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*connectedthinking Sustainable Business Solutions* Estudo sobre o setor de tratamento de resíduos industriais Março de 2006

Estudo sobre o setor de tratamento de resíduos industriais · usualmente chamados de “resíduos industriais”, e abordou duas linhas de informações: através de entrevistas,

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*connectedthinking

Sustainable Business Solutions*

Estudo sobre o setor detratamento de resíduos industriaisMarço de 2006

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PricewaterhouseCoopers

Estudo sobre o setor de tratamentode resíduos industriais

Março de 2006

Sustainable Business Solutions

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PricewaterhouseCoopers

Estudo sobre o Setor de Tratamento de Resíduos Industriais

Apresentação

A PricewaterhouseCoopers, para melhor atender àsnecessidades de seus clientes, opera com umaestrutura segregada em duas dimensões. Aprimeira enfoca o agrupamento de diversascompetências (auditoria, contabilidade, finanças,tributos, legal, organizacional, tecnologia,processos, sustentabilidade etc.) em três unidadesde negócios: Auditoria, Consultoria Tributária eLegal e Consultoria de Gestão, em 14 escritóriosdistribuídos pelo País. A segunda está orientadapara o conhecimento sobre o funcionamento dosdiversos segmentos de negócios e setoreseconômicos, nos quais as atividades econômicasfazem interface com questões socioambientais eeconômicas, sustentabilidade.

Nesse contexto, mantemos um grupo deprofissionais com grande experiência nascompetências de sua especialização e de suaaplicação nas questões de sustentabilidade,buscando abranger todas as dimensões do tema,como controles, processos, auditorias, aspectosfinanceiros e legais, "due diligence" etc.

Sob contratação da ABETRE, Associação Brasileiradas Empresas de Tratamento de Resíduos, aPricewaterhouseCoopers constituiu um grupo detrabalho que, desde outubro de 2005, vemestudando as questões principais para odesenvolvimento sustentável desse setor, a fim deidentificar os componentes e os incentivos quepossam, de forma consistente, promover soluçõespara os problemas relacionados à destinaçãoinadequada de resíduos industriais que aindapersiste no País.

Esse grupo de trabalho é composto pelos seguintesprofissionais do quadro permanente daPricewaterhouseCoopers:

• Carlos Henrique Rossin- gerente responsável por gestão em

sustentabilidade

• Luzia Hirata- supervisora da área de sustentabilidade

• Thiago Teixeira- consultor da área de sustentabilidade

• Ernesto Cavasin- consultor da área de sustentabilidade

A questão dos resíduos sólidos desenvolve-se emdois contextos totalmente diferentes, em termos deresponsabilidades dos agentes e dinâmicas deadministração (comercial, inclusive) e de manejo(físico). São eles:

• Resíduos oriundos dos serviços públicos(limpeza pública, saneamento, obraspúblicas).

• Resíduos do setor produtivo (empresas eorganizações da indústria, comércio eserviços).

O presente projeto teve como foco o segundocontexto: resíduos do setor produtivo (empresas eorganizações da indústria, comércio e serviços),usualmente chamados de “resíduos industriais”, eabordou duas linhas de informações: através deentrevistas, captar a percepção dos agentes domercado sobre a atuação do setor de tratamento deresíduos industriais e, através de estudos, levantarreferências no mercado internacional.

Dentro do escopo do grupo de trabalho, entreoutras, as seguintes atividades merecem destaque:

• Análise de diversos estudos e documentospublicados por representantes dos agentespúblicos e privados, das fundações, dasuniversidades e de outros, sobre aspectoshistóricos e específicos do setor de resíduos.

• Contatos com profissionais da PwC, nosEstados Unidos e na Europa.

• Reuniões internas do grupo de trabalho comoutros profissionais daPricewaterhouseCoopers e com clientesexternos.

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Estudo sobre o setor de tratamento de resíduos industriaisMarço de 2006

Complementando as atividades retromencionadas,realizamos diversas entrevistas, as quaisenvolveram os principais agentes do setor, ou seja,as principais partes interessadas, com o intuito devalidar e complementar os estudos e as conclusõesdesse grupo. As entrevistas foram realizadasdurante novembro de 2005 e contaram com osparticipantes dos seguintes segmentos:

Associações de classe - em virtude do grandenúmero de entidades atuantes em âmbitos nacionale regional, foram utilizadas como parâmetros deseleção a representatividade e a abrangência.

Mercado financeiro - nesse grupo, procuramosouvir bancos públicos de desenvolvimento e bancosprivados; para os bancos privados, procuramos asempresas que atuam de forma mais efetiva na áreaambiental.

Empresas Geradoras - para conseguir umaanálise abrangente do setor industrial, foramselecionadas empresas de granderepresentatividade de cada setor produtivo comgeração de resíduos industriais. Segue a lista dossetores entrevistados:

• Siderurgia

• Automotiva

• Química

• Cosméticos

• Petroquímica

• Alimentícia

• Mineradora

• Têxtil

• Celulose

Órgãos públicos de Meio Ambiente -selecionamos órgãos em âmbitos nacional eregional, seguindo os mesmos parâmetros dasassociações de classe.

Empresas de Tratamento de Resíduos - foramentrevistadas empresas associadas da ABETRE.

ABETRE - foi entrevistada a administração.

Nas entrevistas, desenvolvemos um importantefórum de discussão, em que os principais aspectosdo setor de resíduos foram debatidos, bem como asconclusões e as recomendações, do ponto de vistade representantes, estão inseridas em nossorelatório.

Como resultado de todo esse esforço,apresentamos nosso relatório estruturado daseguinte forma:

• Introdução

• Sumário executivo

• Dimensão comercial e operacional

• Dimensão regulatória

• Dimensão de gestão e governança

• Referências mundiais

• Considerações finais

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Índice

Introdução 6

Sumário executivo 8

I Dimensão comercial e operacional 8

II Dimensão regulatória 8

III Dimensão de gestão e governança 9

IV Referências mundiais: um caminho a ser traçado 9

Dimensão comercial e operacional 10

1 Qualidade e segurança 10

2 Distribuição geográfica e suas implicações 13

3 O setor e o mercado financeiro 15

Dimensão regulatória 18

1 A estrutura legal e fiscalização 18

2 Carências e implicações do modelo vigente 20

Dimensão de gestão e governança 22

1 A transparência e credibilidade do setor 22

2 Resíduos e sua relação com a mídia 24

3 Disseminação e conscientização sobre o tema "resíduos industriais" 25

Referências mundiais: um caminho a ser traçado 26

Panorama internacional de tratamento de resíduos 26

1 Modelo europeu - a estratégia alemã 27

2 Modelo americano - "Superfund": uma solução? 28

Considerações finais: os desafios de amanhã 30

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Estudo sobre o setor de tratamento de resíduos industriaisMarço de 2006

Introdução

A questão dos resíduos sólidos desenvolve-se emdois contextos totalmente diferentes, em termos deresponsabilidades dos agentes e dinâmicas deadministração (comercial, inclusive) e de manejo(físico). São eles:

• Resíduos oriundos dos serviços públicos(limpeza pública, saneamento, obraspúblicas).

• Resíduos do setor produtivo (empresas eorganizações da indústria, comércio eserviços).

Além dessa distinção, no setor produtivo, devem serconsiderados dois grandes grupos de atividadeseconômicas:

• Setores primários: agricultura, pecuária,silvicultura, exploração florestal, pesca eindústria extrativa (mineração).

Nestes, prevalece a solução "in loco", isto é, osresíduos não são enviados para destinaçãoexterna, e isso ocorre apenas em casos muitoespeciais.

• Setores secundário e terciário: indústriade transformação, construção, comércio eserviços.

Nestes, efetivamente ocorre o envio de resíduospara destinação externa. Uma parcela significativados resíduos é reutilizada, recuperada, recicladaetc. O foco do estudo é o chamado "resíduo último",isto é, aquele que, por qualquer razão ou pordecisão da empresa, foi considerado nãoaproveitável.

Conforme já explicado, o foco do trabalhoconcentra-se no tratamento e na disposição dosresíduos gerados pelo setor produtivo,especificamente pelos setores secundário eterciário, em que serão chamadas geradoras asempresas de micro, pequeno, médio e grandeportes que produzem resíduos.

Muitas indústrias, principalmente as pesadas(siderurgia, metalurgia, química, petroquímica eoutras), mantêm sistemas internos de tratamento edisposição de resíduos (principalmente aterros, mastambém incineradores, caldeiras e outros).

Os pequenos geradores, as micro e as pequenasempresas, são atendidos pela limpeza pública,tratando-se normalmente de pequenos volumes,com limites variáveis de município para município, e,em geral, sem nenhum controle quanto àpericulosidade. Usualmente, não são clientes dasempresas de tratamento privadas.

De forma resumida, o estudo visa abordar osmecanismos que favoreçam dois objetivos básicos:

• Disseminação da correta destinação deresíduos.

• Eliminação dos passivos ambientais.

Com o intuito de apresentar um panorama sucintoda questão de resíduos em escala nacional,seguem abaixo dados sobre a destinação final dolixo coletado em distritos com serviços de limpezaurbana e/ou coleta de lixo:

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Diante do cenário apresentado, e considerando-se que as micro e pequenas empresas, assim como partedas médias, de um modo geral, destinam seus resíduos ao serviço de limpeza pública, pode-se ter umanoção da dimensão do problema da destinação inadequada de resíduos.

Número de distritos com serviços de limpeza urbana e/ou coleta de lixo, por unidades dedestinação final do lixo coletado, segundo as Grandes Regiões, Unidades da Federação,Regiões Metropolitanas e Municípios das Capitais

Grandes Regiões,Unidades daFederação,RegiõesMetropolitanas eMunicípios dasCapitais

Total deDistritos

Vazadouro acéu aberto

(lixão)

Vazadouroem áreasalagadas

Aterrocontrolado

Aterrosanitário

Aterro deresíduosespeciais

Usina decompostagem

Usina dereciclagem

Incineração

Unidades de destinação final do lixo coletado

Brasil 8.381 5.993 63 1.868 1.452 810 260 596 325 11.367

Norte 512 488 8 44 32 10 1 - 4 587

Nordeste 2.714 2.538 7 169 134 69 19 28 7 2.971

Sudeste 2.846 1.713 36 785 683 483 117 198 210 4.225

Sul 1.746 848 11 738 478 219 117 351 101 2.863

Centro-Oeste 563 406 1 132 125 29 6 19 3 721

Distritos com serviços de limpeza urbana e/ou coleta de lixo

Fonte: IBGE, Tabela 109, Diretoria de Pesquisas, Departamento de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de SaneamentoBásico 2000.Nota: um mesmo município pode apresentar mais de uma unidade de destinação final do lixo coletado.

Total deUnidades

Fonte: IBGE, Tabela 2332, Pesquisa Nacional de Saneamento Básico

Brasil e regiãogeográfica Total Vazadouro a

céu aberto(lixão)

Vazadouroem áreasalagadas

Aterrocontrolado

Aterrosanitário

Estação decompostagem

Estação detriagem

Incineração

Unidade de destino final do lixo coletado

Variável - Quantidade diária de lixo coletado (t/dia) Ano = 2000

Quantidade diária de lixo coletado, por unidade de destino final do lixo coletado

Brasil 157.708,1 47.392,2 237,1 34.723,7 64.164,1 6.534,6 2.249,6 510,5 878,0 1.018,3

Norte 11.636,0 6.855,5 78,8 3.221,8 1.350,2 5,0 - 8,7 95,6 20,4

Nordeste 38.077,6 20.686,6 45,0 6.137,1 10.784,8 112,5 107,6 22,0 132,0 50,0

Sudeste 77.718,7 12.351,0 68,6 16.290,3 41.130,1 5.386,5 1.181,5 416,7 510,8 383,2

Sul 19.549,0 4.907,5 36,7 4.939,5 7.800,1 345,0 880,8 37,9 63,3 538,2

Centro-Oeste 10.726,8 2.591,6 8,0 4.135,0 3.098,9 685,6 79,7 25,2 76,3 26,5

Locaisnão fixos

Outra

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Sumário executivo

I Dimensão comercial e operacional

1 Qualidade e segurança

As empresas de grande porte já utilizam critériostécnico-financeiros para a seleção de seusprestadores de serviço, por apresentarem maiorconscientização e envolvimento em relação àquestão dos resíduos, além de uma preocupaçãorelativamente maior com o cumprimento dalegislação.

O transporte de resíduos é visto como um elo críticopara o setor. Embora sejam apontados riscos paraesta atividade, estes são muito mais relacionados àpossibilidade de uma conduta inadequada do que àoperação em si. Para melhorar os procedimentosde avaliação de qualificação dos prestadores deserviços, a implementação de uma certificação deconformidade e qualidade proporcionaria maiorsegurança para as empresas geradoras.

2 Distribuição geográfica e suas implicações

A distribuição geográfica das unidades receptorasde resíduos industriais no Brasil apresenta umaconfiguração que atende parcialmente ànecessidade nacional. Para as pequenas e médiasempresas afastadas dos grandes centros, o custodo transporte consiste em um grande obstáculopara o tratamento e disponibilização de seusresíduos.

3 O setor e o mercado financeiro

As instituições financeiras vêm reconhecendo aimportância da área ambiental nos últimos anos edesenvolvendo mecanismos cada vez maissofisticados para valorar ativos e boas práticasambientais, como o índice de sustentabilidadeempresarial da Bovespa.

II Dimensão Regulatória

1 Estrutura legal e fiscalização

Com relação à regulamentação contábil, nopassado não existiam normas que contemplasseminformações ambientais. Porém, desde 1º. dejaneiro de 2006 está em vigor a norma contábil"NBC T 15 - Informações de natureza social eambiental". Essa norma obriga que as informaçõesrelativas à interação de entidades com o meioambiente devem evidenciar passivos e contigênciasambientais.

Essa nova situação provavelmente fará com que asquestões ambientais estejam mais presentes nasdiscussões internas das empresas, uma vez que asinformações de natureza social e ambientalpassarão a fazer parte das demonstraçõescontábeis, tendo portanto que ser assinadas pelaalta administração e auditadas por auditoresindependentes antes de sua divulgação.

2 Carências e implicações do modelo vigente

A legislação ambiental brasileira é moderna erestritiva. Porém, as deficiências da estrutura defiscalização, falta de recursos e alguns outrosfatores, dificultam a implementação de soluções e afiscalização. As pesadas punições previstas muitasvezes inibem a ação das empresas, que podemchegar ao ponto de detectar a existência depassivos mas adiar a solução do problema. Alémdisso, o posicionamento do Ministério Públicodesestimula e torna mais lenta a ação das agênciasambientais, pois rege que os funcionários dessasagências podem ser responsabilizados.

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III Dimensão de gestão e governança

1 Transparência e credibilidade do setor

A carência de dados sobre a geração e adestinação de resíduos, a falta de disponibilidadede informações sobre o setor de tratamento edisposição de resíduos e a existência de poucasgrandes empresas no referido setor são, entreoutros fatores as grandes limitações datransparência e credibilidade do setor.

2 Resíduos e sua relação com a mídia

A mídia tem abordado as questões ambientais deforma abrangente. Tópicos importantesrelacionados ao tema "resíduos industriais" têmocupado reduzido nos meios de comunicação e sãogeralmente abordados de forma negativa, excetoquando relacionados à reciclagem e a outrosprocessos de reutilização de subprodutos.

O mercado sinaliza que os mecanismos parapromover a transparência e credibilidade são:sistemas de gestão, indicadores e relatórios desustentabilidade.

3 Disseminação e conscientização sobre otema "resíduos industriais”

O mercado requer acesso fácil e confiável ainformações técnicas e regulatórias, de modo que,para qualquer dúvida ou pesquisa sobre o assunto,possa contar com referência segura. Sendo assim,é preciso que sejam criadas fontes de informaçõese melhorar as existentes, uma vez que o principalpressuposto para a conscientização é a posse doconhecimento.

IV Referências mundiais: um caminho a ser traçado

Constatou-se que o modelo adotado pela Alemanhapassou a tratar o setor de resíduos como umaoportunidade de desenvolvimento de sistemaseficientes. Posteriormente, exportou sua visão aoutros países da Comunidade Européia etransformou o setor de resíduos em um setor detecnologia e conceitos e, conseqüentemente, emum negócio rentável.

O modelo americano demonstra que a legislação ea indústria de tratamento de resíduos devem evoluirjuntas, pois o governo, apesar de ter condições dedesenvolver leis e regulamentações adequadas,não tem instrumentações para proporcionar asferramentas adequadas para incentivar a indústria.

Uma estrutura semelhante ao “superfund” pode seruma alternativa para a questão dos passivosambientais do Brasil.

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Dimensão comercial e operacional

Na prestação de serviços, podem ser considerados dois segmentosde atuação com dinâmicas muito diferentes: geração e passivo.

O segmento de geração corresponde aos resíduos de geraçãonormal, decorrente dos processos de produção. São destinadosconforme o ritmo de sua geração nos processos produtivos, comeventual acumulação temporária para otimizar carregamento elogística. Pode-se dizer que já fazem parte do custo e do orçamentodas empresas, ainda que a destinação possa ser inadequada.

O segmento de passivos corresponde a estoques de resíduosantigos, nas mais diversas condições, e principalmente áreascontaminadas, como solo, águas subterrâneas e, eventualmente,instalações.

No presente estudo serão abordados os dois segmentos, com foconos três tópicos apresentados a seguir, que são pontos muitoimportantes no tocante à disposição adequada de resíduos.

1 Qualidade e segurança

Qualidade e segurança são duas característicasdeterminantes em qualquer relacionamentocomercial. Atualmente, os padrões de qualidadeestão disseminados por todos os setoresprodutivos, nos quais se buscam, entre outros, aminimização de problemas e a uniformização decaracterísticas dos produtos, processo que conduzà segurança na utilização do produto ou serviço. Aabordagem dos dois parâmetros será feitaconjuntamente, uma vez que, em razão de suaíntima relação, torna-se difícil sua dissociação. Essacaracterística se apresenta ainda mais forte quandoo assunto em discussão é o tratamento e adisposição de resíduos. Nesse setor, quando se falaem qualidade praticamente está se falando emsegurança, ou seja, a qualidade do "produto" final éjustamente a segurança de que o resíduo foidisposto adequadamente, não oferecendo risco aomeio ambiente nem trazendo nenhum tipo deproblema futuro ao gerador.

De forma geral, hoje, no Brasil, as empresasgeradoras ainda não fazem uma abordagem maisrígida e sistemática da questão do tratamento e dadisposição de resíduos por seus fornecedores. Ocenário altera-se um pouco quando o cliente é umagrande empresa, que, nesse caso, costuma exigiruma correta conduta com relação a resíduos, pois

ela também está submetida por diferentesmotivações a padrões e controles mais rígidos.Normalmente, tratamento e disposição de resíduosnão são tratados isoladamente, mas estão incluídosnum contexto mais amplo de gestão ambiental,certificação ISO 14.000; ou seja, o tema nãonecessariamente é tratado de forma direta, mas simindireta, por meio dessas outras implicações.

Poucas empresas, e geralmente de grande porte,não só questionam sobre as práticas de tratamentoe disposição de resíduos de seus fornecedores,como chegam a fazer auditorias em seusfornecedores.

Algumas das empresas divulgam informações sobresuas práticas em seus relatórios anuais sobre aárea ambiental.

Com relação ao comportamento dos pequenos emédios clientes das empresas entrevistadas, éopinião geral que estes ainda não apresentampreocupação com a questão de destinação deresíduos, e um dos entrevistados comentou que,quando mostra seus rígidos controles ambientais,seus micro e pequenos clientes chegam a reclamar,alegando que tais controles encarecem e tiram acompetitividade do produto.

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A maioria das empresas entrevistadas considera tersuas necessidades atendidas pelos prestadores deserviço de tratamento e disposição de resíduos.Como as entrevistadas são companhias de grandeporte, a maioria realiza auditorias periódicas nassuas prestadoras de serviço, o que proporciona umacompanhamento próximo do trabalho delas.Porém, é comentário geral que essas auditorias nãofazem parte do negócio das empresas, ou seja, elaso fazem por necessidade e segurança, uma vez quesão responsáveis pelos resíduos que geram atésua disposição final. Assim, para executá-las têmque deslocar pessoas, veículos, enfim organizaruma logística que não faz parte de seu negócio,provocando transtornos que prefeririam que fossemevitados.

Transporte: Um elo crítico

Dentro da questão de prestadores de serviço paragrandes empresas, o transporte tem sido apontadocomo o elo crítico e vulnerável da cadeia. A falta decontrole ou de comprometimento do transportadorpode facilitar a ocorrência de desvios da carga, oque pode levar a uma destinação incorreta e, piorainda, em locais clandestinos. O transporte,conforme tratado mais adiante, é um componentede muita representatividade nos custos dedisposição de resíduos. Diante da quantidade detransportadores no mercado e de sua diversidadede estrutura, os preços para o "mesmo" serviçopodem apresentar grande variação, sendo, muitasvezes, a razão de as empresas decidiremequivocadamente cortar custos. Nesse ponto, éinteressante frisar que a contratação de umtransporte inadequado pode prejudicar acontratação de uma boa empresa de tratamento edisposição de resíduos. Em suma, as mesmaspreocupações e os mesmos critérios envolvidos naseleção de prestador de serviço de disposição deresíduos deveriam existir na seleção e nacontratação do transportador.

Um ponto importante apontado pelo setor detratamento e disposição de resíduos, basicamentedecorrente de seu tipo de atividade, é o não-reconhecimento, por parte do cliente, do valoragregado aos serviços relacionados a tratamento edisposição de resíduos. Este é, geralmente, visto

como um custo, ou seja, existe o dispêndiofinanceiro para o adequado tratamento do resíduo,porém tal prática não adiciona valor ao produtofinal, gerando "somente" uma redução na margemoperacional da empresa. Diante dessa colocação,pode-se compreender o raciocínio exposto comrelação ao transporte, ou seja, a tentativa dereduzir os referidos custos nesse item.

Critérios para a seleção de prestadores deserviços

Com relação aos critérios utilizados na escolha deprestadores de serviço de tratamento e disposiçãode resíduos, todos os entrevistados afirmaramutilizar tanto o critério qualidade quanto preço,sendo primeiramente observada a qualidade esegurança proporcionadas pelo contratado e,somente em seguida, o preço do serviço. Em geral,dizem que é feita primeiramente uma qualificaçãotécnica de fornecedores, ou seja, é feita umaseleção daqueles que se enquadram às exigênciastécnicas e legais. Uma vez que os fornecedoressejam aprovados pelo critério técnico, a definiçãofinal é feita de acordo com o preço.

Muitas empresas afirmam possuir uma estratégiadefinida para gestão do assunto "resíduosindustriais". Em algumas das empresas, o tópicorelativo a resíduos está inserido no sistema degestão ambiental, fazendo parte em alguns casosdas diretrizes da empresa.

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Estudo sobre o setor de tratamento de resíduos industriaisMarço de 2006

Na percepção das grandes empresas, o fator queestimula as pequenas e médias empresas aadotarem condutas corretas na destinação deresíduos é a fiscalização, ou seja, na ausência deum controle rigoroso, esse segmento está focadoem outros pontos que seriam mais determinantes àsua sobrevivência. Um segundo fator amplamentecitado foi o custo do serviço de tratamento edisposição. Como as empresas desse segmentopossuem capital muitas vezes limitado, ou seja, seucapital disponível normalmente está comprometidocom seu giro, a destinação adequada de resíduosfica relegada a um outro plano. Além disso, foicitado o desconhecimento técnico que existe emmuitas empresas desse porte, incluindo-se aquestão de legislação ambiental, muito decorrenteda estrutura enxuta que dificulta umacompanhamento das questões legais.

Empresas de grande porte já estão maisconscientizadas, envolvidas e sensíveis ao tema eencontram-se mais adequadas à legislação. Aresponsabilidade corporativa foi um dos fatorescitados para esse maior comprometimento dosegmento. Essa proximidade ao tema está bastanterelacionada também a uma questão de imagem, ouseja, as empresas de grande porte hoje estão maisatentas ao fato de que um acidente ou um outroproblema ambiental pode trazer grandes prejuízos àsua imagem e reputação. Outro ponto comentadofoi sobre seguir a tendência de seu setor de

atuação, isto é, as empresas de grande portetenderiam, por questões de competitividade, aseguir as práticas dos concorrentes que sedestacam naquele determinado quesito.

O setor de tratamento e disposição de resíduosencontra-se em crescimento, tendo desenvolvido emelhorado consideravelmente nos últimos dez anos.No entanto, ainda existe um longo caminho apercorrer.

Na busca de um mercado mais transparente, umaalternativa seria a criação e a implementação deuma certificação de conformidade e qualidade, peloqual fosse atestado o cumprimento de padrões porparte das empresas de tratamento e disposição deresíduos. Um selo com credibilidade, com base emprincípios, critérios e indicadores, proporcionariamaior segurança ao gerador em um tema detamanha relevância e permitiria, dessa forma, queeste se livrasse do ônus da realização de auditoriasperiódicas em seus prestadores de serviço. Eleaumentaria a confiabilidade dos prestadores deserviço licenciados pelos órgãos ambientais, umavez que o fato de estar licenciado não implica queconstantemente estejam sendo adotadas práticasadequadas de trabalho. Empresas de grande portecostumam fazer auditoria por questões desegurança, com o objetivo de resguardar-se, o quegarante que estão recebendo o serviço quecontrataram e que o contratado utiliza-se daspráticas adequadas de disposição.

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2 Distribuição geográfica e suas implicações

Um dos pontos importantes na questão relacionada à disposição de resíduos é a distribuição geográficados prestadores de serviço de tratamento e disposição. Trata-se de fator de relevância tanto para ogerador quanto para o prestador de serviço.

Pelo lado do gerador, a distância entre sua planta e o local de disposição de seus resíduos é umavariável-relevante em seus custos. Dependendo dessa distância e da quantidade de resíduo gerado, ocusto de transporte pode ficar maior que o custo de disposição deste, o que pode onerar ainda mais asolução do problema e levar, dessa forma, à busca de uma solução "alternativa" em detrimento daqualidade e conformidade.

Ao mesmo tempo, analisando-se a questão pelo ponto de vista do prestador de serviços de tratamento edisposição de resíduos, sua localização geográfica também é fundamental, uma vez que a atividade, parase tornar viável, exige escala que normalmente não consegue ser atingida fora dos grandes centros.

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A concentração de prestadores de serviço em algumas regiões afeta principalmente as pequenas emédias empresas, uma vez que as grandes empresas, além de melhores condições financeiras, possuemalguns outros fatores que tendem a levá-las a dar a destinação correta a seus resíduos.

Esse cenário mostra um dos "nós" existentes na solução dos problemas relacionados a resíduosindustriais. Num primeiro momento, levando-se em consideração tanto a situação do gerador quanto doprestador de serviço de tratamento e disposição, a solução passaria pela busca de alternativas para, pelomenos, aliviar o problema. Já existe um exemplo no interior do Estado de São Paulo, onde um grupo depequenas e médias empresas de um determinado setor produtivo uniu-se para buscar uma soluçãoconjunta para o problema. Foi criado um depósito temporário, devidamente licenciado e operado deacordo com as exigências legais, onde as empresas entregam seus resíduos fazendo com que consigam,por causa da maior escala, tornar o preço do frete menos impactante em seus custos de disposição.Dessa maneira, conseguiram fazer com que mais empresas passassem a adotar a alternativa e dar adestinação correta a seus resíduos.

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3 O setor e o mercado financeiro

O relacionamento entre o mercado financeiro e osetor de resíduos pode ser analisado através doatendimento às necessidades financeiras tanto dogerador, caso necessário para dar a adequadadestinação a seus resíduos, quanto do prestadorde serviços de tratamento e disposição, parafinanciamento de equipamentos, plantas e tambémas tendências do setor financeiro para aabordagem do tema.

Percebe-se que é predominante odesconhecimento por parte dos geradores sobre aexistência ou não de linhas de crédito paratratamento de resíduos. Alguns dos entrevistadoscitaram que conhecem linhas para projetosambientais, nas quais a questão dos resíduospoderia estar incluída, mas a grande maioriadesconhece a existência de algo direcionadopropriamente a resíduos ou diz não existir. Algunsdos que disseram desconhecer, nunca solicitaramfinanciamentos ou então conseguiramfinanciamentos internos em suas empresas.

No aspecto relativo ao atendimento dasnecessidades de financiamento dos prestadores deserviço, particularmente em empresas comparticipação de capital estrangeiro, existe umafacilidade na obtenção de financiamentointernamente, e em razão de seu porte, tambémcom o BNDES. Porém, também foi citado que nomercado nacional ainda existem muitas exigênciaspor tratar-se de empresas de tratamento deresíduos, não havendo na prática, facilidades decrédito pelo exercício de atividades ambientais. Umfator complicador apontado nas entrevistas é aincompatibilidade de prazos que normalmenteocorre para financiamentos do setor, ou seja,muitas vezes, o prazo do financiamento nãocoincide com o de maturação dos projetos, fatocomum no caso de aterros, que apresentammaturação relativamente longa.

Financiamento

Normalmente, os bancos não possuem linhas definanciamento específicas para o setor detratamento de resíduos; eles necessitariam, nessecaso, enquadrar-se em alguma linha já existente.Para tal fim, costuma-se utilizar repasses de linhasdo BNDES que se adeqüem à atividade. Umaspecto que às vezes funciona como dificultadornesse processo são as garantias exigidas pelainstituição, constituindo-se basicamente de garantiareal ou fiança bancária; a garantia real, porexemplo, no caso de um aterro, não pode ser oempreendimento. Para empresas pequenas emédias, esses pontos podem se tornar impeditivospara a obtenção de crédito.

Quanto à existência de linhas específicas paratratamento de resíduos, uma das instituiçõesentrevistadas possui linhas com condiçõesespeciais para tal finalidade. De um modo geral, asinstituições não possuem uma carteira específicapara isso, as linhas que os bancos normalmenteutilizam para tratamento de resíduos sãorepassadas do BNDES. No entanto, essas linhassão destinadas a projetos, que contemplam, porexemplo, uma planta ou um equipamento doprocesso de tratamento. Nesse caso, o capital degiro estaria previsto como parte de um projeto, nãosendo possível tomá-lo isoladamente com o BNDESpara tratamento e disposição de resíduos.

Seguros

No tocante à questão de seguros, das empresasque disseram já estar se beneficiando de prêmiosdiferenciados, predominou a opinião de que, naverdade, a análise não é feita isoladamente sobrepráticas adequadas relacionadas a resíduos, massim num contexto mais amplo englobando práticasambientais como um todo, sistemas de gestãoambiental estabelecidos e gestão de riscos. Noentanto, percebe-se que a maioria das empresasdesconhece a existência do benefício ou, ainda,acredita que não haja diferenciação quanto a esseaspecto.

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Área financeira das empresas

Com relação ao envolvimento da área financeiradas empresas na questão ambiental, percebe-seuma certa variação de atuação entre asentrevistadas. A influência da área financeira nosassuntos ambientais tende a aumentar, uma vezque bancos, seguradoras e investidores estãoconcentrando sua atenção sobre o tema e já estãotomando algumas atitudes nessa linha, algumasserão abordadas na seqüência. Práticas desse tipojá se encontram em estágios mais avançados noexterior.

Análise sócio ambiental

Uma tendência que pode ser detectada no mercadoé a adoção de análise de riscos socioambientaispor parte das instituições financeiras na análise decrédito de uma empresa. Trata-se de uma práticabastante difundida internacionalmente, já queexistem no Brasil algumas instituiçõesempreendendo esse tipo de análise, outrasintroduzindo, mas, de forma geral, o setor já estásensibilizado para o tema. A Febraban (FederaçãoBrasileira de Bancos) lançou, em junho de 2005, aCâmara Técnica de Finanças Sustentáveis, que setrata de uma aliança de bancos com o principalobjetivo de incrementar os conceitossocioambientais do dia-a-dia do setor. Essainiciativa confirma a tendência que já era detectadano mercado. Decorrente disso, as práticasadequadas de tratamento e disposição de resíduos,com seu alto grau de relevância, não deverão ficarde fora de tal análise, de modo que o próprio setorbancário, ao buscar a minimização de suaexposição ao risco, influenciará positivamente naadoção das práticas adequadas por parte dasempresas.

Análise de riscos patrimoniais

Relacionado ainda ao setor financeiro, existe umrisco importante e com uma abordagemrelativamente restrita, que é o risco patrimonialassociado a contaminações, e este também afetafortemente o setor imobiliário. Ele já apresenta umaabordagem ampla na Europa e nos Estados Unidose, provavelmente, ganhará espaço no Brasiltambém. O principal ponto da questão é o valor demercado de um determinado imóvel, se nele fosseidentificada uma contaminação ambiental. Ainvestigação do solo já é prática comum em fusõese aquisições de empresas, mas ainda é incipientejustamente onde o risco patrimonial é maisimpactante: no mercado imobiliário e nas operaçõesfinanceiras que têm imóveis por garantia.

Uma contaminação detectada tardiamente no imóvelassumido pode acarretar multas, embargos einterdições, bem como um longo e custoso trabalhode engenharia. Além disso, o novo proprietáriopode ser envolvido em uma ação civil pública comoréu, juntando-se às partes consideradasresponsáveis pelo dano ambiental (asincorporadoras e construtoras). Nesses processos,quem adquiriu ou assumiu o imóvel fica na posiçãomais vulnerável, pois geralmente é a parte que temmais recursos financeiros, e torna-se alvo deexecuções e penhoras, em detrimento dos antigosproprietários, como no caso de concordatárias emassas falidas.

Dependendo das proporções, os danos podemsuperar o valor do próprio imóvel recebido pelainstituição por execução de garantia ou dação empagamento, representando, assim, um considerávelrisco para ela. Tudo isso pode ser evitado com umtrabalho prévio de investigação da área, comsondagens e análises, para detectar possíveiscontaminações e avaliar adequadamente os riscose passivos ambientais que pesem sobre o imóvel.

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Mercado financeiro e a sustentabilidade

Um acontecimento, que também sinaliza omovimento do mercado financeiro brasileiro nadireção do internacional, é o lançamento do Índicede Sustentabilidade Empresarial pela Bovespa, emdezembro de 2005. Nele são listadas empresas quese enquadram em critérios preestabelecidos,englobando os aspectos econômicos, sociais eambientais. Índices semelhantes já existem nosprincipais mercados mundiais, mostrando que atendência é de se destacar as práticas sustentáveisque, com o aumento de conscientização eenvolvimento do investidor, tendem a diferenciar asempresas no mercado. O questionário aplicado naavaliação das empresas inclui também pontosrelacionados à disposição de resíduos industriais.

Em termos internacionais, conforme estudodivulgado pela Agência Ambiental Européia1, umaboa regulamentação ambiental, tema que será

abordado com mais detalhes posteriormente nestetrabalho, reduz os riscos do negócio e aumenta aconfiança de investidores e seguradoras. Ele citapesquisas recentes que encontraram uma ligaçãopróxima entre governança ambiental e performancefinanceira, e na Inglaterra e no País de Gales, porexemplo, a diferença na performance financeiraentre as empresas de melhor e pior performanceambiental do setor de óleo e gás foi deaproximadamente 12% em três anos.

Analogamente, no índice FTSE (Financial TimesStock Exchange), o preço das ações das melhorescompanhias do setor elétrico superou o das pioresem 39% nos mesmos três anos. O estudo cita aindaque os bancos e as seguradoras tem umapercepção diferenciada de empresas com boaspráticas e baixos riscos ambientais, provendoacesso mais fácil a capital e prêmios de seguromais baixos em relação a outras empresas que nãoadotam as mesmas práticas.

1European Environment Agency, November 2005, The Contribution of Good Environmental Regulation to Competitiveness.

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Dimensão regulatória

1 A estrutura legal e fiscalização

Regulamentação Nacional

Serão apresentados dois pontos-chave nalegislação brasileira referentes ao meio ambiente, atítulo de informação e com o objetivo decontextualizar a situação atual sem a pretensão deaprofundar na discussão do tema.

No ano de 1981, entrou em vigor a Lei nº 6.938, em31 de agosto, dispondo sobre a Política Nacional doMeio Ambiente seus fins e mecanismos deformulação e aplicação. Essa lei é um marco emtermos de legislação ambiental no Brasil, tendo sidoapresentado em seu artigo 3º, o conceito de"poluidor". Nele fica definido: "IV - Poluidor, apessoa física ou jurídica, de direito público ouprivado, responsável, direta ou indiretamente, poratividades causadoras de degradação ambiental".

No parágrafo 1º de seu art. 14, a lei introduz oconceito da responsabilidade objetiva, o conceitodo "poluidor pagador". No mesmo conceito, ficadefinido que: "Sem obstar a aplicação daspenalidades previstas neste artigo, é o poluidorobrigado, independentemente da existência deculpa, a indenizar ou reparar os danos causados aomeio ambiente e a terceiros, afetados por suaatividade."

Em 12 de fevereiro de 1998, entrou em vigor a Leinº 9.605, que ficou conhecida como Lei de CrimesAmbientais. Ela dispõe sobre as sanções penais eadministrativas derivadas de condutas e atividadeslesivas ao meio ambiente. O Decreto nº 3.179/99regulamenta essa lei, dispondo sobre aespecificação das sanções aplicáveis às condutas eàs atividades lesivas ao meio ambiente.

No tocante às responsabilidades previstas na lei, éinteressante ressaltar os pontos a seguir:

"Art. 2º - Quem, de qualquer forma, concorre para aprática dos crimes previstos nesta Lei, incide naspenas a estes cominadas, na medida da suaculpabilidade, bem como o diretor, o administrador,o membro de conselho e de órgão técnico, oauditor, o gerente, o preposto ou mandatário depessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosade outrem, deixar de impedir a sua prática, quandopodia agir para evitá-la."

"Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza emníveis tais que resultem ou possam resultar emdanos à saúde humana, ou que provoquem amortandade de animais ou a destruição significativada flora:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Multa - de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 50.000.000,00(cinqüenta milhões de reais), ou multa diária."

"§ 2º. Se o crime:

V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos,líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ousubstâncias oleosas, em desacordo com asexigências estabelecidas em leis ou regulamentos:

Pena - reclusão, de um a cinco anos.

Multa - de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 50.000.000,00(cinqüenta milhões de reais), ou multa diária."

"Art. 56. - Produzir, processar, embalar, importar,exportar, comercializar, fornecer, transportar,armazenar, guardar, ter em depósito ou usarproduto ou substância tóxica, perigosa ou nociva àsaúde humana ou ao meio ambiente, em desacordocom as exigências estabelecidas em leis ou nosseus regulamentos:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Multa - R$ 500,00 (quinhentos reais) aR$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais)."

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Os pontos retroapresentados são de fundamentalimportância para o assunto e têm sidoconstantemente mencionados no mercado.

Normas Contábeis

Com relação à regulamentação contábil, queapesar de não se tratar de legislação propriamentedita tem caráter normativo, até então, no Brasil,ainda não havia em vigor norma que contemplasseinformações de natureza ambiental. Porém, desde1.o de janeiro de 2006 está em vigor a normacontábil "NBC T 15 - Informações de NaturezaSocial e Ambiental", instituída pelo ConselhoFederal de Contabilidade. Os pontos da normarelacionados à interação da empresa com o meioambiente, transcritos com base nesta, são osseguintes:

“15.2.4.1 - Nas informações relativas à interação daentidade com o meio ambiente, devem serevidenciados:

a) investimentos e gastos com manutenção nosprocessos operacionais para a melhoria domeio ambiente;

b) investimentos e gastos com a preservação e/ou recuperação de ambientes degradados;

c) investimentos e gastos com a educaçãoambiental para empregados, terceirizados,autônomos e administradores da entidade;

d) investimentos e gastos com educaçãoambiental para a comunidade;

e) investimentos e gastos com outros projetosambientais;

f) quantidade de processos ambientais,administrativos e judiciais movidos contra aentidade;

g) valor das multas e das indenizações relativasà matéria ambiental, determinadasadministrativa e/ou judicialmente;

h) passivos e contingências ambientais.

Disposições Finais

15.3.1 - Além das informações contidas no item15.2, a entidade pode acrescentar ou detalharoutras que julgar relevantes.

15.3.2 - As informações contábeis, contidas naDemonstração de Informações de Natureza Social eAmbiental, são de responsabilidade técnica decontabilista registrado em Conselho Regional deContabilidade, devendo ser indicadas aquelas cujosdados foram extraídos de fontes não-contábeis,evidenciando o critério e o controle utilizados paragarantir a integridade da informação. Aresponsabilidade por informações não-contábeispode ser compartilhada com especialistas.

15.3.3 - A Demonstração de Informações deNatureza Social e Ambiental deve ser objeto derevisão por auditor independente, e ser publicadacom o relatório deste, quando a entidade forsubmetida a esse procedimento."

Conforme também prevê a norma, a demonstração,quando divulgada, deve ser efetuada comoinformação complementar às demonstraçõescontábeis, e não como notas explicativas.

Com a entrada em vigor dessa norma, as empresasdeverão fazer uma abordagem do aspectoambiental, a qual até então não era obrigatória paraos padrões brasileiros. Essa nova situaçãoprovavelmente fará com que as questõesambientais passem a ter um maior fórum dediscussão internamente nas empresas, uma vezque a demonstração de informações de naturezasocial e ambiental farão parte das demonstraçõescontábeis, sendo assim, assinadas pela altaadministração e auditadas por auditoresindependentes antes de sua divulgação.

Regulamentação no Exterior

Com relação à regulamentação ambiental noexterior, a Agência Ambiental Européia (EuropeanEnvironment Agency), que é um órgão compostopor 31 países membros, incluindo os 25 países quecompõem a União Européia, divulgou em novembrode 2005 um estudo intitulado "A contribuição deuma boa regulamentação ambiental para a

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competitividade". Ele foi elaborado por um grupo de30 agências de proteção ambiental e órgãossimilares na Europa (Network of Heads of EuropeanEnvironmental Protection Agencies).

O objetivo do estudo foi buscar evidências dorelacionamento entre a regulamentação ambiental ea competitividade. Foi diagnosticado que umamoderna abordagem para a regulamentação podereduzir custos para a indústria e as empresas, criarmercados para bens e serviços ambientais, induzirinovações, reduzir o risco do negócio e aumentar aconfiança dos investidores e seguradoras, conferirvantagem competitiva e criar mercadoscompetitivos, criar e manter empregos, melhorar asaúde da força de trabalho e do público em geral,bem como proteger os recursos naturais dos quaisdependem as empresas e toda a população. Aconclusão do estudo é que atualmente existemevidências significantes decorrentes de pesquisasinternacionais, que indicam que o bomgerenciamento ambiental e regulamentação nãoimpedem a competitividade e o desenvolvimentoeconômico. Ao contrário, pode ser benéfico pelacriação de pressão que leva à inovação e alerta àsempresas sobre a ineficiência de recursos e sobrenovas oportunidades.

O estudo também observa que mercados nãoregulamentados tendem a ser caóticos, injustos,provavelmente não proporcionando o que a

população deseja, ou seja, segurança, produtosconfiáveis e um meio ambiente limpo. Ainda, umaregulamentação opressora pode ser danosa, masuma abordagem moderna auxilia em termos demelhorias ambientais desejadas pela população, demaneira a se enquadrar em uma economiacompetitiva. Uma boa e moderna regulamentaçãodeve incorporar um mix de políticas, incluindomecanismos de mercado, como negociação deemissões, abordagem com base em risco, bemcomo um efetivo engajamento e diálogo comempresas e outras partes interessadas.

Na comunidade européia provou-se que acordosvoluntários entre governo e indústrias podemrevelar-se mecanismos úteis para promoverpráticas ambientais inovadoras, particularmentenaqueles embasados num núcleo regulatórioacompanhados por uma série de medidasvoluntárias específicas e atividades de interessecomum, definidas com uma ampla gama de partesinteressadas.

O documento também cita que alguns países,incluindo a Alemanha, Itália e Suécia, apontamvantagens de ter um código ambiental coerente,unindo, resumindo e harmonizando toda alegislação ambiental relevante, incluindo aconservação da natureza. A estrutura montadadessa forma pode melhorar a clareza da lei para opúblico e para as empresas, bem como facilitar oesforço necessário das autoridades competentes.

2 Carências e implicações do modelo vigente

Legislação ambiental brasileira

A legislação ambiental brasileira é consideradamoderna e bastante restritiva. Buscou-se neladefinir penalidades rigorosas a todos os possíveisenvolvidos em problemas ambientais, seja direta ouindiretamente.

No entanto, esse rigor imposto pela legislação, oaspecto punitivo da lei de crimes ambientais, éconsiderado por muitos um grande empecilho e nãosolução para os problemas ambientais. As punições

previstas pela lei muitas vezes inibem a tomada deatitude, ou seja, pode-se chegar a ponto de aempresa detectar a existência do passivo e, porcausa dessas penalidades, adiar a solução para oproblema. Em alguns casos, tais penalidadespodem inviabilizar a atividade da empresa, fazendocom que o problema continue sem solução.

O pagamento de uma multa de valor alto podeprovocar a descontinuidade da atividade produtiva,cessando a entrada de receita, o que logicamentepoderá implicar no fechamento da empresa e na

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não-remediação da área contaminada, que foijustamente o fato que desencadeou todo oproblema. Sendo assim, uma flexibilização nosmecanismos, por exemplo, a concessão de umprazo para regularização de problemas ambientaissem sofrer as penalidades previstas na lei é vistacomo um ponto que pode favorecer a solução paracontaminações e disposição inadequada deresíduos.

Modelo institucional

O marco legal e o posicionamento do MinistérioPúblico em relação aos funcionários das agênciasambientais são fatores que interferem nofuncionamento do sistema, ou seja, o funcionáriotambém pode ser responsabilizado e acionadolegalmente, tornando-se réu em processosambientais, o que pode inibir sua atuação. Foiapontada também a falta de isonomia entre osestados e entre regiões de um mesmo estado,caracterizando, dessa forma, atuaçõesconsideravelmente diferenciadas.

Quanto à estrutura de fiscalização dos órgãosambientais, é geral a opinião, incluindo os própriosórgãos, que esta não é adequada. Eles sofremprincipalmente com a falta de corpo técnico para ocumprimento de suas atribuições, ou seja, de ummodo geral encontram-se com pessoal reduzido, oque faz com que principalmente suas atividades decampo, na qual se insere a fiscalização, fiquemprejudicadas. Em alguns casos, por causa doaumento do volume de serviços administrativos e danão-contratação de novos funcionários, parte dopessoal de campo foi deslocada de volta aoescritório para atendimento dessas novasdemandas, o que agrava ainda mais o problema.

Um outro aspecto que gera preocupação, tambémrelacionado à questão de pessoal, é o risco deperda de conhecimento de alguns órgãos. Emcertos casos, o corpo técnico é antigo e parte dosfuncionários encontra-se relativamente próxima deaposentadoria. A não-contratação de novosfuncionários em tempo hábil pode fazer com que osanos de experiência e os conhecimentos adquiridospelos que estão se retirando fiquem perdidos, ouseja, o conhecimento não seja repassado a novasgerações, o que pode futuramente gerar maiorestranstornos aos órgãos.

Responsabilidade sobre passivos ambientais

Tratando-se especificamente de passivosambientais, existem três situações particularesreferentes à responsabilidade:

• responsável não identificado. É o que ocorrenormalmente com despejos clandestinos oumuito antigos;

• responsável identificado, mas semcapacidade econômica. Caso de massa falida;

• responsável identificado e com capacidadeeconômica.

Nos dois primeiros, a solução dependerá derecursos públicos, uma vez que foram ou nãoidentificados os responsáveis ou eles não têmcondições financeiras para arcar com as despesasde recuperação. Tais recursos podem serorçamentários ou provenientes de fundosespecíficos, como acontece em outros países, eserá abordado mais adiante.

No terceiro caso, a solução depende de eficáciajurídica, isto é, o Poder Público é quem deveráimpor a execução da solução técnica.

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Dimensão de gestão e governança

Transparência e credibilidade são característicasfundamentais e constituem a base da segurançanecessária para a contratação de um fornecedor deum bem ou serviço, bem como para proporcionarum relacionamento duradouro. As duascaracterísticas são importantes em todos ossetores, mas tomam um caráter especial quando arelação de negócios envolve o tratamento edisposição de resíduos. Ao adquirir o "produto"destinação de resíduos, diferentemente do queacontece com os bens materiais e até mesmoserviços, o comprador está levando um “produto”que não poderá ser devolvido, caso não esteja deacordo com seus anseios e necessidades. Isso querdizer que o momento da definição do prestador deserviços é o momento-chave, em que a decisãoestá exclusivamente sob seu controle, para queeste se assegure de que receberá realmente oproduto que contratou. O problema é ainda maiscomplexo, pois, além de não poder devolver umproduto não conforme adquirido, o comprador aindaé co-responsável pelo problema apresentado porele, ou seja, além de pagar o preço de aquisição,ele ainda pode ter que arcar com despesas doconserto do defeito e ser acionado judicialmente.Diante dessa analogia, pode-se perceber como atransparência e a credibilidade são fundamentaisnessa atividade.

As entrevistas realizadas mostram que, de um modogeral, o mercado não acredita que existetransparência com relação a resíduos sólidos. Cabesalientar que a opinião é dirigida tanto a geradoresquanto às empresas de tratamento de resíduos. Éopinião da maioria dos entrevistados que, no casodos grandes geradores, por uma série de motivos,entre eles exigências de padrões de suas matrizes

1 A transparência e credibilidade do setor

estrangeiras, exigências de grandes clientes efiscalização, a maioria tende a buscar práticasadequadas de tratamento e disposição de resíduos,o que não se aplica às pequenas e às médiasempresas. Com relação a estas, é opinião dediversos setores que essas empresas não cumpremos procedimentos adequados, na maioria dasvezes, por não haver significativa fiscalização, porquestões financeiras ou por desconhecimento dalegislação e de suas responsabilidades.

Um dos pontos fortemente citados nacaracterização da falta de transparência é acarência de dados sobre geração e destinação deresíduos industriais. Cada uma das partesenvolvidas teria motivos para não fornecer essesdados voluntariamente, e existiria uma falta deconfiança na relação entre as partes interessadas.No caso do gerador, os principais motivos seriam oreceio quanto a punições, questões financeiras oudesconhecimento técnico. No entanto as empresasde tratamento de resíduos têm obrigatoriedade defornecer informações detalhadas sobre os volumesrecebidos e processados.

Com relação às empresas de tratamento deresíduos, o mercado reconhece que existemalgumas com práticas adequadas e idôneas, porém,questionando freqüentemente a transparência dosetor como um todo. Foi citado também que a faltade transparência está intimamente relacionada àcompetitividade do setor decorrente da existênciade poucas grandes empresas. Outro ponto citadoem relação ao mesmo assunto é a falta detransparência na composição de preços, muitasvezes, a negociação apresenta pouca clareza parao contratante dos serviços.

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Caminhos para transparência

A maioria das partes interessadas acredita que omercado não possui os mecanismos necessáriospara proporcionar transparência. É opinião dealguns que o controle por parte dos órgãosambientais ainda é incipiente, e que o Estado deSão Paulo estaria um pouco mais avançado emrelação a outros Estados. Esses órgãos ainda nãoconseguiriam identificar a realidade da questão deresíduos em razão principalmente da ausência demecanismos para controle das informações.

Entre os entrevistados que acreditam que omercado possui os mecanismos necessários paraproporcionar transparência, prevalece a opinião deque os existentes, principalmente no tocante àlegislação, à fiscalização, ao conhecimento técnico,são suficientes para conferir transparência aomercado. Isso não significa que esses entrevistadosnecessariamente acreditem na transparência domercado, mas sim que este dispõe dos mecanismosnecessários para conferi-la, porém por algummotivo não são devidamente operacionalizados. Asempresas individualmente teriam um importantepapel, existindo uma tendência do próprio mercadopassar a se regular.

Quando se consideram os grandes geradores,percebe-se que a opinião fica bastante dividida.Com relação aos mecanismos para conferirtransparência ao mercado citados por boa partedos entrevistados, pode-se perceber quepredominam os de origem de mercado e não deorigem governamental, como os sistemas degestão, indicadores e relatórios de sustentabilidade,as auditorias periódicas realizada, nas empresas detratamento de resíduos e, ao mesmo tempo, o rigora que são submetidos as empresas geradoras porrequisitos internacionais de mercado e legislaçãoou de suas matrizes.

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2 Resíduos e sua relação com a mídia

A questão ambiental tem, nos últimos anos,ganhado cada vez mais espaço na mídia. Seja emtelejornais, em programas especiais ou periódicosdedicados ao tema, tem-se visto constantementeinformações sobre poluição, desmatamento,mudanças climáticas, enfim, uma abordagem maisabrangente que as anteriores.

No entanto, apesar desse progresso, a abordagemambiental não é uniforme, existem tópicosimportantes relacionados ao tema com espaçoreduzido nos meios de comunicação. Esse é o casodos resíduos industriais.

A opinião geral do corpo entrevistado é que a mídiatem enfatizado o aspecto negativo relacionado àatividade, abordando preferencialmente acidentes econtaminações.

O setor tem ocupado pouco espaço na mídia, eesta não se envolve consideravelmente com o temaresíduos industriais. Ele possui um espaçorelativamente maior em publicações técnicasligadas à área ambiental e, também, empublicações corporativas das indústrias fabricantes

de equipamentos para o setor. Além disso, foicomentado que, muitas vezes, a abordagem é maissensacionalista que realista. O resíduo,principalmente aquele classificado como tóxico ouperigoso, tem um estigma que o torna maisassustador do que, por exemplo, o produto químicodo qual deriva. Esse tipo de fato faz com que osetor de tratamento e disposição de resíduos sejanormalmente visto como problema e não comosolução. É importante frisar que não é consideradoincorreto divulgar o tipo de informação mencionado,no entanto, as boas práticas, os casos de sucesso,os fatos que serviriam como bons exemplos àsindústrias correlatas e ao mercado como um todo, ea sociedade em geral, normalmente não sãodivulgados.

Uma atividade relacionada à área que temconseguido mais espaço na mídia é a reciclagem,que tem crescido consideravelmente no país. Deuma certa forma também decorrente da abordagemdos meios de comunicação, a opinião pública vemconsiderando o "lixo" quase que exclusivamentecomo uma questão de desperdício comoportunidades para economia e geração detrabalho e renda, desconhecendo os aspectos deproteção ambiental.

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3 Disseminação e conscientização sobre o tema "resíduos industriais"

Atualmente, não existe uma fonte de informaçãoconsolidada, uma base de dados a respeito dotema, um centro de referência técnica, ou seja, ouniverso de informações disponíveis éconsideravelmente restrito e estas se encontramesparsas. Essa reclamação é comum a todo omercado, é compartilhada pelo gerador (pequena,média ou grande empresa), pelos órgãosambientais, pelas instituições financeiras, pelasassociações de classe, pelos prestadores deserviço de tratamento e disposição de resíduos.

Foram relatados casos em que houveramdificuldades de encontrar prestador de serviçospara destinação de determinados tipos de resíduos,deixando essas empresas desamparadas nomercado, tendo posse de um resíduo sabidamenteperigoso, com capacidade financeira edeterminação para destiná-lo, porém, nãoencontrando quem o fizesse. Se esse é umproblema que afeta as grandes empresas, o que sedirá das pequenas e médias que tem um acessoainda mais restrito a informações.

De uma forma geral, o anseio do mercado geradoré ter acesso fácil e confiável a informações, demodo que para qualquer dúvida ou pesquisa sobreo assunto, ele tenha uma referência segura.

Voltando-se para o ponto de vista do mercadofinanceiro, conforme abordado anteriormente nessetrabalho, as instituições estão movimentando-se afim de incluir variáveis socioambientais em sua

análise de risco. A análise de risco é extremamenterelacionada à disponibilidade de informações, equanto maior a gama de informações relevantesconsideradas na análise, mais apurada e embasadaserá a avaliação, o que confere à instituição ummaior conforto na decisão de conceder ou não ocrédito, ou até mesmo propiciar algum benefício aotomador em razão de seu favorável perfil de risco.Desse modo, pode-se concluir que também para asinstituições financeiras, a disponibilidade deinformações é de grande valor.

Diante desse cenário, torna-se ainda maiscomplicado falar em conscientização, uma vez que oprincipal pressuposto para atingi-la é a posse deconhecimento. Pode-se, assim, perceber que essaescassez de informações representa umaimportante lacuna no universo dos resíduosindustriais.

A conscientização é importante quando se trata depequenas e médias empresas, pois grandescompanhias possuem estruturas cujas funções sãode procurar desenvolver uma consciência em seusfuncionários e operações, de boas práticas. Nesseaspecto, as associações de classe ocupariam umimportante papel, uma vez que apresentam grandepenetração em seus setores de atuação e maioracesso às empresas associadas

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Referências mundiais: um caminho a ser traçado

Panorama internacional de tratamento de resíduos

O cenário ideal aplicado hoje pelas grandescorporações mundiais, no que diz respeito à áreade tratamento de resíduos industriais, visa odesenvolvimento de tecnologias a serem aplicadasnão no tratamento dos resíduos, mas sim namodificação de seus processos de produçãovisando à redução da geração de resíduos e àreciclagem de resíduos que não podem sereliminados. Essa estratégia é baseada emconceitos que vem permeando o meio empresarialmundial nos últimos anos, como o da ecoeficiência,"produzir mais com menos", do Conselho MundialEmpresarial para o Desenvolvimento Sustentável(WBCSD). Outro fator que vem contribuindo paraessa visão são as constantes pressões de ONGs,preocupadas com a poluição, vem exercendo contraa prática de incineração e de outras formas detratamento, práticas as quais foram muitodisseminadas em países desenvolvidos nos últimosanos.

Embora as organizações governamentais de meio ambiente estejam cientes da necessidade deinstalações e recursos para tratamento de resíduos, a síndrome NIMBY (Not In My Back Yard) é bastantegrande nas comunidades locais e grupos de pressão, dificultando, muitas vezes, a busca por soluçõespara o problema de disposição e tratamento.

É importante avaliar também as diferentes abordagens referentes ao setor de resíduos industriais. Avertente européia concentra-se mais nas mudanças de padrão de consumo e produção. Isso significa quea demanda é maior para definição de novos modelos em logística e reaproveitamento de materiais. Essaquestão, além de seu forte impacto ambiental também se reflete na competitividade das empresas e,conseqüentemente, na economia européia. A vertente americana é mais focada no desenvolvimento denovas tecnologias em máquinas e equipamentos. Um exemplo disso é o Protocolo de Montreal, que foiviabilizado graças ao esforço de empresas americanas no desenvolvimento de novos equipamentos,visando atender à nova demanda para eliminação de produção e consumo de gases que danifiquem acamada de ozônio.

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1 Modelo europeu - a estratégia alemã

Na Europa, existem hoje milhares de empresasatuando no setor de controle de poluição, ummercado que emprega milhões de pessoas e tendea crescer de forma a melhorar sua eficiência. AAlemanha, que desde os anos 70 aplica na áreaambiental o "Princípio da Precaução" (não énecessária a comprovação científica dos malescausados por determinada ação, para se agir deforma a mitigá-los), tem papel de destaque dentrodo setor e aplica hoje tecnologias de grandeeficácia para o tratamento de resíduos. Além disso,ocupam papel de destaque no continente europeupaíses como Inglaterra, Suécia e França.

O modelo atual de gerenciamento de resíduos naEuropa é basicamente espelhado no sistemaadotado pela Alemanha, com ajustes embasadosem práticas de sucesso aplicadas em outros pasesda comunidade européia. Dessa forma, para melhorentender o sistema europeu, é necessário discorrersobre a evolução da Alemanha no assunto, paíslíder na concepção e na regulação desse setor nocontinente.

As práticas de gerenciamento de resíduos utilizadasatualmente na Alemanha iniciaram sua estruturaçãonos anos 70. Naquela época, a maioria dos aterrosencontrava-se nas imediações de grandes cidades,com o fim de disposição de resíduos domésticos ecomercias, mas suas atividades não eramcontroladas e suas práticas não eramregulamentadas. Nessa época, calcula-se que naAlemanha havia cerca de 50.000 pequenos aterrosnessas condições.

Dessa forma, a disposição inadequada dosresíduos produzidos começou a gerarpreocupações relacionadas à contaminação deáguas.

A primeira lei alemã que tratava da disposição deresíduos é datada de 1972 e tinha como principalobjetivo o fechamento de aterros não controlados eestabelecimento, em sua substituição, de aterrossanitários controlados e centralizados. O objetivo foiatingido em alguns anos; atualmente, os 300aterros sanitários para resíduos municipaisexistentes na Alemanha são adequados e atendemà legislação.

Com a primeira crise de energia, em 1973, aincineração de resíduos municipais, que já erapraticada na Europa desde o século XIX, passou aser combinada com a geração de energia elétricaou térmica com o objetivo de conservar oscombustíveis primários. A Alemanha incentivou paraque todos os incineradores existentes no país (totalde 56, em 2002) gerassem energia elétrica outérmica eficientemente.

Nos anos 80, tornou-se mais difícil encontrar áreaspara instalação de aterros ou plantas deincineração para atender ao aumento da geraçãode resíduos num país que é densamente populoso.Em alguns casos, houve uma pesada oposição dapopulação, a qual, num momento de aumento deconscientização ambiental, temiam que o meioambiente e a saúde da população residente nasredondezas fossem colocados em risco com aimplantação destes. Tal oposição somente foisuperada recentemente pela adoção de medidasbastante restritivas quanto à qualidade do ar, àproteção de lençóis freáticos e à proteção do solo.

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Ainda na primeira metade da década de 90, aAlemanha reelaborou sua regulamentação para ainstalação e operação de aterros e paraincineração de resíduos. Em princípio, a novaregulamentação indica que somente resíduos quenão possam ser recuperados por motivos técnicos,ecológicos ou econômicos possam sofrerdisposição final. Nos dias de hoje, a tecnologiadesenvolvida permitiu que a incineração deresíduos se tornasse um meio limpo eambientalmente correto para se destinar resíduos,reduzindo, dessa forma, a citada oposição, e hoje éexportada para diversos países europeus.

Com todas as regulamentações e a lei que foram sedesenvolvendo durante esse período, o governoalemão sempre esteve atento a criar mecanismosde mercado e financeiros para incentivar odesenvolvimento de soluções inovadoras.

A estratégia alemã de fomentar internamente odesenvolvimento de práticas inovadoras detratamento e disposição de resíduos, eposteriormente disseminar a idéia, tornando osdesenvolvimentos alcançados pelo setor deresíduos do País um produto de exportação e fontede divisas, é um exemplo a ser estudado.

Entre os países da América do Sul, o Brasil éconsiderado o país mais desenvolvido nas questõesque envolvem tratamento e disposição de resíduos.A consolidação dessa posição e o desenvolvimentode práticas cada vez mais adequadas à nossacondição regional, podem tornar-se um grandeincentivador para o desenvolvimento do setor.

Para isso, o Brasil deve deixar de ver o segmentocomo um problema e tratá-lo como umaoportunidade.

2 Modelo americano - "Superfund": uma solução?

Diferente da indústria de biotecnologia e deinformação, a indústria de gestão e tratamento deresíduos é produto de políticas regulatóriasnacionais e internacionais. De acordo com o OTA2,a excelência em inovações tecnológicas nosmercados não é muito bem movimentada medianteregulamentações, embora elas sejam relevantespara permitir condições econômicas necessáriaspara o desenvolvimento. Em outras palavras,aumentar os investimentos públicos ambientais, nãonecessariamente trará melhorias proporcionais aomeio ambiente.

Uma das primeiras legislações americanas emgestão de resíduos foi aquela sobre a disposiçãode resíduos sólidos "Solid Waste Disposal Act of1965". A agência de proteção ambiental"Environmental Protection Agency (EPA)", fundadaem 1970, hoje administra uma série de leis deproteção ambiental, incluindo o ResourceConservation Act (RCRA) e o Comprehensive

Environmental Response, and Liability Act(CERCLA, o "Superfund").

Inativo em 1976, a RCRA apoiou o EPA pararegulamentar as práticas de gestão e disposição deresíduos. A principal responsabilidade do EPA sobrelegislação foi o desenvolvimento de umaregulamentação chamada "cradle-to-grave", ou doberço ao túmulo, que cobria desde a geração, oarmazenamento, o transporte, o tratamento e adisposição de substâncias tóxicas, pesticidas, eoutras substâncias inflamáveis, corrosivas ematerial explosivo.

Mas, a RCRA não visou o problema com relaçãoaos resíduos abandonados, às áreas contaminadaspor vazamentos, em outras palavras, passivosambientais. Para cobrir essas situações, oCongresso Americano criou a CERCLA em 1980.Inicialmente, um fundo de US$ 1.6 bilhão, o"Superfund", foi criado para cinco anos. O fundo,parcialmente seguindo o "polluter pays principal",

2Congress of the United States, Office of Technology Assesment - OTA, Serious Reduction of Hazardous Waste (Summary), (Washington, D.C. Congress of the United States, September 1986.

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princípio o qual a responsabilidade porindenizações é por conta do poluidor, é financiadomediante de taxas sobre produtos derivados dopetróleo e produtos petroquímicos, além de receitasgovernamentais. Os fundos são direcionados aosEstados onde o EPA determina áreas a seremlimpas, consideradas potencialmente perigosas.Onde a geração e a disposição dos resíduospodem ser rastreadas até o agente poluidor(empresa), o custo da limpeza é repassado paraeste.

Em 1986, CERCLA foi fortalecida através dasemendas populistas e políticas do SuperfundAmendaments and Reauthorization Act (SARA). ASARA demonstrou o alto grau da preocupação daopinião pública, confrontando o governo, que atéentão demonstrava pouca atenção para osproblemas ambientais. As novas emendaslegislativas aumentaram ainda mais os padrõespara o tratamento de passivos como tambémincrementou o fundo para US$ 8.5 bilhões. Oconselho nacional para tratamento de resíduosperigosos, "Hazardous Waste Treatment Council",utilizou as emendas do SARA para argumentar anecessidade de aumentar os controles, que,conseqüentemente, ajudaria a indústria detratamento de resíduos.

As novas legislações impostas trouxeram uma sériede problemas sistemáticos para a indústria, que, atéentão, não tinha o grau de comprometimento comseus passivos ambientais e tampouco tinha opçõesno mercado para atender à demanda crescente. Atémesmo empresas pequenas, consideradas limpas,como do setor tecnológico, estavam sendopressionadas. Essas pressões demandaram anecessidade de desenvolver de forma acelerada, osetor de tratamento de resíduos, com novastecnologias e práticas.

Para encorajar o desenvolvimento de novastecnologias voltadas para o tratamento de resíduos,o EPA estabeleceu um novo programa chamado,"Superfund Innovative Technology Evaluation (SITE)Strategy and Program Plan". O programa tinhacomo objetivo:

• identificar e, quando possível, remover osobstáculos para o desenvolvimento e o usocomercial de novas tecnologias paratratamento de resíduos;

• conduzir um programa que demonstre asinovações tecnológicas do setor que possuama melhor performance, segurança e preço.

Apesar de ter sido uma iniciativa não impulsionadapor regulamentações, mais sim para proporcionarmeios financeiros para financiar o setor detecnologias para tratamento de resíduos, oPrograma SITE não teve uma grande repercussãona indústria. Até o presente momento, um grandenúmero de empresas utiliza esse fundo, mas jáforam relatados casos de uma série de empresascom problemas financeiros causados por atrasosdos pagamentos provenientes da agência.

Em linhas gerais, o histórico americano dodesenvolvimento do setor demonstrou que alegislação e a indústria de tratamento devem evoluirjuntas e não de forma assíncrona, pois o governoapesar de ter condições de desenvolver leis eregulamentações adequadas, bem como recursospara a fiscalização de passivos ambientais, não temas mesmas instrumentações para proporcionar asferramentas adequadas para incentivar a indústria.

No caso nacional, em contraste com o sistemaamericano, as agências fiscalizadoras sãoestaduais e não existe um agência federalequivalente ao EPA. Dessa forma, não existe umapadronização clara sobre os serviços eatendimentos ao setor, e também não possuem osrecursos para a fiscalização como existe nosEstados Unidos. Dessa forma, a legislação punitivae a carência de recursos para fiscalização e paragerar incentivos financeiros para o setor,comprometem seu desenvolvimento.

Uma estrutura semelhante ao "superfund" pode seruma alternativa para o País, mas deve serestruturada em sintonia com o grau de legislação eregulamentação do setor, pois, apesar deproporcionar uma linha de financiamento para aquestão dos passivos ambientais, ela exige ocomprometimento de agências fiscalizadoras paraapoiar a sua implementação.

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O mercado de tratamento de resíduos encontra-seem estágios diferentes no ponto de vista delegislação e de operacionalização. A legislaçãonacional sobre o assunto é considerada moderna eabrangente, mas apesar da competência técnica, afalta de estrutura que atinge os órgãosfiscalizadores dificulta a plena aplicação das leis enormas vigentes, facilitando a ação de empresasque não estão em conformidade com as boaspráticas do setor.

Como a fiscalização é falha, é necessária aaplicação de mecanismos mais sofisticados paraestimular as empresas geradoras a adotar boaspráticas de tratamento e disposição de resíduos, deforma a não impactar demasiadamente o meioambiente.

Empresas de porte mais expressivo tem maispreocupação e lidam com o assunto de resíduos deuma forma responsável e dentro das normasvigentes, mas também foi apontado que, na maioriadas vezes, empresas de médio e pequeno portenegligenciam o tema, e os motivos são a falta deconhecimento, suporte ou acesso facilitado a taisserviços. Dentro dessa perspectiva, vemos que odesenvolvimento de melhores práticas por partedas médias e pequenas empresas, queconseqüentemente trará uma maior utilização deserviços de tratamento e disposição de resíduospor esse grupo, virá mediante conscientização eimplementação de soluções financeiras eoperacionais, que amenizarão o problema deinformação e de acesso aos serviços pelaspequenas e médias empresas.

Contudo, no tocante a passivos ambientais, alegislação restritiva, muitas vezes, direciona asempresas a práticas paliativas para solucionarproblemas existentes, ou, muitas vezes, a nãoresolução total, e sim a solução mais rápida emenos rastreável. É necessário que aimplementação de políticas ambientais proporcioneàs empresas a chance de sanar problemas jáexistentes de forma mais eficaz e menos onerosa. Apossibilidade de criação de fundos estatais parafinanciamento de soluções em que os responsáveisnão podem ser alcançados é um possível caminho,mas que deve ser amplamente analisado ediscutido.

Considerações finais: os desafios de amanhã

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