Upload
dangquynh
View
214
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Universidade Estadual de Maringá 26 e 27/05/2011
1
EVASÃO ESCOLAR: UM ESTUDO NAS LICENCIATURAS DA
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ –
UNIOESTE – CAMPUS CASCAVEL
CASTRO, Luciana Paula Vieira (UNIOESTE)
MALACARNE, Vilmar (Orientador/UNIOESTE)
A evasão é um dos grandes problemas relacionados à educação brasileira.
Conforme Queiroz (2002), a evasão sempre esteve presente nas discussões sobre
educação no Brasil. Saliba et al. (2006) afirmam que a evasão causa desperdícios de
investimentos, além de constituir perdas individuais ao evadido. Gaioso (2005)
compartilha desta opinião, afirmando que a sociedade sofre os danos financeiros
causados pela evasão, por que os investimentos são desperdiçados, uma vez que as
vagas são preenchidas por alunos que não concluem os cursos e, portanto acabam
ficando ociosas.
São necessárias pesquisas mais aprofundadas sobre este tema, utilizando
diversas formas de abordagens, permitindo verificar melhor quais medidas seriam
eficazes para amenizar o problema. Veloso; Almeida (2002) compartilham desta
opinião, defendendo que os estudos sobre evasão devem ser mais aprofundados, visando
compreender os fatores que a ocasionam.
As pesquisas sobre este tema encontram obstáculos, tais como as falhas na
caracterização do termo evasão e o desacordo em como interpretar os índices de evasão.
Normalmente, estes estudos acabam visando apenas uma quantificação do problema,
havendo poucas pesquisas que tratem qualitativamente a questão (CUNHA et al., 2001).
Após a afirmação deste autor, novas pesquisas qualitativas sobre este tema foram
realizadas no Brasil, porém, de modo efetivo e pela grande maioria das Instituições de
Ensino Superior (IES), a constatação deste problema ainda não se traduziu em medidas
de intervenção para diminuição dos índices de evasão. Nesta perspectiva encaixa-se este
trabalho.
Universidade Estadual de Maringá 26 e 27/05/2011
2
Evasão e suas causas no Ensino Superior
Durante muito tempo, profissões universitárias foram tidas como formadoras de
elites e classes médias que se destacavam financeira e socialmente (WANDERLEY
1998). Por esta razão, seria esperado que a população que tem acesso a esse nível de
ensino não abandonasse seus cursos, já que a maior parte da população brasileira almeja
ter acesso à educação superior (HOLANDA, 2007). Autores como Nítolo (2008) e
Vieira, L. P.; Castro L. P. V. (2008) defendem que o abandono não é apenas um
problema dos ensinos fundamental e médio, mas também do ensino superior. São
inúmeros os casos de evasão em várias áreas de formação superior, e como defendido
por Saliba et al. (2006), cada uma das vagas ociosas nas Universidades representa
grandes perdas.
De acordo com Holanda (2007), os índices de evasão constituem uma fonte de
preocupação para as IES, por causarem prejuízos, tanto para o setor público quanto para
o privado. Cunha et al. (2001) defende que os danos resultantes do processo de evasão
afetam o professor - que não se realiza como profissional -, o aluno - que não se
diploma -, a Universidade, a família e a sociedade.
Na questão da evasão, podem-se encontrar situações diferenciadas, por exemplo,
segundo Ribeiro (2005), existe a situação do aluno que se desliga de uma dada
universidade para efetuar o ingresso em outra, configurando assim a evasão de uma
universidade, porém não evasão do ensino superior. Ou ainda, pode-se pensar na saída
de um curso para ingressar em outro dentro da mesma universidade. Esta é mais uma
nuance do processo evasivo que revela o quão necessário é investigar as causas da
evasão no Ensino Superior.
Segundo Sparta; Gomes (2005), a preocupação em cursar uma universidade e
passar no vestibular pode ser maior que a preocupação com a escolha do curso. Sobre
isso Souza; Junior (2008), afirma que a falta de informações sobre a profissão e sobre o
curso também é motivo para evasão. O autor defende que ao constatar que suas
expectativas sobre a instituição ou a profissão escolhida não condizem com a realidade,
alguns acadêmicos se decepcionam, e passam a considerar a possibilidade de se evadir.
Universidade Estadual de Maringá 26 e 27/05/2011
3
Em um estudo de caso de evasão dos cursos de Ciências Biológicas na
Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) Campus Cascavel foi
constatado que em boa parte, os casos de evasão são ocasionados pela opção por outros
cursos, na mesma ou outras universidades, demonstrando com isso, que em alguns
casos, razões relacionadas exclusivamente a IES ou ao Ensino Superior, como
insatisfação poderiam ser desconsideradas (VIEIRA, L. P.; CASTRO, L. P. V. 2008).
Arruda; Ueno (2003) apontam como fatores que interferem na permanência dos
acadêmicos a compreensão do aprendizado efetivo, o apoio dos familiares, as relações
estabelecidas durante o curso, o acúmulo de atividades, a captação dos sentimentos dos
alunos mais antigos com relação aos professores, a estrutura universitária e etc. Arruda
et al. (2006) afirmam que a decisão de continuar nos cursos é fortemente influenciada
pelas relações que o acadêmico manteve com as pessoas e objetos desse meio.
Em sua pesquisa sobre evasão na Universidade Católica de Brasília, Gaioso
(2005) levantou a hipótese de que os problemas financeiros estariam diretamente
relacionados à evasão, mas seus resultados não foram condizentes com tal hipótese, pois
este motivo foi enfatizado por poucos entrevistados. No entanto, a autora sugeriu que
poderiam ser realizados mais estudos para verificar a influência do fator econômico na
carreira acadêmica. Na mesma pesquisa, encontrou também que, entre os motivos mais
mencionados para explicar a evasão, estaria a mudança de endereço por motivos de
trabalho ou ainda a falta dele.
As dificuldades dos alunos em acompanhar os conteúdos e enfrentar métodos
inapropriados de avaliação causam aumento do tempo de permanência do aluno no
curso, e isso poderia ser desestimulante, levando o aluno a abandonar o curso. Ou seja, a
retenção poderia influenciar, causando evasão nos cursos superiores (SOUZA;
JUNIOR, 2008).
Esta posição é compartilhada por Gaioso (2005), que acredita que alguns
acadêmicos ingressam na Universidade com problemas na leitura, escrita e
interpretação, que dificulta o entendimento de textos e questões. Sendo assim, as
deficiências na Educação Básica comprometem o rendimento do acadêmico. Segundo
Saliba et. al (2006), a implementação de um novo modelo curricular, em que as
disciplinas dos ciclos básicos e profissionalizantes estejam relacionadas está entre as
Universidade Estadual de Maringá 26 e 27/05/2011
4
propostas para diminuir a evasão no ensino superior. Neste sentido, o modelo curricular
deveria auxiliar na formação do sujeito profissional conforme a necessidade social.
Sobre a parcela de responsabilidade das IES no processo de evasão, tem-se a
posição de Ribeiro (2005), que destaca a questão da inadequabilidade da estrutura do
curso superior ao acadêmico trabalhador, que estaria relacionado à evasão, ocasionando
saída deste por incompatibilidade de tempo. Para Augustin (2003), as IES devem
aperfeiçoar e aumentar as ações de apoio aos acadêmicos para que a evasão possa ser
minimizada. Ao perceber resultados insatisfatórios nos históricos escolares do
acadêmico, o coordenador de curso deveria cuidadosamente buscar os motivos para tal
situação, e após a constatação, deveria juntamente com o aluno, criar alternativas para
solucionar as dificuldades encontradas (CUNHA et al. 2001).
O mundo do trabalho necessita de educadores que percebam a sala de aula como
um laboratório, onde estudos e mudanças possam acontecer diariamente; que pesquisem
e avaliem constantemente os resultados de suas ações, buscando realizar mudanças
através de intervenções nos índices de evasão e repetência, uma vez que tais
profissionais são fundamentais para quaisquer transformações na educação,
acompanhando o processo educacional e auxiliando os alunos a transporem os
obstáculos da aprendizagem (SOUZA; DIAS, 2008). Sendo assim, o professor poderia
intervir no processo evasivo por que é o profissional de educação com contato mais
direto com o aluno. Cunha et al. (2001) defendem que a comunicação entre acadêmico e
docente é de extrema importância para solucionar muito dos problemas indicados pelo
aluno evadido, e desta forma, a orientação ao aluno na faculdade seria uma prática
educativa transformadora para a reelaboração da relação aluno-professor-currículo.
Para Ribeiro (2005), a evasão transformou-se num tema complexo que está
relacionado a toda gestão universitária. Entretanto, a evasão é vista pelas autoridades
educacionais como um fato ocorrido devido a fatores exclusivos do aluno. Como
mostram as pesquisas de Veloso e Almeida (2002), os coordenadores de curso tratam a
questão da evasão como se esta estivesse apenas relacionada a fatores intrínsecos do
aluno, principalmente associando-a a fatores econômicos, uma vez que não possuem
condições que os permitam acompanhar e auxiliar no desenvolvimento dos alunos do
curso. Também Queiroz (2002), verificou em sua pesquisa que os dirigentes e
Universidade Estadual de Maringá 26 e 27/05/2011
5
funcionários de uma Instituição de Ensino consideram a evasão um problema
relacionado a fatores pessoais dos alunos, tais como desestrutura familiar entre outras
razões.
Por outro lado, Nítolo (2008) afirma que algumas Universidades já estão
preocupadas com os índices de evasão e, por essa razão fazem investigações a fim de
levantar os motivos que a causam. Exemplificando uma destas IES, temos a afirmação
de FROEHLICH (s/d), que avaliando os cursos de Ciências Biológicas da UNESP –
São José do Rio Preto-SP defende que a satisfação dos alunos reflete na baixa evasão
apresentada nesses cursos.
Na formação de professores a universidade tem importância capital já que
agrega aspectos de formação do sujeito em amplos sentidos e formação profissional.
Entretanto, tal tarefa não é fácil por que como IES que é, está inserida numa sociedade
dinâmica e precisa estar de acordo com suas transformações (MALACARNE, 2005). O
autor enfatiza, entretanto que os problemas na formação de educadores precisam ser
observados enfocando no educador e na sociedade, reavaliando as práticas das IES,
especialmente nos cursos de formação de professores.
Os Cursos de Formação de Professores e a carreira de educador
Os cursos de formação de professores foram implementados no Brasil a partir
1835, inicialmente nas Escolas Normais para homens. Em 1931, com a Reforma
Francisco Campos foi instituída a formação de professores para o ensino secundário em
nível superior e em 1937 estavam formados os primeiros educadores para o ensino
secundário. Houve um período em que a função de educador era bem vista pela
sociedade, mas ao fim dos anos 60 não havia interesse pela carreira e tal função
começou a ser desvalorizada. Membros das camadas mais populares também passaram
a se interessar tal profissão. Ocorreram diversas mudanças no campo da formação de
professores. O status outrora conquistado foi substituído pela visão de professor como
um profissional que simplesmente realiza suas tarefas sem a reflexão que tal posição
exige e essa imagem do professor causa ainda mais desvalorização da classe através do
pagamento de salários baixos, por isso, os educadores acabam por sobrecarregar-se,
Universidade Estadual de Maringá 26 e 27/05/2011
6
trabalhando em várias Instituições de Ensino a fim de aumentar seus lucros. Esta é a
realidade com a qual ainda nos deparamos (MALACARNE, 2005).
Segundo Hickmann (2007) a questão do status de uma profissão pode interferir
na escolha e permanência no curso. Uma profissão que não é valorizada tem seu status
diminuído, portanto acaba por não atrair pessoas interessadas em exercê-las. A autora
afirma que os alunos iniciam determinados cursos e os abandonam quando surgem
outras oportunidades. Gaioso (2005) afirma que uma das razões comumente
encontradas nas pesquisas sobre abandono dos cursos é relacionada à questão do
mercado de trabalho e à imagem do curso.
Para Malacarne (2005), alguns dos passos para a retomada do status da profissão
devem ser dados pelos próprios docentes dos cursos de formação de professores, através
da conquista de novos espaços dentro e fora das IES, da especificação das reais
atribuições do educador. O autor afirma ainda que embora educadores façam parte das
IES, freqüentemente setores das mesmas IES não tem tomado atitudes a fim de que se
desfaça esse “desprestígio” da carreira de educador.
A falta de Professores e a Evasão nos Cursos de Licenciatura
Nos países que estão em desenvolvimento há, entre outras necessidades, a de
lidar com as altas taxas de evasão e falta de professores (UNESCO, 2008) e educadores
são imprescindíveis para o desenvolvimento do país. Mesmo com estas constatações,
ainda há falta da percepção da importância destes profissionais no contexto social.
Atualmente a carreira de educador exige longas jornadas de trabalho, salários baixos,
falta de base econômica ou estrutural das escolas e superlotação nas classes, trazendo
como conseqüência pouca procura pela profissão docente (SOUZA; DIAS, 2008). Com
o distanciamento entre os níveis de ensino Fundamental, Médio e Superior, o retorno a
uma posição favorável de prestígio para os docentes se distancia mais ainda de “uma
luta (que deveria ser) da categoria” (MALACARNE, 2005, p. 25).
De acordo com Brasil (2008), dar méritos aos profissionais da educação, pela
execução eficiente de seu trabalho, aplicação, regularidade no desempenho de suas
tarefas, responsabilidade, concretização de trabalhos especializados, cursos de formação
Universidade Estadual de Maringá 26 e 27/05/2011
7
continuada e desenvolvimento profissional, são ações do Plano de Desenvolvimento da
Educação (PDE). Sobre as ações das autoridades em Educação, Malacarne (2005),
afirma que além da qualificação dos professores trazida através das novas perspectivas
em formação de professores, se faz necessário redefinir o papel do educador atualmente.
Nesta profissão existem ainda fatores positivos, tais como: a alta
empregabilidade dos profissionais qualificados; a atuação em setores produtivos afins à
sua formação e as possibilidades de atuação nos níveis superiores de ensino. Sobram
vagas para quem deseja dedicar-se ao magistério, as oportunidades de desenvolver um
trabalho criativo e a solidez são atrativas, mas mesmo assim, não são preenchidos os
quadros de docentes qualificados por todo o país. Sobre isso, Souza; Dias (2008)
afirmam que o mercado de trabalho é favorável para quem tem boa formação
acadêmica.
Sobre a escolha do curso de formação para docência, Hickmann (2007) defende
que tais cursos podem atrair interessados pela área específica do curso, e não apenas
indivíduos que almejem seguir a carreira de educador. Fatores como estes podem estar
relacionados à questão da evasão escolar, uma vez que, os alunos não apresentem
afinidade com a modalidade do curso escolhido e lhes falte informação sobre o assunto
antes de seu ingresso na IES.
Vieira, M. (2008) obteve resultados que indicam que o maior empecilho
enfrentado pelo aluno de Licenciatura na área de Biologia é a dificuldade de
aprendizagem provinda da educação no Ensino Médio, resultante de carências na
educação básica brasileira. Mas estes problemas educacionais também se estendem aos
estudantes de outros cursos.
Hickmann (2007) encontrou indicativos de que nem todos os acadêmicos do
curso de Ciências Biológicas Licenciatura da UNIOESTE pretendem exercer a profissão
de educador; sendo que alguns destes escolheram prestar vestibular para este curso e
modalidade por outros motivos, como influência da família e horário de oferta do
mesmo – que funciona à noite, permitindo que o estudante possa trabalhar durante o dia
e auxiliar na obtenção de renda da família.
Vieira, L. P.; Castro L. P. V. (2008) verificou que existe a preocupação com a
questão da evasão no Ensino Superior, como em algumas IES que implementaram
Universidade Estadual de Maringá 26 e 27/05/2011
8
programas de diminuição dos índices de evasão, como através de relatórios anuais de
satisfação discente. Em outras IES, mesmo com a percepção do problema, como no caso
da UNIOESTE Campus Cascavel, esta preocupação ainda não se traduziu em adoção de
medidas a fim de evitá-la. Os coordenadores que estiveram à frente dos Cursos de
Ciências Biológicas durante o período estudado e o atual coordenador demonstraram
disposição em auxiliar os alunos, mas afirmaram que normalmente o aluno se evade
sem procurar este auxílio, saindo sem ao menos comunicar a Universidade sobre seu
desligamento.
Para Hickmann (2007), não é dever só dos cursos de licenciatura instigar o
acadêmico ao interesse e à valorização da profissão docente, mas também das
autoridades competentes, que devem propiciar ao profissional boas condições de
trabalho. Veloso e Almeida (2002) defendem a necessidade de se adotar políticas de
acompanhamento ao acadêmico, oferecendo-lhe suporte ao longo do curso. Esta
afirmação também consta no trabalho de Vieira, L. P.; Castro, L. P. V. (2008), que
encontrou no discurso dos antigos e da atual coordenador de curso a idéia de que, se
houvesse maior assistência aos estudantes em sob os vários aspectos, os índices de
evasão seriam diminuídos. Malacarne (1997) corrobora tal posição, defendendo que a
assistência ao estudante é um artifício que baseia a conquista da cidadania.
Segundo Souza; Júnior (2008), a evasão é um dos maiores obstáculos na
formação de educadores. Relacionando-se esta afirmação aos elevados índices de
evasão nos Cursos Superiores de Licenciatura e à falta de educadores no Brasil, faz-se
necessário estudar as causas da evasão dos Cursos de Licenciatura. Se aclaradas as
razões pelas quais ocorre evasão nas licenciaturas, e tomadas as devidas providências
para que seja diminuídos os índices, também pode ser minimizada a questão da falta de
educadores no Brasil.
Nessa direção constituem-se como objetivos desta pesquisa a) Entender os
motivos que levam à evasão dos cursos de Licenciatura, discutindo a questão a partir
destes cursos da UNIOESTE Campus Cascavel. b) Analisar a evasão escolar no
contexto da educação superior no Brasil; c) Examinar os índices de evasão de cada um
dos Cursos de Licenciatura oferecidos pela UNIOESTE Campus Cascavel; d) Definir
qual o perfil do aluno evadido nos cursos de formação de professores; e) Verificar em
Universidade Estadual de Maringá 26 e 27/05/2011
9
que cursos, séries e semestres dos cursos de licenciatura ocorrem mais casos de evasão;
f) Estudar se na UNIOESTE Campus Cascavel já estão sendo adotadas medidas para
minimizar os casos de evasão; g) Investigar com alunos evadidos as razões pelas quais
os mesmos desistem de suas vagas e o que pode ser feito a fim de evitar que isso ocorra
com outros alunos; h) Verificar como coordenadores dos cursos de formação em
Licenciatura entendem o processo de evasão e qual sua percepção em relação aos casos
de evasão já observados; i) Verificar como os estudantes dos cursos de licenciatura da
UNIOESTE – Campus Cascavel entendem o fenômeno da evasão; j) Estudar estratégias
para diminuição dos índices de evasão com base nos dados coletados nesta pesquisa.
Este trabalho se justifica na tentativa de compreender melhor a questão da
evasão nos cursos licenciatura da UNIOESTE Campus Cascavel através do
esclarecimento acerca dos fatores que influenciam neste processo, possibilita uma
reflexão acerca da maneira com que a formação vem sendo trabalhada nos cursos de
formação de professores no Brasil e seus reflexos na sociedade. Tal entendimento pode
auxiliar na formulação de políticas que poderiam ser adotados pelas Instituições,
governo e sociedade para amenizar este problema nestes cursos.
Para alcançar os objetivos propostos será realizada uma pesquisa exploratória
com estudo dos casos de evasão dos cursos de Licenciatura da UNIOESTE – Campus
Cascavel (Letras e suas modalidades, Pedagogia, Ciências Biológicas, Matemática e
Enfermagem) ocorridos no período de 1997 (ano de informatização do sistema de
matrículas da Instituição) a 2010. Será tratado como evasão universitária todo caso de
saída dos Cursos da Área de Licenciaturas da referida IES, tenha sido ela realizada
através de trancamento por tempo indefinido, abandono, jubilamento, não-matrícula
(quando o aluno perde o prazo para matricular-se no ano seguinte), transferência interna
e externa e mudança de curso. Será adotada como fundamentação metodológica uma
abordagem quantitativa e qualitativa de pesquisa (LÜDKE; ANDRÉ, 1986). Tais
abordagens ocorrerão através da utilização de vários métodos de coleta de dados, serão
eles: análise documental, questionários e entrevistas semi-estruturadas, pois conforme
Flick (2004), diversas formas de coleta assegura mais confiabilidade aos dados obtidos
e os dados sobrepostos oferecem mais segurança na análise realizada pelo pesquisador.
Universidade Estadual de Maringá 26 e 27/05/2011
10
A análise documental será realizada mediante apresentação de arquivo fornecido
pela Secretaria Acadêmica da Instituição, com a finalidade de verificar em que período
dos cursos a evasão ocorre com maior freqüência e também visando obtenção de dados
dos possíveis sujeitos da pesquisa, tais como nome, telefone e e-mail. Pretende-se ainda,
estabelecer contato com ex-acadêmicos que mantenham qualquer outro tipo de vínculo
com a Universidade.
Serão enviados questionários via e-mail se os ex-alunos encontrarem-se em
outra localidade e entrevistas pessoalmente se os mesmos localizarem-se em Cascavel.
Serão aplicados questionários também para os alunos dos cursos de licenciaturas.
As características do aluno evadido bem como as informações referentes às
medidas adotadas para evitar que a evasão ocorra serão definidas a partir de entrevistas
semi-estruturadas com os coordenadores dos cursos de Licenciatura.
Os sujeitos participantes da pesquisa assinarão um termo de consentimento livre
e esclarecido, estando ciente da finalidade e utilização da pesquisa. No caso de sujeitos
que não puderem assinar na presença do pesquisador devido à sua localização, será
enviado o termo para que o faça e o devolva via e-mail, correio ou fax, conforme sua
preferência.
Através desta pesquisa espera-se compreender a evasão nos cursos de ensino
superior com formação em licenciaturas da UNIOESTE – Campus Cascavel. A partir do
entendimento das razões que causam evasão nestes cursos, pretende-se estudar medidas
que auxiliem na diminuição do problema. Elucidadas as razões pelas quais ocorre
evasão nas licenciaturas e tomadas as devidas providências para que evitá-la, também
pode ser minimizada a questão da falta de educadores no Brasil.
REFERÊNCIAS
ARRUDA, Sérgio de Mello; CARVALHO, Marcelo Alves de; PASSOS, Marinez Meneghello; SILVEIRA, Fernando Lang da. Dados comparativos sobre a evasão em Física, Matemática, Química e Biologia da universidade estadual de londrina: 1996 a 2004. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v. 23, n. 3: p. 418-438, dez. 2006.
Universidade Estadual de Maringá 26 e 27/05/2011
11
ARRUDA, Sérgio de Mello; UENO, Michele Hidemi. Sobre o ingresso, desistência e permanência no curso de física da universidade estadual de londrina: algumas reflexões. Revista Ciência & Educação, Bauru v. 9, n. 2, p. 159-175, 2003.
BRASIL, MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Funcionários dedicados fazem a diferença. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=10196.pdf.> Acesso: 12 jun. 2008
CUNHA, Aparecida Miranda; TUNES, Elizabeth; SILVA, Roberto Ribeiro. Evasão do curso de química da universidade de Brasília: a interpretação do aluno evadido. Revista Química. Nova, Vol. 24, No. 1, 262-280, 2001. EDUCAÇÃO PARA TODOS NA DIREÇÃO CERTA DIZ O RELATÓRIO DE MONITORAMENTO GLOBAL 2008 LANÇADO PELA UNESCO. Disponível em: <http://www.unesco.org/education/gmr2008/pressrelease/PR-PORT.pdf.> Acesso: 20 jul. 2008. FLICK, Uwe. Uma introdução à pesquisa qualitativa. Porto Alegre: Bookman, 2004. FROEHLICH, Claudio Gilberto. Avaliação SJRP. Curso de Ciências Biológicas – IBILCE – UNESP, Câmpus de São José do Rio Preto. Disponível em: <http://www.ibilce.unesp.br/instituicao/comissoes/gral/avaliacao_final_biologia.doc>. Acesso em: 28 mar. 2008 GAIOSO, Natalicia Pacheco Lacerda. O fenômeno da evasão escolar na educação superior no Brasil. Brasília, 2005. Dissertação de Mestrado – Universidade Católica de Brasília. HICKMANN, Jaqueline. Opção pela licenciatura no curso de Ciências Biológicas: fatores envolvidos na escolha. Cascavel, 2007. Monografia (Conclusão de Curso) – Curso de Ciências Biológicas. Universidade Estadual do Oeste do Paraná. HOLANDA, Júnior. O desafio é ser atraente. Revista Ensino Superior, v.100, 2007, p. 28-32. LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Marli. Pesquisa em educação: Abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. MALACARNE, Vilmar. Assistência Estudantil nas Instituições Federais de Ensino Superior do Estado do Rio Grande do Sul: do Assistencialismo à Cidadania. Santa Maria, 1997. Dissertação de Mestrado – Universidade Federal de Santa Maria. MALACARNE, Vilmar. Formação dos professores e o Espaço da Filosofia. São Paulo, 2005. Texto de Qualificação. Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo. Mimeo
Universidade Estadual de Maringá 26 e 27/05/2011
12
NÍTOLO, Miguel. Evasão alarmante afeta cursos superiores: nas faculdades quase metade dos estudantes desiste da área escolhida. Revista problemas Brasileiros. N°385, SESCSP, 2008. QUEIROZ, Lucileide Domingos. Um estudo sobre a evasão escolar: Para se pensar na inclusão escolar. Disponível em: <http:www.anped.org.br/reunioes/25/lucileidedomingosqueirozt13.rtf –>Acesso em: 26 out. 2008. RIBEIRO, Marcelo Afonso. O Projeto Profissional Familiar como Determinante da Evasão Universitária: Um Estudo Preliminar. Revista Brasileira de Orientação Profissional, 2005, pp.55-70.
SALIBA, Nemre et al. Organização curricular, evasão e repetência no curso de odontologia: um estudo longitudinal. Revista de Odontologia da UNESP. 2006. SOUZA, Débora Aparecida Ianusz de; DIAS, Maria Geralda Moreira. Alunos do ISEI/FUNCESI obtém média superior ao resultado do Brasil e da região no ENADE. Diário de Itabira. Disponível em: <htpp://www.funcesi.br/portals/1/resultados20%do20%ENADE.com>Acesso em: 06 mar. 2008. SOUZA, Ruberley Rodrigues de; JUNIOR, Agnaldo Gonçalves Borges. Estudo da evasão no curso de licenciatura em física do cefet-go. Disponível em: <www.fae.ufmg.br/abrapec/viempec/viempec/CR2/p133.pdf Acesso em: 20 jun. 2008.> SPARTA, Monica; GOMES, William Barbosa. Importância atribuída ao ingresso na educação superior por alunos do ensino médio. Revista Brasileira de Orientação profissional, v.6, n.2, 2005. pp. 45-53. VELOSO, Tereza Christina Mertens Aguiar; ALMEIDA, Edson Pacheco de. Evasão nos cursos de graduação da Universidade Federal de Mato Grosso, campus universitário de Cuiabá – Um processo de exclusão. Versão impressa. VIEIRA, Luciana Paula; CASTRO, Luciana Paula Vieira. Evasão dos Acadêmicos do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná Campus Cascavel. Cascavel – PR, 2008. (Monografia – Conclusão de Curso). Curso de Ciências Biológicas Licenciatura. Universidade Estadual do Oeste do Paraná. VIEIRA, Miriam Lúcia. Evasão escolar na graduação. Informativo da UENF. Campos dos Goytacazes (RJ), Janeiro de 2008. Disponível em: <http://www.uenf.br/Uenf/Downloads/ASCOM_3777_1201030405.pdf>. Acesso: 31 mar. 2008.