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Estudo Multicêntrico sobre Consumo Alimentar - 1997 MINISTÉRIO DA SAÚDE ESTUDO MULTICÊNTRICO SOBRE CONSUMO ALIMENTAR Organizadores: Dra Maria Antonia Martins Galeazzi Dra Semiramis M. Alvares Domene Dra. Rosely Schieri Apoio Informático: Anita K. Guimarães 1997 SUMÁRIO 1

ESTUDO MULTICÊNTRICO SOBRE CONSUMO ALIMENTAR · Tabela 16b. Relação de alimentos mais consumidos e situação quanto ao fornecimento diário per capita de proteína em cada município

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Estudo Multicêntrico sobre Consumo Alimentar - 1997

MINISTÉRIO DA SAÚDE

ESTUDO MULTICÊNTRICO SOBRE CONSUMO ALIMENTAR

Organizadores: Dra Maria Antonia Martins Galeazzi Dra Semiramis M. Alvares Domene Dra. Rosely Schieri Apoio Informático: Anita K. Guimarães

1997

SUMÁRIO

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Estudo Multicêntrico sobre Consumo Alimentar - 1997

1. INTRODUÇÃO 5 2. METODOLOGIA 6

2.1. Consumo Familiar 82.2. Consumo Individual 82.3. Plano Amostral 9

3. RESULTADOS 11

3.1. Tamanho médio das famílias e distribuição dos domicílios segundo faixas de renda 113.2. Consumo Alimentar 11

3.2.1. Comportamento em Consumo Alimentar - aspectos socioeconômicos 113.2.2. Consumo Familiar 12

3.2.2.1. Disponibilidade de alimentos. Adequação de energia e nutrientes 12

3.2.2.1.1. Disponibilidade de energia 133.2.2.1.2. Disponibilidade de proteínas. 133.2.2.1.3. Disponibilidade de minerais. 173.2.2.1.4. Disponibilidade de vitaminas 19

3.2.2.2. Caracterização do padrão de consumo- ordenação dos alimentos segundo ordem de importância quanto à contribuição energética nas diferentes classes de renda. 24

3.2.2.2.1. Campinas 253.2.2.2.2. Goiânia 263.2.2.2.3. Ouro Preto 283.2.2.2.4. Rio de Janeiro 29

3.2.2.3. Indicador para cesta básica 303.2.3. Consumo Individual 39

3.2.3.1. Rio de Janeiro 393.2.3.2. Campinas 413.2.3.3. Curitiba 433.2.3.4. Goiânia 453.2.3.5. Ouro Preto 47

4. CONCLUSÕES 49 5. RECOMENDAÇÕES 51 6. BIBLIOGRAFIA 52Anexo I 55

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QUADROS

Quadro 1. Descrição da pesquisa de campo em cada município 10Quadro 2. Cesta Básica proposta: alimentos e quantidades necessárias para atender 80% das recomendações nutricionais de uma família padrão

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TABELAS

Tabela 1. Distribuição dos domicílios segundo faixas de renda (Salário mínimo per capita) Campinas, Goiânia, Ouro Preto e Rio de Janeiro 11

Tabela 2. Gasto médio em alimentação em número de salários mínimos, por faixa de renda familiar - Campinas, Ouro Preto, Goiânia 12

Tabela 3. Adequação percentual de energia disponível nos domicílios, estratificada por faixa de renda em cada município 13

Tabela 4. Adequação percentual de proteína disponível nos domicílios, estratificada por faixa de renda em cada município. 14

Tabela 5. Adequação percentual de cálcio disponível nos domicílios, estratificada por faixa de renda em cada município 18

Tabela 6. Adequação percentual de fósforo disponível nos domicílios, estratificada por faixa de renda em cada município 18

Tabela 7. Adequação percentual de ferro disponível nos domicílios, estratificada por faixa de renda em cada município 19

Tabela 8. Adequação percentual de retinol disponível nos domicílios, estratificada por faixa de renda em cada município 20

Tabela 9. Adequação percentual de Vit. B1 disponível nos domicílios, estratificada por faixa de renda em cada município 21

Tabela 10. Adequação percentual de Vit. B2 disponível nos domicílios, estratificada por faixa de renda em cada município 21

Tabela 11. Adequação percentual de Vit. C disponível nos domicílios, estratificada por faixa de renda em cada município 21

Tabela 12. Classificação dos alimentos segundo fornecimento de energia, por faixa de renda, no município de Campinas 26

Tabela 13. Classificação dos alimentos segundo fornecimento de energia, por faixa de renda, no município de Goiânia 27

Tabela 14. Classificação dos alimentos segundo fornecimento de energia, por faixa de renda, no município de Ouro Preto 28

Tabela 15. Classificação dos alimentos segundo fornecimento de energia, por faixa de renda, no município do Rio de Janeiro 29

Tabela 16a. Relação de alimentos mais consumidos e situação quanto ao fornecimento diário per capita de energia em cada município 31

Tabela 16b. Relação de alimentos mais consumidos e situação quanto ao fornecimento diário per capita de proteína em cada município 32

Tabela 17a. Variação, em porcentagem, do consumo dos alimentos mais importantes quanto ao fornecimento diário de energia, em cada município, com relação ao ENDEF-1974. 34

Tabela 17b. Variação, em porcentagem, do consumo dos alimentos mais importantes quanto ao fornecimento diário de energia, em cada município, com relação à POF-1987 35

Tabela 17c. Cesta básica formulada a partir do estudo de Consumo Familiar 37Tabela 18. Médias de consumo de nutrientes no município do Rio de Janeiro 39Tabela 19. Percentual de indivíduos com consumo inadequado, segundo idade e

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sexo, Rio de Janeiro 40Tabela 20. Médias e desvios padrão do consumo de nutrientes no município de

Campinas 41Tabela 21. Percentual de indivíduos com consumo inadequado, segundo idade e

sexo, Campinas 42Tabela 22. Médias e desvios padrão do consumo de nutrientes no município de

Curitiba 43Tabela 23. Percentual de indivíduos com consumo inadequado, segundo idade e

sexo, Curitiba 44Tabela 24. Médias e desvios padrão do consumo de nutrientes no município de

Goiânia 45Tabela 25. Percentual de indivíduos com consumo inadequado, segundo idade e

sexo, Goiânia 46Tabela 26. Médias de consumo de nutrientes no município de Ouro Preto (urbano +

rural) 47Tabela 27. Percentual de indivíduos com consumo inadequado, segundo idade e

sexo, Ouro Preto 48

FIGURAS

Figura 1. Adequação percentual de energia disponível nos domicílios, estratificada por faixa de renda em cada município. 15

Figura 2. Adequação percentual de proteína disponível nos domicílios, estratificada por faixa de renda em cada município. 16

Figura 3. Adequação percentual de minerais disponíveis nos domicílios, estratificada por faixa de renda em cada município. 22

Figura 4. Adequação percentual de retinol, vitamina B1 e vitamina B2 disponíveis nos domicílios, estratificada por faixa de renda em cada município. 23

Figura 5. Adequação percentual de Vitamina C disponível nos domicílios, estratificada por faixa de renda em cada município. 24

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Apresentação O Caderno Especial do NEPA traz em momento oportuno resultados da parceria

Ministério da Saúde, Universidade Estadual de Campinas, Universidade Estadual do Rio de

Janeiro, Universidade Federal do Paraná, Universidade Federal de Ouro Preto e

Universidade Federal de Goiás para realização do Estudo Multicêntrico de Consumo Familiar

de Alimentos realizado nas cidades de Rio de Janeiro, Goiânia, Campinas, Ouro Preto e

Curitiba no ano de 1996/1997. Sob a coordenação da UNICAMP e UERJ o presente estudo

ao utilizar duas metodologias, o Inquérito de Consumo Familiar (InCF) e o Inquérito de

Consumo Individual (ICI), veio preencher a lacuna existente quanto ao conhecimento do

perfil alimentar e nutricional da população brasileira.

Esperamos que esta publicação possa ser útil aos diferentes profissionais que

trabalham nas áreas correlatas de Nutrição, Saúde Coletiva e Políticas Públicas.

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1- INTRODUÇÃO

A avaliação do padrão de consumo de alimentos por uma população é informação

básica para o direcionamento de políticas em várias áreas: agricultura (no que se refere

tanto à produção quanto ao armazenamento e transporte), comércio e saúde, entre outras.

No Brasil, o último levantamento a esse respeito data de 22 anos, e não existem dados

atualizados sobre o assunto. Ao mesmo tempo, são graves e flagrantes os problemas

decorrentes da inadequação de consumo de alimentos. De um lado, apesar do inegável

impacto das ações básicas de saúde, tem-se a manutenção de um quadro de morbi-

mortalidade infantil caracterizado por doenças infecto-contagiosas e desnutrição, típico de

populações carentes; de outro, acompanha-se o aumento da prevalência de doenças

crônicas, um fenômeno característico de populações em processo de enriquecimento. Tal

situação desenha um perfil epidemiológico complexo, que exige acompanhamento

competente e minucioso, a fim de subsidiar políticas de intervenção. Como dificuldade

adicional, as dimensões territoriais do país, bem como sua diversidade regional, são fatores

que dificultam a operacionalização de levantamentos.

As informações sobre consumo alimentar da população são escassas e ainda hoje, a

melhor fonte de dados data de 1974/75, proveniente do Estudo Nacional sobre Despesa

Familiar - ENDEF, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. As

pesquisas mais recentes não tiveram enfoque no consumo alimentar. Foram elas a Pesquisa

de Orçamento Familiar - POF, realizada também pelo IBGE em 1987/88, com enfoque

econômico, e a Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição - PNSN de 1989, realizada em

parceria entre o Ministério da Saúde, o IBGE e o IPEA - Fundação Instituto de Pesquisas

Econômicas e Aplicadas. Além disso, é de conhecimento geral que o Brasil apresentou

mudanças drásticas em seu perfil socioeconômico e demográfico nos anos que se seguiram

ao ENDEF. A urbanização acelerada, a estagnação econômica, o processo inflacionário e

inúmeras políticas de ajuste econômico afetaram concretamente o padrão alimentar da

população. Por estes motivos, faz-se urgente e necessária a monitorização do consumo de

alimentos com o propósito de nortear o planejamento das ações do governo, não só no que

diz respeito à fome e à desnutrição, mas também no que se refere a políticas de distribuição

e abastecimento, tendo em vista que o impacto da inadequação alimentar não deve ser visto

apenas do ponto de vista da carência.

Considerando a importância da realização de estudos de consumo alimentar no Brasil

e a lacuna existente neste momento, o Ministério da Saúde coloca à disposição os dados

obtidos pelo Estudo Multicêntrico sobre Consumo de Alimentos a partir do trabalho realizado

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com universidades brasileiras no ano de 1996 e que levantou o consumo alimentar em 5

cidades do país: Campinas, Curitiba, Goiânia, Ouro Preto e Rio de Janeiro, e representou

um esforço conjunto da comunidade acadêmica e do MS no sentido de avaliar metodologias

de inquérito dietético e trazer informações novas sobre o consumo alimentar da população.

Os inquéritos foram realizados avaliando o consumo familiar mensal e o consumo individual

através de questionário de freqüência.

Finalmente vale ressaltar que este estudo, de identificação e avaliação de padrões

alimentares, busca contribuir com indicadores para uma Política Nacional de Segurança

Alimentar.

2. METODOLOGIA

As técnicas tradicionais de levantamento dietético existentes e usualmente utilizadas,

como o inquérito recordatório, ou o acompanhamento diário da elaboração e consumo dos

alimentos no domicílio familiar não se adequavam aos pré-requisitos propostos, por

apresentarem baixa precisão e reprodutibilidade (BINGHAM, 1987; WILLETT, 1990); por isso

parte deste estudo baseou-se em uma metodologia rápida e de menor custo para a coleta de

uma grande quantidade de informações, desde características socioeconômicas, serviços de

infra-estrutura mais utilizados e caracterização da família, aqui chamado de consumo

familiar, e que tomou como base a metodologia desenvolvida por Galeazzi e colaboradores

(1981) para o Município de Mogi-Guaçú (SP), intitulada "Perfil de Consumo e Nutricional de

Famílias de Escolares em Escolas Públicas de 1° grau" que abrangeu 900 crianças

matriculadas nas escolas públicas de 1° grau em um universo de 5.400 indivíduos. O

instrumento utilizado em Mogi-Guaçu, assim como a sua forma de aplicação foi adaptado em

1992 para ser utilizado no Município de Campinas (SP) por um grupo de trabalho

multiprofissional constituído no Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação - Unicamp.

Este Núcleo coordenou toda a pesquisa, desde a amostragem da população até a

elaboração do sistema de armazenamento e análise dos dados coletados. A descrição da

metodologia pode ser encontrada em Galeazzi e colaboradores (1996), e considera a família

como unidade de análise fundamental, definida como o grupo de indivíduos que

compartilham das mesmas estratégias de sobrevivência.

A metodologia inclui levantamento de dados socioeconômicos para o reconhecimento

dos determinantes do perfil nutricional. A forma como está estruturada permite atualização

periódica, com sub-universos da população amostrada, para subsidiar programas de

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intervenção. Desta forma, tem indicações específicas quanto ao resultado que gera,

destinando-se a desenhar o perfil de consumo e caracterizar a família do ponto de vista

socioeconômico e cultural. Sua aplicação permite o estabelecimento da situação de risco

nutricional, e informa sobre a situação da família quanto ao acesso a equipamentos de

abastecimento.

Com estes elementos, o estudo tem enfoque no dimensionamento da disponibilidade

familiar de 100 gêneros alimentares, incluídos no instrumento de investigação a partir da sua

ocorrência em levantamentos-piloto, de forma a garantir a adoção de uma lista ao mesmo

tempo compreensiva e adequada ao universo em estudo. O formulário de entrada de dados

permite a inclusão de itens que, embora de ocorrência eventual, apresentem consumo

significativo, determinado por hábitos regionais, por exemplo. A coleta de dados foi

padronizada para cada um dos municípios através de software específico desenvolvido para

este estudo no NEPA/UNICAMP.

Avaliou-se também o consumo alimentar individual utilizando questionário de

freqüência de consumo de alimentos, desenhado para a população brasileira e que foi pré-

validado em estudo realizado no Rio de Janeiro.

Esta foi uma importante oportunidade de aplicar metodologias diferentes e avaliar

níveis de concordância dos dados obtidos em diferentes municípios com o objetivo de, a

médio prazo, padronizar instrumentos de alcance nacional, suficientemente flexíveis para

contemplar especificidades regionais.

A metodologia deste trabalho, está baseada em um estudo de corte transversal

desenvolvida através de pesquisa por amostragem probabilística de domicílios, com

questionários padronizados para determinação do consumo familiar ou individual de

alimentos.

O processo de coleta dos dados contemplou a aplicação de baterias comuns de

questões nos cinco municípios, visando a uma análise comparativa quanto a variáveis

socioeconômicas, demográficas e de consumo.

O Quadro 1 traz mais informações sobre as características do estudo em cada

município.

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2.1. Consumo Familiar

Para avaliar a oferta de energia e oito nutrientes, aplicou-se Fatores de Correção

sobre as quantidades referidas (LUNA, 1981), obtendo-se então a fração aproveitável de

cada item, analisada segundo os dados da tabela de composição de alimentos empregada

no Estudo Nacional da Despesa Familiar (ENDEF, 1985). Cumpre observar que esta base de

dados traz as informações para vitamina A como equivalentes de retinol. Conhecendo a

composição familiar (número de componentes, sexo e idade), estimou-se os valores de

recomendação nutricional para a família, a partir dos valores para indivíduos, conforme

VANUCCHI e colaboradores (1990).

Os dados foram analisados em ACCESS for Windows 2.0.

2.2. Consumo Individual

A avaliação da dieta de indivíduos foi feita através de questionário semi-quantitativo

de freqüência de consumo alimentar. Este questionário foi baseado nos dados do Estudo

Nacional de Despesa Familiar (ENDEF), inquérito nacional brasileiro realizado entre 1974-

75. As medidas caseiras foram baseadas em publicação do Instituto de Nutrição, UFRJ e em

no Registro Fotográfico para Inquéritos Dietéticos (ZABOTTO et alii, 1996) desenvolvido

para esta pesquisa pelas Universidades de Goiás e Unicamp.

O cálculo da ingestão calórica e composição da dieta em proteínas, carboidratos,

gorduras, vitamina A, vitamina C, ferro e cálcio foi feito através de um programa

desenvolvido em SAS (Statistical Analysis System), que utilizou o banco de dados de

composição de alimentos do Programa de Apoio à Nutrição, desenvolvido pela Escola

Paulista de Medicina com base na tabela americana de composição química dos alimentos

do Department of Agriculture/Human Nutrition Information Service- Composition of foods,

agriculture handbook no 8, revised (1976-1986). As composições dos alimentos não

contemplados neste banco de dados, como inhame e pinga, foram retiradas da Tabela de

Composição dos Alimentos utilizada pelo Estudo Nacional de Despesa Familiar (ENDEF,

1985). Como a tabela do ENDEF não dispõe de dados sobre ácidos graxos utilizou-se,

complementarmente, a publicação Food values of portions commonly used (Pennington,

1989). Para alimentos como bolachas e macarrão cujos valores no handbook baseiam-se em

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produtos enriquecidos, o que não é o mais usual no Brasil, utilizamos os dados do ENDEF

em relação a ferro e vitaminas.

As médias de consumo de proteínas, ferro, vitamina A e vitamina C foram

comparadas às recomendações de consumo, da décima edição da Recommended Dietary

Allowances do National Research Council (NRC, 1989). Para o consumo de cálcio utilizou-se

o NIH Consensus Statement, 1994.

Para validação do questionário de freqüência de alimentos, Sichieri e Everhart (1995)

entrevistaram 88 sujeitos empregados de duas universidades públicas do Rio de Janeiro,

dos quais 46 eram funcionários de suporte e 42, acadêmicos. O questionário, desenhado

para dieta brasileira, mostrou correlações com inquéritos recordatórios de 24 horas, similares

àquelas obtidas em outros estudos de validação de questionários de freqüência de

alimentos. Os coeficientes de correlação dos nutrientes obtidos a partir dos recordatórios de

24 horas e o questionário de freqüência de alimentos variaram de 0.18 para vitamina A até

0.55 para o cálcio, com todos os nutrientes, exceto a vitamina A, apresentando correlações

estatisticamente significantes.

2.3. Plano Amostral

A unidade amostral é a residência, e a seleção das unidades amostrais foi feita em

dois estágios. No primeiro, com base nos setores censitários do município (IBGE ou PNAD),

sorteou-se o número de setores, de acordo com seu peso, determinado pelo número de

residências, de forma a que a probabilidade de seleção de determinado setor fosse sempre

proporcional ao número de residências. No segundo passo, realizou-se uma amostra

aleatória simples dentro de cada setor, para identificação das residências a serem visitadas.

Quanto ao tamanho da amostra, considerou-se que tanto o número de setores quanto

o número de residências a serem sorteadas foram dependentes da variabilidade do número

de residências por setor, de forma a proporcionar uma amostra total representativa em cada

município. Os detalhes da amostra em cada município podem ser vistos no Quadro 1.

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Quadro 1. Descrição da pesquisa de campo em cada município CAMPINAS CURITIBA GOIÂNIA OURO PRETO RIO DE JANEIRO

Universo: população total, com

residência fixa no município

(CENSO-91)

900.000 1.315.025 957.434 62.514 ___

Tamanho da amostra (domicílios

selecionados)

1000 2749 1092 1860 2040

Domicílios completos 899 2722 941 1600 1810

Procedimento de amostragem de acordo com

setores

censitários

(IBGE-91)

de acordo com

setores

censitários

(IBGE-91)

de acordo com

setores

censitários

(IBGE-91,

atualizados

PNAD-93)

de acordo com

setores

censitários

(IBGE-91)

de acordo com

setores censitários

(IBGE-91,

atualizados PNAD-

95)

Número de entrevistadores 44 20 24 22 ___

Tipo de digitação Dupla Simples Simples Simples Simples

Período de realização do

trabalho de campo

10/96 à 12/96 03/96 à 01/97 11/95 à 10/96 7/96 à 12/96 11/95 à 7/96

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3. RESULTADOS

3.1. Tamanho médio das famílias e distribuição dos domicílios segundo faixas de renda

Para as amostras estudadas, os dados globais apontam com clareza um cenário

adverso de gestão da economia familiar potencialmente determinante de graus de

inadequação nutricional. Para essa reflexão, determinou-se inicialmente o tamanho médio

das famílias, como sendo igual a 4,08 membros em Campinas, 3,74 em Goiânia, 4,32 em

Ouro Preto 3,34 no Rio de Janeiro, e 4.03 em Curitiba. A Tabela 1 apresenta a distribuição

dos domicílios por faixas de renda (salário mínimo per capita).

Tabela 1. Distribuição dos domicílios segundo faixas de renda, em salários mínimos per capita (%) Campinas, Goiânia, Ouro Preto e Rio de Janeiro (*)

Faixas de renda Campinas Goiânia Ouro Preto Rio de Janeiro

0 (s/ renda declarada) 4,12 26,7 - 24,0 1 (até 0,5 SM) 3,11 8,7 20,3 3,6 2 (0,5 a 1 SM) 10,46 17,7 30,4 11,3 3 (1 a 2 SM) 24,25 20,0 29,3 24,4 4 (2 a 3 SM) 16,57 10,9 9,5 13,7 5 (3 a 5 SM) 18,24 8,3 6,5 11,0 6 (5 a 10 SM) 14,35 4,9 2,6 8,3 7 (10 a 15 SM) 5,67 1,8 1,0 2,1 8 (15 a 20 SM) 1,78 0,5 0,3 0,8 9 ( + de 20 SM) 1,45 0,4 0,2 0,7

(*)dados não coletados para Curitiba

3.2. Consumo Alimentar

3.2.1. Comportamento em Consumo Alimentar - aspectos socioeconômicos

Interessa neste item apontar as características do padrão de consumo alimentar

observado para as camadas mais pobres da população e, em específico, avaliar em que

medida este padrão encontra-se adequado, compatível com o nível de renda que perfila

esses setores.

12

Em linhas gerais, os dados obtidos para os municípios de Campinas, Goiânia e Ouro

Preto revelam que é bastante significativa a participação do gasto médio em alimentação

dentro do orçamento médio familiar (Tabela 2). Para a faixa de renda que delimita nesse

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relatório a linha de pobreza (renda familiar de até 2,5 salários mínimos, HOFFMANN, 1996),

para os três municípios, não menos que 1,5 salários mínimos em média é direcionado para

os gastos em alimentação.

Para Campinas, o comprometimento da renda média familiar em alimentação para as

duas faixas menores de renda é, em média, aproximadamente a metade. Para Ouro Preto,

observa-se para a menor faixa de renda a superação do orçamento familiar com os gastos

em alimentação.

Tabela 2. Gasto médio em alimentação em número de salários mínimos, por faixa de renda familiar - Campinas, Ouro Preto, Goiânia (*)-1996

FAIXAS DE RENDA Campinas Goiânia Ouro Preto

0 - 2,5 SM 1,53 1,42 2,91 2,5 - 5 SM 1,96 1,79 1,07 5 - 7,5 SM 2,41 2,46 1,01 7,5 - 10 SM 2,94 2,26 1,45 10 - 12,5 SM 3,21 2,10 2,08 12,5 - 15 SM 3,29 3,07 2,62 15 - 17,5 SM 4,39 2,42 3,43 17,5 - 20 SM 4,26 5,39 4,95 + de 20 SM 5,28 5,18 4,83 renda não declarada 3,43 1,83 2,41

(*)dados não coletados para Curitiba e Rio de Janeiro

3.2.2. Consumo Familiar

3.2.2.1. Disponibilidade de alimentos. Adequação de energia e nutrientes

A avaliação da adequação da oferta de energia e nutrientes mostra-se claramente

afetada pelo poder aquisitivo; as Figuras 1 a 5 ilustram os valores de adequação de energia

e nutrientes, com estratificação por faixa de renda, para cada um dos municípios, conforme

dados das Tabelas 3 a 12.

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3.2.2.1.1. Disponibilidade de energia.

A disponibilidade de energia no município de Campinas apresenta valores abaixo da

recomendação (entre 91 e 98%), para as famílias com renda de até 5,0 SMFPC, e fica muito

próxima a 100% para as demais (102 e 101 %).

Em Goiânia, a disponibilidade de energia para as famílias de até 1,0 SMFPC não é

suficiente para atender aos valores de recomendação, ficando bastante abaixo de 100% (74

e 89% nas duas primeiras faixas, respectivamente). A partir de 1,1 SMFPC, os valores de

adequação estão entre 111 e 146%.

Em Ouro Preto, observa-se quadro semelhante, uma vez que a energia não é

suficiente para atender às famílias com renda de até 1,0 SMFPC, atingindo na segunda faixa

95% de adequação. Acima desta faixa, não se observa a ocorrência de valores altos,

chegando a um máximo de 108%.

No Rio de Janeiro, a disponibilidade de energia no domicílio é próxima a 100% em

relação à recomendação até a faixa de renda de 2,0 SMFPC (104% na primeira até 108% na

terceira), alcançando 124% para a última faixa de renda.

A Tabela 3 traz os dados sobre a adequação da energia disponível nos domicílios,

para cada município; estes dados estão ilustrados pela Figura 1.

Tabela 3. Adequação percentual (*) de energia disponível nos domicílios, estratificada por faixa de renda em cada município.

FAIXA DE RENDA SMFPC

CAMPINAS GOIÂNIA OURO PRETO

RIO DE JANEIRO

até 0,5 91 74 80 104 0,51-1,0 96 89 95 110 1,1-2,0 93 111 108 108 2,1-3,0 99 118 104 117 3,1-5,0 98 115 96 109 5,1-10,0 102 146 108 111 >10,1 101 136 82 124

* Função da recomendação nutricional ponderada pelos integrantes de cada domicílio.

3.2.2.1.2. Disponibilidade de proteínas.

Os dados referentes à adequação de proteínas estão na Tabela 4 e ilustrados na

Figura2.

14

Page 15: ESTUDO MULTICÊNTRICO SOBRE CONSUMO ALIMENTAR · Tabela 16b. Relação de alimentos mais consumidos e situação quanto ao fornecimento diário per capita de proteína em cada município

Estudo Multicêntrico sobre Consumo Alimentar - 1997

Em Campinas, a disponibilidade de proteínas é de 117 à 158% em relação

recomendação. Embora haja suficiência de disponibilidade de proteínas em todas as faixas

de renda, encontram-se valores de adequação mais altos com o aumento da renda.

Em Goiânia, há maior variação segundo o poder aquisitivo. Para a primeira faixa, observa-se

fornecimento insuficiente (95%), sendo que a adequação tende a aumentar

progressivamente, atingindo 216% para as famílias com renda superior a 10,1 SMFPC.

Em Ouro Preto, observa-se inadequação para as famílias com renda de até 0,5

SMFPC (89%) sendo superior a 114% da recomendação a partir daí.

No Rio de Janeiro, os valores de adequação de proteínas são bastante superiores a

100% para as famílias em todas as faixas de renda, e crescem com o aumento do poder

aquisitivo, chegando a 183% para a última faixa de renda.

Tabela 4. Adequação percentual (*) de proteína disponível nos domicílios, estratificada por faixa de renda em cada município.

FAIXA DE RENDA SMFPC

CAMPINAS GOIÂNIA OURO PRETO

RIO DE JANEIRO

até 0,5 117 95 89 141 0,51-1,0 127 114 114 155 1,1-2,0 131 154 140 151 2,1-3,0 143 177 140 175 3,1-5,0 142 161 143 162 5,1-10,0 156 212 154 165 >10,1 158 216 126 183 * Função da recomendação nutricional ponderada pelos integrantes de cada domicílio.

15

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Estudo Multicêntrico sobre Consumo Alimentar - 1997

Figura 1. Adequação percentual de energia disponível nos domicílios, estratificada por faixa de renda em cada município.

Goiânia

020406080

100120140160

até

0,5

1,1-

2,0

3,1-

5,0

>10,

1

SMFPC

%

Rio de Janeiro

020406080

100120140160

até

0,5

1,1-

2,0

3,1-

5,0

>10,

1

SMFPC

%

Ouro Preto

020406080

100120140160

até

0,5

0,51

-1,0

1,1-

2,0

2,1-

3,0

3,1-

5,0

5,1-

10,0

>10,

1

SMFPC

%

Campinas

020406080

100120140160

até

0,5

0,51

-1,0

1,1-

2,0

2,1-

3,0

3,1-

5,0

5,1-

10,0

>10,

1

SMFPC

%

16

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Estudo Multicêntrico sobre Consumo Alimentar - 1997

Figura 2. Adequação percentual de proteína disponível nos domicílios, estratificada por faixa de renda em cada município.

Goiânia

0

50

100

150

200

250

até

0,5

0,51

-1,0

1,1-

2,0

2,1-

3,0

3,1-

5,0

5,1-

10,0

>10,

1

SMFPC

%

Rio de Janeiro

0

50

100

150

200

250

até

0,5

0,51

-1,0

1,1-

2,0

2,1-

3,0

3,1-

5,0

5,1-

10,0

>10,

1

SMFPC

%

Ouro Preto

0

50

100

150

200

250

até

0,5

0,51

-1,0

1,1-

2,0

2,1-

3,0

3,1-

5,0

5,1-

10,0

>10,

1

SMFPC

%

Campinas

0

50

100

150

200

250

até

0,5

0,51

-1,0

1,1-

2,0

2,1-

3,0

3,1-

5,0

5,1-

10,0

>10,

1

SMFPC

%

17

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Estudo Multicêntrico sobre Consumo Alimentar - 1997

3.2.2.1.3. Disponibilidade de minerais.

Em Campinas, observa-se inadequação da disponibilidade de cálcio para todas as

faixas, que apresentam entre 45 e 75 % (primeira e última faixa, respectivamente). O

contrário se observa para o fósforo, que em nenhuma faixa apresenta valores menores do

que 100%, com intervalo de 111 a 174%. Já para o ferro, os valores se assemelham aos

obtidos para energia, observando-se adequação apenas para as famílias situadas na faixa

de renda superior a 5,1 SMFPC (102%), estando abaixo ou próximo a 100 % nas demais

(85% na primeira faixa, e 94 na quinta).

Em Goiânia, a maior parte das faixas de renda não encontra fornecimento de cálcio

adequado às recomendações, uma vez que os valores situam-se bastante abaixo de 100%

para as famílias com renda de até 5,0 SMFPC, sendo de 31% para a primeira faixa. Acima

deste ponto, os valores não são altos, chegando a um máximo de 101% para as famílias

com renda superior a 10,1 SMFPC. Para fósforo, observa-se adequação para quase todas

as faixas de renda, exceto para a primeira (82%), também com grande intervalo de variação

(101 a 235%). Quanto ao ferro, observa-se que para as famílias com renda de até 1,0

SMFPC a disponibilidade é de 67 a 84% da recomendação. A partir daí, eleva-se

progressivamente com a renda, alcançando o valor máximo de 140%.

Em Ouro Preto, observa-se igualmente valores de inadequação em cálcio para todas

as famílias. Este é o mineral que, a exemplo dos demais municípios, apresenta menor

disponibilidade, com valores que vão de 26% para famílias com renda de até 0,5 SMFPC, a

71%, sempre inferiores, portanto, a 100%. Quanto ao fósforo, as quantidades do nutriente

disponíveis no domicílio estão sempre superiores aos valores de recomendação, exceto para

a primeira faixa de renda, com 73% de adequação. Para o ferro, observa-se que não há

disponibilidade adequada para qualquer faixa de renda, com valores de 62 a 98% em

relação à recomendação.

No Rio de Janeiro, os valores de disponibilidades de minerais para as famílias

indicam inadequação de cálcio, para quase todas as faixas de renda; esta situação somente

é modificada na última faixa quando se atinge o limite de 100%. Para fósforo, encontrou-se

adequação variando entre 132%, na primeira faixa, até 214%, na última. Os valores

encontrados para ferro indicam a primeira faixa de renda com valor de disponibilidade 108%

e a última de 145%.

As Tabelas 5 a 7 trazem os dados referentes aos valores de adequação dos minerais

cálcio, fósforo e ferro em cada município. Já a Figura 3 ilustra a situação de adequação dos

três minerais em cada município, por faixa de renda.

18

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Estudo Multicêntrico sobre Consumo Alimentar - 1997

Tabela 5. Adequação percentual (*) de cálcio disponível nos domicílios, estratificada

por faixa de renda em cada município

FAIXA DE RENDA SMFPC

CAMPINAS GOIÂNIA OURO PRETO

RIO DE JANEIRO

até 0,5 45 31 26 54 0,51-1,0 45 39 37 58 1,1-2,0 48 59 55 66 2,1-3,0 57 67 61 78 3,1-5,0 60 73 68 76 5,1-10,0 69 94 71 83 >10,1 75 101 65 100 * Função da recomendação nutricional ponderada pelos integrantes de cada domicílio

Tabela 6. Adequação percentual (*) de fósforo disponível nos domicílios, estratificada

por faixa de renda em cada município

FAIXA DE RENDA SMFPC

CAMPINAS GOIÂNIA OURO PRETO

RIO DE JANEIRO

até 0,5 111 82 73 132 0,51-1,0 114 101 101 147 1,1-2,0 123 143 138 156 2,1-3,0 142 169 143 188 3,1-5,0 145 165 149 176 5,1-10,0 164 205 156 185 >10,1 174 235 155 214 * Função da recomendação nutricional ponderada pelos integrantes de cada domicílio.

19

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Estudo Multicêntrico sobre Consumo Alimentar - 1997

Tabela 7. Adequação percentual (*) de ferro disponível nos domicílios, estratificada por faixa de renda em cada município

FAIXA DE RENDA SMFPC

CAMPINAS GOIÂNIA OURO PRETO

RIO DE JANEIRO

até 0,5 85 67 62 108 0,51-1,0 89 84 78 121 1,1-2,0 89 109 91 120 2,1-3,0 96 120 90 136 3,1-5,0 94 113 89 124 5,1-10,0 102 140 98 134 >10,1 101 137 80 145 * Função da recomendação nutricional ponderada pelos integrantes de cada domicílio.

3.2.2.1.3. Disponibilidade de vitaminas

As Tabelas 8 a 11 trazem os valores de adequação observados para retinol, tiamina

(Vit. B1), riboflavina (Vit. B2) e vitamina C para cada município, estratificados por faixas de

renda. Estes dados estão ilustrados pelas Figuras 4 e 5.

Em Campinas, dentre as vitaminas, destaca-se os baixos valores de adequação de

retinol observados, situados entre 57 e 104%, ultrapassando 100% apenas para as famílias

com renda superior a 10 SMFPC. A adequação de tiamina (Vit. B1) situa-se em valores

próximos a 100% nas primeiras três faixas de renda (101 a 106%), e chegando a um valor

máximo de 124%, com pequena variação entre as faixas.

A disponibilidade de riboflavina apresenta valores de inadequação até a quinta faixa

de renda, situados entre 72 e 94%. A vitamina C está com valores de adequação sempre

superiores a 100%, chegando a 241% na última faixa de renda.

Em Goiânia, observa-se a inadequação de retinol para as famílias com renda de até

2,0 SMFPC; a partir desta faixa de renda, encontra-se valores que variam de 103 a 136%. A

tiamina (Vit. B1) não está em quantidade suficiente até a renda de 1,0 SMFPC (74 e 93%

nas duas primeiras faixas). Já para a riboflavina (Vit. B2), observa-se dependência maior da

renda, uma vez que apresenta valores tão baixos quanto 51% (observado na primeira faixa

de renda), alcançando a adequação para famílias com renda superior a 2 SMFPC, chegando

a um máximo de 150%. A exemplo do observado nos demais municípios, a vitamina C

parece estar disponível em quantidade suficiente, desde que não há registro de valores

inferiores aos de recomendação, chegando até a 420%, e com grande intervalo de

distribuição.

20

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Estudo Multicêntrico sobre Consumo Alimentar - 1997

Em Ouro Preto, o retinol apresenta valores inferiores à recomendação para todas as

famílias, situados entre 34 e 99%. A segunda vitamina em importância quanto à adequação

é a riboflavina (Vit. B2), com 44% a 107%, sendo que o valor superior a 100% é observado

apenas em uma das 7 faixas de renda. Para a tiamina (Vit. B1), observa-se valores de

inadequação para as famílias com renda de até 1,0 SMFPC (81 e 99% nas duas primeiras

faixas, respectivamente), alcançando o valor máximo de 132%. De maneira diversa dos

demais municípios, em Ouro Preto há inadequação da disponibilidade de Vit. C para as duas

primeiras faixas de renda, que apresentam respectivamente os valores de 59 e 96%.

No Rio de Janeiro, de maneira diversa em relação aos demais municípios, observa-

se que há adequação de retinol em todas as faixas, entretanto com valores próximos do

limite de 100% na primeira faixa de renda; valores superiores a 100% de adequação são

encontrados também para tiamina, em todas as faixas de renda. Por outro lado, há

inadequação de riboflavina nas faixas até 1,0 SMFPC. Para a vitamina C, não se observa

inadequação em qualquer uma das faixas de renda, apresentando-se também um grande

intervalo, de 245 à 605% de adequação, proporcional à renda.

Tabela 8. Adequação percentual (*) de retinol disponível nos domicílios, estratificada por faixa de renda em cada município

FAIXA DE RENDA

SMFPC CAMPINAS GOIÂNIA OURO

PRETO RIO DE

JANEIRO até 0,5 60 45 34 102 0,51-1,0 57 73 55 119 1,1-2,0 65 96 79 129 2,1-3,0 77 103 94 158 3,1-5,0 80 111 99 139 5,1-10,0 92 152 88 157 >10,1 104 136 79 174

* Função da recomendação nutricional ponderada pelos integrantes de cada domicílio

21

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Estudo Multicêntrico sobre Consumo Alimentar - 1997

Tabela 9. Adequação percentual (*) de Vitamina B1 disponível nos domicílios, estratificada por faixa de renda em cada município

FAIXA DE RENDA

SMFPC CAMPINAS GOIÂNIA OURO

PRETO RIO DE

JANEIRO até 0,5 101 74 81 125 0,51-1,0 106 93 99 141 1,1-2,0 106 132 118 137 2,1-3,0 114 144 116 156 3,1-5,0 114 132 118 142 5,1-10,0 124 182 132 151 >10,1 120 168 118 173

* Função da recomendação nutricional ponderada pelos integrantes de cada domicílio

Tabela 10. Adequação percentual (*) de Vitamina B2 disponível nos domicílios, estratificada por faixa de renda em cada município

FAIXA DE RENDA SMFPC

CAMPINAS GOIÂNIA OURO PRETO

RIO DE JANEIRO

até 0,5 72 51 44 85 0,51-1,0 74 66 61 94 1,1-2,0 80 95 84 102 2,1-3,0 93 107 90 122 3,1-5,0 94 109 99 115 5,1-10,0 106 150 107 130 >10,1 113 144 97 147

* Função da recomendação nutricional ponderada pelos integrantes de cada domicílio

Tabela 11. Adequação percentual (*) de Vitamina C disponível nos domicílios, estratificada por faixa de renda em cada município

FAIXA DE RENDA SMFPC

CAMPINAS GOIÂNIA OURO PRETO

RIO DE JANEIRO

até 0,5 130 105 59 245 0,51-1,0 139 162 96 332 1,1-2,0 148 208 139 359 2,1-3,0 183 248 176 425 3,1-5,0 190 235 170 410 5,1-10,0 218 420 208 490 >10,1 241 393 195 605

* Função da recomendação nutricional ponderada pelos integrantes de cada domicílio

22

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Estudo Multicêntrico sobre Consumo Alimentar - 1997

Figura 3. Adequação percentual de minerais disponíveis nos domicílios, estratificada por faixa de renda em cada município.

Campinas

0

50

100

150

200

250

até

0,5

1,1-

2,0

3,1-

5,0

>10,

1

SMFPC

%

Goiânia

0

50

100

150

200

250

até

0,5

1,1-

2,0

3,1-

5,0

>10,

1

SMFPC

%

Rio de Janeiro

0

50

100

150

200

250

até

0,5

0,51

-1,0

1,1-

2,0

2,1-

3,0

3,1-

5,0

5,1-

10,0

>10,

1

SMFPC

%

Ouro Preto

0

50

100

150

200

250

até

0,5

1,1-

2,0

3,1-

5,0

>10,

1

SMFPC

%

Cálcio Fósforo Ferro

23

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Estudo Multicêntrico sobre Consumo Alimentar - 1997

Figura 4. Adequação percentual de retinol, vitamina B1 e vitamina B2 disponíveis nos domicílios, estratificada por faixa de renda em cada município.

Campinas

0

50

100

150

200

até

0,5

0,51

-1,0

1,1-

2,0

2,1-

3,0

3,1-

5,0

5,1-

10,0

>10,

1

SMFPC

%

Goiânia

0

50

100

150

200

até

0,5

1,1-

2,0

3,1-

5,0

>10,

1

SMFPC

%

Ouro Preto

0

50

100

150

200

até

0,5

1,1-

2,0

3,1-

5,0

>10,

1

SMFPC

%

Rio de Janeiro

0

50

100

150

200

até

0,5

1,1-

2,0

3,1-

5,0

>10,

1

SMFPC

%

Retinol Vitamina B1 Vitamina B2

24

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Estudo Multicêntrico sobre Consumo Alimentar - 1997

Figura 5. Adequação percentual de Vitamina C disponível nos domicílios, estratificada por faixa de renda em cada município.

0

100

200

300

400

500

600

700at

é 0,

5

0,51

-1,0

1,1-

2,0

2,1-

3,0

3,1-

5,0

5,1-

10,0

>10,

1

SMFPC

%

Campinas Goiânia Ouro Preto Rio de Janeiro

3.2.2.2. Caracterização do padrão de consumo - ordenação dos alimentos segundo ordem

de importância quanto à contribuição energética nas diferentes classes de renda.

A compilação dos dados de consumo, estratificados por renda, permitem a

identificação dos alimentos mais consumidos pelas famílias em cada município. Este recurso

constitui-se em importante indicador de padrão de consumo, sendo de utilidade não só para

análise do fornecimento de energia e nutrientes e portanto quanto atendimento ou não dos

valores de recomendação, mas também para o estabelecimento de políticas da área de

nutrição e alimentos.

As Tabelas 12 a 15 trazem os alimentos ordenados segundo sua participação quanto

ao fornecimento de energia, estratificados por renda, para as famílias dos municípios de

Campinas, Goiânia, Ouro Preto e Rio de Janeiro. A fim de facilitar a compreensão destes

dados, e condensar sua apresentação, fixou-se a relação dos primeiros alimentos quanto ao

fornecimento de energia para a faixa de renda de 0,51 a 1,0 SMFPC, considerada por

representar o limite da linha de pobreza (HOFFMANN, 1996).

Assim, a coluna para a faixa 2 está numerada sequencialmente de 1 a n, sendo esta

ordem estabelecida a partir do alimento que fornece a maior quantidade de energia, até

25

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Estudo Multicêntrico sobre Consumo Alimentar - 1997

aquele que, de maneira cumulativa, representa 80% da energia disponível total desta faixa.

Segundo este critério, ficam naturalmente excluídos os alimentos de origem vegetal com

baixa densidade energética.

Portanto, entende-se que o ponto de corte de 80% do fornecimento de energia

reforce a necessidade de complementação da dieta com estes itens, a fim de propiciar o

fornecimento de micronutrientes.

A segunda faixa de renda é também aquela que, para três dos quatro municípios,

representou o limite para a adequação de energia, como demonstrado anteriormente por

este estudo. Para as demais faixas de renda, os números indicam a posição que cada

alimento ocupa, na faixa, segundo o mesmo critério.

3.2.2.2.1. Campinas

A Tabela 12 traz a relação dos 16 alimentos com maior contribuição de energia em

Campinas. Para a faixa 2, considerada como o limite das faixas de risco, de acordo com o

critério socioeconômico, os dez primeiros alimentos são: arroz, óleo vegetal, açúcar, feijão,

pão francês, leite, farinha de trigo, macarrão, carne bovina e refrigerante. A disponibilidade

diária de energia para as famílias desta faixa é de 9180 ± 4615 Kcal.

Destes alimentos, oito aparecem entre os dez primeiros até a quinta faixa de renda.

Observa-se que o fubá de milho parece ter maior importância apenas para as três primeiras

faixas de renda, nas quais ocupa a 10a, 12a e 17a posições, passando para a 20a posição ou

maior nas próximas faixas.

Quanto aos alimentos de origem animal, observa-se a maior participação da carne

bovina sem osso até a quarta faixa de renda, dando lugar a carne bovina de primeira à

medida que o poder aquisitivo cresce, a qual passa a ocupar lugar entre os dez primeiros

itens a partir da quinta faixa de renda. O consumo de frango parece ser independente da

faixa de renda, oscilando entre a 11a e a 20a posição. Os embutidos apresentam consumo

para grande parte das famílias na forma de salsicha e linguiça, perdendo importância quanto

ao fornecimento de energia à medida que o poder aquisitivo sobe.

Já para os laticínios, o leite se destaca, por ocupar sempre uma posição (quinta ou

sexta) entre os dez primeiros alimentos, independentemente da faixa de renda.

Chama a atenção também o consumo de itens como o refrigerante, que aparece em

todas as faixas entre a 9a e a 15a posições. Outro detalhe interessante refere-se ao consumo

de pão de forma, que ocupa um lugar entre os dez itens de maior fornecimento de energia

em 5 das 7 faixas.

26

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Estudo Multicêntrico sobre Consumo Alimentar - 1997

Tabela 12. Classificação dos alimentos segundo fornecimento de energia, por faixa de renda, no município de Campinas.

Faixa de Renda SMFPC

Alimento 1 2 3 4 5 6 7 ARROZ 1 1 1 1 1 1 2 OLEO DE COZINHA 2 2 2 2 2 2 3 ACUCAR 3 3 3 3 3 3 4 FEIJAO 4 4 6 6 7 9 12 PAO FRANCES 7 5 4 4 4 6 5 LEITE 5 6 5 5 5 5 6 FARINHA DE TRIGO 8 7 7 8 8 8 11 MACARRAO 6 8 8 9 10 12 10 CARNE BOVINA SEM OSSO 12 9 10 12 16 21 28 REFRIGERANTE 15 10 9 10 11 11 9 FRANGO 20 11 14 15 14 15 18 FUBA DE MILHO 10 12 17 21 20 27 33 PAO DE FORMA 9 13 11 7 6 4 1 CARNE BOVINA DE PRIMEIRA 19 14 12 11 9 7 8 LINGUICA 16 15 15 18 15 16 23 SALSICHA 11 16 13 16 17 19 22

3.2.2.2.2. Goiânia

A Tabela 13 traz os 23 primeiros itens consumidos em Goiânia, relacionados por

ordem de oferecimento de energia para a segunda faixa de renda (8530 ± 4087

Kcal/família/dia) e com a posição ocupada nas demais faixas.

Os dez itens que contribuem com o maior fornecimento de energia nesta faixa de

renda são: arroz, óleo vegetal, açúcar, feijão, leite, carne bovina sem osso, pão francês,

margarina, macarrão e farinha de trigo. Destes, os 7 primeiros permanecem entre os dez de

maior fornecimento de energia até a sexta faixa de renda.

O consumo de produtos de origem animal parece não variar segundo a faixa de

renda, sendo que a carne bovina ocupa sempre entre a 4a e a 6a posições, o frango, entre a

11a e a 16a, os ovos, entre a 15a e 21a. Dos embutidos, apenas a linguiça aparece entre os

23 alimentos, e ainda assim sempre entre a 19a e a 27a posições. Entre os laticínios, o leite

merece destaque, sempre ocupando entre a 4a e a 6a posições, seguido do queijo, cuja

importância no fornecimento de energia parece crescer com a renda, e que está presente em

todas as faixas.

27

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Estudo Multicêntrico sobre Consumo Alimentar - 1997

Em Goiânia algumas frutas aparecem entre os 23 itens com maior fornecimento de

energia, como é o caso da banana, presente em quase todas as classes, e que se constitui,

para um grande contingente de famílias, como um item de produção própria na região; outra

fruta de importante contribuição parece ser a laranja, independentemente da classe de

renda.

Aqui também o consumo de refrigerante aparece com destaque entre a 9a e a 15a

posições.

Tabela 13. Classificação dos alimentos segundo fornecimento de energia, por faixa de renda, no município de Goiânia.

Faixas de Renda SMFPC

Alimento 1 2 3 4 5 6 7 ARROZ 1 1 1 1 1 2 2 OLEO DE COZINHA 2 2 2 2 2 3 1 ACUCAR 3 3 3 3 3 5 3 FEIJAO 4 4 4 5 5 8 7 LEITE 5 5 5 6 4 6 6 CARNE BOVINA SEM OSSO 6 6 6 4 6 4 5 PAO FRANCES 7 7 7 8 7 10 11 MARGARINA 10 8 13 12 10 9 14 MACARRAO 9 9 11 7 12 16 16 FARINHA DE TRIGO 12 10 10 10 9 13 8 FARINHA DE MANDIOCA 15 11 16 15 14 18 32 REFRIGERANTE 13 12 15 13 13 12 9 FRANGO 11 13 14 14 16 15 13 BANANA 18 14 22 20 19 28 23 OVOS 19 15 19 21 18 21 21 QUEIJO 14 16 12 11 8 11 4 BOLOS 35 17 18 48 11 54 64 BOLACHA DOCE 16 18 20 9 15 22 12 BACON/TOUCINHO 17 19 17 36 40 1 61 LARANJA 21 20 24 25 21 27 18 BATATA 20 21 23 24 23 26 27 LINGUICA 23 22 27 23 25 25 19 FUBA DE MILHO 26 23 8 31 27 40 45

3.2.2.2.3. Ouro Preto

Em Ouro Preto 14 alimentos são suficientes para atingir 80% do fornecimento de

energia para as famílias da faixa 2 (10284 ± 4903 Kcal/família/dia).

28

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Estudo Multicêntrico sobre Consumo Alimentar - 1997

Destes, aqueles com maior participação para estas famílias são: açúcar, arroz, óleo

de cozinha, feijão, fubá de milho, pão francês, farinha de trigo, macarrão, carne bovina e

leite. Entre os dez, os sete primeiros (exceto o fubá de milho, com uma 21a posição em

apenas uma faixa de renda) mantem-se entre as dez posições com maior fornecimento de

energia em todas as faixas de renda. Merecem destaque alimentos como o fubá de milho,

situado entre os dez primeiros até a penúltima faixa de renda, e o bacon/toucinho, de grande

fornecimento de energia para as duas primeiras faixas, e que parecem ter menor importância

para os demais municípios.

Entre as carnes, além do bacon/toucinho, melhor classificados como fornecedores de

gorduras e já mencionados, destaca-se o consumo da carne bovina sem osso, que aparece

em todas as faixas entre a 6a e a 12a posições.

Tabela 14. Classificação dos alimentos segundo fornecimento de energia, por faixa de renda, no município de Ouro Preto

Faixas de Renda SMFPC

Alimento 1 2 3 4 5 6 7 ACUCAR 1 1 1 1 1 1 1 ARROZ 2 2 2 2 3 2 4 OLEO DE COZINHA 3 3 3 3 2 3 2 FEIJAO 4 4 5 6 8 6 8 FUBA DE MILHO 5 5 7 10 10 11 21 PAO FRANCES 8 6 4 4 4 4 5 FARINHA DE TRIGO 7 7 6 8 9 9 6 MACARRAO 6 8 11 12 12 16 12 CARNE BOVINA SEM OSSO 12 9 9 9 6 7 10 LEITE 10 10 8 5 5 5 3 MARGARINA 13 11 13 11 11 10 15 QUEIJO 18 12 12 7 7 8 7 BACON/TOUCINHO 9 13 18 30 18 21 24 LEITE EM PO 11 14 16 17 17 22 25

O consumo de leite, a exemplo dos demais municípios, é importante para todas as

famílias, ocupando entre a 3a e a 10a posições; é interessante notar a grande participação do

leite em pó, decrescente com o aumento da renda; o consumo de queijo, mais uma vez,

também é proporcional ao poder aquisitivo.

A Tabela 14 traz a relação de alimentos com maior contribuição energética em Ouro

Preto, com sua classificação por faixa de renda.

29

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Estudo Multicêntrico sobre Consumo Alimentar - 1997

3.2.2.2.4. Rio de Janeiro

Para o Rio de Janeiro, os dezessete alimentos que aparecem em primeiro lugar

segundo o fornecimento de energia para a segunda faixa de renda são: arroz, açúcar, óleo

de cozinha, feijão, pão francês, macarrão, carne bovina sem osso, leite, farinha de trigo,

margarina, laranja, banana, farinha de mandioca, bolacha doce, refrigerante, bolacha

salgada e batata. A disponibilidade diária de energia para as famílias desta faixa é de 9377 ±

4377 Kcal.

Destes, oito estão entre os nove primeiros itens para todas as faixas de renda, com

exceção do macarrão, na última faixa, que aparece na décima primeira posição.

Os dados referentes a esta classificação estão apresentados na Tabela 15.

Tabela 15. Classificação dos alimentos segundo fornecimento de energia, por faixa de

renda, no município do Rio de Janeiro.

Faixas de Renda SMFPC

Alimento 1 2 3 4 5 6 7 ARROZ 1 1 1 1 1 2 2 ACUCAR 2 2 2 2 2 1 1 OLEO DE COZINHA 3 3 3 3 3 3 3 FEIJAO 4 4 4 4 4 5 5 PAO FRANCES 5 5 5 6 5 8 9 MACARRAO 6 6 6 7 9 7 11 CARNE BOVINA SEM OSSO 8 7 8 8 7 6 8 LEITE 7 8 7 5 6 4 4 FARINHA DE TRIGO 9 9 10 13 10 13 7 MARGARINA 11 10 9 10 12 12 15 LARANJA 15 11 13 11 11 10 6 BANANA 13 12 11 15 15 15 14 FARINHA DE MANDIOCA 10 13 16 18 20 22 26 BOLACHA DOCE 21 14 15 14 13 14 16 REFRIGERANTE 20 15 17 16 17 21 20 BOLACHA SALGADA 14 16 12 12 14 11 13 BATATA 19 17 20 19 18 20 23

3.2.2.3. Indicador para cesta básica

Considerando o consumo não estratificado por renda, estabeleceu-se a ordenação

dos alimentos quanto ao mesmo critério, qual seja, o fornecimento de energia. A análise dos

dados anteriores, permitiu observar que um pequeno número de itens é responsável por

grande parte do aporte energético. Assim, optou-se por relacionar para cada município 24 30

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Estudo Multicêntrico sobre Consumo Alimentar - 1997

itens que devem ser considerados para a formulação de políticas de distribuição. Este

número permitiu incluir alimentos de consumo comum e outros, que caracterizam a

regionalidade de cada município. A Tabela 16a traz os alimentos e suas posições em cada

município.

É interessante notar que 17 itens são comuns a pelo menos 4 dos cinco municípios.

Assim, o açúcar, arroz, bolacha doce, carne bovina sem osso, farinha de mandioca, farinha

de trigo, feijão, frango, fubá de milho, leite, macarrão, óleo vegetal, ovos, pão francês, queijo,

batata e refrigerante são em ordem alfabética, aqueles alimentos que aparecem como os

principais fornecedores de energia.

Em Campinas, com relação ao fornecimento de energia (Tabela 16a), destacam-se

alimentos regionais como o pão de forma, a carne bovina de primeira, a linguiça, o leite

condensado e, de maneira curiosa, a cerveja.

Para Goiânia, os alimentos distintos dos demais municípios são o bacon/toucinho

(que também aparece para Ouro Preto), a banha, a banana, o amido de milho, e a mandioca

(que também aparece para Curitiba).

Em Ouro Preto destacam-se alimentos como a linguiça, o leite em pó (comum

também para o Rio de Janeiro), o bacon/toucinho (que destaca-se também em Goiânia), o

doce de leite, a carne de porco.

O Rio de Janeiro traz como alimentos distintos a banana, o leite em pó (que aparece

também para Ouro Preto) e a manteiga.

Em Curitiba, destacam-se alimentos como a banana (como no Rio e Janeiro e

Goiânia), os bolos, a maionese, o chocolate e a mandioca (que aparece também em

Goiânia).

Com base na quantidade média de cada um destes alimentos, observa-se que a

contribuição energética diária daqueles de consumo comum não é muito diversa entre os

municípios, variando de 1737 a 1893 Kcal per capita. A contribuição energética dos itens de

consumo regional está entre 115 Kcal per capita/dia, como observado no Rio de Janeiro, e

232 Kcal per capita/dia, como para Campinas.

Tabela 16a. Relação de alimentos mais consumidos e situação quanto ao fornecimento diário per capita de energia em cada município.

Campinas Goiânia Ouro Preto Rio de Janeiro Curitiba 1 ARROZ 1 ARROZ 1 ACUCAR 1 ARROZ 1 ACUCAR 2 ÓLEO 2 ÓLEO 2 ARROZ 2 ACUCAR 2 ARROZ 3 ACUCAR 3 ACUCAR 3 ÓLEO 3 ÓLEO 3 ÓLEO 4 PAO FRANCES 4 FEIJAO 4 FEIJAO 4 FEIJAO 4 LEITE 5 LEITE 5 LEITE 5 PAO FRANCES 5 PAO FRANCES 5 PAO FRANCES 6 FEIJAO 6 CARNE BOV. S/ 6 FUBA DE MILHO 6 LEITE 6 F. DE TRIGO

31

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Estudo Multicêntrico sobre Consumo Alimentar - 1997

OSSO 8 F. DE TRIGO 7 PAO FRANCES 7 F. DE TRIGO 7 MACARRAO 7 MACARRAO 9 MACARRAO 8 MACARRAO 8 LEITE 8 CARNE BOV. S/

OSSO 8 FEIJAO

11 REFRIGERANTE 9 FUBA DE MILHO 9 CARNE BOV. S/ OSSO

9 F. TRIGO 9 CARNE BOV. S/ OSSO

12 QUEIJO 10 MARGARINA 10 MACARRAO 10 QUEIJO 10 MARGARINA 13 CARNE BOV. S/

OSSO 11 F. TRIGO 11 QUEIJO 11 MARGARINA 11 LARANJA

14 FRANGO 12 QUEIJO 12 MARGARINA 12 LARANJA 12 QUEIJO 15 BOLACHA DOCE 14 REFRIGERANTE 15 FRANGO 13 BOLACHA

SALGADA 13 BOLACHA DOCE

16 SALSICHA 15 FRANGO 17 BATATA 15 BOLACHA DOCE 15 FUBA DE MILHO 18 BATATA 16 F. DE MANDIOCA 18 F. DE MANDIOCA 16 REFRIGERANTE 16 FRANGO 19 FUBA DE MILHO 17 BOLACHA DOCE 19 REFRIGERANTE 17 F. DE MANDIOCA 17 REFRIGERANTE 20 OVOS 19 OVOS 21 OVOS 18 FRANGO 18 BATATA 22 BOLACHA

SALGADA 22 BOLACHA

SALGADA 23 SALSICHA 19 BATATA 19 OVOS

23 F. DE MANDIOCA 23 LARANJA 24 LARANJA 21 OVOS 21 F. DE MANDIOCA 22 SALSICHA 23 FUBA DE MILHO Total 1 1752 1737 1861 1893 1870 7 PAO DE FORMA 13 BACON/TOUCINH

O 13 LINGUICA 14 BANANA 14 BANANA

10 CARNE BOV. 1ª 18 BANHA 14 LEITE EM PO 20 LEITE EM PO 20 BOLOS 17 LINGUICA 20 BANANA 16 BACON/TOUCINH

O 24 MANTEIGA 22 MAIONESE

21 LEITE CONDENSADO

21 AMIDO DE MILHO 20 DOCE DE LEITE 23 CHOCOLATE

24 CERVEJA 24 MANDIOCA 22 CARNE DE PORCO S/ OSSO

24 MANDIOCA

Total 2 232 121 125 115 127TOTAL 1984 1858 1987 2008 1997

A Tabela 16b traz os alimentos ordenados em cada município, de acordo com o

oferecimento de proteína. Existem 16 alimentos comuns e de importância para os cinco

municípios: carne bovina, feijão, arroz, leite, frango, macarrão, ovos, farinha de trigo, pão,

carne de porco, peixe, fubá de milho, café, achocolatado, batata e queijo, com contribuição

importante para o aporte de proteínas. Nos quatro municípios estudados, encontrou-se um

fornecimento médio de proteína da ordem de 60 a 75 g com estes 24 alimentos, o que

demonstra serem de fato os mais representativos para este nutriente.

Tabela 16b. Relação de alimentos mais consumidos e situação quanto ao fornecimento diário

per capita de proteína em cada município

Campinas Goiânia Ouro Preto Rio de Janeiro Curitiba 2 LEITE 1 CARNE BOV. S/

OSSO 1 CARNE BOV. S/

OSSO 1 CARNE BOV. S/

OSSO 1 CARNE BOV. S/

OSSO 3 ARROZ 2 FEIJAO 2 FEIJAO 2 FEIJAO 2 LEITE 4 FEIJAO 3 ARROZ 3 ARROZ 3 FRANGO 3 FEIJAO 5 FRANGO 4 LEITE 4 FRANGO 4 LEITE 4 FRANGO 6 CARNE BOV. S/

OSSO 5 FRANGO 5 LEITE 5 ARROZ 5 PAO FRANCES

32

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Estudo Multicêntrico sobre Consumo Alimentar - 1997

7 PAO FRANCES QUEIJO 6 PAO FRANCES 6 QUEIJO 6 F. TRIGO 8 7 PAO FRANCES 7 QUEIJO 7 PAO FRANCES 7 ARROZ

F. TRIGO 8 MACARRAO 8 F. TRIGO 8 MACARRAO 8 QUEIJO 11 MACARRAO 9 OVOS 9 FUBA DE MILHO 9 PEIXE 9 12 OVOS 10 F. TRIGO 10 MACARRAO 10 OVOS

6 QUEIJO

10 MACARRAO OVOS 10

SALSICHA CARNE DE PORCO CARNE DE PORCO 13 11 11 11 F. TRIGO 11 14 LINGUICA 12 CARNE BOV. C/

OSSO 13 OVOS CARNE DE

PORCO 12 PEIXE

15 PEIXE 13 14 LINGUICA 14 SALSICHA 14 BOLACHA DOCE CARNE DE PORCO

14 ACHOCOLATADO 15 SALSICHA 17 BOLACHA DOCE FUBA DE MILHO

17 ACHOCOLATADO

15 BOLACHA DOCE 16 18 ACHOCOLATADO 16 ACHOCOLATADO

18 CARNE BOV. C/ OSSO

PEIXE 17 CARNE BOV. C/ OSSO

19 BATATA 17 CAFE

19 CAFE 17 LINGUICA 18 CAFE 21 18 BATATA 20 BOLACHA

DOCE 18

CARNE DE PORCO 13

FUBA DE MILHO 16 15

BATATA

16

FUBA DE MILHO CAFE 19 ACHOCOLATADO 22 CAFE

21 FUBA DE MILHO

20 SALSICHA 22 PEIXE

22 BATATA 21 BATATA 58,1 63,0 56,9 69,2 69,3

13 LARANJA 1 CARNE BOV.

DE 1ª 19 BACON/TOUCINHO 12 LEITE EM PO 12 LEITE EM PO 19 BANANA

9 PAO DE FORMA 22 BOLACHA SALGADA

20 DOCE DE LEITE 15 BOLACHA SALGADA

20 BOLOS

23 LEITE CONDENSADO

23 LARANJA 21 BACON/TOUCINHO 16 LARANJA 21 CEBOLA

24 CARNE PORCO C/ OSSO

24 BOLOS 23 CARNE PORCO C/OSSO

20 BANANA 22 PEIXE ENLATADO

24 PAO DE FORMA 23 ALHO 23 LENTILHA 24 BOLOS 24 ALHO Total 2 12,9 64,6 3,0 5,9 3,5TOTAL 71,0 64,6 59,9 75,1 72,8

Total 1

As Tabelas 17a e 17b trazem a análise de consumo deste estudo comparativamente

aos outros dois importantes levantamentos já feitos no país, o Estudo Nacional da Despesa

Familiar (ENDEF, 1974) e a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF, 1987). Apesar das

diferenças metodológicas entre estes trabalhos, é possível projetar tendências de consumo a

partir dos dados quantitativos por região,.

Os dados do Estudo Multicêntrico (EM, 1996) mostram variações negativas de

consumo para alguns gêneros básicos, como o arroz e o feijão, de maneira mais expressiva

em relação ao ENDEF do que em relação à POF. Este comportamento foi semelhante nos

quatro municípios, onde os números indicam queda de consumo de arroz, por exemplo,

entre 15 e 30 % de 1974 a 1996; e de feijão, entre 16 e 38%.Outro alimento com variação

negativa entre 1974 e 1996 para três dos quatro municípios foi o ovo, mais sensível no

período 1987 a 1996 para Campinas e Ouro Preto.

Por outro lado, alguns alimentos apresentaram variação positiva acentuada. Entre os

de origem animal, destacam-se alguns, como o queijo, cujo consumo aumentou até 222%

33

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Estudo Multicêntrico sobre Consumo Alimentar - 1997

como observado para o Rio de Janeiro no período de 1974 a 1996, com comportamento

semelhante nas demais cidades, embora menos expressivo. Para o frango, os dados

mostram variações entre 92 e 163% no mesmo período, e entre 84 e 185% para o período

de 1987 a 1996, com exceção de Curitiba, cuja variação foi de 6,6% e 15% nos dois

períodos. O consumo de carne, embora também tenha crescido, foi menor no período de

1974 a 1996, com variação positiva próxima a 30% em Goiânia, Ouro Preto e Rio de Janeiro,

mas apresentando expressivo aumento no período 1987 a 1996, da ordem de 150 a 270%

nos mesmos municípios. Para este item, Campinas mostra comportamento diferente,

chegando a registrar variação negativa para o período 1974 a 1996.

Outros alimentos com variação positiva de consumo foram as farinhas de trigo, de

mandioca e fubá para os quatro municípios. Para estes itens Curitiba apresentou

comportamento bastante diverso registrando variação positiva somente para farinha de

mandioca (235%).

Chama a atenção a elevação acentuada para o consumo de refrigerante, que

aparece com variação positiva para os quatro municípios em qualquer dos dois períodos,

chegando a mais de 500% em Campinas e Goiânia, e para a salsicha em Campinas e Ouro

Preto no período 1987-1996, com aumento de 324 e 550%, respectivamente.

O levantamento também permitiu identificar itens cuja variação de consumo se deu

de forma pontual. e que estão relacionados nas últimas linhas das Tabelas 17a e 17b.

Campinas tem como alimentos de consumo em ampliação o leite condensado, o pão de

forma, a linguiça e a cerveja. Para Goiânia, o crescimento local de destaque refere-se ao

amido de milho, ao bacon e à mandioca. Em Ouro Preto houve variação positiva do consumo

de linguiça e leite em pó, embora para o bacon e a carne de porco isto também tenha

ocorrido se considerarmos o período de 1974 a 1996. No Rio de Janeiro os alimentos cujo

consumo se diferenciou dos demais foram a manteiga e a banana.

Tabela 17a. Variação, em porcentagem, do consumo dos alimentos mais importantes quanto ao fornecimento diário de energia, em cada município, com relação ao ENDEF-

1974. Campinas % Goiânia % Ouro Preto % Rio de Janeiro % Curitiba % CARNE BOV. S/ OSSO

-45,1 PAO FRANCES -57,6 SALSICHA -39,9 ARROZ -30,8 BATATA -44,6

FEIJAO -38,5 FEIJAO -28,3 PAO FRANCES -26,1 PAO FRANCES -30,6 ARROZ -37,5ARROZ -23,8 BOLACHA

SALGADA -20,5 OVOS -19,1 FEIJAO -21,0 FEIJAO -37,1

PAO FRANCES -19,1 ARROZ -15,9 FEIJAO -16,7 ACUCAR -13,7 FUBA DE MILHO -33,8OVOS -15,7 ACUCAR -10,2 ARROZ -16,6 OVOS 4,8 ACUCAR -13,1ACUCAR -1,3 OVOS -5,3 LEITE -13,4 FUBA DE MILHO 5,1 FARINHA DE -5,6

34

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Estudo Multicêntrico sobre Consumo Alimentar - 1997 TRIGO

BATATA 5,1 MACARRAO 8,1 MACARRAO -6,5 BATATA 11,7 PAO FRANCES -0,8MACARRAO 5,9 LEITE 15,8 ACUCAR 13,2 ÓLEO 16,4 LARANJA 2,4SALSICHA 15,5 CARNE BOV. S/

OSSO 33,8 LARANJA 14,4 MARGARINA 19,4 OLEO DE

COZINHA 6,1

BOLACHA SALGADA

28,4 ÓLEO 37,7 BATATA 25,1 FAR. DE MANDIOCA

20,7 OVOS 6,5

LEITE 38,0 MARGARINA 41,5 MARGARINA 27,2 SALSICHA 26,9 FRANGO 6,6ÓLEO 40,1 FAR. DE

MANDIOCA 42,5 CARNE BOV. S/

OSSO 30,8 LEITE 28,1 MARGARINA 22,9

FRANGO 92,6 LARANJA 50,1 FAR. DE MANDIOCA

54,9 CARNE BOV. S/ OSSO

32,7 MACARRAO 41,1

FARINHA DE MANDIOCA

95,6 QUEIJO 154,3 FRANGO 104,8 MACARRAO 53,5 LEITE 57,8

QUEIJO 143,1 FRANGO 163,3 QUEIJO 111,0 BOLACHA SALGADA

105,6 CARNE BOVINA SEM OSSO

101,9

FUBA DE MILHO 146,1 F. TRIGO 244,7 FUBA DE MILHO 116,7 FRANGO 126,0 QUEIJO 221,1F. TRIGO 266,7 FUBA DE MILHO 379,8 REFRIGERANTE 133,6 QUEIJO 222,5 FARINHA DE

MANDIOCA 235,2

REFRIGERANTE 527,0 REFRIGERANTE 521,4 ÓLEO 176,9 LARANJA 227,3 REFRIGERANTE 340,8BOLACHA DOCE nc BOLACHA DOCE nc F. TRIGO 367,2 REFRIGERANTE 294,6 BOLACHA DOCE nc

F. TRIGO 326,7 BOLACHA DOCE nc

LEITE CONDENSADO

nc BANHA -8,3 LEITE EM PO nc LEITE EM PO nc MAIONESE nc

CARNE BOV. 1ª -17,7 BANANA 56,1 DOCE DE LEITE nc MANTEIGA 80,0 CHOCOLATE ncLINGUICA 31,9 MANDIOCA 105,0 BACON/TOUCIN

HO 18,4 BANANA 218,1 BANANA -51,5

PAO DE FORMA 97,1 AMIDO DE MILHO

163,6 LINGUICA 51,1 BOLOS 7,0

CERVEJA 711,9 BACON/TOUCINHO

571,4 CARNE DE PORCO S/ OSSO

129,3 MANDIOCA 86,8

35

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Estudo Multicêntrico sobre Consumo Alimentar - 1997

Tabela 17b. Variação, em porcentagem, do consumo dos alimentos mais importantes quanto ao fornecimento diário de energia, em cada município, com relação à POF-

1987.

Campinas % Goiânia % Ouro Preto % Rio de Janeiro % Curitiba % OVOS -20,8 PAO FRANCES -23,6 OVOS -27,2 PAO FRANCES -14,6 ARROZ -10,7PAO FRANCES -8,4 ÓLEO -11,8 ARROZ -5,7 ARROZ -6,7 FUBA DE MILHO -9,8LEITE -1,9 LEITE 1,7 LARANJA 2 ÓLEO -6,3 FARINHA DE

TRIGO -5,6

ARROZ 0,3 ARROZ 4,2 PAO FRANCES 3,5 ACUCAR -0,8 ACUCAR 0,7FEIJAO 4,7 OVOS 8,6 FEIJAO 7,6 LEITE 11,4 OLEO DE

COZINHA 1,5

ÓLEO 6,3 ACUCAR 11,5 ÓLEO 10,2 FEIJAO 12,1 FRANGO 15,5ACUCAR 13 BOLACHA

SALGADA 28,6 FAR. DE

MANDIOCA 11 OVOS 18,6 OVOS 16,2

CARNE BOV. S/ OSSO

27 LARANJA 41,3 BATATA 18,1 MARGARINA 26,2 BATATA 16,9

BATATA 29,3 FAR. DE MANDIOCA

53,1 ACUCAR 18,2 BATATA 27,3 MARGARINA 17,9

BOLACHA SALGADA

49,4 F. TRIGO 58,9 REFRIGERANTE 31,9 FAR. DE MANDIOCA

48,8 FEIJAO 34,0

QUEIJO 54,4 FEIJAO 62,3 MARGARINA 38,3 SALSICHA 54,5 LEITE 37,0MACARRAO 58,2 MARGARINA 63,1 MACARRAO 49 FUBA DE MILHO 67,8 CARNE BOVINA

SEM OSSO 40,1

FUBA DE MILHO 64,5 BOLACHA DOCE 94,6 F. TRIGO 103,3 F. TRIGO 94,2 PAO FRANCES 43,0FARINHA DE MANDIOCA

64,6 MACARRAO 99,4 FUBA DE MILHO 105,4 FRANGO 105,3 REFRIGERANTE 78,2

BOLACHA DOCE 81,9 REFRIGERANTE 154,9 QUEIJO 111 QUEIJO 126,5 BOLACHA DOCE 80,3FRANGO 84,1 FRANGO 185,2 LEITE 127,7 REFRIGERANTE 135,3 MACARRAO 156,6F. TRIGO 135,7 QUEIJO 222,4 FRANGO 128,8 MACARRAO 160,8 QUEIJO 156,9REFRIGERANTE 234,4 CARNE BOV. S/

OSSO 261,8 CARNE BOV. S/

OSSO 176,1 BOLACHA DOCE 206,1 FARINHA DE

MANDIOCA 235,2

SALSICHA 324,3 FUBA DE MILHO 504 SALSICHA 550,7 BOLACHA SALGADA

241,8 LARANJA 319,3

CARNE BOV. S/ OSSO

270,2

LARANJA 317,8

CARNE BOV. 1ª 30,4 BACON nc BACON nc MANTEIGA 98,3 BANANA 125,8PAO DE FORMA 41,1 BANANA 64,2 DOCE DE LEITE nc LEITE EM PO 221,6 BOLOS 185,2LINGUICA 48,1 MANDIOCA 132,2 CARNE DE

PORCO S/ OSSO-36,5 BANANA 241,5 CHOCOLATE 360,5

LEITE CONDENSADO

198,8 BANHA 215,2 LINGUICA 231,3 MAIONESE 428,5

CERVEJA 228,6 AMIDO DE MILHO

418,9 LEITE EM PO 953,3 MANDIOCA 559,3

De acordo com os dados de consumo obtidos é possível elaborar uma cesta básica

contemplando a cobertura nutricional de macro e micronutrientes bem como as

características regionais apresentadas pelos municípios analisados. Considerou-se como

família padrão uma composição de 4 membros, sendo dois adultos (1 homem e 1 mulher,

faixa etária entre 18,1 a 65 anos), uma adolescente (14,1 a 18 anos) e uma criança (7 a 10

anos).

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Estudo Multicêntrico sobre Consumo Alimentar - 1997

A cesta básica apresentada na Tabela 17c foi obtida a partir de dados de consumo

real da família até o limite da faixa de renda per capita que apresentasse cobertura

nutricional, e pode dar indicadores importantes para o acompanhamento de preços e

estabelecimento do valor de renda mínima para atender ao consumo de alimentos. O cálcio

apresenta exceção como micronutriente importante uma vez que a sua inadequação, ou

seja, a baixa ingestão de fontes ricas desse micronutriente, atinge todas as faixas de renda.

Considerou-se portanto o mesmo limite de renda para os outros micronutrientes e

complementou-se de forma quantitativa as fontes ricas em cálcio.

A inadequação do consumo real de cálcio por parte da população analisada deve ser

vista não somente pela incapacidade de compra dos produtos, mas também por uma

modificação do hábito alimentar, fato este que merece atenção das políticas públicas em

especial pela óptica da educação alimentar.

A partir da análise desta cesta de consumo, pode-se elaborar uma composição de

alimentos que atenda às recomendações nutricionais para a mesma família padrão. O

Quadro 2 traz a cesta básica proposta, composta pelos itens de maior consumo a fim de

garantir proximidade ao hábito alimentar e com quantidades de alimentos que permitam um

porcionamento diário compatível com o consumo desta família padrão. O fornecimento de

energia e nutrientes desta cesta cobre 80% das recomendações (VANUCCHI et alii, 1990)

para energia e macronutrientes, calculados considerando o atendimento de 15% do Valor

Energético Total por proteínas, 25% por gorduras e 60% por carboidratos. Estes alimentos

garantem também a cobertura de 80% das recomendações de cálcio, fósforo, ferro,

vitaminas A, B1, B2 e C. Como foram considerados os alimentos cujo consumo foi

significativo para todas os municípios estudados, poderão ser incluídos em cada localidade

os de consumo regional, visando de um lado atender ao hábito alimentar e com isto

preservar os componentes socioculturais relacionados à alimentação, e de outro

complementar o fornecimento de nutrientes, atingindo 100% das recomendações. O

acompanhamento de programas de intervenção é essencial para o processo educativo, com

orientação sobre a distribuição e complementação destes itens no mês, visando a otimização

dos nutrientes disponíveis no domicílio.

37

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Estudo Multicêntrico sobre Consumo Alimentar - 1997

Tabela 17c. Cesta básica formulada a partir do estudo de Consumo Familiar

Alimento Energia Proteína Cálcio Fósforo Ferro Retinol V. B1 V.B2 V. C unidade Kg Kcal g mg mg mg µ g RE mg mg mg

Açúcar 10 38500 10 Bolacha Doce 1,45 5901 130 319 971 21 2,6 0,7 Café 1,5 619 75 1269 1269 49 2,5 2,5 Sal 0,5 1265 Carne bov. 1a. 3 4380 645 360 6000 96 120 2,7 5,7 Carne bov. s/o 4 5840 860 480 8000 128 160 3,6 7,6 Carne suína 1 1650 195 110 2260 29 9,5 2,3 Frango 6,5 4042 717 391 6618 42 815 2,2 4,8 Linguiça 1 3040 121 70 1280 18 1,1 2,2 Arroz 15 53529 1058 1323 15294 191 11,7 4,4 Macarrão 2,5 9225 312 675 4050 32 2,2 1,5 Pão Francês 4 10760 372 880 4280 48 3,2 2,4 Massa tomate 0,75 292 12 97 255 12 1200 0,6 0,3 247 Banana 5 2908 42 490 849 65 326 1,3 1,6 457 Laranja 16 5419 130 4387 2580 90 1677 11,6 3,8 7612 Alface 0,75 80 6 230 182 6 466 0,4 0,4 64 Alho 0,5 670 26 190 670 7 10 1,0 0,4 45 Cebola 2,5 911 32 700 934 23 46 0,9 0,7 233 Cenoura 3 1135 29 1000 972 18 29729 1,0 1,3 216 Repolho 2 378 22 581 486 9 135 0,8 0,5 581 Tomate 3 508 19 169 580 14 1451 1,4 1,2 556 Feijão 6 19631 1281 5009 14388 442 116 31,4 11,0 17 Óleo 3,5 30940 Margarina 1 7200 6 200 160 9240 Leite 50 30500 1800 61500 48000 50 16500 20 90 500 Leite em pó 1,5 7530 396 13635 10620 7 4050 4,3 21,9 90 Ovo 1,9 2790 220 1044 3800 54 9072 1,7 5,1 Queijo 1,5 5600 404 12000 9000 8 3428 0,5 7,1 Batata 5,5 3300 79 264 1760 35 3,9 1,3 704 Farinha Mand. 1,0 3540 17 610 480 31 0,8 0,7 140 Abóbora 3,0 895 26 268 604 15 7835 1,1 0,9 940 Fubá 1 3540 96 60 1640 18 340 2,0 0,6 Farinha Trigo 1,0 3650 120 240 1910 13 2,6 0,7 Pão de Forma 1,0 3050 98 390 1570 12 2,5 2,1 Total 271941 9327 110200 151438 1603 86718 132 186 12406 Total/dia 9064 310 3673 5047 53 2890 4,4 6,2 413 Total/dia/capita 2266 77 918 1261 13 722 1,1 1,5 103

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Estudo Multicêntrico sobre Consumo Alimentar - 1997

Quadro 2. Cesta Básica proposta: alimentos e quantidades necessárias para

atender 80% das recomendações nutricionais1 de uma família padrão2

Grupos de Alimentos3 Quantidade Mensal

Peso (g)4 Unidade de compra

Cereais e DerivadosArroz Polido 15000 3 pacotes 5 kg Biscoito Doce 800 4 pacotes 200 g Biscoito Salgado 800 4 pacotes 200 g Far.de Trigo (80% de Extração) 1000 1 pacotes 1 kg Macarrão Com Ovos 1500 3 pacotes 500 g Milho,Fubá de 1000 2 pacotes 500 g Pão de Leite 1000 2 pacotes 500 g Pão Francês 6000 120 unidades Tubérculos, Raízes e Amiláceos Batata-Inglesa 5500 2 pacotes 2250 g Mandioca,Farinha de 1000 2 pacotes 500 g Açúcares e Doces Açúcar Refinado 5000 1 pacote 5 kg Leguminosas e Derivados Feijão,Grão Seco 6000 6 pacotes 1000 g Verduras: folhas Alface 1500 5 pés Repolho 2000 3 pés Verduras: frutos Abóbora 3000 3 kg Tomate 3000 3 kg Tomate, Massa de 1050 3 latas Verduras: raízes e bulbos Alho 500 2 pacotes 250 g Cebola 2500 2,5 kg Cenoura 3000 3 kg Frutas Banana-D'água 4320 4 dúzias Laranja-Bahia 19500 17 dúzias Carnes Boi,Carne Magra 7000 7 kg Frango 7200 4 unidades 1800 g Porco,Carne Magra 1000 1 kg Ovos Ovo de Galinha 1900 3 dúzias Leite e Derivados Leite de Vaca, Pasteurizado 50000 50 litros Leite em pó 1500 3 pacotes 500 g Queijo Tipo Minas, Fresco 1500 3 peças 500 g Gorduras Margarina Vegetal 1000 2 potes 500 g Óleo Vegetal 2350 3 latas Café e Infusões Café em pó 1500 3 pacotes 500 g Condimentos Sal Refinado 1000 1 pacote 1000 g

1 VANUCCHI e colaboradores, 1990. 2 Dois adultos, um adolescente (sexo feminino, 14,1-18 anos) e uma criança (7,1-10 anos). 3 FUNDAÇÃO..., 1977. 4 Peso bruto; quando aplicável, considerar Fator de Correção para obtenção de fração aproveitável.

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Estudo Multicêntrico sobre Consumo Alimentar - 1997 3.2.3. Consumo Individual 3.2.3.1. Rio de Janeiro

Como pode ser observado na Tabela 18, o consumo de energia, de proteínas, de

carboidratos e de gorduras demonstrou tendência de redução com o aumento da idade, em

ambos os sexos.

A ingestão de ferro apresentou diminuição entre os indivíduos com 65 e mais anos de

idade. O mesmo pode ser dito com relação ao consumo de ácidos graxos saturados e de

colesterol, sendo que a ingestão de colesterol foi cerca de 30% menor entre os idosos,

tomando-se como referência o consumo dos adolescentes (15-18 anos de idade).

O consumo de energia e nutrientes foi sistematicamente menor entre as mulheres,

em todas as faixas etárias, com exceção da vitamina C e da vitamina A, que apresentaram

valores semelhantes nos dois gêneros.

Tabela 18. Médias de consumo de nutrientes no município do Rio de Janeiro, 1996

IDADE (ANOS) NUTRIENTES 15-18 19-25 26-45 46-64 65 ou + masc. fem. masc. fem. masc. fem. masc. fem. masc. fem. n=130 n=106 n=172 n=201 n=480 n=602 n=310 n=420 n=136 n=181Energia (kcal) 2.824 2.438 2.726 2.507 2.581 2.294 2.500 2.223 2.268 1.980

Proteína (g) 103,8 89,7 98,6 89,8 96,7 83,3 92,9 80,5 84,0 72,8

Gordura (g) 82,1 64,3 77,0 74,2 75,8 64,9 69,0 60,4 59,2 51,1

Carboidrato (g) 417,5 375,0 409 370,4 377 344 376 339,4 349 307,2

Cálcio (mg) 1153 985 1048 1031 1010 939 985 946 1002 924

Ferro (mg) 17,3 15,3 17,3 15,1 17,2 14,6 16,6 13,9 14,5 11.7

Vitamina A (R.E.) 4.310 4.398 4.462 4.117 4.685 4.481 5.017 4.656 4.177 4.099

Vitamina C (mg) 378 367 381 389 371 373 398 390 386 390

AGSA(g)* 32,2 27,6 28,6 28,2 26,9 24,6 24,9 23,6 22,3 20,6

AGPO(g)* 9,4 8,1 9,1 8,8 8,4 7,2 7,5 7,0 6,9 6,0

AGMO(g)* 10,1 8,9 9,3 9,3 9,1 7,8 8,4 7,7 7,5 7,1

Colesterol(mg) 426 371 390 359 403 317 356 301 301 248

* Ácidos graxos saturados, polinsaturados e monoinsaturados

Avaliando o consumo frente as recomendações (Tabela 19) observou-se que parcela

importante da população encontra-se fora das faixas de recomendação. Mesmo sendo os

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Estudo Multicêntrico sobre Consumo Alimentar - 1997

valores recomendados acima do realmente necessário para grande parte da população, os

grandes percentuais populacionais consumindo quantidades aquém dos valores

recomendados são preocupantes. Entre as mulheres cariocas 44% apresentaram consumo

deficiente de ferro e 66% consumo inadequado de cálcio.

Observe-se que mesmo não tendo um consumo muito elevado de gordura em termos

de médias e, mesmo sendo a proporção da população consumindo mais do que 30% das

calorias em gordura não muito alto, o consumo desproporcional de gordura saturada e de

colesterol chama a atenção, com 58 % dos homens e 43% das mulheres consumindo mais

do que 300 mg de colesterol por dia. O consumo de colesterol parece inclusive ser mais

inadequado nas cortes mais jovens com possível importante efeito deletério quando estes

jovens tornarem-se adultos de meia idade.

Tabela 19. Percentual de indivíduos com consumo inadequado, segundo idade e

sexo*, Rio de Janeiro, 1996

IDADE (anos) SEXO

NUTRIENTES 15 -18 19 - 25 26 - 45 46 -64 65 ou + Masculino Feminino (n=236) (n=375) (n=1087) (n=732) (n=317)

Proteína 12,3 15,7 23,0 29,1 40,3

Cálcio 64,8 68,3 41,5 40,4 44,2 57,4 66,3

Ferro 35,5 36,3 37,6 21,2 44,8 11,6 44,3

Vitamina A 1,1 1,6 0,6 1,3 1,2 1,1 1,6

Vitamina C 3,4 4,3 4,0 3,1 5,5 4,1 4,4

Gordura 27,5 28,5 25,3 21,7 19,6 23,8 24,7

AGSA 47,5 42,7 39,2 36,3 32,2 31,4 39,6

Colesterol 58,5 55,2 48,8 43,1 27,6 58,4 42,7 * para cálcio NIH consensus, 1994 para outros nutrientes (RDA,10th ed. 1989) consumo de gordura total >30% das calorias ácidos graxos saturados <10% das calorias totais colesterol >300mg/dia.

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Estudo Multicêntrico sobre Consumo Alimentar - 1997

3.2.3.2. Campinas Os dados de consumo de alimentos por idade e sexo são apresentados na Tabela

20. À semelhança do descrito para o Rio de Janeiro, observou-se que o consumo de energia

foi mais elevado entre os homens, exceto entre os indivíduos de 19 a 25 anos, e com mais

de 65 anos de idade.

Com relação aos demais nutrientes, este comportamento se repete em grande parte

dos casos.

O consumo de nutrientes por mulheres foi maior para gordura total na faixa etária

superior a 65 anos, bem como para carboidratos e ferro para a faixa de 19 a 25 anos, cálcio

entre os indivíduos de 19 a 25 e de 46 a 64, vitamina A a partir de 46 anos e vitamina C a

partir de 26, além dos ácidos graxos saturados e poliinsaturados, a partir de 65 anos.

A proporção de lipídios da dieta variou 29,5 e 32,8% entre os indivíduos até 64 anos

de idade, sendo que no grupo dos idosos este percentual foi cerca de 24,0%.

Tabela 20. Médias e desvios padrão do consumo de nutrientes no município de Campinas, 1996

IDADE (ANOS) NUTRIENTE 19-25 26-45 46-64 65 ou +

masc. fem. masc. fem. masc. fem. masc. fem. (n = 25) (n = 46) (n = 51) (n = 77) (n = 43) (n = 94) (n = 14) (n = 36) Energia (kcal) 2923 3028 3214 2798 3005 2799 2505 2986

Proteína (g) 122 115 137 111 125 111 92,0 114

Gordura (g) 87,8 67,6 93,7 75,5 82,2 82,6 55,1 68,0

Carboidrato (g) 391 447 412 415 401 419 391 468

Cálcio (mg) 1005 1076 1265 1099 1090 1157 1338 1289

Ferro (mg) 21 23,0 25,4 23,1 24,3 22,0 24,0 25,5

Vitamina A (R.E.) 5356 5139 5514 5515 5577 6687 5811 7972

Vitamina C (mg) 555 434 444 536 383 552 439 669

AGSA(g)* 33,0 31,4 38,3 28,1 34,9 29,4 25,8 30,0

AGPO(g)* 8,3 7,4 8,7 7,28 7,8 7,2 6,2 6

AGMO(g)* 13,0 9,0 14,6 10,2 11,5 10,0 9,2 8

Colesterol(mg) 431 343 454 349 449 331 285 31

* Ácidos graxos saturados, poliinsaturados e monoinsaturados

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Estudo Multicêntrico sobre Consumo Alimentar - 1997

Comparando os consumos obtidos com os valores recomendados (Tabela 21), foram

praticamente inexistentes as pessoas com inadequação de consumo de proteínas ou

vitamina A em todas as idades.

O consumo de cálcio foi bastante inadequado em todas as idades. O consumo

aumentado de colesterol e ácidos graxos saturados apresentou alta freqüência em todas as

idades, atingindo grande parcela da população nas idades mais jovens. Assim, mais de 40 %

da população na faixa etária de 18 a 65 apresentou consumo acima do recomendado para

gordura total, colesterol e gordura saturada. O consumo de ferro abaixo da recomendação foi

mais freqüente entre as mulheres (12,6 %) e na faixa etária de 18 a 45 anos. Alta

prevalência de inadequação de consumo de cálcio ocorreu em todas as faixas etárias e em

ambos os sexos, embora com predomínio entre as mulheres.

Tabela 21. Percentual de indivíduos com consumo inadequado, segundo idade e sexo*, Campinas, 1996.

IDADE (anos) SEXO

NUTRIENTES 18 - 25 26 - 45 46 -64 65 ou + Masculino Feminino (n=76) (n=139) (n=141) (n=50) (n=169) (n=285)

Proteína - 0,72 1,72 2,0 1,3 0

Cálcio 52,2 45,3 71,6 54,0 48,9 61,3

Ferro 14,4 15,1 3,5 6,0 4,8 12,6

Vitamina A 1,32 0,72 0,72 0 0 1,15

Vitamina C 7,8 3,6 4,2 12,0 8,9 3,8

Gordura 46,0 46,0 40,0 28,0 49,7 37,2

AGSA 46,0 43,1 40,4 34,0 51,6 58,4

Colesterol 69,5 65,4 57,4 44,0 71,0 54,4 * para cálcio NIH consensus, 1994 para outros nutrientes (RDA,10th ed. 1989) consumo de gordura total >30% das calorias ácidos graxos saturados <10% das calorias totais colesterol >300mg/dia.

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Estudo Multicêntrico sobre Consumo Alimentar - 1997

3.2.3.3. Curitiba

O consumo de energia reduziu-se com a elevação da idade tantos entre os homens

como entre as mulheres (Tabela 22). Este comportamento se repete com o consumo de

proteínas, gorduras, cálcio, ferro, ácidos graxos saturados e colesterol.

Os homens consumiram energia, proteínas, gorduras, carboidratos, ferro e colesterol

em quantidades maiores que as mulheres.

A ingestão de carboidratos e de vitamina C entre as mulheres foi mais elevada que

entre os homens nos grupos etários mais velhos (acima de 46 anos de idade); o mesmo

ocorreu com os ácidos graxos saturados.

A proporção de gorduras na dieta esteve em torno de 30%, a maior porcentagem

ocorreu entre os homens de 26 a 45 anos de idade (35%) e entre as mulheres de 19 a 25

anos e os homens de 46 a 64 anos de idade este valor foi de 33%.

Tabela 22. Médias e desvios padrão do consumo de nutrientes no município de Curitiba, 1996

IDADE (ANOS) NUTRIENTE 19-25 26-45 46-64 65 ou +

masc. fem. masc. fem. masc. fem. masc. fem. (n = 24) (n = 36) (n = 28) (n = 238) (n = 34) (n = 158) (n = 12) (n = 72) Energia (kcal) 3431 2733 3015 2604 2551 2578 2079 2399

Proteína (g) 122,9 104,4 119,4 94,5 98,2 90,3 79,0 85,6

Carboidrato (g) 474,5 348,2 377,3 355,7 329,1 366,3 280,2 334,0

Cálcio (mg) 1.212 1.112 1.006 994 1.010 1.003 928 967,1

Ferro (mg) 23,2 15,5 19,0 14,6 15,4 14,1 13,1 12,1

Vitamina A (R.E.) 4.654 3.072 3.463 3.527 3.436 3.907 3.491 3.737

Vitamina C (mg) 460 246 329 294 251 318 249 258

AGSA(g)* 34,8 33,8 34,4 29,5 30,6 28,0 25,1 28,9

AGPO(g)* 10,6 10,4 11,8 10,2 8,7 10,0 8,0 9,4

AGMO(g)* 5,4 8,0 8,2 6,8 6,7 6,6 7,0 6,8

Colesterol(mg) 319 406 424 285 339 260 272 257

* Ácidos graxos saturados, poliinsaturados e monoinsaturados

Em relação às recomendações de consumo (Tabela 23), o consumo inadequado de

proteína aumentou com a idade, sendo que 14 % da população com 65 anos ou mais

44

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Estudo Multicêntrico sobre Consumo Alimentar - 1997

apresentou consumo abaixo do recomendado. O padrão de consumo de gorduras

apresentou as características gerais de alto consumo descritas para as outras cidades,

chamando atenção, entre os mais jovens, o fato de que o alto consumo de colesterol acima

da recomendação ser muito mais prevalente do a aquele referente a gordura total.

A prevalência de inadequação de consumo de ferro e cálcio são bastante altas e

ocorrem preferencialmente em mulheres. A inadequação de consumo de cálcio aumentou

muito com a idade, passando de 30 % entre os mais jovens para 70% entre os com 65 anos

ou mais.

Tabela 23. Percentual de indivíduos com consumo inadequado, segundo idade e

sexo*, Curitiba, 1996.

IDADE (anos) SEXO

NUTRIENTES 18 - 25 26 - 45 46 -64 65 ou + Masculino Feminino (n=72) (n=356) (n=258) (n=100)

Proteína 1,4 6,5 10,8 14,0 14,8 7,4

Cálcio 29,4 43,8 69,0 70,0 44,4 55,3

Ferro 23,6 38,5 22,1 30,0 12,0 33,6

Vitamina A 4,2 5,4 6,3 3,1 0,0 6,1

Vitamina C 6,9 3,9 5,4 8,0 5,6 5,2

Gordura 47,2 50,8 46,9 49,0 57,0 48,4

AGSA 33,3 40,7 40,3 51,0 41,1 41,5

Colesterol 58,3 42,4 43,4 34,0 61,1 40,3 * para cálcio NIH consensus, 1994 para outros nutrientes (RDA,10th ed. 1989) consumo de gordura total >30% das calorias ácidos graxos saturados <10% das calorias totais colesterol >300mg/dia.

45

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Estudo Multicêntrico sobre Consumo Alimentar - 1997

3.2.3.4. Goiânia

Assim como para as outras localidades o consumo de energia e nutrientes foi menor

entre as mulheres do que entre os homens. Em ambos os sexos o consumo se reduziu com

a idade (Tabela 24). Comparada as outras localidades estudadas Goiânia foi a cidade que

apresentou menor consumo de gorduras. O percentual de energia proveniente das gorduras

foi de 20% entre os homens e 26 % entre as mulheres, embora o teor de gordura saturada

represente aproximadamente 50% das gorduras consumidas. O baixo teor de colesterol se

explica pelo menor consumo de ovos, que é provavelmente função do questionário utilizado

em Goiânia que contemplava menor variação na escala de freqüência. Ou seja nas outras

localidades as freqüências de consumo apresentavam sete opções contra quatro opções em

Goiânia.

Tabela 24. Médias e de consumo de nutrientes no município de Goiânia, 1996

IDADE (ANOS) NUTRIENTE 19-25 26-45 46-64 65 ou +

masc. fem. masc. fem. masc. fem. masc. fem. (n = 75) (n = 150) (n = 161) (n = 372) (n = 91) (n = 208) (n = 45) (n = 87) Energia (kcal) 2383 2004 2176 1816 1839 1616 1951 1538

Proteína (g) 83,9 73,2 77,9 62,7 66,3 58,2 72,2 103,6

Gordura (g) 65,9 56,2 59,3 55,2 52,1 47,4 56,2 44,7

Carboidrato (g) 365,6 301 338,6 320 284 249 301 239

Cálcio (mg) 777 647 760 629 617 578 642 569

Ferro (mg) 15,5 12,4 15,1 11,5 12,4 9,8 13,1 9,6

Vitamina A (RE) 5784 5134 4903 4878 3879 4042 3690 4000

Vitamina C (mg) 381 388 416 357 318 283 307 302

AGSA(g)* 25,5 21,9 22,9 20,6 19,8 18,4 21,2 17,9

AGPO(g)* 6,3 4,6 4,6 4,0 4,6 3,3 3,7 2,9

AGMO(g)* 7,9 5,7 6,7 5,4 5,7 5,0 5,6 4,8

Colesterol(mg) 298 184 249 183 199 166 228 160

* Ácidos graxos saturados, poliinsaturados e monoinsaturados

Das localidades estudadas Goiânia foi a que apresentou a maior prevalência de

inadequação de consumo de proteínas, comparando-se ao Rio de Janeiro somente na faixa 46

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Estudo Multicêntrico sobre Consumo Alimentar - 1997

dos idosos. A prevalência de inadequação de consumo de cálcio também foi muito alta (90%

entre as mulheres), enquanto que os percentuais de inadequação de consumo para gorduras

foi bem menor do que nas outras localidades. É bastante possível que tais diferenças

decorram da menor variação na escala de freqüência de consumo anteriormente comentada

(Tabela 25).

Tabela 25. Percentual de indivíduos com consumo inadequado, segundo idade e

sexo*, Goiânia, 1996.

IDADE (anos) SEXO

NUTRIENTES 18 - 25 26 - 45 46 -64 65 ou + Masculino Feminino (n=225) (n=545) (n=312) (n=138) (n=379) (n=836)

Proteína 21,8 35,9 45,2 43,8 38,0 35,9

Cálcio 82,7 83,6 94,2 97,0 82,2 90,2

Ferro 56,4 62,1 51,0 53,3 25,2 71,8

Vitamina A 4,4 2,8 6,5 5,5 0,56 6,0

Vitamina C 4,0 4,8 12,5 10,2 8,7 6,6

Gordura 15,1 23,5 28,2 29,0 18,0 26,4

AGSA 45,3 49,0 49,3 47,1 43,6 50,5

Colesterol 20,9 15,3 9,3 10,2 9,6 * para cálcio NIH consensus, 1994 para outros nutrientes (RDA,10th ed. 1989) consumo de gordura total >30% das calorias ácidos graxos saturados <10% das calorias totais colesterol >300mg/dia.

24,4

47

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Estudo Multicêntrico sobre Consumo Alimentar - 1997

3.2.3.5. Ouro Preto

O consumo de energia apresentou ligeira elevação com a idade em homens e

tendência de se reduzir com a idade entre as mulheres (Tabela 26). Este comportamento se

repete com o consumo de proteínas, gorduras, cálcio, ferro, ácidos graxos saturados e

colesterol.

Os homens consumiram energia, proteínas, gorduras, carboidratos, ferro e colesterol

em quantidades menores do que as mulheres. O pequeno número de indivíduos em algumas

faixas etárias pode ser a explicações para variações por faixa etária que não mantém o

padrão observado para as outras cidades. Outra possível explicação é o fato de ser esta

população constituídas tanto por indivíduos da zona urbana, quanto da zona rural.

Tabela 26. Médias de consumo de nutrientes no município de Ouro Preto (urbano + rural), 1996

NUTRIENTES IDADE (anos) 18-25 26-45 46-64

Mas. Fem. Mas. Fem. Masc. Fem. Mas. Fem. (n=19) (n=16) (n=55) (n=22) (n=20) (n=15) (n=11) (n=6) Energia (kcal) 2036 2840 2080 2955 2118 2388 2275 2189

Proteína (g) 67,4 96,4 75,9 108,8 76,1 82,31 80,81 84,7

Gordura (g) 53,3 72,9 61,1 88,8 52,1 70,1 68,3 60,3

Carboidrato (g) 324 433 312 409 350 361 347 335

Cálcio (mg) 815 985 823 996 997 900 1066 871

Ferro (mg) 19,8 23,0 19,5 25,5 19,2 23,5 17,6 20,6

Vitamina A (RE) 2542 3440 3208 4503 3311 3204 3158 2946

Vitamina C (mg) 159 273 166 238 337 151 254 195

AGSA(g)* 19,8 25,7 21,9 30,5 18,5 27,1 26,6 23,1

AGPO(g)* 4,5 5,6 4,8 6,8 4,4 4,6 4,6 4,2

AGMO(g)* 5,3 6,4 6,2 7,5 5,7 5,5 7,7 6,7

Colesterol(mg) 259 294 253 332 197 277 217 257

65 ou +

* Ácidos graxos saturados, poliinsaturados e monoinsaturados

Em relação às recomendações de consumo (Tabela 27), a maior freqüência de

consumo inadequado de proteína ocorreu entre os idosos, no sexo masculino e nos

48

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Estudo Multicêntrico sobre Consumo Alimentar - 1997

moradores da zona rural, sendo que 17 % da população com 65 anos ou mais apresentou

consumo abaixo do recomendado. A deficiência de cálcio foi tão prevalente em homens

quanto em mulheres, sendo mais freqüente entre os idosos e na zona rural. O padrão de

consumo de gorduras apresentou as características gerais de alto consumo descrita para as

outras cidades, com a inadequação de consumo de colesterol sendo mais freqüente entre os

mais jovens. O consumo de colesterol acima da recomendação foi muito mais prevalente do

aquele referente a gordura total.

A prevalência de inadequação de consumo de ferro foi muito mais baixa do que o

encontrado em outras cidades e ocorreu preferencialmente em mulheres e na zona urbana.

Tabela 27. Percentual de indivíduos com consumo inadequado, segundo idade e sexo*, Ouro Preto, 1996.

IDADE (anos) SEXO

NUTRIENTES 18 - 25 26 - 45 46 -64 65 ou + Masculino Feminino (n=35) (n=77) (n=35) (n=17) (n=105) (n=60)

Proteína 8,5 11,9 5,7 17,6 14,3 3,4

Cálcio 65,7 64,7 68,5 76,5 66,7 67,8

Ferro 2,8 6,5 0,0 11,7 5,7 3,4

Vitamina A 3,0 1,4 0,0 0,0 0,0 3,4

Vitamina C 14,2 18,1 20,0 23,5 18,1 18,6

Gordura 22,8 29,8 20,0 23,5 22,8 30,0

AGSA 40,0 37,6 25,7 47,1 34,3 40,0

Colesterol 42,8 35,0 25,7 23,5 26,7 45,7 * para cálcio NIH consensus, 1994 para outros nutrientes (RDA,10th ed. 1989) consumo de gordura total >30% das calorias ácidos graxos saturados <10% das calorias totais colesterol >300mg/dia.

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Estudo Multicêntrico sobre Consumo Alimentar - 1997

4. CONCLUSÕES

As duas metodologias de consumo utilizadas baseiam-se em recomendações de

consumo. Portanto, os resultados aqui apresentados não indicam que as necessidades

individuais estejam ou não sendo atendidas. Do ponto de vista de monitoração populacional

os dados de consumo são importantes pois eles são o primeiro indicador de risco. Além

disto, os dados de consumo permitem a recomendação de políticas de alimentação e

abastecimento.

Do ponto de vista do aporte energético, apenas detectou-se inadequação de

consumo nas faixas de renda familiar per capita até 1,0 SM. Assim, este estudo indica que

embora o aporte energético familiar esteja sendo atendido, os indivíduos apresentaram

importante inadequação.

Comparação quantitativa com os dados de 1974-75 mostra que o consumo se

ampliou, contudo as dietas se apresentam qualitativamente inadequadas.

Tomando como metodologia de inquérito de consumo familiar, a recomendação de

macro e micro nutrientes, considerada a família como unidade amostral, levou em conta a

composição intra familiar com relação à idade e sexo nas diferentes faixas de renda. Não

obstante a polêmica suscitada quanto aos índices de obesidade x desnutridos e sobre a

recomendação calórica, este estudo apontou para uma recomendação calórica média

individual de 2.280 calorias, variando de 2.200 a 2.390 nas diferentes faixas de renda.

Considerando então os quatro municípios estudados, ou seja, Campinas, Rio de

Janeiro, Ouro Preto e Goiânia, verificou-se que as famílias com renda até 2 salários mínimos

(SM), apresentam risco nutricional de macro e micro nutrientes com destaque a cálcio, ferro,

retinol e vitamina B2, que atingiram índices de inadequação de 20 até 70%. As porcentagens

das famílias nestas condições foram de 3,2% em Campinas, 3,6% no Rio de Janeiro, 8,7%

em Goiânia e 20,3% em Ouro Preto.

Assim, foi possível através desta metodologia avaliar o percentual de risco nas

diferentes classes de renda e o seu grau de abrangência quanto aos diversos nutrientes,

sendo cálcio, ferro e retinol os mais afetados.

A Cesta Básica de consumo real, apresenta-se comum na maioria dos municípios

quanto a 17 itens alimentares, com contribuição calórica média ao redor de 1.800 Kcal,

complementadas por itens de consumo regional num total de 24 produtos e energia total

média de 1960 Kcal. Foi possível também propor uma Cesta Básica, entendida como uma

50

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Estudo Multicêntrico sobre Consumo Alimentar - 1997

composição de alimentos que apresentaram consumo comum nos diferentes municípios e

que pode ser complementada com alimentos do hábito regional.

Considerando o gasto familiar nos diferentes municípios variando de 1,42 a 2,91 SM

para a menor classe de renda, aliado com a inadequação nutricional e a incapacidade de

aquisição da Cesta Básica adequada, pode-se estabelecer a linha de indigência média de

2,2 SM de acordo com a definição do Mapa da Fome (PELIANO, 1993).

Embora não seja possível realizar uma análise comparativa do consumo familiar

devido a uma lacuna existente nos dados, pode-se concluir pelos resultados apresentados,

que a metodologia de inquérito de consumo familiar pode ser aplicada com maior

abrangência, resguardando os critérios rígidos de aplicação do instrumento.

Apesar das variações nas diferentes cidades, observou-se que parcela importante da

população encontra-se fora das faixas de recomendação para ferro e cálcio. Os grandes

percentuais populacionais consumindo quantidades aquém dos valores recomendados são

preocupantes. Entre as mulheres cariocas 44% apresentaram consumo deficiente de ferro e

66% consumo inadequado de cálcio. Em Curitiba estes percentuais são também importantes

com 33% das mulheres e 12% dos homens com consumo inadequado de ferro. O valores de

consumo de cálcio deixam a maior parte dos homens e mulheres abaixo dos valores

recomendados, sendo que a prevalência de indivíduos com consumo abaixo da

recomendação variou de 50 a 80 %. Ouro Preto e Goiânia apresentaram as maiores

prevalências.

Observou-se que embora a proporção de consumo de gordura nas localidades

estudadas ficasse ao redor ou abaixo de 30% do consumo de energia, há um consumo

desproporcional de gordura saturada e de colesterol. Assim, 58% dos homens e 43% das

mulheres cariocas consumiam mais do que 300 mg de colesterol por dia. Em Goiânia estes

valores foram iguais a 44% entre os homens e 51% entre as mulheres. Em Campinas ao

lado de uma alta prevalência de consumo inadequado de colesterol, o consumo total de

gorduras também era inadequado. O consumo de colesterol parece inclusive ser mais

inadequado nas coortes mais jovens com possível importante efeito deletério quando estes

jovens tornarem-se adultos de meia idade. Ouro Preto tanto na zona urbana, quanto na zona

rural apresentou as menores prevalências de inadequação de consumo de colesterol e a

mais baixa prevalência de consumo inadequado de ferro.

A avaliação da razão entre o consumo energético e a taxa estimada de metabolismo

basal como uma forma de se analisar o instrumento usado para avaliação de consumo

mostrou valores acima de 1,5 que é o valor esperado em populações sedentárias. Nossos

resultados estiveram entre 1,6 e 1,9. Os valores referentes a esta razão obtidos para o

51

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Estudo Multicêntrico sobre Consumo Alimentar - 1997

terceiro inquérito de nutrição nos Estados Unidos (NHANES III) variaram de 1,2 a 1,4,

indicando a validade do instrumento de consumo utilizado.

5. RECOMENDAÇÕES

1. Realizar ações a curto e médio prazos visando atuação direta nas famílias e dentro da

família no indivíduo caracterizado no presente estudo para estabelecimento das diferentes

políticas de promoção da nutrição e saúde;

2. Estabelecer uma política de implementação do setor agrícola voltada especialmente para

os produtos concentrados da cesta básica de consumo e que supra as deficiências

apontadas a respeito de micronutrientes como cálcio, ferro, vitamina A e vitamina B2.

Pressupõe uma política agropecuária que contemple as indicações contidas no presente

relatório;

3. Realizar ação visando orientação alimentar pelos meios de comunicação no sentido de

uma alimentação saudável no controle de doenças crônicas através da redução do

consumo de fontes fornecedoras de gorduras saturadas;

4. Aplicar o presente instrumento para monitoramento e impacto das políticas a serem

adotadas através de mecanismo como o SISVAN;

5. Elaborar uma tabela de composição de alimentos nacional;

6. Treinar e capacitar os profissionais de saúde e afins no sentido de acompanhar e

monitorar as políticas locais;

7. Estabelecer uma política de cesta básica com atenção especial ao atendimento da

recomendação de cálcio para grupos especiais.

52

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53

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ANEXO I

COMPOSIÇÃO DAS EQUIPES EM CADA MUNICÍPIO CAMPINAS Coordenação: Profa. Dra. Maria Antônia Martins Galeazzi Prof. Dr. José Augusto de Aguiar Carrazedo Taddei Coordenação de área: Prof. Dr. Antonio José de Almeida Meirelles Prof.a Dr.a Rachel Meneguello Prof.a Dr.a Semíramis Martins Álvares Domene Profª Drª. Heloísa Bonvino Pesquisadores: Rodrigo Pinheiro de Toledo Vianna Cláudia Botelho Zabotto Anita Kacenelenbogen Guimarães Késia Quintaes Núria Abrahão Chaim Wilson Fusco César Augusto Pontin Ana Meisel Luciana Ximenes Leite CURITIBA Coordenação: Profa. Dra. Helena Maria Simonard Loureiro Pesquisadores: Ana Lúcia Bonilla Chaves Cláudia Choma Bettega Almeida Cláudia Hecke Krüger Cláudia Seely Rocco Deise Regina Baptista Mendonça Elenice Haruko Murate Giane Sprada Mira Maria Eliana Madalosso Schieferdecker Maria Emília Daudt von der Heyde Raul Von der Heyde Regina Maria Ferreira Lang Rita de Cássia Medina Claro Sturza Rute Dias Fernandes Sila Mary Rodrigues Ferreira Suely Therezinha Schmidt Passos de Amorim

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GOIÂNIA Coordenação: Profa. Dra. Maria de Fátima Gil Profa. Dra.Dulce Terezinha Oliveira da Cunha Profa. Dra. Maria Altina Moreira Pesquisadores: Maria José Camêlo Antunes Vera Lúcia Nepomuceno Braga Celma Dias Borges Estelamaris Tronco Mônego Márcia Armentano Clark Reis Maria Cláudia Honorato da Silva e Souza Silvana Bonfim OURO PRETO Coordenação: Prof. Dr. Camilo Adalton Mariano da Silva Profa. Dra. Silvia Nascimento de Freitas Pesquisadores: Maria Cristina Passos Maria de Fátima Reis Baudson Ana Celeste dos Santos Canuto RIO DE JANEIRO Coordenação Geral: Profa. Dra. Rosely Sichieri Pesquisadores: Vânia Maria Ramos de Marins Rosângela Alves Pereira Maria Auxiliadora Santa Cruz Coelho Maria Del Carmem Biasi Molina Rita de Cássia Perrelli

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