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FÁBIO ALEXANDRE LEAL DOS SANTOS Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores de malária sintomática causada pelo Plasmodium vivax UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE MEDICINA Coordenação de Programas de Pós-Graduação em Ciências da Saúde CUIABÁ Outubro, 2013

Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

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Page 1: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

FÁBIO ALEXANDRE LEAL DOS SANTOS

Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes

portadores de malária sintomática causada pelo

Plasmodium vivax

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE MEDICINA

Coordenação de Programas de Pós-Graduação em Ciências da Saúde

CUIABÁ

Outubro, 2013

Page 2: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

ii

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE MEDICINA

Coordenação de Programas de Pós-Graduação em Ciências da Saúde

Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes

portadores de malária sintomática causada pelo

Plasmodium vivax

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Ciências da Saúde, da Faculdade de

Medicina da Universidade Federal de Mato Grosso,

para obtenção do título de mestre em Ciências da

Saúde, área de concentração Doenças Infecciosas e

Tropicais.

Mestrando: FÁBIO ALEXANDRE LEAL DOS SANTOS

Orientador: COR JESUS FERNANDES FONTES

CUIABÁ

Outubro, 2013

Page 3: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

iii

Page 4: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

iv

Dedicatória

Aos amigos (as), familiares, professores (as) e todos aqueles (as) que cruzaram em

minha vida, participando de alguma forma na construção e realização deste tão desejado

sonho.

Page 5: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

v

AGRADECIMENTOS

A minha mãe Vera Verney Leal dos Santos, minha fonte de inspiração por ser

um verdadeiro exemplo de amor, dedicação e companheirismo.

A minha irmã Edna Vanessa Leal dos Santos, pelo amor, companheirismo,

amizade e cumplicidade. Ao pequeno Arthur Mateus Leal dos Santos Andrade que

ilumina a todos com um simples sorriso. A minha avó Wilda Natália Leal Mengue

amiga confidente e companheira.

Deixo um agradecimento especial ao Rafael Arcanjo Fidelis, companheiro,

amigo, confidente e conselheiro que me serviu de porto seguro e me ajudou de todas as

maneiras ao seu alcance para tornar essa jornada possível.

Agradeço especialmente ao Dr. Cor Jesus Fernandes Fontes, um sábio professor,

médico, amigo e conselheiro. Pela paciência, dedicação e ensinamentos que pude

adquirir ao seu lado.

Aos grandes amigos Paulo Alves, João Cezar Huzyk, Milton Andrade, Luna

Venarusso, Laís Arcanjo e tantas outras pessoas inesquecíveis que estiveram ao meu

lado em muitos momentos, sempre tornando os dias mais alegres e felizes.

Agradeço também os colegas do Laboratório de Malária: Eduardo Rodrigues,

Thamires Gasquez, Márcia Cattini, Andréia Nery, Clebson Rodrigues, Luciano

Teixeira, Luciano Simões, Daniele Silva e aos outros estimados colegas e funcionários

do HUJM que tanto contribuíram para esse trabalho.

Ao professor Msc. Diniz Pereira Leite Júnior e a todos os colegas de laboratório

de Entomologia Médica da Faculdade de Medicina e Instituto de Biologia, pessoas

maravilhosas que me ajudaram diversas vezes. Como também pelos momentos de muita

alegria e amizade, fica aqui o meu muito obrigado. Ao técnico da UFMT Nilson

Botelho, pelas inúmeras ajudas e conselhos.

Agradeço também aos professores do Programa de Pós Graduação da Faculdade

de Medicina, Dr. Amilcar, Dra. Carmen, Dra. Rosane, Dra. Renata, Dr. Francisco pelos

conselhos e ensinamentos.

Aos amigos presentes ou distantes que apoiaram e vibraram com as minhas

conquistas. E aos que, hoje, fazem parte da minha vida e possuem o dom de me

compreender e aceitar, pois acreditam em mim.

Page 6: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

vi

Se quisesse ver toda a Natureza reunida num único lugar, em todo o seu

encanto, em toda a sua habilidade, e em toda a sua capacidade de provocar a morte, e em

toda a sua sexualidade, onde encontraria um símbolo mais perfeito que no Mosquito?

- Havelock Ellis, 1920

Page 7: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

vii

RESUMO

Page 8: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

viii

Com a ocorrência cada vez maior de casos graves de malária associada ao P.

vivax é fundamental o estudo de todos os aspectos relacionados a essa doença,

tradicionalmente considerada como benigna. O objetivo deste trabalho foi descrever a

frequência e os fatores associados às alterações dos parâmetros plaquetários em

portadores de malária sintomática associada ao P. vivax. Prontuários de pacientes que

demandaram o serviço de referência do Hospital Universitário da Universidade Federal

de Mato Grosso desde o ano 2002 e com hemograma realizado na primeira consulta

foram tabulados, sendo analisados os dados clínicos, epidemiológicos e hematológicos

com ênfase nos parâmetros plaquetários. Foram incluídos, 186 pacientes que possuíam

informações clínicas e laboratoriais completas. Observou-se grande variabilidade dos

valores do volume plaquetário médio (VPM), da distribuição da amplitude das

plaquetas (DAP) e do plaquetócrito (PCT). Observou-se ainda que houvesse associação

negativa entre o VPM e a DAP com o tempo de vida dos pacientes na área endêmica de

malária (p=0,004 e p <0,001, respectivamente). Associação negativa também foi

observada entre a DAP e o número referido de episódios prévios de malária (p=0,001).

Relação inversamente proporcional e estatisticamente significante também foi

observada entre a parasitemia e o PCT (p<0,0002). Após análise ajustada, por regressão

logística multivariada, verificou-se que a presença de sinais de alerta para malária grave

e complicada manteve-se independentemente associada às variações do VPM e da DAP.

Apesar dos parâmetros plaquetários estarem associados com critérios de gravidade e até

mesmo como fator de risco para diversas doenças, inclusive cardiopatias, as

informações que os relacionam com a malária são escassas. Uma vez que esses

parâmetros se relacionam diretamente com a função plaquetária, esses achados

confirmam observações prévias de que o VPM e a DAP são potenciais marcadores de

inflamação, podendo ser úteis na avaliação prognóstica dos pacientes com infecção por

P. vivax. História de múltiplas infecções prévias por Plasmodium foi associada à

redução do VPM e da DAP, talvez como consequência do desenvolvimento da

imunidade clínica adquirida pelos indivíduos cronicamente expostos à transmissão,

amplamente demonstrada na literatura sobre a resposta imune na malária. Os resultados

sugerem que alteração quantitativa nos parâmetros plaquetários está associada aos

quadros mais graves de P. vivax e que é menos frequente em indivíduos com sucessivas

exposições à transmissão, provavelmente explicada pelo desenvolvimento da imunidade

clínica.

Palavras-chave: Malária, Plasmodium vivax, Plaquetas, Parâmetros plaquetários.

Page 9: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

ix

ABSTRACT

Page 10: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

x

In the last years, an increasing occurrence of severe and complicated

Plasmodium vivax malaria has been reported. So, is important to study all the aspects

related to this disease, traditionally regarded as benign. The aim of this study was to

describe the frequency and factors associated with changes of platelet indices in patients

with symptomatic P. vivax infection. Records of patients attended at the Malaria

Outpatient Clinic of the Júlio Müller Hospital (UFMT) since 2002 were analysed if a

complete blood countwas performed at the first visit. Data were tabulated and analyzed

for clinical, epidemiological and hematological characteristics, with emphasis on

platelet indices. 172 patients that had complete clinical and laboratory information were

included. We found a great variability in the values of the mean platelet volume (MPV),

the platelet distribution width (PDW) and the plateletcrit (PCT). There was also a

negative association between VPM and PDW with the time living in an endemic area

(p=0,004 and p <0,001, respectively). A negative association was also observed

between the PDW and previous episodes of malaria (p=0.013). And a negative and

statistically significant association was observed between parasitemia and plateletcrit

(p<0.001). After adjustment by multivariate logistic regression, it was found that the

presence of warning signs for severe and complicated malaria remained independently

associated with changes in MPV and PDW. Despite of platelet indices are associated

with criteria for severe malaria definition and they are used as a risk factor for several

diseases, including heart disease, information that relate them to malaria are scarce.

Once these parameters are directly related to platelet function, these findings confirm

previous observations that the MPV and PDW are potential markers of inflammation

and may be useful in the prognostic evaluation of patients with infection by P. vivax.

Multiple Plasmodium infections in the past were associated to the reduction of MPV

and PDW, perhaps as a result of the acquisition of clinical immunity by individuals

chronically exposed to malaria transmission. Our findings suggest that quantitative

changes in platelet indices are associated with more severe P. vivax infections and these

changes are less common in individuals with successive exposure to malaria

transmission, probably explained by the development of clinical immunity. However,

the benefit of using platelet indices in clinical practice should be confirm in further

studies, using appropriate methodology.

Keywords: Malaria, Plasmodium vivax, Platelets, Platelet indices.

Page 11: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

xi

LISTA DE FIGURAS Página

Figura 1 - Distribuição dos casos confirmados de malária no Brasil. 3

Figura 2 -Ciclo biológico do Plasmodium. 5

Figura 3 - Histogramas da distribuição dos parâmetros plaquetários de

pacientes com malária por P. vivaxatendidos no Hospital Universitário Júlio

Müller entre 2002 e 2013. 26

Figura 4 – Relação entre o nível de parasitemia e o volume plaquetário médio

(A), distribuição da amplitude das plaquetas (B) e o plaquetócrito (C) de

pacientes com malária por P. vivax atendidos no Hospital Universitário Júlio

Müller entre 2002 e 2013. 29

Figura 5 – Relação entre o tempo de vida em área endêmica de malária e o

volume plaquetário médio (A), distribuição da amplitude das plaquetas (B) e

o plaquetócrito (C) de pacientes com malária por P. vivax atendidos no

Hospital Universitário Júlio Müller entre 2002 e 2013. 30

Figura 6 - Relação entre o número referido de episódios prévios de malária e

o volume plaquetário médio (A), distribuição da amplitude das plaquetas (B)

e o plaquetócrito (C) de pacientes com malária por P. vivax atendidos no

Hospital Universitário Júlio Müller entre 2002 e 2013. 31

Figura 7 - Parâmetros plaquetários antes e depois do tratamento de pacientes

com malária por P. vivax atendidos no Hospital Universitário Júlio Müller

entre 2002 e 2013. 34

Page 12: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

xii

LISTA DE TABELAS Página

Tabela 1 – Faixas de normalidade dos parâmetros hematológicos obtidos em

sistema automatizado de determinação. 11

Tabela 2 - Características demográficas, clínicas, epidemiológicas e

laboratoriais de pacientes com malária por P. vivax atendidos no Hospital

Universitário Júlio Müller entre 2002 e 2013. 24

Tabela 3 - Parâmetros hematológicos observados em 186 pacientes com

malária por P. vivax atendidos no Hospital Universitário Júlio Müller entre

2002 e 2013. 25

Tabela 4 – Análise da associação entre parâmetros plaquetários e

características clínicas de gravidade de pacientes com malária por P. vivax

atendidos no Hospital Universitário Júlio Müller entre 2002 e 2013. 24

Tabela 5 – Resultado da análise de regressão logística multivariada da

associação entre o volume plaquetário médio e variáveis demográficas e de

exposição de pacientes com malária por P. vivax atendidos no Hospital

Universitário Júlio Müller entre 2002 e 2013. 33

Tabela 6 – Resultado da análise de regressão logística multivariada da

associação entre distribuição da amplitude das plaquetas e variáveis

demográficas e de exposição de pacientes com malária por P. vivax atendidos

no Hospital Universitário Júlio Müller entre 2002 e 2013. 33

Tabela 7 – Resultado da análise de regressão logística multivariada da

associação entre o plaquetócrito e variáveis demográficas e de exposição de

pacientes com malária por P. vivax atendidos no Hospital Universitário Júlio

Müller entre 2002 e 2013. 33

Page 13: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

xiii

SUMÁRIO PÁGINA

1. INTRODUÇÃO 1

1.1 Plasmodium sp e malária. 2

1.2. As plaquetas e os parâmetros plaquetários. 7

1.3. Malária por P. vivax e plaquetas. 11

2. OBJETIVOS 14

2.1. Geral., 15

2.2. Específicos. 15

3. MATERIAIS E MÉTODO 16

3.1. Tipo de estudo e pacientes estudados. 17

3.2. Critério de inclusão. 17

3.3. Diagnóstico laboratorial da malária. 17

3.4. Avaliação hematológica dos pacientes. 18

3.5. Avaliação clínica dos pacientes. 18

3.6. Procedimentos de análise dos resultados. 19

3.7. Considerações éticas. 21

4. RESULTADOS 21

4.1. Perfil epidemiológico e clínico dos pacientes com malária por P. vivax. 23

4.2. Parâmetros hematológicos dos pacientes com malária por P. vivax. 24

4.4. Análise da relação entre os parâmetros plaquetários e indicadores de

gravidade. 27

4.5. Relação entre parâmetros plaquetários e indicadores de exposição

prévia à transmissão de malária por P. vivax. 27

4.6. Análise multivariada entre os fatores associados aos resultados

alterados dos parâmetros plaquetários. 32

4.3. Parâmetros plaquetários antes e após o tratamento da malária aguda por

P. vivax. 32

5. DISCUSSÃO 35

6. CONCLUSÕES 41

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 43

8. APÊNDICE 56

9. ANEXO 59

Page 14: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

1. INTRODUÇÃO

Page 15: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

2

1.1. Plasmodium sp e malária

A malária é uma das mais importantes doenças infecciosas que acomete a

humanidade. Estima-se que em média ocorreram entre 200 e 300 milhões de casos de

malária no mundo a cada ano e entre os anos de 2000-2010 foram registradas mais de um

milhão de mortes por essa doença. Sua transmissão ocorre principalmente nas regiões

tropicais e subtropicais do planeta (WHO, 2012).

Em 2011, segundo dados da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da

Saúde, foram registrados 295.794 casos no Brasil. Mais de 95% deles ocorrem na

Amazônia Legal, que representa a maior área de risco para contrair a doença em nosso país

e que é constituída pelos estados da região Norte, além de Mato Grosso e Maranhão

(Figura 1). Na Amazônia legal, a incidência parasitária anual vem se mantendo, desde

2004, acima de 20 casos por 1.000 habitantes (Oliveira-Ferreira et al., 2010). No período

de 2000 a 2011, o Plasmodium vivax representou 78,7% dos casos de malária registrados

no Brasil (Ministério da Saúde, 2013).

A doença é causada por protozoários parasitos que pertencem ao filo Apicomplexa,

classe Sporozoae, ordem Haemosporina, família Plasmodidae e gênero Plasmodium. Nos

mamíferos, é transmitida por mosquitos do gênero Anopheles. Apesar de haver relatos na

literatura do encontro de outras espécies de plasmódios no homem (Kantele et al., 2008;

Ng et al., 2008; Walker et al., 2010), classicamente, só quatro espécies parasitos humanos,

que é o seu hospedeiro intermediário, quais sejam P. vivax, P. falciparum, P. malariae e P.

ovale. Porém, o encontro de indivíduos naturalmente infectados pelo P. knowlesi em vários

trabalhos recentes pode subsidiar a afirmação de que essa espécie também pode ser

considerada causadora da doença em humanos (Walker et al., 2010).

Page 16: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

3

Algumas dezenas e até mesmo centenas de esporozoítos podem ser inoculados na

pele através da probóscide do inseto, durante o repasto sanguíneo. Em seguida, parte dos

esporozoítos é destruída pelos macrófagos locais, alguns penetram nos vasos linfáticos, e

outros encontram vasos sanguíneos. Ainda no local da picada, o parasito pode invadir

células dos folículos pilosos e fibroblastos e podem liberar vesículas (merossomos) que

contém outra forma desse hemoparasito, isto é, os merozoítos, que posteriormente irão

invadir as hemácias. Os parasitos que seguem pela via linfática deslocam-se até um

linfonodo, podendo invadir células dendríticas e até mesmo desenvolver parcialmente a

fase exoeritrocítica, sem contudo completarem o ciclo (Ménard et al., 2013) (Figura 2).

Os esporozoítos dos vasos sanguíneos chegam ao fígado e atravessam a parede do

capilar sanguíneo através das células de Kupffer, migram por vários hepatócitos até invadir

o final. Dentro dessa célula o parasito se transforma em um esquizonte tecidual e por

reprodução assexuada forma vários merozoítos dentro do vacúolo parasitóforo. Parte desse

vacúolo cai na corrente sanguínea sob forma de vesículas (merossomos), as quais se

Figura 1 - Distribuição dos casos confirmados de malária no Brasil no ano de

2011 (WHO 2012).

Page 17: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

4

rompem e liberam os merozoítos (Rankin et al., 2010). A fase pré-eritrocítica é uma fase

silenciosa, com pouca patologia e não apresenta sintomas. Esta fase é de um único ciclo, ao

contrário da outra, fase eritrocítica, que ocorre repetidamente. Outra particularidade dessa

fase acontece com o P. vivax e com o P. ovale, em que alguns esporozoítos, após

invadirem os hepatócitos, evoluem para uma forma latente, o hipnozoíto, que é responsável

pelas recaídas tardias dessa doença (Sherman, 2011) (Figura 2).

Na corrente sanguínea, os merozoítos invadem os eritrócitos e transformam-se, por

divisão esquizogônica, em esquizontes sanguíneos. Com a ruptura dos eritrócitos

infectados, liberam-se os merozoítos, que invadirão hemácias maduras e imaturas. Após

algumas gerações de merozoítos, alguns trofozoítos se diferenciam para as formas

eritrocíticas sexuadas, os gametócitos masculinos e femininos, que posteriormente são

ingeridos pelo vetor, onde irá ocorrer a fecundação (Sherman, 2011) (Figura 2).

Sinais e sintomas de infecção por malária se iniciam após o período de incubação

do parasito. Porém, em alguns casos, quando o paciente está constantemente exposto à

doença, os sintomas podem ser brandos ou, até mesmo, inexistentes (Doolan et al., 2009).

As manifestações clínicas da malária estão relacionadas ao ciclo eritrocítico do parasito.

São caracterizadas por um período inicial, que tem o ataque febril como principal sintoma,

um período de remissão, que dura em torno de 48 horas para infecções por P. vivax e P.

falciparum e 72 horas para P. malariae, e um período toxêmico, que pode ocorrer em

pacientes que não recebem tratamento adequado e oportuno, podendo evoluir para formas

graves (Sherman, 2011; Fontes, 2013). O período de incubação varia de acordo com a

espécie do parasito: P. falciparum, de 8 a 12 dias; P. vivax, 13 a 17 dias, P. malariae, 18 a

30 dias e finalmente para o P. knowlesi de 9 a 12 dias (Sherman, 2011).

Page 18: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

5

O diagnóstico laboratorial é tradicionalmente feito pela visualização direta do

parasito em esfregaço espesso ou esfregaço delgado de sangue, corados por Giemsa. Além

disso, outros testes que detectam antígenos parasitários, ácidos nucléicos plasmodiais ou

anticorpos presentes no soro do paciente, também têm sido utilizados para o diagnóstico da

doença (Ministério da Saúde, 2009; WHO, 2010).

Apesar da microscopia não ser o método mais sensível de detecção de parasitos, é

adotada, em todo o mundo, como o método de referência para o diagnóstico para malária,

principalmente pelo seu baixo custo, por não precisar de treinamento altamente complexo

dos examinadores e por não requerer equipamentos demasiadamente caros (Chiodini &

Moody, 1989; Coleman et al., 2006; WHO, 2010). Pode ser feita em esfregaço delgado ou

Figura 2 -Ciclo biológico do Plasmodium (Adaptado de Sherman, 2011).

Esporozoítos

Fígado

Merozoítos

Trofozoítos

Gametócitos

Fertilização

Exflagelação

Oocisto

Esporozoítos migrando

para a glândula salivar

Page 19: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

6

espesso, corado pelo método de Walker (azul de metileno e Giemsa). Ambas são técnicas

que permitem identificar, com facilidade e precisão, a espécie do parasito e também

possibilitam quantificar a intensidade do parasitismo, mediante a determinação da

parasitemia por volume de sangue. Na prática, o método do esfregaço espesso é o mais

utilizado, uma vez que a concentração do sangue por campo microscópico favorece o

encontro do parasito (Ministério da Saúde, 2009; WHO, 2010).

As manifestações clínicas da doença são comuns a todas as espécies dos parasitos

da malária humana e, também, a várias outras doenças infecciosas. Por essa razão, podem

ser confundidas com gripe, dengue ou qualquer outra doença infecciosa aguda, acarretando

diagnóstico errôneo, atraso do tratamento específico e, consequentemente, evolução para

as formas graves e fatais da malária (Epelboin et al., 2012; Krettli et al., 2013).

Existem várias manifestações clínicas indicadoras de complicações graves da

malária. Entre elas está à dispneia, que ocorre em até 25% dos adultos e 40% das crianças

com malária grave pelo P. falciparum. Síndrome do desconforto respiratório agudo pode se

desenvolver em 5-25% em adultos e em até 29% das mulheres grávidas, mas é rara em

crianças pequenas. O ataque paroxístico agudo coincide com a ruptura das hemácias ao

final da esquizogonia, e pode ocasionar febre acima de 41ºC, que pode ser considerado

outro indicador de gravidade. A anemia é decorrente de vários fatores, dentre eles o

sequestro esplênico de hemácias e a massiva destruição dessas células pelos ciclos

replicativos do parasito. A parasitemia está diretamente associada com a gravidade da

doença e é diretamente associada ao número de parasitos circulantes (WHO, 2006; Day &

Dondorp, 2007; Ministério da Saúde, 2010).

A infecção por P. falciparum pode também evoluir para um quadro conhecido

como malária cerebral, que está associado com sintomas neurológicos, incluindo a postura

anormal, nistagmo, paralisia do olhar conjugado, opistótono, convulsões, coma ou

Page 20: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

7

encefalopatia. Outras complicações conhecidas são a insuficiência hepática e a

insuficiência renal aguda, sendo que esta última pode ser monitorada pelos níveis de

creatinina na corrente sanguínea (WHO, 2006; Ministério da Saúde, 2010).

A redução do número de plaquetas ou trombocitopenia, com ou sem manifestações

hemorrágicas, tem sido amplamente descrita como complicação da malária, tanto pelo P.

falciparum quanto pelo P. vivax (Silva, 2009). Segundo Lacerda et al., (2011), a frequência

de trombocitopenia em infecção malárica varia de 24-94%, apesar da baixa ocorrência de

hemorragia, mesmo em casos graves.

1.1. As plaquetas e os parâmetros plaquetários

As plaquetas, ou trombócitos, são pequenas células anucleadas com

aproximadamente 2-3 µm de diâmetro, que circulam na corrente sanguínea. Sua vida útil

média é de apenas 5-9 dias e estão envolvidas no processo da hemostase e formação de

coágulos sanguíneos (Thon & Italiano, 2012b). Se seu número é muito baixo, pode ocorrer

o sangramento excessivo. No entanto, se o número de plaquetas é demasiado elevado,

podem-se formar coágulos de sangue (trombose), capazes de obstruir os vasos sanguíneos

e resultar em eventos como acidente vascular encefálico, infarto do miocárdio, embolia

pulmonar ou bloqueio dos vasos sanguíneos em qualquer parte do corpo, como por

exemplo, os membros inferiores.

Embora tenha sido universalmente aceito que as plaquetas derivam de

megacariócitos, os mecanismos pelos quais as plaquetas são formadas e libertadas dessas

células precursoras permanecem ainda obscuros. Ao longo dos anos, vários modelos de

produção de plaquetas têm sido propostos. Esses incluem: (a) brotamento de plaquetas, (b)

fragmentação através do citoplasma e; (c) formação de protoplaquetas. Estudos anteriores

Page 21: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

8

que tentaram descrever esses mecanismos de biogênese de plaquetas têm sido dificultados

pela exigência de amostragem de medula óssea para obter megacariócitos, a incidência

relativamente baixa de megacariócitos na medula e à falta de sistemas in vitro que

reconstituam, fielmente, o processo de formação das plaquetas (Michelson, 2012).

A descoberta de trombopoietina, uma citocina que se liga ao receptor de

megacariócitos específicos (c-MPL) e promove o crescimento e desenvolvimento de

precursores de megacariócitos, conduziu ao aparecimento de sistemas de cultura que

recapitulam a biogênese das plaquetas e resultou em uma nova compreensão da fase de

diferenciação terminal de trombopoiese (Michelson, 2012).

Uma contagem de plaquetas normal em adultos varia de 150.000 a 450.000

plaquetas/mm3. Trombocitopenia se dá quando esses valores caem a menos do que

150.000/mm3. No entanto, contagem inferior a 50.000 plaquetas/ mm

3 é considerada

plaquetopenia grave e representa importante fator de risco para hemorragia (Michelson,

2012).

Além da contagem de plaquetas, algumas características morfológicas dessas

células também podem estar alteradas durante o processo de inflamação. Essas alterações

referem-se ao seu tamanho e forma, cujas medidas são conhecidas como parâmetros

plaquetários. O primeiro parâmetro é identificado como volume plaquetário médio (VPM),

que é uma medida do tamanho médio dessas células, já que na corrente sanguínea temos

plaquetas nas mais diversas fases, desde ativadas até plaquetas consideradas velhas e

prontas para serem destruídas (Gasparyan et al., 2011). O segundo refere-se à distribuição

da amplitude das plaquetas (DAP), que indica a variação do diâmetro dessas células na

população de plaquetas. Ela tem estreita relação com o processo de produção de plaquetas

e com a fragmentação do citoplasma de megacariócitos e formação de protoplaquetas

(Buttarello & Plebani, 2008). Sua relação com doenças do sistema circulatório está bem

Page 22: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

9

descrita (Amin et al., 2004; Khandekar et al., 2006) e também com o processo de

coagulação (Vagdatli et al., 2010). E o terceiro parâmetro, o plaquetócrito (PCT), é uma

medida fidedigna da biomassa plaquetária, uma vez que ele combina o volume plaquetário

médio e a contagem absoluta das plaquetas, ou seja, pode ser calculado pelo produto da

contagem de plaquetas x volume plaquetário médio, posteriormente dividido pela grandeza

de 107. Assim como os outros parâmetros, o PCT também se encontra alterado em doenças

coronarianas (Akpinar et al., 2013) e infecciosas, tal como a tuberculose pulmonar (Sahin

et al., 2012).

Uma vez que o tamanho médio das plaquetas é maior quando a produção de

plaquetas está aumentada, os resultados do VPM podem ser usados para fazer inferências

sobre a produção de plaquetas na medula óssea ou sobre a sobrevida dessas células. Em

geral, o VPM é maior quando há mais destruição das plaquetas. Isto pode ser visto em uma

série de doenças tais como: púrpura trombocitopênica imune e doenças reumáticas (Kaito

et al., 2005). Também podem estar relacionados com pré-eclâmpsia e cardiopatias (Santos

& Meireles-Filho, 2004; Lancé et al., 2012; Icli et al., 2013). Valores anormalmente baixos

de VPM correlacionam-se principalmente com trombocitopenia por produção diminuída

como na anemia aplástica (Kaito et al., 2005).

Esses parâmetros plaquetários, são rápidos de serem mensurados, não representam

custos adicionais e não estão sujeitos ao viés do observador, pois são medidos por meio de

aparelhos de hematologia (Giovanetti et al., 2011). Testes de função de plaquetas, tal

como a agregometria, podem refletir a função hemostática real das plaquetas, mas são

trabalhosos e não podem ser realizados rotineiramente em todos os hospitais por causa de

sua complexidade.

A mensuração automatizada dos parâmetros plaquetários é feita por contadores

eletrônicos, os quais quantificam, classificam e descrevem as características de populações

Page 23: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

10

de vários tipos de células, usando técnicas tanto elétricas quanto óticas. A análise elétrica

envolve a passagem de uma solução diluída do sangue por meio de uma abertura, através

da qual uma corrente elétrica flui. A passagem de células pela corrente elétrica muda a

impedância entre os terminais (princípio de Coulter). Um reagente é então adicionado à

solução de sangue para lisar seletivamente as células vermelhas, deixando apenas as

células brancas e plaquetas intactas. Em seguida, a solução é passada por um segundo

detector, que fornece as contagens de glóbulos brancos e plaquetas. A contagem de

plaquetas é facilmente separada a partir da contagem das células brancas, já que produzem

picos de impedância menores no detector, devido ao seu menor volume celular (Buttarello

& Plebani, 2008).

A detecção ótica é também utilizada para obter a contagem diferencial dos

leucócitos. A suspensão diluída de células é passada por um tubo capilar que recebe um

feixe de laser. O coeficiente de reflexão, transmissão e espalhamento de luz a partir de

cada célula é analisado pelo software, dando uma representação numérica da probabilidade

de distribuição global das populações de células (Michelson, 2004).

Existem aparelhos de hematologia que trabalham com uma ou com as duas

tecnologias, potencializando a sua acurácia e permitindo que os resultados sejam mais

rápidos e confiáveis (Tabela 1). Porém, dependendo da metodologia de mensuração

utilizada, marca e modelo do equipamento e, ainda, da população estudada, não é incomum

a ocorrência de diferenças nos padrões de normalidade de um determinado parâmetro

hematológico fornecido por esses aparelhos (Azevedo et al., 2010; Dosoo et al., 2012).

Page 24: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

11

Tabela 1 – Faixas de normalidade dos parâmetros hematológicos obtidos em

sistema automatizado de determinação.

Parâmetro Faixa de normalidade*

Hematócrito (%) 38 – 52

Hemoglobina (g/dL) 12,5 – 17,5

Leucócitos (/mm³) 3.800 – 11.000

Número de plaquetas (/mm³) 150.000 – 400.000

Volume plaquetário médio (/µm³) 7,0 – 10,5

Amplitude da distribuição das plaquetas (%) 11,0 - 18,0

Plaquetócrito (%) 0,150 – 0,500

* Equipamento Horiba/Petra ABX 80

1.2. Malária por P. vivax e plaquetas

A contagem de plaquetas está, em geral, diminuída em pacientes com malária

causada por P. vivax (Sharma & Khanduri, 2009; Silva 2009; Lacerda et al., 2011;

Michelson, 2012). Além disto, há associação entre menor número de plaquetas ou de maior

intensidade de alteração qualitativa dessas células entre pacientes com maior gravidade da

doença (Horstmann et al., 1981; Sharma & Khanduri, 2009; Silva, 2009; Lacerda et al.,

2011; Michelson, 2012).

Uma variedade de complicações caracteriza o paciente com malária grave e

complicada por P. vivax. Podem ser citadas a anemia grave, a malária cerebral, o edema

pulmonar agudo e a falência múltipla de órgãos (Anstey et al., 2009). Porém, a

trombocitopenia, que não é considerada como critério preditor para o diagnóstico da

malária grave, tem sido frequentemente relatada como complicação das infecções por P.

vivax. Para o P. falciparum, a plaquetopenia já foi associada à gravidade em um estudo

Page 25: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

12

realizado apenas com crianças, sendo considerada preditor independente de morte nesse

grupo (Bouyou-Akotet et al., 2009).

Em geral, trabalhos que relatam alterações na contagem de plaquetas durante a

malária aguda são comuns na literatura, principalmente quando se trata de infecções

causadas pelo P. falciparum, que historicamente demandam mais preocupação da

comunidade científica, por haver maior probabilidade de evoluir para quadros graves e

fatais da doença (Abdalla, 1988; Gérardin et al., 2002; Maina et al., 2010). As alterações

mais frequentemente relatadas são a redução de seu número, isto é, a trombocitopenia

(Saravu et al., 2011; Khan et al., 2012; Haroon et al., 2013; He et al., 2013; Stauga et al.,

2013). Alterações do VPM também já foi anteriormente relatada, principalmente nas

infecções por P. falciparum (Bashawri et al., 2002; Maina et al., 2010; Bhawna et al.,

2013; Chandra & Chandra, 2013).

Infecções por P. vivax também já foram relatadas como causa de plaquetopenia

(Silva, 2009; Saravu et al., 2011; Khan et al., 2012; Lacerda et al., 2012; Haroon et al.,

2013; Raposo et al., 2013), cujos mecanismos causadores descritos são a destruição

periférica, a alta remoção pelo baço e o excessivo consumo das plaquetas associado ao

fenômeno da coagulação intravascular disseminada (Maina et al., 2010). Além da redução

em número, a função plaquetária também está comprometida nesses pacientes, geralmente

evidenciada pelas alterações do volume e de outras características dessas células, as quais

estão diretamente associadas com seu funcionamento (Jeon et al., 2001).

A medida dos parâmetros plaquetários é disponível desde a década de 1970 no

mundo (Buttarello & Plebani, 2008). No entanto, a sua relação com contagem de plaquetas

e o significado clínico dessa relação na malária ainda não foram completamente

investigados. Apesar de serem reconhecidos como fator de risco ou como critério de

gravidade para diversas doenças degenerativas e também para as infecciosas, tais como a

Page 26: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

13

equinococose (Küçükbayrak et al., 2010), a hepatite B crônica (Turhan et al., 2010), a

gastrite causada pelo Helicobacter pylori (Topal et al., 2010), entre outras, as informações

que os relacionam com a malária são escassas.

Page 27: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

14

2. OBJETIVOS

Page 28: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

15

2.1. Geral

Descrever a frequência e os fatores associados às alterações dos parâmetros

plaquetários em portadores de malária sintomática causada pelo P. vivax.

2.2. Específicos

- Descrever o perfil dos parâmetros plaquetários de pacientes portadores de malária

sintomática causada pelo P. vivax.

- Analisar as alterações dos parâmetros plaquetários associadas a indicadores de

gravidade, de exposição à transmissão da doença, e no pré e pós tratamento.

Page 29: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

16

3. MATERIAIS E MÉTODO

Page 30: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

17

3.1. Tipo de estudo e pacientes estudados

Trata-se de um estudo descritivo transversal, feito a partir de dados secundários e

primários dos pacientes portadores de malária causada pelo P. vivax e que demandaram o

serviço de referência do Hospital Universitário Júlio Müller (HUJM). Os dados

secundários foram obtidos dos prontuários dos pacientes atendidos no período de 2002 a

2012 e os dados primários foram obtidos diretamente dos pacientes que buscaram o serviço

até o mês de setembro do ano de 2013.

3.2. Critério de inclusão

Foram incluídos neste estudo apenas os pacientes que, inicialmente foram

diagnosticados positivamente no exame microscópico para encontro do parasito, na data do

primeiro atendimento e previamente ao início do tratamento antimalárico, realizaram

hemograma em equipamento automatizado e dotado de recursos para a determinação dos

parâmetros plaquetários.

3.3. Diagnóstico laboratorial da malária

Para todos os pacientes o diagnóstico parasitológico da malária consistiu no preparo

e coloração de esfregaço espesso de sangue, conforme o método de Walker (Ministério da

Saúde, 2009). A avaliação quantitativa da parasitemia foi feita pela contagem de parasitos

em exame de 200 campos microscópicos, assumindo que essa área equivale a

aproximadamente 0,4 µL de sangue (WHO, 2010). Assim, multiplicando-se o número

observado de parasitos em 200 campos por 2,5 vezes, estimou-se a densidade parasitária

do paciente em um microlitro de sangue.

Page 31: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

18

3.4. Avaliação hematológica dos pacientes

Após a confirmação diagnóstica da malária, uma amostra de sangue foi obtida por

punção da veia cubital em tubos a vácuo contendo anticoagulante EDTA. O hemograma

foi então processado no Laboratório de Hematologia do Hospital Universitário Júlio

Müller, no equipamento Horiba, Pentra 80 (Horiba Medical, Montpellier, France). Uma

vez que a mensuração das plaquetas e do volume plaquetário médio pode ser problemática,

pois aumenta com o tempo de armazenamento do sangue colhido em EDTA (Cora et al.,

2012), tomou-se o cuidado de manter o sangue em agitação contínua e de realizar o exame

imediatamente após a colheita. Todos os hemogramas foram realizados no mesmo

laboratório e em aparelhos da mesma marca e modelo.

3.5. Avaliação clínica dos pacientes

A avaliação clínica dos pacientes foi sempre executada por um médico plantonista,

no momento em que o paciente deu entrada no serviço, o qual preencheu o formulário

padrão de atendimento ao paciente, utilizado na rotina do ambulatório desde 2002

(Apêndices 1 e 2). O instrumento contempla a obtenção de dados demográficos, clínicos e

epidemiológicos, os quais foram utilizados para classificar os pacientes em relação à

exposição anterior à transmissão de malária e em relação à gravidade clínica atual,

conforme se segue:

a) Exposição à transmissão da doença: tempo de vida em área de transmissão de

malária e número de episódios prévios de malária na vida;

b) Gravidade clínica: grave e não grave, em função de presença /ausência de algum

sinal de alerta para malária grave e complicada (WHO, 2006), listados no Quadro 1. A esse

critério também foram adicionadas a elevação da creatinina e a constatação de anemia

grave (hemoglobina < 8g/dL ou hematócrito < 15%) no hemograma do paciente (WHO,

Page 32: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

19

2006; Ministério da Saúde, 2010). Plaquetopenia foi definida de acordo com George &

Rizvy (2001), sendo considerada leve (150.000-100.000/mm3), moderada (100.000-

50.000/mm3) e grave (inferior a 50.000/mm

3).

Ao final do atendimento, o paciente foi sempre tratado com cloroquina +

primaquina, conforme recomenda o Ministério da Saúde para o tratamento das infecções

pelo P. vivax (Ministério da Saúde, 2010). Todos eles foram ainda convidados a

retornarem em uma semana para realização de novo hemograma e outro exame

parasitológico, para a verificação da cura da malária.

Quadro 1: Sinais e sintomas indicadores de malária grave e complicada utilizados

no presente estudo.

Sinais e sintomas Valor de corte

Hiperpirexia Temperatura > 41ºC

Hiperparasitemia > 200.000/mm³

Hipotensão PA sistólica < 90 mm Hg

Anemia Hemoglobina < 8g/dL ou hematócrito < 15%

Creatinina > 1,5 mg/dl

3.6. Procedimentos de análise dos resultados

Os dados foram digitados no programa Epidata Entry (versão 3.1) e analisados no

programa Stata, versão 12. A distribuição dos parâmetros plaquetários foi avaliada por

meio de histogramas e sumarizada pela descrição de suas médias e desvios-padrão, devido

à sua natureza contínua. Gráficos de dispersão foram construídos para analisar a relação

entre variáveis contínuas.

Após análise descritiva, foi avaliada a relação entre os valores dos parâmetros e as

variáveis independentes indicadoras de gravidade clínica (parasitemia, estar na

Page 33: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

20

primoinfecção, tempo de início dos sintomas, sinais de alerta para doença grave) e de

exposição prévia à transmissão da doença (número prévio de infecções maláricas e tempo

de vida na área endêmica). As variáveis idade e sexo também foram incluídas nessa

análise, por serem sabidamente associadas ao nível de exposição individual à transmissão

de malária no Brasil (Fontes, 2001). Para algumas variáveis (PCT, DAP, número de

plaquetas, parasitemia), valores muito discrepantes foram retirados dessa análise

univariada, pois não houve nenhuma investigação sobre outras morbidades que poderiam

alterar tanto os valores plaquerários.

Em virtude da grande assimetria da distribuição dos dados da variável tempo de

vida em área endêmica, optou-se por sua transformação logarítmica, no sentido de grarantir

normalidade e reduzir a sua variabilidade. No entanto, devida a grande heterogeneidade

das variâncias entre as diversas variáveis envolvidas na análise, optou-se pela análise da

correlação entre essas e os parâmetros plaquetários, por meio do teste não paramétrico de

correlação de Spearman.

A variável tempo de início dos sintomas foi categorizada em dois níveis, isto é, ≤ 3

dias e > 3 dias, no intuito de discriminar pacientes com maior risco de gravidade, conforme

já sugeriram outros autores (WHO, 2006). A relação entre parâmetros plaquetários e

primoinfeccção/múltiplas infecções, ou com ocorrência ou não de complicações ou tempo

curto ou longo de início de sintomas foi analisada pelo teste não paramétrico de Mann-

Whitney.

Para avaliar associação independente das variáveis estudadas aos parâmetros

plaquetários e para controlar o efeito de possíveis fatores de confusão, foi construído um

modelo multivariado de regressão logística. O método de seleção de variáveis utilizado foi

o backward stepwise com posterior verificação da significância da razão de

verossimilhança. Para tanto, os valores dos parâmetros plaquetários foram inicialmente

Page 34: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

21

categorizados em dois grupos, a saber: para VPM e DAP em nível baixo se iguais ou

inferiores à mediana e nível alto, se superiores à mediana. Para considerar o PCT em nível

baixo, definimos que, se inferior à mediana e nível alto se igual ou superior à mediana.

Para uma subamostra de pacientes que tiveram hemograma realizado no momento

do diagnóstico e sete dias após o início do tratamento, foi feita análise comparativa dos

parâmetros plaquetários observados antes e após a cura da doença. Essa análise foi feita

pelo teste não paramétrico de Wilcoxon, adequado para comparação de medidas em

amostra relacionada (pareada). Para todas as análises acima se considerou erro alfa de 0,05.

3.7. Considerações éticas

O acesso às informações dos prontuários foi previamente autorizado pelo Diretor

Clínico do Hospital Universitário Júlio Müller (Anexo1). A realização do presente estudo

foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Júlio Müller, sob

o número 242.721. Para os pacientes incluídos no componente prospectivo deste trabalho

foi solicitada a assinatura de um termo de consentimento livre e esclarecido, assim que

concordarem em participar da pesquisa. Para os participantes menores de idade foi

necessário o consentimento de seu responsável. Todos os dados coletados dos pacientes

foram mantidos em sigilo e apresentados apenas de forma consolidada.

Page 35: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

22

4. RESULTADOS

Page 36: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

23

4.1. Perfil epidemiológico e clínico dos pacientes com malária por P. vivax

Desde o ano 2002, foram atendidos 1.245 de pacientes no Ambulatório de

Referência para o Diagnóstico e Tratamento da Malária no Hospital Universitário Júlio

Müller. Desse total, 964 (77,4%) eram portadores de malária causada pelo P. vivax, 249

(20,0%) pelo P. falciparum e 33 (2,6%) por infecção mista por P. vivax e P. falciparum.

Dos 964 pacientes com monoinfecção pelo P. vivax, 186 (19,3%) possuíam

informações clínicas e laboratoriais completas e, por isto, foram incluídos no estudo. Esses

pacientes apresentavam média (DP) de idade de 37,7 (14,7) anos e 145 (78,0%) eram do

sexo masculino. A maioria (134 indivíduos) deles referia mais de um episódio prévio da

doença, com média (DP) de 4,7 (6,5) episódios em toda a sua vida. O tempo de vida em

área endêmica de malária foi extremamente heterogêneo e assimétrico, variando de um dia

a 24 anos e com média (DP) de 16,8 (47) meses. Contudo, 115 (72,3%) indivíduos

referiram tempo de vida menor que seis meses em área de transmissão da doença (Tabela

2).

O tempo decorrido entre o início do sintoma e o diagnóstico da malária variou de

um a 60 dias, com média (DP) de 7,1 (8,6) dias. No entanto, para importante parcela

(54,5%) dos pacientes, o diagnóstico da malária só ocorreu após 96 horas, isto é, quatro

dias após o início dos sintomas. No momento do diagnóstico, 56,1% dos pacientes

apresentavam febre. A presença de pelo menos um sinal de alerta para malária grave e

complicada (WHO, 2006) foi registrada na avaliação de 21 (11,3%) dos pacientes. Esses

sinais foram: hiperpirexia, anemia grave, hipotensão arterial e elevação da creatinina

sérica. A parasitemia média (DP) observada em 186 pacientes foi de 7.256 (11.147)

parasitos por mm³ de sangue (Tabela 2). Nenhum paciente relatou uso de medicamento

com potencial de interferir nos parâmetros plaquetários.

Page 37: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

24

Tabela 2 - Características demográficas, clínicas, epidemiológicas e laboratoriais de pacientes com malária

por P. vivax atendidos no Hospital Universitário Júlio Müller entre 2002 e 2013.

Característica n %

Idade (anos)

(n=182)

0-12 5 2,8

13-49 130 76,4

≥ 50 34 20,8

Média=37,7; DP=14,7

Sexo Masculino 145 78,0

Feminino 41 22,0

Episódios prévios de malária

(n=178)

0 44 24,7

1-2 51 29,7

3-5 38 21,3

>5 45 25,3

Média=4,7; DP=6,5

Tempo de vida na área endêmica

(n=159)

<6 meses 115 72,3

6-12 meses 17 10,7

> 12 meses 27 17,0

Média= 16,8; DP=47,3

Dias de sintomas

(n=167)

<3 58 34,7

> 4 109 65,3

Média=7,1; DP=8,6

Febre ao diagnóstico

(n=157)

Sim 88 56,1

Não 69 43,9

Indicação de gravidade Sim 21 11,3

Não 165 88,7

Parasitemia/mm³ (n=172) Média=7.256; DP=11.147

*: variação no número de indivíduos deve-se à falta de informação da respectiva variável.

4.2. Parâmetros hematológicos dos pacientes com malária por P. vivax

Na avaliação hematológica, o conjunto dos pacientes apresentou hemoglobina

média (DP) de 12,9 (2,0) g/dL, hematócrito médio (DP) de 38,5% (5,5%) e leucometria

média (DP) de 6.278,0 (6.322,8) leucócitos/mm³. Em relação às plaquetas, verificou-se

plaquetimetria média (DP) de 114.823,7 (76.760,8) células/mm³, com 16,7% e 60,7 % dos

Page 38: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

25

pacientes apresentando contagens abaixo de 50.000/mm3 e entre 50.000-150.000/mm

3,

respectivamente. Os valores médios (DP) dos parâmetros plaquetários foram de 9,3 (1,0)

µm³ para o VPM, 17,5 (3,4) para a DAP e de 0,104 (0,066) para o PCT (Tabela 3). O VPM

e a DAP foram, em geral, mais altos do que aqueles considerados como referência normal

desses parâmetros, com 47,8% e 58,6% dos valores acima da mediana. O contrário ocorreu

com o PCT, cujos valores concentraram-se em faixas inferiores aos de referência (Tabela

1). A distribuição da contagem das plaquetas e dos níveis de VPM, DAP e PCT está

apresentada na Figura 3, evidenciando importante assimetria em todas elas.

Tabela 3 - Parâmetros hematológicos observados em 186 pacientes com malária por

P. vivax atendidos no Hospital Universitário Júlio Müller entre 2002 e 2013.

Parâmetro hematológico n (%) Média (DP)

Hemoglobina (g/dL) - 12,9 (2,0)

Hematócrito (%) - 38,5 (5,5)

Leucócitos/mm³ - 6.278 (6.323)

Número de plaquetas /mm³ - -

Total - 114.823 (76.761)

<50.000 31 (16,7) 34.761 (11.571)

50.000 – 150.000 113 (60,7) 97.598 (27.251)

>150.000 42 (22,6) 220.261 (86.066)

Volume plaquetário médio /µm³ - 9,3 (1,0)

Distribuição da amplitude das plaquetas (%) 153 (82,3)* 17,5 (3,4)

Plaquetócrito (%) - 0,104 (0,066)

*: dado não disponível para 33 pacientes

Page 39: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

26

70000060000050000040000030000020000010000010000

60

50

40

30

20

10

0

Número de plaquetas /mm³

Fre

qu

ên

cia

(%

)

12,011,210,49,68,88,07,26,46,0

40

30

20

10

0

Volume plaquetário médio /µm³

Fre

qu

ên

cia

(%

)

3228242016128

40

30

20

10

0

Distribuição da amplitude das plaquetas (%)

Fre

qu

ên

cia

(%

)

0,600,500,400,300,200,100,050,00

50

40

30

20

10

0

Plaquetócrito (%)F

req

uên

cia

(%

)

Figura 3 - Histogramas da distribuição dos parâmetros plaquetários de pacientes com malária por P. vivax atendidos no

Hospital Universitário Júlio Müller entre 2002 e 2013.

Page 40: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

27

4.3. Análise da relação entre os parâmetros plaquetários e indicadores de gravidade

Para essa análise, os pacientes foram classificados de acordo com o seu perfil de

gravidade clínica, baseado no nível de parasitemia, na condição de primoinfecção, no tempo de

início dos sintomas e nos sinais de alerta para malária grave e complicada, apontados pela

OMS (WHO, 2006). Níveis mais altos de VPM e DAP foram observados em indivíduos

primoinfectados (p=0,0003 e p=0,0003, respectivamente) e com sinais de gravidade presentes

(p=0,042 e p=0,0001, respectivamente). Por outro lado, pacientes potencialmente mais graves,

isto é, com três ou menos dias de sintomas, apresentaram níveis menores de PCT (p=0,045)

(Tabela 4).

Correlação negativa fraca, porém estatisticamente significante, foi observada entre a

parasitemia e o PCT (p=0,0002). Contudo, não se observou correlação entre a parasitemia e o

VPM ou a DAP (Figura 4, A-C).

4.4. Relação entre parâmetros plaquetários e indicadores de exposição prévia à

transmissão de malária por P. vivax

Da análise da relação entre os parâmetros plaquetários e os indicadores de exposição

prévia à transmissão de malária observou-se correlação negativa e fraca entre o VPM e DAP

com o tempo de vida dos pacientes na área endêmica de malária (ρ= -0,228; p=0,004 e ρ=-

0,370; p<0,0001, respectivamente) (Figuras 5A e 5B). Já para o PCT, observou -se correlação

positiva fraca e estatisticamente significante (ρ=0,176; p= 0,027 (Figura 5C).

Correlação negativa e moderada também foi observada entre o VPM e a DAP com o

número referido de episódios prévios de malária (ρ=-0,317; p<0,001 e ρ=-0,370 e p<0,001,

respectivamente (Figuras 6 A e B). E o PCT não apresentou relação (ρ=0,140 e p=0,063)

(Figura 6C).

Page 41: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

28

Tabela 4 – Análise da associação entre os parâmetros plaquetários e características clínicas de gravidade de pacientes com malária por P. vivax

atendidos no Hospital Universitário Júlio Müller entre 2002 e 2013.

PARÂMETRO PLAQUETÁRIO

Média (DP)

Volume plaquetário médio

(/µm³)

Distribuição da amplitude das

plaquetas (%)

Plaquetócrito

(%)

Primeira infecção

Sim 9,77 (0,98) 19,87 (4,61) 0,086 (0,046)

Não 9,09 (0,94) 16,85 (2,89) 0,102 (0,053)

p 0,0003 0,0003 0,1165

Tempo de início dos

sintomas

> 3 dias 9,32 (1,03) 17,93 (3,75) 0,091 (0,005)

≤ 3 dias 9,12 (0,86) 16,77 (2,81) 0,104 (0,006)

p 0,166 0,065 0,045

Sinal de alerta para

gravidade

Presente 9,62 (1,12) 18,98 (3,64) 0,079 (0,036)

Ausente 9,21 (0,95) 17,35 (3,46) 0,105 (0,067)

p 0,042 <0,0001 0,084

Valores de p obtidos pelo teste de Mann-Whitney

Page 42: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

29

Figura 4 - Relação entre o nível de parasitemia e o volume plaquetário médio

(A), distribuição da amplitude das plaquetas (B) e o plaquetócrito (C) de pacientes com

malária por P. vivax atendidos no Hospital Universitário Júlio Müller entre 2002 e 2013. [Valores de p obtidos pelo teste de correlação de Spearman]

A

B

C

p=0,946

p=0,128

p=0,0002

Page 43: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

30

Figura 5 - Relação entre o tempo de vida em área endêmica de malária e o volume

plaquetário médio (A), distribuição da amplitude das plaquetas (B) e o plaquetócrito (C)

de pacientes com malária por P. vivax atendidos no Hospital Universitário Júlio Müller

entre 2002 e 2013. [Valores de p obtidos pelo teste de correlação de Spearman]

A

B

C

p=0,004

p<0,0001

p=0,027

Page 44: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

31

Figura 6 - Relação entre o número referido de episódios prévios de malária e o volume

plaquetário médio (A), distribuição da amplitude das plaquetas (B) e o plaquetócrito (C)

de pacientes com malária por P. vivax atendidos no Hospital Universitário Júlio Müller

entre 2002 e 2013. [Valores de p obtidos pelo teste de correlação de Spearman]

A

B

C

P<0,0001

p<0,001

p=0,0067

Page 45: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

32

4.5. Análise multivariada entre os fatores associados aos resultados alterados

dos parâmetros plaquetários

Os fatores identificados como associados ao incremento ou redução dos

parâmetros plaquetários aqui estudados foram novamente analisados em modelo de

regressão logística multivariada, para avaliar a independência de associação, isto é,

exclusão de possíveis variáveis potencialmente confundidoras da associação encontrada.

Foram construídos modelos de ajuste para cada parâmetro plaquetário, cujos valores

foram categorizados em torno da mediana, incluindo-se as variáveis que apresentaram

associação na análise univariada anteriormente descrita, além de idade e sexo. Após

ajuste, verificou-se que estar na primeira infecção malárica e ter sinais de alerta para

malária grave manteveram-se independentemente associados a maiores valores de VPM

(Tabela 5); a DAP permaneceu associada ao número prévio de infecções maláricas e ter

sinais de gravidade (Tabela 6); Para o PCT, apenas maior tempo de início dos sintomas

manteve-se associado a menor nível desse parâmetro (Tabela 7).

4.6. Parâmetros plaquetários antes e após o tratamento da malária aguda por

P. vivax

Com o intuito de verificar se as alterações observadas nos parâmetros

plaquetários eram devidas exclusivamente à malária, realizou-se análise comparativas

de seus níveis antes e depois do tratamento da doença. Dos pacientes incluídos no

estudo, 39 retornaram para fazer a verificação de cura e, nesse momento, foi realizado

novo hemograma para avaliação dos parâmetros plaquetários. Verificou-se incremento

significante na contagem de plaquetas e no plaquetócrito após sete a 10 dias do

Page 46: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

33

tratamento (p<0,0001 e p<0,0001, respectivamente) (Figura 7 A e D). Comportamento

inverso foi observado para o VPM e DAP, que evoluíram com queda significante

(p=0,0008 e p<0,0001, respectivamente) nos resultados laboratoriais desses parâmetros

na avaliação pós-tratamento (Figura 7 B e C).

Tabela 5 – Resultado da análise de regressão logística multivariada da associação entre o volume

plaquetário médio e variáveis demográficas e de gravidade de pacientes com malária por P. vivax atendidos

no Hospital Universitário Júlio Müller entre 2002 e 2013.

Variável Odds ratio IC 95% p

Primoinfeccção 2,72

1,16 ; 6,38 0,022

Presença de sinal de alerta para gravidade

3,47

1,02 ; 11,75 0,046

Obs: Incluídas no modelo as variáveis que apresentaram valor de p ≤ 0,20 na análise univariada, além da

idade e sexo.

Tabela 6 – Resultado da análise de regressão logística multivariada da associação entre distribuição da

amplitude das plaquetas e variáveis demográficas e de gravidade de pacientes com malária por P. vivax

atendidos no Hospital Universitário Júlio Müller entre 2002 e 2013.

Fator Odds ratio IC 95% p

Sexo 0,49 0,19 ; 1,28 0,148

Episódios prévios de malária 0,91 0,85 ; 0,97 0,004

Presença de sinal de alerta para gravidade 5,44 1,20 ; 24,78 0,028

Obs: Incluídas no modelo as variáveis que apresentaram valor de p ≤ 0,20 na análise univariada, além da

idade e sexo.

Tabela 7 – Resultado da análise de regressão logística multivariada da associação entre o plaquetócrito e

variáveis demográficas e de gravidade de pacientes com malária por P. vivax atendidos no Hospital

Universitário Júlio Müller entre 2002 e 2013.

Fator Odds ratio IC 95% p

Sexo 0,44 0,17 ; 1,13 0,088

Tempo de sintoma (dias) 2,46 1,11 ; 5,46 0,026

Presença de sinal de alerta para

gravidade

2,53 0,79 ; 8,17 0,119

Obs: Incluídas no modelo as variáveis que apresentaram valor de p ≤ 0,20 na análise univariada, além da

idade e sexo.

Page 47: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

34

Pós-tratamentoPré-tratamento

600000

500000

400000

300000

200000

100000

0

mero

de p

laq

ueta

s /m

Pós-tratamentoPré-tratamento

11

10

9

8

7

Vo

lum

e p

laq

uetá

rio

méd

io /

µm

³

Pós-tratamentoPré-tratamento

24

22

20

18

16

14

12

10

Dis

trib

uiç

ão

da a

mp

litu

de d

as

pla

qu

eta

s (%

)

Pós-tratamentoPré-tratamento

0,6

0,5

0,4

0,3

0,2

0,1

0,0

Pla

qu

etó

cri

to (

%)

Figura 7 – Parâmetros plaquetários antes e depois do tratamento de pacientes com

malária por P. vivax atendidos no Hospital Universitário Júlio Müller entre 2002 e 2013.

(A) Número de plaquetas; (B) Volume plaquetário médio; (C) Distribuição da

amplitude plaquetária; (D) Plaquetócrito [Valor de p obtido pelo teste de Wilcoxon para amostras

relacionadas]

p<0,0001 p<0,0008

p<0,0001 p=0,0001

A B

C D

Page 48: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

35

5. DISCUSSÃO

Page 49: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

36

No presente estudo, a análise dos parâmetros plaquetários de 186 pacientes com

malária causada pelo P. vivax demonstrou alterações no VPM, na DAP e no PCT, as

quais se caracterizaram por grande variabilidade de seus valores e que tenderam a

normalizar após sete a 10 dias do início do tratamento. Destaca-se que foi alta (11%) a

frequência de pacientes classificados como portadores de doença grave, mesmo tendo

infecção apenas por P. vivax. O perfil demográfico desses pacientes não difere daquele

geralmente verificado para pacientes selecionados diretamente das áreas de transmissão,

isto é, de adultos jovens, do sexo masculino e com variado tempo de exposição à

transmissão (Katsuragawa et al., 2013). Além disto, apesar do progressivo aumento, nos

últimos anos, dos relatos de casos graves de malária por P. vivax (Makkar et al., 2002;

Lacerda et al., 2011; Mehmood et al., 2012; Raposo et al., 2013), esse perfil clínico

ainda não é relevante na demanda de pacientes atendida em serviços de saúde da Região

Amazônica (Echeverri et al., 2003). Assim sendo, a alta frequência de pacientes graves

pode ser explicada pelo fato do estudo ter sido realizado em serviço de referência para

diagnóstico e tratamento da malária, onde geralmente concentram-se os casos mais

graves da doença.

Também alta foi a frequência de plaquetopenia entre os pacientes do estudo,

apesar de nenhum deles ter apresentado hemorragia. Esse achado está consistente com

estudos prévios, que também mostraram redução na contagem de plaquetas durante a

malária por P. vivax e baixa ocorrência de sangramento (Silva, 2009; Lacerda et al.,

2012). Considerável proporção (47,8%) dos pacientes deste estudo apresentou VPM

acima da mediana no momento do diagnóstico da malária por P. vivax. Essa proporção

foi superior à de 25% encontrada para pacientes com P. falciparumn a Arábia Saudita

(Bashawri et al., 2002) e semelhante à relatada por Franklin et al., (2011) e Coelho et

al., (2013) para pacientes com P. vivax da região Amazônica.

Page 50: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

37

O aumento do VPM na malária também foi observado em outros estudos

(Ladhani et al., 2002; Maina et al., 2010; Coelho et al., 2013) e essa alteração foi

recentemente testada quanto à sua validade para o diagnóstico da malária aguda em

casos suspeitos na Índia. Os autores concluíram que valores superiores a 8 µm³ de VPM

apresentaram sensibilidade de 70,8% e 50,4% para o diagnóstico de P. vivax e P.

falciparum, respectivamente, motivo pelo qual sugerem a sua utilização como

característica preditora de malária na prática clínica (Chandra & Chandra, 2013).

É sabido que o tempo decorrido entre o início dos sintomas provocados pela

malária e o início do tratamento está diretamente associado com a gravidade da doença

(Oliveira-Ferreira et al., 2010). Tanto o aumento do tempo de início dos sintomas

quanto a ocorrência de sinais clínicos e laboratoriais definidores de malária grave se

associaram às alterações dos parâmetros plaquetários dos pacientes aqui estudados.

Associação semelhante com indicadores de gravidade de outras doenças já foi relatada

anteriormente (Gunebakmaz et al., 2010; Icli et al., 2013; Karakaş et al., 2013).

Alterações no VPM se correlacionam com a função e ativação plaquetárias (Greer et al.,

2008) e são induzidas pela inflamação e outras condições que interferem nos processos

homeostáticos do corpo (Robbins & Barnard, 1983). Plaquetas maiores são

metabolicamente e enzimaticamente mais ativas e têm uma importante função nos

processos inflamatórios (Thon & Italiano, 2012a).

Elevação do VPM tem estreita relação com o processo inflamatório (Gasparyan

et al., 2011), sendo descrita em pacientes com sepse grave e explicada pela liberação

esplênica e medular rápida de plaquetas com grande volume, em resposta à maior

demanda por essas células (Robbins & Barnard, 1983; Becchi et al., 2006). De fato,

estudos em humanos e em ratos já mostraram que plaquetas grandes são funcionalmente

mais ativas e tem limiar mais baixo para agregação e liberação da sua atividade

Page 51: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

38

plaquetária (Greisenegger et al., 2004; Becchi et al., 2006). Em doenças bacterianas, o

aumento do VPM associa-se ao pior prognóstico do paciente e é interpretado como

evolução mais invasiva ou refratariedade da infecção ao tratamento antibiótico (Van der

Lelie & Von dem Borne, 1983; Greisenegger et al., 2004; Becchi et al., 2006).

Da mesma forma, a medida da DAP mostrou-se aumentada nos pacientes

estudados, refletindo alta variabilidade no tamanho das plaquetas. Sabe-se que em

indivíduos normais a DAP se correlaciona direta e linearmente com o VPM (Jackson &

Carter, 1993). Portanto, esse aumento da DAP pode ser simples consequência do

aumento do VPM, já mencionado. Entretanto, grande heterogeneidade na largura das

plaquetas é mais frequentemente observada nas doenças mieloproliferativas, mesmo

com o VPM normal (Jackson & Carter 1993). Contudo, aumento da DAP já foi também

relatada em outras condições patológicas como eclampsia (Singer et al., 1986; Santos &

Meireles Filho, 2004), síndrome coronariana aguda, insuficiência cardíaca (Khandekar

et al., 2006; Vatankulu et al., 2013), micro-oclusão vascular da doença falciforme

(Amin et al., 2004) e bacteriemia (Zucker-Franklin & Karpatkin, 1977). Apenas um

estudo fez menção aos valores de DAP na malária, concluindo que, na faixa de 6-10 fL,

esse parâmetro pode ser considerado como preditor de infecção aguda pelo P.

falciparum (Chandra & Chandra, 2013). Nessas condições, a ativação plaquetária tem

sido imputada como principal mecanismo indutor da elevação da DAP (Vagdatli et al.,

2010).

Em relação ao PCT, observou-se menor valor médio do parâmetro nos pacientes

com malária aguda por P. vivax, em relação à faixa de referência. Pouco se sabe sobre o

PCT em situação de doença, sendo ele o parâmetro hematológico mais negligenciado na

prática clínica e também com o menor número de publicações na literatura biomédica.

Alterações do PCT já foram observadas em algumas condições clínicas tais como a

Page 52: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

39

isquemia coronariana (Akpinar et al., 2013), diabetes melitus (Dalamaga et al., 2010),

tuberculose pulmonar (Tozkoparan et al., 2007), apnéia do sono (Nena et al., 2012), e

doença inflamatória intestinal (Öztürk et al., 2013).

Alguns indicadores de exposição à transmissão foram inseridos na presente

análise para avaliar o efeito da imunidade contra a malária sobre os parâmetros

plaquetários dos pacientes. Esses indicadores são classicamente associados à imunidade

adquirida contra a malária (Collins et al., 2004), especialmente à chamada imunidade

clínica (ou anti-tóxica), que se traduz por redução das manifestações clínicas e da

gravidade da doença (Doolan et al., 2009). De fato, níveis mais altos de VPM e DAP

foram observados em pacientes primoinfectados, os quais são mais vulneráveis à

evolução grave e complicada da doença (Trampuz et al., 2003). Além disto, associação

inversa foi observada entre esses parâmetros e os indicadores de exposição analisados,

indicando que à medida que o indivíduo envelhece ou aumenta a sua exposição ao

parasito, o impacto da doença sobre o tamanho e a largura das plaquetas é menor.

Considerando que o aumento da dimensão plaquetária é função de sua maior atividade

nos processos inflamatórios (Robbins & Barnard, 1983; Becchi et al., 2006), esse

achado é compatível com o desenvolvimento da imunidade adquirida contra a malária,

que é função direta da exposição à transmissão (Doolan et al., 2009), tornando as

plaquetas menos vulneráveis aos efeitos da infecção por P. vivax.

Algumas limitações deste estudo devem ser aqui enfatizadas. Por exemplo,

outras condições causadoras de redução de plaquetas e alterações nos parâmetros

plaquetários não foram sistematicamente investigadas nos pacientes incluídos. Porém, a

mudança no nível desses parâmetros na avaliação pós-tratamento específico sugere que

a malária foi a causa mais provável das alterações constatadas. Da mesma forma, é

pouco provável que problemas técnicos tenham interferido na determinação dos

Page 53: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

40

parâmetros plaquetários avaliados, uma vez todo o cuidado foi tomado para processar o

hemograma imediatamente após a colheita do sangue e equipamentos da mesma marca

e modelo foram utilizados para a sua determinação.

Destaca-se, por fim, que os achados aqui apresentados alertam para a

necessidade de maior atenção aos parâmetros plaquetários na abordagem de pacientes

com malária por P. vivax, os quais podem ser úteis na avaliação prognóstica dos

pacientes com essa parasitose. No entanto, estudos com metodologia apropriada para

mensuração de desfechos prognósticos serão necessários para a confirmação do

potencial papel dos parâmetros plaquetários no manejo do paciente com malária por P.

vivax.

Page 54: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

41

6. CONCLUSÕES

Page 55: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

42

- O VPM, a DAP e PCT apresentaram grande variabilidade no curso da infecção aguda

e sintomática por P. vivax;

- Elevação do VPM e da DAP, bem como redução do PCT, são alterações frequentes

durante a infecção aguda e sintomática por P. vivax;

- O VPM e a DAP se associam negativamente aos indicadores de exposição à

transmissão da malária causada por P. vivax, sugerindo efeito protetor da imunidade

adquirida sobre o impacto da doença nesses parâmetros plaquetários;

- O VPM e a DAP encontram-se mais elevados em pacientes que apresentam

indicadores clássicos de evolução mais grave da malária causada por P. vivax, quais

sejam, a primoinfeccção, o maior tempo de início dos sintomas e os sinais de alerta para

evolução grave e complicada.

Page 56: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

43

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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8. APÊNDICES

Page 65: Estudo dos parâmetros plaquetários em pacientes portadores

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8.1. Apêndice 1

QUESTIONÁRIO - PACIENTES NÚMERO:

Data:___/___/_____

Nome:

Idade:Sexo ()M ()F

Endereço completo (incluir bairro e ponto de referência):

Fone para Contato:

Fone Familiar: Cor da Pele: ()B ()Preta ()Parda ()Amarela

Se feminino, está gestante ()S ()N

Principal Ocupação no último mês:

Quantas malária na vida, antes da atual?

Viajou para área endêmica depois do ultimo tratamento de malária? () Sim ()Não

Está tomando algum remédio nos últimos 7 dias?

Se sim, qual ou quais?

Há tempo você frequenta a área endêmica de malária?

Há quantos dias está com os sintomas desta malária?

Em que município você acha que pegou esta malária?

Teve Febre hoje? () Sim () Não Qual foi a ultima temperatura nas ultimas 24 horas?________ºC

Nos últimos 3 dias você esta tendo: Febre? ()S ()N Calafrio? ()S ()N Dor de Cabeça ()S ()N Enjôo? ()S ()N Vômitos? () S ()N Dor no Corpo? ()S ()N Dor no Estômago? ()S ()N

Exame Físico (Não esquecer de medir a temperatura e anotar): Quantos Kilos você pesa? (Preferível pesar o paciente).............KgTemperatura Axilar: ...............ºC

Verificar existência:Palidez acentuada ()S ()N Icterícia ()S ()N Alterações da consciência ()S ()N Sinais de Sangramento ()S ()N Visceromegalias ()S ()N Outros:

Resultado da esfregaço espesso: ()PF ()PV ()PF +PV ()NEG Parasitemia em cruzes:

Parasitemia em 200 campos: Resultado do teste rápido: ()PF ()Não PF ()NEG

Hemácias: Hemoglobina: Hematócrito: Leucócitos: Plaquetas:

Tratamento Recebido: () Cloroquina + Primaquina – dose e tempo de uso () Artemeter + Lumefantrina – dose e tempo de uso () Artesunato + Mefloquina – dose e tempo de uso () Outro:

Resultado da PCR: ()PF ()PV ()PM ()PF + PV ()PV + PM ()NEG

Classificação da Doença: () Primoinfecção () Recrudescência () Reinfecção () Recaída

Anote aqui outras observações importantes: _____________________________________________________________________________

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8.2. Apêndice 2

FICHA CLÍNICA

Para ser preenchida pelo médico

Exame clínico do paciente Nome do paciente: Idade:

Estado mental: [ ] Normal [ ] Alterado Enchimento capilar periférico: [ ] Normal [ ] Lentificado

Mucosas hipocoradas? [ ] Sim [ ] Não Se sim, quantas cruzes?

Icterícia? [ ] Sim [ ] Não Se sim, quantas cruzes?

Dispnéia/Taquipnéia? [ ] Sim [ ] Não Se sim, qual a FR?

Taquicardia? [ ] Sim [ ] Não Se sim, qual a FC?

Baço palpável? [ ] Sim [ ] Não

Se sim, quantos centímetros do RCE?

Fígado palpável? [ ] Sim [ ] Não

Se sim, quantos centímetros do RCD?

Por favor, anote neste espaço outros achados físicos que julgar relevantes:

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9. ANEXO

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8.1. Anexo 1:

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