35
Eu Penso ou Apercepção transcendental Conclusão Kantiana: O fundamento do objeto está no sujeito”.

Eu Penso ou Apercepção transcendental Conclusão Kantiana: “ O fundamento do objeto está no sujeito ”

Embed Size (px)

Citation preview

Eu Penso ou

Apercepção transcendental

Conclusão Kantiana:“O fundamento do objeto está no sujeito”.

As categorias são doze:

Doze modos de unificar ou organizar os múltiplos

As categorias supõem uma unidade:

Originária

Suprema Unidade Que deve guiar tudo

Kant chama essa unidade de ‘Apercepção transcendental’Ou Eu Penso: consciência ou Autoconsciência

As categoriasSão doze Formas de síntese Modos de unificação do múltimplo

Supõem uma unidadeOriginária e suprema Guia tudo Eu penso

ConsciênciaOu

Autoconsciência

Eu penso 1 Unidade transcendental da autoconsciência

2 Apercepção pura ou apercepção originária

AutoconsciênciaProduz a

Representação,Assim, eu penso

Não é o eu individual de cada sujeito empírico

É a estrutura do pensar comum a todo sujeito empírico

É aquilo pelo qual cada sujeito empírico é sujeito pensante e consciente.

• Eu Penso:– Acompanha toda representação

permanecendo idêntico;– Não é o Eu individual de cada sujeito

empírico, mas sim a estrutura do pensar comum a todo sujeito empírico.

– Citação Reale: p. 887/8.

Vejamos alguns textos:

• “O Eu Penso deve poder acompanhar todas as representações, caso contrário seria representado em mim algo que não poderia de modo algum ser pensado, o que, portanto, significa precisamente que a representação seria impossível ou que, pelo menos para mim, não existiria. A representação que pode ser dada antes de todo pensamento é chamada intuição

• Assim, todo múltiplo da intuição (= espaço e tempo) tem uma relação necessária com o Eu Penso, no mesmo sujeito em que esse múltiplo o encontra. Mas essa representação é um ato da espontaneidade, isto é, não pode ser considerada como pertencente à sensibilidade (que é predominantemente receptividade e, portanto, passividade). Eu a chamo apercepção pura, para distingui-la da empírica, ou também apercepção originária, porque é precisamente aquela autoconsciência que, enquanto produz a representação Eu penso – que deve poder acompanhar todas as outras e é uma e idêntica em toda consciência - , não pode mais ser acompanhada por nenhuma outra.

• Eu também chamo a sua unidade de unidade transcendental da autoconsciência, para indicar a possibilidade do conhecimento a priori que daí deriva. E isso porque as múltiplas representações que são dadas em certa intuição não seriam todas juntas minhas representações se todas juntas não pertencessem a uma autoconsciência, isto é, enquanto minhas representações (muito embora eu não tenha consciência delas como tais), elas devem necessariamente se submeter à condição na qual somente podem coexistir em uma autoconsciência universal, já que, caso contrário, não me pertenceriam em comum”.

Ainda podemos ler:• “O pensamento estas representações dadas na intuição

(...) me pertencem todas da mesma forma que eu as uno em uma autoconsciência ou, pelo menos, posso uni-las; e, embora isso ainda não seja a consciência da síntese das representações, entretanto pressupõe a sua possibilidade; isto é, eu chamo todas aquelas representações de minhas representações só porque eu posso abranger a sua multiplicidade em uma consciência, caso contrário eu deveria ter um eu multicor, diverso, correspondente às representações das quais tenho consciência. A unidade sintética do múltiplo das intuições, enquanto é dada a priori, constitui portanto o fundamento da identidade da própria apercepção, que precede a priori todo meu pensamento determinado.

• Mas a unificação, portanto, não está no objeto e não pode ser considerada como algo que é atingido por eles mediante percepção e, desse modo, assumido primeiramente no intelecto, mas é apenas uma função do intelecto, que outra coisa não é do que a faculdade de unificar a priori e de submeter à unidade da apercepção o múltiplo das representações dadas – e é esse o princípio supremo de todo o conhecimento humano”.

Pergunta inicial Como são possíveis os “juízos sintéticos a priori”?

São possíveis,Pois:

a

b

c

Formas puras da intuição do espaço e do tempo a prior

O nosso pensamento é atividade unificadora e sintetizadora,Que se explicita através das categorias.

Culminando na apercepção original, que é o princípio da Unidade sintética originária, a própria forma do intelecto.

observaçãoKant Eu penso = sujeito transcendental Função

Atividade Horizonte

crítico

Românticos Eu penso Função

Atividade Construção da metafísica doSujeito – oposta à clássica

Metafísica do objeto.

Conclusão do Problema:

• Como são possíveis os juízos sintéticos a priori?– As formas puras da intuição do espaço e do

tempo a priori– O pensamento é atividade unificadora e

sintetizadora, que se explicita através das categorias, culminando na apercepção originária, que é o princípio da unidade sintética originária, a própria forma do intelecto.

A analítica dos princípios o esquematismo transcendental

• Problema:– As intuições e os conceitos são heterogêneos

• Como é possível a adoção das intuições sob os conceitos e, portanto, a aplicação das categorias aos fenômenos?

– Necessidade:• Um terceiro termo:

– Deve ser homogêneo com a categoria (tempo)– Deve ser homogêneo com o fenômeno (tempo)

Tornando possível a aplicação da categoria ao fenômeno.

Problema

Intuições são sensíveis

O intelecto não intuiLogo,

Intuições

Conceitos São heterogêneos!

Intermediário Homogêneo com as categorias

Homogêneo com os fenômenosDeve ser puro

IntelectualPor um lado

Sensível Por outro lado

Kant Chama esse intermediárioEsquema transcendental

Esquematismo transcendental o modo Como o intelecto se comporta com esses

Esquemas.

O que é então esse esquema?

Espaço

Tempo

É a forma da intuição de todos os fenômenos externos

É a forma da intuição de todos os fenômenos internos

Observação Os fenômenos externos uma vez captados, tornam-seInternos para o sujeito, logo, o tempo é a forma de

Intuição que conecta todas as representações sensíveis.

Tempo

É condição de todas as representações sensíveis – é homogêneo aosFenômenos – toda representação empírica se dá através dele

É forma, isto é, regre da sensibilidade, portanto, é, a priori, puro eGeral e, como tal, é homogêneo às categorias

O tempo tornar-se também a condição geral segundo a qual e somenteSegundo a qual a categoria pode ser aplicada a um objeto.

Esquema Transcendental

É igual a determinação a priori do tempo

Devem ser tantos quantas são as categorias

Exemplos O esquema da categoria da sustância é a permanência noTempo (sem esse permanecer-no-tempo, o conceito de

Substância não se aplicaria aos fenômenos)

O esquema da categoria causa e efeito (posto A, segue B)É a sucessão temporal do múltiplo

O esquema da categoria ação recíproca é a simultaneidadetemporal

O esquema da categoria de realidade é a existência de Um determinado tempo

O esquema da categoria da necessidade é a existência de Um objeto em cada tempo

1

2

3

4

5

• Esquema transcendental:– Exemplos:

• Substância– Permanência no tempo

• Causa e efeito– Sucessão temporal do múltiplo

• Ação recíproca – Simultaneidade temporal

• Realidade– Existência de um determinado

tempo• Necessidade

– Existência de um objeto em cada tempo

Observação: Imagem empírica:

produzida pela imaginação empírica

Esquema transcendental: produzida pela

imaginação transcendental

Vejamos de um modo simplificado

Esquema Transcendental:

É uma determinação a priori de tempo

Imagem Cão Com as características própriasDe cão

Esquema Representação De quadrúpede

Despojada de suasPeculiaridades

A distinção entre fenômeno e númenoA distinção entre fenômeno e númeno

• ““Se o fenômeno é a coisa tal como aparece para nós, é evidente que o fenômeno pressupõe a coisa como ela é em si”.– “Pela mesma razão pela qual há um para mim deve haver um em

si”.• Portanto: “A realidade metafenomênica existe, mas não posso

conhecer”.– O intelecto não pode ultrapassar os limites da sensibilidade, por

que só da sensibilidade é que ele pode receber o conteúdo.» A priori, o intelecto nada mais pode fazer do que antecipar a

forma de uma experiência possível em geral

• “Em nós, o intelecto e a sensibilidade só podem determinar os objetos em sua união. Se os separamos,

temos intuições sem conceitos ou conceitos sem intuições; em ambos os casos, representações que não

podem se referir a nenhum objeto determinado”.”.

Númeno Sentido negativo: a coisa como ela é em si (intuiçãoSensível). Afirma-se que a intuição sensível do homem

É fenomenizante e admite-se um substrato metafenomênico.

Sentido positivo: o objeto de uma intuição intelectiva (não é possível para nós humanos)

O conceito de númeno:

• É conceito problemático:• Observação:

– O juízo problema: » Afirmação e negação é considerada como possível.

(a alma humana é possível que seja imortal).» Não contém contradição » É possível que exista, mas não é contraditório caso

não exista.

O conceito de númeno:

Podemos pensá-lo, mas não conhecê-lo efetivamenteÉ um conceito-limite, que serve para circunscrever as pretensões da sensibilidade.

Vejamos como Kant trata o assunto

• “O conceito de númeno, isto é, de uma coisa que deve ser pensada não como objeto dos sentidos, mas como

coisa em si (e unicamente pelo intelecto puro), não é em absoluto contraditório, já que não se pode afirmar que a

sensibilidade seja o único modo possível de intuição. Aliás, esse conceito é necessário para que a intuição

sensível não seja estendida até às coisas em si, limitando assim a validade objetiva do conhecimento

sensível (já que as coisas restantes, que ela não alcança, precisamente por isso chamam-se númenos,

para indicar assim que tal conhecimento não pode estender o seu domínio também àquilo que o intelecto

pensa)”.

Mas, continua Kant:

““Mas, por fim, não é possível se dar conta nem mesmo da possibilidade de tais númenos: para nós, o território para além da esfera dos fenômenos está vazio. Ou seja, nós

temos um intelecto que se estende ao além problematicamente, mas não uma intuição e nem

mesmo o conceito de intuição possível, onde possam ser dados objetos fora do campo da sensibilidade e além do qual o intelecto possa ser usado de modo

assertivo. O conceito de númeno, portanto, é apenas um conceito-limite (...), para circunscrever as pretensões da

sensibilidade, sendo portanto, de uso puramente negativo”. ”.

A dialética transcendentalA dialética transcendental• ““Chama-se dialética transcendental a crítica Chama-se dialética transcendental a crítica

do intelecto e da razão em relação ao seu do intelecto e da razão em relação ao seu uso hiperfísico, a fim de desvelar a aparência uso hiperfísico, a fim de desvelar a aparência falaz de suas infundadas presunções e falaz de suas infundadas presunções e reduzir as suas pretensões de descobertas e reduzir as suas pretensões de descobertas e ampliação de conhecimentos, que ele se ampliação de conhecimentos, que ele se ilude de obter graças aos princípios ilude de obter graças aos princípios transcendentais, ao simples julgamento do transcendentais, ao simples julgamento do intelecto puro e à sua preservação das intelecto puro e à sua preservação das ilusões sofísticasilusões sofísticas”.”.

A faculdade da razão e suas ideias

• A dialética transcendental:A dialética transcendental:– ‘‘Estuda a razão e suas estruturas’Estuda a razão e suas estruturas’

• Razão: Razão: – É o intelecto quando vai além do horizonte da É o intelecto quando vai além do horizonte da

experiência possívelexperiência possível..• Por sua natureza busca ir além da experiência Por sua natureza busca ir além da experiência

possível (por sua necessidade estrutural)possível (por sua necessidade estrutural)– É a faculdade do incondicionado = metafísica.É a faculdade do incondicionado = metafísica.

Intelecto

Razão

Voltado para o finito (julgar)

Voltada para o infinito (pensar) = silogizar

Silogismo

Opera com conceitos e juízos puros,Não com intuições.

Dedução da tábua dos silogismos a tábua dos conceitos puroDa razão

T.S T.C.P.R

Categórico

Hipotético

Disjuntivo

Ideia psicológica = alma

Ideia cosmológica = mundo

Ideia teológica = Deus

Citação em Reale, 898/9.

A psicologia racional e os paralogismos da razão

• Paralogismo:Paralogismo:– Raciocínio involuntariamente falso.Raciocínio involuntariamente falso.

• AlmaAlma– O primeiro incondicionado O primeiro incondicionado – Sujeito absoluto do qual derivariam todos os Sujeito absoluto do qual derivariam todos os

fenômenos psíquicos internosfenômenos psíquicos internos• Silogismo:Silogismo:

– Em que o termo médio é usado ilicitamente em dois Em que o termo médio é usado ilicitamente em dois significados diferentessignificados diferentes

Exemplos

• O termo médio são subreptícios = ilícitos:– A alma é simples– A alma não é simples– Logo...

• Outro exemplo:– O cão ladra.– Ora, o cão é uma constelação,– Logo, uma constelação ladra.

• “Na psicologia racional esse paralogismo consiste no fato de que se

parte do Eu Penso e da autoconsciência, ou seja, da unidade

sintética da apercepção, transformando-se em unidade

ontológica substancial”.

A cosmologia racional e as antinomias da razão

• Antinomias:• Conflitos entre as leis puras da razão

– Mundo: segundo incondicionado– Quando a razão quer passar:

• Da consideração fenomênica do mundo• À consideração numênica

– Tese e antítese se anulam:» São válidas ao nível da razão pura.

• O mundo deve ser pensado metafisicamente como finto ou infinito?

• Decompõe-se em partes simples e indivisíveis ou não?• As suas causas últimas são todas de tipo mecanicista e,

portanto, necessárias, ou existem nele também causas livres?

• O mundo supõe uma causa última incondicionada e absolutamente necessária ou não?

As antinomias são estruturais e insolúveis, pois sem a experiênciaA razão oscila entre um conceito e outro.

Citação Reale, 901.

A teologia racional e as provas da existência de Deus

• Deus– Terceiro incondicionado (ideal absoluto)

• Esse ideal que formamos com a razão, enquanto sua existência, nos deixa na total ignorância.

• Provas ou caminhos para provar a existência de Deus:– 1) prova ontológica– 2) prova cosmológica– 3) prova físico-teleológica

• 1) a prova ontológica a priori:– Parte do conceito de Deus como absoluta

perfeição para deduzir a sua existência• Cai na ilusão transcendental de trocar o predicado

lógico pelo real• O conceito perfeito pode ser alcançado pela razão, e,

como lembra Kant, é necessário à razão;• Porém, não se pode extrair a existência real de tal

conceito, porque a proposição que afirma a existência de alguma coisa não é analítica, mas sintética.

• Prova cosmológica:– Parte da experiência e infere Deus como causa

• O princípio que leva a inferir do contingente uma sua causa só tem significado no mundo sensível.

• Prova físico-teleológica:– Parte da variedade, da ordem, da finalidade e da

beleza do mundo, remonta a Deus como ser último e supremo

• Pode demonstrar quando muito a existência de um arquiteto.