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Ministério Público do Estado de Goiás Excelentíssimo Senhor Juiz de Direito da Comarca de Estrela do Norte. “A natureza é equilibrada. Os animais selvagens vivem em harmonia. Os seres humanos não aprenderam a fazer isso. Continuam a se destruir. Não existe harmonia. Nenhum plano para o que fazem. É tão diferente da natureza. A natureza é equilibrada. A natureza é energia e vida. É restauração. E os humanos apenas destroem. Destroem a natureza. Destroem outros seres humanos. Acabarão por se destruir.” (in A Divina Sabedoria dos Mestres, Brian Weiss, Ed. Sextante, pág. 162) O Ministério Público do Estado de Goiás, por meio de seu presentante que esta subscreve, no uso de suas atribuições estampadas nos artigos 127, caput e 129, inciso III, da Constituição Federal de 1988, ajuíza AÇÃO CIVIL PÚBLICA com pedido de medida liminar, em desfavor de Município de Estrela do Norte, pessoa jurídica de direito público interno, com sede na Avenida Bernardo Sayão, n. 862, Centro, Estrela do Norte,

Excelentíssimo Senhor Juiz de Direito da Comarca de ... · estava morrendo em decorrência da poluição ambiental, instaurou o Ministério Público o Inquérito Civil Público n

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Ministério Público do Estado de Goiás

Excelentíssimo Senhor Juiz de Direito da Comarca de Estrela do Norte.

“A natureza é equilibrada. Os animais selvagens vivem em harmonia. Os seres humanos não aprenderam a fazer isso. Continuam a se destruir. Não existe harmonia. Nenhum plano para o que fazem. É tão diferente da natureza. A natureza é equilibrada. A natureza é energia e vida. É restauração. E os humanos apenas destroem. Destroem a natureza. Destroem outros seres humanos. Acabarão por se destruir.”

(in A Divina Sabedoria dos Mestres, Brian Weiss, Ed. Sextante, pág. 162)

O Ministério Público do Estado de Goiás, por meio de seu presentante que esta subscreve, no uso de suas atribuições estampadas nos artigos 127, caput e 129, inciso III, da Constituição Federal de 1988, ajuíza

AÇÃO CIVIL PÚBLICA

com pedido de medida liminar, em desfavor de

Município de Estrela do Norte, pessoa jurídica de direito público interno, com sede na Avenida Bernardo Sayão, n. 862, Centro, Estrela do Norte,

Ministério Público do Estado de Goiás

Sonimar Oliveira da Silva, residente na Rua Goiás, s/n, Estrela do Norte,

Joana Dark Félix, residente na Rua Cândida Fonseca, s/n, Estrela do Norte,

José Ailton Pinto Santana, residente na Rua Cândida Fonseca, s/n, Estrela do Norte,

Valmir Barbosa da Cunha, residente na Rua Cândida Fonseca, s/n, Estrela do Norte,

Isaias da Silva Segurado, proprietário do estabelecimento IR–Lavajato, situado na Rua Cândida Fonseca, sem número, Centro, Estrela do Norte,

Danisete Francisco Rocha, Avenida Bernardo Sayão, s/n, Centro, Estrela do Norte,

Elcimar Donisete Silva, proprietário do comércio “Bar e Danceteria”, situado na Avenida Bernardo Sayão, s/n, Centro, Estrela do Norte,

João Alves Araújo, proprietário do comércio “Bar e Pensão da Fatinha”, situado na Avenida Bernardo Sayão, s/n, Centro, Estrela do Norte,

Maria Neudes Araújo, proprietária do comércio “Bar Travado Shop”, localizado na Avenida Bernardo Sayão, s/n, Centro, Estrela do Norte,

Luziene Pereira Ribeiro, residente na Rua Buriti, Centro, Estrela do Norte,

Valdeth Vieira da Cunha, vulgo “Detinha”, residente na Rua Buriti, s/n, Centro, Estrela do Norte,

Ministério Público do Estado de Goiás

Danisete Francisco Rocha, Rua Luzia Gonçalves Dias, s/n, Centro, Estrela do norte,

Natal da Silva Jaime, Rua Luzia Gonçalves de Oliveira, sem número, Centro, Estrela do Norte,

José Ferreira de Aguiar, Rua Manoel Ferreira, s/n, Centro, Estrela do Norte,

José da Silva Júnior, proprietário do dos prédio onde funcionam a CElG e Câmara Legislativa, localizada neste município na Avenida Bernardo Sayão, Centro, Estrela do Norte,

Ana Maria Sebatião de Medeiros, residente na rua Luzia Gonçalves Dias, Centro, Estrela do Norte,

José Martins Cardoso, residente na Chácara localizada na Rua Jorge Gama, Setor Rodoviário, Estrela do Norte,

Vilma C. A. dos Santos, residente na Rua Jorge Gama, sem número, Centro, Estrela do Norte,

Irani Pereira da Silva Ribeiro, residente na Rua Jorge Gama, sem número, Centro, Estrela do Norte,

Industria e Laticínio Estrela Dalva Ltda., localizada na Rua Manoel Ferreira, sem número, Centro, Estrela do Norte,

Ministério Público do Estado de Goiás

pelas razões fáticas e jurídicas que passo a colacionar:

F U N D A M E N T O S F Á T I C O S

O Município de Estrela do Norte é cortado pelo Córrego Vargem do Coelho (fotos de fls. 04 usque 09 do I.C.P. 07/2002) que outrora serviu de nome a esta região.

Tomando conhecimento que referido córrego estava morrendo em decorrência da poluição ambiental, instaurou o Ministério Público o Inquérito Civil Público n. 07/2002, que serve de lastro probatório para esta exordial.

Foi solicitado um Laudo de Perícia Ambiental à equipe técnica específica do Ministério Público, sendo este realizado no dia 23 de março do corrente ano.

Constatou-se que (fls. 58 do I.C.P.):

1. Córrego Vargem do Coelho encontra-se destituída de vegetação ciliar nativa em grande parte de sua extensão(...)

2. Os recursos hídricos, encontram-se com sua qualidade comprometida pelo lançamento in natura de efluentes domésticos no córrego;

3. Falta de saneamento básico, não há rede coletora de esgoto. Muitas residências lançam seus esgotos no córrego, não há condições de construir fossa, pois o lençol freático nas Áreas de Preservação Permanente é muito superficial;

4. Em grande parte da cidade a rede de esgoto se mistura com a rede de águas pluviais;

Ministério Público do Estado de Goiás5. Falta planejamento urbano.

Na discussão restou relatado (fls. 59/60 do I.C.P):

“a) A área urbana da cidade de Estrela do Norte é cortada pelo Córrego Vargem do Coelho cujas Áreas de Preservação Permanente encontram-se antropizadas, apresentando-se sem a presença da mata ciliar ou outro tipo de vegetação nativa, alguns desses ambientes foram desmatados e em seu lugar plantaram-se gramíneas exóticas que hoje servem de pastagem para o gado, ou edificaram nestes locais, na maioria dos casos há ocupação por casas;

b) A construção de poços em Área de Preservação Permanente contraria normas Federal e Estadual, respectivamente a Portaria/GM/n. 124/80 e Portaria n. 01/2002-N(...);

c) A expansão da cidade e conseqüentemente da urbanização da área, impermeabiliza o solo, ocorre a diminuição do volume de água infiltrada e o aumento do escorrimento superficial. A ocupação das Áreas de Preservação Permanente impede que a água nos momentos críticos de enchentes ocupem estes espaços, com tendência a agravar-se cada vez mais a medida que mais casas são construídas dentro da área de drenagem dos mananciais existentes no município, como conseqüência teremos os problemas sérios existentes nas grandes cidades.”

Concluiu-se que (fls. 63 do I.C.P.):

1. “As impermeabilizações devido a urbanização da área e a retirada da vegetação contribuem para as alterações do ciclo hidrolóico impedindo a realimentação do lençol freático, das nascentes, dos cursos d’água e a umidificação do ar. Como conseqüência teremos agravamento dos problemas respiratórios no período sexo e enchentes rápidas e danosas (...);

Ministério Público do Estado de Goiás2. Ocorreu a supressão parcial da vegetação

ciliar da Área de Preservação Permanente e construção de casas nestes locais;

3. Contribuição para o aumento da erosão e da contaminação do córrego devido a constante impermeabilização da bacia de drenagem destes mananciais onde a cidade encontra-se inserida e devido aos vários pontos de lançamento de esgoto no referido manancial;

4. Perfuração de Poços Artesianos em Área de Preservação Permanente, sem licença prévia e sem os estudos dos impactos que acarretarão para as nascentes, o perigo de contaminação do lençol freático e o ambiente como um todo;

5. Supressão da vegetação nativa sem autorização dos órgãos competentes em Área de Preservação Permanente;”

Por fim, o técnico ambiental do Ministério Público, dentre outras, recomendou (fls. 64 do I.C.P.):

“3. Retirar as edificações existentes nas Áreas de Preservação Permanente;

9. Buscar o restabelecimento das condições anteriores das nascentes e ao longo dos córregos e das Áreas de Preservação Permanente tentando aproximá-los ao máximo do que eram, retirando muros, poços, drenos, casas voltando o leito para seu curso original e revegetando com espécies nativas. Para isso utilizar imagens de fotografias aéreas da área”

Edificações em Área de Preservação Permanente

Em verdade, nem mesmo seria necessário acurada investigação para se constatar que foram feitas construções em áreas non aedificandi.

Ministério Público do Estado de GoiásIsso porque a Lei 4.771 de 15 de setembro de

1965, em seu artigo 2°, alínea “a”, inciso I, determina que os 30 (trinta) metros que ladeiam curso d’água com largura inferior a 10 (dez) metros, constituem área de preservação permanente, ali nada podendo ser edificado.

As margens do Córrego Vargem do Coelho, em toda sua extensão urbana, é tomada por casas e estabelecimentos comerciais.

Há alguns trechos, inclusive, que as construções foram feitas sobre o Córrego.

Não observância da Lei 6.766/79

Constatou-se não só o afrontamento à legislação ambiental, mas também a Lei 6.766/79, que dispõe sobre o parcelamento do solo urbano.

O Poder Executivo Municipal ao permitir a edificação, deveria ter aferido (poder de polícia) se o loteador serviu os lotes de infra-estrutura básica, que são os equipamentos urbanos de escoamento das águas pluviais, iluminação pública, redes de esgoto sanitário e abastecimento de água potável, e de energia elétrica pública e domiciliar e as vias de circulação pavimentadas ou não.

Foi, doutra banda, omisso.

Nesta esteira, a Prefeitura deveria ter regularizado o loteamento ou desmembramento não autorizado para evitar lesão aos seus padrões de desenvolvimento urbano e na defesa dos direitos e interesses dos munícipes.

Lançamento de efluentes domésticos no Córrego

As construções que margeiam o Córrego Vargem do Coelho, conforme atestou a perícia ambiental do

Ministério Público do Estado de GoiásMinistério Público, lançam efluentes domésticos in natura no referido curso d’água.

Naquela região nem mesmo uma fossa sanaria o problema, ante a superficialidade do lençol freático. Acabaria por contaminar esse último.

A Prefeitura Municipal, inerte, não construiu uma estação de tratamento de esgoto, deixando a situação, por anos, como está.

Em suma, os fatos se apresentam da seguinte forma:

• construções foram realizadas em área de preservação permanente, sem que a Prefeitura Municipal se opusesse, em total afronta ao Código Floresta;

• o loteamento ou parcelamento foi feito ao arrepio da lei de parcelamento do solo urbano;

• todas as residências e estabelecimentos comerciais construídos na área em epígrafe lançam dejetos no leito do Córrego Vargem do Coelho;

• a Prefeitura Municipal não construiu uma estação de tratamento de esgoto para resolver a poluição do Córrego Vargem do Coelho, tampouco tomou outra providência capaz de sanar o problema.

F U N D A M E N T O S J U R Í D I C O S

Competência

Ministério Público do Estado de Goiás

O artigo 2° da Lei 7.347/85, que regulamenta as Ações Civis Públicas, estabelece que essas “serão propostas no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa".

Inquestionável a competência do Juízo da Comarca de Estrela do Norte para processar e julga a presente ação.

Legitimidade do Ministério Público

O meio ambiente passou a ter no delineamento constitucional do Ministério Público um robusto suporte.

O parquet está constitucionalmente legitimado para mover ações civis públicos que visam tutelar o meio ambiente, inclusive urbano, conforme ressai de forma literal do artigo 129, inciso III da Constituição Federal de 1988. Não bastasse, colacionamos:

“A Constituição Federal confere relevo ao Ministério Público como instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis (CF, art. 127).Por isso mesmo detém o Ministério Público capacidade postulatória, não só para a abertura do inquérito civil, da ação penal pública e da ação civil pública para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente, mas também de outros interesses difusos e coletivos (CF, art. 129, I e III)”1

“Ganha muito o meio ambiente em ter como um dos atores da ação civil pública um Ministério Público

1 STF, RE 163.231, Rel. Min. Maurício Corrêa, DJ 29/06/01

Ministério Público do Estado de Goiásbem preparado, munido de poderes para uma atuação eficiente e independente.”2 (grifo nosso)

Comprovada a capacidade postulatória ministerial para promover ação civil pública para a proteção do meio ambiente, resta analisar o conceito de meio ambiente.

Meio Ambiente

Meio ambiente é “(...) bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida (...)”, nos termos do artigo 225 da Constituição Federal.

Sendo o meio ambiente um bem de vários titulares, uma lesão ambiental é uma lesão difusa, pois afeta a todo o povo de forma indeterminada e indivisível.

Nessa esteira, o direito ao meio ambiente sadio é um direito fundamental da pessoa humana, já tendo a corte constitucional brasileira se manifestado sobre o tema:

“O direito a integralidade do meio ambiente – típico direito de terceira geração – constitui prerrogativa jurídica de titularidade coletiva, refletindo, dentro do processo de afirmação dos direitos humanos a expressão significativa de um poder atribuído, não ao indivíduo identificado em sua singularidade, mas, num sentido verdadeiramente mais abrangente, a própria coletividade social.

Enquanto os direitos de primeira geração (direitos civis e políticos) – que compreendem as liberdades clássicas, negativas ou formais – relçam o princípio da liberdade e os direitos de segunda geração (direitos econômicos, sociais e culturais) – que se identificam com as liberdades positivas, reais, concretas – acentuam o princípio da igualdade, os direitos de terceira geração que materializam poderes de titularidade coletiva atribuídos genericamente a todas as formações sociais, consagram o princípio da solidariedade e

2 MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro, p. 128.

Ministério Público do Estado de Goiásconstituem um momento importante no processo de desenvolvimento, expansão e reconhecimento dos direitos humanos, caracterizados, enquanto valores fundamentais indisponíveis, pela nota de uma essencial inexauribilidade”3 (grifo nosso)

Direito Difuso

Dito, pois, ser o meio ambiente direito difuso, resta-nos conceituá-lo:

“Interesses difusos são aqueles que abrangem número indeterminado de pessoas unidas pelas mesmas circunstâncias de fato e coletivos aqueles pertencentes a grupo, categoria ou classe de pessoas indetermináveis, ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base. A indeterminidade é a característica fundamental dos interesses difusos e determinidade a daqueles interesses que envolvem os coletivos”4 (grifo nosso)

Constitucionalmente, o solo e os recursos hídricos de Estrela do Norte, não pertencem apenas à sua população.

Os titulares dos bens em tela somos todos nós, moradores ou não de Estrela do Norte.

Referidos bens devem ser garantidos, inclusive, às futuras gerações, que talvez nunca passem por aqui, mas que também são titulares do meio ambiente local.

Alias, outra não é a dicção do artigo 225 da Constituição Federal, que assevera que a coletividade tem o dever de defender e preservar o meio ambiente para as presentes e futuras gerações.

A Função Social da Propriedade e o Meio Ambiente3 STF, MS 22.164, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 17/11/95. No mesmo sentido: RE 134.297, 22/09/95.4 STF, RE 163.231, Rel. Min. Maurício Corrêa, DJ 29/06/01

Ministério Público do Estado de Goiás

O meio ambiente estrela nortense está sendo agredido pelas propriedades que margeiam o Córrego Vargem do Coelho e ali lançam dejetos. Essas propriedades estão, com essas ações, descumprindo a função social da propriedade urbana.

Pelo menos oito vezes o termo “função social” está presente na Constituição Federal de 1988 (arts. 5°, XXIII; 170, III; 173, § 1°, I; 183, caput; 182, § 2°; 184, caput; 185, parágrafo único e 186, II).

O Prof. Leon Duguit já utilizava, em 1920, a expressão “a propriedade é função social indispensável” à sociedade. A solidariedade conduz a esta concepção de propriedade-função social.5

Recentemente, o Código Civil Brasileiro de 2002, abraçado com a Constituição Federal de 1988, asseverou no artigo 1.228, § 1° que “o direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fana, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico(...)”.

Não existe um conflito entre o direito de propriedade e a proteção jurídica do meio ambiente. Os direitos de propriedade e do meio ambiente salubre devem ser compatibilizados.

“Reconhecer que a propriedade tem, também, uma função social é não tratar a propriedade como um ente isolado na sociedade. Afirmar que a propriedade tem uma função social não é transformá-la em vítima da sociedade. A fruição da propriedade não pode legitimar a emissão de poluentes que vão invadir a propriedade de outros indivíduos. O conteúdo da propriedade não reside num só elemento. Há o elemento individual, que possibilita o gozo e o lucro para o proprietário. Mas

5 “Le transformations générales du Droit Prive depuis lê Code Napoleón”, 2ed., Paris, Felix Alcan, 1920

Ministério Público do Estado de Goiásoutros elementos aglutinam-se a esse: além do fator social, há o componente ambiental.”6 (negrito nosso)

No caso em exame, os proprietários estão emitindo poluentes não na propriedade de indivíduos determinados, mas na propriedade de toda coletividade, vale dizer, no meio ambiente que é direito difuso.

Há, nessa situação fática, o conflito entre o direito individual da propriedade, que não está cumprindo sua função social, e o direito difuso ao meio ambiente sadio.

Em um caso similar, o Supremo Tribunal Federal, em voto da lavra do Ministro Celso de Mello afirmou:

“A defesa da integridade do meio ambiente, quando venha este a constituir objeto de atividade predatória, pode justificar atividade estatal veiculadora de medidas – como a desapropriação-sanção – que atinjam o próprio direito de propriedade”7

A função social da propriedade é um princípio que, de forma operante e contínua, emite mensagem para os juízes, legisladores e órgãos da Administração, além de ser dirigido aos próprios proprietários.

O Tribunal de Justiça Gaúcho tem decidido:

“Uso nocivo da Propriedade. Meio Ambiente. Lesão ao Meio Ambiente. É necessário o rigorismo em relação ao infrator das normas que provoca lesão ao meio ambiente, em prejuízo da qualidade de vida humana, principalmente. Cabível a ação sob o rito sumário contra o infrator, pessoa física ou jurídica que age em prejuízo do indivíduo ou grupo, afetando de forma assuntível a harmonia ambiental.”8

Imóveis na Área de Preservação Permanente

6 MACHADO, Paulo A. L., Estudos de Direito Ambiental, cit., p. 1277 MS 22.164-0-SP; 30.10.1995, DJU 17.11.19958 Apelação Cível Nº 195088265, Primeira Câmara Cível, Tribunal de Alçada do RS, Relator: Roberto Expedito da Cunha Madrid, Julgado em 29/08/1995.

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Área de preservação permanente é a área protegida nos termos dos artigos 2° e 3° do Código Florestal, coberta ou não por vegetação nativa, com função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas.

A vegetação (nativa ou não) e a própria área são objeto de preservação não só por si mesmas, mas pelas suas funções protetoras. A área de preservação permanente não é um favor da lei, mas um ato de inteligência social.

Vedação da Lei 6.766/79

A Lei Federal 6.766/79, no artigo 3°, parágrafo único, veda o parcelamento do solo para fins urbanos em zonas urbanas, de expansão urbana ou de urbanização específica, em terrenos alagadiços e sujeitos a inundação, bem como em terrenos onde as condições geológicas não aconselham edificações.

Todas as edificações que margeiam o Córrego Vargem do Coelho foram feitas em brejos, tanto que, em algumas residências, como a que era destinada por lei municipal ao Ministério Público, teve toda a estrutura e o piso comprometidos, já que os mesmos cederam em razão da geologia local.

Mera observação do solo que ladeia o Córrego Vargem do Coelho, feita por um leigo, será suficiente para constatar que a região é alagada e qualquer edificação ali feita correrá o risco de ruir.

Lançamentos de esgotos in natura

Como se bastante não fossem as construções em áreas de preservação permanente, com a conseqüente

Ministério Público do Estado de Goiássupressão da flora protegida pelo Código Florestal, o Município de Estrela do Norte negligenciou também, ao não levar equipamentos urbanos para aquela região.

Vale dizer que, ao permitir que obras fossem erguidas em loteamentos que não encontravam amparo na Lei Federal 6.766/79, o município tinha o dever de adequar aquela área, nos termos da Lei de Parcelamento do Solo Urbano, precisamente artigos 2° e 3°.

Deveria a municipalidade, ante as habitações já edificadas, no mínimo, ter instalado redes e estação de tratamento de esgotos (§ 5°, artigo 2°, Lei 6.766).

Assim não agindo, as casas e comércios daquela região foram obrigados, ante a falta de opção, a lançar esgoto in natura no Córrego Vargem do Coelho.

Responsabilidade da Prefeitura

A responsabilidade da Prefeitura pelas desgraças ambientais aqui relatadas é indubitável.

O Estado (latu senso) é responsável pelos danos provocados por terceiro, já que é seu dever fiscalizar e impedir que tais danos aconteçam.

Essa posição mais se reforça com a cláusula constitucional que impôs ao Poder Público o dever de defender o meio ambiente e de preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

Vejamos:

“AÇÃO CIVIL PÚBLICA - Dano ambiental - Ocupação irregular de área de preservação permanente - Manguezal - O controle do uso, parcelamento e ocupação do solo é competência do Município - Inteligência do art. 225 c/c art. 30, VIII, da CF -

Ministério Público do Estado de GoiásInduvidosa responsabilidade do Município - Recurso não provido.”9

A Administração Municipal tem o dever de sanar os problemas que alimentou, quais sejam, permitir que fossem feitas construções em áreas de preservação permanente e não corrigir os problemas ambientais que estas ocasionaram. Vejamos:

“RECURSO ESPECIAL. DIREITO URBANÍSTICO. LOTEAMENTO IRREGULAR. MUNICÍPIO. PODER-DEVER DE REGULARIZAÇÃO.

1. O art. 40 da lei 6.766/79 deve ser aplicado e interpretado à luz da Constituição Federal e da Carta Estadual.

2. A Municipalidade tem o dever e não a faculdade de regularizar o uso, no parcelamento e na ocupação do solo, para assegurar o respeito aos padrões urbanísticos e o bem-estar da população.

3. As administrações municipais possuem mecanismos de autotutela, podendo obstar a implantação imoderada de loteamentos clandestinos e irregulares, sem necessitarem recorrer a ordens judiciais para coibir os abusos decorrentes da especulação imobiliária por todo o País, encerrando uma verdadeira contraditio in terminis a Municipalidade opor-se a regularizar situações de fato já consolidadas.

4. A ressalva do § 5º do art. 40 da Lei 6.766/99, introduzida pela lei 9.785/99, possibilitou a regularização de loteamento pelo Município sem atenção aos parâmetros urbanísticos para a zona, originariamente estabelecidos. Consoante a doutrina do tema, há que se distinguir as exigências para a implantação de loteamento das exigências para sua regularização. Na implantação de loteamento nada pode deixar de ser exigido e executado pelo loteador, seja ele a Administração Pública ou o particular. Na regularização de loteamento já implantado, a lei municipal pode dispensar algumas exigências quando a regularização for feita pelo município.

9 Apelação Cível 2088335/6-00, Guarujá, TJSP;

Ministério Público do Estado de Goiás5. O Município tem o poder-dever de agir para

que o loteamento urbano irregular passe a atender o regulamento específico para a sua constituição.

6. Se ao Município é imposta, ex lege, a obrigação de fazer, procede a pretensão deduzida na ação civil pública, cujo escopo é exatamente a imputação do facere, às expensas do violador da norma urbanístico-ambiental.

5. Recurso especial provido.”10

A única forma de se devolver a Estrela do Norte o Córrego Vargem do Coelho e sua vegetação natural será removendo as edificações feitas na área non aedificandi.

Para tanto, o Direito Administrativo apresenta o instrumento da Desapropriação Indireta, utilizável neste caso:

"A jurisprudência vem firmando o entendimento de que as restrições de uso de propriedade particular, impostas pela administração para fins de proteção ambiental, constituem desapropriação indireta, devendo a indenização ser buscada mediante ação de natureza real, cujo prazo prescricional é vintenário"11

Por essa opção, a Prefeitura Municipal desapropriaria os imóveis ali edificados, indenizando os proprietários, até porque a própria Administração Municipal deu causa direta a essa situação ao permitir que ali fossem feitas construções.

Demolição das edificações

10 REsp 448216 / SP ; Ministro LUIZ FUX (1122); DJ 17.11.2003 p. 20411 STJ – 1a Turma, Resp 307.535 – SP, rel. Min. Francisco Falcão, j. 12.3.02, negaram provimento, v.u., DJU 13.5.02, p.156

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Não tendo a Prefeitura agido dessa forma, em tempo, a solução possível é o Judiciário, em caráter substitutivo, tutelar o meio ambiente e, de forma indireta, toda coletividade, determinando a retirada das casas e estabelecimentos comerciais ali edificados, para que sejam recompostos o Córrego Vargem do Coelho e a vegetação que o protege, retornando o meio ambiente afetado ao estado primitivo.

Assim:

“Direito Administrativo e Processual Civil – Ação Civil Pública – Dano ao Meio Ambiente – Loteamento irregular – Indeferimento de inspeção judicial – Inexistência de cerceamento de defesa – Prova afeta à discricionariedade do juiz – Preliminar rejeitada – Violação dos direitos dos adquirentes dos lotes – Prejuízo Ambiental – Dever de Reparar consistente na recomposição da área de preservação permanente no estado primitivo – Sentença Mantida – Recurso Desprovido.”12

No mesmo sentido:

“Ação Civil Pública – Construções em área non aedificandi – Demolição para proteção ao meio ambiente – Procedência do Pedido – Sentença Confirmada.

(...) Havendo limitação ao direito de construir em área de preservação permanente e declarada non aedificandi, qualquer obra clandestina (entendendo-se por tal a que for feita sem prévia aprovação do projeto ou sem alvará de licença) deve ser imediata e sumariamente embargada pela Administração que pode, na esfera de seu poder de polícia, efetivar sua demolição.

A tolerência com edificações clandestinas em áreas de preservação permanente fará com que, estimulados pelo uso de meios retardatários da execução demolitória, as violências contra o meio ambiente sejam perpetradas, em prejuízo de toda a comunidade”13

12 Apelação Cível nº 1.0079.00.027194-4/001, 2ª Câmara Cível do TJMG, Contagem, Rel. Brandão Teixeira. j. 23.03.2004, unânime, Publ. 16.04.2004)13 AI 96.001089-0, Capital, Dês. Eder Graf, TJSC

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Ainda:

“A demolição de obra clandestina levantada em área de preservação permanente não acarreta direito a qualquer reparação ou indenização, nem fere o direito à igualdade em face de outras eventuais clandestinidades, pois todos são iguais perante a lei para cumpri-la e por ela serem tutelados, jamais para descumpri-la.”14

Demolição x Direito de Propriedade

Poder-se-ia levantar o argumento de que a demolição desses imóveis esbarraria no direito de propriedade assegurado no art. 5°, inc. XXII e 170, III e VI da Constituição Federal de 1988.

Ocorre que a propriedade não consta como, simplesmente, um direito e uma garantia individual. Inexiste, constitucionalmente, apoio para a propriedade que agrida a coletividade, que fira os direitos de outros cidadãos.

Nesse sentido é da jurisprudência:

“Ação Civil Pública Ambiental – Construção irregular à margem de Córrego – Ausência de licença e de efetiva fiscalização por parte da municipalidade de São José dos Campos – Inteligência do art. 2° da Lei 4.771/65 – Ilegalidade e irregularidade constatadas. Ação Julgada Procedente.”15

Reparação do Dano

14 Ap. Cível 98.000924-3, 3 Câm. Civil do TJSC, Florianópolis, j 27.10.1998, unânime.15 TJSP, Revisão 214.445.5/4-00, Rel. Wanderley José Federighi

Ministério Público do Estado de GoiásPreleciona o art. 14, § 1º16, da Lei Federal

6.938/81, que a responsabilidade do causador de dano ambiental é objetiva, vale dizer, não se perquirirá o elemento subjetivo da conduta do poluidor. A inteligência pretoriana reafirma:

“DANO AO MEIO AMBIENTE - RESPONSABILIDADE OBJETIVA.

1. "A responsabilidade civil por danos causados ao meio ambiente, porque objetiva, independe da existência de culpa (Lei nº 6.938/81, art. 14, parágrafo 1º, c/c art. 4º, VII). Aquele que cria o risco deve reparar os danos advindos de seu empreendimento. Basta, assim, a prova do dano, da ação ou omissão do causador e a relação de causalidade" (APC 52.443/99).

2. Recurso desprovido. Unânime.”17

Provada a ação degradadora dos réus bem como as conseqüências ambientais dessas ações, restam aos mesmos recuperar o meio ambiente agredido, bem como indenizar os demais munícipes.

Diz o § 2° do artigo 225 da Constituição Federal que aquele que causar danos ambientais deverá recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com a solução técnica exigida pelo órgão público competente.

A solução técnica, neste caso, já foi apontada pelo próprio laudo ambiental do Ministério Público, conforme ressai de fls. 64 do Inquérito Civil Público que acompanha essa ação, qual seja, a retirada das edificações existentes na área de preservação permanente.

16 “Lei 6938/81 Art. 14 § 1º: Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente de existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal por danos causados ao meio ambiente.” 17 TJDFT, 5. T. Cível, Ap. Cível, n. proc.: 2001011007453-7

Ministério Público do Estado de GoiásA mera retirada não terá o condão de fazer

com que o meio ambiente degradado volte à forma original, virgem.

Necessário também a despoluição do Córrego Vargem do Coelho, o replantio da vegetação suprimida com espécies próprias a serem apontadas por um corpo técnico ambiental.

Por óbvio que, mesmo se reparando o solo e os recursos hídricos já degradados, os mesmos nunca ficarão absolutamente idênticos ao que eram antes das condutas dos réus.

Ademais, durante todos esses anos de atividades poluentes, várias pessoas deixaram de usufruir do Córrego Vargem do Coelho e de sua vegetação marginal, além das outras tantas que, de alguma forma foram contaminadas pelos dejetos ali jogados.

Assim, os danos já sofridos e que não mais poderão ser reparados, deverão ser indenizados.

Medida Liminar

É fato notório nesta cidade, que construções estão sendo iniciadas na área de preservação permanente, principalmente em lotes situados nos fundos da Casa Legislativa Municipal.

Assim, medida imediata deve ser tomada no sentido de se paralisar as obras iniciadas ali, bem como impedir que novas se iniciem.

“A tarefa da defesa do meio ambiente alcança níveis notáveis de eficiência quando desenvolvida de forma a prevenir a ocorrência de danos futuros”.18

18 ÁVILA, Elaine Taborda de. Paralisação de atividades preparatórias para sua implantação. In: "Revista de Direito Ambiental", ano 3, nº 13, dez/1988-jan/1999, p. 159-164

Ministério Público do Estado de Goiás

A degradação promovida pelas ações dos proprietários dos imóveis aqui em questão, juntamente com a omissão da Prefeitura de Estrela do Norte, que, ciente da clandestinidade das obras e de que toda a cidade lança dejetos orgânicos no Córrego Vargem do Coelho, resta suficientemente provada no Inquérito Civil Público que lastreia esta peça vestibular.

Faz-se necessário, agora, medida drástica em defesa do meio ambiente agredido.

Imprescindível a cessação imediata do lançamento de esgoto e outros dejetos, sem tratamento, no Córrego Vargem do Coelho, inclusive sendo desnecessária a justificação prévia para a concessão dessa medida liminar de não fazer (arts. 11 e 12 da Lei Federal n. 7.347/85).

O perigo da demora de uma prestação jurisdicional definitiva ressai do fato de que, a cada crepúsculo, o Córrego Vargem do Coelho “morre um pouquinho mais” em conseqüência do lixo que recebe.

Igualmente a plausibilidade do pedido liminar emerge do conjunto probante em cotejo com os dispositivos legais, mormente constitucionais, já analisados, não sendo crível qualquer justificativa que o Município de Estrela do Norte possa apresentar.

Nesse sentido a jurisprudência:

“AÇÃO CIVIL PÚBLICA - MEIO AMBIENTE - PERICULUM IN MORA E FUMUS BONI IURIS - CARACTERIZAÇÃO - LIMINAR INDEFERIDA - INADMISSIBILIDADE - AGRAVO PROVIDO - DECISÃO UNÂNIME.

Tratando-se de Ação Civil Pública Ambiental onde a plausibilidade do direito invocado e o perigo de dano irreparável ou de difícil reparação venham estampados de pronto, a concessão da liminar é medida imperiosa.”19

19 TJ-MT, 3 Cam. Cível. Agr. Instr.

Ministério Público do Estado de GoiásAssim, necessária a concessão de medida

liminar consistente em:

• Proibir quaisquer construções nos 30 (trinta metros) laterais do Córrego Vargem do Coelho;

• Paralisar imediatamente as obras já iniciadas na Área de Preservação Permanente referida no item anterior;

• Determinar que a Prefeitura Municipal de Estrela do Norte não permita que efluentes domésticos sejam lançados in natura no curso d’água em questão, sob pena de pagamento de multa diária pelo descumprimento, nos moldes da Lei 7.347/85, art. 12, concedendo-se ao ente público municipal o prazo de 30 dias para solucionar a questão, a partir de quando fluirá a multa;

• Determinar que a Prefeitura Municipal de Estrela do Norte faça o levantamento, no prazo de 02 (dois) meses, de todos os imóveis construídos em área non aedificandi, apresentando croqui do local com a distância do Córrego Vargem do Coelho e a época (com base em documentação cartorária) da edificação, vale dizer, se antes ou depois 15 de setembro de 1965 (Lei 4.771). Nesse sentido, a jurisprudência é firme quanto a possibilidade de concessão de liminar:

“AÇÃO CIVIL PÚBLICA - PARCELAMENTO DE SOLO E LOTEAMENTO IRREGULARES EM ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL.

Concessão de liminar a fim de que a Municipalidade ré realize levantamento dos imóveis situados no local. Liminar inserida nas atribuições constitucionais

Ministério Público do Estado de Goiásdo Município de preservação, proteção e recuperação do meio ambiente natural e do meio ambiente urbano, preservando a segurança e saúde de seus moradores - Art. 30, VIII, da CF. - Agravo de instrumento desprovido.”20

P E D I D O S

Ante a consistência das provas que lastreiam esta peça vestibular, pleiteia o Ministério Público a citação de todos os réus para responderem esta Ação Civil Pública Ambiental, sob pena de revelia e suas conseqüências jurídicas.

Pugna pela concessão das medidas liminares nos termos da lei 7.347/85, art. 12, sob cominação da multa diária que poderá ser estabelecida conforme os parâmetros do artigo 14, I, da Lei nº 6.938/81 no valor de 10.000 (dez mil) UFIRs, nos termos explanados no item anterior.

Requer:

• A remoção, às custas da Prefeitura Municipal de Estrela do Norte, de todas as edificações localizadas na área de preservação permanente em questão, com o conseqüente encaminhamento das famílias que habitam a região para locais condignos;

• A demolição de todas as construções existentes na área de preservação

20 TJ-SP; AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 315.668.5/8; da Comarca de DIADEMA.

Ministério Público do Estado de Goiáspermanente as custas da Prefeitura Municipal de Estrela do Norte;

• Seja a Prefeitura Municipal de Estrela do Norte condenada a restabelecer ao status quo ante, a fauna, flora, água e solo degradados com as edificações em epígrafe;

• Seja a Prefeitura condenada a indenizar por danos morais e materiais todos os habitantes de Estrela do Norte que se sentiram violados com a lesão ao meio ambiente, devendo o valor ser quantificado no final da presente ação;

• Caso haja alguma edificação que não possa ser removida, sejam tomadas todas as providências indicadas pelo órgão ambiental para que o impacto seja minimizado;

• A condenação da Prefeitura de Estrela do Norte consistente na obrigação de não lançar nem permitir que terceiros lancem dejetos sem tratamento em qualquer curso d’água desta cidade, mormente o Córrego Vargem do Coelho;

• Seja oportunizado ao parquet a produção de todas as prova legítimos e lícitos pertinentes a essa ação.

Dá-se a causa, para fins meramente fiscais, o valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais).

Estrela do Norte, 29 de agosto de 2005.

Ministério Público do Estado de Goiás

Carlos Vinícius Alves RibeiroPROMOTOR DE JUSTIÇA