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ESTUDO SOBRE A ESTRUTURA ORGANIZACIONAL NO FLUXO INTERNO DAS RECLAMAÇÕES DE UMA EMPRESA Maiquel José Silveira 1 Janete Stoffel 2 RESUMO Entender a estrutura organizacional no fluxo interno das reclamações de clientes da Gama é o tema deste artigo. O trabalho tem enquanto problema investigar quais os fatores limitadores da eficiência no processo de reclamação de clientes da empresa Gama? A resposta a esta pergunta consiste no objetivo geral do trabalho. De forma específica o estudo se propõe a: revisar a teoria sobre as estruturas organizacionais das empresas e os processos de tomada de decisão; diagnosticar o processo de reclamação de clientes, pesquisando os gerentes; analisar e sugerir melhorias no processo. Para atingir os objetivos específicos foram utilizadas as pesquisas explicativas e exploratórias. Constatou-se que a melhor estrutura organizacional para a empresa seria a funcional, ao invés da estrutura linear, atualmente utilizada. Palavras-chave: Organização. Estrutura. Decisão ABSTRACT Understanding the organizational structure in the internal flow about the Gama’s customers’ complaints is the theme of this article. The survey subject of this work is verifying if the organizational structure of Gama answer the customers’ complaints in a fast way. The answer to this question consists in a general goal of the job. Following the specific goals of this study: to review the theory about the organizational structures of companies and decision-making processes, to diagnose of the customers’ complaint process, through research involving managers, to analyze and suggest improvements in the process. To achieve the specific goals were used exploratory and explanatory research. It was indicated that the company should change the linear organizational structure for the functional one. Keywords: Organization. Structure. Decision 1 Introdução Nas organizações, cada dia mais, os colaboradores têm que tomar decisões tanto na pré-venda como na pós-venda e isto não é diferente na Gama. Este trabalho tem como tema o estudo sobre a estrutura organizacional no fluxo interno das reclamações de clientes da Gama. Como foco o seguinte problema 1 Graduando em Administração da Faculdade Dom Alberto. 2 Economista. Me em Desenvolvimento. Docente da Faculdade Dom Alberto

ESTUDO SOBRE A ESTRUTURA ORGANIZACIONAL NO … · estrutura organizacional e como devem proceder à tomada de decisão entre os níveis de cada estrutura, temas que estão abordados

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ESTUDO SOBRE A ESTRUTURA ORGANIZACIONAL NO FLUXO

INTERNO DAS RECLAMAÇÕES DE UMA EMPRESA

Maiquel José Silveira1

Janete Stoffel2

RESUMO

Entender a estrutura organizacional no fluxo interno das reclamações de clientes daGama é o tema deste artigo. O trabalho tem enquanto problema investigar quais osfatores limitadores da eficiência no processo de reclamação de clientes da empresaGama? A resposta a esta pergunta consiste no objetivo geral do trabalho. De formaespecífica o estudo se propõe a: revisar a teoria sobre as estruturas organizacionaisdas empresas e os processos de tomada de decisão; diagnosticar o processo dereclamação de clientes, pesquisando os gerentes; analisar e sugerir melhorias noprocesso. Para atingir os objetivos específicos foram utilizadas as pesquisasexplicativas e exploratórias. Constatou-se que a melhor estrutura organizacionalpara a empresa seria a funcional, ao invés da estrutura linear, atualmente utilizada.

Palavras-chave: Organização. Estrutura. Decisão ABSTRACT

Understanding the organizational structure in the internal flow about the Gama’scustomers’ complaints is the theme of this article. The survey subject of this work isverifying if the organizational structure of Gama answer the customers’ complaints ina fast way. The answer to this question consists in a general goal of the job.Following the specific goals of this study: to review the theory about theorganizational structures of companies and decision-making processes, to diagnoseof the customers’ complaint process, through research involving managers, toanalyze and suggest improvements in the process. To achieve the specific goalswere used exploratory and explanatory research. It was indicated that the companyshould change the linear organizational structure for the functional one.

Keywords: Organization. Structure. Decision

1 Introdução

Nas organizações, cada dia mais, os colaboradores têm que tomar decisões

tanto na pré-venda como na pós-venda e isto não é diferente na Gama.

Este trabalho tem como tema o estudo sobre a estrutura organizacional no

fluxo interno das reclamações de clientes da Gama. Como foco o seguinte problema

1 Graduando em Administração da Faculdade Dom Alberto.2Economista. Me em Desenvolvimento. Docente da Faculdade Dom Alberto

2

de pesquisa: quais os fatores limitadores da eficiência no processo de reclamação

de clientes da empresa Gama?

Buscando respostas para o problema, este trabalho tem enquanto objetivo

geral verificar se a estrutura organizacional da Gama atende de forma adequada as

reclamações de clientes. Enquanto objetivos específicos o trabalho procura: a)

revisar a teoria sobre as estruturas organizacionais das empresas e os processos de

tomada de decisão; b) diagnosticar o processo de reclamação de clientes, por meio

de pesquisa aos gerentes; c) analisar e sugerir melhorias no processo.

O pesquisador entende que existem outros problemas relacionados a este

processo, mas focou o seu trabalho no estudo das estruturas organizacionais

relacionadas, deixando assim aberta a pesquisa para os demais temas.

Para entender este processo o trabalho levou em consideração os tipos de

estrutura organizacional e como devem proceder à tomada de decisão entre os

níveis de cada estrutura, temas que estão abordados no próximo item. Na seqüência

é apresentada a metodologia utilizada no trabalho e após os resultados da pesquisa,

bem como as considerações finais e referências bibliográficas.

2 A estrutura organizacional e o processo de tomada de decisões

Apesar de muitos cientistas se aterem ao trabalho individual e na melhoria de

processos, o teórico que mais se destacou na área da administração das

organizações foi Henry Fayol (MONTANA; CHARNOV, 2003).

Dias, Zavaglia e Cassar, 2003, observam que ele foi o primeiro a criar uma

sistemática para o comportamento do administrador na organização, objetivando

mostrar que as boas práticas da administração seguem padrões e que estes podem

ser mapeados, assim estabelecendo certo modelo.

O conceito de organização é muito amplo, capaz de englobar vários

agrupamentos sociais, na medida em que os participantes estão interligados por

uma rede de relações e comungam de certos valores e normas. Um conceito com

essa amplitude abarca um sem-números de grupos sociais, desde uma gangue de

rua ou uma família, em um extremo, até uma sociedade inteira, no outro

(CARAVANTES et al, 2005).

Sobre o conceito de organização Caravantes, Panno e Kloeckner, afirmam

que:

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Weber começou sua análise usando uma expressão genérica, ampla, queele chamou de grupo corporativo (corporategroup) e que definiu como “umarelação que, ou é fechada ou limitada à admissão de forasteiros através deregras”, na medida em que essas normas ou regras são colocadas emprática pela ação de determinados indivíduos que ocupam posições demando ou de chefia ou um staff administrativo (WEBER apudCARAVANTES et al, 2005, p.41)

Normalmente as empresas no início de seus processos, adotam estruturas

básicas e estão preocupadas com a organização da produção sempre visando obter

a maximização dos lucros. Temos como organizações básicas a: linear, staff-and-

line, solução funcional e a organização colegiada (CURY, 2000).

A estrutura básica linear conforme figura 1, caracteriza-se por uma pirâmide

que demonstra claramente o escalonamento hierárquico baseado nos antigos

exércitos e tem como características a chefia que é fonte única de autoridade sendo

que existe somente uma para cada nível hierárquico e suas ordens sempre seguem

a via hierárquica sem atalhos (CURY, 2000).

Figura 1: Organograma da Estrutura Linear

Fonte: Elaborado pelo autor

Através de linhas diretas esta estrutura organizacional demonstra de forma

simples que tudo está ligado ao processo de produção e comercialização de bens e

serviços e que a sobrecarga sobre os gerentes pode ocorrer a qualquer momento

(MONTANA; CHARNOV, 2003).

A Estrutura funcional está baseada na técnica de supervisão funcional e

geralmente é aplicada na parte operacional da organização. Tendo como objetivo

maximizar a eficiência numa fábrica e apresenta como característica dividir a

preparação da execução nos processos mantendo sempre mais de um encarregado

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por operário. Conforme Cury (2000) para isso geralmente temos dois grupos de

supervisores do mesmo nível hierárquico, os supervisores de planejamento e os de

execução como mostra a figura 2.

Figura 2: Organograma da Estrutura Funcional

Fonte: Elaborado pelo autor

Como neste processo cada funcionário responde a mais de um encarregado

especializado, temos uma maior eficiência, deixando de lado o ruído na

comunicação que geralmente é causado pelo grande número de pessoas envolvidas

(CHIAVENATO, 2000).

A estrutura staff-and-line tem uma origem egípcia e soma características da

organização em linha e funcional. É aplicada na linha acrescentando um especialista

no processo, para auxiliar na tomada de decisão, como nos mostra a figura 3

(CHIAVENATO, 2000).

Figura 3: Organograma da Estrutura Staff and Line

Fonte: Elaborado pelo autor

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O Staff deve ser introduzido no processo de linha para obter um melhor ponto

de vista e com isso aumentar o poder de assertividade no planejamento. A falta

desta experiência pode causar conflitos, visto que o Staff enxerga o processo em

uma óptica e os coordenadores de linha de outra (MONTANA; CHARNOV, 2003).

Em relação à estrutura tipo comissão ou colegiada, observa-se que esta

estrutura é ativa nas organizações mais modernas levando em consideração uma

administração plural que exclui a ideia de chefia única e tenta criar um novo

processo de tomada de decisão. Estas decisões levam em consideração um número

maior de departamentos e pessoas sempre alinhado com as ideias da diretoria

(CURY, 2000).

Figura 4: Organograma da Estrutura Colegiada

Fonte: Elaborado pelo autor

A não utilização do administrador neste processo e a retenção de capital

humano especializado focando uma única solução na tomada de decisão trazem um

risco muito grande para a empresa. Muitos líderes de diferentes setores podem

entender de forma diferente um problema e cabe ao grupo escolher um líder que

possa entender e não se levar pelo sentimento (CHIAVENATO, 2000).

A busca pela melhor decisão faz com que os líderes criem rotinas

estruturadas e esta estrutura começa a ser estudada agora.

2.1 Tomada de decisão sobre as reclamações de clientes

A tomada de decisão no processo de análise da reclamação de clientes

acontece a todo o momento. Esta decisão deve contemplar os objetivos tanto da

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representação que presta o serviço ao produtor como a empresa que fornece o

produto.

Assim como Fayol outros cientistas se preocupavam com a eficácia gerencial.

Um deles era Herbert Simon, cientista conhecido por suas pesquisas sobre tomada

de decisões e processamento de informações (MONTANA; CHARNOV, 2003).

Para Chiavenato (2006) as teorias anteriores davam ênfase à ação e não a

quem a ordenou. Quando se fala em teoria comportamental de Simon estamos

falando na tomada de decisão por parte de todas as pessoas (operacional, tático e

gerencial) e não somente do administrador.

Com base em Robbins (2005), para entender o processo de tomada de

decisão podemos dividi-lo em cinco partes: definir o problema, identificar os critérios

para a decisão, atribuir pesos específicos para cada um desses critérios,

desenvolverem alternativas e escolher a melhor alternativa.

Robbins nos demonstra que para uma definição adequada do problema

dependemos da quantidade de informação que está à disposição, esta informação

deve ser clara e não pode trazer ambigüidades (ROBBINS, 2005).

De posse destas informações os gerentes da empresa podem listar e

organizar suas atividades de acordo com a realidade de cada reclamação. O

tomador de decisão é capaz de identificar e listar todas as informações relevantes

assim como listar todas as alternativas possíveis. Além disso, baseado nestas

informações ele é capaz de prever as conseqüências para cada alternativa

(ROBBINS, 2005).

Buscando entender e validar as informações, os gerentes da empresa devem

perguntar o porquê ocorreu tal reclamação. De posse desta informação ele vai

ponderar quais informações tem maior validade para a reclamação. Depois disso ele

deve perguntar como ocorreu tal problema e somado ao resultado do

questionamento anterior ele terá embasamento para direcionar suas alternativas.

Esse pensamento está baseado na citação de Hammond (1999) que nos mostra que

existe necessidade de realizarmos a pergunta “Por quê?” o levou dos meios aos fins;

e no momento que executamos a perguntar “Como?” irá levá-lo dos fins novamente

aos meios, guiando-o em direção a alternativa.

No momento que o gerente está com as alternativas para a solução dos

problemas ele vai se deparar com duas situações, uma que não importando o que

aconteça vai balizar o resultado do trabalho e as outras que devem ser retiradas do

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processo para que não haja poluição das informações. Neste momento Scoss

(1974) nos mostra que os elementos ou partes das alternativas se dividem em duas

classes, uma denominada de fatores restritivos que influencia o processo, e outra

que são os fatores complementares que devem ser deixados de lado.

No momento que temos os dados apurados e a alternativa definida podemos

atender a reclamação do cliente. Não podemos deixar de levar em consideração os

objetivos da empresa e o tempo de aplicação da solução. Isto está claro no

comentário de Hammond (1999) segundo o qual muitas vezes a melhor solução no

nível de departamento não está alinhada com os objetivos da empresa como um

todo.

3 Metodologia

Visando verificar quais os fatores limitadores da eficiência no processo de

reclamação de clientes da empresa Gama o presente estudo efetua uma verificação

sobre o fluxo interno das reclamações de clientes. Para desenvolver esta pesquisa,

utilizaram-se os pressupostos teóricos da pesquisa explicativa e exploratória.

A pesquisa explicativa tem como objetivo justificar algum acontecimento e

para isso ela busca tornar as informações inteligíveis. Quando levamos em

consideração a pesquisa exploratória temos que entender que ela está atrelada a

pouca disponibilidade de informação e que estamos dependentes de um processo

empírico (VERGARA, 2004).

Um benefício da pesquisa exploratória é que ela traz uma menor rigidez no

planejamento do processo além de utilizar levantamentos bibliográficos e

documentais. Como estamos descrevendo um levantamento de dados, este não é,

na grande maioria dos casos, um momento de grandes análises e sim um momento

de descoberta para pesquisas mais elaboradas no futuro (GIL, 1999).

Como meio de pesquisa foram utilizadas as pesquisas bibliográficas e

documentais. Quando indicamos a pesquisa bibliográfica estamos falando de

pesquisa feita em material já elaborado, e esta fonte de pesquisa está presente em

quase todos os trabalhos (GIL, 1999). Já a pesquisa documental é fundamental para

este trabalho, pois com ela foi feito o levantamento de informações da empresa

(VERGARA 2004).

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O material que foi utilizado no levantamento documental faz parte do histórico

de reclamação da empresa Gama. Entre eles temos: fichas de reclamação, um

histórico geral que contempla todas as reclamações realizadas em um ano e suas

respectivas soluções. Estes arquivos foram acessados em formato digital.

A empresa Gama trabalha com sementes e isso a coloca no ramo agro

comercial tendo sua matriz no estado do RS. Trabalhando com o estudo de caso

temos uma busca exaustiva do conhecimento sobre os objetos estudados, sempre

levando em consideração que o meio deve estar definido (GIL, 1999).

Foi utilizado o questionário como método de coleta de dados, para o

levantamento de informações com gerentes da empresa. O questionário foi

preenchido pelo próprio informante o qual sempre é anônimo, com isso temos

necessidade de criar uma estrutura simples com respostas fechadas e com

instrução bem específicas (CERVO, 2002).

Para realizar as análises gráficas foi utilizado o Microsoft Office Excel,

ferramenta que permitiu gerar tanto os gráficos de setor como os de dispersão. Foi

escolhido o gráfico de setor, pois o questionário foi aplicado à população de

gerentes, além disso, algumas questões estão correlacionadas e para que fosse

gerada uma análise mais coesa foi utilizado o gráfico de dispersão. Conforme

Crespo (2002), quando consideramos duas ou mais variáveis, a dispersão é uma

forma de representar estas relações.

Considerando que o pesquisador deste trabalho é também funcionário da

empresa, observou-se no decorrer da tabulação da pesquisa que as respostas de

algumas questões podem apresentar alguma tendência. Mesmo tendo garantido o

anonimato aos gerentes, observou-se na tabulação dos dados que algumas

respostas não condizem totalmente com o que se observa na empresa. Nas análises

apresentadas no próximo item são feitos comentários sobre as questões que

apresentam maiores limitações em relação às conclusões possíveis.

4 Apresentação, análise e discussão dos resultados da pesquisa

Na Gama os históricos de reclamação de cliente, assim como acordos diretos

ou indiretos realizados pela empresa com seus compradores são fontes ricas em

informação. Estas informações serviram e padrão para entendermos o fluxo da

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reclamação dentro da estrutura organizacional e comprovar que esta estrutura é

linear.

Este processo está representado no fluxograma 1 e mostra quantos

departamentos estão envolvidos no processo de reclamação de clientes.

Fluxograma 1 – Fluxo da reclamação

Fonte: Elaborado pelo autor

Podemos dividir estes departamentos em dois grupos, sendo que o grupo 1

(Cliente, REP, CA e GER), tenta resolver a reclamação através de acordos verbais.

O grupo 2 é convocado para resolver administrativa ou legalmente o processo.

O acordo verbal, que é de responsabilidade do grupo 1, leva em consideração

relatórios padrão da Gama. Geralmente este tipo de reclamação é resolvido com

restituição de produtos na próxima safra.

O grupo 2 é responsável por reclamações complexas. Ocorre quando a

reclamação não encontrou acordo no nível um e por isso apresenta uma ficha de

reclamação. Através desta ficha e com dados levantados do cliente, a empresa

organiza um laudo de qualidade que vai ajudar na argumentação do gerente de

vendas. O gerente apesar de não participar da tomada de decisão do grupo dois vai

ser o transmissor da decisão para o cliente e representantes.

Considerando que os gerentes são o elo de resposta entre os dois grupos,

eles devem estar sempre informados da situação em que se encontram as

reclamações. Por este motivo cada gerente recebeu o seu questionário e estes

tinham tempo indeterminado para indicar as respostas. Estes estão sediados nos

estados de RS, SC, PR, SP, MS, MT, GO e MG, para que o acesso a eles ficasse

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facilitado foi agendado um dia no final de uma reunião comercial que aconteceu na

matriz da Gama.

No questionário aplicado aos gerentes buscou-se mensurar o tempo que cada

um disponibiliza para o atendimento das reclamações. Foi levado em consideração o

processo burocrático e prático. E para isso definiu-se uma relação onde: Um

pequeno tempo indica que o representante resolve quase que todo o processo de

reclamação sozinho (P); um tempo médio é onde o gerente em parceria com o

representante soluciona os processos de reclamação (M); um tempo grande é

quando o gerente realiza sozinho o levantamento dos dados referentes à

reclamação (G).

GRÁFICO 1 – Relação atividade burocrática e prática

Fonte: Elaborado pelo autorNo gráfico 1 tivemos 72% dos gerentes indicando que auxiliam o

representante nas atividades relacionadas à reclamação de clientes. Este resultado

demonstra que o gerente necessita estar presente no processo prático. Este

processo deveria ser de responsabilidade do representante, deixando assim o

gerente livre para criar uma estratégia de atendimento que melhor se adequasse a

reclamação.

O número de pessoas envolvidas no processo é fundamental para

verificar sua complexidade. Para isso foi realizado um levantamento de quantas

pessoas trabalham diretamente no processo de reclamação de cliente junto ao

gerente conforme mostra o gráfico 2.

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GRÁFICO 2 – Percentual de pessoas que trabalham diretamente no processo

Fonte: Elaborado pelo autor

Como resultado da pesquisa, temos que 36% dos gerentes precisam envolver

quatro pessoas ou mais, o que indica que existe uma dependência por capital

humano alta para um processo de atendimento ao cliente. Além disso, temos mais

27% dos gerentes utilizando três pessoas no processo.

Todas as fichas de reclamação são lançadas em uma base de Excel e esta

base tem o nome de planilha de monitoramento das reclamações. Esta planilha

contempla todas as informações de qualidade do produto e o manejo aplicado pelo

produtor na sua empresa. Além disso, a base possuiu um espaço para as soluções

sugeridas para cada reclamação.

A necessidade de um feedback direto sobre a planilha de monitoramento das

reclamações gerou o gráfico3.

GRÁFICO 3 – Feedback sobre a planilha de monitoramento

Fonte: Elaborado pelo autor

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Esta questão nos trouxe uma surpresa, visto que ela possuía três respostas;

sim; não; e não conheço a base de reclamações. A surpresa está no fato dos

gerentes não possuírem acesso à base de reclamações e mesmo assim a maioria a

considerou fonte suficiente de informação. Acredita-se que os motivos para esta

divergência estão no fato do entrevistador ter contato direto com os superiores dos

gerentes e isso pode ter influenciado nas respostas desta questão, apesar do

questionário ser anônimo.

O processo de realimentação das informações é fundamental para este

processo. Com isso foram elaboradas duas questões referentes a feedback, uma

por parte dos superiores diretos dos gerentes e outra por parte dos representantes

da empresa.

GRÁFICO 4–Feedback da situação das reclamações

Fonte: Elaborado pelo autor

A resposta encontrada na análise do gráfico 4 deixa explícita a posição do

representante, o qual tem obrigações contratuais em relação ao feedback para o

gerente. A surpresa está nos18% de gerentes que não recebem feedback por parte

dos superiores o que nos mostra que existe a necessidade de uma forma padrão de

resposta para este processo.

A estrutura que está montada para o atendimento das reclamações coloca o

gerente como peça chave no processo e uma questão buscando a opinião deles

sobre esta estrutura era necessária.

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No processo de reclamação, quanto menor o número de pessoas envolvidas

melhor. O gráfico 5 demonstra os resultados para as questões nas quais se

procurou saber o volume de pessoas envolvidas no processo.

GRÁFICO 5 – Relação de dependência X dependentes

Fonte: Elaborado pelo autorA informação mais importante neste gráfico refere-se aos 63% dos gerentes

da empresa que indicaram precisar de quatro ou mais pessoas para dar o segmento

às reclamações. Este fato demonstra a complexidade que existe para que o

processo tenha continuidade.

O fato de o gerente ficar muito tempo atuando no levantamento de

informações práticas acaba tirando o tempo para uma tomada de decisão mais

estratégica. Ele deveria ter uma perda pequena de tempo nas informações práticas

e uma perda média nas informações burocráticas. Desta maneira ele poderia criar

estratégias para garantir a satisfação do cliente e da empresa.

O fato de cada gerente envolver no seu próprio processo de tomada de

decisão quatro ou mais pessoas demonstra uma alta dependência de capital

humano. Estamos falando de cinco pessoas se dedicando muita energia para um

único fim. Ainda considerando que estas cinco pessoas (gerente e seus auxiliares)

dependem de mais quatro funcionários da empresa, estão sendo totalizadas nove

pessoas para que seja executado o completo ciclo de uma reclamação.

Com relação aos 18% dos casos em que o gerente não recebe feedback dos

seus superiores, fica comprovada uma falta de comunicação entre os níveis

hierárquicos. Esta comunicação é fundamental para termos uma resposta rápida e

precisa, além de balizar o conhecimento do gerente.

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Fonte de pesquisa para os diretores da empresa, a base de reclamações

serve para administrar as reclamações de todo o Brasil. Os gerentes da empresa

não têm acesso a esta planilha e mesmo assim eles a consideraram uma boa fonte

de consulta. Esta informação demonstra que o processo não está alinhado.

Foi verificado que o principal passo para melhoria deste processo é a

implantação de um sistema web. Este sistema seria administrado por todos os

departamentos ligados a reclamação e sua respectiva solução. No momento que o

representante registrasse a reclamação, o objeto reclamado seria levado

diretamente ao departamento responsável e este teria que indicar a melhor solução.

Depois do levantamento bibliográfico e das análises de dados verificamos que

a estrutura staff and line cria uma divergências entre o Staff e o gerente e com isso

não é adequada para este processo. Quando citamos a estrutura colegiada temos

uma alta dependência de capital humano, está proposta vai contra a realidade da

empresa. Com isso é indicado que a empresa adote a estrutura funcional como

sendo a mais adequada para este processo.

5 Considerações finais

O presente trabalho teve como problema de pesquisa: Quais os fatores

limitadores da eficiência no processo de reclamação de clientes da empresa Gama?

Este problema foi resolvido, sendo verificado que a Gama utiliza uma estrutura

organizacional linear e esta sobrecarrega o gerente, sendo assim ela não consegue

atender de forma rápida as reclamações de clientes.

Com relação aos objetivos específicos do trabalho foi revisada a teoria sobre

as estruturas organizacionais das empresas assim como o processo de tomada de

decisão. Foi diagnosticado o processo de reclamação de clientes por meio de

pesquisa realizada com os gerentes, onde se verificou que existe uma falta de

comunicação entre os departamentos envolvidos. Com relação à análise do

processo foi identificado que a estrutura organizacional utilizada é a linear e foi

sugerida a implantação de um sistema web que utilizaria a estrutura funcional como

base.

É de conhecimento do pesquisador que este tema, assim como os demais

processos envolvidos neste trabalho, traz a tona outros problemas como a

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comunicação entre os níveis hierárquicos e o sistema de informação. Sendo assim,

há possibilidade de estas questões serem fonte para futuros trabalhos.

REFERÊNCIAS

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HAMMOND, John S.; KEENEY, Ralph L.; RAIFFA, Howard. Somos movidos adecisões: decisões inteligentes : como avaliar alternativas e tomar a melhordecisão. Rio de Janeiro: Campus, 1999. 206p ISBN 8535204911

MONTANA, Patrik J.; CHARNOV, Bruce H.. Administracao. Tradução Cid KnipelMoreira; Revisão técnica Álvaro Pequeno da Silva. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2003.

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SCOSS, Floro Zino. Processo decisório para executivos. Rio de Janeiro: LTC,1974. 91 p. (Coleção de administração e gerência; 14)

VERGARA, Sylvia C. Projetos e relatórios em Administração. São Paulo: Atlas,2004.