Eudcação Ambiental e Principio de Sustentabilidade No Mundo Moderno

  • Upload
    maycon

  • View
    214

  • Download
    0

Embed Size (px)

DESCRIPTION

fantástico material teórico sobre o tema

Citation preview

  • REVISTA PRXISano II, n 4 - agosto 2010 29

    Educao ambiental e princpio de sustentabilidade no mundo moderno

    Environmental education and sustainability in modern times

    Resumo

    O presente estudo tem como objetivo discutir a educao ambiental, considerando esta como uma problemtica inerente ao desenvolvimento global. Para tanto, analisam-se dispositivos, como comits e documentos, que, no sculo XX, buscaram minimizar o impacto do homem moderno na natureza. Aps tal levantamento, selecionam-se idias que corroborem para o entendimento da educao ambiental na atualidade, a fim de se questionar os inconvenientes elementos transformadores da educao pela/para natureza.

    Palavras-chave: Homem, Natureza, Educao Ambiental, Desenvolvimento Sustentvel.

    Abstract

    The following study aims to discuss the environmental education as a intrinsic problem for the global development. In order to accomplish such study, committees and documents, which tried to minimize the human impact in nature, were analyzed. After studying the data, we selected some ideas to understand the environmental education nowadays, in order to discuss the elements that change the education for/to nature.

    Keywords: Human being, Nature, Environmental Education, Susteinable Development.

    Maria Valdilia Noguera Torres 1

    Laila Klotz de Almeida Balassiano 2

    1 Docente da disciplina de Pediatria e Puericultura do curso de Medicina do Centro Universitrio de Volta Redonda, e mestranda em Ensino em Cincias da Sade e do Meio Ambiente2 Acadmica de Medicina do Centro Universitrio de Volta Redonda.

  • 30 REVISTA PRXISano II, n 4 - agosto 2010

    INTRODUO1.

    Para que se desenvolva a temtica da educao am-biental, fundamental que se considere dois fatores: hoje, vive-se em grandes centros urbanos, que tm crescimento demogrfico continuo, como tambm se tem mais acelera-do o desenvolvimento tecnolgico. Baseando-se nessa pre-missa que se prope uma reflexo acerca da degradao permanente de recursos naturais e de ecossistemas. Atualmente, pensar em educao ambiental requer a considerao de diferentes atores sociais, alm, claro, da comunidade acadmica. O universo educativo para a questo da preservao ambiental j no se restringe aos cientistas e pesquisadores, est presente no mbito das ins-tituies pblicas e privadas, ou seja, escolas, organizaes no-governamentais, empresas, etc. Logo, a produo de conhecimento em educao am-biental sofreu intensas modificaes. E, por conseguinte, se constituiu como uma problemtica, j que os princpios de-senvolvidos nessa rea da educao passaram a atender diversas ideologias, estas pertinentes a poltica, a economia, a respon-sabilidade social, dentre outras reas que fizeram da educao ambiental o seu diferencial competitivo, o seu recurso para a aceitao popular, como se poder perceber a seguir.

    EDUCAO AMBIENTAL: ASPECTOS GERAIS 2. SOBRE A PERSPECTIVA DA PRESERVAO DE RECURSOS NATURAIS

    Muito se tem discutido a respeito da degradao con-tnua do meio ambiente e de seu ecossistema por inmeras prticas sociais, o que remete, certamente, a uma anlise do papel da educao ambiental. Atualmente, a questo ambiental aplica-se a um conjunto de atores presentes no universo educativo. Cabe, por isso, destacar a funo de di-versas reas do conhecimento da comunidade acadmica, bem como de profissionais ligados a outros setores sociais. Tendo em vista a demanda por preservao ambien-tal em face dos grandes fenmenos que tm atormentado a sociedade, pertinente se ressaltar o desafio que se impe acerca de uma educao ambiental crtica e inovadora, que compreenda ainda dois nveis o formal e o informal, como preceitua a lei n 9.795/99 que dispe sobre a educao am-biental e cria a Poltica Nacional de Educao Ambiental no Brasil. Educao ambiental como ato poltico capaz de promover a transformao social. Logo, entende-se a necessidade de uma ao que com-preenda sociedade e meio ambiente como um todo inde-componvel, j que os recursos naturais so bens que, de certa forma, se esgotam e que o homem o principal consu-

    midor dos mesmos e, ainda, o primeiro agente degradador. Vale mencionar neste artigo aspectos histricos a res-peito da preservao ambiental. Notoriamente, a Revolu-o Industrial foi o marco simultaneamente da explorao e da destruio desordenada do meio ambiente. A partir do sculo XVIII, desencadearam-se grandes prejuzos aos ecosssitemas. Com o desenvolvimento das economias, as modificaes do meio foram transcorrendo, oriundas de tecnologias poluentes e impactantes (CMMAD, 2001), sem um mnimo de responsabilidade para com a preserva-o de elementos essenciais vida humana. Terras, guas, vegetais, animais e seres humanos foram atropelados por uma idia mal definida de progresso. No fundo, a humanidade foi vtima de uma irrupo de certas ondas do poder, com a utilizao irracional das tecnologias cientficas, sem controle do Estado e das agncias sociais. O crescente aumento de parques industriais, sem pro-jetos de implantao que cuidassem das questes urbansti-cas locais, acabaram por resultar em acmulo e concentra-o de resduos e lixos em solos despreparados ou em canais martimos ou fluviais. Esse cenrio foi intensificado conforme o aparecimen-to de locomotivas, navios a motor e outros maquinrios com funcionamento base de leo diesel. Apesar dessas descobertas tecnolgicas otimizarem os resultados dos ci-clos produtivos em geral, afetavam substancialmente os re-cursos naturais do meio ambiente. Constatou-se, a seguir, uma permanente evoluo da produo e dos avanos tecnolgicos que conduziram o homem a patamares elevados de confortos, praticidades, rapidez, etc., baseados, contudo, em desenvolvimentos in-conscientes acerca do carter finito dos recursos naturais do planeta. Verificou-se que a prpria vivncia de naes desenvolvidas industrialmente revela danos incalculveis natureza e ao meio ambiente, que resultavam na extino de recursos vitais sobrevivncia do planeta. O crescimento dessa situao estimulou uma nova abordagem acerca dos eminentes impactos ambientais, que passaram a gerar preo-cupaes em todo o mundo. (ANDRADE et. al., 2002) Por volta dos anos 1960, os assuntos ligados ecologia passaram a ser tratados com mais evidncia. Surgiram preo-cupaes em torno de temas interligados ao assunto, como sade e segurana. Diversos eventos de mbito mundial, rea-lizados desde ento, passaram a sinalizar o crescente interesse pela questo. Comearam, ento, a ser debatidos os termos de um desenvolvimento que preservasse a sustentao do planeta. Iniciou-se uma grande mobilizao de autoridades mundiais a favor de solues ambientalmente melhores, a partir de conferncias, encontros e aes nesse sentido. O princpio desse movimento deu-se por meio de uma conferncia sobre a biosfera, realizada 1968, na Frana. A

  • REVISTA PRXISano II, n 4 - agosto 2010 31

    esse evento compareceram especialistas em cincias naturais de todo o mundo. Posteriormente, o Clube de Roma, no incio da dcada de 70, publicou informes em documento intitulado Limites do Crescimento, que relatava os im-pactos ao meio ambiente decorrentes de atividades indus-triais. (ECOECO, 2004) Seguindo a evoluo dos acontecimentos, em 1972, um encontro para a Declarao sobre o Meio Ambiente Humano reuniu na Sucia, Estocolmo, autoridades e re-presentantes de governos de todo o mundo para discusso dos problemas que assolavam o meio ambiente. Este evento foi considerado um marco para aceitao do mercado em geral, liderado por desenvolvimentistas, sobre as questes de preservao do meio ambiente. No entanto, a evoluo da idia de sustentabilidade deveria propor modelos de gesto que relevassem a har-monia entre desenvolvimento e natureza, incorporando, no ambiente de decises empresariais e governamentais, os conceitos de Desenvolvimento Sustentvel, Responsabi-lidade Social, Atuao Responsvel, Qualidade de Vida e Sobrevivncia Humana. Da Conferncia de Estocolmo resultou um documen-to contemplando 26 princpios acerca da preservao do meio ambiente. A partir da surgiram diversas instituies e grupos com o mote de defesa do meio ambiente. Alguns pa-ses como a Frana, Alemanha, Dinamarca, Noruega, Fin-lndia e Holanda estabeleceram novas regras e legislaes ambientais aps esse evento, dando impulso a mudanas organizacionais da empresa. No incio da dcada de 80, a Organizao das Naes Unidas convocou a Comisso Mundial para assuntos do Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD) e motivou a ela-borao de um relatrio sobre a qualidade do meio ambiente de abrangncia mundial. O documento foi intitulado Relat-rio Nosso futuro Comum, tambm conhecido como Relatrio Brundtland (uma maneira de homenagear a ex-primeira-mi-nistra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, presidente da Comisso Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento em 1987, ocasio na qual o documento foi redigido). Nesse momento, definiu-se o conceito de desenvolvi-mento sustentvel como aquele que atende s necessidades das geraes atuais sem se comprometer a capacidade de as futuras geraes terem suas prprias necessidades atendi-das. O documento destaca, ainda, veementemente, a ado-o mundial de polticas concretas, especficas para ques-tes ambientais como sendo imprescindvel ao futuro do planeta. Chamou-se a ateno para a delimitao necessria entre tecnologia e o meio ambiente. Defendia-se, por con-sequncia, a idia de que a economia e a ecologia podem ser pensadas juntas e, nesse sentido, instigou-se a incluso do meio ambiente na poltica econmica, ou melhor, nos

    processos de deciso dos setores sociais. Percebeu-se, assim, que cada vez mais a sociedade to-mava conscincia da necessidade em se preservar os recursos ambientais e desenvolver formas alternativas para a explora-o ambiental, recompensando constantemente aquilo que extrado apenas para conforto dos grupos sociais. (CM-MAD, 2001, p. 78) A idia de que a natureza uma fonte de recursos finitos e no gratuitos, proporcionou um novo enfoque economia e explorao econmica. Constata-se, hoje em dia, a necessidade de racionalizar e otimizar a utilizao dos recursos naturais dentro de uma viso de longo prazo, levando-se em conta os princpios da conservao, recicla-gem, poupana e precauo. Prosseguindo a evoluo dos conceitos voltados pre-servao do meio-ambiente, em 1991, na Conferncia Mun-dial da Indstria sobre a Gesto do Ambiente, foi divulga-da a Carta Empresarial para o Desenvolvimento Sustentvel, elaborada pela Cmara de Comrcio Internacional (CCI). A divulgao dessa carta possibilitou nortear as empresas de todo o mundo que se comprometeram e cumpriram os princpios relativos gesto do ambiente. Esse documento representou, por conseguinte, uma importncia vital para o desenvolvimento sustentvel. Quanto ao meio acadmico, destaca-se, na dcada de 70, nos Estados Unidos, a instituio da sociologia am-biental que tratou das mutuas relaes estabelecidas entre sociedade e natureza, entre homem e seu meio natural. Essa ramificao da sociologia veio de encontro ao ideal de desen-volvimento econmico que tinha a degradao ambiental como consequncia inevitvel do progresso. Assim, a ideo-logia ambientalista foi vista como grande oponente do de-senvolvimento econmico global. (HERCULANO, 2000). A sociologia ambiental se estabeleceu, em meio aos contratempos do desenvolvimento nas reas tecnolgica, econmica e industrial, como uma reflexo acerca da ur-gncia de aes a favor de problemas ambientais provocados por esses setores, principalmente. Todavia, vale destacar o fato de que tal vertente sociolgica tenha se transformado nos anos 80, passando a perceber a degradao ambiental no mais como um problema puramente esttico, mas sim de sade pblica. Porm, no foi exatamente a sociologia ambiental que deu dimenso global a questo da preservao dos recur-sos naturais, e sim a Conferncia da Organizao das Na-es Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento CNUMAD ou UNCED, realizada no Rio de Janeiro, em 1992. Nesse momento, foi criada a Comisso para o De-senvolvimento Sustentvel e o Fundo Geral para o Meio Ambiente, justamente, por conta de alteraes climticas causadas pela produo humana.

  • 32 REVISTA PRXISano II, n 4 - agosto 2010

    A partir da, surgiram grupos de estudos acadmicos e comisses intergovernamentais, o que acabou por re-lacionar cientistas e sociedade civil e promover pesquisas considerveis acerca dos impactos produzidos pelo homem na natureza, mais precisamente, daquilo que d origem ao aquecimento global. Foi, ainda, nos anos 90, que a Associao Internacio-nal de Sociologia fundou um comit de pesquisa, o Rese-arch Committee 24, que teve o apoio de estudos de outras reas da Sociologia. Tal promoo redundou a implantao de diversos cursos de ps-graduao no Brasil, bem como a criao do GT 04 Ecologia e Sociedade, que passaram a se dedicar especificamente temtica ambiental. Afirma-se que tais bases tericas redundaram, na sociedade moderna, em especial no Brasil, uma sensibi-lizao ecolgica, como assevera Grn (1996, p. 19). O autor, apoiado em Pdua (1992), cita alguns dos fatores que, talvez, sejam tidos no pas como referncia para tal comportamento. So eles: a prpria ordem global a respei-to de ecologia; a notria relao entre baixa qualidade de vida nos pases subdesenvolvidos ou em desenvolvimento e a degradao socioambiental; a imagem e a funo estra-tgica assumida pela Brasil diante do cenrio mundial; a devastao da maior reserva biolgica do mundo, a floresta amaznica; e, principalmente, a conscientizao nacional acerca dos causadores de fenmenos naturais catastrficos que tm devastado cidades no Brasil e no mundo. Assim, o medo em relao ao meio ambiente, no s no Brasil, mas tambm no globo, vem disseminando a idia de preservao imediata dos recursos naturais. Tal movi-mento traz uma relevante perspectiva para o contexto so-cial, a de que o ambientalismo no mais objeto de estudo e de valorizao somente da comunidade acadmica, mas sim de todos aqueles sociedade, governo, empresas, etc. que atuam livremente no meio ambiente. Desde que a educao ambiental deixou de se ser proposta da Sociologia para se tornar perspectiva social e, ainda, pol-tica de Estado, passou a atingir todas as classes sociais e no somente a intelectualizada, a classe mdia, segundo Grn (1996). E, certamente, sua fundamentao foi transfigura-da, ao passo em que se revertiu da lgica capitalista e passou a atender a demanda de avanos tecnolgicos. Se se pensar nas ltimas dcadas como perodos de construo da educao ambiental, percebe-se que houve uma movimentao favorvel a conceitualizao do tema, embora ainda no se tenha uma definio precisa haja vis-ta tamanha a complexidade da rea. Todavia, hoje, se tem solidificado um outro consenso e uma nova necessidade da preservao, o que se pode denominar de tica antropo-cntrica, como diz Grn (1996, p. 23), e no necessaria-mente manifestao ecolgica.

    Partindo desse pressuposto e apoiado nas idias do fi-lsofo Holmes Rolston III, as quais destitua do homem a posse da natureza, Grn (1996) entende que no so exata-mente nossos os recursos naturais, como tambm afirma que o homem imbudo desse sentimento de propriedade no tem conscincia real do valor da natureza. Modernamente, se tm tais recursos como material imprescindvel capaz de dar sustentabilidade a toda tec-nologia desenvolvida at o momento e, o homem, como simples usurio dessa ferramenta, apresenta-se preocupado com a extino dessas fontes naturais. Isso porque, nos tem-pos atuais, a informao assumiu um papel considervel na interrelao entre sujeitos e entre naes. Nesse sentido, a educao para a cidadania, desenvolvida no ciberespao, na multimdia, na Internet, passou a implicar motivao e sen-sibilizao das fontes primrias da tecnologia. Logo, educao ambiental entendida mais como um instrumento a servio do poder, da colonizao da subje-tividade e dos desejos humanos, como bem afirma Grn (1996). Mais precisamente, a educao ambiental, hoje, relacionada ao tema desenvolvimento sustentvel e percebi-da como condio sine qua non para se modificar a estrutura econmica global, alm, claro, de se garantirem aes fa-vorveis reduo do quadro de degradao ambiental. Mas, insiste-se na premissa de que a educao ambien-tal, no atual contexto social, no seja suficiente, j que essa se mostra, justamente, como uma ferramenta aplicada na mediao entre culturas, comportamentos e interesses de grupos sociais diversos, a fim de se constituir transforma-es sociais pr-definidas, favorecendo, certamente, a deter-minados grupos polticos. No entanto, oportuno que se ressaltem os princpios fundamentais da educao ambiental. Educar, nesse senti-do, implica oferecer mtodos eficazes e pertinentes ao de-senvolvimento de prticas sociais centradas, essencialmente, no conceito de natureza, e no na lgica capitalista. Deve, ainda, a educao ambiental promover a reflexo sobre as dimenses do progresso humano, sobre o impacto que este causa ao meio ambiente em detrimento do desenvolvimen-to tecnolgico, em especial. Deve-se reconhecer a educao ambiental como um processo poltico dinmico, em permanente construo, orientado por valores baseados na transformao social. Nesse sentido, a iniciativa das Naes Unidas de implemen-tar a Dcada da Educao para o Desenvolvimento Susten-tvel (2005-2014) e o de 2010 como o Ano Internacional da Biodiversidade.ano reforou mundialmente a sustenta-bilidade a partir da educao. As mudanas climticas ainda compreendem o maior desafio ambiental e de desenvolvimento do sculo XXI. As Conferncias das Partes sobre Clima (COPs) existem desde

  • REVISTA PRXISano II, n 4 - agosto 2010 33

    1995, quando os representantes dos pases signatrios da Conveno-Quadro das Naes Unidas sobre Mudanas Climticas passaram a se reunir anualmente. A 15 Confe-rncia das Partes (COP 15) da Conveno-Quadro das Na-es Unidas sobre Mudanas do Clima, realizada em 2009 em Copenhagen, Dinamarca, j considerada uma das mais importantes reunies entre governos de todo o mun-do. Olhares atentos de todas as naes seguiram os passos dos negociadores reunidos na COP 15, ansiosos por um consenso em torno de um acordo global ambicioso para o perodo ps-2012. Seu objetivo maior que a estabilizao das concentraes de gases de efeito estufa na atmosfera em nveis que permitam evitar interferncias perigosas sobre o sistema climtico global. Garcia (apud GUIMARAES, 2000) revela:

    A educao ambiental deve ser uma concepo totaliza-dora de Educao e que possvel quando resulta de um projeto poltico-pedaggico orgnico, construdo coleti-vamente na interao escola e comunidade, e articulado com os movimentos populares organizados comprometi-dos com a preservao da vida em seu sentido mais pro-fundo. (p. 68).

    Seria, portanto, com o auxilio da escola, que a educa-o ambiental assumiria verdadeiramente a sua funo, a de aprofundar conhecimentos sobre questes ambientais, como tambm criar espaos para a participao coletiva, ressaltando princpios e valores ticos que integrem o ho-mem moderno natureza. A educao ambiental tem por escopo desenvolver a hegemonia popular, a transformao do contexto social, e no reproduzi-lo de modo a fazer os cidados mquinas destrutivas da natureza. Ento, como componente de cida-dania, a educao ambiental implica em novos mtodos de ensino, novos saberes, que sejam proficientes e compreen-dam a complexa relao homem/natureza.

    CONSIDERAES FINAIS3.

    Aps, a discusso aqui proposta, se faz necessrio aten-tar para a funo que deve assumir a prpria sociedade em relao educao ambiental. ela que deve exigir polti-cas mais efetivas, divulgao mais ampla sobre a questo da preservao dos recursos naturais, como tambm se reverte da misso de cobrar de instituies privadas, em especial, o compromisso com o meio social. Considerando-se que essas empresas se apropriam de parte do espao concedido sociedade, natural que esta crie expectativas a respeito das respostas que essas organiza-

    es daro a comunidade. mais natural, ainda, a empresa atender prontamente a tais questionamentos e retribuir no s pelo espao que a sociedade lhe oferece, mas tambm retribuir os recursos que a natureza lhe cede. Para que essa poltica de retorno se estabelea, fundamental que ambas as partes sociedade e instituio se conscientize, se pro-ponha a novos processos de aprendizagem para que novos saberes se afirmem no contexto sociocultural. Como cita Silvia Czapsk: Copo meio-cheio ou meio-vazio. assim com a educao ambiental. Um simples cli-que num stio de busca na internet, com a expresso-chave educao ambiental levar imediatamente indicao de mais de um milho de links. Enorme e impenetrvel flo-resta, pode-se pensar. o copo to cheio, capaz de causar a desistncia, antes de comear o mergulho. Ou a impresso de que tudo est realizado, frente a to expressivo resultado. No outro extremo, eventualmente em conversa ou troca de correspondncia com educadoras/es especialmente se a pessoa estiver mais distante dos grandes centros econmicos e polticos vir a sensao do copo vazio. Somos tantos, mas tanto h ainda por fazer, tanto por completar. Apoios que se buscam, recursos que faltam, indicaes certeiras nem sempre fceis de encontrar. Muito se fez, mas muito h por fazer. (Os diferentes matizes da educao ambiental no Brasil, 2009) Conclui-se este artigo ressaltando-se a necessidade de se rever o ideal que se encontra relacionado ao tema susten-tabilidade nos tempos atuais. Precisa-se pensar em educao ambiental distanciada de sistemas polticos e econmicos, e, portanto, voltada tica, cidadania, superao do reducionismo social e, principalmente, representao da relao de dependncia entre homem e natureza. Assim, se poderia reverter o quadro de devastao e de catstrofes provocados pelo prprio ser humano.

    AGRADECIMENTOS4.

    As autoras agradecem Professora Rosana Aparecida Ra-vaglia Soares por ceder seu tempo revisando este trabalho e pelas orientaes dadas.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS5.

    ANDRADE, R.O.B.; TACHIZAWA, T. CARVALHO, A.B. Gesto Ambiental: Enfoque estratgico aplicado ao Desenvolvimento Sustentvel. Makron Books, 2002.

    BRASIL, Constituio da Repblica Federativa do. So Paulo: Saraiva, 2003.

  • 34 REVISTA PRXISano II, n 4 - agosto 2010

    BRASIL, Ministrio do Meio Ambiente. Os diferentes matizes da educao ambiental no Brasil 1997 2007. Braslia:MMA, 2008.

    BRASIL. Ministrio da Educao. Educao Ambiental: aprendizes de sustentabilidade. Cadernos SECAD 1. Bra-slia: MEC, 2007.

    CMMAD COMISSO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO. Nosso futuro comum. Rio de Janeiro: Fundao Getulio Vargas, 2001.

    COP15. Guia rpido. Disponvel em: http://www.mudancas-climaticas.andi.org.br/cop15/node/1. Acesso em jun. 2010.

    DEWES, D.; WITTCKIND, E.V. Educao ambiental para a sustentabilidade: histria, conceitos e caminhos. Rio Grande do Sul: Campus Santo ngelo, 2006.

    ECOECO. O que economia ecolgica. Disponvel em: http://www.eco.unicamp.br. Acesso em ago. 2004.

    GRN, M. tica e Educao Ambiental: a conexo ne-cessria. So Paulo: Papirus, 1996.

    GUIMARAES, M. Educao ambiental: no consenso um embate? So Paulo: Papirus, 2000.

    HERCULANO, S.C. Sociologia Ambiental: origens, enfoques metodolgicos e objetos. In: Revista Mundo e Vida: alternativas em estudos ambientais, Niteri/RJ, ano I, n 1, UFF/PGCA-Riocor, 2000, pp. 45 55.

    JACOBI, P. Educao Ambiental, Cidadania e sustentabili-dade. Cadernos de Pesquisa. So Paulo: USP, 2003.

    UNESCO. Projeto do milnio das Naes Unidas 2005 Investindo no desenvolvimento: um plano prtico para atingir os objetivos de desenvolvimento do milnio. Vi-so geral. Nova Iorque, 2005.

    UNESCO. Decenio de las Naciones Unidas de la Educaci-n con miras al Desarrollo Sostenible (2005-2014): Plan de aplicacin internacional. Frana, 2006.

    Endereo para Correspondncia:

    Maria Valdilia Noguera Torres - [email protected]

    Centro Universitrio de Volta Redonda - Campus Trs Poos

    Av. Paulo Erlei Alves Abrantes, n 1325, Trs Poos - Volta Redonda / RJ

    CEP: 27240-560