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PROF. DR. JOSEVAL MARTINS VIANA
1
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ______ DA
VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE SÃO
PAULO1
PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA – ART. 300 DO
CPC
NOME COMPLETO DA MENOR IMPÚBERE,
brasileira, menor absolutamente incapaz, portadora do RG n. [...],
devidamente inscrita no CPF/MF sob o n. [...], neste ato representado por
sua genitora FULANA DE TAL, brasileira, do lar, portadora do RG n. [...],
devidamente inscrita no CPF/MF sob o n. [...], e-mail
[email protected], ambas residentes e domiciliadas na Rua [...] n.
[...], no bairro [...], CEP [...], por intermédio de seu advogado e bastante
procurador abaixo assinado (instrumento de mandato em anexo), vem,
mui respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento
nos artigos 1º, inciso III, e 6º da Constituição Federal, artigo 2º da Lei n.
1 ATENÇÃO: Se na sua região não houver Justiça Federal, você poderá distribuir esta ação na Justiça
Estadual. Se houver exclusão da União, verificar se na região há Vara da Fazenda Estadual
PROF. DR. JOSEVAL MARTINS VIANA
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8.080/90, artigos 12 e 186 do Código Civil propor AÇÃO DE
OBRIGAÇÃO DE FAZER CUMULADA COM PEDIDO DE TUTELA
PROVISÓRIA DE URGÊNCIA contra a UNIÃO FEDERAL, pessoa
jurídica de direito público interno, com sede na Avenida Paulista
nº1842, Edifício Cetenco Plaza – Torre Norte, 20º, andar, no Município
de São Paulo, Estado de São Paulo, podendo ser citada na pessoa do
Procurador Regional da União em São Paulo e ESTADO DE SÃO
PAULO, pessoa jurídica de direito público interno, com sede no Palácio
do Governo, na Avenida Morumbi nº 4500, no Município de São Paulo,
Estado de São Paulo, podendo ser citado na pessoa do Procurador Geral
do Estado de São Paulo, Rua Pamplona, nº 227, Bela Vista, São Paulo e
o MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, pessoa jurídica de direito público, com
sede em sua Prefeitura Municipal, localizada no Ed. Matarazzo, Viaduto
do Chá nº 15, em São Paulo/SP, representada por seu Procurador Geral,
Rua Maria Paula nº 270, Bela Vista pelos motivos de fato e de direito
infra-articulados:
I – DOS FATOS
1. A autora é portadora de ESCLEROSE MÚLTIPLA (CID -
10, código G 35). Foi diagnosticada em 07/2012 cuja doença é progressiva e
não tem cura. A América do Sul é considerada uma região de baixa prevalência
desse tipo de doença (menos que cinco casos por cem mil habitantes), ou seja,
é rara no mundo, e mais rara ainda no Brasil, conforme demonstram os laudos
e demais documentos anexos.
2. Ela foi submetida a tratamento médico no Hospital das
Clínicas de São Paulo, porém não reagiu de forma positiva aos medicamentos
fornecidos, havendo falha terapêutica como consta no relatório médico em
anexo cujo relatório indica piora no quadro clínico de maneira rápida e
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progressiva. A autora foi orientada por outro médico a procurar tratamento na
Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, onde foi prescrito Natalizumabe.
Esse medicamento tem sua utilização associada a risco elevado de LMP, isto
é, uma infecção oportunista causada pelo vírus JC, que pode ser fatal ou
resultar em incapacidade grave. Pelo fato de o risco ter aumentado e de a
autora ter possibilidade inequívoca de desenvolver LMP, os benefícios e riscos
do tratamento com esse medicamento devem ser analisados individualmente
pelo médico assistente especialista e pelo próprio doente.
3. Quando os médicos receitam esse medicamento, devem
estar cientes da possibilidade de ocorrência de outras infecções oportunistas
durante a terapêutica com natalizumabe, devendo incluí-las no diagnóstico
diferencial de infecções que ocorrem em doentes tratados com esse
medicamento. Caso haja suspeita de uma infecção oportunista, o tratamento
com natalizumabe deve ser suspenso até se excluir a presença dessas
infecções mediante outras avaliações.
4. Muitas vezes, os pacientes não usam o medicamento
indicado, porque há riscos de agravamento da saúde e o tratamento se torna
também inadequado. É importante esclarecer que o natalizumabe é de alto
custo, e os pacientes que dele se utilizam pedem doações nas redes sociais.
5. A autora fez uso desse tratamento, contudo não fez
efeito. Outros medicamentos fornecidos pelo SUS também não fizeram efeito,
tais como: ________, ___________, ___________, ____________ etc. Por
esse motivo, o médico assistente da peticionária resolveu tratá-la com
VITAMINA D, com dose diária de 50.000 mg, via oral, uso diário, contínuo e
controlado, devendo essa dose ser ajustada periodicamente. Além disso, deve-
se realizar o tratamento com ÔMEGA 3, DHA 500, com doses diárias de
500mg. e colina com demais aditivos para recuperação da bainha de mielina
que já foi danificada por surtos da doença, com dose diária de 4 comprimidos
de 4 em 4 horas, conforme prescrito pelo Dr. _____________________ .
PROF. DR. JOSEVAL MARTINS VIANA
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6. Convém salientar que há estudos que demonstram que a
terapia indicada poderá melhorar muito as condições da autora, e oferecer-lhe
uma qualidade de vida quase normal, isto é, uma vida digna, enquanto faz o
acompanhamento de sua enfermidade.
7. Uma caixa com 240 (duzentos e quarenta), comprimidos
com colina e demais ativos a serem utilizados em um mês custa em média R$
321,00 (trezentos e vinte e um reais); colecalciferol 200 ml R$ 48,00 (quarenta
e oito reais); Ômega 3, DHA500, R$ 253,95 (duzentos e cinquenta e três reais
e noventa e cinco centavos), totalizando o valor de R$ R$ 622,95 (seiscentos e
vinte e dois reais e noventa e cinco centavos) cujo quantia a autora e seus
familiares não possuem, pois não têm condições financeiras de arcarem com o
tratamento, segundo comprova o documento em anexo.
8. A autora procurou o SUS – Sistema Único de Saúde –
para o recebimento do medicamento, por meio da Secretaria de Saúde do
Estado de São Paulo, na gerência de assistência farmacêutica, todavia, foi
informada que esse medicamento não consta na lista para distribuição. Por fim,
a autora não pode esperar mais, em razão do estado de saúde que se
encontra.
9. Há de se esclarecer que o tratamento pleiteado pela
autora é a metade do preço daquele custeado pelo SUS, isto é, com o novo
medicamento, economizar-se-ão 50% (cinquenta por cento) da quantia gasta
com ela atualmente.
II – DO DIREITO
10. A Constituição Federal garante a inviolabilidade do
direito à vida (art. 5º, “caput”). Esta compreende não só o direito de continuar
vivo, mas também de viver dignamente. Por essa razão, o direito à vida deve
ser entendido em consonância com o princípio da dignidade da pessoa
humana (CF, art. 1º, III). Ora, o direito à vida e à saúde qualifica-se como
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atributo inerente à dignidade da pessoa humana, conceito erigido pela
Constituição Federal em fundamento do Estado Democrático de Direito da
República Federativa do Brasil.Nesse sentido, Marcelo Novelino Camargo
explicita que:
“A dignidade da pessoa humana, em si, não é um direito
fundamental, mas sim um atributo a todo ser humano. Todavia,
existe uma relação de mútua dependência entre ela e os direitos
fundamentais. Ao mesmo tempo em que os direitos
fundamentais surgiram como uma exigência da dignidade de
proporcionar um pleno desenvolvimento da pessoa humana,
somente através da existência desses direitos a dignidade
poderá ser respeitada e protegida” (Direito Constitucional para
concursos. Rio de janeiro. Editora forense, 2007 pág. 160)
11. A saúde, como um bem fundamental para a vida e a
dignidade da pessoa humana, é elevada pela Constituição Federal à condição
de direito fundamental da pessoa. A Carta Magna, preocupada em garantir a
todos uma existência digna, tutela o bem estar e a justiça social. Além disso,
incluiu o bem estar como um dos pilares da ordem social (art. 193 da CF). A
Organização Mundial da Saúde definiu “saúde” da seguinte forma: “Saúde é
um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a
ausência de doenças.”
12. A saúde é considerada também um direito social,
segundo o artigo 6º da Constituição Federal: “São direitos sociais a educação,
a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a
previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, na forma desta Constituição.”
13. Seguindo essa linha de raciocínio, o artigo 196
da Constituição Federal estabelece a responsabilidade da União, Estados e
Municípios, de forma solidária, a prestar o atendimento necessário na área da
saúde, incluindo os serviços de assistência ao público e o fornecimento de
medicamentos, suplemento alimentar, equipamentos, procedimentos médicos,
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tratamentos e exames aos que deles comprovadamente necessitem.
Depreende-se do comando constitucional que a saúde é direito de todos e
dever do Estado. Assim, a saúde é princípio fundamental e direito social da
pessoa, devendo o Estado fornecer todos os meios necessários para proteger
a saúde do cidadão e da cidadã.
14. O direito à saúde tem por fundamento o princípio da
universalidade e igualdade de acesso às ações e serviços de saúde e é
classificado como direito e garantias fundamentais, uma vez que se trata de
norma de eficácia plena, ou seja, de aplicação imediata, não havendo
necessidade de norma regulamentadora.
15. Tendo em vista que os serviços públicos de saúde
integram uma rede regionalizada e hierárquica, o SUS, amparando-se no
princípio da cogestão, com a participação simultânea dos entes estatais dos
três níveis (art. 198 da CF/88 e o art. 7º da lei 8.080/90) estabelece que
compete à União, ao Estado, ao Município e ao Distrito Federal promover as
condições indispensáveis ao seu pleno exercício. Portanto, é dever do Estado
dar assistência à saúde e dar os meios indispensáveis para o tratamento
médico. Nesse mesmo sentido, vale registrar a posição jurisprudencial do
TJRS:
Ementa: APELAÇÃO REEXAME NECESSÁRIO. DIREITO
PÚBLICO NÃO ESPECIFICADO. CONSTITUCIONAL.
FORNECIMENTO DE MEDICAMENTO A NECESSITADO.
CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. PRODUÇÃO
DE PROVA. DESNECESSIDADE. Existindo documentação
idônea, firmada por médico credenciado, onde descritas as
moléstias das quais padece o enfermo, apontando os
medicamentos necessários, desnecessária a realização de
provas. Aplicação do art. 420, II, do CPC. Precedentes do
TJRGS. FORNECIMENTO DE MEDICAMENTO À
NECESSITADA. CACONS. LEGITIMIDADE PASSIVA DO
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. O direito à saúde é
assegurado a todos, devendo os necessitados receber do ente
público os medicamentos e materiais necessários, devendo o
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Estado do Rio Grande do Sul legitimidade passiva para a ação,
obrigação não afastada ante a existência dos CACONs (Centro
de Alta Complexidade em Oncologia). Aplicação do
artigo 196 da Constituição Federal. Precedentes do TJRGS, STJ
e STF. Apelação com seguimento negado. Sentença confirmada
em reexame necessário. (Apelação Cível Nº 70054760848,
Vigésima Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Carlos Eduardo Zietlow Duro, Julgado em 24/05/2013)
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA.
TRATAMENTO CONTRA DROGADIÇÃO. OBRIGAÇÃO E
SOLIDARIEDADE DOS ENTES PÚBLICOS. O Estado, em
todas as suas esferas de poder, deve assegurar o direito à vida
e à saúde, fornecendo gratuitamente o tratamento médico cuja
família não tem condições de custear. Responsabilidade
solidária, estabelecida nos artigos 196 e 227 da Constituição
Federal, podendo o autor da ação exigir, em conjunto ou
separadamente, o cumprimento da obrigação por qualquer dos
entes públicos, independentemente da regionalização e
hierarquização do serviço público de saúde. CONDENAÇÃO DO
MUNICÍPIO AO PAGAMENTO DE HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS. FADEP. CABIMENTO. ENTENDIMENTO
PACIFICADO NO EGRÉGIO SUPERIOR TRIBUNAL DE
JUSTIÇA. Cabe condenar o Município ao pagamento de
honorários advocatícios em favor da Defensoria Pública, pois
esta não se cuida de órgão integrante do ente público municipal.
APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA. (Apelação e Reexame
Necessário Nº 70054045208, Sétima Câmara Cível, Tribunal de
Justiça do RS, Relator: Jorge Luís Dall'Agnol, Julgado em
29/05/2013).
16. O Supremo Tribunal Federal decidiu que há
responsabilidade solidária entre os entes públicos na prestação dos serviços
destinados à saúde. Nesse sentido:
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. DIREITO À SAÚDE. TRATAMENTO MÉDICO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DOS ENTES FEDERADOS. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. REAFIRMAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. O tratamento médico adequado aos necessitados se insere no rol dos deveres do Estado, porquanto responsabilidade solidária dos entes federados. O polo passivo pode ser composto por qualquer um deles, isoladamente, ou conjuntamente. (RE 855178 RG,
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Relator(a): Min. LUIZ FUX, julgado em 05/03/2015, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-050 DIVULG 13-03-2015 PUBLIC 16-03-2015 )
17. Como se pode observar, a responsabilidade dos entes
públicos é solidária, ou seja, todos são responsáveis solidariamente pela saúde
dos cidadãos e das cidadãs.
18. A autora afirmou na introdução da petição inicial que
sofre de esclerose múltipla. Essa enfermidade é uma doença crônica do
sistema nervoso central que afeta o cérebro e a medula espinhal e que
interfere na capacidade do cérebro e da medula espinhal para controlar
funções, como caminhar, enxergar, falar, urinar e outras. A ABEM (Associação
Brasileira de Esclerose Múltipla) estima que, atualmente, 35 mil brasileiros são
portadores de esclerose múltipla. Incide geralmente entre 20 e 50 anos de
idade, predominando entre as mulheres.
http://www.abem.org.br/index.php/esclerose-multipla
19. A EM não tem cura, contudo os medicamentos podem
reduzir as consequências da doença. A autora está obtendo melhoras
expressivas com o tratamento da vitamina D ou Colecalciferol. O Colecalciferol
ou (Vitamina D3) é uma forma de Vitamina D. Solúvel em gordura que pode ser
armazenada nas células adiposas para uso futuro, no entanto, a deficiência de
vitamina D no organismo pode ter efeitos adversos sobre a saúde de um
indivíduo.
20. Existem duas formas de que a vitamina D: o
olecalciferol (cholecalciferol), produzido pelo organismo humano quando o
mesmo está exposto diretamente aos raios UVB do sol, sendo a melhor fonte
natural de vitamina D. A segunda forma da vitamina D é o ergocalciferol
(ergocalciferol), conhecida como vitamina D2. A vitamina D promove a saúde
dos dentes e ossos em crianças, contribuindo para o não aparecimento do
raquitismo. Além disso, melhora a densidade óssea (massa óssea), auxilia na
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construção e prevenção da perda óssea, além de proteger o corpo contra a
fraqueza muscular, vez que promove a maior absorção de cálcio no sangue.
21. Há vários estudos científicos em revistas indexadas que
defendem a vitamina D como tratamento eficaz para o tratamento da EM. A
título de exemplo, cita-se o artigo de Carol Potera sob o título La Vitamina D
regula el en gen de La Esclerosis múltiple. Salud pública Méx [online]. 2009,
vol.51, n.4, pp. 353-354. ISSN 0036-3634.
http://www.scielo.org.mx/pdf/spm/v51n4/v51n4a14.pdf
22. Ao solicitar o medicamento ao SUS, este alegou que
não possui o medicamento. Ora, Excelência, esse medicamento, além de ser
de baixo custo tem a capacidade de tratar alguns pacientes com EM,
minimizando os efeitos dessa enfermidade.
23. É importante salientar também que o artigo 2º da Lei n.
8.080/90 explicita que: “A saúde é um direito fundamental do ser humano,
devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício.”
A lei do SUS ratifica que a saúde é direito fundamental da pessoa humana,
devendo ao Estado munir-se das condições necessárias para exercer essa
função primordial que é cuidar dos seus cidadãos e das suas cidadãs.
24. Note-se que, novamente, o Estado explicita que a
saúde é um direito fundamental do ser humano e que o próprio Estado deve
viabilizar a saúde a quem necessitar. O Estado é obrigado a fornecer
medicamentos para seus cidadãos, porque ele assumiu essa obrigação. Nesse
sentido, o aresto abaixo colacionado corrobora a afirmação da autora:
Ementa: APELAÇÕES CÍVEIS. DIREITO PÚBLICO NÃO
ESPECIFICADO. FORNECIMENTO DE MEDICAÇÃO. DEVER
DO ESTADO. - A responsabilidade solidária entre a União, os
Estados-Membros e os Municípios pelo fornecimento gratuito de
tratamento a doentes necessitados decorre de texto
constitucional (CF, art. 23, II, e art. 196). - Dever do Estado, de
forma ampla, de fornecer medicamento. Aos entes da Federação
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10
cabe o dever de fornecer gratuitamente tratamento médico a
pacientes necessitados (artigos 6º e 196 da Constituição
Federal). - A observância das normas constitucionais
garantidoras do direito fundamental à saúde corresponde ao
verdadeiro alcance do conteúdo político das disposições
constitucionais, bem como à efetivação do Estado Democrático
de Direito, descabendo considerá-las a título de meros
programas de atuação. - Necessidade de previsão orçamentária
afastada frente ao dever constitucional de garantir a saúde dos
cidadãos. - Não infringência ao princípio da independência entre
os Poderes, posto que a autoridade judiciária tem o poder-dever
de reparar uma lesão a direito (artigo 5º, XXXV, da Constituição
Federal). - Afastada a alegação de que necessária a inclusão do
medicamento / insumo em lista previamente elaborada pelo
Ministério da Saúde como sendo de responsabilidade exclusiva
de cada ente da Federação, para fins de cumprimento do dever
constitucional. - O fornecimento de medicamentos é
condicionado à apresentação de prescrição médica. - Devida a
condenação do Município ao pagamento de honorários
advocatícios ao FADEP. Inexistência de confusão entre credor e
devedor. - Valor da verba honorária arbitrada que não merece
modificação, tendo em vista ser condizente com a natureza da
causa bem como o trabalho despendido pelo patrono da parte
autora, observando as diretrizes do parágrafo 3º do art. 20 do
CPC, bem como o princípio da moderação. - Diante da
declaração de inconstitucionalidade da Lei Estadual nº
13.471/2010 (Incidente de Inconstitucionalidade nº 70041334053
e Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 70038755864) não
mais prevalece a isenção do Estado ao pagamento das custas,
dos emolumentos e das despesas judiciais, à exceção das
relativas à condução do Oficial de Justiça. PREFACIAL
DESACOLHIDA. APELO DO MUNICÍPIO IMPROVIDO E
RECURSO DO ESTADO PARCIALMENTE PROVIDO.
(Apelação Cível Nº 70065170144, Terceira Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Matilde Chabar Maia,
Julgado em 14/11/2015).
25. Como se pode observar, o SUS não pode negar o
fornecimento à autora, sobretudo por se tratar de um medicamento que não irá
onerar os cofres públicos.
III – DO DANO MORAL “IN RE IPSA”
PROF. DR. JOSEVAL MARTINS VIANA
11
26. É sabido que, nos casos de negativa de medicamento,
caracteriza-se o dano moral “in re ipsa”, isto é, o dano que não precisa ser
provado. Entretanto, é notório o abalo emocional que sofre um paciente ao
saber que o Estado negou a concessão do medicamento tão importante para
sua sobrevida. Essa negativa por si só gera o dano moral, impondo-se a
obrigatoriedade àquele que causou o dano a indenizar o ofendido. Assim, deve
o Estado-réu indenizar a autora.
26. No entanto, é importante salientar que o dano moral “in
re ipsa” não surge em razão do abalo emocional ou psicológico da negativa de
tratamento, mas da lesão causada à dignidade da pessoa humana e aos
direitos da personalidade. Ao negar tratamento médico ao paciente, o Estado
lesiona a dignidade da pessoa humana do ser humano. Para o jurista Ingo
Wolfgang Sarlet, entende-se por dignidade da pessoa humana “a qualidade
intrínseca e distintiva de cada ser humano que o faz merecedor do mesmo
respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade, implicando,
neste sentido, um complexo de direitos e deveres fundamentais que
assegurem a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho degradante e
desumano, como venham a lhe garantir as condições existenciais mínimas
para uma vida saudável, além de propiciar e promover sua participação ativa e
corresponsável nos destinos da própria existência e da vida em comunhão com
os demais seres humanos (…).”Dignidade da pessoa humana e os direitos
fundamentais na Constituição Federal de 1988. Porto Alegre: Livraria do
Advogado, 2004.
27. O ponto relevante desse conceito para o dano moral é
perceber que há um conjunto de direitos e deveres fundamentais protegem o
indivíduo de todo e qualquer ato de natureza degradante e desumano.
Rescindir contrato de plano de saúde de forma unilateral mesmo sabendo que
os apelantes estavam dispostos a pagar o valor integral do plano de saúde,
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mesmo vulneráveis diante da enfermidade, é tratá-los de forma degradante e
desumano. Há, portanto, explícita lesão à dignidade deles.
28. A autora tem interesse juridicamente reconhecido que
era o direito legal de receber tratamento dos entes públicos. Com a negativa,
caracterizou-se o dano moral. A renomada civilista Maria Helena Diniz afirma o
seguinte sobre o dano moral:
“O dano moral direto consiste na lesão a um interesse que visa
a satisfação ou gozo de um bem jurídico extrapatrimonial contido
nos direitos da personalidade (como a vida, a integridade
corporal e psíquica, a liberdade, a honra, o decoro, a intimidade,
os sentimentos afetivos, a própria imagem) ou nos atributos da
pessoa (como o nome, a capacidade, o estado de família).
Abrange, ainda, a lesão à dignidade da pessoa humana (CF/88,
art. 1º, III).” DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil
brasileiro: responsabilidade civil. 21. ed. São Paulo : Saraiva,
2007, p. 91).
29. A professora supramencionada afirma
peremptoriamente que o dano moral direto ofende um determinado interesse
que visa a um bem jurídico extrapatrimonial intrínseco aos direitos da
personalidade. Para o inesquecível professor Goffredo Telle Júnior “A
personalidade consiste no conjunto de caracteres próprios da pessoa.” (Direito
Subjetivo – I, in Enciclopédia Saraiva do Direito, v. 28, p. 315)
30. Isso significa também que o dano moral não só ofende
a dignidade da pessoa humana, mas também os direitos da personalidade. Daí
o teor do artigo 12 do Código Civil que preleciona o seguinte: “Pode-se exigir
que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas
e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.”
31. O tratamento médico da autora somente será possível
com a medida judicial, ou seja, aquilo que era direito intrínseco da autora
somente será possível em razão da ação judicial. Por isso, a lei não excluirá da
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apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito, conforme preleciona
o artigo 5º, inciso XXXV, da Constituição Federal.
32. Maria Helena Diniz ensina o seguinte sobre os direitos
da personalidade: “(...) reconhece-se nos direitos da personalidade uma dupla
dimensão: a axiológica, pela qual se materializam os valores fundamentais da
pessoa, individual ou socialmente considerada, e a objetiva, pela qual
consistem em direitos assegurados legal e constitucionalmente, vindo a
restringir a atividade dos três poderes, que deverão protegê-los contra qualquer
abusos, solucionando problemas graves que possam advir com o progresso
tecnológico, p. ex., conciliando a liberdade individual com a social.” (DINIZ,
Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: teoria geral do direito civil. 24.
ed. São Paulo : Saraiva, 2007, p. 117, v. 1.)
33. É importante salientar que os direitos da personalidade
são absolutos, porque são oponíveis erga omnes, por conterem, em si, um
dever geral de abstenção. Tem-se ainda de considerar que a vida e a saúde
são direitos extrapatrimoniais.
34. O artigo 186 do Código Civil explicita que: “Aquele que,
por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.”
Nesse caso, pode-se afirmar que houve omissão do Estado ao negar o
medicamento para a autora. Existiu também o dano moral em razão da lesão à
dignidade da pessoa humana e aos direitos da personalidade da autora. O
nexo de causalidade está bem caracterizado, pois o dano moral foi resultado
da negativa de tratamento da autora. Nesse sentido, o aresto abaixo
colacionado não deixa dúvida da existência de dano moral “in re ipsa” em razão
da negativa de tratamento médico pelo ente público:
EMENTA: ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL.
AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL.
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. DANO MORAL.
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TEORIA DA PERDA DE UMA CHANCE. MORTE DE
PACIENTE, EM TRATAMENTO DE CÂNCER, EM RAZÃO DA
INTERRUPÇÃO DO FORNECIMENTO DO FÁRMACO, PELO
ESTADO. ALEGADA NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL. DEFICIÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO.
SÚMULA 284/STF. ACÓRDÃO BASEADO EM FUNDAMENTO
CONSTITUCIONAL. IMPOSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO DA
MATÉRIA, EM SEDE DE RECURSO ESPECIAL, SOB PENA
DE USURPAÇÃO DA COMPETÊNCIA DO STF. ACÓRDÃO
QUE, À LUZ DAS PROVAS DOS AUTOS, CONCLUIU PELA
EXISTÊNCIA DE NEXO DE CAUSALIDADE ENTRE A
OMISSÃO DO ESTADO E A MORTE DO PAI DOS AUTORES.
REEXAME. SÚMULA 7/STJ. PRETENDIDA REDUÇÃO DO
QUANTUM INDENIZATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE DE
REVISÃO, NA VIA ESPECIAL. SÚMULA 7/STJ. AGRAVO
INTERNO IMPROVIDO. I. Agravo interno aviado contra decisão
publicada em 19/12/2016, que, por sua vez, julgara recurso
interposto contra decisum publicado na vigência do CPC/73. II.
Na origem, trata-se de ação de indenização por danos morais e
materiais, proposta por Joelson de Almeida Souza, Jairo de
Almeida Souza, Jailson de Almeida Souza e Joaquim de Almeida
Souza, em desfavor do Estado do Acre, em decorrência da não
disponibilização de medicamento para tratamento de câncer, na
rede pública estadual de saúde, resultando no óbito de seu
genitor. III. Quanto à alegação de negativa de prestação
jurisdicional, verifica-se que, apesar de apontar como violado o
art. 535 do CPC/73, o agravante não evidencia qualquer vício,
no acórdão recorrido, deixando de demonstrar no que consistiu a
alegada ofensa ao citado dispositivo, atraindo, por analogia, a
incidência da Súmula 284 do Supremo Tribunal Federal ("É
inadmissível o recurso extraordinário, quando a deficiência na
sua fundamentação não permitir a exata compreensão da
controvérsia"). Nesse sentido: STJ, AgRg no AREsp 422.907/RJ,
Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, DJe de
18/12/2013; AgRg no AREsp 75.356/SC, Rel. Ministro SÉRGIO
KUKINA, PRIMEIRA TURMA, DJe de 21/10/2013. IV. No mérito,
o Tribunal de origem decidiu a controvérsia, acerca da
responsabilidade civil do Estado, sob o enfoque eminentemente
constitucional, o que torna inviável a análise da questão, no
mérito, em sede de Recurso Especial, sob pena de usurpação
da competência do STF. Precedentes do STJ (AgRg no AREsp
584.240/RS, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA
TURMA, DJe de 03/12/2014; AgRg no REsp 1.473.025/PR, Rel.
PROF. DR. JOSEVAL MARTINS VIANA
15
Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, DJe de
03/12/2014). V. Ademais, o Tribunal de origem manteve a
sentença de parcial procedência, concluindo, à luz das provas
dos autos, que "há nexo de causalidade entre a conduta
omissiva e a precoce morte do Paciente, de quem lhe foi retirada
a chance de uma sobrevida, não havendo que se falar em caso
fortuito, sequer comprovado pelo Estado". Ainda segundo o
acórdão de 2º Grau, "a conduta omissiva do Estado em não
fornecer o medicamento impediu que o enfermo tivesse a
possibilidade de um benefício futuro provável, consubstanciado
na esperança de controle da evolução da doença". Conclusão
em sentido contrário, demandaria, inarredavelmente, o
revolvimento do acervo fático-probatório dos autos, o que é
inviável, em sede de Recurso Especial, em face da Súmula 7
desta Corte. VI. No que tange ao quantum indenizatório, "a
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é no sentido de
que a revisão dos valores fixados a título de danos morais
somente é possível quando exorbitante ou insignificante, em
flagrante violação aos princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade, o que não é o caso dos autos. A verificação
da razoabilidade do quantum indenizatório esbarra no óbice da
Súmula 7/STJ" (STJ, AgInt no AREsp 927.090/SC, Rel. Ministro
HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe de 08/11/2016).
VII. No caso, o Tribunal de origem, à luz das provas dos autos,
fixou a indenização por danos morais em R$ 100.000,00 (cem
mil reais), a ser dividido pelos quatro autores, quantum que não
se mostra excessivo, diante das peculiaridades da causa,
expostas no acórdão recorrido. Incidência da Súmula 7/STJ. VIII.
Agravo interno improvido. ..EMENTA: (AIRESP
201600049415, ASSUSETE MAGALHÃES, STJ - SEGUNDA
TURMA, DJE DATA:28/06/2017 DTPB)
35. Por isso, a autora entende que tem direito de receber o
valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a título de indenização pelos danos
morais sofridos em razão da recusa na entrega do seu medicamento.
III - DO PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA – ART. 300 DO CPC
36. A autora não dispõe de medicamentos para este mês.
Assim, pleiteia a tutela provisória de urgência com base na robusta prova
documental juntada aos autos que demonstram o padecimento que sofre com a
PROF. DR. JOSEVAL MARTINS VIANA
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EM. Trouxe também aos autos indicações de artigos constitucionais e
infraconstitucionais que amparam o seu pleito.
37. Dispõe o art. 300 do CPC que: “A tutela de urgência
será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do
direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.” Os
elementos que evidenciam a probabilidade do direito já foram carreados aos
autos.
38. O perigo de dano e o risco ao resultado útil do processo
estão embasados na doença da autora. Se ela não obter o medicamento por
meio da tutela provisória de urgência, ainda que venha a obter êxito na
demanda, até que os réus cumpram a sentença, ela já poderá ter falecido.
IV – DOS PEDIDOS
a) Do Pedido de Tutela Provisória de Urgência
Isto posto, requer a Vossa Excelência que se digne
conceder a tutela provisória de urgência a favor da autora para receber o
medicamento denominado Vitamina D (colecalciferol) e Ômega 3, DHA, de
acordo com a prescrição médica, abrangendo o tratamento da autora, ou, que
lhe seja estendida a tutela para determinar qualquer outro medicamento para
seu tratamento diante da prescrição de seu médico assistente, compelido os
réus ao tratamento pleiteado.
Concedida a tutela provisória de urgência, requer a Vossa
Excelência que se digne de fixar multa diária a fim de obrigar os réus a cumprir
a determinação judicial.
Requer também que lhe seja concedida a tutela de
urgência sem caução real ou fidejussória, visto que a parte autora é
economicamente hipossuficiente e não pode oferecê-la, nos termos do art. 300,
§ 1º, do CPC.
PROF. DR. JOSEVAL MARTINS VIANA
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Ilustre Magistrado, muitas pessoas inescrupulosas
requerem medicamentos ao Poder Judiciário como forma de obter para si
vantagem ilícita. Esse fato é notório, sobretudo porque veiculado
constantemente no noticiário, denominada a “máfia dos medicamentos”. Por
isso, caso Vossa Excelência entenda necessário, a autora requer que seja
marcada audiência de justificação prévia com base no art. 300, § 2º, do CPC
cujo texto legal explicita que “A tutela de urgência pode ser concedida
liminarmente ou após justificação prévia”, a fim de apurar a real necessidade
da autora quanto ao medicamento aqui pleiteado.
b) Dos Pedidos Principais
Requer a Vossa Excelência que, ao final, concedida a
tutela provisória de urgência, transforme-a em definitiva, condenando os réus a
fornecer o medicamento denominado Vitamina D (colecalciferol) e Ômega 3,
DHA, de acordo com a prescrição médica, abrangendo o tratamento da autora,
condenando-os ainda na quantia de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a título de
dano moral.
Requer a citação dos réus, nos termos do artigo 246, inciso
I, do Código de Processo Civil para que apresentem defesa no prazo fixado por
lei, sob pena de revelia, para, ao final, julgar procedentes os pedidos da autora.
V – DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO OU MEDIAÇÃO
Nos termos do artigo 319, inciso VII, do Código de
Processo Civil, a autora informa Vossa Excelência que não tem interesse na
audiência de conciliação ou mediação, porque antes de propor esta demanda,
tentou por diversas vezes obter o medicamento aqui pleiteado, mas não obteve
sucesso.
VI - DA ASSISTÊNCIA GRATUITA
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A autora afirma que é pessoa pobre na acepção jurídica do
termo e requer a concessão da justiça gratuita por não poder arcar com os
custos e com as despesas processuais sem prejudicar tanto seu sustento
quanto o de sua família. Com o escopo de confirmar que é pessoa pobre na
acepção jurídica do termo, junta aos autos seu holerite a fim de demonstrar que
ela ganha exatos dois salários mínimos. Assim, enquadra-se perfeitamente nos
requisitos legais para a concessão da justiça gratuita
VII – DAS PROVAS
Protesta provar o alegado por todos os meios de provas
admitidos em direito, especialmente documental, oitiva de testemunhas,
arroladas em oportunidade própria e depoimento pessoal do representante
legal do réu, assim como, por outros que, eventualmente, venham a serem
necessários no decorrer do processo.
VIII – DO VALOR DA CAUSA
Dá-se à causa o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), para
efeitos fiscais.
Nestes termos,
pede deferimento.
Local e data.
Assinatura, nome e OAB