Da acção aos valores.Da acção aos valores.A teoria para poder A teoria para poder analisar a prática.analisar a prática.

1.1. A nossa acção é motivada por valores. Consciente ou A nossa acção é motivada por valores. Consciente ou inconscientemente, movemo-nos porque inconscientemente, movemo-nos porque desejamos e desejamos e queremosqueremos algo que nos parece desejável. algo que nos parece desejável.

2.2. Os valores Os valores orientam orientam a nossa acção e as nossas escolhas, a nossa acção e as nossas escolhas, os nossos juízos sobre nós, os outros e o mundo.os nossos juízos sobre nós, os outros e o mundo.

O que são os valores:O que são os valores:

Os valores não são Os valores não são ideias, porque as ideias ideias, porque as ideias definem-se definem-se intelectualmente, intelectualmente, enquanto os valores enquanto os valores implicam a nossa implicam a nossa afectividade, emoção e afectividade, emoção e preferências.preferências.

Honra: ideia. Se apenas Honra: ideia. Se apenas a definirmos, valor se a definirmos, valor se desejarmos que as desejarmos que as nossas acções tenham nossas acções tenham essa qualidade.essa qualidade.

Os valores são Os valores são qualidades que qualidades que atribuímos às coisas, atribuímos às coisas, acções, pessoas.acções, pessoas.

Por isso não valem Por isso não valem apenas por si, têm que apenas por si, têm que ter um suporte onde são ter um suporte onde são aplicados.aplicados.

Juízos de facto e juízos de Juízos de facto e juízos de valor:valor:

Juízos de facto são Juízos de facto são descritivosdescritivos das das propriedades objectivas propriedades objectivas de uma coisa, acção ou de uma coisa, acção ou pessoa.pessoa.

Têm Têm valor de verdadevalor de verdade independente do sujeito.independente do sujeito.

Exemplo. Isto é uma Exemplo. Isto é uma pintura a óleo de pintura a óleo de Gauguin,pintada em Gauguin,pintada em 1888 e intitulada “Les 1888 e intitulada “Les AlychampsAlychamps

Juízos de facto e juízos de Juízos de facto e juízos de valor:valor:

Os juízos de valor são Os juízos de valor são normativos, dizem-nos como normativos, dizem-nos como devemos avaliar as coisas.devemos avaliar as coisas.

Se têm valor de verdade? Se têm valor de verdade? Talvez sim, talvez não. Não Talvez sim, talvez não. Não são independentes das são independentes das nossas crenças e gostos de nossas crenças e gostos de quem julga. Há quem quem julga. Há quem defenda contudo que são defenda contudo que são independentes dos nossos independentes dos nossos gostos.gostos.

Exemplo: Este quadro é Exemplo: Este quadro é muito expressivo, gosto do muito expressivo, gosto do jogo de claro/escuro.jogo de claro/escuro.

Tipos de valores e critérios Tipos de valores e critérios valorativos.valorativos.

Valores estéticos:Exemplo: Valores estéticos:Exemplo: Prefiro a pintura figurativa à Prefiro a pintura figurativa à abstracta.Porquê?abstracta.Porquê?

Para emitir um juízo de valor Para emitir um juízo de valor temos critérios valorativos. temos critérios valorativos. Estes servem para fazermos Estes servem para fazermos uma hierarquização dos uma hierarquização dos valores e determinar as valores e determinar as nossas preferências. São nossas preferências. São padrões de avaliação, regras padrões de avaliação, regras de procedimento.Mas de procedimento.Mas também nos servem para também nos servem para justificar as nossas justificar as nossas preferências, para as preferências, para as explicar.explicar.

Tipos de valores:Tipos de valores:

Há valoresHá valores Absolutos Absolutos e valores e valores RelativosRelativos.Os valores absolutos .Os valores absolutos são independentes das épocas e são independentes das épocas e das pessoas. Os valores das pessoas. Os valores relativos dependem da cultura, relativos dependem da cultura, da época e da pessoa.da época e da pessoa.

Há valores Há valores meiomeio: Que não têm : Que não têm valor em si, mas têm valor como valor em si, mas têm valor como meio para atingir outros valores. meio para atingir outros valores. Por exemplo: o dinheiro.Por exemplo: o dinheiro.

Há valores que valem por si, a Há valores que valem por si, a amizade ou a liberdade. Que são amizade ou a liberdade. Que são um fimum fim em si e não o meio para em si e não o meio para atingir através deles outros atingir através deles outros valores.valores.

Tipos de valores, segundo a Tipos de valores, segundo a taxinomia de Max Sheller:taxinomia de Max Sheller:

capaz-incapaz1.Valores úteis caro-barato

abundante-escasso necessário-supérfluo

são-doente selecto-vulgar

1.Valores vitais enérgico-inerte forte-débil

Tipos de valores segundo a Tipos de valores segundo a taxinomia de Max Shellertaxinomia de Max Sheller

conhecimento-erroconhecimento-erro IntelectuaisIntelectuais exacto-aproximado exacto-aproximado evidente-provávelevidente-provável bom-maubom-mau

3. Valores3. Valores bondoso-ardilosobondoso-ardiloso EspirituaisEspirituaisMoraisMorais justo-injustojusto-injusto

escrupuloso-desleixadoescrupuloso-desleixado leal-desleal leal-desleal

belo-feiobelo-feio EstéticosEstéticos gracioso-toscogracioso-tosco elegante-deseleganteelegante-deselegante harmonioso-desarmoniosoharmonioso-desarmonioso sagrado-profanosagrado-profano 4. Valores4. Valores divino-demoníacodivino-demoníaco religiososreligiosos supremo-derivadosupremo-derivado milagroso-mecânico milagroso-mecânico

Duas teorias sobre os Duas teorias sobre os valores: subjectivismo e valores: subjectivismo e objectivismo.objectivismo.

Os juízos de valor são Os juízos de valor são subjectivos: representam os subjectivos: representam os gostos do sujeitogostos do sujeito ou as práticas ou as práticas comuns numa determinada comuns numa determinada sociedade. Argumento a favor sociedade. Argumento a favor (empírico(empírico): sobre o mesmo ): sobre o mesmo objecto pode haver inúmeros objecto pode haver inúmeros juízos de valor. juízos de valor. Não existe um Não existe um padrão objectivopadrão objectivo de Bom ou de de Bom ou de Belo. Daí ser impossível justificar Belo. Daí ser impossível justificar racionalmente porque devo racionalmente porque devo gostar mais de Bach ou de gostar mais de Bach ou de Beethoven ou de mentir às vezes Beethoven ou de mentir às vezes ser preferível a dizer sempre a ser preferível a dizer sempre a verdade.verdade.

Nem todos os juízos de valor são Nem todos os juízos de valor são subjectivos, há valores absolutos subjectivos, há valores absolutos que transcendem as pessoas. que transcendem as pessoas.

Há determinadas acções e Há determinadas acções e objectos que objectos que têm um valor em têm um valor em sisi, independentemente de , independentemente de gostarmos ou não. Ver Platão.gostarmos ou não. Ver Platão.

Teoria complementarTeoria complementar:: Haverá uma possibilidade de Haverá uma possibilidade de

considerar que há uma considerar que há uma subjectividade comum, uma subjectividade comum, uma forma de sentir em relação aos forma de sentir em relação aos valores morais, que é universal. valores morais, que é universal. Daí o valor da justiça, da Daí o valor da justiça, da dignidade humana ser um valor dignidade humana ser um valor absoluto porque é próprio da absoluto porque é próprio da humanidade.humanidade.

A diversidade cultural e os A diversidade cultural e os valores:valores:

O EtnocêntrismoO Etnocêntrismo: : considera que existem considera que existem padrões culturais padrões culturais superiores que devem ser superiores que devem ser aplicados a toda a aplicados a toda a diversidadediversidade..

Pode conduzir ao Pode conduzir ao preconceito.racismo, preconceito.racismo, xenofobia e situações de xenofobia e situações de conflito.conflito.

A posição A posição relativista:relativista: considera que não considera que não existem padrões , não existem padrões , não há portanto culturas há portanto culturas boas e más.boas e más.

Conduz à tolerância e à Conduz à tolerância e à coesão social.coesão social.

Objecção: a indiferença. O Objecção: a indiferença. O considerar que tudo é cultura considerar que tudo é cultura e que portanto todos os actos e que portanto todos os actos são legítimos.são legítimos.

O argumento da O argumento da diversidade cultural´:diversidade cultural´:

Culturas diferentes têm códigos morais Culturas diferentes têm códigos morais diferentes.diferentes.

Logo, não há uma verdade objectiva da Logo, não há uma verdade objectiva da moralidade, certo e errado são questões de moralidade, certo e errado são questões de opinião.opinião.

Do ponto de vista lógico este argumento não é Do ponto de vista lógico este argumento não é sólido. A conclusão pode ser falsa embora a sólido. A conclusão pode ser falsa embora a premissa seja verdadeira. Porque a premissa premissa seja verdadeira. Porque a premissa diz respeito ao que as pessoas acreditam e a diz respeito ao que as pessoas acreditam e a conclusão diz respeito ao que as coisas são.conclusão diz respeito ao que as coisas são.