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Universidade Estadual de Maringá 26 e 27/05/2011 1 EVASÃO ESCOLAR: UM ESTUDO NAS LICENCIATURAS DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE – CAMPUS CASCAVEL CASTRO, Luciana Paula Vieira (UNIOESTE) MALACARNE, Vilmar (Orientador/UNIOESTE) A evasão é um dos grandes problemas relacionados à educação brasileira. Conforme Queiroz (2002), a evasão sempre esteve presente nas discussões sobre educação no Brasil. Saliba et al. (2006) afirmam que a evasão causa desperdícios de investimentos, além de constituir perdas individuais ao evadido. Gaioso (2005) compartilha desta opinião, afirmando que a sociedade sofre os danos financeiros causados pela evasão, por que os investimentos são desperdiçados, uma vez que as vagas são preenchidas por alunos que não concluem os cursos e, portanto acabam ficando ociosas. São necessárias pesquisas mais aprofundadas sobre este tema, utilizando diversas formas de abordagens, permitindo verificar melhor quais medidas seriam eficazes para amenizar o problema. Veloso; Almeida (2002) compartilham desta opinião, defendendo que os estudos sobre evasão devem ser mais aprofundados, visando compreender os fatores que a ocasionam. As pesquisas sobre este tema encontram obstáculos, tais como as falhas na caracterização do termo evasão e o desacordo em como interpretar os índices de evasão. Normalmente, estes estudos acabam visando apenas uma quantificação do problema, havendo poucas pesquisas que tratem qualitativamente a questão (CUNHA et al ., 2001). Após a afirmação deste autor, novas pesquisas qualitativas sobre este tema foram realizadas no Brasil, porém, de modo efetivo e pela grande maioria das Instituições de Ensino Superior (IES), a constatação deste problema ainda não se traduziu em medidas de intervenção para diminuição dos índices de evasão. Nesta perspectiva encaixa-se este trabalho.

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EVASÃO ESCOLAR: UM ESTUDO NAS LICENCIATURAS DA

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ –

UNIOESTE – CAMPUS CASCAVEL

CASTRO, Luciana Paula Vieira (UNIOESTE)

MALACARNE, Vilmar (Orientador/UNIOESTE)

A evasão é um dos grandes problemas relacionados à educação brasileira.

Conforme Queiroz (2002), a evasão sempre esteve presente nas discussões sobre

educação no Brasil. Saliba et al. (2006) afirmam que a evasão causa desperdícios de

investimentos, além de constituir perdas individuais ao evadido. Gaioso (2005)

compartilha desta opinião, afirmando que a sociedade sofre os danos financeiros

causados pela evasão, por que os investimentos são desperdiçados, uma vez que as

vagas são preenchidas por alunos que não concluem os cursos e, portanto acabam

ficando ociosas.

São necessárias pesquisas mais aprofundadas sobre este tema, utilizando

diversas formas de abordagens, permitindo verificar melhor quais medidas seriam

eficazes para amenizar o problema. Veloso; Almeida (2002) compartilham desta

opinião, defendendo que os estudos sobre evasão devem ser mais aprofundados, visando

compreender os fatores que a ocasionam.

As pesquisas sobre este tema encontram obstáculos, tais como as falhas na

caracterização do termo evasão e o desacordo em como interpretar os índices de evasão.

Normalmente, estes estudos acabam visando apenas uma quantificação do problema,

havendo poucas pesquisas que tratem qualitativamente a questão (CUNHA et al., 2001).

Após a afirmação deste autor, novas pesquisas qualitativas sobre este tema foram

realizadas no Brasil, porém, de modo efetivo e pela grande maioria das Instituições de

Ensino Superior (IES), a constatação deste problema ainda não se traduziu em medidas

de intervenção para diminuição dos índices de evasão. Nesta perspectiva encaixa-se este

trabalho.

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Evasão e suas causas no Ensino Superior

Durante muito tempo, profissões universitárias foram tidas como formadoras de

elites e classes médias que se destacavam financeira e socialmente (WANDERLEY

1998). Por esta razão, seria esperado que a população que tem acesso a esse nível de

ensino não abandonasse seus cursos, já que a maior parte da população brasileira almeja

ter acesso à educação superior (HOLANDA, 2007). Autores como Nítolo (2008) e

Vieira, L. P.; Castro L. P. V. (2008) defendem que o abandono não é apenas um

problema dos ensinos fundamental e médio, mas também do ensino superior. São

inúmeros os casos de evasão em várias áreas de formação superior, e como defendido

por Saliba et al. (2006), cada uma das vagas ociosas nas Universidades representa

grandes perdas.

De acordo com Holanda (2007), os índices de evasão constituem uma fonte de

preocupação para as IES, por causarem prejuízos, tanto para o setor público quanto para

o privado. Cunha et al. (2001) defende que os danos resultantes do processo de evasão

afetam o professor - que não se realiza como profissional -, o aluno - que não se

diploma -, a Universidade, a família e a sociedade.

Na questão da evasão, podem-se encontrar situações diferenciadas, por exemplo,

segundo Ribeiro (2005), existe a situação do aluno que se desliga de uma dada

universidade para efetuar o ingresso em outra, configurando assim a evasão de uma

universidade, porém não evasão do ensino superior. Ou ainda, pode-se pensar na saída

de um curso para ingressar em outro dentro da mesma universidade. Esta é mais uma

nuance do processo evasivo que revela o quão necessário é investigar as causas da

evasão no Ensino Superior.

Segundo Sparta; Gomes (2005), a preocupação em cursar uma universidade e

passar no vestibular pode ser maior que a preocupação com a escolha do curso. Sobre

isso Souza; Junior (2008), afirma que a falta de informações sobre a profissão e sobre o

curso também é motivo para evasão. O autor defende que ao constatar que suas

expectativas sobre a instituição ou a profissão escolhida não condizem com a realidade,

alguns acadêmicos se decepcionam, e passam a considerar a possibilidade de se evadir.

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Em um estudo de caso de evasão dos cursos de Ciências Biológicas na

Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) Campus Cascavel foi

constatado que em boa parte, os casos de evasão são ocasionados pela opção por outros

cursos, na mesma ou outras universidades, demonstrando com isso, que em alguns

casos, razões relacionadas exclusivamente a IES ou ao Ensino Superior, como

insatisfação poderiam ser desconsideradas (VIEIRA, L. P.; CASTRO, L. P. V. 2008).

Arruda; Ueno (2003) apontam como fatores que interferem na permanência dos

acadêmicos a compreensão do aprendizado efetivo, o apoio dos familiares, as relações

estabelecidas durante o curso, o acúmulo de atividades, a captação dos sentimentos dos

alunos mais antigos com relação aos professores, a estrutura universitária e etc. Arruda

et al. (2006) afirmam que a decisão de continuar nos cursos é fortemente influenciada

pelas relações que o acadêmico manteve com as pessoas e objetos desse meio.

Em sua pesquisa sobre evasão na Universidade Católica de Brasília, Gaioso

(2005) levantou a hipótese de que os problemas financeiros estariam diretamente

relacionados à evasão, mas seus resultados não foram condizentes com tal hipótese, pois

este motivo foi enfatizado por poucos entrevistados. No entanto, a autora sugeriu que

poderiam ser realizados mais estudos para verificar a influência do fator econômico na

carreira acadêmica. Na mesma pesquisa, encontrou também que, entre os motivos mais

mencionados para explicar a evasão, estaria a mudança de endereço por motivos de

trabalho ou ainda a falta dele.

As dificuldades dos alunos em acompanhar os conteúdos e enfrentar métodos

inapropriados de avaliação causam aumento do tempo de permanência do aluno no

curso, e isso poderia ser desestimulante, levando o aluno a abandonar o curso. Ou seja, a

retenção poderia influenciar, causando evasão nos cursos superiores (SOUZA;

JUNIOR, 2008).

Esta posição é compartilhada por Gaioso (2005), que acredita que alguns

acadêmicos ingressam na Universidade com problemas na leitura, escrita e

interpretação, que dificulta o entendimento de textos e questões. Sendo assim, as

deficiências na Educação Básica comprometem o rendimento do acadêmico. Segundo

Saliba et. al (2006), a implementação de um novo modelo curricular, em que as

disciplinas dos ciclos básicos e profissionalizantes estejam relacionadas está entre as

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propostas para diminuir a evasão no ensino superior. Neste sentido, o modelo curricular

deveria auxiliar na formação do sujeito profissional conforme a necessidade social.

Sobre a parcela de responsabilidade das IES no processo de evasão, tem-se a

posição de Ribeiro (2005), que destaca a questão da inadequabilidade da estrutura do

curso superior ao acadêmico trabalhador, que estaria relacionado à evasão, ocasionando

saída deste por incompatibilidade de tempo. Para Augustin (2003), as IES devem

aperfeiçoar e aumentar as ações de apoio aos acadêmicos para que a evasão possa ser

minimizada. Ao perceber resultados insatisfatórios nos históricos escolares do

acadêmico, o coordenador de curso deveria cuidadosamente buscar os motivos para tal

situação, e após a constatação, deveria juntamente com o aluno, criar alternativas para

solucionar as dificuldades encontradas (CUNHA et al. 2001).

O mundo do trabalho necessita de educadores que percebam a sala de aula como

um laboratório, onde estudos e mudanças possam acontecer diariamente; que pesquisem

e avaliem constantemente os resultados de suas ações, buscando realizar mudanças

através de intervenções nos índices de evasão e repetência, uma vez que tais

profissionais são fundamentais para quaisquer transformações na educação,

acompanhando o processo educacional e auxiliando os alunos a transporem os

obstáculos da aprendizagem (SOUZA; DIAS, 2008). Sendo assim, o professor poderia

intervir no processo evasivo por que é o profissional de educação com contato mais

direto com o aluno. Cunha et al. (2001) defendem que a comunicação entre acadêmico e

docente é de extrema importância para solucionar muito dos problemas indicados pelo

aluno evadido, e desta forma, a orientação ao aluno na faculdade seria uma prática

educativa transformadora para a reelaboração da relação aluno-professor-currículo.

Para Ribeiro (2005), a evasão transformou-se num tema complexo que está

relacionado a toda gestão universitária. Entretanto, a evasão é vista pelas autoridades

educacionais como um fato ocorrido devido a fatores exclusivos do aluno. Como

mostram as pesquisas de Veloso e Almeida (2002), os coordenadores de curso tratam a

questão da evasão como se esta estivesse apenas relacionada a fatores intrínsecos do

aluno, principalmente associando-a a fatores econômicos, uma vez que não possuem

condições que os permitam acompanhar e auxiliar no desenvolvimento dos alunos do

curso. Também Queiroz (2002), verificou em sua pesquisa que os dirigentes e

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funcionários de uma Instituição de Ensino consideram a evasão um problema

relacionado a fatores pessoais dos alunos, tais como desestrutura familiar entre outras

razões.

Por outro lado, Nítolo (2008) afirma que algumas Universidades já estão

preocupadas com os índices de evasão e, por essa razão fazem investigações a fim de

levantar os motivos que a causam. Exemplificando uma destas IES, temos a afirmação

de FROEHLICH (s/d), que avaliando os cursos de Ciências Biológicas da UNESP –

São José do Rio Preto-SP defende que a satisfação dos alunos reflete na baixa evasão

apresentada nesses cursos.

Na formação de professores a universidade tem importância capital já que

agrega aspectos de formação do sujeito em amplos sentidos e formação profissional.

Entretanto, tal tarefa não é fácil por que como IES que é, está inserida numa sociedade

dinâmica e precisa estar de acordo com suas transformações (MALACARNE, 2005). O

autor enfatiza, entretanto que os problemas na formação de educadores precisam ser

observados enfocando no educador e na sociedade, reavaliando as práticas das IES,

especialmente nos cursos de formação de professores.

Os Cursos de Formação de Professores e a carreira de educador

Os cursos de formação de professores foram implementados no Brasil a partir

1835, inicialmente nas Escolas Normais para homens. Em 1931, com a Reforma

Francisco Campos foi instituída a formação de professores para o ensino secundário em

nível superior e em 1937 estavam formados os primeiros educadores para o ensino

secundário. Houve um período em que a função de educador era bem vista pela

sociedade, mas ao fim dos anos 60 não havia interesse pela carreira e tal função

começou a ser desvalorizada. Membros das camadas mais populares também passaram

a se interessar tal profissão. Ocorreram diversas mudanças no campo da formação de

professores. O status outrora conquistado foi substituído pela visão de professor como

um profissional que simplesmente realiza suas tarefas sem a reflexão que tal posição

exige e essa imagem do professor causa ainda mais desvalorização da classe através do

pagamento de salários baixos, por isso, os educadores acabam por sobrecarregar-se,

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trabalhando em várias Instituições de Ensino a fim de aumentar seus lucros. Esta é a

realidade com a qual ainda nos deparamos (MALACARNE, 2005).

Segundo Hickmann (2007) a questão do status de uma profissão pode interferir

na escolha e permanência no curso. Uma profissão que não é valorizada tem seu status

diminuído, portanto acaba por não atrair pessoas interessadas em exercê-las. A autora

afirma que os alunos iniciam determinados cursos e os abandonam quando surgem

outras oportunidades. Gaioso (2005) afirma que uma das razões comumente

encontradas nas pesquisas sobre abandono dos cursos é relacionada à questão do

mercado de trabalho e à imagem do curso.

Para Malacarne (2005), alguns dos passos para a retomada do status da profissão

devem ser dados pelos próprios docentes dos cursos de formação de professores, através

da conquista de novos espaços dentro e fora das IES, da especificação das reais

atribuições do educador. O autor afirma ainda que embora educadores façam parte das

IES, freqüentemente setores das mesmas IES não tem tomado atitudes a fim de que se

desfaça esse “desprestígio” da carreira de educador.

A falta de Professores e a Evasão nos Cursos de Licenciatura

Nos países que estão em desenvolvimento há, entre outras necessidades, a de

lidar com as altas taxas de evasão e falta de professores (UNESCO, 2008) e educadores

são imprescindíveis para o desenvolvimento do país. Mesmo com estas constatações,

ainda há falta da percepção da importância destes profissionais no contexto social.

Atualmente a carreira de educador exige longas jornadas de trabalho, salários baixos,

falta de base econômica ou estrutural das escolas e superlotação nas classes, trazendo

como conseqüência pouca procura pela profissão docente (SOUZA; DIAS, 2008). Com

o distanciamento entre os níveis de ensino Fundamental, Médio e Superior, o retorno a

uma posição favorável de prestígio para os docentes se distancia mais ainda de “uma

luta (que deveria ser) da categoria” (MALACARNE, 2005, p. 25).

De acordo com Brasil (2008), dar méritos aos profissionais da educação, pela

execução eficiente de seu trabalho, aplicação, regularidade no desempenho de suas

tarefas, responsabilidade, concretização de trabalhos especializados, cursos de formação

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continuada e desenvolvimento profissional, são ações do Plano de Desenvolvimento da

Educação (PDE). Sobre as ações das autoridades em Educação, Malacarne (2005),

afirma que além da qualificação dos professores trazida através das novas perspectivas

em formação de professores, se faz necessário redefinir o papel do educador atualmente.

Nesta profissão existem ainda fatores positivos, tais como: a alta

empregabilidade dos profissionais qualificados; a atuação em setores produtivos afins à

sua formação e as possibilidades de atuação nos níveis superiores de ensino. Sobram

vagas para quem deseja dedicar-se ao magistério, as oportunidades de desenvolver um

trabalho criativo e a solidez são atrativas, mas mesmo assim, não são preenchidos os

quadros de docentes qualificados por todo o país. Sobre isso, Souza; Dias (2008)

afirmam que o mercado de trabalho é favorável para quem tem boa formação

acadêmica.

Sobre a escolha do curso de formação para docência, Hickmann (2007) defende

que tais cursos podem atrair interessados pela área específica do curso, e não apenas

indivíduos que almejem seguir a carreira de educador. Fatores como estes podem estar

relacionados à questão da evasão escolar, uma vez que, os alunos não apresentem

afinidade com a modalidade do curso escolhido e lhes falte informação sobre o assunto

antes de seu ingresso na IES.

Vieira, M. (2008) obteve resultados que indicam que o maior empecilho

enfrentado pelo aluno de Licenciatura na área de Biologia é a dificuldade de

aprendizagem provinda da educação no Ensino Médio, resultante de carências na

educação básica brasileira. Mas estes problemas educacionais também se estendem aos

estudantes de outros cursos.

Hickmann (2007) encontrou indicativos de que nem todos os acadêmicos do

curso de Ciências Biológicas Licenciatura da UNIOESTE pretendem exercer a profissão

de educador; sendo que alguns destes escolheram prestar vestibular para este curso e

modalidade por outros motivos, como influência da família e horário de oferta do

mesmo – que funciona à noite, permitindo que o estudante possa trabalhar durante o dia

e auxiliar na obtenção de renda da família.

Vieira, L. P.; Castro L. P. V. (2008) verificou que existe a preocupação com a

questão da evasão no Ensino Superior, como em algumas IES que implementaram

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programas de diminuição dos índices de evasão, como através de relatórios anuais de

satisfação discente. Em outras IES, mesmo com a percepção do problema, como no caso

da UNIOESTE Campus Cascavel, esta preocupação ainda não se traduziu em adoção de

medidas a fim de evitá-la. Os coordenadores que estiveram à frente dos Cursos de

Ciências Biológicas durante o período estudado e o atual coordenador demonstraram

disposição em auxiliar os alunos, mas afirmaram que normalmente o aluno se evade

sem procurar este auxílio, saindo sem ao menos comunicar a Universidade sobre seu

desligamento.

Para Hickmann (2007), não é dever só dos cursos de licenciatura instigar o

acadêmico ao interesse e à valorização da profissão docente, mas também das

autoridades competentes, que devem propiciar ao profissional boas condições de

trabalho. Veloso e Almeida (2002) defendem a necessidade de se adotar políticas de

acompanhamento ao acadêmico, oferecendo-lhe suporte ao longo do curso. Esta

afirmação também consta no trabalho de Vieira, L. P.; Castro, L. P. V. (2008), que

encontrou no discurso dos antigos e da atual coordenador de curso a idéia de que, se

houvesse maior assistência aos estudantes em sob os vários aspectos, os índices de

evasão seriam diminuídos. Malacarne (1997) corrobora tal posição, defendendo que a

assistência ao estudante é um artifício que baseia a conquista da cidadania.

Segundo Souza; Júnior (2008), a evasão é um dos maiores obstáculos na

formação de educadores. Relacionando-se esta afirmação aos elevados índices de

evasão nos Cursos Superiores de Licenciatura e à falta de educadores no Brasil, faz-se

necessário estudar as causas da evasão dos Cursos de Licenciatura. Se aclaradas as

razões pelas quais ocorre evasão nas licenciaturas, e tomadas as devidas providências

para que seja diminuídos os índices, também pode ser minimizada a questão da falta de

educadores no Brasil.

Nessa direção constituem-se como objetivos desta pesquisa a) Entender os

motivos que levam à evasão dos cursos de Licenciatura, discutindo a questão a partir

destes cursos da UNIOESTE Campus Cascavel. b) Analisar a evasão escolar no

contexto da educação superior no Brasil; c) Examinar os índices de evasão de cada um

dos Cursos de Licenciatura oferecidos pela UNIOESTE Campus Cascavel; d) Definir

qual o perfil do aluno evadido nos cursos de formação de professores; e) Verificar em

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que cursos, séries e semestres dos cursos de licenciatura ocorrem mais casos de evasão;

f) Estudar se na UNIOESTE Campus Cascavel já estão sendo adotadas medidas para

minimizar os casos de evasão; g) Investigar com alunos evadidos as razões pelas quais

os mesmos desistem de suas vagas e o que pode ser feito a fim de evitar que isso ocorra

com outros alunos; h) Verificar como coordenadores dos cursos de formação em

Licenciatura entendem o processo de evasão e qual sua percepção em relação aos casos

de evasão já observados; i) Verificar como os estudantes dos cursos de licenciatura da

UNIOESTE – Campus Cascavel entendem o fenômeno da evasão; j) Estudar estratégias

para diminuição dos índices de evasão com base nos dados coletados nesta pesquisa.

Este trabalho se justifica na tentativa de compreender melhor a questão da

evasão nos cursos licenciatura da UNIOESTE Campus Cascavel através do

esclarecimento acerca dos fatores que influenciam neste processo, possibilita uma

reflexão acerca da maneira com que a formação vem sendo trabalhada nos cursos de

formação de professores no Brasil e seus reflexos na sociedade. Tal entendimento pode

auxiliar na formulação de políticas que poderiam ser adotados pelas Instituições,

governo e sociedade para amenizar este problema nestes cursos.

Para alcançar os objetivos propostos será realizada uma pesquisa exploratória

com estudo dos casos de evasão dos cursos de Licenciatura da UNIOESTE – Campus

Cascavel (Letras e suas modalidades, Pedagogia, Ciências Biológicas, Matemática e

Enfermagem) ocorridos no período de 1997 (ano de informatização do sistema de

matrículas da Instituição) a 2010. Será tratado como evasão universitária todo caso de

saída dos Cursos da Área de Licenciaturas da referida IES, tenha sido ela realizada

através de trancamento por tempo indefinido, abandono, jubilamento, não-matrícula

(quando o aluno perde o prazo para matricular-se no ano seguinte), transferência interna

e externa e mudança de curso. Será adotada como fundamentação metodológica uma

abordagem quantitativa e qualitativa de pesquisa (LÜDKE; ANDRÉ, 1986). Tais

abordagens ocorrerão através da utilização de vários métodos de coleta de dados, serão

eles: análise documental, questionários e entrevistas semi-estruturadas, pois conforme

Flick (2004), diversas formas de coleta assegura mais confiabilidade aos dados obtidos

e os dados sobrepostos oferecem mais segurança na análise realizada pelo pesquisador.

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A análise documental será realizada mediante apresentação de arquivo fornecido

pela Secretaria Acadêmica da Instituição, com a finalidade de verificar em que período

dos cursos a evasão ocorre com maior freqüência e também visando obtenção de dados

dos possíveis sujeitos da pesquisa, tais como nome, telefone e e-mail. Pretende-se ainda,

estabelecer contato com ex-acadêmicos que mantenham qualquer outro tipo de vínculo

com a Universidade.

Serão enviados questionários via e-mail se os ex-alunos encontrarem-se em

outra localidade e entrevistas pessoalmente se os mesmos localizarem-se em Cascavel.

Serão aplicados questionários também para os alunos dos cursos de licenciaturas.

As características do aluno evadido bem como as informações referentes às

medidas adotadas para evitar que a evasão ocorra serão definidas a partir de entrevistas

semi-estruturadas com os coordenadores dos cursos de Licenciatura.

Os sujeitos participantes da pesquisa assinarão um termo de consentimento livre

e esclarecido, estando ciente da finalidade e utilização da pesquisa. No caso de sujeitos

que não puderem assinar na presença do pesquisador devido à sua localização, será

enviado o termo para que o faça e o devolva via e-mail, correio ou fax, conforme sua

preferência.

Através desta pesquisa espera-se compreender a evasão nos cursos de ensino

superior com formação em licenciaturas da UNIOESTE – Campus Cascavel. A partir do

entendimento das razões que causam evasão nestes cursos, pretende-se estudar medidas

que auxiliem na diminuição do problema. Elucidadas as razões pelas quais ocorre

evasão nas licenciaturas e tomadas as devidas providências para que evitá-la, também

pode ser minimizada a questão da falta de educadores no Brasil.

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