma única espécie, em sistemas abertos, pode ser incentivado através do cultivo de
espécies extremas, que toleram condições extremas de temperatura, pH ou
salinidade20.
3.1.2. Sistema Fechado (fotobiorreatores)
Os sistemas fechados são comumente denominados fotobiorreatores e
geralmente são utilizados para produção em larga escala, gerando produtos de alto
valor comercial19. Os fotobiorreatores fechados apresentam as vantagens,por
possuir a limitação das paredes do reator, de evitar contato com ar
atmosférico externo, permitindo melhor controle sobre as condições de cultivo
(pH, temperatura, agitação e concentração de gás carbônico (CO2), menor
evaporação de água para o meio externo, redução das perdas de gás
carbônico (CO2), possibilidade de cultivos com concentração celular e
produtividade maiores e evitar a incidência direta da luz no cultivo,
amenizando a intensidade dos primeiros raios que atravessam as paredes
transparentes do reator 21.
A vantagem comparativa destes sistemas em relação aos sistemas
abertos é a obtenção de maiores produtividades de biomassa de microalgas, bem
229 ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN 2359-0645 como a possibilidade de controle das condições de cultivo22. Contudo, os custos de
implementação e de operação destes sistemas são superiores aos dos tanques23.
3.2.2.3. Sistemas Combinados Lagoa/Fotobiorreatores (Híbrido)
Consiste em um sistema de produção de dois estágios (Fotobiorreator e
Lagoa Aberta) foi utilizado com sucesso para produção de óleo e de Astaxantina, um
forte antioxidante, a partir de algas Hematococcus Pluvialis24. Na primeira etapa, no
fotobioreator, são mantidas as condições requeridas para divisão das células. Já na
segunda etapa, na lagoa, as células são expostas a limitação de nutrientes, o que
intensifica a síntese do óleo e da astaxantina. Esses sistemas foram idealizados com
intuito de superar e maximizar as vantagens e minimizar as desvantagens, inerentes
à ambos os sistemas, sem aumentar o custo de produção, ao ponto de inviabilidade
econômica, além disso, os sistemas híbridos possibilitam minimizar uma das
principais desvantagens dos sistemas abertos, a ocorrência de espécies invasoras e
predadores.25
3.2. Métodos de Colheita
A etapa da colheita de microalgas é de grande importância para
viabilidade do processo de obtenção de biodiesel, já que representa um total de 30 a
40% do custo da produção de biomassa13. Os principais métodos de colheita
utilizam centrifugação, flotação, floculação e a filtração. A escolha dentre esses
métodos depende das características da espécie de microalgas a ser colhida como,
a densidade, o tamanho da microalga e o valor do produto desejado, levando em
consideração a energia requerida e rapidez que cada método apresenta 26.
3.3.1. Método de Centrifugação
A centrifugação é um método que tem sido aplicado com sucesso para a
separação das células de microalgas, por apresentar eficiência, mas apresenta
limitações como: o processo envolve a exposição das células de microalgas a
230 ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN 2359-0645 elevadas forças gravitacionais e de cisalhamento, que podem danificar a estrutura
celular19; apresenta custo elevado e alta demanda de energia27. Esta metodologia,
portando, apresenta-se adequada apenas para produtos de alto valor comercial28.
3.3.2. Método de Floculação e Coagulação
A coagulação envolve ajuste de pH ou adição de eletrólitos, enquanto a
floculação envolve a adição de polímeros catiônicos, apesar destes termos serem
geralmente utilizados sem nenhuma diferenciação29. Essas abordagens
(floculação/coagulação) são muito convenientes e complementares a outros
processos, possibilitando um tratamento rápido de grandes quantidades de cultura,
diminuindo consideravelmente o volume a ser processado posteriormente por
centrifugação19. A floculação, através de agentes químicos, é utilizada desde a
década de 1960, nos sistemas de tratamento de efluentes30,31.Enfim, entre os
processos existentes para a separação da biomassa com vistas à pré-concentração
para redução dos custos das etapas subsequentes, a floculação tem sido escolhida
como o processo com maior vantagem devido à menor demanda energética32.
3.3.3. Método Filtração
Processos de filtração consistem na separação da fase sólida da fase
líquida, passando a mistura através de um meio filtrador onde o sólido éretido25.
Processos convencionais de filtração incluem: filtração a vácuo, filtração por
pressão, gravidade ou por centrifugação25.
Quando utilizada a gravidade a referência e a sedimentação simples ou
deposição é aplicada em diversas unidades de produção de biomassa de microalgas
como alimento para a aquicultura, entretanto, não é um método muito indicado para
a produção de biodiesel já que demanda muito tempo e espaço 33.
3.4. PREPARO PARA PRODUÇÃO DE BIODIESEL
3.4.1. Método de Secagem ou Desidratação
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Com a separação da biomassa a próxima etapa é adesidratação, podem
ser empregadas diversas técnicas, dentre as mais comuns têm se a secagem com
spray (sprydrying), tambor de secagem (drumdrying), liofilização e a secagem ao
sol26.
A secagem ao sol é mais utilizada para biomassas comum, com baixo
teor de umidade, e a secagem com spray não é economicamente viável para
produtos de baixo valor, como biocombustíveis e proteínas, a liofilização tem sido
utilizada para secagem demicroalgas em pesquisas laboratoriais, no entanto, este
método tem um custo elevado para ser praticadoem uma escala comercial, em
alguns casos, a extração com solvente de biomassa seca tem demonstrado maior
recuperação de metabólitos intracelulares do que a biomassa úmida26.
3.4.2. Método de Extração do Óleo
O processo de extração depende do componente bioquímico a ser
extraído, que por sua vez, depende da espécie de microalga cultivada e das
condições de cultivo, as quais a microalga foi submetida. Os processos de extração
de lipídios encontram-se em uma fase analítica(estudos para obter a melhor forma
de extração do óleo e qual processo seria o mais viável), onde a produção de
biocombustíveis em larga escala é um objetivo demédio a logo prazo25
De acordo com Electo Eduardo Silva Lora e colaboradores para extração
do óleo das microalgas são utilizadas as seguintes técnicas13:
Prensagem: processo que faz o uso de pressões para que ocorra o
rompimento das paredes celulares, processo lento, fácil manipulação que extrai 75%
do óleo de microalgas;
Extração por solventes: o cicloexano, por exemplo, dissolve o óleo, que
em seguida e recuperado por destilação;
Choque osmótico: redução súbita da pressão osmótica que provoca a
ruptura das células e o vazamento do óleo;
Extração ultrassônica: a cavitação consiste na criação e implosão de
microbolhas de gás na fase líquida, a variação de pressão cria em um ponto do
líquido, momentos de compressão e descompressão (rarefação) alternados34;
232 ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN 2359-0645
Fluido supercrítico: o CO2 liquefeito atua como absorvente na extração
do óleo;
Extração enzimática: degradação das paredes das células por
enzimas;
Aplicação de micro-ondas: é um método promissor para as extrações
de óleo das microalgas, por ser de baixo custo, com alta eficiência, redução no
tempo de extração e aumento nos rendimentos34.
Na Tabela 1 são apresentadas alguns métodos utilizados na extração de
óleos de microalgas, suas vantagens e limitações.
TABELA 1- Vantagens e limitações dos métodos de extrações mais utilizados para recuperação do óleo a partir de microalgas.
Método de extração Vantagens Limitações
Prensagem
Fácil de manipular, sem uso de solventes, ou com uso de solventes para acelerar o processo
Processo lento e requer uma grande quantidade de matéria prima.
Extração com solvente
Os solventes utilizados são relativamente baratos, os resultados são reprodutíveis
Maioria dos solventes orgânicos são altamente inflamáveis e/ou tóxicos, arecuperação dos solventes é caro, e um volume grande é necessário para extração.
Extração com fluido supercrítico
Não é tóxico, não deixa resíduo de solvente no extrato,nãoéinflamável.
Processo caro, e com alto consumo de energia.
Ultrassom Tempo de extração reduzido, quantidade de solvente reduzido, melhor ruptura da parede celular.
Consumo alto de energia e dificuldades em larga escala.
FONTE: GISELLE DE SOUZA SILVA, Universidade Federal do Paraná34.
233 ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN 2359-0645 3.5. Conversão de Biomassa de Microalgas em Biodiesel
O biodiesel é um biocombustível formado a partir da reação de
esterificação de ácidos graxos ou transesterificação de glicerídeos, ambos presentes
em óleos vegetais, gorduras animais e óleos e gorduras residuais, a principal
biomassa utilizada para a obtenção de biodiesel é a soja, atendendo mais de 80%
da produção de biodiesel no Brasil, entretanto, a soja não será capaz de auxiliar a
produção desse biocombustível sem a destinação de áreas agricultáveis
exclusivamente para esse fim, devido à baixa produtividade (0,2-0,4 tonelada por
hectare).35
Para produção desse biocombustível são utilizados alguns processos
como transesterificação, esterificação e craqueamento ou pirólise, sendo o processo
de transesterificação ou alcóolise o mais utilizado.36
Todo óleo de origem vegetal é composto de triglicerídeos (uma molécula
de glicerol ligada a três de ácido graxo) e ácidos graxos livres (AGL), no processo de
transesterificação, para obtenção de biodiesel, os triglicerídeos presentes no óleo
são transformados em moléculas menores de ésteres de ácido graxo (biodiesel) a
partir de um agente transesterificante (álcool primário) e um catalisador (base ou
ácido)37.
O álcool mais utilizado na obtenção do biodiesel é o metanol, que
promove melhores rendimentos, considerando que o Brasil é um dos maiores
produtores de álcool etílico (etanol) no mundo, há um estímulo para a substituição
do metanol pelo etanol, o catalisador mais utilizado é o hidróxido de sódio (NaOH),
amplamente conhecido como soda cáustica. Também pode ser utilizado o hidróxido
de potássio (KOH)37.
A produção do biodiesel por transesterificação apresenta inconvenientes
que limitam a sua produção, podem-se destacar a elevada corrosão dos reatores, a
lenta e incompleta separação dos ésteres da fase que contém glicerol, além da
inconveniente reação de saponificação, favorecida principalmente quando o teor de
ácidos graxos livres é maior que 1,0%. Matéria primas como óleos vegetais e
animais e utilizado o método de esterificação. A formação dos ésteres se dá por
meio da reação entre um ácido graxo livre e um álcool de cadeia curta (metanol ou
etanol) na presença de um catalisador ácido.38
234 ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN 2359-0645
O processo de craqueamento ou pirólise de óleos e gorduras ocorre em
temperaturas acima de 350 °C, na presença ou ausência de catalisador, nesta
reação, a quebra das moléculas dos triacilgliceróis leva à formação de uma mistura
de hidrocarbonetos e compostos oxigenados, lineares ou cíclicos, tais como alcanos,
alcenos, cetonas, ácidos carboxílicos e aldeídos, além de monóxido e dióxido de
carbono e água.39
3.6. Estimativas de Custos: MICROALGAS X SOJA
Na Tabela 2 são apresentadas estimativas de custos na produção de óleo de microalgas, em fotobiorreatores e lagoas abertas.
TABELA 2 Estimativa custo ao litro do biodiesel proveniente de microalgas.
Biodiesel de Microalgas
Fotobiorreatores
tubulares verticais
Lagoas aberta
Preço biomassa (R$/Kg) R$ 1,43 R$ 10,89
Rendimento em óleo (%) 40 40
Rendimento em farelo (%)
60 60
Kg de biomassa/ L óleo 2,25 2,25
Preço biomassa desengordurada (R$/Kg) R$ 0,60 R$ 0,60
Custo produção biodiesel R$ 0,26 R$ 0,26
Custo óleo (R$/L) R$ 3,05 R$ 24,34
Custo biodiesel (R$/L) R$ 3,31 R$ 24,60
FONTE: Ivanor Zardo - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL40.
235 ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN 2359-0645
Na Tabela 3 são apresentadas estimativas de custos, da extração de óleo, da
soja
TABELA 3 Estimativa de custo para extração de óleo para cultura de soja.
SOJA
Preço soja (R$/saca) R$ 46,71
Preço soja (R$/kg) R$ 0,78
Rendimento em óleo (%) 19
Rendimento em farelo (%) 78
Kg de soja/ L óleo 4,74
Preço de venda do óleo (R$/L) R$ 2,12
Preço de venda do farelo (R$/kg) R$ 0,60
Kg de farelo produzido/L de óleo extraído 3,69
Valor em farelo/L de óleo extraído R$ 2,22
Custo produção óleo (R$/L) R$ 0,65
FONTE: Ivanor Zardo - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL40
4. CONCLUSÕES
As microalgas possuem um alto potencial para produção de
biocombustíveis em especial o biodiesel devido ao alto teor de óleo, algumas
espécies podem alcançar 80% de óleo por peso seco. Além do alto teor de óleo a
produção de algas não necessita de grandes extensões de espaço para cultivo, não
são usadas como alimento, captura de CO2, ciclo de crescimento rápido, não
existindo safra pois seu crescimento ocorre o ano todo.
Atualmente o maior impedimento para a produção de biodiesel a partir da
biomassa de microalgas é de ordem econômica devido ao alto custo do
processo(cultivo, produção da biomassa seca e extração do óleo).Tornando- se
236 ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN 2359-0645 inviável para produção em escala industrial. Seria necessário tecnologia competitiva
e sustentável, cepas mais resistentes e um programa que envolva governo,
pesquisadores e empresários para tornar o biodiesel de microalgaseconomicamente
viável e aproveitar as vantagens existentes nas microalgas.
Para produção no mercado brasileiro existe certas particularidades que
devem ser analisadas para produção em alta escala, como, o montante a ser
investido, quais os propósitos do investimento, a quantidade que pretende produzir,
o local de instalação e a operação do projeto.
Não há métodos claramente eficiente, pois, não existe produção em larga
escala no Brasil, mas existe um grande potencial das microalgas para produção de
biocombustíveis.
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