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Diário de Campo – Vale do Paraíba – Raul Gonçalves O café surgiu no Brasil no século XVIII, quando foi cultivado pela primeira vez no Pará. A partir daí, o cultivo foi se expandindo lentamente pelo litoral brasileiro, rumo ao sul, até chegar à região do Rio de Janeiro, por volta de 1760. Foi o principal produto de exportação da economia brasileira durante o século XIX e o início do século XX, garantindo as divisas necessárias à sustentação do Império do Brasil e também da República Velha. Atualmente o valor agregado ao café é muito pouco e representa apenas 2% da pauta de exportação do Brasil, apesar de ser o maior produtor mundial. A região do Vale do Paraíba está localizada no leste paulista fazendo fronteira com o Rio de Janeiro e recebe este nome por causa do Rio Paraíba que a cruza. É uma região muito importante para a história do Brasil pois foi responsável pelo grande crescimento econômico do país durante o ciclo do café, juntamente com a atividade açucareira, agora em segundo plano. Os primeiros núcleos urbanos surgiram um pouco antes por conta do tráfico intenso de tropeiros que precisavam realizar a travessia pela região para chegar aos Portos onde o ouro era comercializado. O estudo do meio, com duração de três dias (28, 29 e 30 de abril), começou com a ida à fazenda Pau D’Alho, uma das únicas fazendas conservadas estritamente, sem modificações ou reformas feitas pelo homem. Ao chegar, primeiramente analisamos o local individualmente, tirando fotos e tentando interpretar o que era cada lugar da fazenda para depois subirmos ao quartos dos escravos (propositalmente o ponto mais alto da fazenda para que o senhor do engenho possa ter uma melhor visão e vigilância dos escravos) para ter uma análise real da fazenda inteira seguida de uma pequena discussão sobre a distribuição dos locais e habitantes e convivência entre estes.

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Diário de Campo – Vale do Paraíba – Raul Gonçalves

O café surgiu no Brasil no século XVIII, quando foi cultivado pela primeira vez no Pará. A

partir daí, o cultivo foi se expandindo lentamente pelo litoral brasileiro, rumo ao sul, até

chegar à região do Rio de Janeiro, por volta de 1760.

Foi o principal produto de exportação da economia brasileira durante o século XIX e o

início do século XX, garantindo as divisas necessárias à sustentação do Império do Brasil e

também da República Velha. Atualmente o valor agregado ao café é muito pouco e representa

apenas 2% da pauta de exportação do Brasil, apesar de ser o maior produtor mundial.

A região do Vale do Paraíba está localizada no leste paulista fazendo fronteira com o Rio de

Janeiro e recebe este nome por causa do Rio Paraíba que a cruza. É uma região muito

importante para a história do Brasil pois foi responsável pelo grande crescimento econômico

do país durante o ciclo do café, juntamente com a atividade açucareira, agora em segundo

plano. Os primeiros núcleos urbanos surgiram um pouco antes por conta do tráfico intenso de

tropeiros que precisavam realizar a travessia pela região para chegar aos Portos onde o ouro

era comercializado.

O estudo do meio, com duração de três dias (28, 29 e 30 de abril), começou com a ida à

fazenda Pau D’Alho, uma das únicas fazendas conservadas estritamente, sem modificações ou

reformas feitas pelo homem. Ao chegar, primeiramente analisamos o local individualmente,

tirando fotos e tentando interpretar o que era cada lugar da fazenda para depois subirmos ao

quartos dos escravos (propositalmente o ponto mais alto da fazenda para que o senhor do

engenho possa ter uma melhor visão e vigilância dos escravos) para ter uma análise real da

fazenda inteira seguida de uma pequena discussão sobre a distribuição dos locais e habitantes

e convivência entre estes.

Após esta visita fomos almoçar num restaurante chamado Rancho São José do Barreiro, que

foi um local de passagem de tropeiros na época da mineração. Logo depois de almoçar, o

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fundador nos contou sua história e a de seu histórico e famoso restaurante da região.

Compartilhou o surgimento do restaurante e como foi difícil mantê-lo, citou passagens de

tropeiros por lá e ao falar sobre sua própria história disse que havia saído da cidade para

estudar, pois não havia escolas na sua época, e retornado; acreditando poder ajudar no

desenvolvimento da cidade (como feito pela minoria), atrasado por causa da não motivação da

maioria da população que sai da cidade em busca de estudos e melhoria de vida e não volta

mais para contribuir com o seu aprendizado o crescimento da cidade.

Depois do maravilhoso almoço pudemos conhecer o hotel em que ficaríamos acomodados, o

Hotel Fazenda Boa Vista (mais uma das fazendas, mas preservada como hotel e cede para

novelas da rede Globo). Passamos o resto que nos sobrou do dia relaxando e aproveitando o

lazer do hotel como piscina, quadra e grandes espaços para se ficar a vontade. No anoitecer

nos recolhemos para o jantar e uma discussão para a finalização das atividades do dia, onde

tratamos sobre diversos temas históricos relacionando-os com a os dias de hoje. Após a

reunião para a discussão, nos reunimos na quadra do hotel para finalizar o dia do melhor

modo possível: cantamos e tocamos sob um céu maravilhosamente estrelado, o que gerou um

clima de extremo conforto e intimidade ente nós com a energia boa que a música, juntamente

com a natureza nos trazia.

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No segundo dia levantamos bem cedo para tomar café da manhã e podermos visitar uma das

maiores fazenda da região: a fazenda Resgate. Pertenceu ao rico Comendador Valim, que

chegou a ter mais de 600 escravos em sua propriedade. Antes de adentrar na fazenda

pudemos ouvir um pouco sobre tal fazenda, seu riquíssimo proprietário, o local da produção

do café e o modo que essa produção ocorria. Nos separamos em dois grupos: um pôde,

primeiramente, analisar a parte de fora da fazenda e seus arredores: analisamos

geograficamente o relevo que cercava a fazenda (utilizado para as lavouras). Este relevo

predominante é chamado de Mares de Morros, pois realmente parece um “mar de morros”, e

a vegetação é a mata Atlântica que quase não é mais identificada, visto que o modo como a

plantação de café era feita (em fileiras) fazia com que o solo se erodisse rapidamente, além de

ficar exposto a pragas. Aos poucos, a lixiviação do solo intensificou-se, até que houve o

esgotamento de minerais no solo, atualmente a vegetação da área é semelhante aos pampas

gaúchos. A parte de fora do casarão e a parte da produção cafeeira não foram muito

conservadas e, assim como a parte de dentro da mansão, foi modificada e reformada por

obras do homem, pelo contrário do que vimos na fazenda Pau D’Alho.

Logo na entrada do casarão já se pode notar um cuidado especial na preservação (reformada):

é preciso colocar um protetor nos pés para adentrar. No hall de entrada há pinturas de um

famoso pintor crítico da época: o Villaronga, que foi contratado por Valim para decorar as

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paredes de seu casarão. Boa parte da renda Valim veio com a pirataria de escravos, iniciada

logo após a uma lei que proibia o tráfico de escravos na região. Seguindo pelo casarão,

observamos diversos móveis, documentos, objetos que foram preservados perfeitamente.

Retornamos para o hotel, tivemos tempo para almoçar e para descansar, então partimos rumo

à cidade de Bananal, onde o objetivo era ter contato com a população do local, conhecer um

pouco mais da vida na região. Tivemos a oportunidade de conversar com moradores, de

diversas idades, da região que nos contaram que a cidade é muito boa para aposentados e

idosos, pois é uma cidade muito calma onde não há criminalidade e violência, mas para um

jovem, não valeria a pena morar na cidade porque a qualidade de ensino e a oportunidade e

possibilidades de entrada no mercado de trabalho são muito baixas. Podemos perceber que

boa parte da população é mais velha e gostam da vida na cidade e a população mais jovem diz

que não é uma boa cidade para se morar com essa idade, além de pedirem pelo

desenvolvimento da cidade.

Após a volta para o hotel e o jantar, nos reunimos mais uma vez para discutir o dia enquanto

esperávamos o pessoal do Jongo chegar. Falamos sobre o conceito de preservação ao

compararmos a Fazenda Pau D’Alho com a Resgate, visto que ambas estavam preservadas de

maneiras muito diferentes. Chegamos a uma questão: preservar é deixar do jeito que está ou é

reformar constantemente? Também falamos da importância do entendimento do passado

para a compreensão do presente, o que foi, é e sempre será muito importante para tal

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compreensão.

Enquanto discutíamos, os guias montaram uma fogueira no gramado da fazenda e, ainda

aguardando parte da comunidade jongueira, fizemos um ritual no qual o objetivo foi dar força

à energia do fogo com um graveto onde colocamos nossas intenções, agradecimentos e

energias, fizemos um discurso direcionando a tal energia. Foi mais um momento maravilhoso

que participamos, onde houve uma união muito intensa e eu, novato na escola, me senti

totalmente adentrado nessa família de irmãos por opção linda.

Com a chegada dos Quilombolas, Jefinho, um dos líderes do grupo, nos falou sobre o Jongo:

uma manifestação cultural trazida pelos escravos africanos ao Brasil. Estes dançavam e

cantavam músicas sobre as suas vidas como uma forma de se divertir durante o trabalho e até

mesmo de se comunicar.

No dia seguinte fizemos uma visita a Maxion, maior indústria de rodas e chassis do mundo,

que produz para mais de 40 países nos 5 continente e possui uma grande vantagem pela sua

proximidade aos portos do Rio de Janeiro e São Paulo. Nessa visita, pudemos observar a parte

de tecnologia de produção altamente desenvolvida e também o modo que os funcionários

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trabalham, realizando atividades de consecutivas repetições do movimento, quase mecânicas.

Vimos, também, que esta empresa investe na parte de preservação do meio ambiente.

Depois desta visitação, entramos no ônibus e voltamos para São Caetano com uma grande

experiência a mais e interessantes e lindas histórias para contar.

Agradeço muito à Escola Villare por nos dar oportunidades de vivências como esta e

especialmente aos Professores e monitores que ralaram para que este estudo do meio não

fosse apenas um estudo do meio, mas sim mais uma vivência maravilhosa.

Além de ter estudado um local histórico do nosso país, esta viagem aproximou muito a relação

e criou laços entre os alunos e Professores que participaram, o que é muito interessante na

vida pessoal e acadêmica de cada um.