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Rotina Básica de Exame Neurológico Disciplina de Neurologia Departamento de Clínica Médica - UFPR Prof. Carlos Eduardo Silvado 1. Estado Mental Observar orientação, memória e fala Realizar a Adaptação do Folstein Mini Mental Status Examination Adaptação do Folstein Mini Mental Status Examination TOTAL Orientação Data (que dia é hoje ? registre os itens omitidos) dia ( ), mês ( ), ano ( ), dia da semana ( ), manhã / tarde ( ) Orientação Local (onde você está ? pergunte os itens omitidos) país ( ), estado ( ), cidade ( ), local ( ), andar ( ) Registro de objetos (nomeie clara e lentamente 3 objetos e peça ao paciente para repetir) janela ( ), casaco ( ), relógio ( ) Sete Seriado (diminuir 7 de 100 sucessivamente ou soletrar MUNDO ao contrário) 93 ( ), 86 ( ), 79 ( ), 72 ( ), 65 ( ) ou O ( ), D ( ), N ( ), U ( ), M ( ) Recordar Objetos (relembrar os 3 objetos citados anteriormente) janela ( ), casaco ( ), relógio ( ) Denominação (aponte para o relógio e pergunte “O que é isto ?”. Repita com um lápis) relógio ( ), lápis ( ) Repetição (repetir a frase “casa de Ferreiro, espeto de pau” ou “nem aqui, nem ali, nem lá”) repetição correta na 1ª tentativa ( ) Comando Verbal (pegue o pedaço de papel, dobre-o ao meio e coloque-o sobre a mesa) pegar o papel ( ), dobrar ao meio ( ), colocar sobre a mesa ( ) Comando Escrito (mostrar um pedaço de papel com a frase “Feche os olhos”) fechou os olhos ( ) Escrita (escrever uma frase) Sentença com sujeito + verbo e que faça sentido ( ) Desenho (copiar o desenho da interseção de 2 pentágonos) [email protected] 1

Exame Neurologico

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Rotina Básica de Exame Neurológico

Disciplina de Neurologia

Departamento de Clínica Médica - UFPR

Prof. Carlos Eduardo Silvado

1. Estado Mental Observar orientação, memória e falaRealizar a Adaptação do Folstein Mini Mental Status Examination

Adaptação do Folstein Mini Mental Status Examination TOTAL

Orientação Data (que dia é hoje ? registre os itens omitidos)

dia ( ), mês ( ), ano ( ), dia da semana ( ), manhã / tarde ( )

Orientação Local (onde você está ? pergunte os itens omitidos)

país ( ), estado ( ), cidade ( ), local ( ), andar ( )

Registro de objetos (nomeie clara e lentamente 3 objetos e peça ao paciente para repetir)

janela ( ), casaco ( ), relógio ( )

Sete Seriado (diminuir 7 de 100 sucessivamente ou soletrar MUNDO ao contrário)

93 ( ), 86 ( ), 79 ( ), 72 ( ), 65 ( ) ou O ( ), D ( ), N ( ), U ( ), M ( )

Recordar Objetos (relembrar os 3 objetos citados anteriormente)

janela ( ), casaco ( ), relógio ( )

Denominação (aponte para o relógio e pergunte “O que é isto ?”. Repita com um lápis)

relógio ( ), lápis ( )

Repetição (repetir a frase “casa de Ferreiro, espeto de pau” ou “nem aqui, nem ali, nem lá”)

repetição correta na 1ª tentativa ( )

Comando Verbal (pegue o pedaço de papel, dobre-o ao meio e coloque-o sobre a mesa)

pegar o papel ( ), dobrar ao meio ( ), colocar sobre a mesa ( )

Comando Escrito (mostrar um pedaço de papel com a frase “Feche os olhos”)

fechou os olhos ( )

Escrita (escrever uma frase)

Sentença com sujeito + verbo e que faça sentido ( )

Desenho (copiar o desenho da interseção de 2 pentágonos)

figura com 10 cantos e 2 linhas de interseção ( )

TOTAL (máximo = 30)

Interpretação:Somar um 1 ponto para cada um dos itens ( ) respondidos corretamente e registrar o total na coluna da direita. O escore final é a soma dos pontos, sendo considerado normal quando superior a 24. Bertolucci e col., 1994 aplicaram o FMMS em 530 brasileiros com vários graus de escolaridade e obtiveram os seguintes pontos de corte para normalidade: analfabetos = 13; 1 a 8 anos escolaridade = 18 e > 8 anos escolaridade = 26

2. Nervos Cranianos

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II Óptico

1. Fundoscopiaa) verificar a retina, papila óptica e vasos retinianos

2. Acuidade visuala) permitir o uso de óculos para longe ou lente de contatob) posicionar o paciente a 6 metros da Tabela de Snellen ou a 35 cm da

Tabela de Rosenbaumc) cobrir um dos olhos e ler a Tabelad) registrar a menor linha que o paciente consegue ler

3. Campimetria por confrontaçãoa) posicionar-se a distância de 1 braço à frente do pacienteb) paciente e examinador olhando “um dentro dos olhos do outro” c) abrir os braços e movimentar um dos dedos de uma mãod) solicitar que indique qual lado está movendo, sem desviar o olhar dos olhos do

examinadore) testar os 4 quadrantesf) se suspeitar de anormalidade, testar cada olhos separadamente

III, IV e VI Oculomotor, Toclear e Abducente

1. Verificar simetria das fendas palpebrais e protusão ocular

2. Movimentação extraoculara) manter fixa a cabeça do paciente, solicitar que siga apenas com o olhar o dedo do

examinador, e informar quando não estiver vendo nítidob) movimentar o dedo nas 6 direções, em forma de Hc) observar nistagmo, assimetria da movimentação e queixa de diplopiad) checar convergência movendo o dedo na direção da ponta do nariz

3. Reação pupilar à luza) em ambiente escuro, pedir que olhe para a frente e longeb) alternadamente iluminar com um foco de lanterna colocado obliquamente (90º) cada

pupilac) observar a reação pupilar do lado iluminado (fotomotor direto) e da outra pupila

(fotomotor consensual)d) registrar o diâmetro pupilar e qualquer assimetria ou irregularidade

V Trigêmio

1. Sensibilidade de facea) explicar ao paciente o testeb) com um objeto ponteagudo tocar as regiões frontal, malar e mandibular, comparando a

sensação dolorosa a direita e a esquerda e entre cada uma das regiões estimuladas

2. Reflexo corneanoa) explicar ao paciente o teste (retirar lente de contato)b) solicitar que olhe para o lado e para cimac) tocar a borda externa inferior da cornea do lado oposto com um pedaço de algodãod) observar a reação de piscamento normal em ambos os olhose) repetir no outro lado

VII Facial

1. Mobilidade de Facea) solicitar que enrugue a testa ou olhe para cimab) solicitar que feche os olhos com força. Tente abri-los e teste a força do músculo orbicular

dos olhosc) peça para mostrar os dentes ou dar um sorrisod) observar presença de assimetrias e ausências de pregas faciais

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VIII Acústico

1. Audiçãoa) em um ambiente silencioso, provoque um ruído esfregando as pontas dos dedos

colocados ao lado de um dos ouvidos do pacienteb) gradualmente distancie a mão do ouvido do pacientec) peça para informá-lo quando deixar de ouvir o ruidod) repita no lado oposto e compare os resultados

IX e X Glossofaringeo e Vago

1. Voz e Deglutiçãoa) indague se apresenta dificuldade de deglutição ou alteração de vozb) solicite ao paciente que mantenha a boca aberta e diga EHHHHHHHHHHH !c) observe a simetria da elevação do palato e a ausência de desvio lateral da rafe

mediana

XI Acessório

1. Força do músculo Trapézio e Esterno-clido-mastoideoa) solicitar para manter os ombros elevadosb) tentar abaixar os ombrosc) solicitar que mantenha a cabeça virada para um dos ladosd) tentar virar a cabeça para o lado oposto, fazendo resistência no queixo, enquanto

palpa o esterno-clido-mastoideo opostoe) observe assimetrias e atrofia dos músculos pesquisados

XII Hipoglosso

1. Motilidade da Línguaa) observar a língua dentro e fora da bocab) registrar assimetrias, desvios e atrofia da língua no interior da boca e fora dela

3. Sistema Motor

Observaçãoa) verificar a presença de assimetrias, atrofias e movimentos involuntários

Tônus Musculara) solicitar que fique relaxado e sem opor resistência a mobilização dos membrosb) com uma das mão apoiar o braço e com a outra mão segurar a mão do paciente,

efetuando movimentos de flexão, extensão e rotação dos membro superior. Outra manobra é segurar ambas as mãos do paciente sentado, efetuando simultâneamente movimentos de flexão/extensão e rotação dos membros superiores

c) com o paciente deitado colocar uma das mãos na panturrilha e a outra mão segurar o pé efetuando movimentos de flexão, extensão e rotação dos membros inferiores

d) observar a simetria do tônus muscular e a presença de redução (hipotonia) ou de aumento (hipertonia plástica ou espástica)

Força Muscular a) testar a força fazendo o paciente manter uma posição, enquanto o examinador tenta

vencer a resistênciab) sempre comparar a força de um músculo com o seu opostoc) registrar a força encontrada conforme a escala abaixo:

5 – força normal4 – força menor que o esperado (4 + limite superior e 4 - limite inferior)3 – movimenta contra a gravidade, não vence a resistência2 – movimenta a articulação, não vence a gravidade1 – movimentos visíveis, não movimenta a articulação

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0 – sem movimentos visíveisd) desvio em pronação

1 solicitar que mantenha os membros superiores estendidos para frente, com as palmas das mãos viradas para cima e os olhos fechados por 20 a 30 segundos

2 examinador executa breves movimentos forçando os braços para baixo3 verificar se o paciente não é capaz de manter a extensão e a supinação. Caso

evolua lentamente para pronação e queda do membro superior, sugere paresia do membro

Testar os seguintes músculos / grupos musculares:

Movimento Músculo

Membros SuperioresAbdução braço após 45º Deltóide

Flexão cotovelo BícepsExtensão cotovelo Tríceps

Apertar 2 dedos do examinador Preensão da MãoAbdução dos dedos Abdutores dos Dedos

Membros InferioresFlexão da coxa Iliopsoas

Extensão do joelho QuadricepsFlexão do joelho Grupo Posterior Coxa

Extensão do tornozelo Tibial AnteriorExtensão do hálux Extensor do Hálux

Reflexos

1. Profundos:a) solicitar que fique relaxado e corretamente posicionado antes do exameb) percutir o ponto tendinoso firmementec) caso não obtenha resposta peça ao paciente para executar um discreta contração do

músculo pesquisado ou realizar a Manobra de Jendrassik (fechar os olhos e executar contração isométrica dos membros não pesquisados)

d) se os reflexos parecerem hiperativos, pesquisar clônus:1 patelar – perna semi-fletida, executar movimento súbito da patela contra o tendão e

sustentar em posição2 aquileu – perna semi-fletida, executar movimento súbito de flexão do pé e sustentar

em posição

Registrar o reflexo encrontrado, conforme a escala abaixo:4+ – hiperativo com clônusl3+ – hiperativo sem clônus, com aumento da área de resposta à percussão)2+ – normal1+ – hipoativo0+ – não obtido resposta

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Principal Raiz Envolvida Reflexo

Membros SuperioresC5 BiciptalC6 EstiloradialC7 Triciptal

Membros InferioresL4 PatelarS1 Aquileu

1. Superficiais:

a. Cutâneo-plantar – Sinal de Babinski esfregar a porção lateral da planta do pé, do tornozelo até a porção anterior, com

um objeto rombo observar a reação dos dedos reação indiferente ou normal quando ocorrer a flexão dos dedos e/ou a retirada do

pé reação positiva ou Sinal de Babinski quando ocorrer uma extensão do hálux e dos

outros dedos

b. Cutâneo-abdominal esfregar com um objeto rombo as regiões laterais do abdome (superior, media e

inferior), em direção à linha media observar a contração da musculatura comparar com o lado oposto e com as 3 regiões reação normal quando ocorrer a contratura unilateral ou não ocorrer em nenhuma

das regiões (em obesos ou pós cirurgia de abdome) reação anormal ou reflexo ausente quando a reação for assimétrica

c. Palmo-mentoniano esfregar com um objeto rombo a palma da mão em direção ao polegar / indicador observar a contração do mento homolateral reação normal quando não ocorrer a contratura reação anormal ou reflexo presente quando a contratura ocorrer (desfrontalização)

d. Naso-labial percutir com a ponta do indicador o lábio superior abaixo do nariz observar a ocorrência de sucção dos lábios reação normal quando não ocorrer a contratura reação anormal ou reflexo presente (não inibido – significa desfrontalização)

quando a contratura ocorrer

e. Glabelar percutir com a ponta do indicador a glabela observar a ocorrência de piscamento reação normal quando não ocorrer o piscamento reação anormal ou reflexo presente (não inibido – significa desfrontalização)

quando o piscamento ocorrer

Coordenação

1. Movimentos rápidos alternados (diadococinesia)a) em posição sentada executar alternadamente bater o dorso e a palma das mãos nas

coxasb) bater a ponta do indicador na ponta do polegar o mais rápido possivel em ambas as

mãosc) observar o ritmo e a simetria dos movimentos

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1. Movimentos de ponto a pontoa) tocar a ponta do dedo do paciente na ponta do dedo do examinador, que o moverá

pelos vários quadrantes. Repetir com o outro ladob) estender o braço e depois tocar a ponta do nariz do paciente com a ponta do seu dedo.

Repetir com o outro lado e com os olhos fechadosc) colocar o calcanhar sobre a crista da tíbia da perna oposta e deslizar até o hálux.

Repetir com o outro ladod) observar a simetria, precisão e a ausência de tremor

4. Sistema Sensitivo

Dor e Tatoa) explicar ao paciente o teste a ser realizado e peça que mantenha os olhos fechados e

informe ao examinador quando a sensibilidade for alterado (aumentado, diferente ou reduzida)

b) comparar áreas simétricas em ambos lados do corpo e segmentos proximais e distaisc) caso exista suspeita de lesão medular, radicular, nervosa pesquisar a área sensitiva

correspondente bilateralmente e registrar detalhadamente os limites da alteraçãod) utilizar um cotonete ou estilete de madeira quebrado para criar uma ponta e testar a

dor e um pedaço de algodão ou um leve toque com a ponta do dedo para testar o tato

Senso de Posiçãoa) segurar lateralmente o hálux e mova lentamente para cima e para baixo, informe ao

paciente quando está movendo para cima e para baixo.b) solicitar que feche os olhos e informe a direção que está movendo o dedoc) se alterado, realizar o procedimento no polegar

Sinal de Romberga) solicitar que permaneça de pé sem apoio por 5 a 10 segundos. Após fechar os olhos

e permanecer na mesma posição por mais 5 a 10 segundos. Será considerado Romberg + quando apresentar instabilidade apenas com os olhos fechados.

5. Marcha e Equilíbrio

a) observar em pé e sentado durante a entrevista e o exame, verificar se mantém a posição sem oscilações ou quedas para os lados e para trás

b) pedir para caminhar em linha reta alguns metros e voltarc) observar o padrão de marcha. Caso não seja característico (por exemplo hemiplégica

ou parkinsoniana) descrever detalhadamented) caminhar na ponta dos pés e nos calcanhares

6. Conclusão do Exame

1. Diagnóstico Sindrômico

2. Diagnóstico Topográfico

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