6
Ética Introdução História da Ética [...] Desde a infância, estamos sujeitos à influência de nosso meio social, por intermédio da família, da escola, dos amigos, dos meios de comunicação de massa, etc. Vamos adquirindo, aos poucos, idéias morais. É o aspecto social da moral se manifestando e, mesmo ao nascer, o homem já se defronta com um conjunto de regras, normas e valores aceitos em seu grupo social. A moral, porém, não se reduz apenas a seu aspecto social, pois a medida que desenvolvemos nossa reflexão crítica passamos a questionar os valores herdados, para então decidir se aceitamos ou não as normas. A decisão de acatar uma determinada norma é sempre fruto de uma reflexão pessoal consciente, que pode ser chamada de interiorização. É essa interiorização das normas que qualifica um ato como sendo moral. Por exemplo: existe uma norma no código de trânsito que nos proíbe de buzinar diante de um hospital. Podemos cumpri-la por razões íntimas, pela consciência de que os doentes sofrem com isso. Nesse caso houve a interiorização da norma e o ato é um ato moral. Mas, se apenas seguimos a norma por medo das punições previstas pelo código de trânsito, não houve o processo de interiorização e meu ato escapa do campo moral. Conforme afirmações anteriores, dizemos que a ética não se confunde com a moral. A moral é a regulação dos valores e comportamentos considerados legítimos por uma determinada sociedade, um povo, uma religião, uma certa tradição cultural etc. Há morais específicas, também, em grupos sociais mais restritos: uma instituição, um partido político... Há, portanto, muitas e diversas morais. Isto significa dizer que uma moral é um fenômeno social particular, que não tem compromisso com a universalidade, isto é, com o que é válido e de direito para todos os homens. Exceto quando atacada: justifica-se dizendo-se universal, supostamente válida para todos. Mas, então, todas e quaisquer normas morais são legítimas? Não deveria existir alguma forma de julgamento da validade das morais? Existe, e essa forma é o que chamamos de ética. A ética é uma reflexão crítica sobre a moralidade. Mas ela não é puramente teoria. A ética é um conjunto de princípios e disposições voltados para a ação, historicamente produzidos, cujo objetivo é balizar as ações humanas. A ética existe como uma referência para os seres humanos em sociedade, de modo tal que a sociedade possa se tornar cada vez mais humana. A ética pode e deve ser incorporada pelos indivíduos, sob a forma de uma atitude diante da vida cotidiana, capaz de julgar criticamente os apelos a- críticos da moral vigente. Mas a ética, tanto quanto a moral, não é um conjunto de verdades fixas, imutáveis. A ética se move, 1

etica.doc

  • Upload
    dina

  • View
    219

  • Download
    3

Embed Size (px)

Citation preview

http://paginas

tica

IntroduoHistria da tica[...]

Desde a infncia, estamos sujeitos influncia de nosso meio social, por intermdio da famlia, da escola, dos amigos, dos meios de comunicao de massa, etc. Vamos adquirindo, aos poucos, idias morais. o aspecto social da moral se manifestando e, mesmo ao nascer, o homem j se defronta com um conjunto de regras, normas e valores aceitos em seu grupo social.

A moral, porm, no se reduz apenas a seu aspecto social, pois a medida que desenvolvemos nossa reflexo crtica passamos a questionar os valores herdados, para ento decidir se aceitamos ou no as normas. A deciso de acatar uma determinada norma sempre fruto de uma reflexo pessoal consciente, que pode ser chamada de interiorizao. essa interiorizao das normas que qualifica um ato como sendo moral. Por exemplo: existe uma norma no cdigo de trnsito que nos probe de buzinar diante de um hospital. Podemos cumpri-la por razes ntimas, pela conscincia de que os doentes sofrem com isso. Nesse caso houve a interiorizao da norma e o ato um ato moral. Mas, se apenas seguimos a norma por medo das punies previstas pelo cdigo de trnsito, no houve o processo de interiorizao e meu ato escapa do campo moral.

Conforme afirmaes anteriores, dizemos que a tica no se confunde com a moral. A moral a regulao dos valores e comportamentos considerados legtimos por uma determinada sociedade, um povo, uma religio, uma certa tradio cultural etc. H morais especficas, tambm, em grupos sociais mais restritos: uma instituio, um partido poltico... H, portanto, muitas e diversas morais. Isto significa dizer que uma moral um fenmeno social particular, que no tem compromisso com a universalidade, isto , com o que vlido e de direito para todos os homens. Exceto quando atacada: justifica-se dizendo-se universal, supostamente vlida para todos. Mas, ento, todas e quaisquer normas morais so legtimas? No deveria existir alguma forma de julgamento da validade das morais? Existe, e essa forma o que chamamos de tica. A tica uma reflexo crtica sobre a moralidade. Mas ela no puramente teoria. A tica um conjunto de princpios e disposies voltados para a ao, historicamente produzidos, cujo objetivo balizar as aes humanas. A tica existe como uma referncia para os seres humanos em sociedade, de modo tal que a sociedade possa se tornar cada vez mais humana. A tica pode e deve ser incorporada pelos indivduos, sob a forma de uma atitude diante da vida cotidiana, capaz de julgar criticamente os apelos a-crticos da moral vigente. Mas a tica, tanto quanto a moral, no um conjunto de verdades fixas, imutveis. A tica se move, historicamente, se amplia e se adensa. Para entendermos como isso acontece na histria da humanidade, basta lembrarmos que, um dia, a escravido foi considerada "natural". Entre a moral e a tica h uma tenso permanente: a ao moral busca uma compreenso e uma justificao crtica universal, e a tica, por sua vez, exerce uma permanente vigilncia crtica sobre a moral, para refor-la ou transform-la.

A tica est relacionada opo, ao desejo de realizar a vida, mantendo com os outros relaes justas e aceitveis. Via de regra est fundamentada nas idias de bem e virtude, enquanto valores perseguidos por todo ser humano e cujo alcance se traduz numa existncia plena e feliz. O estudo da tica talvez tenha se iniciado com filsofos gregos h 25 sculos atrs. Hoje em dia, seu campo de atuao ultrapassa os limites da filosofia e inmeros outros pesquisadores do conhecimento dedicam-se a seu estudo. Socilogos, psiclogos, bilogos e muitos outros profissionais desenvolvem trabalhos no campo da tica.

Quando na Antigidade grega Aristteles apresentou o problema terico de definir o conceito de Bem, seu trabalho era de investigar o contedo do Bem e no definir o que cada indivduo deveria fazer numa ao concreta, para que seu ato seja considerado bom ou mau. Evidentemente, esta investigao terica sempre deixa conseqncias prticas, pois quando definimos o Bem, estamos indicando um caminho por onde os homens podero se conduzir nas suas diversas situaes particulares.

A tica tambm estuda a responsabilidade do ato moral, ou seja, a deciso de agir numa situao concreta um problema prtico-moral, mas investigar se a pessoa pde escolher entre duas ou mais alternativas de ao e agir de acordo com sua deciso um problema terico-tico, pois verifica a liberdade ou o determinismo ao qual nossos atos esto sujeitos. Se o determinismo total, ento no h mais espao para a tica, pois se ela se refere s aes humanas e se essas aes esto totalmente determinadas de fora para dentro, no h qualquer espao a liberdade, para a autodeterminao e, conseqentemente, para a tica.

A tica pode tambm contribuir para fundamentar ou justificar certa forma de comportamentos moral. Assim, se a tica revela uma relao entre o comportamento moral e as necessidades e os interesses sociais, ela nos ajudar a situar no devido lugar a moral efetiva, real, do grupo social. Por outro lado, ela nos permite exercitar uma forma de questionamento, onde nos colocamos diante do dilema entre "o que " e o "que deveria ser", imunizando-nos contra a simplria assimilao dos valores e normas vigentes na sociedade e abrindo em nossas almas a possibilidade de desconfiarmos de que os valores morais vigentes podem estar encobrindo interesses que no correspondem s prprias causas geradoras da moral. A reflexo tica tambm permite a identificao de valores petrificados que j no mais satisfazem os interesses da sociedade a que servem. Jung Mo SUNG e Josu Cndido da SILVA (1995:17) nos do um bom exemplo do que estamos falando: "Na poca da escravido, por exemplo, as pessoas acreditam que os escravos eram seres inferiores por natureza (como dizia Aristteles) ou pela vontade divina (como diziam muitos na Amrica colonial). Elas no se sentiam eticamente questionadas diante da injustia cometida contra os escravos. Isso porque o termo "injustia" j fruto de juzo tico de algum que percebe que a realidade no o que deveria ser."Sendo a tica uma cincia, devemos evitar a tentao de reduzi-la ao campo exclusivamente normativo. Seu valor est naquilo que explica e no no fato de prescrever ou recomendar com vistas ao em situaes concretas. A tica tambm no tem carter exclusivamente descrito pois visa investigar e explicar o comportamento moral, trao inerente da experincia humana. No funo da tica formula juzos de valor quanto prtica moral de outras sociedades, mas explicar a razo de ser destas diferenas e o porque de os homens terem recorrido, ao longo da histria, a prticas morais diferentes e at opostas.

ProblemaA tica no algo superposto conduta humana, pois todas as nossas atividades envolvem uma carga moral. Idias sobre o bem e o mal, o certo e o errado, o permitido e o proibido definem a nossa realidade. Em nossas relaes cotidianas estamos sempre diante de problemas do tipo: Devo sempre dizer a verdade ou existem ocasies em que posso mentir? Ser que correto tomar tal atitude? Devo ajudar um amigo em perigo, mesmo correndo risco de vida? Existe alguma ocasio em que seria correto atravessar um sinal de trnsito vermelho? Os soldados que matam numa guerra, podem ser moralmente condenados por seus crimes ou esto apenas cumprindo ordens?

Essas perguntas nos colocam diante de problemas prticos, que aparecem nas relaes reais, efetivas entre indivduos. So problemas cujas solues, via de regra, no envolvem apenas a pessoa que os prope, mas tambm a outra ou outras pessoas que podero sofrer as conseqncias das decises e aes, conseqncias que podero muitas vezes afetar uma comunidade inteira. O homem um ser-no-mundo, que s realiza sua existncia no encontro com outros homens, sendo que, todas as suas aes e decises afetam as outras pessoas. Nesta convivncia, nesta coexistncia, naturalmente tm que existir regras que coordenem e harmonizem esta relao. Estas regras, dentro de um grupo qualquer, indicam os limites em relao aos quais podemos medir as nossas possibilidades e as limitaes a que devemos nos submeter. So os cdigos culturais que nos obrigam, mas ao mesmo tempo nos protegem. Pois so freqentes as queixas sobre falta de tica na sociedade, na poltica, na indstria e at mesmo nos meios esportivos, culturais e religiosos.

Com base nestes questionamentos anteriores, cada uma com sua importncia, iremos trabalhar, analisar um grande problema nas organizaes: "A FALTA DE TICA PROFISSIONAL?", ou seja, o do trabalho e exerccio profissional, um dos campos mais carentes, no que diz respeito aplicao da tica. Por esta razo, executivos e tericos em administrao de empresas voltaram a se debruar sobre questes ticas. A lgica alimentadora desse processo no idealista nem "cor de rosa". lgica do capital que, para poder sobreviver, tem que ser mais tico, evitando cair na barbrie e autodestruio. So os prprios pressupostos da disputa empresarial que foram a adoo de um modelo mais tico.

A tica profissional estudaria e regularia o relacionamento do profissional com sua clientela, visando a dignidade humana e a construo do bem- estar no contexto scio- cultural onde exerce sua profisso. Quando falamos de tica profissional estamos nos referindo ao carter normativo e at jurdico que regulamenta determinada profisso a partir de estatutos e cdigos especficos.

Acontece que, em geral, as profisses apresentam a tica firmada em questes muito relevantes que ultrapassam o campo profissional em si. Questes como aborto, pena de morte, seqestro, eutansia, AIDS, por exemplo, so questes morais que se apresentam como problemas ticos porque pedem reflexo profunda e, um profissional, ao se debruar sobre elas, no o faz apenas como tal, mas como um pensador, um filsofo da cincia, ou seja, da profisso que exerce. Desta forma, a reflexo tica entra na moralidade de qualquer atividade profissional humana.

Sendo a tica inerente vida, sua importncia bastante evidenciada na vida profissional, porque cada profissional tem responsabilidades individuais e responsabilidades sociais, pois envolvem pessoas que dela se beneficiam.

A tica ainda indispensvel ao profissional, porque na ao humana "o fazer" e "o agir" esto interligados. O fazer diz respeito competncia, eficincia que todo profissional deve possuir para exercer bem a sua profisso. O agir se refere conduta do profissional, ao conjunto de atitudes que deve assumir no desempenho de sua profisso.

Existem vrios mtodos que devemos aplic-los para a Educao tica em Empresas e Organizaes, iremos citar alguns no decorrer do texto abaixo.

Esforos de empresas para cultivar valores ticos devem incluir palestras inspiradoras, treinamento em tica e educao aos empregados que esto confusos em relao s questes ticas. Esse trabalho vem sendo realizado de diversas formas.

[...]JustificativasDevido a grande necessidade e importncia, decidimos falar um pouco sobre tica, a qual tem sido o principal regulador do desenvolvimento histrico cultural da humanidade. Sem tica, ou seja, sem a referncia a princpios humanitrios fundamentais comuns a todos os povos, naes, religies etc., a humanidade j teria se despedaado at autodestruio. Tambm verdade que a tica no garante o progresso moral da humanidade. O fato de que os seres humanos so capazes de concordar minimamente entre si sobre princpios como justia, igualdade de direitos, dignidade da pessoa humana, cidadania plena, solidariedade etc., cria chances para que esses princpios possam vir a ser postos em prtica, mas no garante o seu cumprimento. As naes do mundo j entraram em acordo em torno de muitos desses princpios. A "Declarao Universal dos Direitos Humanos", pela ONU (1948), uma demonstrao de o quanto a tica necessria e importante. Mas a tica no basta como teoria, nem como princpios gerais acordados pelas naes, povos, religies etc. Nem basta que as Constituies dos pases reproduzam esses princpios (como a Constituio Brasileira o fez, em 1988). preciso que cada cidado e cidad incorpore esses princpios como uma atitude prtica diante da vida cotidiana, de modo a pautar por eles seu comportamento. Isso traz uma conseqncia inevitvel: freqentemente o exerccio pleno da cidadania (tica) entra em coliso frontal com a moral vigente... At porque a moral vigente, sob presso dos interesses econmicos e de mercado, est sujeita a freqentes e graves degeneraes.

Tem se falado muito em tica , no s no Brasil, e sim em vrios outros pases. Mas temos motivos de sobra para nos preocuparmos com a tica no Brasil. O fato que em nosso pas assistimos a uma degradao moral acelerada, principalmente na poltica. Ou ser que essa baixeza moral sempre existiu? Ser que hoje ela est apenas vindo a pblico? Uma ou outra razo, ou ambas combinadas, so motivos suficientes para uma reao tica dos cidados conscientes de sua cidadania. O tipo de desenvolvimento econmico vigente no Brasil tem gerado estruturalmente e sistematicamente situaes prticas contrrias aos princpios ticos: gera desigualdades crescentes, gera injustias, rompe laos de solidariedade, reduz ou extingue direitos, lana populaes inteiras a condies de vida cada vez mais indignas. E tudo isso convive com situaes escandalosas, como o enriquecimento ilcito de alguns, a impunidade de outros, a prosperidade da hipocrisia poltica de muitos etc. Afinal, a hipocrisia ser de todos se todos no reagirem eticamente para fazer valer plenamente os direitos civis, polticos e sociais proclamados por nossa Constituio:

"Constituem objetivos fundamentais da Repblica Federativa do Brasil : construir uma sociedade livre, justa e solidria; garantir o desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza e a marginalizao e reduzir as desigualdades sociais e regionais; promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raa, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminao". (Art. 3 da Constituio da Repblica Federativa do Brasil, 1988).Observada em tese, em seu sentido geral, a profisso, como exerccio habitual de uma tarefa, a servio de outras pessoas, insere-se no complexo da sociedade como uma atividade especfica.

Diante do exposto, decidimos falar sobre a falta de tica profissional, pois toda profisso traz benefcios recprocos a quem pratica e a quem recebe o fruto do trabalho, tambm exige, nessas relaes, a preservao de uma conduta condizente com os princpios ticos especficos.

O agrupamento de profissionais que exercem o mesmo ofcio termina por criar as distintas classes profissionais e tambm a conduta pertinente.

Existem aspectos claros de observao do comportamento, nas diversas esferas em que ele se processa: perante o conhecimento, perante o cliente, perante o colega, perante a classe, perante a sociedade, perante a prtica, perante a prpria humanidade como conceito global.

A considerao tica, sendo relativa, tambm hoje se analisa do ponto de vista da necessidade de uma conduta de efeitos amplos, globais, mesmo diante de povos que possuem tradies e costumes diferentes.

[...]

Fonte

FERREIRA, Danielle Roncada; ARAJO, Francisco Jocione Sousa; ALVES, Ricardo Jos. tica. Disponvel em: . Acesso em: 09 mar. 2006.1