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FECHAMENTO AUTORIZADO PODE SER ABERTO PELA ECT A Serviço das Comunidades Impresso Especial 9912259129/2005-DR/MG CORREIOS MITRA JORNAL DA DIOCESE DE GUAXUPÉ | ANO XXXII - 321 | AGOSTO DE 2016 “Cada Igreja particular, porção da Igreja Católica sob a guia do seu Bispo, está, também ela, chamada à conversão missionária. Ela é o sujeito primário da evangelização, enquanto é a manifestação concreta da única Igreja num lugar da Terra e, nela, ‘está verdadeiramente presente e opera a Igreja de Cristo, una, santa, católica e apostólica’”. (Evangelii Gaudium 30)

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A Serviço das Comunidades

ImpressoEspecial

9912259129/2005-DR/MG

CORREIOSMITRA

JORNAL DA DIOCESE DE GUAXUPÉ | ANO XXXII - 321 | AGOSTO DE 2016

“Cada Igreja particular, porção da Igreja Católica sob a guia do seu Bispo, está, também ela, chamada à conversão missionária. Ela é o sujeito primário da evangelização, enquanto é a manifestação concreta

da única Igreja num lugar da Terra e, nela, ‘está verdadeiramente presente e opera a Igreja de Cristo,

una, santa, católica e apostólica’”.(Evangelii Gaudium 30)

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Dom José Lanza Neto

2 Jornal Comunhão - A Serviço das Comunidades

A Voz do Pastor

Jornalista responsável ALEXANDRE ANTONIO DE OLIVEIRA - MTB: MG 14.265 JPProjeto grá�co e editoração BANANA, CANELA E DESIGN - bananacanelaedesign.com.br (35) 3713-6160ImpressãoGRÁFICA SÃO SEBASTIÃOTiragem3.950 EXEMPLARES

ExpedienteDiretor geralDOM JOSÉ LANZA NETO EditorSÉRGIO BERNARDES - MTB - MG14.808Equipe responsávelJANE MARTINS e JULIANNE BATISTARevisãoJANE MARTINS

RedaçãoRua Francisco Ribeiro do Vale, 242 – Centro CEP: 37.800-000 – Guaxupé (MG)Telefone(35) 3551.1013E-mail [email protected] Artigos assinados não representam necessariamente a opinião do Jornal.Uma Publicação da Diocese de Guaxupéwww.guaxupe.org.br

Nem sempre é fácil pinçar frases, trechos, extrair algumas ideias de for-ma clara e sucinta de um documen-to da Igreja. Assim acontece com esta carta Iuvenescit Ecclesia da Congrega-ção para Doutrina da Fé, publicada no dia 15 de maio de 2016, Solenidade de Pentecostes, Sobre a Relação entre Dons Hierárquicos e Carismáticos para a Vida e Missão da Igreja. É uma bela carta que precisa ser lida, estudada e refletida paulatinamente. São tópicos e temas desenvolvidos a respeito dos dons carismáticos, numa perspectiva doutrinal, teológico – sistemática a par-tir dos documentos magistrais. Destaco a missão da Igreja de evangelizar e que necessita de novas forças vindas do Espírito Santo, que distribui seus dons conforme as necessidades dos tempos. Considerarei as intervenções do Magis-tério no período pós-conciliar do Vati-cano II.

A Igreja se rejuvenesce com a força do Evangelho e o Espírito Santo reno-va-a continuamente, edificando-a e guiando-a, com diversos dons hierár-quicos e carismáticos. O Concilio Vati-cano II pôs repetidamente em relevo a obra maravilhosa do Espírito Santo que santifica o Povo de Deus, guia-o, adorna-o de virtudes e enriquece-o de graças especiais em vista à sua edifica-ção. A tarefa de comunicar eficazmente o Evangelho torna-se particularmen-te urgente em nosso tempo. A tarefa de evangelizar diz respeito a todos os âmbitos da Igreja: A pastoral ordinária, o anúncio àqueles que abandonaram a fé cristã e, particularmente, àqueles que ainda não foram alcançados pelo Evangelho de Jesus ou que sempre o recusaram. Nesse trabalho imprescindí-vel da nova evangelização é mais que necessário reconhecer e valorizar os numerosos carismas capazes de des-pertar e alimentar a vida de fé do povo de Deus.

Sobre os carismas, segundo o Novo Testamento, em 1º Cor 12, 7, Paulo de-clara que “a cada um é dada a manifesta-ção do Espírito para aproveito”. Muitos tradutores acrescentam: “para aprovei-to comum”. Porque a maioria dos ca-rismas mencionados pelos apóstolos, ainda que nem todos, têm diretamente

um proveito comum. Essa finalidade à edificação de todos foi bem compre-endida, por exemplo por Basílio Mag-no, quando diz: “Cada um recebe estes dons mais para os outros do que para si mesmo. Na vida comum, é necessá-rio que a força do Espírito Santo dada a um seja transmitida a todos. Quem vive para si próprio, talvez pode ter um ca-risma, mas torna-o inútil ao conservá-lo inativo, porque o enterrou dentro de si mesmo”. De qualquer modo, Paulo não exclui que um carisma possa ser útil so-mente à pessoa que o recebeu.

Tanto Pedro como Paulo insistem na necessidade de orientar todos os caris-mas para a caridade. Pedro oferece uma regra geral: “ como bons administrado-res das várias graças de Deus, cada um de vós põe a serviço dos outros o dom que recebeu” (1º P 4, 10). Paulo preo-cupa-se particularmente com o uso dos carismas nos encontros da comunida-de cristã e afirma: “que tudo se faça de modo a edificar” (1º Cor 14, 26).

A constituição dogmática Lumen Gentium (n.º 4) nos diz dos dons hierár-

quicos e carismáticos e das suas estrei-tas e articuladas conexões. Eles têm a mesma origem e o mesmo propósito. São dons de Deus Pai, do Espírito San-to, de Cristo, dados com a finalidade de contribuir de formas diversas para a edificação da Igreja. O mesmo Espírito dá à hierarquia da Igreja a capacidade de discernir os carismas autênticos, de os acolher com alegria e gratidão, de os promover com generosidade e de acompanhá-los com paternidade vigi-lante.

Nos tempos mais recentes é que se desenvolveu uma reflexão sistemáti-ca sobre os diferentes carismas. A esse respeito, é dado espaço significativo à doutrina dos carismas do Magistério, expressa por Pio XII na carta encíclica Mystici Corporis Christi. Os ensinamen-tos do Vaticano II avançam como um passo significativo para a compreensão adequada sobre a relação entre os dons hierárquicos e carismáticos.

As intervenções do Magistério so-bre este assunto no período a seguir ao Concílio Vaticano II multiplicaram-se.

Isto se deve à crescente vitalidade dos novos movimentos, agregações de fiéis e comunidades eclesiais, juntamente com a necessidade de precisar o lugar da vida consagrada dentro da Igreja. João Paulo II, ao longo do seu pontifi-cado, insistiu particularmente no prin-cípio da co-essencialidade destes dons: “Repetidas vezes sublinhei que na Igre-ja não existe contraste nem contradi-ção entre a dimensão institucional e a dimensão carismática, da qual os Movi-mentos são uma expressão importante. Tanto uma como outra são co-essen-ciais na constituição divina da Igreja fundada por Jesus, uma vez que con-correm conjuntamente para tornar pre-sente o mistério de Cristo e a sua obra salvífica no mundo”. O Papa Bento XVI, além de sublinhar a sua co-essenciali-dade, aprofundou a afirmação do seu predecessor recordando que “tal como na Igreja as instituições essenciais são carismáticas, assim os carismas devem de uma forma ou de outra instituciona-lizar-se, para que haja coerência e con-tinuidade. Assim, ambas as dimensões, originárias do Espírito Santo através do Corpo de Cristo, concorrem conjunta-mente para tornar presente o mistério e a obra salvífica de Cristo no mundo. Tanto os dons hierárquicos como os carismáticos resultam desta forma re-ciprocamente relacionados desde a sua origem”.

Finalmente, o Papa Francisco recor-dou a harmonia que o Espírito estabe-lece entre os diversos dons e apelou às agregações carismáticas para abertura missionária, obediência aos pastores e imanência eclesial. “É no âmbito da comunidade que desabrocham e flo-rescem os dons que o Pai nos concede em abundância; e é no seio da comuni-dade que aprendemos a reconhecê-los como um sinal do seu amor por todos os seus filhos”. Portanto, para concluir, é possível reconhecer uma convergência do Magistério eclesial recente sobre a co-essencialidade entre os dons hierár-quicos e carismáticos. A contraposição, bem como a justaposição, seriam sinto-mas de uma equivocada ou insuficiente compreensão da ação do Espírito Santo na vida e na missão da Igreja.

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3AGOSTO/2016

Opinião

O redescobrimento da Igreja particular numa perspectiva canônicaA Igreja par-

ticular constitui uma realidade que emerge cla-ramente nos textos do Novo Testamento e no testemunho de inúmeros Padres da Igreja. Com o progressivo au-mento do papel do papado a par-tir do século IX e, particularmente, desde a reforma gregoriana do sé-culo XI, se desen-volveu no segun-do milênio um regime de orga-nização unitária que colocou em relevo a dimen-são universal da Igreja, em detri-mento da dimen-são particular.

A renovação e c l e s i o l ó g i c a operada em me-ados do século XX colocou as ba-ses para o redes-cobrimento da Igreja particular. Foram inúmeras as contribuições nesse contexto, como os estudos bíblicos e patrísticos, o mo-vimento litúrgico, uma melhor compre-ensão da relação entre o primado e o episcopado, Igreja universal e particu-lar. Houve também um renovado inte-resse pela missão da Igreja, reforçando a consciência de que a Igreja cresce com a implantação de novas Igrejas lo-cais.

O Concílio Vaticano II também cons-tituiu um passo significativo para o processo de redescobrimento da Igreja local, especialmente ao ressaltar a visão da Igreja como communio Ecclesiarum (comunhão de Igrejas). Tal redescobri-mento atingiu a sua maturidade com a celebração deste concílio ecumênico e com a difusão da consciência de que a Igreja de Cristo é uma Igreja de igrejas, cuja diversidade legítima manifesta a catolicidade e o caráter de comunhão, o que supõe a diversidade na unidade (cf. LG 13; 23).

O Vaticano II dedicou expressamen-te um capítulo às Igrejas particulares como Igrejas jovens (cf. AG 19-22), ofe-recendo vários elementos que permiti-ram superar uma perspectiva primor-dialmente jurisdicista que recaía sobre a Igreja antes do Concílio. O Concílio, sem negar os aspectos jurídicos, pôs maior ênfase nos aspectos sacramen-tal, querigmático, carismático e comu-

nional da Igreja.No Vaticano II, o termo “Igreja par-

ticular” foi utilizado como sinônimo de “Igreja episcopal”, ou diocese, que o código latino denomina de “porção do Povo de Deus confiada ao pastoreio do Bispo com a cooperação do presbité-rio...” (cân. 369). Tal definição foi inspira-da no decreto conciliar Christus Domi-nus, n. 11, no qual aparece o elemento pessoal (“porção do Povo de Deus”) e não o aspecto territorial, como no Có-digo Pio-beneditino (1917).

O cân. 368 do código latino ainda enfatiza que “As Igrejas particulares, nas quais e das quais se constitui a una e única Igreja católica, são primeiramen-te as dioceses...”. No magistério conci-liar, há em torno de 22 ocorrências da terminologia ou da realidade da Igreja particular (SC 13, 111; LG 23, (3x), 27, 45; CD 3,6,11 (3x), 23,28,33; AG 6(2x), 19,20 (2x), 22; GS 91). No Decreto para as Igrejas Orientais, o Concílio utilizou tal expressão para indicar a Igreja ritu-al, chamada no código para as Igrejas Orientais de “Igrejas Sui iuris” (cân. 27 do CCEO).

Como se percebe, não houve uma uniformidade terminológica quanto à realidade da Igreja particular devido à relativa novidade deste tema para os padres conciliares e pelo fato de que a Igreja particular não foi, enquanto tal,

o tema fundante do concílio. Nos códi-gos latino (CIC/1983) e oriental (CCEO), o Legislador utilizou de modo exclusivo a terminologia conciliar “Igreja parti-cular”. A única vez que o código latino utilizou a expressão “Igreja local” foi em referência às Igrejas não católicas (cf. cân. 844 §5).

A descrição da Igreja particular no concílio (CD 11) e na legislação da Igreja (c. 368) indica alguns elementos essenciais: o DNA da Igreja, seu fator genético (o Evangelho, a Eucaristia e o Espírito Santo), o elemento substancial (a porção do Povo de Deus (...), na qual está realmente presente e opera a Igre-ja de Cristo) e o elemento ministerial (o bispo, seu pastor próprio, com a coope-ração do presbitério).

Quando o Concílio menciona a portio populi Dei (porção do povo de Deus), a perspectiva determinante é a dignidade e a vocação cristã de todos os fiéis. Não há mais uma acentuação da perspectiva territorial da diocese, mas no aspecto comunitário.

Outro aspecto iluminador dessa re-descoberta se refere ao ministério dos bispos diocesanos, os quais “regem as Igrejas particulares a eles confiadas como vigários e enviados de Cristo” (cf. c. 375). Os Bispos são vigários de Cris-to e não do Romano Pontífice, uma vez que exercem esse múnus com potes-

tade própria, em comunhão hie-rárquica com o Colégio dos Bis-pos e sua cabeça, o Romano Pontí-fice (cf. LG 27; cc. 375 §2; 381 §1).

De acordo com o Concílio, o Bispo diocesano, na Igreja que lhe foi confiada, “é o princípio visível e o fundamento da unidade” (LG 23). Ele desenvolve um duplo papel de união entre a Igreja universal e particular: repre-senta a sua Igreja no âmbito da co-munhão entre as Igrejas particula-res e representa a Igreja universal no âmbito da própria Igreja. Seu sagrado mi-nistério não está acima da Igreja particular, mas a serviço da comu-nidade dos fiéis (LG 20).

O magistério conciliar e a legislação reforçam que o Bispo, pastor próprio da Igreja particu-lar (c. 381), age “em cooperação com o presbitério” (CD 11; c. 368). No entan-to, os ministros sagrados não podem realizar por si só a edificação da Igreja, uma vez que se trata de uma função que compete a toda comunidade cris-tã, “organicamente estruturada” (LG 11). Sobre esta base originária da Igreja par-ticular (Bispo-presbitério-demais fiéis) circula a ação multiforme do Espírito Santo, o qual reparte os seus dons entre os fiéis das diversas ordens (LG 12), sus-citando uma variedade de vocações e ministérios para o serviço da Igreja una, santa, católica e apostólica.

Referências BibliográficasCONCÍLIO VATICANO II. Compêndio do Vaticano II: Constituições, Decretos e Declarações. Petrópolis: Vozes, 1968.

INSTITUTO MARTÍN DE AZPILCUETA. Diccionario General de Derecho Canónico, vol. IV, pp. 386-388.

JOÃO PAULO II. Código de Direito Canônico. São Paulo: Loyola, 2001, 14 ed.

Por padre Clemildes de Paiva, professor da Faculdade Católica de Pouso Alegre,

mestrando em Direito Canônico e presbí-tero na Arquidiocese de Pouso Alegre

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4 Jornal Comunhão - A Serviço das Comunidades

De 24 a 26 de junho, dom José Lanza Neto realizou a visita pastoral à Paróquia São José, em São Sebastião do Paraíso. Foi a primeira visita pastoral do bispo desde a criação da paróquia em março de 2013.

Dom Lanza foi recebido, na tarde de sexta-feira, pelo pároco, padre Gladstone Miguel da Fonseca. Sua primeira ativida-de pastoral foi a presidência da missa, às 19 horas, com a presença de um grande número de fiéis. Após a missa, foi hastea-da a bandeira de São João numa confra-ternização com comidas e bebidas típi-cas. Em seguida, o bispo reuniu-se com o pároco e os representantes do Conselho Pastoral Paroquial (CPP), constituído por

“Queremos voltar ao primeiro amor”. Inspirados por essa temática, mais de 120 jovens da Diocese de Guaxupé se reuniram na Cúria Diocesana, em Gua-xupé, no dia 26 de junho, para celebrar o Encontro Diocesano de Coordenado-

leigos que coordenam os diversos mo-vimentos e pastorais e que ajudam na promoção da ação pastoral na paróquia.

No fim da manhã de sábado, acompa-nhado do padre Gladstone e de alguns fiéis, visitou o Lar Pedacinho do Céu, en-tidade filantrópica situada no território da paróquia. A instituição cuida de 26 internos, entre crianças, adolescentes e adultos especiais. No local, dom Lanza deu uma bênção especial e afirmou que o auxílio prestado regularmente pela paróquia ao Lar Pedacinho do Céu, me-diante doações e a promoção de campa-nhas para arrecadar donativos, constitui uma ação de inestimável valor social.

Na manhã do domingo, após presidir

Notícias

Bispo realiza primeira visita pastoral à Paróquia São José, em Paraíso

Encontro motiva jovens a buscar suas raízes para evangelizar

Em reunião com o CPP, o bispo pôde ouvir as prioridades e avaliar a cami-nhada da comunidade

Setor Juventude aposta na misericórdia e ousadia de jovens para construir história diocesana

Foto: Paulo Vilar

Foto: Lázara Assunção

a missa das 9 horas, dom Lanza reuniu-se com os coordena-dores dos grupos de reflexão e das Santas Missões Populares, ocasião em que lhes deu a oportunidade de fazer questiona-mentos sobre situa-ções práticas viven-ciadas por eles como missionários leigos e os incentivou a per-severar na missão. Ressaltou, ainda, que as  Santas Missões Populares vêm pro-duzindo bons frutos em toda a diocese,

com o despertar da fé e o surgimento de novas lideranças.

Por Paulo Vilar

res de Grupos de Jovens.O encontro foi iniciado

com a celebração eucarís-tica, presidida pelo padre Claudemir Lopes, coorde-nador diocesano do Se-tor Juventude. Logo após, ainda sob a condução do padre, os jovens puderam refletir sobre o tema central do encontro.

Para o padre Claudemir, o intuito do encontro é pro-

mover uma interação entre iniciativas diferentes de evangelização da juven-tude, mas que se unem pela alegria partilhada de ser “um rosto jovem de Deus”. “Cada jovem, ao seu modo, dá

um grande contributo à nossa Igreja Particular, sobretudo no dia de hoje, no qual tentamos, de certa forma, levar es-tes jovens, a partir do chamado de Je-sus, a recordar o primeiro amor e fazer com que eles descubram neste amor [a Cristo], uma grande motivação”.

Algumas participações enriqueceram o encontro. Uma delas foi a presença dos organizadores do “Aviva Jovem”, even-to realizado pela primeira vez no ano passado em Poços de Caldas, mas com data prevista para mais uma edição em setembro deste ano. O estagiário pas-toral Dione Piza, que atua no Serviço de Animação Vocacional, lembrou os jovens da importância de se abrir ao chamado à santidade, que ocorre em diversos ca-

minhos vocacionais. Após o almoço, os participantes conheceram um pouco da história da Diocese com a contribuição de Sérgio Bernardes, estagiário pastoral e editor do jornal e do site da diocese.

A proposta de reunir anualmente representantes de todas as expressões juvenis para refletir sobre seu trabalho gera resultado. É o que garante a jovem de Passos, Maira Morais Lemos Duarte, “participar destes encontros reabastece e fortalece nossa caminhada, porque a gente tem condição de partilhar diver-sas situações da realidade dos jovens de toda a Diocese. A gente sai daqui com novas esperanças e ideias para tra-balhar com os jovens”.

Da Redação

Nos dias 14 a 17 de julho, estiveram reu-nidos, em Aparecida, para o 5º Encontro Na-cional da Pascom, representantes da Dioce-se de Guaxupé. O encontro teve como tema “ Comunicação e Liturgia” e contou com a participação de cerca de 900 comunicado-res de todo o Brasil. Na solenidade de aber-tura, Dom Raimundo Damasceno, Cardeal de Aparecida, destacou que é preciso fazer perpetuar por todas as dioceses os frutos gerados pela Pastoral da Comunicação, “ a comunicação deve revelar, sobretudo, a ver-dade da revelação”. Dom Darci José Nicioli, Arcebispo de Diamantina e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comu-nicação da CNBB, ressaltou, ainda na soleni-dade de abertura, que o ideal de seguimen-to é Jesus Cristo, perfeito comunicador do Pai e que é preciso ser imprudente na ousa-dia, deixando-se, sempre, surpreender por Deus. A primeira conferência do encontro teve como tema “ Comunicação Litúrgica” e foi dirigida pelo Frei José Ariovaldo da Silva. O Frei fez apontamentos, destacando a Co-municação no Antigo e no Novo Testamen-to, “o Paraíso é o perfeito lugar de comuni-cação de Deus com o ser humano”. Mesmo

Comunicação e Liturgia

Equipe diocesana da Pascom que participou do encontro em Aparecida - SP

Foto: Pascom Diocesanarompida essa comunica-ção, Deus não desiste do ser humano e recupera, em Jesus, o que fora per-dido no estado paradisí-aco. “Deus é o liturgo e comunicador por exce-lência”. Comunicação e Liturgia são duas ações integradas, não há uma sem a outra.

A primeira confe-rência da sexta-feira: Comunicação, anúncio e pregação da Palavra, dirigida pelo padre Luiz Eduardo Baronto, teve como destaque a importância da homilia para integrar co-municação e liturgia. “ A homilia é o me-lhor ponto para avaliar a proximidade co-municativa entre os pastores e o povo”. A pregação de Jesus deve ser o referencial homilético para todos os comunicadores, sobretudo, os ministros ordenados. Ainda pela manhã, aconteceu a Celebração da Misericórdia, que levou os comunicadores a refletir sobre a relação entre Comunica-

ção e Misericórdia, “ com efeito, a Igreja uni-da a Cristo, encarnação viva de Deus Mise-ricordioso, é chamada a viver a misericórdia como traço característico de todo o seu ser e agir”. À tarde, foram realizados seis semi-nários, diversos em suas temáticas, mas com um objetivo: integrar e dinamizar as ações litúrgicas aos veículos de comunica-ção. As reflexões do sábado tiveram como marco o desafio de conciliar as novas tecno-logias à liturgia. Os conferencistas, Pe. Tiago

Faccini e Moisés Sbordelotto, acentuaram as exigências para se ter uma comunicação sempre a serviço da liturgia e não o con-trário. A cultura digital deve somar ao que se é celebrado na liturgia. “O exagero ou a sobreposição não acrescentam, o menos é sempre mais” afirmou pe. Tiago Faccini. À noite, os comunicadores participaram da Missa no Santuário Nacional de Nossa Se-nhora Aparecida e encerraram o dia parti-cipando da Noite Cultural promovida pelos organizadores do encontro. Trabalhos em grupos por regionais fecharam as reflexões do 5º Encontro Nacional de Comunicado-res, experiências positivas e desafios parti-lhados entre os regionais serviram de moti-vação para os trabalhos futuros da Pastoral da Comunicação em todos o Brasil. Dom Darci José Nicioli presidiu a solenidade de encerramento do encontro, consagrando os comunicadores de todo Brasil a Nossa Senhora Aparecida. “O comunicador é, an-tes de tudo, um discípulo missionário que não comunica a si mesmo, mas faz ressoar, por seu testemunho, a mensagem de Jesus Cristo”, disse o arcebispo de Diamantina.

Da Redação

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5AGOSTO/2016

Nos dias 8, 9 e 10 de julho, a Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus, em Itaú de Minas, recebeu o bispo diocesano, dom José Lanza Neto, em sua primeira visita pas-toral à cidade. O bispo foi recebido no início da noite na Praça Nossa Senhora das Gra-ças, onde centenas de fiéis o aguardavam.

No sábado pela manhã, o bispo foi até a construção da nova matriz para analisar o andamento da obra, em fase de instalação do telhado. Dom Lanza visitou enfermos e a Rádio Boa Nova, onde conversou com os

I taú de Minas recebe visita pastoral do bispo diocesano

Na acolhida, ao lado dos padres César e Alessandro, dom Lanza é recebido pela orquestra da cidade e pelos fiéis

Foto: Rádio Boa Novaouvintes sobre vários assuntos.  

À tarde, dom Lanza encontrou-se com os moradores do Lar São Vicente de Paula, visitando, também, as religiosas da congre-gação fundada por santa Paulina, as Irmãzi-nhas da Imaculada Conceição, justamente no dia em que se celebra a memória da fun-dadora. Lá, o bispo conversou sobre o tra-balho das freiras naquela realidade. À noite, após celebrar a Missa, dom Lanza partici-pou de um grande encontro com os jovens, marcado pela alegria e descontração.

No domingo, o bispo presidiu as Missas, inclu-sive nas capelas Sagrada Família e Nossa Senhora Aparecida, e encerrou sua visita celebrando, às 19h30, na “Matriz Provisó-ria”, agradecendo a todos pelo carinho e acolhida tão fervorosa.

Da Redação

Reportagem

“A Igreja elege pessoas para os vários cargos com esmero,carinho, para melhor servir o Povo de Deus”

De acordo com o Código de Direito Canônico, a Cúria Diocesana, formada por organismos e pessoas, tem a função de contribuir com o Bispo diocesano no go-verno da diocese, desempenhando suas atividades na ação pastoral, na adminis-tração dos bens da Igreja e no exercício do poder judiciário. Portanto, engana-se ao pensar que as atividades eclesiásticas se limitem estritamente às atividades de dimensão espiritual, por se tratar de entidade religiosa. Para se ter noção da abrangência institucional, há números consideráveis: 94 unidades (paróquias, seminários, residência oficial etc.); mais de 400 funcionários (divididos nas unida-des); clero numeroso de 120 presbíteros (responsáveis pela pastoral e administra-ção nas paróquias); 41 municípios; com 900 mil habitantes.

Na recepção, um rosto conhecido pela maioria dos visitantes. Colaboradora há 17 anos, Amanda Cristina de Oliveira Silva é a responsável pelo atendimento ao pú-blico e às paróquias. É ela quem cuida dos compromissos do bispo e faz a protocola-ção das correspondências oficiais. Ela au-xilia o bispo diretamente, cuidando para que não haja uma sobrecarga na agenda e p i s - copal, respeitando os limites humanos, mesmo para um sucessor dos apóstolos. “Às vezes, a agenda fica muito cheia e nós precisamos priorizar. Ele tam-bém é um ser humano, precisa descansar, faz parte do compromisso dele, mas há momentos que pesam muito”. A secretá-ria, que já trabalhou com três bispos e um administrador diocesano, destacou ainda que a relação próxima com os bispos é muito recompensadora, “cada um passou um pouco de si com seu jeito e, com isso, aprendi muito”.

Numa sala ao lado, trabalha, cercado por papéis, o responsável pela produção, análise e encaminhamentos de todos os documentos emitidos pelo bispo ou rece-bidos por ele. Além de atuar como páro-co, o padre Claiton Ramos ocupa a função de chanceler, cargo que dá autenticidade

ao serviço documental da Cúria Diocesa-na. Dentre os documentos eclesiásticos, o padre analisa e otimiza a expedição de licenças e dispensas para as uniões ma-trimoniais, quando solicitadas pelas pa-róquias. Padre Claiton também cuida da documentação histórica e organiza o ar-quivo da diocese, que possui um acervo com documentos de mais de um século. “Apesar de árduo, conciliar a paróquia, com todas as suas dimensões, e esse ser-viço diocesano é gratificante, pois é um trabalho que ajuda a diocese a crescer, tanto quanto outros serviços e assessorias prestados à diocese”.

A maior parte dos serviços e assesso-rias requer planejamento e habilidade técnica, assim também é com as questões administrativas que aliam legislações ca-nônica e federal, além de desenvolver um trabalho fundamentado nos valores evan-gélicos e eclesiais. O setor responsável por isso tudo é o economato, coordenado por Ana Maria Cardoso de Morais, especialista na área administrativa contábil e financei-ra. O ecônomo em uma diocese é quem acompanha todos os procedimentos ad-ministrativos, contábeis e fiscais de uma diocese, isso inclui: contratações (perma-nentes e temporárias); movimentação financeira (pagamentos e recebimen-

tos); formalização de contratos (compra, venda, locação, construção). Todas essas transações exigem o acompanhamento da cúria, pois devido às suas atribuições, o bispo é responsável por tudo o que acontece em todas as unidades da Igreja Particular. “Com todas as atividades pas-torais, o bispo não teria tempo para ava-liar [todos os registros financeiros], assim nós cuidamos para que tudo seja feito com tranquilidade e em sintonia com ele, e há, ainda, a participação do Conselho Econômico, formado por padres e leigos, na avaliação da prestação de contas e nas principais decisões administrativas”.

A equipe administrativa, liderada pela ecônoma, é formada por 10 profissionais da área financeira e contábil, que além dos procedimentos da Cúria, acompanha a movimentação de todas as paróquias, inclusive a área de recursos humanos. Em 2013 houve uma inovação: a contabilida-de das paróquias passou a ser centraliza-da na Cúria, devido à exigência da legis-lação brasileira, que prevê a escrituração fiscal das entidades religiosas, devido à sua imunidade fiscal, com documentos idôneos, hábeis e válidos para a Receita Federal que exige, para isso, um banco de dados digital. Todo esse esforço, segundo Ana Maria, é uma busca de conciliação de

três pilares fundamentais para uma insti-tuição religiosa, a obrigação legal, a con-vicção moral e o compromisso religioso de transparência e confiança.

Garantir a qualidade das relações de outras entidades com a Diocese e com as comunidades que a formam é tarefa do vigário geral, ligado ao aspecto jurídico da Mitra Diocesana, que tem como orga-nismo organizacional a Cúria Diocesana. O vigário geral, função obrigatória desde o pontificado de Paulo VI, colabora no go-verno da diocese, servindo as comunida-des e a instituição eclesiástica. Conselhei-ro mais próximo do bispo e com a missão de substituí-lo na ausência em períodos de tempo determinados, padre Antônio Carlos Maia indica o caráter eclesial do serviço prestado à Diocese: “a Igreja elege pessoas para os vários cargos com esme-ro, carinho, para melhor servir o Povo de Deus”.

Figura presente em eventos, encontros, reuniões e outras atividades da Diocese, a secretária de pastoral Lázara Assunção não titubeia em afirmar seu encantamen-to pela função desempenhada no proces-so evangelizador. “Eu gosto muito de estar diretamente com as pessoas, tenho essa facilidade de estar próxima, todos os que participam dos encontros têm contato co-migo, pois cuido da organização, da infra-estrutura dos encontros, desde o cardápio até o material que será usado”. Há mais de 10 anos Lázara se dedica à assessoria de toda a movimentação pastoral da diocese, auxiliando os coordenadores de pasto-ral, com agendamento de locais, contato com as paróquias, envio de materiais de formação etc. Para a secretária, trabalhar para a Igreja é muito mais que um sim-ples trabalho, mas cumprir uma missão. “O relacionamento que nós temos entre nós, funcionários, com o bispo e com os padres é uma convivência harmoniosa. Há uma cooperação, um ajudando o outro. Eu venho para servir, mesmo sendo remu-nerada, isso não é o principal”.

Sérgio Bernardes, estagiário pastoral

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6 Jornal Comunhão - A Serviço das Comunidades

Artigo

Considerações introdutóriasA Igreja de Jesus Cristo é universal

na sua essência e essa universalidade só pode ser entendida através do viés missionário. Hoje, sobretudo no Brasil, quando se afirma de modo genérico que a Igreja é universal, corre-se o ris-co de deixar muitos católicos imersos na dúvida porque existe no âmbito neopentecostal um grupo que se au-todenomina ‹Igreja Universal do Reino de Deus›. A perspectiva desse grupo consiste na tentativa de universalizar uma iniciativa privada, de caráter em-presarial, que possui índole duvidosa. A perspectiva universal da Igreja cató-lica está intimamente associada à uni-versalidade da salvação. A salvação de Deus é para todos e para que todos a recebam. Jesus confiou à sua Igreja a incumbência de anunciar o Evangelho e de fazer discípulos em todos os rin-cões da terra (cf. Mt 28, 16-20), pois a vontade de Deus é “que todos os ho-mens se salvem e cheguem a conhe-cer a verdade” (1Tm2, 3-4).

Ao falar sobre a catolicidade ou universalidade da Igreja, não se pode esquecer da realidade particular, a saber, aquela da Igreja diocesana. A relação entre Igreja universal e Igreja particular, duas realidades da mesma Igreja, não pode ser compreendida tomando como exemplo a relação en-tre uma empresa multinacional e suas filiais, nem tampouco como a relação entre uma marca franqueadora, mun-dialmente conhecida, e suas instâncias franqueadas que estão distribuídas em muitas cidades do mundo. A Igre-ja, com sua instância de referência em Roma e com a soma de todas as dio-ceses do mundo, não é também uma confederação de Igrejas, a exemplo daquilo que é a Federação Luterana Mundial. Não, absolutamente.

Essas realidades se organizam com base em convicções, interesses e pro-cedimentos econômico-administra-tivos diversos daqueles da tradição católica. A Igreja, antes de ser uma instituição com um vasto aparato his-tórico, é uma realidade sobrenatural que foi se organizando no mundo para dar continuidade não a uma iniciativa privada, mas a um projeto de salvação plasmado pelo Pai, inaugurado e con-sumado pelo Filho e, constantemente, atualizado pelo Espírito Santo. Padre Yves Congar, considerado o maior eclesiólogo do século XX, afirma que “se Deus faz algo à sua imagem, fá-lo--á ao mesmo tempo uno e universal”. Sendo a Igreja criada à imagem da comunhão trinitária, ela é, ao mesmo tempo, una e universal. Sua universa-lidade se expressa através da unidade de fé, de doutrina, de culto e de mis-são.

O que significa dizer que a Igreja é universal?

Considerações his-tórico-dogmáticas

A palavra cató-lica significa tota-lidade e aparece pela primeira vez em um escrito de Santo Inácio de An-tioquia, no século II d.C. Inácio assim se expressa: “Onde es-tiver o bispo esteja a comunidade, da mesma forma que onde está Cristo Jesus está a Igre-ja católica” (Carta à Igreja de Esmir-na 8,2). A partir de então, a palavra católica passa a go-zar de um dúplice significado: univer-salidade e autenti-cidade. A partir do século IV d.C, essa característica é in-corporada em di-versas fórmulas de profissão de fé até ser fixada na forma do Credo Niceno--Constantinopoli-tano (cf. Denzinger Hünermann, 150). A partir do sécu-lo IV d.C, a palavra diocese passa a designar a Igreja particular como território confiado a um bispo.

A rigor, não se pode falar sobre a catolicidade ou universalidade da Igreja se antes não existir o dado fun-damental da ca-tolicidade ou uni-versalidade da fé. Padre Salvador Pi-é-Ninot, professor emérito de ecle-siologia da Ponti-fícia Universidade Gregoriana, ensina que “a fé é católica porque se apresenta a todos pela sua verdade e autenticidade e, também, é universal porque se estende em cada parte, graças à sua extensão plane-tária”. A Igreja é constituída sobre a base da fé católica ou universal. Essa fé é um dom acessível a todos, deve chegar a todos e consiste no ato livre de total confiança no Deus Trindade. A missão, entendida como propaga-ção dessa fé, consiste num empenho orgânico que envolve o âmbito uni-

versal e particular da única e mesma Igreja.

A ênfase dada pelo Concílio Vati-cano II à Igreja particular favorece a compreensão da relação entre Igreja universal e Igreja particular. A pers-pectiva eclesiológica do Vaticano II sobre a Igreja particular está baseada na redescoberta da sacramentalidade do episcopado que tem como fun-damento a sucessão apostólica (cf. Lumen Gentium 18-21). Essa perspec-tiva tem como elemento constitutivo

a compreensão das Igrejas particula-res como sujeitos ativos e não como simples delegações da Igreja univer-sal, entendida como uma única mega diocese. Assim sendo, as Igrejas par-ticulares são sujeito da catolicidade da Igreja e cada uma delas é porção do Povo de Deus (cf. Lumen Gentium 23, 26 e 28). O termo porção do Povo de Deus, muito caro ao Vaticano II, clareia bastante o ponto de chegada desta reflexão, tendo em conta que porção supõe unidade e comunhão

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com o todo, refutando toda forma de fragmentação, sectarismo e autocefa-lia.

A universalidade da Igreja se rea-liza na Igreja particular, ou diocese, confiada à cura de um bispo. O Con-cílio Vaticano II ensina que os bispos considerados, individualmente, “são o visível princípio e fundamento da uni-dade em suas Igrejas particulares, for-madas à imagem da Igreja universal, nas quais e pelas quais existe a Igreja católica una e única. Por esse motivo,

cada bispo representa a sua Igreja, e todos juntamente com o papa repre-sentam a Igreja inteira no vínculo da paz, do amor e da unidade” (Lumen Gentium 23). O bispo é dotado de um carisma de comunhão e deve usá-lo para fazer com que seu rebanho com-preenda, no âmbito particular, o mis-tério da universalidade da Igreja.

Com maturidade eclesiológica, o Concílio Vaticano II descreve a Igreja como comunhão de Igrejas, sinteti-zando, assim, as duas perspectivas

que marcaram os dois primeiros mi-lênios da história da Igreja: a de co-munhão, referente ao primeiro milê-nio; e a jurídico-u-niversalista, refe-rente ao segundo. A universalidade da Igreja só pode ser compreendida dentro da perspec-tiva de comunhão. Essa universalida-de não é uma abs-tração teológica, mas, sim, a consta-tação de uma pro-priedade essencial da Igreja que goza de concretude his-tórica e também geográfica.

A Igreja de Je-sus Cristo, segundo a sua totalidade e universalidade, se realiza na e a partir de cada Igreja par-ticular. Uma Igreja particular só é ca-tólica se na sua par-ticularidade estiver em comunhão com a totalidade da Igreja una, santa, católica e apostóli-ca. A Igreja particu-lar, para manter a sua universalidade, deve estar em co-munhão com todas as Igrejas particula-res, entre as quais, com a que de modo decisivo ex-prime a comunhão última, a Igreja de Roma, presidida pelo seu bispo. O papa, na qualida-de de sucessor do apóstolo Pedro, é “o perpétuo e visí-vel princípio e fun-

damento quer da unidade dos bispos quer da multidão dos fiéis” (Lumen Gentium 23).

Considerações pastoraisA compreensão da universalida-

de da Igreja dá-se em duas direções, a saber: partindo do particular para o universal e vice-versa. A Igreja, na sua universalidade, é comunhão de Igre-jas. É a concretização histórica de uma realidade sobrenatural que o Concílio Vaticano II chama de “sacramento uni-

versal de salvação” (cf. Lumen Gentium 48). Refletir sobre a universalidade da Igreja não é tarefa dispensável por-que a concepção que cada batizado tem acerca da Igreja influencia, dire-tamente, na forma de ser Igreja. Logo, o modo como cada um pensa a Igreja incide na prática pastoral.

Uma boa eclesiologia é o garante de uma pastoral fecunda, responsável pela produção de frutos duradouros. Em contrapartida, uma eclesiologia errada, reduzida a quantificadores numéricos, fundamenta uma pasto-ral errada, cuja superficialidade dos meios e do fim conduz, inevitavel-mente, à descrença, comprometendo, assim, a propagação da fé.

Considerações finais No contexto de um mundo glo-

balizado, torna-se indispensável aos leigos, aos consagrados e aos minis-tros ordenados um conhecimento eclesiológico mais coeso. Conhecer a dimensão sobrenatural da Igreja e todas as suas implicações, dentro do quadro da história da salvação, é a via mais segura para evitar as múltiplas formas de cismas que, atualmente, estão se configurando. Não são pou-cos os que, por falta de conversão, por defeito de caráter ou por desco-nhecerem o mistério da Igreja, cele-bram sem nenhum temor e tremor seus rompimentos, seja através da apostasia da consciência ou através do investimento obstinado em inicia-tivas privadas, colocando em evidên-cia um pseudo carisma que está vin-culado à pessoa do líder presunçoso. Esse pseudo dom não colabora para a edificação do Corpo de Cristo senão para a sua fragmentação.

O papa Francisco ensina, sem ig-norar a existência do conflito, que “a unidade prevalece sobre o conflito” (cf. Evangelli Gaudium 221). Esse prin-cípio de interpretação e de avaliação lança um filete de luz sobre as reali-dades eclesiais, ajudando de modo preciso e prático a preservar a uni-dade da Igreja, no âmbito universal e particular. Afinal, a universalidade da Igreja consiste na extensão da sua unidade. Toda forma de fragmenta-ção e de sectarismo são, na verdade, novas tentativas históricas de rom-per o tecido inconsútil da túnica de Cristo. Enfim, que o Espírito Santo in-funda no coração de cada batizado o amor pela universalidade da Igreja e que esse amor se traduza em atitudes eloquentes de unidade e de comu-nhão para que o mundo creia.

Por padre Robison Inácio de Souza Santos, mestrando em Teologia Dog-

mática pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma

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8 Jornal Comunhão - A Serviço das Comunidades

Ação Pastoral

Missão e Vocação: um caso de amor! Cristãos Leigos e Leigas na Igreja e na Sociedade – Sal da Terra e Luz do Mundo

O tema central da 54ª Assembleia Geral da CNBB visou retomar e apro-fundar a participação de leigos e leigas na Igreja e no mundo, como sujeitos eclesiais, discípulos-missio-nários e corresponsáveis pela ação evangelizadora no tempo e na his-tória. A missão do Povo de Deus na Igreja e no mundo deve ser situada, encarnatória, sempre a partir da fé na pessoa e no projeto de Jesus Cristo e enraizada no cotidiano das pessoas.

Ao longo da história se constrói, passo a passo, o sujeito eclesial, de forma bem situada e contextualiza-da na Igreja e no mundo.

A consciência da identidade cris-tã e da missão evoluiu. Entretanto, sempre vem à tona a discussão so-bre a vida e a missão dos cristãos leigos e leigas e, sem dúvida nenhu-ma, é porque precisa-se, uma vez mais, ver-julgar-agir-avaliar-rever--celebrar! É imprescindível que se

refaça o caminho até aqui e se veja/reveja a profundidade da conscien-tização atual sobre a eclesialidade/cidadania, igreja/mundo, fé/vida. Primeiro dentro de cada um, na co-munidade de fé e ao derredor.

Documento lá e cá: pra começo de conversa

Cada comunidade eclesial que se abre à cultura do encontro, do di-álogo, do debate e do processo de formação permanente entre seus membros, cria, inevitavelmente, um povo capaz de ver, julgar e agir, a partir de Jesus Cristo, inserido na re-alidade. A formação provoca a com-preensão e, assim, a consequente mudança na forma de pensar e agir dos cristãos leigos e leigas. Urge falar mais, conhecer mais e apro-priar-se cada vez mais da dignidade de filhos e filhas de Deus, do cará-ter sacerdotal, profético e régio da missão evangelizadora, decorren-

te do batismo/crisma. Redescobrir a beleza, a alegria e a força do ser cristão na Igreja e no mundo, como sujeitos eclesiais ativos, correspon-sáveis, discípulos missionários, cris-tão e cidadão, situados no tempo e no espaço, com os pés fincados na realidade sociopolítica, econômica, cultural e religiosa.

Olhar pra dentro e ao derredor: au-tocrítica pessoal e das comunida-des

A Igreja, na sua imensa maioria composta de cristãos leigos, ainda não reconhece ou até mesmo es-conde a vitalidade e o compromisso deles na vida e na missão do povo de Deus inserido no mundo e envia-do a anunciar o Reino. (cf. EG, n.102)

Será desconhecimento, medo, comodismo, excessivo clericalismo que impede o avanço para águas mais profundas?

O documento tem uma propos-

ta de reflexão bem pertinente para o cenário atual da vida e missão da Igreja, qual seja, a Igreja em saída, convite a uma Igreja de discípu-los missionários, à ousadia na ação evangelizadora, com a tomada de iniciativas e a conversão pastoral: “A que me chama Deus, agora? Como sair da própria comodidade e em-preender uma novidade evangélica e expansiva? É a pergunta que cada comunidade, cada clérigo, cada cris-tão leigo e leiga poderia se fazer e discernir novas ações e atitudes”.

Ponto central - Consciência e cons-trução do sujeito eclesial: sujeito ativo na Igreja e no mundo - Cor-responsabilidade x Colaboração

A conscientização da identida-de cristã é vital para mudança de comportamento e ação na Igreja e no mundo. Toda ação nasce das en-tranhas, vale dizer, da consciência mais profunda. E também é uma

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construção passo a passo, ao longo do tempo, com a formação de raízes profundas, fruto de muita reflexão consigo mesmo e em pequenas co-munidades, num processo coletivo de aprendizagem. A consciência en-tranhada produz seguramente um fruto maduro e perene, qual seja, a corresponsabilidade, capaz de ge-rar para a Igreja e para o mundo o serviço, o testemunho, o diálogo e o anúncio do Evangelho, bem como a construção de uma sociedade mais justa, mais humana e mais fraterna.

Diz o documento que o funda-mento da corresponsabilidade está na inserção de todos, pelo batismo, na Igreja “Corpo de Cristo” e Povo de Deus. “Serviços e ministérios não são um ‘favor’ prestado aos pasto-res – estes podem e devem incen-tivá-los -, mas brotam do íntimo de quem assume sua vocação de bati-zado; tampouco é uma ‘promoção’, pois, na vocação laical, Deus já con-cedeu seu dom! Todos são chama-dos a contribuir no seio da Igreja, una e diversa, e num mundo que so-licita os braços de quem construa a justiça, trabalhe pela paz e fortaleça as mediações concretas do amor.”

Superação das dicotomias: fé/vida – Igreja/mundo – eclesialidade/ci-dadania

Há um sinal forte no texto para superação dos antagonismos que estão enraizados em muitas menta-lidades e, assim, se possa vivenciar a integralidade do sujeito cristão. Na verdade, fé/vida, Igreja/mundo, eclesialidade/cidadania não são re-alidades separadas e opostas, mas realidades interrelacionadas e inte-rorientadas, complementares e in-terpenetrantes, vale dizer, “faces da mesma moeda”.

Ainda persiste a noção de distan-ciamento entre Igreja-mundo, como se existisse uma relação de oposi-ção e exclusão. Ao contrário, a Igreja está comprometida com o mundo como sacramento e sinal do amor e misericórdia de Deus. A missão de todos e todas acontece no tempo e na história, no lugar de convívio, a partir da realidade presente, com as alegrias e esperanças, dores e an-gústias do povo de Deus.

O caminho do ver–julgar-agirVer a realidade: “O mundo é o lu-

gar da ação consciente, autônoma e criativa do cristão. O ser humano não somente está no mundo, mas é mundo, na medida em que o faz e por ele é feito, em cada tempo e lu-gar concretos”.

Cada cristão é chamado a ler os sinais dos tempos. É dever de to-dos os cristãos leigos e leigas e de cada um conhecer e compreender o mundo ao redor e discernir os acon-tecimentos, saber o que é contra ou a favor do projeto de Deus.

Julgar a partir da fé em Jesus Cristo e do projeto de vida e liberda-de para todos: “Cada batizado é por-tador da graça e da tarefa de iden-tificar-se com a pessoa e o projeto de Jesus Cristo, em sua labuta diária nas atitudes e ações mais rotineiras, assim como em suas ações transfor-madoras realizadas em âmbito local e global”.

O documento ressalta a interre-lação entre o sujeito eclesial e a ci-dadania, entre a fé e a vida, entre o projeto de Jesus Cristo e a constru-ção de um mundo mais justo e soli-dário para todas as pessoas aqui e agora.

Agir para transformar a realida-de: “Portanto, é função própria do cristão leigo ser Igreja na sociedade civil e nos espaços públicos, atuan-do e participando das instâncias de construção do bem comum e se-meando nas culturas a semente de outra globalização: a da inclusão, da cidadania e do amor”.

A identidade cristã, a força do Reino, move todo sujeito eclesial e o coloca em postura ativa, pronto para o serviço “buscando as formas concretas em que o amor afaste o ódio, o diálogo vença os antago-nismos, a solidariedade supere os isolamentos, a justiça suplante as injustiças”.

Palavra finalNa Igreja e no mundo, hoje, a

proposição para os cristãos leigos e leigas é a Igreja “em saída”, uma “Igreja de portas abertas”, “uma mãe de coração aberto” e chamada a ser sempre a “casa aberta do Pai” (EG, n. 46-47). Uma Igreja atuante, partici-pativa, consoladora, misericordiosa e samaritana. Esta Igreja é o Povo de Deus no mundo! Esta nova estraté-gia de evangelização precisa entra-nhar-se: coração aberto e misericór-dia! Mudar a mentalidade e afastar dos sujeitos eclesiais e das comuni-dades toda forma de individualis-mo, comunitarismo e clericalismo.

O caminho da ação evangeliza-dora é a ousadia, as iniciativas, ir até aqueles que necessitam, encur-tar distâncias, abaixar-se e assumir a vida humana. E a grande questão: A que Deus me chama agora? Como sair da comodidade e empreender uma novidade evangélica e expan-siva? A nova postura é a Igreja do serviço, da escuta e do diálogo. A promoção da cultura do encontro e da solidariedade, que significa não fechar-se em si mesmo (individua-lismo), em sua comunidade (comu-nitarismo), no grupo de amigos, na própria instituição paroquial e dio-cesana (clericalismo) e na própria religião.

Salta aos olhos, neste documen-to, a urgência da compreensão da Igreja, do mundo e da relação entre as duas realidades, que não são se-paradas e nem opostas, mas se in-terpenetram. Todo sujeito eclesial precisa ler os sinais dos tempos, ter

os pés fincados na realidade huma-na, conhecer as alegrias e esperan-ças, as dores e angústias do povo.

O documento de Aparecida sina-liza que missão é anunciar o Evan-gelho de maneira que garanta a re-lação entre fé e vida. Na exortação apostólica “A alegria do Evangelho”, o Papa Francisco faz um chamado vigoroso para que todo o povo saia para evangelizar. A missão se faz no diálogo com as realidades concretas em que a Igreja se encontra inse-rida: é a vida do povo, no meio do povo, com o povo, missão encarna-da - fermento na massa, sal da terra e testemunha como luz no mundo. O mundo é o lugar da ação, do com-promisso, da missão do cristão leigo e leiga. “A vida é missão!”

O texto centra-se na provocação da reflexão de cada cristão leigo e leiga e da comunidade da qual par-ticipa a respeito do grau da cons-cientização da atuação na Igreja e no mundo como sujeito eclesial, corresponsável pela ação evangeli-zadora, e a superação dos grandes perigos do clericalismo, do indivi-dualismo e do comunitarismo para a Igreja “em saída”, a Igreja de portas abertas.

Quer se aprofundar no tema? Aces-se o site (guaxupe.org.br), vá até a área de artigos e clique em COMU-NHÃO EXTRA.

Por Rosinei Costa Papi Dei Agnoli, advogada e leiga, de Poços de Caldas

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10 Jornal Comunhão - A Serviço das Comunidades

Vida Presbiteral : ministério fortalecido na caminhada com o PovoDesde o Primeiro

Testamento, o povo de Deus se viu servi-do de sacerdotes para “oferecer os sacrifícios (Lv 1–7), abençoar (Nm 6,22-27), realizar serviços no santuário (Lv 24,  3-9), cumprir as leis de purificação  (Lv 13 s.), instruir o povo na Torá (Lv 10,11) e julgar... (Dt 17,8-11)” (Franz-Josef Jocke).  Posteriormente, as primeiras comunida-des cristãs desenvol-veram-se diferentes serviços ministeriais, dentre estes os diá-conos, os presbíteros e os epíscopos.  O au-tor cristão Hipólito (c. 215 d.C), ao escrever Tradições apostólicas, já registra no século terceiro uma maior organização institu-cional dos ministé-rios ao afirmar que “o bispo é membro do Colégio episcopal, os presbíteros são coadjuvantes do Bispo e membros do presbitério, o diácono está subordinado exclusivamente ao bispo”. Reside aí o gérmen da organiza-ção eclesiástica atual.

Tal gérmen foi pensado e rezado durante os séculos, até que na atuali-dade compreendemos que é pela sua infinita misericórdia que Deus chama do meio povo alguns para exercer a presidência do culto e da organização eclesial. O documento Presbyterorum Ordinis assim expressa: “Os presbíteros do Novo Testamento, em virtude da vocação e ordenação, de algum modo são segregados dentro do Povo de Deus, não para serem separados dele, mas para se consagrarem totalmente à obra para que Deus os chama” (PO 3). Tal serviço tem sido zelosamente de-senvolvido na Diocese de Guaxupé por vários homens de fé desde muito tem-po. Tomando por base a história civil, sabe-se que a “região conhecida como o Sul-de-Minas pertenceu no eclesiásti-co ao bispado de São Paulo, do ano de 1775 a 1900. A assistência religiosa era desempenhada pelos padres paulistas, no século XVIII, e havia seis paróquias na região” (Ednaldo Josmar Silva), den-tre estas paróquias Jacuí (1762) e Cabo verde (1765).

O Senhor da Messe continua cha-mando para o trabalho eclesial nestas terras vários sacerdotes, não apenas para o serviço no clero diocesano, mas também para Institutos de Vida Consa-grada, de tal modo que pode-se afirmar que a região sul mineira é um celeiro de vocações. Atualmente, a Diocese de Guaxupé conta com mais de 100 pa-dres (entre incardinados, residentes ou não, e não incardinados) e vários outros ligados a Institutos de vida consagrada. Todas as 86 paróquias da Diocese de Guaxupé estão assistidas por um ou mais sacerdote que, em íntima união com o Bispo, as administram juridica-mente, presidem os sacramentos e são testemunhas da Ressurreição para o Povo Santo de Deus. O trabalho sacer-dotal extrapola as paredes físicas das igrejas e secretarias e atinge a ação nos organismos diocesanos, tais como a coordenação e orientação de pastorais e movimentos, a formação dos futuros presbíteros, a contribuição com o bispo nos departamentos da Cúria diocesana e o aprimoramento intelectual, como mestrandos ou professores.

Nas paróquias, o sacerdote é aquele que, em nome do bispo, organiza a co-munidade, sendo um testemunho para todos, tanto pela sua atuação pastoral

quanto pela vida de fé. Mais que um co-ordenador, ele é um escolhido para tes-temunhar por primeiro a fé, o amor e a esperança. Este trabalho é realizado nas mais diversas formas e lugares. Particu-larmente, a Diocese de Guaxupé conta com várias realidades sociais, territo-riais e religiosas: em todas elas o padre deve exercer sua missão, configuran-do-se a Cristo Bom Pastor e sendo um sinal da misericórdia de Deus para seu povo: “O presbítero é o primeiro que vive e anuncia o futuro em sua comu-nidade pastoral, é o pastor que anuncia em sua carne a ‘nova criatura”(16ºENP, 34).

De fato, os tempos atuais exigem ações e atitudes igualmente atuais. O presbítero deve agir “em virtude do sacramento da Ordem, segundo a ima-gem de Cristo, sumo e eterno sacerdo-te” (CIC § 1564). Por isso ele é “consagra-do para pregar o Evangelho, apascentar os fiéis e celebrar o culto divino” (idem). O padre diocesano, em íntima comu-nhão com o Bispo, tem por missão “en-sinar, santificar e apascentar o Povo de Deus” (PO 7; CDC § 519). Por tão grande mistério e para que um jovem sirva a diocese como sacerdote, requerem-se alguns elementos, tais como: sinais cla-ros de vocação, de forma consciente,

livre e desinteressada; anuência do padre responsável pela sua paróquia e a reali-zação de, ao menos, um ano de acompa-nhamento vocacio-nal com o Serviço de Animação Vocacional. Após verificados tais dados, o jovem pode ingressar no Seminá-rio São José em Gua-xupé para viver o tem-po do Propedêutico e, posteriormente, no Seminário Santo Antô-nio, em Pouso Alegre, para cursar Filosofia e Teologia. Findado o tempo de seminário, o jovem vive o tempo do estágio pastoral e posteriormente é ordenado diácono e presbítero, somando quase 10 anos de pre-paração.

Dentre os vários serviços desempenha-dos, a grande ênfase é a formação e atua-

ção de presbíteros-missionários, isto é, homens apaixonados por Cristo e que necessitam anunciar este amor em to-dos os âmbitos e periferias existenciais. Atualmente, a missão é recordada nos documentos eclesiais como a ação mais urgente a ser nutrida no clero e naqueles que buscam a vida sacerdo-tal, como bem alertou o Papa Francisco: “Cada Igreja particular, porção da Igreja Católica sob a guia do seu Bispo, está, também ela, chamada à conversão missionária” (EG 30). Esta conversão, fortemente fomentada na Diocese de Guaxupé, tem marcado a ação pastoral do clero e certamente proporcionará uma bela página na história diocesana. Merece destaque a atuação de tantos sacerdotes que, a seu modo e tempo, cooperaram na edificação, não unica-mente paroquial, mas social. Muitas cidades registram seus nomes em ruas e monumentos e inúmeros fiéis regis-tram suas ações na profundeza de seus corações. Em ambos os casos, a histó-ria testemunha a ação convicta de ho-mens cheios de fé e de amor pela Igreja e pelo povo. Para o futuro, quanto mais missionária e destemida for a atuação presbiteral maior será a contribuição para a glória de Deus.

Por Dione Piza, estagiário pastoral

Mês Vocacional

O SAV (Serviço de Animação Vocacional) atualmente acompanha cerca de 60 jovens vocacionados ao sacerdócio, 15 equipes vocacionais paroquiais e faz-se presente em vários eventos paroquiais e diocesanos através de palestras e motivações vocacionais. Contudo, é intuito “avançar para águas mais profundas” (Lc 5,4) e expandir ainda mais os serviços. Ajude-nos nesta missão! Entre em contato conosco pelo email [email protected] para que possamos contribuir com palestras, formação de equipes vocacionais paroquiais e acompanhamento vocacional para o sacerdócio.

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11AGOSTO/2016

O papel fundamental da catequese para a formação da comunidade“Este Jesus que foi

morto numa cruz, Deus o ressuscitou e disso nós somos testemunhas!” (cf. Atos 2, 14-36; 2, 38-39; 3, 13-26; 4, 8-12; 5, 30-32; 10, 34-43; 13, 16-41). Esse é o querigma, o anúncio fundamental dos que conviveram com o Senhor, passaram pelo escândalo da sua crucificação e a quem o Senhor apareceu res-suscitado, enviando-os em missão. O encon-tro com o Senhor vivo encheu-os de alegria e coragem. Os que ouvi-ram esse anúncio acre-ditaram e muitas foram as conversões. “Que fazemos, agora? Arre-pendam-se dos seus pecados, creiam e sejam batizados” (cf. Atos 2,37-41).

Testemunho – Anún-cio – Conversão – Fé – Batismo. Aqui estão os passos que desenca-dearam o processo de “iniciação à vida cristã na Igreja Antiga”. A ca-tequese (o ecoar do pri-meiro anúncio) era dada por um grupo de minis-tros, chamados douto-res nas comunidades paulinas.

Desse modo, é ine-gável que Jesus deixou na história uma comunidade viva para dar continuidade à sua missão salvífica. Essa comunidade eclesial preservou e preserva a memória de Jesus, suas pa-lavras e gestos, de modo particular os sacramentos, a oração, o compromis-so com o Reino, a opção pelos pobres. Nela se originam diferentes modelos de santidade, espiritualidade, transfor-mação cristã da civilização e da cultura. Assim, o ambiente regular da cateque-se é a comunidade eclesial, que não é uma estrutura, mas um ambiente de fé onde se faz efetiva e palpável a salva-ção de Jesus; que não consiste neces-sariamente em viver juntos, mas, sim, em viver unidos pelo vínculo do amor e por um objetivo comum: viver o Evan-gelho; que não está composta de san-tos e perfeitos, mas de pessoas que es-tão decididas a seguir em frente no seu processo de conversão; que, portanto, é fonte, lugar e meta da catequese. O Diretório Nacional de Catequese (n.º 52) afirma que: “Onde há uma verdadei-ra comunidade cristã, ela se torna uma fonte viva da catequese, pois a fé não é uma teoria, mas uma realidade vivida

pelos membros da comunidade”. Lado outro, ao se educar para viver a fé em comunidade, esta se torna, também, uma das metas da catequese.

Considerada como parte da ini-ciação cristã, a catequese não é uma supérflua introdução na fé, um verniz ou um cursinho de admissão à Igreja, muitas vezes regada a obrigatoriedade imposta ao catequizando de ir à mis-sa – com a exigência da assinatura do padre em uma caderneta carimbada ao final – sob pena de não receber o sacra-mento, mas um processo exigente, um itinerário prolongado de preparação e compreensão vital, de acolhimento dos grandes mistérios da fé, da vida nova revelada em Jesus Cristo e celebrada na liturgia por imenso AMOR.

Vemos nos Evangelhos que Jesus formou discípulos, devagar. Houve um primeiro chamado, um aprendizado e um convívio. Houve etapas na missão, envio e aprofundamento. Mas, mesmo assim, não estavam totalmente prontos para a tarefa de ser Igreja até que vive-ram a experiência do mistério pascal e passaram a construir um novo jeito de

viver em que se valorizava a solidarie-dade, a comunhão e a fraternidade (cf. Jo 1, 38-39; Mt10, 1, Jo 1, 40-41.45; Mc 3, 14, Jo 17, 20-23 e Mt 28, 19).

Assim, a partir de Pentecostes e do primeiro anúncio (querigma), a Igreja cresceu através de um processo que continha todos esses passos. Bom dizer que isso se deu numa sociedade não marcada pela cultura cristã, onde as pessoas aderiam ao projeto do Reino, tornando-se discípulas e até mesmo mártires, o que se pode dizer quão bem feito se deu esse processo de formação possibilitando a expansão do evange-lho pelo mundo, mesmo que persegui-dos pelo poderio romano.

A própria vida da comunidade fazia parte do conteúdo da catequese. Esta, por sua vez, era o instrumento a serviço de uma entrada consciente na comu-nidade de fé e da perseverança nela. Catequese e comunidade caminhavam juntas.

E hoje, num mundo ferido pela vio-lência, escravizado pelo consumismo ir-responsável, numa sociedade construí-da sobre a injustiça e a corrupção, Jesus

nos estimula a viver em fraternidade, a proteger os fracos, a edificar a paz, valorizando a ho-nestidade e a dignidade humana, sabendo per-doar e partilhar, sendo misericordioso, como conclama nosso papa e a Igreja neste ano.

Todavia, em vez de apenas criticar e conde-nar os tempos moder-nos com seu individua-lismo e seu relativismo, devemos ver essa mu-dança de época como oportunidade para pro-mover mais qualidade, entusiasmo e compro-misso na missão. De-vemos aproveitar esse tempo de graça, mor-mente em nossa diocese que se encontra em ple-na realização das Santas Missões Populares, para transformar as dificulda-des em provocações a um santo e criativo cres-cimento. Como precei-tua o Projeto Nacional de Evangelização em sua introdução: “O mes-mo Espírito despertará em nós a criatividade para encontrar formas diversas para nos apro-ximarmos inclusive dos ambientes mais difíceis, desenvolvendo, no mi-nistério, a capacidade

de nos convertermos em pescadores de homens.” (Doc. CNBB 88). Nesse con-texto, um processo consistente, não só de iniciação, mas também de reinicia-ção cristã, é indispensável ao tipo de missão que os sinais dos tempos estão pedindo à Igreja. Tal processo deverá almejar e unir fé e vida (cf. Cân 773); dimensão pessoal e comunitária; ins-trução doutrinária e educação integral; conversão a Deus e atuação transfor-madora da realidade; celebração dos mistérios e caminhada com o povo. Ca-tequese que, além de sólida fundamen-tação da fé, seja capaz de auxiliar o cris-tão a converter-se e a comprometer-se no seio de uma comunidade cristã para a transformação do mundo, objetivo precípuo do mestre Jesus Cristo.

Quer se aprofundar no tema? Acesse o site (guaxupe.org.br), vá até a área de artigos e clique em COMUNHÃO EX-TRA.

Edon Fonseca Borges

Catequese

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Agenda Pastoral de Agosto

Comemorações de Agosto

1 Coletiva de Imprensa sobre a Semana da Família – São Sebastião do Paraíso2 Coletiva de Imprensa sobre a Semana da Família – Alfenas3 Coletiva de Imprensa sobre a Semana da Família - Poços de Caldas4 Coletiva de Imprensa sobre a Semana da Família no Centro Universitário da Fundação Educacional Guaxupé - Guaxupé Dia do Padre5 Coletiva de Imprensa sobre a Semana da Família - Passos6 Diocese: Reunião do Conselho Diocesano de Pastoral - Guaxupé Reunião da Coordenação Diocesana dos Grupos de Reflexão - Nova Resende7 25º “Um dia com Maria” - Santuário Mãe Rainha – Poços de Caldas11 Reunião da Pastoral Presbiteral - Guaxupé Homenagem ao Centenário da Diocese de Guaxupé pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais – Belo Horizonte14 Dia dos Pais Reunião com os formadores das SMP – Setores Missionários14-20 Semana Nacional da Família

Natalício05 Padre Lucas de Souza Muniz07 Padre Edson Alves de Oliveira 12 Padre Clayton Bueno Mendonça15 Padre João Pedro de Faria

15 Padre Júlio César Martins 18 Padre Antônio Donizeti de Oliveira19 Padre Sebastião Marcos Ferreira22 Padre Riva Rodrigues de Paula29 Padre João Batista da Silva

Ordenação08 Padre Wellington Cristian Tavares10 Padre Gladstone Miguel da Fonseca11 Dom Messias dos Reis Silveira (presbiteral)

16 Padre Claudemir Lopes13 Padre Adirson Costa Morais20 Padre José Ronaldo Neto30 Padre Gilmar Antônio Pimenta

15-21 17º Congresso Eucarístico Nacional em Belém17 Diocese: Encontro com os Presbíteros com até 5 anos de ministério19-21 Encontro Vocacional no Seminário São José - Guaxupé Cursilho Jovem Misto - Poços de Caldas20 Reunião dos Conselhos de Pastoral dos Setores (CPSs)22-26 Passeio Anual dos Presbíteros26-28 Visita Pastoral na Paróquia São Benedito - Passos27 Reunião da Equipe Diocesana de Comunicação - Guaxupé Reunião da Coord. Diocesana dos MECEs - Guaxupé Reunião do Setor Juventude - Guaxupé Reunião da Coord. Diocesana de CEBs - Guaxupé Reunião de Coordenadores do Cursilho - Passos Reunião do Conselho Diocesano do ECC - São Tomás de Aquino28 Ultréia do Cursilho – Setor Guaxupé31 Reunião do Conselho de Formação Presbiteral – Guaxupé

A Assembleia Legislativa do Estado

de Minas Gerais convida V. Exa. para a

Reunião Especial em homenagem ao

centenário da Diocese de Guaxupé.

11 de agosto de 2016 | 20 horasPlenário Juscelino Kubitschek

Rua Rodrigues Caldas, 30

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