Evoluçãodotemplo

Embed Size (px)

Citation preview

  • 7/31/2019 Evoluodotemplo

    1/7

    O TEMPLO ESCOCISTA DO GRAU DE APRENDIZ: CARACTERSTICAS E

    INFLUNCIAS

    ApresentaoO interior do templo manico decorado por uma coleo de smbolos que se referem a princpios morais

    e religiosos do homem. Em suas paredes, o recm-iniciado encontra lies da doutrina e da filosofia da Maonaria,que possuem a finalidade de promover o aprimoramento moral e intelectual dos seus membros. Nesta tarefa deaperfeioar o homem, o Rito Escocs apia-se na formao cultural dos seus membros, lanando mo do mtodoinicitico1para a transmisso dos conhecimentos.

    No comeo da sua histria na Europa, o Rito Escocs acolhia em suas fileiras homens pertencentes aossegmentos mdios da sociedade. Na maioria dos casos, os iniciados no pertenciam aristocracia ou burguesia.Eram artesos, tais como os pedreiros, carpinteiros e ferreiros, ou integrantes de ordens militares, como osCavaleiros da Ordem do Templo (Templrios) e os Cavaleiros da Ordem de Malta. As peculiaridades desta fasedeixaram importantes influncias na organizao e na decorao dos atuais templos do escocismo.

    Observando o templo manico no Grau de Aprendiz, vemos que trata-se basicamente de umarepresentao do antigo Templo de Salomo. Nos graus seguintes, as oficinas manicas passam a representar:tribunais, barracas de campanha, acampamentos militares, cmaras morturias, salas de audincias, criptas e

    tendas religiosas. Cada nova representao destas, enseja um novo conjunto de alegorias, lendas e mistrios.O objetivo deste trabalho analisar algumas influncias relevantes sobre o formato e a decorao dotemplo escocista, tomando por base o Tabernculo e o Templo de Salomo.

    I Consideraes Iniciais sobre o Templo ManicoO templo manico a mais completa representao da filosofia, doutrina, simbologia e histria da Maonaria.

    A decorao e arquitetura do templo guardam importantes informaes sobre o desenvolvimento da Arte Real nosltimos sculos.

    As origens do templo manico, como hoje o conhecemos, entre outras influncias, remontam: s antigastradies e prticas rituais hebraicas, ao perodo da construo das catedrais crists medievais, aos antigos

  • 7/31/2019 Evoluodotemplo

    2/7

    Tal foi o grau de autonomia alcanado pelas corporaes de ofcio medievais, que chegaram a serchamadas associaes de pedreiros-livres (free-masons), contrariando a estrutura vigente na poca, de dominaofeudal, baseada no regime de servido e vassalagem. Ou seja, o domnio das tcnicas de arquitetura, naqueleperodo, permitiam aos seus conhecedores burlarem a lgica poltica e social at ento estabelecida.

    Os conhecimentos profissionais adquiridos pelos membros das corporaes de ofcio s eramcomunicados de forma secreta, ainda assim apenas aos jovens devidamente reconhecidos como aprendizesdaquela arte.

    As reunies das corporaes de ofcio tinham carter reservado e no seguiam quaisquer rituais,princpios doutrinrios ou filosficos. A finalidade dos encontros era principalmente preservar e ampliar osconhecimentos profissionais de seus membros, atravs do intercmbio de experincias. Essas reunies de

    iniciados nos conhecimentos arquitetnicos da poca so tidas como manifestaes da Maonaria Operativa.As assemblias manicas operativas da Idade Mdia deixaram importantes marcas nos Graus Simblicos

    do REAA , sendo a principal delas a adoo das ferramentas de pedraria e de carpintaria como smbolosmorais de elevado significado.

    A segunda influncia importante, a ser abordada acerca do templo manico, a oriunda dos templos edos locais sagrados onde eram praticados os antigos mistrios egpcios.

    PAPUS (1987)relata que o interior de um templo egpcio comum era composto de trs partes principais. A

    parte externa e menos sagrada era o jardim. Em sua entrada existiam duas colunas. Era decorado com esculturasesfinges e seu interior acomodava as oficinas que produziam os objetos sagrados utilizados durante as cerimnias.Seguindo para o interior do templo, chegava-se sala hipostila. Trata-se esta de um salo rico em colunas einscries sagradas. Nela eram recebidos os iniciados visitantes, antes que pudessem entrar na parte maissagrada e ntima do templo. Por fim, havia o santurio. Era o local de acesso permitido apenas aos iniciadosnaqueles mistrios. No santurio eram realizados os cultos. No seu centro ficava uma tenda com uma barcasagrada, semelhana da Arca da Aliana e no fundo do santurio ficava a sala do ofertrio, local onde eramrealizadas as oferendas. Ou seja, um local tradicional de culto egpcio era com posto de trs ambientes, cuja

    finalidade e o acesso estavam ligados tanto ao tipo de uso, quanto ao grau de importncia do iniciado naquelesmistrios.

    A t i i fl i id d i l l i d i t d 2 f d M i

    2

  • 7/31/2019 Evoluodotemplo

    3/7

    Figura 2 - Layout comparativo do parlamento ingls e do templo manico

    A quarta influncia, a hebraica, a mais importante e mereceu um estudo pormenorizado dos seusprincipais cones: o Tabernculo e o Templo de Salomo, que so as peas-chave para o entendimento do atual

    modelo de templo do REAA .

    II O Tabernculo HebreuO patriarca Moiss, aps libertar o povo hebreu do cativeiro egpcio, conduziu povo durante quarenta anos

    (Dt 29.5) pela Palestina, em busca da Terra Prometida (Cana). Neste perodo, o povo nmade habitava em

    3

  • 7/31/2019 Evoluodotemplo

    4/7

    - a Arca da Aliana (Ex 25. 10-15 e Ex 37. 1-9), que guardava em seu interior as Tbuas do Declogo recebidaspor Moiss (Ex 20); a urna com o man enviado por Deus (Ex 16. 14-15 e Ex 16. 32-34) e a vara de Aaro (Ex 7.9-12). A Arca era fechada atravs de uma tampa de ouro encimada por dois querubins esculpidos com as asas

    abertas. O espao sobre a tampa era chamado Propiciatrio4;- o Altar dos Holocaustos, ou dos Sacrifcios (Ex 27. 1-6 e Ex 38. 1-7), era quadrado, tendo quatro chifres, umem cada ngulo, recoberto por bronze. Neste altar eram realizadas as oferendas, que consistiam normalmente nosangramento de um cordeiro, que tinha seu sangue espargido pelo sacerdote. Segundo a religio hebraica, afumaa resultante da queima do cordeiro levava embora os pecados cometidos pelo povo;- o Altar dos Perfumes (Ex 30. 1-6 e Ex 37. 25-29), era feito em madeira de accia e sua parte superior erarevestida de ouro. O altar dos perfumes era o local da queima dos incensos ritualsticos durante as cerimnias;- a

    Mesa da Proposio(Ex 25. 23-30 e Ex 37. 10-16) era feita em accia e recoberta em ouro. Era o local onde

    ficavam os pes da proposio, as taas, pratos, copos e incensrios de ouro, utilizados nas libaes5;- o Candelabro (Ex 25. 31-40 e Ex 37. 17-24), conhecido como Menorah, era feito em ouro, possua seis braoslaterais e um central, onde eram colocadas sete luzes. O candelabro tinha a finalidade de realizar a iluminaoritualstica da tenda;- a Bacia de Bronze (Ex 30. 17-21 e Ex 38. 8), tambm chamada Mar de Bronze, ficava entre o Tabernculo e o

    Altar dos Sacrifcios. Tinha a finalidade de guardar gua para que os sacerdotes fizessem suas ablues antes darealizao das cerimnias. Estas ablues consistiam na lavagem dos ps e das mos dos sacerdotes;

    III O Templo de SalomoO Templo Sagrado construdo pelo Rei Salomo em honra a Yaveh ficava situado no alto do Monte

    Moriah, em Jerusalm, foi construdo atravs de uma empreitada conjunta entre Salomo e Hiro, rei de Tiro.O mestre geral dos operrios que trabalharam na construo do Templo Sagrado foi o mestre Hiram Abbiff.

    Diferentemente do Tabernculo, o Templo de Salomo no tinha papel itinerante, nem caractersticasrsticas, sendo, na verdade uma construo slida, erigida principalmente base de pedras pr-cortadas,

    madeiras e ouro.O Templo tinha, entre outras, a funo de simbolizar a aliana entre Deus e o povo escolhido, alm de

    proporcionar um local adequado para os seus cultos. Deste modo, ao analisarmos as caractersticas do Templo deSalomo veremos que em relao ao Tabernculo foram acrescidas estruturas e decoraes apropriadas para

    4

  • 7/31/2019 Evoluodotemplo

    5/7

    Figura 2 - Principais partes do Templo de Salomo

    Legenda:1 - Altar dos Holocaustos, ou Altar dos Sacrifcios.2 - Prtico, ou trio.3 - Sanctum, ou Santo.

    4 - Altar dos Incensos5 - Sanctum Sanctorum, Santo dos Santos ou Santssimo.6 - Aposentos dos sacerdotes7 A l t l d d t

    5

  • 7/31/2019 Evoluodotemplo

    6/7

    alm das conquistas territoriais, da interao com outros povos e da consolidao daunificao do reino de Israel, Salomo erigiu o Templo de Jerusalm.

    Os ensinamentos manicos contidos no Rito Escocs, em especial os relativos aos Graus Simblicos,fazem referncia aos acontecimentos ocorridos durante a construo do Templo de Salomo, dando especialnfase aos seus trs principais protagonistas: Hiro, rei de Tiro, Salomo e Hiram Abiff, o mestre arquiteto da obra.Como forma de dar contedo material aos ensinamentos, a Maonaria Escocesa utiliza as ferramentas usadaspelos operrios da construo do Templo como smbolos depositrios de significados morais, doutrinrios,filosficos e ritualsticos.

    As caractersticas bsicas do Templo Sagrado, contudo, remontam a um perodo que antecede o reinadode Salomo. Referindo-se a um perodo em que o povo hebreu vagava no deserto palestino, habitando em

    barracas e realizando seus cultos em uma tenda improvisada. Esse o perodo do Tabernculo. Como vimos, asmarcas deste perodo pico do Povo Escolhido se perpetuaram e, ainda hoje, ornamentam igrejas catlicas etemplos da Maonaria por todo o mundo.

    V Bibliografias Consultada e Referenciada

    BOYLER, Orlando. Pequena Enciclopdia Bblica. So Paulo: Instituto Bblico dasAssemblias de Deus, 1966.

    BUCKLAND, A. R. Dicionrio Bblico Universal. So Paulo: Editora Vida, 1993.

    CAMINO, R. e CAMINO, O. S. Vde-Mcum do Simbolismo Manico, 2Edio, Rio de

    Janeiro, Editora Aurora, 1990.

    CAMINO, Rizzardo da, Grande Dicionrio Manico, Rio de Janeiro-RJ, Grfica Editora

    Aurora, 1990.

    CENTRO BBLICO CATLICO. Bblia Sagrada, 41 ed. So Paulo: Editora Ave Maria, 1982.

    6

  • 7/31/2019 Evoluodotemplo

    7/7

    Quadro 1 - COMPARAES ENTRE OS TEMPLOS MANICO, O EGPCIO E O CATLICO

    Parte mais externa Espao intermedirio Local do culto Espao ntimo

    Funo

    Local de acessoirrestrito e pblico. Nele

    tem-se o primeirocontato com o templo.

    Local de preparao. Nele existemlocais destinados purgao das

    influencias externas e de reverncia aolocal sagrado.

    Local de assistnciados trabalhos.

    Regio mais ntima esagrada do templo,

    onde o celebrantedirige os trabalhos eexecuta seus ofciosritualsticos.

    Templo egpcio Jardim Sala hipostila Santurio Sala do Ofertrio

    Templo manico Sala dos passosperdidos

    trio. Local onde se realiza apreparao dos membros para asesso. Esta preparao se constituinuma breve prece ou em aesintrospectivas.

    Ocidente. Local ondetm assento osassistente da sesso.

    Oriente

    Templo catlico Escadaria da igreja e

    porto de entrada

    Espao entre a porta a nave da igreja.

    Nele ocorrem rituais de preparaopara a entrada no templo, como agenuflexo e a abluo, na piabatismal.

    Nave da igreja. Local

    do templo em que osfiis tm assento paraassistirem ao culto.

    Sacrrio