EU CREIO - Pequeno Catecismo Católico

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EU CREIO Pequeno Catecismo CatlicoUm catecismo deve apresentar, com fidelidade e modo orgnico, o ensino da Sagrada Escritura, da Tradio viva da Igreja e do Magistrio autntico, bem como a herana espiritual dos Padres, dos santos e santas da Igreja, para permitir conhecer melhor o mistrio cristo e reavivar a f do Povo de Deus. Deve ter em conta as explicitaes da doutrina que, no decurso dos tempos, o Esprito Santo sugeriu Igreja. tambm necessrio que ajude a iluminar, com a luz da f, as novas situaes e os problemas que no passado ainda no tinham surgido. O Catecismo incluir, portanto, coisas novas e velhas (cf. Mt 13,52), porque a f sempre a mesma e, simultaneamente, fonte de luzes sempre novas. (Constituio Apostlica "Fidei Depositum")

FUNDAO AJUDA IGREJA QUE SOFRE Organizao Pblica Universal Dependente da Santa S Rua Professor Orlando Ribeiro, 5 D, Pao do Lumiar, Telheiras. 1600-796 LISBOA Tel.: 21 754 40 00 Fax: 21 754 00 01 (Portugal) A Congregao para o clero, de acordo com a Congregao para a doutrina da F, aprovou, em 5 de Fevereiro de 1997, o texto do Pequeno Catecismo Catlico "Eu creio", atravs de uma carta de Mons. Dario Castrilln, com o nmero de protocolo 97/000347.

Textos: Eleonore Beck. Ilustraes: Bradi Barth Traduo: Ajuda Igreja que Sofre Direitos Exclusivos: Kirche in Not, 1999. Editorial Verbo Divino, 1999. Cum licentia ecclesiastica. Printed in Spain. Fotocomposio: Fonasa. Impresso: Mateu Cromo, S.A., 28320 Pinto (Madrid) Depsito Legal: M. 13.552-2000.

A CONFIANA DOS CRISTOS: A PROFISSO DE F APOSTLICA1. Creio em Deus, Pai Todo-Poderoso"Ide por todo o mundo e proclamai o Evangelho a toda a criatura" (Mc 16,15). "Ide, pois, e ensinai todas as gentes, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Esprito Santo, ensinando-as a observar tudo o que vos mandei" (Mt 28,19-20). Eis a misso que Jesus confiou aos seus apstolos. A mesma que os apstolos transmitiram aos seus seguidores: a misso da Igreja, hoje. A Igreja testemunha e anuncia para que todos possam crer e esperar, viver e amar como Jesus acreditou e esperou, viveu e amou. Ela guarda a tradio sagrada e protege-a da falsificao e do erro. A profisso de f nasceu na Igreja como recapitulao vlida da mensagem transmitida pelos apstolos. Todos aqueles que, por ocasio do seu Batismo, so interrogados sobre a sua f, confessam com as mesmas palavras a sua pertena a Deus Pai, a Jesus Cristo, seu Filho e ao Esprito Santo. A profisso de f (Credo) de todos os cristos comea pela palavra "Eu". Porque no seio da comunidade, cada pessoa tem a sua prpria histria com Deus. Ningum pode dizer "eu" pelo outro. Quem diz "sim" a Deus deve saber a que se compromete. Por isso, importante que cada cristo aprenda a conhecer e a compreender o texto fundamental da sua f.

1.1 Eu creioEu sou uma pessoa e nasci rapaz ou rapariga. Tenho um pai e uma me, irmos, irms e familiares. Vivo em sociedade com muitas pessoas, animais e plantas, e com tudo o que cresce na terra. Os homens podem ver e ouvir, aprender e reter, pensar e fazer projetos. Podem construir casas, domesticar animais, curar doenas, transmitir a vida. Investigam o universo e so capazes de viajar at lua, atravessar os mares e inventar bombas que destroem a vida sobre a terra. So capazes de observar e estabelecer comparaes. Os homens comunicam, aprendem uns dos outros, necessitam-se mutuamente. O que difcil torna-se fcil quando h algum a quem posso dizer: conto contigo; tens boas intenes para comigo. Escuto o que me dizes: confio em ti. Tu ajudas-me sempre a levantar e ds-me esperana. Quero apoiar-me em ti. Acredito em ti.

Um amigo fiel uma poderosa proteo; quem o encontrou, descobriu um tesouro. ECLESISTICO 6,14

1.2 Creio em DeusAs pessoas acreditam em si mesmas. Mas muitas acreditam tambm em algo que as ultrapassa. Acreditam em Deus. Esperam d'Ele uma resposta que ultrapassa toda a capacidade de conhecimento. Porque estou na terra? Porque temos de morrer? Donde procede a diversidade da vida? Existe uma causa ltima que d sentido vida e tambm ao sofrimento? Em todas as pocas e em todos os povos, os homens procuram Deus. Procuram-n'O para aprender d'Ele a compreenderem-se e a compreender o mundo. Todo o homem pode reconhecer a mo eficiente de Deus na ordem diversificada da criao. As obras so o reflexo d'Aquele que as criou. Existe uma maneira mais direta de encontrar Deus e de estar seguro da sua existncia. Testemunham-no os profetas da Primeira Aliana, enviados por Deus. Um mestre da Igreja primitiva escreve: "Muitas vezes e de muitos modos falou Deus a nossos pais, nos tempos antigos, por meio dos profetas. Nestes dias, que so os ltimos, falou-nos por meio do Filho" (Hb 1,1). Os cristos confiam no testemunho da Bblia. Acreditamos que Deus escolheu o pequeno povo de Israel, entre todos os povos da terra, para estabelecer com ele uma aliana. Atravs deste povo, todos os povos da terra aprendero que Deus existe e que Ele tem um plano para os homens. A histria desta aliana divina com Israel encontra-se nos livros do Antigo Testamento. Atravs das histrias bblicas dos encontros, aprendemos a conhecer a Deus. Aprendemos quem Deus e o que Ele quer do homem ou para o homem. Moiss pastava o seu rebanho no deserto. V ento uma sara ardendo sem se consumir pelo fogo. Ouve a voz que lhe diz: "Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abrao, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob... Eu bem vi a opresso do meu povo que est no Egito, e ouvi o seu clamor...; conheo, na verdade, os seus sofrimentos" (Ex 3,6-7). O Deus transcendente e todo-poderoso uniu-Se a esses homens. Sofreu com eles. Atravs de Moiss quer conduzi-los liberdade. Moiss estremece, no quer aceitar essa misso. Pede que, do meio do fogo, lhe diga o seu nome. Deus diz-lhe: "Eu sou aquele que ". No um nome habitual. Deus est a para o homem. Deus est a! E isto vlido para todos os homens e para todos os tempos.

E agora, eis o que diz o Senhor, o que te criou... Nada temas, porque Eu te resgatei, e te chamei pelo teu nome; tu s meu. Se tiveres de atravessar as guas, estarei contigo, e os rios no te submergiro. Se caminhares pelo fogo, no te queimars, e as chamas no te consumiro. Porque Eu, o Senhor, sou o teu Deus; Eu, o Santo de Israel, sou o teu salvador. ISAAS 43,1-3

J, um homem piedoso que confiou a sua vida a Deus, descobre-O de outra maneira: a desgraa cai sobre ele. Bandos de ladres roubam-lhe os seus rebanhos e matam os pastores. Os seus filhos, sete vares e trs filhas, ficam sepultados sob as runas da sua casa, que desabara sobre eles. Ele prprio contrai lepra: o seu corpo cobre-se de chagas. Permanece sentado sobre um monte de cinzas e raspa-se com um caco de telha. No possvel que Deus envie tantas desgraas ao piedoso J! A mulher e os amigos tentam convenc-lo a separar-se de Deus, visto que lhe paga to mal o bem que Lhe faz. Mas J est certo disto: se aceitamos de Deus o bem que Ele nos envia, no devemos aceitar tambm o mal? Acreditar significa: Confiar em Deus, saber que Ele existe para todos os homens, que Ele os conhece e os ama. Estar certo de que Deus existe para mim, me conhece e me ama. Amar a Deus com todo o meu corao, com todas as minhas foras e com todas as minhas capacidades. Dizer sim a Deus, escutar a sua palavra, fazer a sua vontade.

Numa cidade em runas, foi encontrada, na parede dum refgio, a profisso de f dum perseguido: Creio no sol, mesmo quando ele no brilha. Creio no amor, mesmo que no o sinta. Creio em Deus, mesmo quando Ele Se cala.Conhecimento de Deus: "As faculdades do homem tornam-no capaz de conhecer a existncia de um Deus pessoal. Mas para que o homem possa entrar na sua intimidade, Deus quis revelar-Se ao homem e conceder-lhe a graa de poder acolher essa revelao na f. Contudo, as provaes sobre a existncia de Deus podem dispor f e ajudar a ver que a f no se ope razo humana" (Catecismo da Igreja Catlica 35). Bblia - Antigo Testamento: Bblia significa "livro". Designa-se assim o livro que rene os escritos que a Igreja reconhece como "Sagrada Escritura". A primeira parte, a mais extensa, o Antigo Testamento, contm os livros nos quais o povo de Israel testemunha as grandes obras de Deus e da sua prpria histria. Contm trs partes distintas: A Lei (Pentateuco = os cinco livros de Moiss), os Livros Profticos, e os "Escritos" (histricos, poticos e sapienciais). Os escritos do Antigo Testamento foram redigidos durante o milnio que precedeu o nascimento de Jesus. A segunda parte da Bblia, menor, constitui o "Novo Testamento" (cf. 3.4). Aliana: A palavra significa o pacto que Deus fez com No, com Abrao, e com todo o povo no Monte Sinai. A aliana para Israel o penhor da eleio. "Eu serei o vosso Deus, e vs sereis o meu povo". Os "Dez Mandamentos" constituem as regras da aliana. Todos os anos, Israel celebra a festa da aliana. Dado que o Deus fiel concluiu esta aliana, os homens podem confiar n'Ele. Mesmo no meio das maiores adversidades, os homens piedosos no perdem a esperana. Aguardam uma nova aliana que Deus oferecer ao seu povo. A

Igreja proclama Jesus como Messias, Cristo, atravs do qual Deus realiza essa esperana.

1.3 Creio em Deus, Pai Todo-PoderosoOs que crem falam com Deus. Procuram palavras que exprimam a grandeza de Deus e expliquem que Ele diferente: Tu s Santo, Tu s Glorioso, Tu s o Altssimo. Prostram-se a seus ps e adoram-n'O. Muitos justos, dos quais fala o Antigo Testamento, acreditam que aquele que vir a Deus face a face morrer necessariamente. Mas o Antigo Testamento conhece homens cujo maior desejo contemplar o rosto de Deus. So homens que tudo o que desejam estar com Deus, porque acreditam, com f, que o homem no pode ser feliz se no est junto de Deus. Acreditam que Deus castiga o pecado, mas sabem igualmente que o seu amor e a sua misericrdia so imensamente maiores do que a sua ira. Eles dizem: Deus no quer humilhar-nos. Deus no amedronta as pessoas. Ele ama-as e quer ser amado. Ele diz de Si mesmo: "Como uma me consola o seu filho, assim Eu vos consolarei" (Is 66,13). E tambm: "Chamar-Me-s 'Meu Pai' e no te afastars de Mim" (Jr 3,19). Um justo que conhece bem a Deus, diz: "Tal como um pai se compadece de seus filhos, assim o senhor Se compadece dos que O temem" (Sl 103,13). Que Deus nos parea, por vezes, afastado, estranho e inacessvel, faz parte do mistrio do seu amor. E tambm que Ele nos faa sentir que os seus pensamentos e os seus caminhos no so os nossos (cf. Is 55,8). Quando os poderes do mal prevalecem, Deus pode parecer-nos, por vezes, impotente. E, no entanto, quando sentimos faltar-nos as foras, ainda vlida a palavra que o enviado de Deus dirigiu a Abrao que duvidava - sendo ancio de noventa anos de idade - que fosse possvel nascer-lhe um filho: "A Deus nada impossvel". a mesma palavra que o anjo diz a Maria na Anunciao. Aos que esto cansados de tanto trabalho, Deus sai ao seu encontro tomando-os nos seus braos. Procura os que esto ss e senta-Se a seu lado, como uma me. Enxuga as lgrimas dos que j perderam a esperana. Tranquiliza os que tm dvidas. O seu sorriso anima os desencorajados. Nada nem ningum capaz de resistir a Deus. O seu brao nunca demasiado curto para ajudar. isto principalmente o que queremos dizer quando afirmamos: Deus todo-poderoso. Todo-poderoso para ajudar, para perdoar e para fazer o bem. Todo o mal estranho sua natureza.

O amor de Deus como uma mo qual nos podemos agarrar, como um luz que brilha na noite e nos indica o caminho.

2. Creio em Deus..., Criador do Cu e da Terra

Os homens perguntam admirados: donde vem o mundo? Donde procede esta diversidade da vida? Quem decidiu sobre o curso dos astros que determinam o tempo do Vero e do Inverno, as sementeiras e as colheitas, o dia e a noite? Quem proporcionou a ordem s plantas e aos animais e concedeu a fertilidade terra? Quem faz brotar a vida no seio das mes? O que que existiu no princpio e qual ser o fim? Os homens que sofrem, queixam-se: Quem faz estremecer a terra e provoca as inundaes? Quem retm as guas para secar a terra? Donde vem a desgraa, a doena, a morte? Donde vem o mal e quem lhe d o poder de encher o corao humano? Acabar o mal por vencer o bem? Ser a morte mais forte que a vida? Em todo o mundo se ouvem as mesmas interrogaes que angustiam os homens. Os mais sbios de entre todos os povos buscam uma resposta. Falam do mistrio dos comeos, das obras da divindade e da sua histria com a humanidade: so os relatos das origens. Os sacerdotes de Israel, iluminados pelo Esprito de Deus, formulam a sua f em Deus, "criador do cu e da terra". Esta confisso de f to importante que eles a situam no princpio da Bblia. Relatos das origens: Fala-se, por vezes, do "relato da criao" no princpio da Bblia correndo o risco de interpretar o captulo inicial do primeiro livro bblico como a descrio mais ou menos exata dos acontecimentos relatados nesse primeiro captulo. Quando se diz, por exemplo, que Deus criou o mundo em seis "dias" (fala-se dos seis dias de "trabalho" divino), a palavra "dia" no significa as vinte e quatro horas do dia. A imagem pretende sublinhar que com a criao de Deus, o tempo comea o seu percurso, e tambm que as diferentes criaturas ficam ligadas umas s outras. O texto que a Bblia nos transmite no nos diz como que o universo comeou, mas quem que o fez. O povo de Israel professa neste hino a sua f em Deus, o qual existia antes do comeo e que permanece fiel sua criao at sua consumao.

2.1 Tudo procede de Deus"No princpio Deus criou o cu e a terra" (Gn 1,1). Com esta frase comea a Bblia. "No princpio" significa: quando ainda no havia nenhum ser humano na terra, nenhum homem, nenhuma mulher, nenhuma criana, nenhum animal para deixar o seu rasto na floresta e nos campos, nenhum pssaro para cantar, nenhum peixe para nadar nas guas, nenhum raio de sol para anunciar o dia nem a lua a iluminar o cu, nem uma estrela a iluminar a noite, nenhum mar, nem altura nem profundidade, nem direita nem esquerda. No princpio havia Deus: "O seu esprito pairava sobre as guas" (Gn 1,2). Ns dizemos: "Creio em Deus, criador do cu e da terra", e queremos dizer com isto que o mundo e tudo o que ele contm no surgiu de si mesmo nem do acaso, mas surgiu porque Deus assim o quis; sem Ele no haveria vida. Ns dizemos: Ele criou o mundo do "nada": o menor tomo, a galxia mais distante. Por isso os homens podem reconhecer o rasto de Deus nas suas criaturas mesmo desconhecendo-O. "Pois, na grandeza e formosura das criaturas podemos ver, por analogia, o seu autor" (Sb 13,5). Os homens partem descoberta do seu meio vital, a "Terra". Explicam como a diversidade da vida evoluiu ao longo dos milnios. A nossa imagem do mundo diferente da imagem bblica. Acerca dos comeos, da causa ltima da vida, existem vrias respostas: ns no acreditamos no acaso, mas sim que o Deus vivo a causa original de todos os comeos.

Atravs da f neste Deus, podemos adotar um ponto de vista que nos permita compreender o mundo e a ns mesmos. E porque acreditamos, podemos confiar que o mundo e o homem esto seguros n'Aquele que existia j no princpio. Deus cheio de bondade para conosco. O povo de Israel experimentou-o muitas vezes, e cada crente experimenta-o na sua prpria vida.

Algum que refletiu muito, louva a Deus assim: "Tu tens compaixo de todos, pois tudo podes e desvias os olhos dos pecados dos homens, a fim de os levar converso. E como subsistiria uma coisa, se Tu a no quisesses? Ou como se conservaria, se no tivesse sido chamada por Ti? Mas Tu poupas a todos, porque todos so teus, Senhor, que amas a vida!" SABEDORIA 11,23.25-26Deus: Pai, Filho e Esprito Santo: Os cristos louvam Deus-Pai que criou o cu e a terra. Louvamos Jesus Cristo, Filho de Deus, que desde sempre est unido ao Pai, porque o Verbo (ou a Palavra), pelo qual todas as coisas foram feitas (Jo 1, 1-3). Louvamos o Esprito Santo de Deus, o qual pairava sobre as guas, no princpio (Gn 1,2), que d a vida e a preserva ao longo dos tempos. Rezamos assim: Glria ao Pai, ao Filho e ao Esprito Santo. Imagem do mundo: Na poca em que foram escritos os livros bblicos, acreditava-se que a terra era um disco redondo suportado por colunas assentes no fundo do mar. Debaixo dela estaria o reino dos mortos: acima dela, a abbada celeste separando as guas superiores das guas inferiores. A chuva cai de cima sobre a terra seca. "Cu e terra" significa todo o universo.

2.2 O homem procede de DeusO homem chegou tardiamente terra. Os oceanos e os continentes, as plantas e os animais existiam muito antes dele. Israel proclama: No sexto dia, no ltimo dia da sua obra, Deus criou o homem. O homem que vive com as plantas e os animais e que, contudo, diferente e "bem mais" do que eles. E o que querem dizer-nos os sacerdotes de Israel quando afirmam que Deus criou o homem sua imagem. Deus criou o ser humano, homem e mulher, para que sejam companheiros um do outro e se ajudem mutuamente. no amor de um pelo outro que chegam a ser plenamente humanos. juntos que transmitem a vida, a sua sabedoria, a sua experincia, o seu amor. Porque o ser humano, homem e mulher, semelhante a Deus, capaz de conhecer e amar a Deus, os outros homens e os animais. O ser humano pode descobrir e investigar a terra, servir-se dela e transformla. Mas pode tambm polu-la e destru-la. Considera-se a si mesmo, e com razo, "senhor" da terra. A sua grandeza, porm, no vem dele mesmo. Deus destinou as ltimas criaturas para que sejam as primeiras, a fim de cuidarem no s de si mesmas e dos filhos, mas tambm de tudo o que cresce sobre a terra.

Deus confia ao homem a tarefa de ser companheiro fiel dos animais e das plantas, a fim de que ele proteja e defenda a vida, que no explore a terra, mas a preserve, que proporcione a cada criatura o que ela necessita. O homem e a mulher, conjuntamente, so responsveis pela terra. O homem e a mulher so ambos semelhantes a Deus.

Senhor, a nossa terra apenas um pequeno astro no grande universo. Depende de ns fazer dela um planeta cujas criaturas no sejam atormentadas pela guerra, torturadas pela fome e pelo medo, divididas pela absurda separao de raas, de cores e de ideologias. Concede-nos a coragem e a lucidez de comear j hoje esta tarefa, a fim de que os nossos filhos e os filhos dos nossos filhos possam, um dia, usar com orgulho o nome de homens. ORAO DAS NAES UNIDAS

2.3 O bem ou o mal - a vida ou a morteLouvamos a Deus. Ele criou a terra. Toda a vida procede d'Ele. E toda a vida boa. Assim o acreditamos com f e, no entanto, experimentamos que no nosso mundo, mesmo dentro de ns, o mal tem muito poder. Em todo o lado podemos encontrar vestgios de Deus e tambm do mal, mesmo dentro do nosso corao. H pessoas que acreditam na existncia de dois deuses: um deus bom e um deus mau. Acreditamos, com o povo de Israel, num nico Deus. Ele criou toda a vida e quer que as suas criaturas O sirvam em liberdade. Mas elas abusam dessa liberdade e no querem servi-l'O. Israel conta que, entre os anjos que Deus criou para estarem junto d'Ele contemplando a sua glria, alguns rebelaram-se contra o prprio Deus. No podendo j permanecer junto de Deus, andam pelo mundo dos homens espalhando o mal. Dentre eles, existe um ao qual chamamos "demnio", que procura separar os homens de Deus e arrast-los para si. S. Pedro aconselha-nos a estarmos atentos s tentaes do mal e fraqueza humana. Por isso diz-nos: "Sede sbrios, estai vigilantes: o vosso inimigo, o demnio, anda vossa volta como um leo que ruge, procurando a quem devorar. Resisti-lhe firmes na f" (1 Pd 5,8-9). Acreditamos que Deus destruir as foras do mal, no ltimo Dia, quando Ele fizer acabar o mundo. Ento comear uma nova vida, definitiva (cf. Ap 20,714). Mas enquanto decorre o tempo histrico, o mal continua prejudicando os homens. O homem livre: pode colocar-se do lado de Deus, escutar a sua Palavra e colaborar com Ele. Mas pode tambm pr-se do lado do demnio, ser seu interlocutor e fazer mal a si prprio e ao mundo. A Bblia conta-nos uma histria-chave sobre Ado e Eva, o "primeiro homem". Uma histria que se refere a todos os homens, qualquer que seja o momento e o lugar em que vieram ao mundo. Eva conhece perfeitamente o mandamento de Deus. Sabe que se trata de vida ou morte. E, contudo, ela escuta a voz do tentador: "ser como Deus", "conhecer o bem e o mal", parece-lhe apetecvel. Eva come do fruto da rvore proibida e d-o tambm a comer a Ado. Abrem-se-lhes os olhos, reconhecem a sua prpria

misria, a sua prpria debilidade. Escondem-se de Deus e receiam Aquele que seu amigo. Atravs de Eva, a me de todos os viventes, todos os seres humanos participam dessa mesma culpa (o pecado original). Uma dura herana. Os homens estariam perdidos se Deus no os amasse e no lhes permanecesse fiel.

Donde me vir o auxlio? O meu auxlio vem do Senhor, que fez o cu e a terra. No permitir que vacilem os teus passos, no dormir Aquele que te guarda. No h de dormir nem adormecer Aquele que guarda Israel. O Senhor quem te guarda, o Senhor est a teu lado, Ele o teu abrigo. O Senhor te defende de todo o mal, o Senhor vela pela tua vida. Ele te protege quando vais e quando vens, agora e para sempre. SALMO 121,2-5,7-8Anjos: Seres espirituais que rodeiam o trono de Deus, O louvam e adoram. Eles cumprem a misso divina de proteger e guardar os homens. Por isso so designados por "anjos da guarda" (SI 91,11). Deus envia os seus anjos terra como mensageiros. Gabriel diz a Maria que ela foi escolhida para ser a Me de Jesus. Durante a noite santa, os anjos cantam louvores a Deus nos campos de Belm. Demnio: A Bblia aplica ao adversrio de Deus muitos nomes que indicam a sua ao malfica: Satans, Belzebu, Tentador, Prncipe das Trevas, Pai da Mentira, Prncipe deste Mundo. Pecado original, falta original: Esta expresso significa a ao continuada daquele pecado que, desde o princpio, pesa sobre a histria de Deus com a humanidade. Todos os homens so herdeiros desta falta. "Como consequncia do pecado original, a natureza humana ficou enfraquecida nas suas foras, sujeita ignorncia, ao sofrimento e ao domnio da morte, e inclinada ao pecado" (Catecismo da Igreja Catlica 418).

3. E em Jesus Cristo, seu nico Filho, Nosso SenhorQuando Jesus atingiu a idade de trinta anos, saiu de Nazar, a sua aldeia, e foi ao encontro de Joo Baptista, nas margens do Jordo. Depois, levou uma vida de pregador itinerante nas aldeias e vilas dos arredores do lago de Tiberades. Comeou ali a pregar a Boa-Nova de Deus, dizendo: "Completouse o tempo e est prximo o Reino de Deus. Convertei-vos e acreditai no Evangelho" (Mc 1,14-15). As pessoas que o contactam percebem logo que Ele no como os outros. Juntam-se sua volta, querem estar perto. Escutar o que Ele diz e ver o que Ele faz. Admiram-n'O porque Ele fala sobre Deus e a natureza humana de modo distinto dos mestres das sinagogas.

Aos que a Ele vm, Jesus diz: Deus deseja o vosso bem, quer facilitar-vos a vida. Ele no despreza os pobres e quer perdoar o pecado dos que fizeram o mal. Jesus diz: No temais a Deus; amai-O. Ele deseja uma s coisa: que acrediteis na mensagem que vos trago.

Jesus disse: O Filho do homem veio procurar e salvar o que estava perdido. EVANGELHO SEGUNDO SO LUCAS 19,10Joo Baptista: Filho do sacerdote Zacarias e de sua esposa Isabel que haviam envelhecido sem terem filhos. O anjo Gabriel anuncia a Zacarias, no templo de Jerusalm, o nascimento de um filho que se chamar Joo - que significa "Deus clemente". Joo Baptista um eleito. Vive no deserto. Aos que a ele vm, diz: "O Reino dos Cus est prximo, arrependei-vos". Ele batiza no Jordo em arrependimento dos pecados. o ltimo profeta de Israel, o precursor de Jesus. Sinagoga: a casa de orao dos judeus. Naquele tempo os sacrifcios eram oferecidos unicamente no templo de Jerusalm. Mas, em todas as aldeias e vilas, havia lugares de orao: as sinagogas.

3.1 Jesus, o CristoO povo judeu tem uma longa histria com Deus. Tem tambm uma histria com a humanidade e, neste contexto, sofreu as provaes de qualquer outro pequeno povo que tem vizinhos poderosos. Acabou por ser conquistado e ocupado pelos romanos. Muitos perderam a esperana. E questionavam: Deus esqueceu-nos? A sua aliana j no vlida? No Se lembra de que, por meio dos profetas, nos prometeu um salvador? Um salvador que nos devolver a liberdade e a alegria de viver. Que expulsar do nosso pas os estrangeiros. Que estimar mais a justia do que os bens e que as origens sociais. Que restituir ao povo a sua dignidade humana e aos escravos o seu nome. Que servir a Deus e nos mostrar como podemos viver honrando a Deus. Ns os cristos acreditamos e proclamamos: Jesus esse Cristo, o Messias. Deus enviou-O e ungiu-O com o seu Esprito (cf. Is 61,1; Lc 4,18). Ele o salvador que Deus havia prometido ao seu povo e a todos os outros. Ele redimir os pecados do seu povo (cf. Mt 1,21). Ele Aquele que todos os homens piedosos esperam: o seu nome Jesus Cristo.

Jesus de Nazar, na Galileia: Algum que Deus nos envia Algum que vive humanamente Algum que defende os "humildes" Algum que no receia os "poderosos" Algum a quem querem calar. Ele no oferece resistncia, No Se defende, Abandona-Se. Porque Ele sofreu, o sofrimento tem sentido. Porque Ele confiou, os que duvidam refugiam-se n'Ele.

Porque Ele morreu, ns esperamos, Porque Ele ressuscitou, ns bendizemos o Pai e cantamos: Aleluia!Jesus: O nome de Jesus (abreviao de Jehoshua, Josu) era bastante corrente em Israel. Significa Deus (Jav) salva. Jesus cumpre a promessa do seu nome: Ele o salvador, traz a salvao. Eis porque Lhe chamamos Salvador e Redentor. Cristo: a traduo grega da palavra hebraica "Messias", "Ungido". Um ttulo atribudo aos reis de Israel. Reis e sacerdotes, ao serem entronizados nos seus cargos, eram ungidos com leo sagrado, sinal de que tinham o direito de agir em nome de Deus. Quando Israel fala do "Ungido", do "Messias", trata-se do rei que, enviado e protegido por Deus, dever libertar o povo da dominao romana e reinar em Jerusalm, sobre o trono de David. Os cristos confessam que Jesus de Nazar esse Messias, o Filho de Deus. No Batismo, na Confirmao, na Ordenao, so ungidos com o leo sagrado, sinal eficaz da sua presena na comunidade de Jesus Cristo.

3.2 Jesus Cristo, Filho de DeusJesus Cristo, o Messias, fala de Deus como mais ningum o fez, de um modo nico: direto e ntimo. Em tudo o que diz ou faz, um com o Pai. Ele conhece a vontade do Pai. No necessita dos Livros Sagrados nem de mestres para aprender. Por isso Jesus pode contradizer os doutores da Lei quando estes, em nome de Deus, restringem a liberdade das pessoas que lhes esto confiadas, dificultando-lhes a vida. Jesus aproxima os homens de Deus e traz Deus aos homens. Cura os doentes ao sbado. Come com os publicanos e no evita os excludos da sociedade e das cerimnias religiosas. Perdoa em nome de Deus aos que cometeram pecados e encoraja-os a mudar o seu modo de viver. Muitos homens e mulheres encontram-se com Jesus. Alguns perguntam: Quem este homem? Um profeta de Deus, talvez? Outros enchem-se de espanto e confiam n'Ele. Outros perguntam com desconfiana: Quem Lhe ter dado to grande poder? Outros dizem Ele blasfema. Outros, ainda, comentam: Cristo, quando vier, far milagres maiores do que o que este faz? (Jo 7,31). Mas todos, qualquer que seja a sua opinio, sentem que o mistrio do ser de Jesus est relacionado intimamente com Deus. Em Israel, quando se queria dizer que uma pessoa estava particularmente unida a Deus, dizia-se: um "filho de Deus". Ao povo de Israel, por ser o eleito, chamamos-lhe "filho de Deus" (Ex 4,22). Aos reis que governam o povo em representao de Deus, que o Rei, -lhes dado no dia da sua entronizao e da sua uno, o ttulo honorfico de: "Tu s meu filho" (SI 2,7). Quando dizemos: "Jesus o Filho de Deus", queremos dizer mais do que isso. Jesus est unido a Deus de um modo muito mais ntimo que o rei ou o povo de Israel. Nada no mundo dos humanos comparvel relao de Jesus com o Pai. Os evangelistas sublinham este fato quando testemunham que Deus mesmo, em dois momentos cruciais da vida terrestre de Jesus, O proclamou seu "Filho muito amado": por ocasio do seu Batismo no Jordo, antes de Jesus iniciar a sua misso de pregador itinerante, e no Monte da Transfigurao, antes de Jesus subir a Jerusalm para a sofrer e morrer.

Quando Pedro, o primeiro dos apstolos, confessa: "Tu s o Cristo. O Filho do Deus vivo" (Mt 16,16), Jesus responde-lhe: "Bem-aventurado s tu, Simo, filho de Jonas, porque no foi a carne e o sangue que to revelou, mas meu Pai que est nos cus".

Jesus disse a Nicodemos: Deus amou tanto o mundo que lhe deu o seu Filho unignito, para que todo aquele que acredita n'Ele no se perca, mas tenha a vida eterna. EVANGELHO SEGUNDO SO JOO 3,16Publicanos: Cobram os impostos por conta do ocupante romano, assegurando assim os seus rendimentos. Por vezes exigem em excesso. So desprezados por todos e ningum deseja relacionar-se com eles. Filho de Deus: Jesus est unido a Deus de um modo diferente e mais ntimo do que o povo de Israel com os seus reis. Ele , como dizem os Padres da Igreja, "Deus de Deus, luz de Luz, nascido de Deus, da mesma natureza que o Pai". Apstolos: Apstolo significa "enviado", "mensageiro". Simo Pedro, Tiago e Joo, os filhos de Zebedeu, Andr, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tom, Tiago, o filho de Alfeu, Tadeu, Simo o Cananeu e Judas Iscariotes que O entregou (Mc 3,16-19). Doze homens que Jesus escolheu entre todos os seus discpulos. Pedro o primeiro dentre eles.

3.3 Jesus Cristo, Nosso SenhorO primeiro povo de Deus vive na sua aliana. Os reis reinam em seu nome. para O glorificar que os sacerdotes oferecem sacrifcios. Os seus mandamentos no so postos em dvida. Eles so a nica lei que obriga a todos, poderosos e humildes. Nas suas oraes, os judeus crentes dirigem-se ao seu "Senhor". O nome de Jav, "Eu sou Aquele que sou" ou "Eu sou Aquele que est", -lhes to sagrado que eles no o pronunciam nem escrevem, com receio de o profanar. Do graas a Deus, o "Senhor", que est prximo do seu povo, clemente e misericordioso, e que no exige mais do que ser amado "com todo o corao e com todas as foras". Quando os cristos chamam "Senhor" no s a Deus Pai mas tambm a Jesus Cristo ressuscitado dentre os mortos, confessam que Ele o Filho de Deus, proclamam ao mesmo tempo a sua confiana e manifestam a sua vontade de estar ao servio uns dos outros como Jesus lhes pediu, na vspera da sua Paixo:

Vs chamais-Me Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque o sou. Ora, se Eu, o Senhor e o Mestre, vos lavei os ps, tambm vs vos deveis lavar os ps uns aos outros. EVANGELHO SEGUNDO SO JOO 13,13-14Para os primeiros cristos, confessar Jesus, o Senhor, poderia ter consequncias fatais, pois os imperadores romanos, os "senhores do mundo", reivindicavam tambm este ttulo honorfico. Muitos cristos (os mrtires),

homens e mulheres, deram a sua vida no se deixando afastar da profisso de f em Cristo Jesus, nico Senhor. A Igreja de Cristo comea a celebrao da Eucaristia pela invocao grega "Kyrie eleison": Senhor, tem piedade. E no Glria, o cntico de louvor, confessa: "Pois s Vs sois o Santo, s Vs o Senhor, s Vs o Altssimo, Jesus Cristo, com o Esprito Santo na glria de Deus Pai".

Nisto se reconhecem os cristos: Se confessares com a tua boca: "Jesus o Senhor", e acreditares no teu corao que Deus O ressuscitou dentre os mortos, sers salvo. EPSTOLA AOS ROMANOS 10,9

3.4 A Bblia: O Novo TestamentoO Novo Testamento a parte da Bblia (cf. 1.2) que nasceu na Igreja de Cristo. composto de vinte e sete livros escritos pelos apstolos, missionrios e mestres, entre os anos 50 e 100 depois do nascimento de Cristo. Encontramos nele 21 epstolas (cartas) - 13 de So Paulo dirigidas a diferentes comunidades. Estes livros foram rapidamente considerados uma instruo apostlica normativa para a Igreja. Os quatro evangelistas (So Mateus, So Marcos, So Lucas e So Joo) testemunham, cada um a seu modo, os fatos, gestos e palavras de Jesus Cristo, Nosso Senhor, assim como a sua Paixo e Ressurreio. Nos Atos dos Apstolos, o evangelista So Lucas descreve a histria da Igreja primitiva, que se constitui sob a direo de So Pedro em Jerusalm, e o trabalho dos primeiros missionrios, em particular So Paulo. O ltimo livro do Novo Testamento, o Apocalipse de So Joo, contm as imagens profticas e o anncio da vitria definitiva de Deus sobre os poderes do mal. A Bblia constituda pelo Antigo e Novo Testamento. A Igreja acredita que o Esprito Santo de Deus preservou do erro os homens que escreveram estes livros e que o seu testemunho digno de f, verdico e fiel. Como os autores da Sagrada Escritura redigiram na lngua do seu tempo, eles devem ser reinterpretados em cada poca, para cada comunidade. Mas como o Esprito Santo de Deus o garante dessa autenticidade, resultam vlidos para todos os tempos. Os escritos bblicos reconhecidos como verdadeiros e autnticos pela Igreja formam o cnon da Escritura Santa. So lidos na Missa e constituem o fundamento da f.

Muitos outros milagres realizou ainda Jesus, na presena dos discpulos, que no esto escritos neste livro. Estes, porm, foram escritos para crerdes que Jesus o Messias, o Filho de Deus, e, crendo, tenhais a vida n'Ele. EVANGELHO SEGUNDO SO JOO 20,30-31Apostlico: Os apstolos transmitem aos seus sucessores, os bispos, o ministrio que Jesus mesmo lhes confiou. A cadeia da tradio une-nos aos comeos. Evangelho: "A Santa Me igreja defendeu sempre e continua firmemente a defender e com a maior constncia, que os quatro Evangelhos, dos quais ela afirma sem hesitar a historicidade, transmitem fielmente o que Jesus, Filho de Deus, durante a sua vida entre os homens, fez realmente e ensinou para a

sua salvao eterna, at ao dia em que foi elevado ao cu". (Conclio Vaticano II, Dei Verbum 19). Esprito Santo: assistncia do Esprito Santo na composio dos livros bblicos chamamos "inspirao". Cnon: Significa "regra". Chamamos assim ao conjunto dos textos reconhecidos pela comunidade dos crentes como inspirados. S estes podem ser lidos durante o culto divino.

4. Concebido pelo poder do Esprito Santo, Nasceu da Virgem MariaNs acreditamos e confessamos que Jesus de Nazar o messias, Filho de Deus. Desde todos os tempos Ele vive na glria do Pai. Veio ao mundo, tornando-Se semelhante a ns, manifestao do amor do Pai feita carne. Um amor que ultrapassa tudo o que os homens podem imaginar e dizer. Os telogos e os discpulos de Jesus tm, cada um, a sua prpria maneira de falar do mistrio da encarnao. So Joo comea o seu Evangelho por um hino a Cristo: "E o Verbo fez-se carne (quer dizer "homem") e habitou entre ns, e ns contemplamos a sua glria." (cf. Jo 1,1-18). Na epstola aos Filipenses, So Paulo cita um hino batismal que descreve a encarnao do Filho de Deus, Jesus Cristo, como um movimento do "cu" em direo "terra" (de Deus para os homens) que volta para o "cu": "Ele, de condio divina... Tornou-Se semelhante aos homens... Humilhou-Se e foi obediente at morte, e morte de cruz! Por isso Deus O exaltou... Para que todos, no cu, na terra e nos abismos, proclamem que Jesus Cristo o Senhor." (Fil 2,6-11). Na sua epstola aos Glatas, So Paulo descreve a "vida de Jesus" numa s frase: "Quando veio a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido duma mulher, nascido sob o domnio da Lei... A fim de nos conferir a adoo filial." (Gal 4,4-5). So Joo dirige-se sua comunidade de maneira ainda mais direta: "Deus enviou o seu Filho nico ao mundo, para que vivamos por Ele... E ns contemplamos e testemunhamos que o Pai enviou o seu Filho como Salvador do mundo" (1Jo 4,9.14). Dois dos evangelistas, So Mateus e So Lucas, escolheram uma forma familiar s comunidades para as quais escrevem o seu Evangelho. Contam como Jesus veio ao mundo e o que significa esta vinda para os homens que, segundo a vontade de Deus, desempenham um papel na histria do seu Filho. Comeam o seu livro pelo "Evangelho da infncia" (Mt 1-2, Lc 1-2).

4.1 O Filho de Deus vem ao mundoCom o nascimento de Jesus comea uma nova era na histria de Deus com os homens. por isso que o nosso calendrio conta os anos "depois de Jesus Cristo". No homem Jesus de Nazar, o prprio Deus - como nosso irmo que vem ao mundo. por isso que no podemos evocar o seu nascimento sem evocar Deus. So Mateus e So Lucas tambm no podem relatar o nascimento de Jesus como o de uma criana qualquer. No seu Evangelho, no

apenas se narra o que aconteceu, mas tambm - para dizer plenamente a verdade - o que os acontecimentos significam no projeto divino. So Lucas narra como que Deus enviou a Nazar o anjo Gabriel Virgem Maria. Ele sada-a assim: "Alegra-te, cheia de graa", e diz-lhe que o poder do Esprito de Deus a tornar me: "O Esprito Santo vir sobre ti, e o poder do Altssimo te cobrir com a sua sombra" (Lc 1,35). So Lucas atesta que Maria diz sim ao projeto de Deus e acredita firmemente que a Deus nada impossvel. Conta como Maria e Jos se dirigem a Belm e como a cidade do rei David se tornou o lugar do nascimento de Jesus; fala dos pastores, sobre os quais o cu se abriu na noite do cumprimento, do cntico de louvor dos anjos que ecoa sobre a terra, e de novo so os pastores sados do povo judeu os que encontram Maria, Jos e o menino (Lc 2,1-20). So Mateus conta como Jos - o carpinteiro de quem Maria est noiva conhece em sonhos o que Deus espera dele: ele que um descendente do grande rei David vai dar o seu nome ao Filho de Deus, abrir-lhe o acesso famlia de David e, atravs da sua ateno e dos seus cuidados, desempenhar a sua tarefa de pai (Mt 1,18-24). Mateus viu que a maioria do seu prprio povo no acreditou em Jesus. Mas viu, igualmente, que existem em todos os povos da terra homens que se metem a caminho em busca de Jesus e que O encontram. E no apenas depois da sua morte e da sua ressurreio! por isso que falam da estrela que conduz os magos de muito longe at Belm para que eles tragam as sua ofertas a Jesus, o rei dos judeus. So Mateus narra tambm que Herodes, que reina em Jerusalm, quer matar o menino Jesus. Por isso Maria e Jos fogem para o Egito, com o menino (Mt 2).

O anncio dos anjos na Noite Santa: "Hoje, na cidade de David, nasceu-vos um Salvador". EVANGELHO SEGUNDO SO LUCAS 2,11Graa: Deus santo, eterno, perfeito em Si prprio. O homem mortal, pecador, imperfeito - mas ele est aberto a Deus. Contudo, no haveria histria de Deus com os homens se o Deus eterno e santo no oferecesse ao homem a oportunidade duma redeno e, atravs desta, no Se oferecesse a Ele prprio. este Dom de Deus que evocamos quando falamos de "graa". Nenhum homem pode merecer a "graa"; trata-se de um dom livre e gratuito do Deus livre. O homem pode refugiar-se nela. A graa de Deus torna-nos semelhantes a Ele: enquanto co-herdeiros de Cristo, tornamo-nos filhos e filhas de Deus, chamados vida eterna, num face a face com Deus. " pela graa de Deus que eu sou o que sou." (1Cor 15,10). Nenhum olho humano viu o que seremos. H pessoas a quem Deus confia uma tarefa particular, para a qual concede uma graa particular.

4.2 Maria, a Me de JesusNa vida de cada um de ns, a me desempenha um papel determinante. Deveria ter sido diferente para Jesus? verdade que Ele fala com mais frequncia do Pai que est nos cus. E mesmo nos escritos do Novo Testamento, Maria raramente evocada. No entanto, podemos e devemos perguntar: Quem era aquela mulher que deu a vida a Jesus e O acompanhou? Uma jovem de Nazar, prometida em casamento ao carpinteiro Jos. Provavelmente no teria mais de 14 anos de idade, quando do noivado, segundo os costumes da poca. Uma jovem que estremece quando o anjo do Senhor vem a ela e lhe fala. Ela escuta a saudao, as palavras que

exprimem a sua eleio. Ela no pronuncia o seu "Fiat" (o sim) cegamente. Pe as suas objees: "Como ser isso?" Depois aceita a sua vocao, porque "nada impossvel a Deus". por isso que acrescenta: "Faa-se em mim segundo a tua palavra". (Lc 1,35.37-38). A Virgem Maria, que espera um filho, pe-se a caminho com o seu esposo. O seu filho vem ao mundo "longe de casa", em condies muito pobres, ignorado por todos. Quando chegam os pastores - tambm eles gente pobre e louvam a Deus pelo o que Ele fez pelo seu povo, Maria escuta atentamente. Conserva com cuidado todas estas coisas, meditando-as no seu corao (Lc 2,15-19). Quarenta dias mais tarde, Maria e Jos levaram o menino a Jerusalm para O consagrar ao Senhor, segundo as prescries rituais. a que Simeo e Ana, duas pessoas que esperam a vinda do Messias, O reconhecem. Simeo louva a Deus por t-lo deixado ver "a salvao" com os seus prprios olhos. E acrescenta, dirigindo-se a Maria: "...este menino ser sinal de contradio, e uma espada trespassar a tua alma!" (Lc 2,22-29). Aos doze anos, Jesus encontra-Se em Jerusalm com os pais para a festa da Pscoa. No regresso, Maria e Jos do conta de que Jesus no est com eles. Procuram-n'O durante trs dias, como quaisquer pais procuram o filho perdido. Encontram-n'O no Templo e ouvem-n'O falar da "casa do Pai". E o evangelista repete: "Sua me conservava todas estas coisas no seu corao" (Lc 2,51). Jesus tem trinta anos. Leva vida itinerante com os discpulos. Em Can, na Galileia, convidado para um casamento. Maria est tambm entre os convidados. Apercebe-se de que no h mais vinho e pede indiretamente a Jesus: "Eles no tm vinho." (Jo 2,3). Confia que Jesus resolver a situao, embora a tenha afastado: "A minha hora ainda no chegou". Mas Maria no confiou em vo: havia seis jarras de pedra de cem litros cada. Jesus diz aos criados para encherem de gua essas jarras. Eles fazem o que Jesus pede. Quando o mestre de cerimnias provou, viu que a gua estava transformada em vinho. Este foi - diz-nos o evangelista So Joo - o primeiro "milagre" que Jesus fez. Os discpulos compreendem quem Jesus e acreditam n'Ele (Jo 2,111). Jesus deixou a sua casa em Nazar e fundou a sua prpria "famlia". Um dia, quando a multido se apertava sua volta, disseram-Lhe: "Tua me e teus irmos esto l fora e querem falar contigo". Ento Jesus, estendendo a mo para os seus discpulos, responde: "Aqui esto minha me e meus irmos, pois todo aquele que fizer a vontade do Meu Pai que est nos Cus, esse meu irmo, minha irm e minha me" (Mt 12,46-50). Para o evangelista So Joo, tudo o que Jesus diz e faz tem um sentido oculto. Assim acontece quando narra que Maria e o evangelista que Jesus amava se encontravam junto cruz. Jesus diz a sua me: "Mulher, eis o teu filho", e ao discpulo: "Eis a tua me" (Jo 19,26.27). A partir desse momento, o discpulo levou-a para sua casa. E a Me de Jesus converte-se na Me de todos os cristos. Fala-se de Maria, pela ltima vez, na festa de Pentecostes. Os discpulos de Jesus encontram-se reunidos em Jerusalm. Rezam enquanto esperam que o Esprito Santo os envie em misso. Maria, a Me de Jesus, est com eles no momento em que nasce a Igreja do seu Filho (At 1,12-14).

Maria proclama:

A minha alma glorifica ao Senhor e o meu esprito se alegra em Deus, meu salvador, porque ps os olhos na humildade da sua serva: de hoje em diante me chamaro bem-aventurada todas as geraes. O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas: Santo o seu nome. A sua misericrdia se estende de gerao em gerao sobre aqueles que O temem. Manifestou o poder do seu brao e dispersou os soberbos. Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes. Aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mos vazias. Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericrdia, como tinha prometido a nossos pais, a Abrao e sua descendncia para sempre. EVANGELHO SEGUNDO SO LUCAS 1,46-55

4.3 Maria, Me da IgrejaOs cristos veneram Maria, a me do seu Senhor: em todas as igrejas encontramos a sua imagem. Muitas mulheres tm o seu nome. Recordamos e celebramos Maria principalmente em quatro solenidades:1 de Janeiro: No primeiro dia do ano, celebramos a solenidade de "Santa Maria Me de Deus". Festejamos a "Santa Me que deu luz o Rei do cu e da terra" (antfona de entrada) e a "Me da Igreja" (orao final). 25 de Maro:Na solenidade da "Anunciao do Senhor" (nove meses antes do Natal), a Igreja celebra ao mesmo tempo o Senhor e sua Me, ela que no momento da sua eleio, afirma: "Eis a escrava do Senhor. Faa-se em mim segundo a tua palavra!" (Lc 1,38). 15 de Agosto: A Assuno de Maria, o dia em que ela foi elevada ao cu. Celebramos este dia, embora no se saiba quando Maria morreu nem em que circunstncias. Mas acreditamos que ela foi "elevada glria do cu em corpo e alma". Maria j se encontra onde ns estaremos tambm um dia. Possui j a vida que nos est destinada. 8 de Dezembro: o dia em que celebramos a "Solenidade da Imaculada Conceio da Virgem Santa Maria". Estas palavras parecem complicadas, e no entanto so simples de compreender: Deus escolheu Maria. Concedeu-lhe os dons do Esprito Santo. O "poder do Altssimo" cobriu-a com a sua sombra. So palavras e imagens que traduzem o mistrio duma eleio que preservou Maria do pecado original, com o qual todos nascemos: esta a nossa f. Os cristos veneram a santssima Virgem de muitas maneiras. Cantam os seus louvores e pedem Me de Jesus a sua intercesso. Em todo o mundo, os cristos rezam e cantam o Magnificat de Maria e sadam-na com as palavras do anjo.

Ave Maria, cheia de graa,

o Senhor convosco. Bendita sois vs entre as mulheres, e bendito o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Me de Deus, rogai por ns, pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amm.

5. Padeceu sob Pncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultadoJesus diz: Eis que estamos subindo para Jerusalm, e o Filho do Homem vai ser entregue aos sumos sacerdotes e aos doutores da lei. Estes conden-l'O-o morte e entreg-l'O-o aos pagos. Vo escarnece-l'O, cuspir n'Ele, vo tortur-l'O e mat-l'O. E depois de trs dias Ele ressuscitar. EVANGELHO SEGUNDO SO MARCOS 10,33-34 So Pedro declara na sua pregao de Pentecostes: Jesus de Nazar foi um homem que Deus confirmou entre vs, realizando por meio d'Ele os milagres, prodgios e sinais que bem conheceis. E Deus, com a sua vontade e prescincia, permitiu que Jesus vos fosse entregue, e vs, atravs de mpios, mataste-l'O, pregando-O numa cruz. ATOS DOS APSTOLOS 2,22-23

5.1 A favor ou contra JesusO Credo nada diz do tempo que vai do nascimento de Jesus sua morte violenta (no ano 30). Quem quiser compreender como que Jesus pde chegar a um fim to ignominioso, ter de recorrer ao testemunho dos evangelistas. Estes falam dos sinais, dos milagres e prodgios de Jesus, para que as pessoas dem conta de que o Reino de Deus est prximo: Jesus cura os doentes, toca os leprosos e estes ficam sos, liberta os possessos do poder do demnio, numa palavra, realiza aes que em Israel se esperam do Messias. Jesus fala de Deus duma maneira nova. Conta parbolas e ensina de tal modo que as pessoas simples compreendem o que Ele diz do Pai. Jesus encontra discpulos que lhe confiam a sua vida. Mas h tambm pessoas que duvidam e O rejeitam. Os seus adeptos so quase sempre gente modesta, com pouca influncia: entre os seus seguidores mais prximos, os apstolos, no h sequer um doutor da Lei. Os dirigentes religiosos, os sumos sacerdotes e os doutores da Lei, procuram evitar o aparecimento de heresias em Israel. Desde o princpio observam, com desconfiana, Jesus e o movimento que Ele suscita. Num sbado, ao curar a mo atrofiada dum homem, protestaram: Jesus no respeita as prescries de Moiss. um pecador. No permitido curar ao sbado. Quando exorciza um possesso, exclamam: Ele tambm possesso, de contrrio no teria poder sobre os demnios.

At em Naim, quando encontra um cortejo fnebre, Jesus no fica indiferente. No olha como simples espectador para o sofrimento da me em lgrimas. No diz aos que sofrem: "A vida assim", ou ento: " a vontade de Deus, tens de aceit-la". Aproxima-se do caixo e reanima o morto. Onde quer que Jesus Se encontre, os que sofrem so consolados, a morte d lugar vida. Esta experincia vale enquanto houver mes que choram e amigos que esto de luto. Alguns dizem: Jesus bom. Outros: No, manipula as multides, um falso profeta. Os fariseus e os doutores da Lei procuram levar Jesus a cair numa armadilha. Enviam mensageiros encarregados de espi-l'O, mas estes nada encontram de negativo contra Ele. Uma vez que os fariseus e os doutores da Lei no acreditam que Jesus o Messias, pem-se contra Ele e decidem levantar-Lhe um processo, acusando-O de blasfmia, para assim poderem conden-l'O morte. Quando o Sumo Sacerdote pergunta a Jesus: "s tu o Messias, o Filho de Deus?", Jesus responde: "Sou. E vereis o Filho do Homem sentado direita do Todo-Poderoso, e vir sobre as nuvens do cu". Ento o Sumo Sacerdote rasga as vestes e diz: "Que necessidade temos ainda de testemunhas? Ouvistes a blasfmia! Que vos parece?". Todos se pronunciaram dizendo que Jesus era ru de morte (Mc 14,61-64).

Estar junto d'Aquele que faz falar os mudos, que Se dirige aos surdos de tal maneira que os ouvidos se abrem; ser testemunha de que os perseguidos respiram aliviados e os oprimidos levantam a cabea. Ver como os extraviados reencontram o caminho, como so acolhidos de braos abertos os que regressam, e encontram com alegria o seu lugar mesa.Sumo Sacerdote: O sacerdote mais importante, o presidente do Sindrio, o intermedirio entre os judeus e o ocupante romano ao qual deve a sua entronizao. Desde o ano 6 ao 15 depois de Cristo era Ans o sumo sacerdote em Jerusalm; do 18 ao 36 d.C., ocuparam este cargo os seus cinco filhos e o seu genro Caifs. Sbado: O stimo dia da semana , para os judeus, um dia de festa e de culto religioso. Ao longo dos sculos numerosos preceitos regulamentaram o que era permitido e proibido neste dia de repouso. Fariseus: Significa "os separados". Um partido poltico e religioso composto por homens piedosos que defendiam a rigorosa observncia das prescries de Moiss e viviam de acordo com elas.

5.2 A Nova AlianaOs Evangelhos da Paixo, da morte e da ressurreio de Jesus so os textos mais antigos e mais sagrados da Igreja. Todos os anos a Igreja celebra na "Semana Santa" os ltimos dias de Jesus em Jerusalm. No Domingo de Ramos, Jesus chega a Jerusalm em companhia dos seus discpulos para celebrar a festa da Pscoa. Entra na cidade montado num jumento; vem como rei da paz. As pessoas aclamam-n'O. Jesus ensina no Templo. Judas, um dos doze apstolos, deixa-se corromper e dispe-se a entregar Jesus. Na Quinta-Feira Santa Jesus celebra com os seus discpulos a Ceia pascal. Tomou o po, partiu-o e deu-o dizendo: "Isto o meu Corpo que ser entregue por vs". Depois tomou o clice, deu-o aos seus discpulos dizendo: "Tomai, todos, e bebei: este o clice do meu Sangue, o sangue da nova e eterna Aliana, que ser derramado por vs e por todos, para remisso dos pecados. Fazei isto em memria de Mim". Jesus d um novo sentido Pscoa judaica: d-Se a Ele prprio aos seus discpulos sob as espcies do po e do vinho. Deste modo estabelece a Nova Aliana que Ele sela com o seu sangue. O evangelista So Joo conta que Jesus, na ltima Ceia, na vspera da sua morte, ajoelhou-Se diante dos discpulos para lhes lavar os ps. Procede assim para que, com o seu exemplo, compreendam a ordem da Nova Aliana: o "maior" deve fazer-se "pequeno" como Jesus, para servir os seus irmos e irms.

Porque Ele Se d, ns podemos dar. Porque Ele partilha, ns podemos partilhar. Porque Ele renuncia ao poder, ns podemos servir. Porque Ele morre, ns podemos viver. Porque Ele sela a Aliana com o seu sangue, convertemo-nos em irmos e irms.Domingo de Ramos: A Igreja comemora a entrada triunfal de Jesus em Jerusalm. Em muitas parquias organizam-se procisses. Pscoa: Era outrora e continua a ser a maior festa judaica. Comemora a primeira noite de Pscoa quando Deus libertou o seu povo Israel da escravido do Egito e o conduziu liberdade. Quinta-Feira Santa: De manh, o bispo consagra o leo santo que se utiliza nos sacramentos do Batismo, Confirmao, Uno dos doentes e Ordem. De tarde, as parquias celebram o memorial da Ceia pascal. Recebemos o Corpo e o Sangue de Cristo, a Eucaristia, que nos converte em irmos e irms uns dos outros e nos compromete a amar com o amor do prprio Cristo.

5.3 Entregue nas mos dos homens

Depois da Ceia, Jesus dirigiu-Se para o jardim de Getsmani, situado sobre o Monte das Oliveiras. Os discpulos acompanham-n'O. Chegados ao jardim, Jesus diz-lhes: "Sentai-vos aqui, enquanto Eu vou rezar". Tomando consigo Pedro, Tiago e Joo, disse-lhes: "A minha alma est numa tristeza de morte. Ficai aqui e vigiai". Indo um pouco mais longe, prosta-Se com o rosto por terra e reza: "Pai, se queres afasta de Mim este clice. Contudo, no se faa a minha vontade mas a tua". Depois volta para junto dos seus discpulos e encontra-os a dormir. Acorda-os e diz a Pedro: "No pudestes vigiar comigo nem sequer uma hora?" Afastou-Se deles, pela segunda vez, para ir rezar sozinho. Depois volta e encontra-os de novo adormecidos. Afasta-Se uma terceira vez para orar no meio da noite. Em seguida, acorda os discpulos e diz-lhes: "Continuais a dormir? Chegou a hora: eis que o Filho do Homem vai ser entregue nas mos dos pecadores". Vistas as coisas superficialmente, Jesus fracassou e, com Ele, a sua mensagem. No entanto, Ele permanece fiel sua misso e quele que O enviou. No procura escapar, no Se furta a nada. Arrisca a sua vida e aceita a morte. E no tem que esperar muito tempo. Nesse momento chega Judas, um dos doze apstolos, ao Jardim das Oliveiras, com um grupo de homens armados. Arrastam Jesus conduzindo-O presena do sumo sacerdote para ser interrogado. Quando os membros do Sindrio Lhe perguntam: "Tu s, portanto, o Filho de Deus?", Jesus responde: "Vs dizeis que Eu sou". Pela manh levam Jesus a Pncio Pilatos que, desde o ano 26 ao 36 d.C., era o prefeito romano da Judeia. Acusam Jesus: "Este homem blasfema contra Deus!" e "diz ser Ele mesmo rei!" Pilatos manda flagelar Jesus. Os soldados enterram-Lhe na cabea uma coroa de espinhos, vestem-Lhe um manto vermelho, ultrajam-n'O e batem-Lhe. Pilatos acaba por pronunciar a sentena: Jesus deve morrer crucificado. Jesus leva a sua cruz at ao Monte do Glgota, fora dos muros de Jerusalm. Ao meio dia de Sexta-Feira Santa, Jesus crucificado entre dois criminosos que so executados ao mesmo tempo que Ele. Por volta da hora nona (15h da tarde), expira. Os evangelistas atestam o acontecimento. Testemunham que tudo isto faz parte do plano de Deus para a redeno: Jesus foi entregue aos homens permanecendo, apesar disso, nas mos de Deus. Sofre e morre para nos salvar. Com a sua morte uma nova vida que comea. O amor de Deus por ns, homens, manifesta-se na Paixo e morte de Cristo: Mistrio da f. Os mensageiros de Cristo do testemunho de que: Ele nosso Mediador: entregou-Se a Si mesmo em resgate por ns (1Tm 2,6). Ele o Cordeiro de Deus: tira o pecado do mundo (Jo 1,29). Ele o Filho de Deus: pela sua morte reconciliou-nos com Deus (Rm 5,10). Ele o servo de Deus: para todos os que Lhe obedecem, tornou-Se fonte de salvao eterna (Hb 5,9). Ele o Redentor: Deus anulou o documento da nossa dvida, f-lo desaparecer pregando-o na cruz (Cl 2,14). Ele o Salvador: pelas suas chagas fomos curados (1 Pd 2,24).

Jesus disse: Ningum tem maior amor do que aquele que d a vida pelos amigos.

EVANGELHO SEGUNDO SO JOO 15,13Sindrio: A suprema autoridade judaica integrada por setenta e um membros (ancios, sacerdotes, doutores da lei) sob a presidncia do Sumo Sacerdote. Sexta-Feira Santa: A Igreja celebra este dia duma maneira muito especial. Ao entardecer, os fiis renem-se para comemorar a Paixo e morte do Senhor. Na liturgia da Palavra, ouvimos o hino proftico do Servo sofredor, um extrato da epstola aos Hebreus e o testemunho do evangelista So Joo sobre a crucifixo de Jesus. Na "orao universal", os cristos apresentam a Deus em nome de toda a humanidade - os grandes sofrimentos do nosso tempo. Depois, veneramos a cruz, sinal de salvao. Durante a comunho recebemos o Po da vida.

5.4 Foi sepultadoJos de Arimateia no pode aceitar que Jesus permanea na cruz durante a noite. um homem influente, que at ao momento receou mostrar-se como discpulo de Jesus. Agora atreve-se a faz-lo. Vai procurar Pilatos e pede-lhe autorizao para retirar Jesus da cruz e sepult-l'O. Pilatos acede ao seu pedido. Jos envolve o corpo de Jesus com um sudrio e deposita-O num tmulo novo escavado na rocha, digno de um mestre de Israel. Fecha-o com uma grande pedra redonda. Algumas mulheres, que acompanharam Jesus at Jerusalm, observam de longe.

Ns Vos louvamos, Deus, e Vos bendizemos,ns Vos damos graas por Jesus, vosso Filho. Ele partilhou conosco a vida, Ele partilhou conosco a morte, Ele partilhou conosco o tmulo: De que havemos de ter medo?

6. Desceu manso dos mortos; Ressuscitou ao terceiro diaDeus criou o homem - Ado e Eva - sua imagem: criou-os homem e mulher. E abenoa-os. Ama-os: a eles e a todos os seus filhos e aos filhos dos seus filhos, a quem confiou a terra. O seu amor abarca no s os que Lhe so fiis e respeitam os seus mandamentos, mas tambm todos os que nunca ouviram falar d'Ele e que, por isso, no O procuram, no O encontram e ignoram como viver para Lhe agradar. Deus quer partilhar a sua vida com todos. O tempo passa. Os homens morrem. Morrem os que vivem sem Deus ou contra Ele, mas tambm todos os que O amam: Ado e Eva, Abrao e Moiss, Sara, Rebeca e Miriam, David e Salomo, Elias e Ams, Zacarias e Isabel, Simeo e Ana, Joo Baptista e toda a multido de pessoas das quais s Deus conhece o nome e o amor. Tero eles esperado em vo? Esquece Deus a sua fidelidade? Ns acreditamos que Deus no levou a Boa Nova s aos vivos. Acreditamos que

Jesus desceu manso dos mortos e que ali proclamou tambm: Completouse o tempo. O Reino de Deus est a chegar. Estais resgatados. Deus misericordioso com todos os que O amam. Isto quer dizer que a morte perdeu o seu poder: no pode reter os que amam a Deus. Jesus Cristo, o Senhor, morreu por todos. Todos pertencem comunidade dos vivos fundada por Ele.

Celebrando agora, Senhor, o memorial da nossa redeno, recordamos a morte de Cristo e a sua descida manso dos mortos, proclamamos a sua ressurreio e ascenso aos cus, e, esperando a sua vinda gloriosa, ns Vos oferecemos o seu Corpo e Sangue, o sacrifcio do vosso agrado e de salvao para todo o mundo. EXTRACTO DA ORAO EUCARSTICA IVManso dos mortos: Mundo inferior, imprio da morte. As histrias da Bblia transmitem-nos a "palavra de Deus expressa em lnguas humanas". Isto significa que os homens que testemunham a sua experincia de Deus, o fazem com as representaes e as imagens do seu tempo. Imaginam a terra como um disco. Sobre ela, encontra-se a abbada celeste, o "domnio" onde Deus reina sobre os viventes. Em baixo o mundo subterrneo (sheol), a regio onde reina a morte sobre os defuntos. Por isso se diz: Jesus "desceu" manso dos mortos.

6.1 Jesus est vivoO Filho de Deus fez-Se homem. Um homem que nasceu e que morreu sobre a cruz. O seu corpo foi sepultado. Existem testemunhas disso. No s os homens e as mulheres que O tinham seguido em Jerusalm, mas tambm os acusadores, os servos dos carrascos, Pncio Pilatos e os soldados romanos... Os quatro evangelistas referem que pela manh cedo, no dia de Pscoa, algumas mulheres vo ao tmulo de Jesus levando perfumes. Ao chegar sepultura, encontram retirada a grande pedra que a fechava. Entram no tmulo e vem um jovem vestido de branco, sentado direita. Assustam-se. Mas o anjo diz-lhes: "No vos assusteis. Procurais Jesus de Nazar que foi crucificado? Ele ressuscitou! No est aqui! Vede o lugar onde O puseram. Agora deveis ir dizer aos seus discpulos e a Pedro que Ele vai vossa frente para a Galileia" (Mc 16,1-7)... So Joo conta como Maria Madalena encontra o Ressuscitado na manh de Pscoa. Estava a chorar junto ao tmulo vazio. Nisto, v Jesus sem O reconhecer. S quando Jesus a chama pelo seu nome "Maria" que ela O reconhece. Diz-Lhe em hebraico: "Rabuni", que significa "Mestre". O Ressuscitado responde-lhe: "Vai procurar os meus irmos e dizlhes: Subo para meu Pai e vosso Pai, para o meu Deus e vosso Deus". Maria Madalena foi anunciar aos discpulos que tinha visto o Senhor (Jo 20,11-18). Os discpulos dizem: Jesus no est morto. Ele vive: apareceu-nos. Ns vimol'O. A nossa histria com Ele, a sua histria conosco, no terminou. Os homens e mulheres que proclamam esta incrvel mensagem so testemunhas. Na sua primeira epstola aos Corntios (1Cor 15,5-8), So Paulo enumera-os: em primeiro lugar Pedro, a pedra sobre a qual Jesus edificou a sua Igreja. Depois, os Doze que Ele escolheu como apstolos. A seguir,

quinhentos irmos dos quais alguns j morreram. Posteriormente Jesus apareceu a Tiago, que preside comunidade crist de Jerusalm e ainda a todos os discpulos. Por ltimo apareceu igualmente a So Paulo no caminho de Damasco, quando este perseguia os cristos. Depois deste encontro, So Paulo, ardente perseguidor dos cristos, converteu-se num no menos ardente pregador de Cristo. Para todas estas testemunhas, o sepulcro vazio constituiu um sinal essencial. O encontro com o Ressuscitado converteu-se, para eles, na sua vocao: devem transmitir a outros o que viram. A sua f to firme que esto prontos a morrer por ela. na f destes discpulos que a nossa se enraza. O que teve lugar entre a Sexta-Feira Santa e a manh de Pscoa o mistrio de Deus, ao qual nos referimos dizendo: "Ressuscitou dos mortos", ou ento, "Deus ressuscitou-O". Os homens e mulheres a quem apareceu Jesus ressuscitado, conheceram-n'O durante a sua vida terrena. Agora reconhecem-n'O: sim, Ele, contudo, bem diferente. Assustam-se quando Jesus entra atravs das portas fechadas. Enchem-se de alegria quando Jesus lhes fala. Confia-lhes a misso de ir por todo o mundo levar a Boa Nova aos homens, perdoar os seus pecados e fazer deles seus discpulos. E acrescenta: "Eu estarei sempre convosco at ao fim do mundo".

Senhor, nosso Deus, ns Vos bendizemos: Nesta noite de todas as noites, fazeis brilhar a vossa luz: Num sepulcro vazio infundis em ns a esperana. Jesus, nosso irmo, ns Vos bendizemos. Nesta nossa noite de todas as noites, apagais em ns o medo da vida e da morte: A confiana possvel. Deus, Esprito Santo, ns Vos bendizemos: Nesta noite de todas as noites, fazei-nos entrever que a morte no razo de ser da condio humana, mas sim o amor.

6.2 Ns viveremosA ressurreio de Jesus Cristo o centro e o corao da nossa f. A celebrao da Viglia Pascal a solenidade mais sagrada do ano litrgico. E cada Domingo memorial e louvor de Deus que ressuscitou o seu Filho dos mortos. Numa das comunidades da Igreja primitiva, havia pessoas que duvidavam da ressurreio do Senhor. a elas que So Paulo se dirige por carta nestes termos: "Se Cristo no ressuscitou, v a nossa pregao, e v tambm a vossa f... Permaneceis ainda nos vossos pecados... Deste modo, os que morreram em Cristo tambm pereceram. Se a nossa esperana em

Cristo somente para esta vida, ns somos os mais infelizes de todos os homens" (1Cor 15,14-19). Acreditamos que Jesus, nosso Senhor, est vivo. Que Ele partilhar a sua vida com todos os que confiam n'Ele. Acreditamos que o Ressuscitado causa de esperana para todos: no fim da nossa vida, no o nada o que nos espera, mas a plenitude de Deus; no so s trevas, mas a luz. Acreditamos que com Jesus comeou a transformao, a redeno do mundo. Acreditamos que o Esprito Santo de Jesus vive e atua no nosso mundo. Acreditamos que Jesus Cristo voltar no dia do Juzo. Que Ele h de libertar os homens e as criaturas de todo o mal e de todo o sofrimento que os oprime, que os levar plenitude e lhes dar uma vida sem fim.

Rezamos assim: Vs no abandonareis a minha alma na manso dos mortos, nem deixareis o vosso fiel sofrer a corrupo. Dar-me-eis a conhecer os caminhos da vida, alegria plena em vossa presena, delcias eternas vossa direita. SALMO 16,10-11Viglia Pascal: A celebrao da noite de Pscoa consta de quatro partes: Liturgia da Luz ou Lucernrio, durante a qual se benze o fogo novo e se acende o crio pascal. O sacerdote, em solene procisso, introduz o crio na igreja que deve estar s escuras: Luz de Cristo! Liturgia da Palavra: nela tm lugar sete leituras do Antigo Testamento e duas do Novo Testamento, textos que nos lembram a longa histria de Deus com os homens. Liturgia batismal: a gua do Batismo benzida. Adultos e crianas recebem o Batismo; todos renovam as promessas batismais. Liturgia eucarstica: nela damos graas quele que est conosco at ao fim dos tempos.

7. Subiu aos Cus; est sentado direita de Deus Pai Todo-PoderosoOs discpulos de Jesus viveram a experincia da Sexta-Feira Santa: Jesus, indefeso e abandonado, pendia da cruz. A sua vida extinguiu-se na morte. Depositaram seu corpo num tmulo e fecharam a entrada com uma grande pedra: sinal de que, no fim, a morte tem poder sobre a vida. No encontro com o Senhor ressuscitado, vivem a experincia que acaba com tudo o que julgavam saber sobre a vida e a morte. Jesus vem ao seu encontro. Eles reconhecem-n'O - sim, Ele, o Crucificado. -lhes familiar e, ao mesmo tempo, estranho. Entra, mesmo com as portas fechadas. Est presente e desaparece. No podemos det-l'O. Entre o medo e a dvida, os discpulos comeam a pensar e a acreditar no que est para alm da morte: Deus ressuscitou o seu Filho dos mortos e recebeu-O na glria com a sua condio humana. Os discpulos afirmam: Jesus subiu ao cu e Deus deu-Lhe o lugar de honra, sua direita.

7.1 Deus exaltou-O acima de todosJesus fracassou entre os homens. "Os seus no O receberam." (Jo 1,11). Mas Deus ressuscitou-O e acolheu-O. D a seu Filho o lugar de honra sua direita, constituindo-O deste modo Senhor de toda a criao. A expresso "sentado direita do Pai" tem um significado especial, para os cristos de ento que, tal como Jesus, procedem do judasmo: Deus, o Senhor e Rei, escolheu Israel como seu povo. Os reis que governam em Jerusalm so considerados representantes de Deus. No governam a ttulo pessoal, mas em nome de Deus. Enquanto no esquecerem isto, Deus estar com eles. Sabemos por um salmo o que era dito ao rei no dia da sua entronizao: "Senta-te minha direita, at que eu faa de teus inimigos escabelo de teus ps" (SI 110,1). Muitos homens piedosos, quando rezam este salmo, pensam no Salvador prometido, o Messias. Numa das primeiras profisses de f, os cristos proclamam: "Ele o Senhor, maior e mais poderoso que todos os senhores do mundo". Esta confisso uma afirmao essencial da nossa f.

A comunidade louva num hino o Senhor a Quem Deus exaltou: Por isso Deus O exaltou e Lhe deu o nome que est acima de todos os nomes, para que ao nome de Jesus todos se ajoelhem no cu, na terra e nos abismos, e toda a lngua proclame que Jesus Cristo o Senhor, para glria de Deus Pai. EPSTOLA AOS FILIPENSES 2,9-11

7.2 Subiu ao cuQuando os primeiros cristos confessam que o seu Senhor "subiu ao cu", referem-se ao Antigo Testamento. No livro dos Gnesis fala-se do patriarca Henoc, que andou com Deus e, depois, foi por Ele elevado ao cu (Gn 5,24). Acreditamos tambm que o grande profeta Elias foi arrebatado ao cu num carro de fogo no meio de um turbilho (2Rs 2,11). Eliseu, seu discpulo, fica s e compreende que lhe pedido continuar a obra de Elias. So Lucas descreve, no fim do seu Evangelho, como Jesus Se despede dos seus discpulos: Vai com eles a Betnia, ergue as mos e abenoa-os enquanto eles se prostram diante d'Ele. E nesta atitude de beno que Ele Se eleva ao cu (Lc 24,50-52). No incio do seu segundo livro, os Atos dos Apstolos, narra de novo a ascenso de Jesus a fim de mostrar claramente como a histria terrena de Jesus desemboca na histria da Igreja: durante quarenta dias - um perodo de tempo sagrado - o Senhor ressuscitado aparece aos seus discpulos e fala com eles do Reino de Deus. Depois elevaSe a seus olhos e uma nuvem - o prprio Deus - O oculta. Atnitos e fascinados, os apstolos fixam os olhos no cu. ento que dois mensageiros divinos perguntam: "Porque estais a parados a olhar para o cu? Esse Jesus que vos foi tirado e levado para o cu, vir do mesmo modo como O vistes partir para o cu" (At 1,9-11).

Os apstolos compreendem que lhes cabe agora a eles, mandatados por Jesus, proclamar o Evangelho, curar os doentes, perdoar os pecados, exorcizar os espritos malignos, despertar a esperana.

Na terra no tendes outro corpo seno o nosso, nem outros ps seno os nossos, nem outras mos seno as nossas. Os nossos olhos revelam a vossa misericrdia para com o mundo, os nossos ps levam-Vos a fazer o bem. com as nossas mos que, agora, podeis abenoar. SANTA TERESA DE JESUSSubiu ao cu (Ascenso): No se trata duma mudana de lugar no domnio do nosso mundo, mas da entrada do homem Jesus de Nazar no domnio celeste, donde h de vir. Atos dos Apstolos: O segundo livro do evangelista So Lucas relata as obras dos apstolos que preenchem a misso do Ressuscitado. Eles anunciam-n'O como o Messias, o Crucificado, o Ressuscitado. Fundam as comunidades, obtm xito, so perseguidos. A primeira parte (cap. 1-12) fala sobretudo de Pedro, o primeiro dos apstolos, e de Joo. Atuam sobretudo na comunidade crist de Jerusalm. A segunda parte (cap. 13-28) consagrada a Paulo de Tarso, o evangelizador dos gentios (trs viagens missionrias). ele quem traz o Evangelho Europa. O livro dos Atos dos Apstolos termina com a pregao de So Paulo em Roma. Segundo o testemunho da tradio, ele e So Pedro sofreram o martrio em Roma. Desde modo, Roma a cidade dos apstolos, passou a ser o centro da Igreja. Quarenta dias: Um nmero sagrado. Durante os quarenta anos de peregrinao pelo deserto, o povo de Israel aprende a confiar em Deus. Depois de ser batizado por Joo Baptista, Jesus jejua durante quarenta dias no deserto. Depois, seguro da sua misso, comea a sua vida pblica. - A Igreja atm-se ao testemunho de So Lucas: celebra a "Ascenso" quarenta dias depois da Pscoa.

7.3 A partida e a nova comunidade pela f que ns compreendemos o que So Lucas - que era um fiel da sua e nossa Igreja - atesta como Evangelho de Jesus Cristo: Jesus fez-Se homem a fim de nos libertar de tudo o que nos separa de Deus. Foi por ns, homens, que Ele viveu e morreu. Deus ressuscitou-O e colocou-O sua direita. Isto significa que Jesus deixou de estar visvel e palpvel junto dos seus. J no podem v-l'O diretamente nem toc-l'O nem interrog-l'O como quando estava entre eles. A separao significa tambm despedida. So Joo transmite-nos no seu Evangelho "discursos de despedida": so palavras do Senhor que parte, nas quais os discpulos encontram respostas e consolao. No se perturbe o vosso corao! Acreditai em Deus e acreditai tambm em Mim. Na casa de meu Pai existem muitas moradas; se no fosse assim, Eu ter-vo-lo-ia dito, porque vou preparar-vos um lugar. E, quando Eu for e vos tiver preparado um lugar, voltarei e levar-vos-ei comigo, para que, onde Eu estiver, vs estejais tambm (Jo 14,1-3).

Se Me amais, obedecereis aos meus mandamentos. Ento, Eu pedirei ao Pai e Ele dar-vos- outro Consolador para que permanea convosco para sempre: o Esprito da Verdade (Jo 14,15-17). melhor para vs que Eu v, porque, se no for, o Consolador no vir a vs. Mas, se Eu for, enviar-vo-l'O-ei (Jo 16,7). Eu sa de junto do Pai e vim ao mundo; agora deixo o mundo e volto para o Pai (Jo 16,28). A Igreja de Cristo continua espera da segunda vinda do seu Senhor. Pela f temos a certeza de que Ele nos prepara uma morada e uma ptria junto do Pai. Jesus quer que estejamos com Ele. Por isso o cu, para onde "erguemos os olhos", j no s o "lugar" de Deus e de Jesus Cristo, mas tambm o smbolo do nosso refgio. Enquanto vivermos no mundo dos homens, no podemos falar do mundo de Deus seno por imagens. S quando tivermos percorrido o caminho de Jesus passando pela morte e pelo tmulo - que se nos abriro os olhos, na nossa prpria manh de Pscoa. Ento v-l'O-emos a Ele, Nosso Senhor.

Rezamos assim: Senhor, Pai santo, Deus eterno e onipotente, verdadeiramente nosso dever, nossa salvao dar-Vos graas, sempre e em toda a parte. Porque o Senhor Jesus Cristo, Rei da glria... subiu ao mais alto dos cus, ante a admirao dos anjos... Ele no abandonou a nossa condio humana, mas, subindo aos cus, como cabea e primognito, deu-nos a esperana de irmos ao seu encontro, como membros do seu Corpo, para nos unir sua glria imortal. Por isso, na plenitude da alegria pascal, exultam os homens por toda a terra e com os Anjos e os Santos proclamam a vossa glria... EXTRACTO DO PREFCIO DA ASCENSO DE CRISTO

8. De onde h de vir a julgar os vivos e os mortosJesus est junto do Pai. Os homens e as mulheres que pem n'Ele a sua confiana permanecem no meio da fragilidade da vida e da imperfeio do mundo. No entanto, a luz que Jesus veio acender no mundo no est apagada. A esperana que as suas palavras e aes suscitaram no corao dos homens, no est morta.

8.1 Jesus voltarOs primeiros discpulos crem que o Senhor voltar brevemente. J no como um homem entre os homens - de quem no se pode duvidar nem rejeitar -

mas, desta vez, com o poder e a glria de Deus. Isto significa que nunca mais ningum poder duvidar da sua autoridade nem contestar os seus plenos poderes. Todos reconhecero n'Ele o Enviado de Deus, o Messias, o Salvador, o Juiz que, com plena autoridade de Deus, pronuncia a sentena final sobre os homens, e leva a criao sua plenitude: o Reino e o Reinado de Deus tornam-se realidade. Os primeiros cristos no tardaram em dar conta de que a sua impacincia os levava a um impasse. Compreendem que o tempo de Deus no medida do tempo do homem. E que sempre vlida a palavra de Jesus que anuncia o seu retorno: "Quanto a esse dia e a essa hora, ningum sabe nada, nem os anjos no cu nem o Filho, mas unicamente o Pai" (Mc 13,32). Compreendem tambm que, com a "ascenso" de Jesus, comeou uma nova era: a sua e nossa era, a da Igreja. Por isso, eles no podem continuar na "montanha" a olhar para o Senhor que sobe ao cu. A sua misso so os homens, em qualquer lugar onde se encontrem, seja qual for o seu modo de vida. A sua misso a terra - at aos seus confins. So responsveis pela luz: para que ela no se extinga; responsveis pela esperana: para que, enraizada em Jesus Cristo, no morra. Que todos tenham o mesmo direito a aderir, pela f, a Jesus Cristo. S a Deus pertence decidir quando acabar, com a segunda vinda de seu Filho, a terra que Ele criou no princpio. Enquanto dura o tempo, a expectativa pode deter-se. Os crentes podem sentir-se inseguros e duvidar: Cumprir Deus a sua palavra? Voltar o Senhor? Vale a pena esperar? Podem extraviar-se nos seus afazeres temporais, esquecer que este mundo no o definitivo e as grandes coisas que os esperam. a eles que se dirigem as exortaes dos apstolos e dos evangelistas: Permanecei vigilantes pois no sabeis quando voltar o Senhor. A Igreja de Jesus Cristo define-se como uma comunidade que espera o regresso do seu Senhor e Lhe prepara o caminho. Todos os anos celebra o Advento: uma assembleia preparada a ir ao encontro d'Aquele que vem - e a deix-l'O vir.

Anunciamos a vossa morte, proclamamos a vossa ressurreio, esperamos a vossa vinda gloriosa. Marana tha - Vem Senhor Jesus!A segunda vinda do Senhor: Desde o princpio houve e continua a haver grupos particulares (seitas) que pretendem calcular o fim do mundo e o momento da segunda vinda do Senhor. Encontram nos acontecimentos do seu tempo sinais que - segundo eles - anunciam o "fim do mundo". Exigem de todos os que querem ser salvos, uma f e uma obedincia cegas. Algumas destas seitas causam muitas confuses. Mas todos estes movimentos esto destinados ao fracasso, pois os planos de Deus no esto sujeitos aos clculos dos homens. Deus, no seu devido tempo, dar cumprimento e conceder a plenitude a quem, com confiana, permanea atento e espere.

8.2 Ele julgar os vivos e os mortosNo seu discurso em casa de Cornlio, o centurio romano, So Pedro declara: "Jesus mandou-nos pregar ao povo e testemunhar que Deus O constituiu Juiz dos vivos e dos mortos. Sobre Ele os profetas do o seguinte testemunho:

todo aquele que acredita em Jesus recebe, em Seu nome, o perdo dos pecados" (At 10,42-43). As palavras sobre o julgamento inspiram-nos medo: somos apenas homens. E qual o homem que pode subsistir diante de Deus? As palavras sobre o Juiz infundem-nos coragem: porque conhecemos Jesus. No temos por que teme-l'O. A sua mensagem uma Boa Nova. Ele sabe como os homens se esforam por fazer a vontade de Deus, respeitar os preceitos de Moiss, os "Dez Mandamentos" e todas as prescries particulares que os mestres de Israel foram acrescentando ao longo dos sculos. Jesus diz: "Vinde a Mim todos os que estais afadigados e sobrecarregados e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vs o meu jugo e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de corao, e encontrareis descanso para as vossas almas, pois o meu jugo suave, e a minha carga leve" (Mt 11,28-30). Numa outra ocasio, Jesus diz o que ser tido em conta no Juzo Final: amar a Deus, viver para Lhe agradar e dar aos irmos e irms o que necessitam: po aos famintos, gua aos que tm sede, um teto aos que no tm lar, roupa aos nus, visitar os doentes e os prisioneiros. Todos os que fizeram isto, fizeram-no por Jesus mesmo sem o saber. O Senhor dir-lhes- ento: Vinde, o Pai est vossa espera! Ireis ver como os homens podem ser felizes. Ireis viver, com Ele, nessa comunho a que chamamos cu. Os outros, os que detestam Deus, no vivem no seu esprito, no do aos irmos e irms o que precisam: no socorrem os famintos, no do gua aos que tm sede, nem teto aos estrangeiros, nem roupa aos nus, nem visitam os doentes e os prisioneiros - foi a Jesus a quem recusaram todas estas coisas, mesmo sem o saber. Vo dar conta de como os homens podem ser infelizes. Eles prprios se excluram da comunho definitiva com Deus (cf. Mt 25). Senhor, Tu virs no fim dos tempos. O fim do meu tempo a morte. Senhor, vem ao meu encontro! Acolhe-me junto de Ti! S para mim um juiz clemente e faz do dia da minha morte o dia da minha ressurreio! Concede-me ser feliz junto de Ti, entre os que so benditos de teu Pai! Cu: A vida em comunho definitiva com Jesus. A felicidade de estar junto de Deus. O "inferno" a excluso definitiva da comunho com Jesus, a desgraa e a misria dos que se separaram de Deus. O "purgatrio" significa que h pessoas que, no dia da sua morte, ainda no esto preparadas para um encontro com Deus e uma plena comunho com Ele. Cremos que Deus misericordioso e magnnimo no perdo. Rezamos pelos nossos mortos.

9. Creio no Esprito SantoO Esprito Santo de Deus: no O podemos ver, reter nem mostrar. No podemos dispor d'Ele. Mas podemos sentir a sua existncia e a sua ao, por exemplo: quando um homem ou uma mulher fala de Deus, de tal modo que outros abraam a f; quando duas pessoas pem fim a uma discrdia e se reconciliam; quando algum que agiu mal repara as suas faltas; quando uma pessoa amargurada pelo dio comea a amar; quando algum, que s pensava em si, abre os olhos para o sofrimento dos outros; quando uma pessoa sai em defesa das plantas e dos animais, da gua e do ar - da vida posta em perigo pelo homem.

9.1 O Esprito que d a vidaA Bblia comea pelas origens. Ento - antes de Deus ter pronunciado a sua primeira palavra - no havia mais do que desolao e vazio, guas impetuosas e trevas: a morte. Mas o Esprito de Deus paira sobre as guas: a vida. Com estas imagens, os mestres de Israel afirmam que Deus est em tudo e sobre tudo o que vive, se desenvolve e cresce sobre a terra. O seu Esprito a prova de que a criao nunca est desligada de Deus: no est abandonada ao acaso, merc da mente humana ou mesmo de espritos malficos. Rezamos assim: Enviais o vosso Esprito... e renovais a face da terra (SI 104,30). Um dos mestres bblicos narra como comeou a histria de Ado, "o homem": O prprio Deus insuflou nas suas narinas um hlito de vida e o homem converteu-se em ser vivo. Isto quer dizer: o ser humano - homens, mulheres e crianas - vivem da vida de Deus. Por isso so capazes de compreender Deus, fazer a sua vontade, tornar-se homens sua imagem. Fazemos o sinal da cruz: Em nome do Pai e do Filho e do Esprito Santo. Amm. O Esprito Santo o Dom supremo que Deus concede ao homem. Sopra onde quer. Mas o homem pode recusar o Esprito, fechar-se a Ele.

Rezamos assim: Respira em mim, Esprito Santo, para que eu pense coisas santas. Impulsiona-me, Esprito Santo, para que eu faa coisas santas. Atrai-me, Esprito Santo, para que eu ame o que santo. Conforta-me, Esprito Santo, para que eu guarde o que santo. Guarda-me, Esprito Santo, para que eu nunca perca o que santo. ATRIBUDO A SANTO AGOSTINHO (354-430)O Esprito de Deus invisvel. Procede do Pai e do Filho como os raios quentes que emanam do sol. Ele Deus: consubstancial ao Pai e ao Filho. A sua ao perceptvel atravs das aes dos homens a quem Ele Se d. Os seus smbolos so: a gua, o fogo, a tempestade, a nuvem, o sopro e o vento. Por vezes comparado a uma pomba e representado dessa maneira. Para os homens dos tempos bblicos - e mesmo para os de hoje - a pomba imagem da paz e do amor que se tornou visvel.

9.2 Ele falou pelas profetisas e pelos profetasA Bblia fala de homens e de mulheres a quem Deus d o seu Esprito: os reis recebem-n'O pela uno do leo sagrado. Graas a Ele, os eleitos podem realizar uma determinada misso. Atrevem-se, com coragem, a contradizer os reis, a acusar os falsos profetas e os sacerdotes infiis, a denunciar a heresia e o pecado. O seu entusiasmo contagioso, a sua convico persuasiva. As pessoas que se relacionam com eles sentem que Deus atua neles, que o Esprito Santo fala atravs desses homens. Por isso, os homens inspirados so credveis e dignos de confiana. Israel tem um modo especial de falar do Esprito quando se trata do Messias, o rei de justia sado da casa de David, que instaura sobre a terra a paz de Deus. Um dos profetas diz d'Ele: Deus d-Lhe o esprito de sabedoria e inteligncia,

esprito de conselho e fortaleza, esprito de conhecimento, de piedade e temor de Deus (Is 11,2). a esta palavra proftica que ns temos presente quando evocamos os "sete dons" do Esprito Santo. Do servo que - enviado de Deus, rejeitado pelos homens - d a sua vida pelo povo, Deus diz: "Eis o meu servo a quem Eu amparo, o meu eleito em quem a minha alma se compraz. Eu coloquei sobre Ele o meu esprito para que promova o direito entre as naes" (Is 42,1). O Esprito de Deus no um dom s para alguns eleitos. O Ressuscitado enviou aos apstolos e a todos os seus discpulos o dom do Esprito Santo (Jo 20,22). No Juzo Final, quando a fraqueza e a maldade dos homens forem julgadas e restar apenas o amor e a bondade de Deus pelos homens, o Esprito ser dado a todos: "Derramarei o meu esprito sobre os teus filhos e a minha beno sobre a tua descendncia" (Is 44,3). Depois disto, "os vossos filhos e filhas tornar-se-o profetas, os vossos ancios tero sonhos e os vossos jovens tero vises. Nesses dias, at sobre os escravos e escravas, derramarei o meu esprito" (JI 3,12).

No dia de Pentecostes rezamos assim: Vinde, Esprito Santo, enchei o corao dos vossos fiis e acendei neles o fogo do vosso amor. Aleluia!Juzo Final: O dia de Deus. O ltimo dia que Deus fixou ao velho mundo dos homens. Deus criar um novo cu e uma nova terra.

9.3 Jesus Cristo, cheio do Esprito SantoJesus vive e atua na unidade com o Esprito Santo. Foi pela ao do Esprito Santo que Maria O concebeu. Por isso a celebramos com as palavras: "Ave Maria, cheia de graa". Movido pelo Esprito, Joo Baptista declara: "Quanto a mim, eu batizo-vos com gua... mas Aquele que vem depois de mim... batizar-vos- no Esprito Santo e no fogo" (Mt 3,11). Quando Jesus vai ao Jordo para Se fazer batizar por Joo Baptista, os cus abrem-se. E eis que uma voz vinda dos cus diz: "Tu s o meu Filho muito amado, no qual pus as minhas complacncias." pela fora do Esprito Santo que Jesus resiste a Satans, que quer tent-l'O no deserto para O desviar da sua misso (Mc 1,11-13). Jesus sabe porque enviado. Em Nazar, a sua cidade, vai sinagoga, ao Sbado e l uma passagem do profeta Isaas: "O Esprito do Senhor est sobre mim, porque Ele me consagrou com a uno, para anunciar a Boa Nova aos pobres; enviou-me para proclamar a libertao aos presos, e aos cegos a recuperao da vista; para libertar os oprimidos e para proclamar um ano de graa do Senhor" (Lc 4,18-19). E todos compreendem o que Jesus quer dizer quando afirma: "Hoje cumpriu-se esta passagem da Escritura, que acabais de ouvir" (Lc 4,21). Pela fora do Esprito, Jesus expulsa os demnios e cura os doentes. Diz aos pobres e aos oprimidos que Deus os ama. No tem medo dos doutores da lei nem dos poderosos. Jesus observa como estes no se deixam convencer e d conta de que a sua vida corre perigo. Ento, prepara os seus discpulos para o tempo em que j no estar com eles. O evangelista So Joo conta como Jesus Se despede

dos apstolos. Encoraja-os e diz-lhes como podero permanecer seus amigos. Promete-lhes um Consolador, um Parclito. Algum que reze por eles quando as palavras lhes faltarem. Algum que lhes diga como defender-se quando forem acusados e perseguidos por sua causa. Promete-lhes o seu Esprito Santo.

Rezamos: Glria ao Pai, e ao Filho, e ao Esprito Santo, como era no princpio, agora e sempre. Amm.Satans: Chamamos-lhe tambm, algumas vezes, "diabo" ou "inimigo": um anjo que, assim o cremos, se converteu em adversrio de Deus. o Mal por excelncia, que tenta separar de Deus os homens para os conduzir ao pecado. Os crentes tm que escolher a quem querem servir: Deus ou Satans. Jesus resistiu a Satans: isto significa que este perdeu o seu poder. Quando Jesus voltar na sua glria, o diabo ser definitivamente vencido.

10. A Santa Igreja CatlicaA Igreja do nosso tempo uma comunidade com dimenses mundiais. Comunica a f aos que a ela se incorporam pelo Batismo e ensina-os a viver como cristos. Cumpre assim a misso que lhe foi conferida por Jesus Cristo, at que Ele volte na sua glria.

10.1 No comeo era o Esprito SantoOs cristos perguntam: quando, onde e como comeou a igreja? A resposta nos dada na "histria da fundao" que So Lucas nos relata nos Atos dos Apstolos: Comeou em Jerusalm, a cidade da morte e da ressurreio de Jesus. Os apstolos e os discpulos de Jesus encontravam-se reunidos numa casa. Maria, a Me de Jesus, estava presente, assim como outras mulheres. Esperavam o Parclito que Jesus tinha prometido e oravam juntos. E aconteceu que, cinquenta dias depois, o sopro do Esprito de Deus desceu do cu sobre eles como um vendaval, encheu a casa e acendeu uma chama nos coraes. J no sentem medo dos que perseguiram e condenaram Jesus. Os discpulos ficaram repletos de entusiasmo. No podiam ficar fechados por mais tempo, tinham de sair para anunciar a Boa Nova. Diante da casa reunira-se uma multido de gente vinda de todos os cantos do mundo, que tinha sentido o poderoso sopro do Esprito. Contagiados pelo entusiasmo dos apstolos, ouviam o que estes testemunhavam acerca de Jesus, o Filho de Deus, e cada um ouvia a mensagem na sua prpria lngua. As pessoas nas quais vive o Esprito de Jesus, compreendem-se umas s outras, mesmo que no falem a mesma lngua. No se sentem estranhas entre si, qualquer que seja a sua nao ou raa. Nesse mesmo dia de Pentecostes, So Pedro, o primeiro dos apstolos, pronuncia o discurso que inaugura a misso em favor de Cristo. A sua pregao foi to convincente que todos os que o escutavam sentiram-se tocados no corao. Nesse dia - diz-nos So Lucas - vrios milhares de pessoas abraaram a f, receberam o Batismo e entraram na comunidade de Jesus Cristo: irmos e irms, a Igreja de Cristo.

Todos eram assduos ao ensinamento dos Apstolos e frao do po. Mantinham-se fiis comunho fraterna e davam a cada um segundo a sua necessidade.

Dizemos So Pedro e pensamos no Papa que dirige a Igreja como seu sucessor. Dizemos So Paulo ou So Tiago e pensamos em todos os que transmitem o Evangelho. Dizemos So Bernardo ou Santa Teresa e pensamos em todos os que consagram a sua vida a Deus. Dizemos Santa Clara ou So Francisco e pensamos em todos os que so pobres com os pobres. Dizemos So Martinho ou Santa Isabel e pensamos em todos os que partilham. Dizemos So Vicente de Paula e pensamos em todos os que vivem para os outros. Dizemos So Maximiliano Kolbe e pensamos em todos os que do a vida pelos irmos. Dizemos Santa Joana D'Arc ou o bispo Romero e pensamos em todos os que so vtimas da violncia. Dizemos "cristos" e pensamos em todos os que so vivificados pelo Esprito.Igreja: assim que designamos as nossas casas de orao, a parquia, a comunidade de todos os fiis no seu conjunto. A Igreja regida pelo Papa, sucessor do apstolo So Pedro, e pelos bispos, sucessores dos Apstolos. Originalmente, "Igreja" significa "aqueles que pertencem ao Senhor": nome das assembleias do povo convocadas por Deus. Quinquagsimo dia (Pentecostes): O dia em que a comunidade judaica celebra o memorial da aliana concluda por Deus com o seu povo no Monte Sinai. A Igreja celebra este dia como o Pentecostes, ou seja, a efuso do Esprito Santo sobre a Igreja primitiva de Jerusalm, por ocasio das festas judaicas, cinquenta dias depois da Pscoa.

10.2 A Igreja: una, santa, catlica e apostlicaO Esprito Santo no agiu somente no comeo da Igreja. Continua a vivific-la e a sua ao torna-se nela perceptvel. Por isso a Igreja s pode ser "una": tem um s Senhor, uma s f, um s Batismo; forma um s corpo movido por um s Esprito, orientado para uma nica esperana. No h dvida de que, numa comunidade que agrupa indivduos muito diferentes, se discuta e haja desavenas: alguns seguem um mestre, outros obedecem a outro (1Cor 3,4-8). Alguns consideram os usos e costumes judaicos como muito importantes, enquanto outros os acham secundrios e estranhos (At 16,21). Uns so fiis s prescries de Jesus de modo radical, separando-se dos outros (2Cor 6,17). A diversidade de carismas e de modos de vida, constitui um enriquecimento para a comunidade - e para toda a Igreja - enquanto os cristos no esquecem que h um s Senhor, uma s f, um s Batismo e um s Deus e Pai de todos (Ef 4,5-6).

Toda a Igreja sofre quando algumas pessoas ou grupos discutem sobre interpretaes doutrinais e normas de vida, provocando divises no seio da comunidade. Resulta grave que algumas pessoas ou grupos se separem da comunidade para se