ETAPA 4 Finalizado

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  • 7/23/2019 ETAPA 4 Finalizado

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    ETAPA: 04 Ler e refletir:

    A entregou seu veculo ao estacionamento do restaurante BOI GORDO. Ao retornar ao

    estacionamento, exigiu a restituio do veculo, momento em que os funcionrios do

    restaurante informaram que o veculo havia sido furtado. J decidiu o Superior Tribunal de

    Justia, ao julgar o Recurso Especial n. 419465 - DF - 4 T. - Rel. Min. Aldir Passarinho Junior -DJU 05.05.2003, que a entrega de veculo em confiana a manobrista de restaurante

    caracteriza contrato de depsito e, como tal, atrai a responsabilidade do estabelecimento

    comercial pelo furto, ainda que na via pblica, impondo-lhe o dever de indenizar o proprietrio

    pelos prejuzos da decorrentes.

    Responder, segundo o Cdigo Civil: alm do pedido de ressarcimento dos prejuzos, cabvel

    alguma outra medida judicial?

    No, segundo a jurisprudncia tal situao configura contrato de depsito, sendo assim

    regulamentada por deposito voluntrio, e o depositrio :

    Obrigado a restituir o objeto mvel assim que lhe for exigido, como assegura o art. 629 C.C.

    Nesta hiptese haver responsabilidade do estabelecimento por dano ou subtrao, ainda que

    o estacionamento seja gratuito. Na verdade, essa gratuidade apenas aparente, porque, por

    exemplo, o restaurante que oferece estacionamento atrai muito mais clientela do que o outro

    que no oferece. Neste sentido j decidiu o STJ no Recurso Especial 419465-DF, de

    25.02.2003 importante esclarecer que se o condutor estacionar, por conta prpria, seu

    veculo nas imediaes do restaurante, confiando-o aos cuidados dos chamados "flanelinhas",

    o estabelecimento no ter nenhuma responsabilidade.

    O depsito encontra-se localizado especificamente entre os arts. 627 e 652 do Cdigo Civil.

    Instituto jurdico de direito privado, uma das vrias espcies de contratos encontradas no

    diploma legal civil, com caractersticas e regras prprias. O depsito um contrato que possui

    vrias definies ao longo de leituras doutrinrias. No entanto, pode-se entoar que o depsito

    um contrato por meio do qual um dos contraentes, denominado depositrio, recebe de

    outro, chamando depositante, um bem mvel, obrigando- se, pela prpria natureza jurdica do

    contrato, a guard-lo, de forma gratuita e temporria, com o escopo de restitu-lo

    posteriormente quando lhe for exigido o aludido bem.

    Conforme o art. 627 do Cdigo Civil tem-se que:

    Art. 627 - Pelo contrato de depsito recebe o depositrio um objeto mvel, para

    guardai; at que o depositante o reclame.

    A caracterstica marcante do contrato de depsito a custdia que obriga o depositrio,

    distinguindo-se assim do comodato e da locao, porque estes ltimos no possuem como

    causa a guarda e a conservao do bem.

    A principal finalidade, portanto, deste contrato, a guarda da coisa alheia, aperfeioando-se

    com a entrega desta ao depositrio. Constitui-se em um contrato real, pois no basta um

    simples acordo de vontades para se concretizar o referido contrato, e sim a entrega do objeto,presumindo-se estar em poder do depositrio. Possui natureza mvel, tendo em vista que

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    entregue o bem para a guarda, e no para sua utilizao, sendo que posteriormente o bem

    dever ser restitudo, acarretando o seu cunho transitrio. Via de regra, gratuito o referido

    contrato, com exceo de casos em que houver conveno em contrrio, se resultar de

    atividade negocial, ou se o depositrio o praticar por profisso, ratificando-se assim o art. 628

    do CC:

    PARECER

    A autora aduz que o Diretor Regional da dela foi jantar no restaurante da r, no dia 03/09/93,

    por volta das 20:00hs, e entregou o automvel GM Opala Diplomata ao representante do

    restaurante. Sumiu o veiculo que somente foi achado depois de 1 ms de buscas pela

    Delegacia de Roubos e Furtos. O autor pondera que o veiculo foi depositado sob

    responsabilidade do manobrista do restaurante a qual esta deve ser responsabilizada pelo

    danos sofridos pois deixou de vigiar o bem. A r contesta que o Diretor Regional da autora

    sabia que o veculo seria levado pelo manobrista para uma vaga de via publica em frente ao

    restaurante e no para um estacionamento privado, como diz o autor, posto que a rea dasentrequadras no oferece os tais estacionamentos. No se pode falar em Deposito nem em

    responsabilidade civil, porque no houve a tradio da coisa.

    A tradio da coisa foi caracterizada pelo fato de o autor ter entregue as chaves do veiculo ao

    manobrista sendo este depositrio do bem entendeu a juza. A r no possuir estacionamento

    prprio tira a obrigao reparar danos sobrevindos ao bem.

    Configura contrato de deposito a entrega do veculo ao manobrista do restaurante, somente

    cessar a responsabilidade quando devolvidas as chaves ao cliente. Malgrado, no um favor,

    porquanto, os servios prestados tem seu valor introduzidos no preo da alimentao.

    rgo : QUINTA TURMA CVEL

    Classe : APC APELAO CVEL

    N. Processo : 51.931/99

    Apelante

    : ML-ALIMENTAO E DIVERSES LTDA.

    Advogados

    : DR. ANTNIO CARLOS DE ALMEIDA CASTRO E OUTROS

    Apelado

    : ETE-ENGENHARIA DE TELECOMUNICAES E ELETRICIDADE S/A

    Advogado

    : DR. EVERALDO PELEJA DE SOUZA OLIVEIRA

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    Relatora Desa. : SANDRA DE SANTIS

    Revisor Des. : DCIO VIEIRA

    EMENTA RESPONSABILIDADE CIVIL REPARAO DE DANOS RESTAURANTE SERVIO DE

    MANOBRISTA CONTRATO DE DEPSITO FURTO DE VICULO DEVER DE INDENIZAR. 1. Aentrega do veculo ao manobrista do estabelecimento comercial configura contrato de

    depsito, cessando sua responsabilidade to-somente quando devolvidas as chaves ao cliente.

    Ademais, no se trata de mera gentileza, pois, evidncia, o valor dos servios respectivos

    est embutido nos preos cobrados pelas refeies.

    2. Negado provimento. Unnime.

    ACRDO

    Acordam os Desembargadores da QUINTA TURMA CVEL do Tribunal de Justia do Distrito

    Federal e dos Territrios,

    SANDRA DE SANTIS - Relatora, DCIO VIEIRA - Revisor e ROMEU GONZAGA NEIVA - Vogal, sob

    a presidncia da Desembargadora HAYDEVALDA SAMPAIO, em CONHECER. NEGAR

    PROVIMENTO. UNNIME, de acordo com a ata do julgamento e notas taquigrficas.

    Braslia-DF, 26 de maro de 2001.

    Desembargadora HAYDEVALDA SAMPAIO

    Presidente

    Desembargadora SANDRA DE SANTIS

    Relatora

    RELATRIO

    ETE ENGENHARIA DE TELECOMUNICAES E ELETRICIDADE S/A prope Ao Ordinria de

    Indenizao contra ML ALIMENTAO E DIVERSES LTDA. (Piantella Restaurante). Narra a

    autora que o Diretor Regional da autora em Braslia foi jantar no restaurante da r, no dia

    03/09/93, por volta das 20:00hs, e entregou o automvel GM Opala Diplomata ao preposto do

    restaurante. O veculo desapareceu e s foi encontrado cerca de 01 ms depois pela Delegaciade Roubos e Furtos de Veculos com diversas avarias. Alega o autor que o veculo foi

    depositado sob a responsabilidade do manobreiro particular, empregado da r, e deve esta ser

    responsabilizada pela reparao dos danos sofridos pela autora, uma vez que agiu com culpa

    in vigilando. Regularmente citada, a r contesta, afirmando que o Diretor Regional da autora

    tinha conhecimento de que o veculo seria apenas manobrado pelo recepcionista para uma

    das vagas da via pblica, defronte ao restaurante, e no ao estacionamento privado da r,

    como sustenta

    o autor, j que a rea das entrequadras no possibilita a criao de tais estacionamentos

    especficos. No houve tradio da coisa r e no se pode, portanto, falar em Depsito nemem responsabilidade civil. A MM. Juza entendeu que a tradio do veculo restou

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    caracterizada pelo fato de o autor ter entregue as chaves do veculo ao empregado da r,

    permanecendo este como depositrio do bem. Ademais, o fato de a r no possuir

    estacionamento prprio no a desonera da responsabilidade de reparar os danos advindos ao

    bem. A r foi condenada a indenizar a autora no valor constante dos documentos de fls. 20/24,

    corrigidos monetariamente a partir do desembolso e juros de mora de 0,5% (meio por cento)

    ao ms a partir da citao. Apela a r. Repristina os argumentos de que o representante da

    autora tinha conhecimento de que o carro seria apenas manobrado ao estacionamento

    pblico, no tendo a r assumido a guarda do mesmo. Por fim, ressalta que a autora no

    demonstrou, de forma estreme de dvidas, a ocorrncia do alegado depsito com a efetiva

    tradio e guarda do bem. Preparo regular fl. 100. Contra-razes fl. 104. o relatrio.

    VOTOS

    A Senhora Desembargadora SANDRA DE SANTIS - Relatora

    Recurso tempestivo, cabvel e regularmente processado.

    Dele conheo.

    Trata-se de ao de indenizao por danos causados a veculo entregue a manobrista de

    restaurante para que fosse estacionado e que foi furtado, sendo posteriormente localizado

    com avarias. O pedido foi julgado procedente, concluindo a MM. Juza pela responsabilidade

    da r em indenizar a autora pelos prejuzos patrimoniais.

    Alega a apelante no ter ficado caracterizada com

    provas incontestes a ocorrncia do alegado depsito, com efetiva tradio e guarda do bem.

    Na contestao, admitiu que: As declaraes da autora tornam inquestionvel que: A)- o

    veculo foi simplesmente manobrado pelo recepcionista para uma das vagas de via pblica nas

    proximidades do restaurante; E, no final, que E, nos exatos termos utilizados pela autora, foi

    a esta proporcionado um servio de recepo atravs de um manobreiro, sendo mais de

    notar que a contestante jamais poderia ser cometido um dever de vigilncia em via pblica,

    encargo que , legalmente, especfica atribuio do Estado. No mesmo andar, esclarece-se ao

    MM. Juiz que o mencionado manobreiro, empregado da r, no integra a categoria funcional

    de vigilante, no porta arma e no possui qualificao ou treinamento para servios desta

    natureza.

    Como se v, no dissentem as partes sobre os fatos, mas

    to-somente sobre a qualificao jurdica dos mesmos. Enquanto a apelante argumenta tratar-

    se de mera gentileza, pretende a apelada seja caracterizado o contrato de depsito.

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    No recurso, repristina a apelante o argumento de que

    no h que se falar em guarda do veculo, pois o manobrista instrudo a manobr-lo at a

    vaga existente na via pblica e entregar as chaves ao cliente assim que solicitado, tendo o

    representante da apelada conhecimento pleno de que o carro estaria na via pblica.

    Razo no assiste apelante. A hiptese dos autos, sem embargo das doutas alegaes,

    configura o depsito do veculo. que a tradio est bem caracterizada pelo fato de o veculo

    ter sido entregue ao manobrista, preposto da apelante, e que mantm o servio para oferecer

    maior comodidade aos seus clientes. Ademais, as chaves ficam em poder do manobrista, o que

    deixa estreme de dvidas a existncia da relao contratual, que no se configura em mera

    gentileza, pois, evidncia, o preo dos servios respectivos esto embutidos nos altos preos

    das refeies. Como consignado na deciso monocrtica, o proprietrio transfere

    momentaneamente a guarda do veculo, mediante relao contratual do depsito, ficando o

    restaurante como depositrio, sujeito a reparar o dano no caso de furto do veculo. Assim,

    irrelevante no haver estacionamento privativo, como tem sido reiteradamente decidido no

    Superior Tribunal de

    Justia. A responsabilidade s afastada em caso de roubo. Confira-se aresto recente da

    Relatoria do Min. Slvio de Figueiredo Teixeira, no agravo regimental no agravo de

    instrumento 1999/0080630-1:

    CIVIL RESPONSABILIDADE FURTO DE VECULO ENTREGUE A PREPOSTO DO RESTAURANTE

    CONTRATO DE DEPSITO DEVER DE INDENIZAR PRECEDENTES DISSDIO NO

    CONFIGURADO AGRAVO DESPROVIDO.

    1 - Nos termos da jurisprudncia desta Corte, a entrega do veculo ao preposto do

    restaurante configura contrato de depsito, ensejando a responsabilidade da empresa pelo

    furto do mesmo, sendo desinfluente a inexistncia de estacionamento prprio.

    2 - Dessemelhantes as bases fticas, no h falar em dissdio jurisprudencial.

    Destarte, ao ser entregue o carro aos cuidados do

    manobrista, o carro fica por conta e risco do estabelecimento comercial, cessando a

    responsabilidade to-somente quando devolvidas as chaves. Nego provimento ao apelo.

    O Senhor Desembargador DCIO VIEIRA - Revisor

    Conheo do recurso, porquanto presentes os

    pressupostos de sua admissibilidade.

    Cuida-se de apelao interposta contra a r. sentena de

    folhas 83/86, que julgou procedente o pedido de indenizao pelos prejuzos patrimoniais

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    sofridos pela autora, ETE - Engenharia Telecomunicaes e Eletricidade SIA, em razo do furto

    de seu veculo deixado sob a guarda e proteo de preposto do ru, ML Alimentao e

    Diverses Ltda, cujo dispositivo tem o seguinte teor:

    Face as consideraes alinhadas JULGO PROCEDENTE O PEDIDO para condenar a r a

    indenizar a autora o valor constante dos documentos de fIs. 20/24, corrigidos monetariamente

    a partir do ms do efetivo desembolso e juros demora de 0,5% (meio por cento) ao ms a

    partir

    da citao e de consequncia declaro extinto o processo com julgamento de mrito, nos

    termos do artigo 269, I, do Cdigo de Processo Civil. Em face do princpio da sucumbncia

    condeno a r ao pagamento das custas processuais e honorrios advocatcios que fixo em 10%

    (dez por cento) sobre o valor da condenao.

    Em suas razes, sustenta a apelante que ao receber as chaves do cliente, o manobrista instrudo a manobrar o veculo at a vaga existente na via pblica e entreg-las assim que o

    mesmo as solicitar jamais se comprometeu a Apelante a guardar , ou seja vigiar o veculo de

    seus clientes.

    E mais adiante sustenta:

    Para caracterizar a relao contratual de depsito, h que se ter a tradio do bem imvel ao

    depositrio, bem como a guarda do mesmo. Absolutamente no h nos autos prova de que

    houve a tradio e a guarda do bem.

    Razo no assiste ao recorrente.

    Em que pese a argumentao do apelante, o depsito

    do veculo restou caracterizado quando este foi entregue ao manobrista habilitado pelo

    restaurante com a finalidade de captar e de manter sua clientela e, ao mesmo tempo,

    proporcionar maior conforto aos freqentadores do local, no havendo nenhuma dvida de

    que chaves so mantidas sob guarda na empresa recorrente enquanto o cliente permanecer

    naquele local.

    O fato do restaurante no manter estacionamento

    prprio e fechado no exime a empresa do encargo contratual pela guarda do veculo.

    Sobre o tema, o egrgio Superior Tribunal de Justia j

    decidiu que:

    RESPONSABILIDADE CIVIL- FURTO DE VECULO ENTREGUE A PREPOSTO DE RESTAURANTE:

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    A responsabilidade pela indenizao assenta no dever de guarda que decorre da entrega do

    veculo ao preposto do estabelecimento para tal fim designado, pouco importando a

    existncia, ou no, de estacionamento prprio (STJ - 4 Turma, REsp 37.363/SP, Rel. Min.

    Torreo Braz)

    Diante do exposto, nego provimento ao recurso mantendo ntegra a sentena

    guerreada por seus prprios e jurdicos fundamentos.

    como voto

    O Senhor Desembargador ROMEU GONZAGA NEIVA - Vogal

    Com a Turma.

    DECISO

    CONHECIDO. NEGOU-SE PROVIMENTO. UNNIME.

    Relatrio

    A autora entregou o automvel ao manobrista do restaurante e este tem o dever e a

    responsabilidade de cuidar do bem, sendo que, se houver danos ao veiculo o dono do

    restaurante tem a obrigao de repar-los. O contrato de deposito foi caracterizado quando o

    veiculo foi entregue ao manobrista e as chaves foram mantidas sob a guarda da empresa

    enquanto o cliente permaneceu no local. O fato do no ter estacionamento prprio e fechado

    do restaurante no exclui o encargo contratual pela guarda do veiculo. Por fim, resta

    configurar a irrefutvel culpa da r na desdia de guardar com cuidado o bem depositado sobsua responsabilidade, sendo devidamente condenada a reparar danos integrais causados ao

    bem da autora