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.⁄ .⁄ . , º - 131 Evolução da teoria financeira e a bolsa de valores no Brasil * Resumo O trabalho faz uma apresentação não dogmática de alguns pontos das novas teorias da intermediação financeira, oriundas da escola neoclássica e na qual foram posteriormente acrescentados elementos da escola keynesiana, para sustentar a importância econômica do mercado de capitais. Utilizando- se destes elementos, apresentamos o mercado de capitais brasileiro, em especial a Bolsa de Valores de São Paulo, no período pós-Plano Real, analisando os problemas enfrentados para seu desenvolvimento e a importância de sua ampliação para o incremento do sistema financeiro e da economia como um todo. Palavras-chave sistema financeiro, mercado de capitais, desenvolvimento. Title Evolution of Financial Theory and the Stock Exchange in Brazil Abstract This paper makes a non-dogmatic presentation of a few points of the new theories of financial intermediation, born from the neo-classical school, to which elements from the Keynesian school were later added, in order to support the economic importance of the stock market. With these elements, we present the Brazilian Stock Market, particularly the São Paulo stock exchange after Plano Real, with an analysis of the problems faced by its development and the importance of its enlargement in order to increase the financial system and the economy as a whole. Keywords financial system, stock market, development. Data de recebimento: 24/08/2004. Data de aceitação: 02/03/2006. * Graduado em Ciências Econômicas (Universidade Mackenzie), pós-graduado em Administração Financeira (USJT), mestrando em Economia Política (PUC-SP) e professor das Faculdades Europan. E-mail: [email protected]. . A América Latina e, em especial para nós, o Brasil pareciam ter perdido o rumo e a conexão com o desenvolvimento após a crise da dívida externa no início dos anos 1980. O período de afastamento trouxe reflexos para a região, que só voltou a fre- qüentar as praças centrais do sistema financeiro internacional no início dos anos 1990, com este já totalmente modificado. A condução macroeconômica nessa nova eta- pa foi norteada também por objetivos distintos dos anteriores, contudo, os mercados financeiros tornaram-se em tempos recentes mocinhos e, ao mesmo tempo, vilões da economia. Percebemos claramente um aumento da importância dada pela grande imprensa aos acontecimentos “dos mer- cados financeiros”. As sucessivas crises apresentadas na década de 1990 na Inglaterra, nos chamados “Tigres Asiáti- cos”, na Rússia e no Brasil, originadas de fatores distintos, não só chamaram a atenção para a im- portância do sistema financeiro, como para a importância da regulação e desenvolvimento do sistema. O seu potencial de propagar crises e a necessidade de controles tampouco figuram como novidades no debate econômico. Dentro do sistema financeiro internacional e nacional o mercado de capitais vem, no bojo das transformações e crises, ocupando papel de desta- que, principalmente por seu dinamismo, e nas últimas duas décadas tem ampliado seu espaço no debate. No Brasil, este debate é ao mesmo tempo antigo e pequeno. Preso a tradições, nosso mercado de capitais ainda não ocupa a posição que poderia ocupar diante de uma economia dinâmica como a brasileira. Assim, o presente trabalho propõe-se a fazer algumas reflexões sobre o mercado de capitais brasileiro, procurando demonstrar que as duas linhas principais de pensamento econômico

evolução da teoria financeira

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evolução da teoria financeira

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  • . . . , - 131

    Evoluo da teoria financeira e abolsa de valores no Brasil

    *

    Resumo O trabalho faz uma apresentao no dogmtica de alguns pontos das novas teorias daintermediao financeira, oriundas da escola neoclssica e na qual foram posteriormente acrescentados

    elementos da escola keynesiana, para sustentar a importncia econmica do mercado de capitais. Utilizando-

    se destes elementos, apresentamos o mercado de capitais brasileiro, em especial a Bolsa de Valores de So

    Paulo, no perodo ps-Plano Real, analisando os problemas enfrentados para seu desenvolvimento e a

    importncia de sua ampliao para o incremento do sistema financeiro e da economia como um todo.

    Palavras-chave sistema financeiro, mercado de capitais, desenvolvimento.

    Title Evolution of Financial Theory and the Stock Exchange in BrazilAbstract This paper makes a non-dogmatic presentation of a few points of the new theories of financialintermediation, born from the neo-classical school, to which elements from the Keynesian school were

    later added, in order to support the economic importance of the stock market. With these elements, we

    present the Brazilian Stock Market, particularly the So Paulo stock exchange after Plano Real, with an

    analysis of the problems faced by its development and the importance of its enlargement in order to

    increase the financial system and the economy as a whole.

    Keywords financial system, stock market, development.

    Data de recebimento: 24/08/2004.Data de aceitao: 02/03/2006.* Graduado em Cincias Econmicas (UniversidadeMackenzie), ps-graduado em Administrao Financeira(USJT), mestrando em Economia Poltica (PUC-SP) eprofessor das Faculdades Europan.E-mail: [email protected].

    .

    A Amrica Latina e, em especial para ns, o Brasil

    pareciam ter perdido o rumo e a conexo com o

    desenvolvimento aps a crise da dvida externa no

    incio dos anos 1980. O perodo de afastamento

    trouxe reflexos para a regio, que s voltou a fre-

    qentar as praas centrais do sistema financeiro

    internacional no incio dos anos 1990, com este j

    totalmente modificado.

    A conduo macroeconmica nessa nova eta-

    pa foi norteada tambm por objetivos distintos

    dos anteriores, contudo, os mercados financeiros

    tornaram-se em tempos recentes mocinhos e, ao

    mesmo tempo, viles da economia. Percebemos

    claramente um aumento da importncia dada pela

    grande imprensa aos acontecimentos dos mer-

    cados financeiros.

    As sucessivas crises apresentadas na dcada de

    1990 na Inglaterra, nos chamados Tigres Asiti-

    cos, na Rssia e no Brasil, originadas de fatores

    distintos, no s chamaram a ateno para a im-

    portncia do sistema financeiro, como para a

    importncia da regulao e desenvolvimento do

    sistema. O seu potencial de propagar crises e a

    necessidade de controles tampouco figuram como

    novidades no debate econmico.

    Dentro do sistema financeiro internacional e

    nacional o mercado de capitais vem, no bojo das

    transformaes e crises, ocupando papel de desta-

    que, principalmente por seu dinamismo, e nas

    ltimas duas dcadas tem ampliado seu espao no

    debate. No Brasil, este debate ao mesmo tempo

    antigo e pequeno. Preso a tradies, nosso mercado

    de capitais ainda no ocupa a posio que poderia

    ocupar diante de uma economia dinmica como

    a brasileira.

    Assim, o presente trabalho prope-se a fazer

    algumas reflexes sobre o mercado de capitaisbrasileiro, procurando demonstrar que as duas

    linhas principais de pensamento econmico

  • 132 Teoria financeira e a bolsa de valores

    apiam a importncia do desenvolvimento do

    sistema financeiro e do mercado de capitais.

    Sendo utilizados os preceitos keynesianos na

    avaliao da conjuntura brasileira, sero, no entan-

    to, evitadas as questes dogmticas na elaborao

    da resposta, respeitando as diferentes correntes.

    Os vrios grupos existentes sero reduzidos a dois

    grandes grupos, conforme apresentados em Bresser-

    Pereira (2003), sendo tratados pela diviso funcio-

    nal e terica da poupana.

    O trabalho est composto por trs sees: a

    primeira aborda novidades dentro da teoria neo-clssica sobre o sistema financeiro; a segunda,

    igualmente questes tericas, mas da escola Keyne-

    siana, e na ltima parte abordaremos o mercado

    de capitais brasileiro, apresentando propostas para

    seu fortalecimento e sua importncia para o desen-

    volvimento econmico do pas.

    .

    O debate sobre sistema financeiro no era consi-

    derado relevante no bojo do pensamento neocls-

    sico de fundos emprestveis, nos quais poupana

    igual a investimento.

    Dentro deste princpio, perdia-se a relevncia do

    estudo da intermediao financeira, e os esforos

    concentravam-se no controle e no estudo estrito

    da moeda. Partindo das tradies e dos postulados

    neoclssicos, Gurley e Shaw (1955) rompem com a

    indiferena no tratamento do sistema financeiro,

    principalmente dos bancos, transpondo o para-

    digma vigente. Estes autores apontaram e apro-

    ximaram a teoria do observado na sociedade,

    demonstrando que as instituies financeiras

    proviam liquidez aos projetos de investimentos,

    propiciando prazos condizentes com as neces-

    sidades de maturao dos projetos.

    Os autores apontam os bancos como capazes

    de gerenciar suas posies, administrando ativos

    e passivos de prazos diferentes, agregando, com

    esta funo, eficincia ao sistema. Assim, mesmo

    dentro da estrutura formal do pensamento neocls-

    sico, a predisposio em financiar os investimen-tos e a forma de reter ativos financeiros passaram a

    ter importncia para a igualdade entre poupana

    e investimento. Neste novo formato, os mercados

    financeiros e suas bases institucionais crescem em

    importncia.

    O aprofundamento do sistema financeiro, as

    transformaes ps-Bretton Woods, a internacio-

    nalizao e a globalizao financeira acabaram

    por indicar novos caminhos s instituies. E

    estes novos caminhos, sobretudo aps o declnio

    do euromercado e com a crise da Amrica Latina

    dos anos 1980, levaram a debates sobre a perda de

    espao das instituies bancrias e a erupo de

    uma nova realidade para o sistema financeirointernacional.

    Essa nova ordem institucional, com a amplia-

    o do espao dos investidores institucionais1,

    levou a um debate sobre a desintermediao

    financeira. Para Carneiro (1999), ampliou-se

    enormemente a importncia dos ttulos negoci-

    veis, os chamados securities; das bolsas de valores

    e dos produtos derivativos, em detrimento do

    sistema bancrio. A desintermediao financei-

    ra, ou a reduo de agentes intermedirios, para

    Ferreira e Freitas (1990), foi proporcionada pelo

    avano tecnolgico, que permite transaes mais

    rpidas e seguras.

    Essa nova ordem institucional, para Allen e

    Santomero (1998; idem, 2001), no leva a um en-

    fraquecimento do sistema bancrio. Os autores

    destacam trs pontos por eles observados j na

    dcada de 90: i) os bancos no esto cedendo

    participao no PIB; ii) os bancos tm ampliado

    sua forma de gerenciar o risco, portanto, no

    esto fora da nova realidade (securities); e iii) as

    instituies bancrias tm apresentado grande

    capacidade de se adaptar. Mesmo perdendo mer-

    cados tradicionais, vm ganhando com opera-

    es mais estruturadas e obtendo novas fontes de

    receita.

    A literatura predominante parece acompanhar

    Allen e Santomero, a ampliao das operaes

    estruturadas e a busca ativa de gesto dos riscos

    com os securities e derivativos tm levado o siste-

    ma a uma interao entre os diferentes mercados.

    Neste cenrio, o processo de regulao do mercado

    vem ganhando enorme espao nos estudos dessarea, mesmo entre os mais liberais. Concomitan-

    temente apregoa-se a necessidade de liberalizar

  • . . . , - 133

    os mercados domsticos para transaes interna-

    cionais, visto que isto amplia as possibilidades de

    gesto de riscos, proporcionando aumento da

    eficincia dos mercados.

    As crises apresentadas ao longo da ltima

    dcada do sculo XX no parecem sepultadas no

    passado. Assim, Magalhes (2002) apresenta uma

    srie de estudos de autores alinhados escola

    neoclssica, trabalhos tericos e empricos, con-

    frontando-os. A concluso do autor que no

    parece existir consenso sobre a hiptese de a

    liberalizao financeira levar a crescimentos sus-tentveis; em contrapartida, as outras concluses

    apontam para maior instabilidade no sistema,

    sobretudo dos pases em desenvolvimento, o que

    explicaria a ecloso de sucessivas crises em dife-

    rentes mercados.

    Por outro lado, Stiglitz e Weiss (1981), que apa-

    recem como precursores da vertente da assimetria

    da informao, criticando as idias de mercados

    eficientes que servem de alicerce para as prticas

    liberalizantes, defendidas pelo Consenso de Wa-

    shington e pelo FMI, criaram uma fissura adicio-

    nal no sistema, ao menos do ponto de vista terico,

    dada a afinidade e divergncias com as duas cor-

    rentes centrais do debate econmico2.

    A assimetria de informao causa impacto no

    comportamento dos agentes, de forma bastante

    particular, nas decises de investimentos nos

    bancos e nos mercados de capitais; sendo bancos

    e mercados de aes os grandes responsveis por

    exacerbar as flutuaes em uma economia mone-

    tria. As novas tcnicas, os novos produtos e a

    abertura no tornariam os mercados, instituies

    e os agentes de modo geral mais protegidos.

    Em outro trabalho, Scholtens e Wensveen (2000)

    acabam por considerar que independentemente

    do fato de existirem ou no informaes assim-

    tricas, ou seja, os mercados sendo ou no eficien-

    tes, as consideraes apontadas por Gurley e Shaw

    so consistentes; as instituies financeiras agre-

    gam eficincia economia. Suas concluses desta-

    cam dois pontos: i) a evoluo dos sistemas de

    informao e da tecnologia, de modo geral, redu-

    ziram, substancialmente, os custos de transaes eii) a globalizao e os novos produtos financeiros,

    em conjunto com a queda nos custos de transaes,

    ampliaram a caracterstica bsica do sistema ban-

    crio de gerenciador de risco.

    Assim, a escola neoclssica, tradicional ou no,

    reivindica a liberalizao financeira, sem que isto

    represente a ausncia de regulamentao, como

    sugerem alguns crticos. Esta liberalizao propi-

    ciaria um aprofundamento do mercado financeiro

    internacional, contemplando, neste aprofunda-

    mento, o mercado bancrio, o mercado de dvida

    pblica e privada, o mercado de derivativos e as

    bolsas de valores.

    As barreiras entre os tipos de mercado e entre ospases so os alvos do movimento pr-libera-

    lizao. A sua diminuio ou extino associa-se

    necessariamente, para os defensores dessas medi-

    das, ao tradicional conceito de eficincia, e assim

    a importncia da eliminao das barreiras tam-

    bm, para eles, o pilar do desenvolvimento dos

    mercados.

    .

    O ponto central para nosso trabalho estudar o

    que h de diferente no olhar keynesiano sobre a

    poupana, graas qual ele a trata como resul-

    tado do investimento, e no como seu pr-requi-

    sito. Em uma economia monetria, a deciso de

    investir depende das possibilidades de ganho e de

    financiamento. Em um cenrio que oferea pos-

    sibilidades de resultados positivos, os empresrios

    estaro dispostos a fazer investimentos captando

    emprstimos, sendo o sistema financeiro e particu-

    larmente o bancrio capaz de prover os meios de

    compra (pagamento) necessrios para a aquisio.

    Este processo tem no pleno emprego seu limite.

    A teoria financeira elaborada por Keynes

    complexa, conforme apresentada em Carvalho et

    al. (2001), contemplando conceitos de circulao

    industrial e circulao financeira, e diferenciando

    ativos pelo conceito de liquidez e retorno propor-

    cionados, sendo a moeda um ativo peculiar.

    A evoluo do sistema financeiro, os efeitos de

    suas crises e as formas de desenvolvimento integram

    a preocupao dos keynesianos, em especial no que

    diz respeito ao impacto causado sobre o forne-cimento de funding, com a interrupo do inves-

    timento, e, conseqentemente, do crescimento

  • 134 Teoria financeira e a bolsa de valores

    econmico. Funding, entendido no sentido de for-

    necimento de recursos com prazos alongados,

    deve ser compatvel com a maturao dos inves-

    timentos. Na ausncia de recursos com tais carac-

    tersticas, os investimentos ficam impossibilitados

    de ser realizados.

    Zysman (1983) apresenta um estudo sobre as

    formas de prover funding em diferentes economi-

    as, dividindo-as em trs grupos: i) anglo-saxo

    baseado no mercado de capitais e liderado pelo

    mercado; ii) modelo japons-francs sua base

    consiste em crdito (bancrio) garantido pelogoverno e iii) alemo baseia-se em crdito (ban-

    crio) conduzido pelo mercado. O autor acabou

    considerando, naquele momento, o modelo ale-

    mo como o mais consistente com a dupla funo

    de prover funding, liquidez, e de manter a funcio-

    nalidade.

    Modelos dirigidos pelo governo, como o japo-

    ns e de outros pases asiticos, tm sido alvos de

    crticas muito duras nos ltimos anos, princi-

    palmente aps as dificuldades apresentadas pela

    economia japonesa em seu esforo para sair da

    estagnao com deflao que j dura mais de uma

    dcada; para muitos, esta uma crise tpica do

    sistema bancrio, que se avolumou aps a crise

    asitica de 1997.

    Conforme Ferreira (1995), os sistemas lidera-

    dos por bancos ficaram mais vulnerveis aps a

    crise do euromercado, no entanto, o desenvolvi-

    mento do mercado de derivativos ajudou o setor

    bancrio, principalmente o norte-americano, a se

    restabelecer aps a crise dos anos 1980. O Acordo

    de Basilia voltou a impor dificuldades ao setor

    bancrio, dificultando estratgias e operaes

    para suprir as necessidades de capital mnimo,

    provises e outros limitadores.

    O modelo anglo-saxo posteriormente acabou

    por se mostrar mais dinmico. Encontramos res-

    paldo para confirmar as melhores condies

    apontadas para o sistema liderado pelo mercado

    de capitais na anlise dos estgios proposta por

    Chick (1994), em que os dois ltimos estgios o

    5 e o 6 claramente possibilitam uma integrao

    e uma complementao entre o setor bancrio e omercado de capitais, facilitando a transformao

    de meios de pagamentos em emprstimos mais

    longos, e assim flexibilizando as possibilidades de

    operaes.

    Os estgios dessa autora abrangem as evolu-

    es nos sistemas internacionais, contudo, no

    temos a uma evoluo cronolgica, compatvel

    com os estgios, sendo possvel evoluir sem passar

    por determinado estgio, ou mesmo chegar ao

    desenvolvimento de dois estgios simultaneamen-

    te. Este movimento ajuda a explicar a tendncia

    de haver conglomerados financeiros, em detri-

    mento de instituies especializadas, e presso pela

    liberalizao, que marcou a dcada de 1990, tendoem vista os ganhos e sinergias que tal possibilidade

    implicaria.

    A integrao e mecanismos desenvolvidos nos

    dois ltimos estgios do ao sistema financeiro a

    capacidade de administrar seus riscos ativamente,

    utilizando-se de securities, derivativos, swaps e

    ttulos pblicos para gerenciar seus ativos e pas-

    sivos. Neste ponto, observamos a clara impor-

    tncia de um sistema financeiro desenvolvido na

    plenitude oferecendo recursos aos investidores

    que possuam projetos de investimentos apon-

    tando para riscos e retornos compatveis com o

    aceitvel em determinado momento.

    O desenvolvimento do sistema financeiro

    evitaria as disfunes do sistema bancrio, apon-

    tadas por Carvalho (s.d.), que, dada sua prefern-

    cia pela liquidez, faz com que se retenham os meios

    de pagamentos ou se ofeream os recursos a taxas

    de juros excessivamente elevadas ou com prazos

    inviveis para os tomadores.

    Outra questo que o desenvolvimento do

    sistema ajudaria a solucionar a caracterstica

    pr-cclica do sistema bancrio, que faz com que

    em momentos de crise ou estresse seu comporta-

    mento tenda seleo adversa, favorecendo o

    maior risco, o que tende a intensificar os ciclos

    econmicos, levando a booms e depresses. A

    justificativa para este comportamento, segundo

    Hermann (2000), fundamenta-se na lgica de que

    qualquer firma busca o mximo lucro possvel

    dentro das circunstncias. O desenvolvimento e a

    integrao com outros mercados e os mecanis-

    mos de gesto podem amenizar, mas no socapazes de eliminar essa caracterstica intrnseca

    da firma bancria.

  • . . . , - 135

    Para os keynesianos, desde a concepo, Keynes

    imaginava que o mercado de capitais seria o

    provedor de recursos para prazos mais longos,

    lembrando que seus trabalhos foram desenvol-

    vidos observando a economia inglesa e a norte-

    americana. Estes mercados teriam um papel

    fundamental no processo de transformar os meios

    de pagamentos criados no sistema bancrio em

    ativos e passivos de prazos mais alongados.

    .

    A anlise do mercado de capitais no Brasil consi-

    dera dois aspectos em sua conduo: primeiro,

    seu desenvolvimento importante para o desen-

    volvimento econmico; segundo, mesmo que em

    propores menores que as observadas nos pases

    centrais, os investidores institucionais, sobretudo

    fundos de penso, assumiram no Brasil papel rele-

    vante na ltima dcada, demandando produtos

    financeiros diferenciados.

    Uma outra varivel de destaque o investimen-

    to, especialmente em um pas como o Brasil, que

    apresentou baixas taxas de crescimento econ-

    mico nas ltimas duas dcadas3.

    Contador e Mello (2004) demonstraram que

    os problemas enfrentados pelo sistema bancrio

    para conceder crdito ao setor privado afetaram

    os investimentos.

    Os problemas estruturais ligados aos marcos

    regulatrios que buscaram harmonizar o merca-

    do domstico ao internacional acabaram deslo-

    cando o crdito para o setor pblico, alm da

    ocorrncia do problema conjuntural represen-

    tado pela reduo do fluxo de capitais para a

    Amrica Latina.

    Carvalho (s.d.) formula uma questo adicio-

    nal: muitos criticam o sistema bancrio brasileiro

    como deficiente. O autor observa, no entanto, que,

    como instituio privada, os bancos respondem

    a estmulos, buscando maximizar seus retornos.

    Dado o cenrio em que no se apresenta o tradeoff

    entre risco e retorno, as instituies no tm incen-

    tivos para diversificar suas carteiras, apresentan-do elevada concentrao em financiamentos ao

    setor pblico.

    Essa disfuno do sistema bancrio, que leva

    o crdito a escassear, representa uma barreira ao

    investimento e concorrncia na economia,

    conforme Kupfer e Hasenclever (2002). Mas o

    mercado de capitais tem condies de assumir o

    papel de fonte de recursos, conforme o pensamen-

    to keynesiano.

    Medeiros (1977) faz uma lucubrao sobre a

    possibilidade de o desenvolvimento do mercado

    de capitais anteceder ao desenvolvimento econ-

    mico. Existe um certo consenso no Brasil de que

    os setores, entre eles, o financeiro, tm de apre-sentar seu desenvolvimento concomitante com o

    do todo, possibilitando um ciclo virtuoso.

    Lopes e Rossetti (1998) consideram que o desen-

    volvimento econmico aumentar a demanda

    por produtos financeiros, concluso que refora

    a proposta de estgios apresentada por Chick

    (1994). Sendo possvel transpor estgios, a inte-

    grao presente nos ltimos estgios possibili-

    tar a transformao dos meios circulantes em

    recursos de longo prazo. Isto possibilitaria no

    s a correo da disfuno do sistema bancrio,

    mas melhoraria o funcionamento de todo o siste-

    ma, possibilitando uma melhor integrao com

    mercados estrangeiros.

    A integrao do Brasil com o mercado interna-

    cional, sobretudo no perodo ps-estabilizao,

    propiciou o crescimento do volume negociado na

    Bovespa. Descontando o efeito da estabilizao,

    no entanto, o crescimento parece pequeno diante

    do potencial de nosso mercado. O volume em dlar

    cresce apenas 16,5% entre 1995 e 2003, tendo apre-

    sentado seu pice no binio 1997-8 certamente

    sob efeito das privatizaes, principalmente do

    Sistema Telebrs4.

    Na Tabela 1, na comparao entre os anos de

    1990 e 2003 a Bolsa brasileira apresenta cresci-

    mento similar ao da Nasdaq, que foi o grande

    destaque na dcada de 1990 no mercado de capi-

    tais, mas envolvendo volumes modestos, aproxi-

    madamente 1% do volume da Nasdaq.

    Nos dados da World Federation of Exchanges5,

    que estabelecem comparao com o PIB, os nme-

    ros brasileiros confirmam a necessidade de amplia-o do volume, tendo representado, no ano de

    2002, 31,2% do PIB, o que est distante de pases

  • 136 Teoria financeira e a bolsa de valores

    com maior tradio no mercado de capitais, como

    os EUA, com volume de 105,0% do PIB em 2002,

    ou mesmo de pases em desenvolvimento, como

    o Chile, que em 2002 apresentou volume cor-

    respondente a 77,7% do PIB.

    A evoluo demonstra que o mercado acio-

    nrio brasileiro necessita de outros elementos que

    transcendam a simples abertura iniciada no prin-

    cpio da dcada de 1990 para seu crescimento na

    participao do mercado global. Segundo estudo

    da consultoria Tendncias (2000), o mercado de

    capitais requer trs itens bsicos para seu desen-

    volvimento: liquidez, transparncia e facilidade

    de acesso.

    A liquidez no deve ser associada ao estoquede poupana, j que nossa liquidez afetada por

    fatores como o custo de transao elevado e o

    grande volume de poupana forada concentrado

    nas mos do Estado, como o proporcionado pelo

    FGTS e pela Previdncia pblica. A crescente inte-

    grao com o mercado internacional amplia

    nosso volume, mas no condio suficiente para

    a resoluo dessas distores.

    O desenvolvimento do mercado secundrio

    ponto central a ser perseguido para reforar o

    caminho rumo ao mercado consolidado e inte-

    grado.

    Podemos ressaltar a importncia de transpor as

    dificuldades, acrescentando os efeitos destacados

    por Ferreira (1995), segundo o qual a ampliao

    do mercado de capitais traria para a economia

    brasileira: i) melhora na gesto empresarial e osganhos microeconmicos que esta melhora acar-

    retaria; ii) diversificao financeira compatvel

    Fonte: World Federation of Exchanges

    serolaVedasloB 0991 1991 2991 3991 4991 5991 6991

    seriAsoneuB 5,977 0,485.4 4,648.51 3,096.94 6,689.211 6,239.13 7,523.13

    qadsaN 0,034.254 9,158.396 0,550.198 8,301.053.1 6,003.944.1 0,312.893.2 1,677.103.3

    ESYN 4,233.523.1 0,461.025.1 4,664.547.1 6,983.382.2 6,142.454.2 1,619.280.3 6,456.360.4

    ogaitnaS 6,857 8,978.1 2,550.2 1,908.2 5,073.5 6,114.11 3,884.8

    oluaPoS 7,669.3 7,049.6 1,287.41 2,180.72 0,063.66 5,420.75 4,015.79

    serdnoL 5,293.345 0,229.355 9,099.266 7,609.568 3,872.920.1 3,122.351.1 3,632.314.1

    airoC 1,526.57 8,190.58 2,831.611 4,869.112 4,928.682 5,724.581 3,605.771

    oiuqT 2,496.782.1 5,379.228 7,679.674 6,679.297 4,698.958 4,000.488 1,228.839

    serolaVedasloB 7991 8991 9991 0002 1002 2002 3002

    seriAsoneuB 0,424.83 8,550.62 8,478.11 8,007.9 1,465.7 4,772.1 2,870.3

    qadsaN 1,286.184.4 3,649.815.5 3,963.764.01 3,997.897.91 5,275.439.01 3,495.452.7 2,312.860.7

    ESYN 5,106.777.5 5,849.713.7 2,502.549.8 0,640.060.11 6,030.984.01 2,550.013.01 3,533.196.9

    ogaitnaS 8,344.7 5,114.4 4,958.6 3,380.6 4,054.4 2,110.3 3,746.6

    oluaPoS 5,756.091 3,385.931 7,177.38 4,735.101 4,574.36 2,003.64 5,724.66

    serdnoL 3,984.989.1 7,989.788.2 1,183.993.3 9,266.855.4 2,381.025.4 9,933.100.4 2,817.906.3

    airoC 9,528.071 4,160.541 7,224.337 3,642.655 3,326.973 6,136.695 1,530.954

    oiuqT 9,450.698 2,528.057 6,046.576.1 8,105.513.2 7,809.956.1 9,342.465.1 1,237.801.2

    Tabela 1Valor total negociado Bolsas selecionadas

  • . . . , - 137

    com as necessidades dos investidores institucionais

    e iii) integrao do setor produtivo e bancrio.

    Assim, o mercado mais pujante incentivaria

    prticas mais transparentes, como no caso da

    Bovespa, que vem buscando ampliar os nveis de

    disclosure junto s empresas listadas, com a intro-

    duo de nveis diferencidos: Nvel 1, Nvel 2 e

    Novo Mercado, aos quais as empresas aderiram

    espontaneamente6. O fortalecimento do rgo

    regulador, a Comisso de Valores Mobilirios

    (CVM), afeta a transparncia e deve ser persegui-

    do continuamente.As dificuldades com relao transparncia

    so mutantes. Superado o problema da inflao,

    enfrentou-se o problema da crise das empresas

    do setor de tecnologia, e, mais recentemente, pas-

    samos a enfrentar problemas derivados dos escn-

    dalos nos mercados centrais fraudes contbeis.

    A legislao tem se apresentado no ncleo do

    debate brasileiro, com a nova Lei das Sociedades

    Annimas e a Lei de Falncias.

    Existe adicionalmente a necessidade de um

    trabalho de divulgao e fortalecimento institu-

    cional que transcenda o corpo jurdico, dadas a

    tradio e a imagem do sistema financeiro perante

    a populao. A Bovespa busca atrair o pblico

    com campanhas e divulgao em universidades,

    shoppings e eventos em geral. Com relao faci-

    lidade de acesso, podemos observar a importante

    participao das pessoas fsicas no volume nego-

    ciado na Bovespa, representando aproximada-

    mente 24% do volume mdio de 2003.

    Deve-se, contudo, levar em considerao ques-

    tes mais amplas da realidade brasileira, como o

    baixo nvel de renda e escolaridade na elabora-

    o de planos de ampliao para o mercado de

    ttulos brasileiros.

    A participao de pessoas fsicas o grande

    destaque na Bovespa entre 1994 e 2003, saindo

    de 10,68% do volume mdio negociado em 1994

    para 24,17% em 2003, com um aumento de 126,3%

    em 10 anos.

    Alm do esforo realizado, contriburam para

    isso os novos meios de transao que visam a

    reduzir o custo, e certamente a estabilizao da

    inflao, que facilita a precificao dos ativos.Conforme apresentado por Pinheiro (2000), o

    processo de privatizao produziu grande preocu-

    pao, devido a sua correlao com o programa de

    estabilizao. As mudanas de bases importantes

    de nossa economia impostas por este processo,

    como a forma de insero do Estado na economia

    e a conseqente transferncia para o setor privado

    da responsabilidade de investimentos antes a

    cargo do Estado, certamente aumentam a impor-

    tncia da busca por viabilizar fontes no mercado

    domstico para essa nova demanda por financia-

    mentos.

    Indiscutivelmente perdemos uma enorme chance

    de estimular o mercado secundrio de aes no

    Brasil, ao contrrio da Espanha e da Frana, em

    que parte das privatizaes foi posta em prtica

    parcialmente de forma pulverizada. Este proces-

    so, se tivesse sido efetivado no Brasil, certamente

    auxiliaria no aumento da liquidez e prepararia o

    mercado para uma nova realidade.

    Mesmo com todas as nossas dificuldades,

    poderamos ter melhorado a performance atual,

    Figura 1: Participao percentual na Bovespa por tipo de investidor. Fonte: Bovespa

  • 138 Teoria financeira e a bolsa de valores

    na qual a carteira representada pelas 50 aes mais

    negociadas (IBrX50) responde por aproximada-

    mente 75% do volume financeiro dirio da Bovespa,

    o que indica pouca liquidez para o restante dos

    papis negociados, e isto acaba traduzindo-se em

    incentivos ao fechamento de capital por parte de

    algumas empresas nos ltimos anos.

    Superada a etapa e a discusso sobre a estabi-

    lizao, o pas necessita de investimentos em

    setores-chave para seu desenvolvimento: habita-

    o, agricultura e infra-estrutura, muitos deles

    recm-incorporados iniciativa privada peloprocesso de privatizao e concesso pblica,

    alguns sem histrico de relacionamento com base

    em financiamento junto a nosso mercado. Estes

    setores, contudo, captam internacionalmente

    recursos via funding do mercado de capitais, o

    que certamente aumenta a importncia e o desa-

    fio de ampliar e fortalecer as bases desse mercado

    no Brasil, para que possa assumir o papel que lhe

    cabe no desenvolvimento econmico do pas.

    .

    As bases tericas da escola neoclssica, e princi-

    palmente da keynesiana, apontam para a impor-

    tncia do desenvolvimento do mercado de capitais;

    os caminhos sinuosos que levam a este resultado

    podem e devem ser aprofundados no debate. No

    entanto, a concluso de que o desenvolvimento

    do mercado de capitais importante para o desen-

    volvimento econmico irrefutvel.

    A evoluo da Bovespa nos ltimos quinze anos

    indica claramente que facilitar o acesso estran-

    geiro e cessar com o processo inflacionrio no

    suficiente para transformar o mercado de capi-

    tais em elemento vigoroso para o crescimento do

    investimento e da economia brasileira, ainda que

    inquestionavelmente seja condio necessria

    para tanto.

    A dimenso das dificuldades e as possibilidades

    de crescimento so muito grandes. Para a concre-

    tizao desse processo, as mudanas institucionais

    e legais so importantes, necessrio fortalecer a

    integrao com o sistema bancrio e todo o setorprodutivo de forma que este seja dinamizado e os

    custos transacionais sejam reduzidos.

    O aumento da liquidez dos ativos parece ser a

    barreira mais difcil de transpor neste momento, e

    no devemos ficar presos ao velho conceito de que

    h escassez de poupana, na hora de buscar alter-

    nativas. A procura contnua da integrao com

    outros mercados e a melhoria das condies de

    acesso e transparncia proporcionaro o aumen-

    to da liquidez, desencadeando uma reduo nos

    custos transacionais e nos de emisso, atraindo

    novos agentes, aplicadores e tomadores de recur-

    sos; at mesmo as empresas menores, hoje exclu-

    das completamente do mercado.

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    Notas

    1 Para observaes sobre investidores institucionais,

    consultar Amaral et al. (2004).

    2 A contribuio de Stiglitz no se alinha escola

    neoclssica, todavia apresenta diferenas da escola oriunda

    de Keynes, possibilitando sua apresentao em qualquer das

    duas sees iniciais; para leitura sobre a heurstica de sua

    obra, consultar Canuto e Ferreira Jr. (1999).

    3 Conforme dados do Ipea, a mdia entre 1980 e 2003 foi

    de 2,3% (disponvel em http://www.ipeadata.com.br).

    4 O critrio de mensurao do volume no respeita a

    paridade do poder de compra. Se considerada a forte

    desvalorizao de nossa moeda em 1999, certamente temos

    uma distoro na mensurao.

    5 Relatrios anuais disponveis no site

    http://www.world-exchanges.org.

    6 As diferenas esto disponveis no site da Bovespa

    (http://www.bovespa.com.br).

  • 140 Teoria financeira e a bolsa de valores