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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Município de Santarém/PA EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE SANTARÉM - ESTADO DO PARÁ O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, oficiando no feito o Procurador da República infra subscrito, com fulcro nos artigos 127, caput; 129, II e III; 196; 203, I e IV e 230, todos da Lei Maior e artigo 5º, V, “a”, da Lei Complementar n.º75/93, tudo em harmonia com as disposições da Lei n.º7.347/85, com redação dada pela Lei n.º 8.078/90, vem promover AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA em face de: Av. Barão do Rio Branco,252 - Centro - CEP. 68.005-310 -Fone/Fax (93)523-2651- e-mail: [email protected] - Santarém/PA

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DA ... · Web viewRT, pg. 83) No suporte dessa responsabilidade comparece novamente a Constituição Federal, estabelecendo em seu art. 37, 6º,

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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALProcuradoria da República no Município de Santarém/PA

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE SANTARÉM - ESTADO DO PARÁ

O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, oficiando no feito o Procurador

da República infra subscrito, com fulcro nos artigos 127, caput; 129, II e III; 196; 203,

I e IV e 230, todos da Lei Maior e artigo 5º, V, “a”, da Lei Complementar n.º75/93,

tudo em harmonia com as disposições da Lei n.º7.347/85, com redação dada pela

Lei n.º 8.078/90, vem promover

AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA

em face de:

UNIÃO, pessoa jurídica de direito público interno, representada por seu

Procurador – Seccional da União, Dr. José Mauro Lima Ó de Almeida, situado na

Travessa Dom Amando, n.º722, bairro Santa Clara, nesta cidade;

Av. Barão do Rio Branco,252 - Centro - CEP. 68.005-310 -Fone/Fax (93)523-2651- e-mail: [email protected] - Santarém/PA

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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

VIAÇÃO AÉREA RIO-GRANDENSE – VARIG, pessoa jurídica de

direito privado, com domicilio na Avenida Rui Barbosa, n.º786, Centro, fone (93) 522-

2138, nesta cidade;

TAM LINHAS AÉREAS S/A, pessoa jurídica de direito privado, com

domicílio na Avenida Mendonça Furtado, n°913, Centro, fone (93) 523-

9450/9451/9453, nesta cidade, e

MUNICÍPIO DE SANTARÉM, pessoa jurídica de direito público interno,

representada por seu Procurador-Chefe, Dr.Jéferson Brito, com endereço

profissional na Av. Anysio Chaves, 853, Aeroporto Velho, fone (93) 523-2788/522-

4974, nesta cidade.

I – DO OBJETO DA PRESENTE DEMANDA

A ação em epígrafe objetiva assegurar o direito constitucional à

integração social e à saúde de idosos e portadores de deficiência carentes - mais

especificamente quanto ao seu transporte, em especial havendo necessidade de

atendimento médico hospitalar - com amparo na Constituição Federal e nas Leis

n°8.899/94 e n°10.741/2003.

Com efeito, consoante o inarredável comando constitucional, resta

garantido aos idosos e aos portadores de deficiências tanto a saúde quanto a

integração social, devendo o Estado garantir todos os instrumentos necessários ao

pleno exercício desses direitos. Nesse diapasão, inegável o direito de amplo acesso

aos meios de transporte para o deslocamento ao trabalho, ao lazer, às atividades de

tratamento médico, enfim, com efetiva guarida à verdadeira integração social.

Destarte, concretizando o imperativo constitucional, as Leis n°8.899/94

e n°10.741/2003 engendraram o “PASSE LIVRE”, i.e., instituto que assegura a

gratuidade de transporte no sistema coletivo intraestadual e interestadual aos idosos

e portadores de deficiência carentes. Por oportuno, ressalte-se que as mencionadas

leis, e com mais autoridade a Lex Matter, em qualquer momento, restringem a

referida garantia aos transportes terrestres e aquáticos, o que somente é feito – Av. Barão doRio Branco, 252 - Centro - CEP. 68.005-310 -Fone/Fax (93) 523-2651- e-mail: [email protected] - Santarém/PA 2

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frise-se: contra legem e contra constituitioni – por meio de reles portaria e decreto

(Portaria Interministerial n°3 de 2001 e Decreto n°5.130/2004).

II – DA LEGITIMIDADE ATIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

A Constituição Federal de 1988, ao definir o Ministério Público como

instituição permanente, essencial a função jurisdicional do Estado, incumbiu-lhe a

defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e

individuais indisponíveis (art. 127). Nesse escopo, foram estabelecidas suas funções

institucionais no artigo 129, destacando-se:

“(...)

II – zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia;

III – promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e

de outros interesses difusos e coletivos;”

Pari passu, a legislação infraconstitucional, por meio da Lei da Ação

Civil Pública (Lei nº7.347/85), ampliada pela Lei nº8.078/90 e roborada pela Lei

Complementar nº75/93 (Lei Orgânica do Ministério Público da União), comete ao

Parquet a proteção, prevenção e reparação de danos ao meio ambiente, ao

consumidor, aos bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e

paisagístico, e outros interesses difusos, coletivos, individuais indisponíveis e

individuais homogêneos.

Delimitando o tema, o mestre HUGO NIGRO MAZZILLI define:

“O Ministério Público está legitimado à defesa de qualquer interesse difuso, pelo seu grau de dispersão e abrangência”, em “A DEFESA DOS INTERESSES DIFUSOS EM JUÍZO”, 9ª ed., Saraiva, 1997, pg.32.

E logo adiante, arremata:Av. Barão doRio Branco, 252 - Centro - CEP. 68.005-310 -Fone/Fax (93) 523-2651- e-mail: [email protected] - Santarém/PA 3

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“O interesse de agir do Ministério Público é presumido. Quando a lei lhe confere legitimidade para acionar ou intervir, é porque lhe presume interesse. Como disse Salvatore Satta, o interesse do Ministério Público é expresso pela própria norma que lhe consentiu ou impôs a ação.

(...)

“Quando a lei confere legitimidade de agir ao Ministério Público, presume-lhe o interesse de agir, pois está identificado por princípio como defensor dos interesses indisponíveis da sociedade como um todo.” (grifo próprio)

Na percuciente lição de NELSON NERY JÚNIOR, “sempre que se

estiver diante de uma ação coletiva, estará presente aí o interesse social, que legitima a intervenção e a ação em juízo do Ministério Público” – grifo próprio -

(em “AÇÃO CIVIL PÚBLICA”, coordenação de Édis Milaré, RT, 1995, pg.366).

Prossegue o renomado autor:

“De conseqüência, toda e qualquer norma legal conferindo legitimidade ao Ministério Público (CF 129 IX) para ajuizar ação coletiva, será constitucional porque é função institucional do Parquet a defesa do interesse social (CF 127 caput).

(...)

Como o art. 82, inc.I, do CDC confere legitimidade ao MP para ajuizar ação coletiva, SEJA QUAL FOR O DIREITO A SER DEFENDIDO NESSA AÇÃO, haverá legitimação da instituição para agir em juízo. O art. 81, parágrafo único, do CDC diz que, a ação coletiva poderá ser proposta para a defesa de direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos (incs. I e III).

(...)

O argumento de que ao MP não é dada a defesa de direitos individuais disponíveis não pode ser acolhido porque em desacordo com o sistema constitucional e do CDC, que dá tratamento de interesse social à defesa coletiva em juízo.” (ob. cit., pg.366)

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Por sua vez, a Lei n.º7.853, de 24/10/1989, ao disciplinar as funções do

Ministério Público, no que tange a proteção dos direitos das Pessoas Portadoras de

Deficiência, bem como sua integração social, dispõe em seu art. 3º que:

“As ações civis públicas destinadas à proteção de interesses coletivos ou difusos das pessoas portadoras de deficiência poderão ser propostas pelo Ministério Público,

pela União, Estados, Municípios e Distrito Federal; por

associação constituída a mais de 1 (um) ano, nos termos da lei

civil, autarquia pública, fundação ou sociedade de economia

mista que inclua, entre suas finalidades institucionais, a

proteção das pessoas portadoras de deficiência.”

A legitimidade do Ministério Público Federal vem ainda assegurada

pela Lei de Ação Civil Pública (Lei n.º7.347/85), que reza:

“Art. 1º - Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo

da ação popular, as ações de responsabilidade por danos

morais e patrimoniais causados:

(...)

II – ao consumidor;

IV – a qualquer outro interesse difuso ou coletivo.”

“Art. 21 – Aplicam-se à defesa dos direitos e interesses difusos,

coletivos e individuais, no que for cabível, os dispositivos do

Título III da Lei n.º8.078, de 11 de setembro de 1990, que

institui o Código de Defesa do Consumidor.”

Salienta-se que o Título III do Código de Defesa do Consumidor –

diploma em perfeita simbiose com a Lei de Ação Civil Pública –cujos artigos 81 a

104 definem os interesses ou direitos coletivos como sendo transindividuais, de

natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base (art. 81,

parágrafo único, inciso II). Ademais, dispõe o artigo 82:Av. Barão doRio Branco, 252 - Centro - CEP. 68.005-310 -Fone/Fax (93) 523-2651- e-mail: [email protected] - Santarém/PA 5

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“Para os fins do art. 81, parágrafo único, são legitimados concorrentemente:

I – o Ministério Público;”

Quanto à tutela aos idosos, dispõe o art.74 da Lei nº10.741/2003, in

verbis:

“Art. 74. Compete ao Ministério Público:

I – Instaurar o Inquérito Civil e a Ação Civil Pública para a proteção dos interesses e direitos difusos e coletivos,

individuais indisponíveis e individuais homogêneos do idoso;

II – omissis

III – atuar como substituto processual do idoso em situação de

risco, conforme o disposto no art. 43 desta lei;”

O art. 52 do Estatuto do Idoso discorre acerca da fiscalização das

entidades governamentais e não-governamentais pelo Ministério Público quanto aos

direitos dos idosos. Outrossim, imprescindível repisar os artigos 5º e 6º da Lei

Complementar n.º75/93 – Lei Orgânica do Ministério Público da União – que também

consagram expressamente essa legitimidade.

Preconiza, ainda, o art. 129, I, da CF/88, ser função institucional do

Ministério Público zelar pelo efetivo respeito aos serviços de relevância pública. Não se pode negar que um dos cernes dos serviços de relevância pública constitui a

proteção do direito à vida, com suporte básico e indissociável no direito à saúde,

estabelecido no caput do art. 5º do atual Estatuto Supremo. Ainda, impõe-se gizar

que o direito à gratuidade no transporte de idosos e portadores de deficiência

carentes é indivisível (o direito é de todos os que se enquadrem naquela

qualificação), titularizado por um grupo de pessoas (idosos e portadores de

deficiência), ligados com o Estado por uma relação jurídica básica (soberania), ou

seja, trata-se de indiscutível interesse trasindividual (interesse coletivo).

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Destarte, inequívoca a legitimação do Ministério Público para promover

a tutela sobre os serviços relacionados à saúde e à integração social de deficientes

e idosos carentes, dentre eles o transporte desses hipossuficientes, conforme

manifestações dos Tribunais Superiores:

“O campo de atuação do MP foi ampliado pela Constituição de 1988, cabendo ao parquet a promoção do inquérito civil e da ação civil pública para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos, sem a limitação imposta pelo art. 1º da Lei 7.347/85.” (RESP. nº. 31.547-9/SP, STJ, Resp. 67.148-SP, un., Rel. Min. Adhemar Maciel, Dj 4.12.95, pg. 42.148, in Infom. Saraiva n.º 8).

Diante do exposto, o Ministério Público Federal se encontra

totalmente legitimado e, mais tecnicamente, vinculado a defender o direito ora

pleiteado, visto positivar com a presente ação os comandos constitucionais e legais,

bem como resguardar um pretendido e verdadeiro Estado Democrático e Social de

Direito.

III - DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL

Preceitua o art. 109, inciso I, do Estatuto Supremo, que compete aos

juizes federais processar e julgar as causas que a União for interessada na condição

de autora, ré, assistente ou oponente.

Na presente ação, dentre outros pedidos, requerer-se a condenação da

União, bem como de outras pessoas: Município de Santarém, TAM e Varig, na

OBRIGAÇÃO DE FAZER, consistente em implementar o sistema de passe livre no transporte aéreo interestadual para as pessoas portadoras de deficiência e

idosos comprovadamente carentes, mormente quando vinculado a um tratamento médico especializado, inexoravelmente ligado às atribuições do Sistema Único de

Saúde (SUS), pois é dever do Estado assegurar o acesso universal e igualitário às

ações e serviços para a promoção, proteção e recuperação da saúde (art.196 da

CF).

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Em consonância com a preceituação constitucional contida no art. 109,

I, a jurisprudência do Tribunal Regional Federal da 1ª Região não tem transigido com

a fixação de competência na Justiça Federal quando a quaestio juris envolve

desdobramentos concernentes ao Sistema Único de Saúde:

“Com a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), a União descentralizou seus serviços médicos, hospitalares, ambulatoriais e assistenciais - que continuam sendo seus - e transferiu recursos para os Estados para a cobertura das despesas, continuando, pois, a ter interesse direto no bom desempenho dos mesmos”. (HC 94.01.25699-3/PI, Rel. Juiz Tourinho Neto, 3ª T., dec.28.9.94, DJ 2 de 17.10.94, pg.58.782)

No magistério do Juiz Federal VLADIMIR SOUZA CARVALHO, “ação civil pública deve ser proposta perante o juiz do local do dano. Presente o interesse da União e existindo Vara Federal no local, é desta última a competência para processar e julgar a causa” (Juiz Silveira Bueno, AI 6261-

SP,Bol.n. 193, pg. 68, TRF 3ª Região - COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL, 2ª

ed., Juruá, 1995, pg. 88)

Nada despiciendo repisar que, em razão do comando insculpido no

art.198 da Constituição da República, a União, por meio do SUS, descentralizou

seus serviços médicos, hospitalares, ambulatoriais e assistenciais para os

municípios, dentre eles o Município de Santarém, entretanto manteve sua

titularidade. Com efeito, o Ministério da Saúde (União) repassa verbas federais para

o Município de Santarém, via Secretaria de Saúde, para a manutenção do SISTEMA

ÚNICO DE SAÚDE, motivo pelo qual o Município, como executor direto das políticas

públicas relativas à saúde em Santarém, é arrolado no pólo passivo da presente

Ação Civil Pública.

Espancando qualquer dúvida, por ventura, existente quanto à

competência da Justiça Federal para apreciar a matéria, muito arguta a colocação

do ilustre Desembargador Federal da 4ªRegião, João Pedro Gebran Neto, de que

compete à União (art.21, XII, da CF) explorar, diretamente ou mediante autorização,

concessão ou permissão, a navegação aérea, “(...) sendo serviço público federal

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delegado, o que atrai a competência para a Justiça Federal, a teor do disposto no

art.109, da Constituição Federal.”

IV – DOS FATOS E DO DIREITO

Em 1994, foi promulgada a Lei n.º 8.899, de 29 de junho (publicada no

DOU de 30.06.1994), que concede às pessoas portadoras de deficiência carentes no sistema de transporte coletivo interestadual o direito ao passe livre:

“Art. 1º - É concedido passe livre às pessoas portadoras de

deficiência, comprovadamente carentes, no sistema de

transporte, coletivo interestadual.

Art. 2º - O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de

noventa dias a contar de sua publicação.”

A novel Lei nº10.741/2003 assegura aos idosos, em seu art.2º,

“todas as oportunidades e facilidades para preservação de sua saúde física e mental”. No mesmo diapasão, o art.3º, I, garante, ainda aos idosos, a prioridade no atendimento preferencial imediato junto aos órgãos públicos e privados prestadores de serviços à população.

Nessa esteira, o art. 40, ainda do Estatuto do Idoso, prescreve,

in verbis:

“Art. 40. No sistema de transporte coletivo interestadual observar-se-á, nos termos da legislação específica:

I – a reserva de 2 (duas) vagas gratuitas por veículo para idosos com renda igual ou inferior a 2 (dois) salários mínimos” – grifo próprio

Estes dispositivos visam estender ao sistema de transporte coletivo

interestadual e internacional o benefício de que já gozam os portadores de

deficiência e idosos no sistema de transporte municipal. No entanto, a despeito do

prazo de noventa dias fixado pelo art.2º, da Lei n.º8899/94, tal foi regulamentada

somente em 10.04.2001, por meio da Portaria Interministerial n.º003/2001, contudo, Av. Barão doRio Branco, 252 - Centro - CEP. 68.005-310 -Fone/Fax (93) 523-2651- e-mail: [email protected] - Santarém/PA 9

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restrita aos modais AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO e RODOVIÁRIO, QUEDANDO-

SE INERTE QUANTO AO TRANSPORTE AÉREO. E, baseados na suposição de

que essa regulamentação seria indispensável para a eficácia da norma, o Poder

Público Federal e as empresas de transporte aéreo interestadual (rés) até hoje

frustam o direito das pessoas portadoras de deficiência e, mais hodiernamente, dos

idosos ao passe livre.

Dando cumprimento a sua missão institucional, o Ministério Público

Federal em Santarém instaurou o Procedimento Administrativo nº

1.23.002.000069/2003-14, para verificar o efetivo cumprimento da Lei nº8.899/94 no

que tange ao passe livre no transporte aéreo interestadual, para as pessoas deficientes e idosas, comprovadamente carentes.

Ressalta-se, por oportuno, que o serviço de transporte aéreo inter e

intraestadual, quando indispensável para a efetivação do superior direito à vida,

especificamente por meio de tratamento de saúde fora do domicílio, quando inexistir

especialista no Município de Santarém, revela-se impreterível e obrigatório para

todos os concessionários de serviços públicos de transporte, tal como o aéreo.

Na mesma linha, sendo o município o gestor do Sistema Único de

Saúde, administrando os recursos federais na proteção e reparação da saúde

pública, torna-se interessado no deslinde da presente demanda. Em verdade, mais

do que mero interessado, o Município de Santarém se mostra legitimado no pólo

passivo da presente Ação Civil Pública, visto ser notaria a inexistência de uma

política de prioridade no tratamento de idosos e portadores de deficiências,

enfatizando-se a falta de qualquer anúncio ou aviso nos meios de comunicação e

mesmo nos próprios Postos de Saúde ou Hospitais Municipais. Por fim, sublinhe-se

que tampouco há qualquer serviço diferenciado no tocante à saúde dos idosos ou

portadores de deficiência, conforme mandamento legal.

Retomando o tema, repisa-se que a União apenas regulamentou o

passe livre para os transportes interestaduais nos modais aquaviário, ferroviário e

rodoviário, quedando silente quanto ao transporte aéreo, imprescindível na região

norte do Brasil, em especial no oeste paraense (Portaria Interministerial n°3 de 2001 Av. Barão doRio Branco, 252 - Centro - CEP. 68.005-310 -Fone/Fax (93) 523-2651- e-mail: [email protected] - Santarém/PA 10

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e Decreto n°5.130/2004). Nesse ponto, a timidez do Executivo deve ser interpretada

como verdadeira ilegalidade, em face do pertinente e inarredável brocardo jurídico

de que não se admite ao administrador restringir, onde a própria lei não o fez.

Mais uma vez, nada obstante a alvissareira normatização, o Executivo

foi deveras tímido e, por que não dizer, negligente, restringindo ilegalmente o direito

conferido pelo Legislativo. Muito bem anda a doutrina ao apregoar que, em termos

de direitos constitucionais, não cabe ao administrador, muito menos ao intérprete,

restringir sua amplitude quando a lei e a constituição não o fizeram. Nas irretocáveis

palavras do mestre lusitano J.J.Gomes Canotilho, é a concretização do princípio

hermenêutico da Máxima Efetividade das Normas Constitucionais. Nesse

sentido, a acanhada portaria somente regulou, de maneira expressa, a gratuidade

dos transportes nos modais aquaviário, ferroviário e rodoviário, quedando-se omissa

quanto ao transporte aéreo, o que não o excluiu do âmbito da garantia

constitucional.

Em virtude da timidez regulamentar, baseados em uma estrábica

compreensão jurídica de prevalência de reles atos administrativos (portaria

interministerial e decreto) em detrimento de leis (Leis n.º 8.899/94 e nº 10.741/2003)

e, mais gravemente, da própria Lei Fundamental, reitera-se, ao cansaço, que os

réus persistem vilipendiando direitos fundamentais.

Ademais, despautério argumentar-se que a expressão “transporte coletivo interestadual” não englobe a via aérea, pois tanto no prisma jurídico como semântico, dúvida não resta de que a interpretação restritiva se revela

incabível. De fato, o Novo Código Civil, ao tratar do contrato de transporte, definiu-o

como o instrumento pelo qual alguém se obriga, mediante retribuição, a transportar

de um lugar para outro pessoas ou coisas, inexistindo qualquer restrição quanto à

espécie de veículo a ser utilizado. O serviço de transporte aéreo não se enquadra

exatamente nessa definição???

A conceituação constitucional de serviço de “transporte intermunicipal e

interestadual”, a despeito de pertinente ao ICMS (art.155, II), vem muito a calhar no

caso em testilha, compreendendo, segundo o mestre Roque A. Carrazza, “o levado Av. Barão doRio Branco, 252 - Centro - CEP. 68.005-310 -Fone/Fax (93) 523-2651- e-mail: [email protected] - Santarém/PA 11

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a cabo por via aérea, marítima, lacustre, fluvial ou hidroviária (...) prestada por

qualquer tipo de veículo: automóvel, caminhonete, barco e avião (...)” – grifo

próprio.

Nesse ponto, parece irrelevante se o serviço aéreo, ordinariamente, é

usufruído apenas por cidadãos mais abastados em virtude do elevado preço das

passagens, decorrente da comodidade, qualidade e agilidade que proporciona. O

fato é que, não sendo oportunizado o direito de gozar do direito fundamental à

saúde, resta atingido o princípio – elevado pelo constituinte originário como axioma

do Estado Brasileiro – da dignidade da pessoa humana, pois um indivíduo titular

de direitos sem operatividade equivale a uma pessoa sem um mínimo de direitos,

afetado em sua dignidade enquanto ser humano.

A comunidade que poderia e deveria se beneficiar do passe livre já há

uma década, continua privada de seu direito pela letargia do Poder Executivo

Federal, frise-se: sem nenhuma expectativa de que o benefício venha a ser

implementado.

Por relevante, ressalta-se que o passe livre não constitui mero privilégio das pessoas portadoras de deficiência e idosos carentes, todavia verdadeira concretização da tão propalada isonomia material. Com efeito, a

expressiva população de portadores de deficiência (estimados pela ONU em 10% da

população mundial) encontra, evidentemente, adicionais dificuldades para o

exercício de seu direito à liberdade de ir e vir, exigindo-se, pois, a adoção de

políticas públicas e privadas conferindo-lhes tratamento especial e propiciando

efetiva igualdade material de condições de vida em sociedade.

No mesmo passo, o IBGE, no último censo, estimou os idosos em

cerca de que 09% do total da população brasileira, i.e., mais de um milhão e

trezentas e cinqüenta mil pessoas. Todo esse contingente de hipossuficientes –

portadores de deficiência e idosos – em homenagem ao princípio da isonomia

material e do verdadeiro Estado Democrático e Social de Direito, por óbvio, merece

especial atenção. Ao longo das décadas, o Estado Brasileiro, constitucionalmente

desenhado como assistencialista, vem olvidando de sua incumbência de cuidar de Av. Barão doRio Branco, 252 - Centro - CEP. 68.005-310 -Fone/Fax (93) 523-2651- e-mail: [email protected] - Santarém/PA 12

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seus cidadãos no que lhes é mais essencial - educação, saúde, habitação,

dignidade, etc. – deixando a população, precipuamente a mais necessitada e frágil,

à mercê de sua própria sorte, com o que a sociedade e, principalmente, o Judiciário

não podem compactuar. Nesse sentido, merece aplausos a decisão liminar

concedida no bojo dos autos do Agravo de Instrumento n°2004.01.00.034072-0/DF

pelo E.Tribunal Regional Federal da 1ªRegião, obrigando as empresas de transporte

terrestre que se recusavam a cumprir a Lei n°10.741/2003 à efetivação do “passe

livre”.

Nesse mister de concretização da isonomia material, toda a

normatização constitucional e legal assegura à pessoa portadora de deficiência

inúmeras equiparações, que exigem o efetivo trabalho da Administração para seu

sucesso, tais como: reserva de vagas em concursos públicos e na iniciativa privada,

acesso ao ensino regular e a logradouros de uso público, dentre outras ações. No

mesmo diapasão, aos idosos são garantidas alguns benefícios previstos em seu

novel Estatuto, v.g., proteção integral, atendimento prioritário, destinação

preferencial de recursos, acesso à rede de serviços de saúde, dentre outros.

No caso sob exame, a garantia de transporte aéreo intra e

interestadual gratuito para a pessoa portadora de deficiência ou idoso carente,

principalmente estando vinculado a um tratamento médico, assume natureza de

direito fundamental decorrente do regime e dos princípios adotados pela

Constituição Federal de 1988 (§ 2º do art. 5º). De fato, o “passe livre” no caso da

saúde constitui inquestionável direito fundamental, pois materializa: (a) o objetivo

fundamental da República do Brasil de erradicar a marginalização, as desigualdades sociais e econômicas e a discriminação (art.2º, inciso III e IV); (b)

o princípio da igualdade material (art. 5º, I); (c) o direito à vida, mais

especificamente em seu desdobramento saúde (caput do art. 5º); (d) os princípios

da ordem econômica relativos à redução das desigualdades sociais (art. 170, VII)

e (e) os objetivos da assistência social, de promoção da integração das pessoas portadoras de deficiência à vida comunitária (art. 203, IV) e da assistência ao idoso, nos termos do art. 230, CF.

No eloqüente ensinamento do professor Luiz Alberto David de Araújo:Av. Barão doRio Branco, 252 - Centro - CEP. 68.005-310 -Fone/Fax (93) 523-2651- e-mail: [email protected] - Santarém/PA 13

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“O direito ao transporte, apesar de ser elemento indispensável ao direito ao trabalho, tem vida própria, enquanto conteúdo do direito à integração social das pessoas portadoras de deficiência. O transporte não é apenas utilizado para o deslocamento ao trabalho, mas ao lazer, às atividades de tratamento médico, etc.” – grifo próprio - (em “A proteção constitucional das pessoas portadoras de deficiência”, obra que conferiu o título de doutor em Direito Constitucional pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo ao autor, sendo recomendada pelo Ministério da Justiça)

Desse modo, a norma que institui o passe livre exige uma interpretação

que implique na máxima eficácia e na imediata aplicabilidade de seu conteúdo,

conforme ordenado pelo § 1º do art. 5º da Constituição Federal. Na mesma esteira,

o sempre razoável magistério de José Afonso da Silva:

“(...) que valor tem o disposto no § 1º do art.5º, que declara

todas de aplicação imediata? Em primeiro lugar, significa que

e/as são aplicáveis até onde possam, até onde as instituições

ofereçam condições para seu atendimento. Em segundo lugar,

significa que o Poder Judiciário, sendo invocado a propósito de uma situação concreta nela garantida, não pode deixar de aplicá-las, conferindo ao interessado o direito

reclamado, segundo as instituições existentes.” (Aplicabilidade

das Normas Constitucionais, 3ª ed., Malheiros. São Paulo:

1998)

No caso concreto, portanto, cumpre à Administração, à sociedade e,

em última palavra, ao Judiciário extrair a máxima amplitude da norma concedente de

um direito constitucional, segundo as instituições existentes, ou seja, passe livre

para todas as pessoas portadoras de deficiência e idosos, comprovadamente

carentes, em todos os meios de transporte coletivos intra e interestaduais.

Na efetivação do benefício, apenas são exigidos como requisitos para

seu gozo: (1) ser portador de deficiência ou idoso e (2) ser comprovadamente

carente. A exigência de tratamento fora do domicílio (TFD), quando não houver Av. Barão doRio Branco, 252 - Centro - CEP. 68.005-310 -Fone/Fax (93) 523-2651- e-mail: [email protected] - Santarém/PA 14

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especialista na cidade de Santarém/PA, é somente mais um elemento a roborar a

imediata concessão do direito, em vista da garantia à saúde e, de forma mediata, à

própria vida.

Com relação ao primeiro requisito, o Decreto nº3.298, de 20 de

dezembro de 1999, que regulamentou a Lei nº7.853/89 e dispôs sobre a Política

Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência tratou nos artigos 3º

e 4º da caracterização da pessoa portadora de deficiência.

“Art. 4º - É considerada pessoa portadora de deficiência a que

se enquadra nas seguintes categorias:

I – deficiência física – alteração completa ou parcial de um ou

mais segmentos do corpo humano, acarretando o

comprometimento da função física, apresentando-se sob a

forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, hemiparesia,

amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral,

membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as

deformidades estéticas e as que produzam dificuldades para o

desempenho de funções;

II – deficiência auditiva – perda parcial ou total das

possibilidades auditivas sonora, variando de graus e níveis na

forma seguinte:

a) de 25 a 40 decibéis(db) – surdez leve;

b) de 41 a 55 db – surdez moderada;

c) de 56 a 70 db – surdez acentuada;

d) de 70 a 90 db – surdez severa;

e) acima de 91 db – surdez profunda; e

f) anacusia;

III – deficiência visual – acuidade visual igual ou menor que

20/200 no melhor olho, após a melhor correção, ou campo

Av. Barão doRio Branco, 252 - Centro - CEP. 68.005-310 -Fone/Fax (93) 523-2651- e-mail: [email protected] - Santarém/PA 15

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visual inferior a 20º (tabela de Snellen), ou ocorrência

simultânea de ambas as situações;

IV – deficiência mental – funcionamento intelectual

significativamente inferior à média, com manifestação antes

dos dezoitos anos e limitações associadas a duas ou mais

áreas de habilidades adaptativas, tais como:

a) comunicação;

b) cuidado pessoal;

c) habilidades sociais;

d) utilização da comunidade;

e) saúde e segurança;

f) habilidades acadêmicas;

g) lazer e

h) trabalho;

V – deficiência múltipla – associação de duas ou mais

deficiências.”

Aliás, regulamentando em parte a benesse, a Portaria Interministerial

n.º 003, de 10.04.2001, também define o que seja pessoa portadora de deficiência

(art. 3º, inciso II):

“aquela que apresenta em caráter permanente, perda ou

anomalia de sua função psicológica, fisiológica ou anatômica

que gere incapacidade para o desempenho de atividade,

dentro do padrão considerado normal para o ser humano”

Na mesma linha, o inciso III do art. 3º do mesmo diploma legal

conceitua pessoa carente como:

“Aquela que comprove renda familiar mensal ‘per capta’ igual

ou inferior a um salário mínimo estipulado pelo Governo

Federal”Av. Barão doRio Branco, 252 - Centro - CEP. 68.005-310 -Fone/Fax (93) 523-2651- e-mail: [email protected] - Santarém/PA 16

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Aliás, no que tange ao requisito da carência, existem outros diplomas

legais que já regulamentam benefícios concedidos a cidadãos para o gozo de

direitos fundamentais. É o caso , por exemplo, da Lei de Registros Públicos (Lei n.º

6.015/73, com a redação dada pela Lei n.º 9.534/97), que prevê, por força de norma

constitucional (art. 5º, LXXVI), a gratuidade, para os reconhecidamente pobres, das

certidões extraídas pelos cartórios dos registros civis. De fato, dispõe o art. 30 e,

especialmente, seus parágrafos:

Art. 30 – Não serão cobrados emolumentos pelo registro civil

de nascimento e pelo assento de óbito, bem como pela

primeira certidão respectiva.

§ 1º - Os reconhecidamente pobres estão isentos de

pagamento emolumentos pelas demais certidões extraídas

pelo cartório de registro civil.

§ 2º - O estado de pobreza será comprovado por declaração do próprio interessado ou a rogo, tratando-se de analfabeto, neste caso, acompanhada da assinatura de duas testemunhas.

§ 3º - A falsidade da declaração ensejará a responsabilidade civil e criminal do interessado.” (grifamos)

Esses, portanto, são critérios legais, aplicáveis a casos análogos de

exercício de direitos fundamentais e que, sem nenhum óbice jurídico ou prático,

podem ser utilizados para a concessão do passe livre aéreo. Posto isso, nítido está

inexistir entrave jurídico ao gozo imediato do direito ao passe livre aéreo. Pelo

contrário, eventual regulamentação superveniente cuidaria apenas de normas

procedimentais, tais como o emissor, o local e a forma para concessão de atestados

de deficiência, ou seja, meros detalhes que não comprometem a prestação principal.

Ademais, sofista a alegação de que ato normativo seria necessário

para indicar a fonte de recursos para o custeio dessas passagens aéreas. Primeiro,

porque não se pode obrigar ao detentor do direito ao passe livre a arcar com Av. Barão doRio Branco, 252 - Centro - CEP. 68.005-310 -Fone/Fax (93) 523-2651- e-mail: [email protected] - Santarém/PA 17

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eventual impasse entre o Poder Público e as concessionárias de transporte aéreo.

Depois, porque sendo o transporte aéreo um serviço público federal, concedida sua

execução ao particular, cabe-lhe, por óbvio, alguns ônus próprios da atividade

pública delegada. Com efeito, enquanto política destinada à inclusão da pessoa

portadora de deficiência e do idoso, o passe livre aéreo se caracteriza pela natureza

jurídica de ação assistencial, nos exatos termos do art. 203 da Constituição.

Outrossim, certo é que essas ações de assistência social integram a

seguridade social, que, nos termos do art. 194, “compreende um conjunto integrado

de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade”, portanto constitui um

ônus a ser carregado também pela sociedade. Em acréscimo, o art. 195 determina

que “a seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e

indireta”, sendo o caso sob exame típica hipótese de custeio direto pela sociedade,

i.e., por sociedades empresariais que exploram atividade pública.

Pari passu, muito bem andou o ilustre Des.Federal João Pedro Gebran

Neto ao declarar: “Demonstra-se salutar, neste aspecto, mencionar o fato de que a

impetrada é concessionária de serviço público. Por assim ser, o poder concedente

só transfere ao concessionário a execução do serviço, continuando titular do

mesmo, o que lhe permite dispor de acordo com o interesse público”.

Ademais, totalmente falacioso o argumento de que às prestadoras de

serviços de navegação aérea não se aplicam as Leis n°8.899/94 e n°10.741/2003,

mas tão-somente o Código Brasileiro de Aeronáutica, pois como bem pondera o

mesmo Desembargador Federal, “a concessão de passe livre não está inserida no

âmbito do direito privado, pois é fato jurídico decorrente da incidência da norma que

tem finalidade realizar um dos objetivos fundamentais da República Federativa do

Brasil, qual seja, construir uma sociedade igualitária”.

Convém rememorar o brilhante magistério do professor Noam

Chomsky, do famoso MIT – Massachusetts Institute of Tecnology, de que a doutrina

neoliberal tende a esquecer o verdadeiro objetivo do Estado e das sociedades

empresariais, qual seja: o bem estar das pessoas, apegando-se tão-somente na

lucratividade selvagem, com intensa concentração de riquezas e incremento do Av. Barão doRio Branco, 252 - Centro - CEP. 68.005-310 -Fone/Fax (93) 523-2651- e-mail: [email protected] - Santarém/PA 18

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desdém ao social. Em face do aterrorizante quadro, impinge-se ao Judiciário

demover o Estado e as empresas ao seu verdadeiro papel, com devolução à

população de parcela dos frenéticos lucros sugados da própria comunidade.

Por oportuno, reitere-se que as empresas de transporte aéreo são

meras concessionárias do poder público federal, sendo certo que prestam serviços

públicos, podendo, portanto, ser exigido pelo Estado sua contraprestação social

desinteressada.

Saliente-se que a omissão injustificada, não apenas pelo poder

delegante do serviço público de transporte aéreo, outrossim da pessoa jurídica

delegada, não pode ser eternizada, pois enquanto positivação infraconstitucional de

garantias fundamentais consagradas no seio da Lei Maior, o direito ao passe livre

deve ter aplicabilidade imediata e máxima eficácia.

Note-se, ainda, que o estatuto de proteção da pessoa portadora de

deficiência (Lei n.º 7.853/89) estabelece como princípios básicos:

(a) ser obrigação nacional, a cargo do Poder Público e da sociedade, a satisfação dos interesses das pessoas portadoras de deficiência; e

(b) caber ao poder público dar tratamento prioritário às

questões relativas à pessoa deficiente, para que lhes seja efetivamente ensejado o pleno exercício de seus direitos individuais e sociais, bem como sua completa integração social.

Tais princípios têm sido, no caso, completamente menoscabados, quer

pela União, com sua omissão administrativa, quer pelas prestadoras de serviços

aéreos. Comete o Poder Público uma dupla ilegalidade, na medida em que deveria

implementar definitivamente o benefício da Lei n.º 8.899/94 e prestar obediência à

determinação dos artigos 1º e 2º da Lei n.º 7.853/89, vinculantes para toda a

Administração Pública Federal.

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No que se refere aos idosos, exsurge do art. 9º do seu Estatuto que é

obrigação do Estado, garantir à pessoa idosa a proteção à vida e à saúde, mediante

efetivação de políticas públicas que permitam um envelhecimento saudável e em

condições de dignidade. Deste modo, resta assegurado aos maiores de 65 anos

carentes, idosos na acepção da lei, a gratuidade no transporte coletivo interestadual,

desde que apresentado qualquer documento pessoal que faça prova de sua idade

(§1° do art.39 da Lei n°10.741/2003).

O conceito legal de carência para fins de benefícios aos idosos,

consoante seu Estatuto (art.40), é mais realista do que a legislação pertinente aos

portadores de deficiência, garantindo o direito do passe livre a todos os maiores de

65 anos que tenham “renda igual ou inferior a 2 (dois) salários-mínimos”.

O Município de Santarém há bastante tempo não vem cumprindo seu

papel social quanto ao tratamento fora do domicílio (TFD), custeado pelo Ministério

da Saúde com repasses federais mensais, como é da sabença geral e constatado

no Procedimento Administrativo que tramita no âmbito desta Procuradoria da

República sob o nº1.23.002.0000.76-2002-35, com inegável infração ao art.15 do

Estatuto do Idoso.

Como paradigma, ressalta-se que o deslocamento em decorrência de

TFD de Santarém até Belém via aquaviária, portanto ainda dentro do Estado do

Pará, demora cerca de 03 (três) dias, o que dificulta sobremaneira o tratamento de

saúde de qualquer cidadão, o que se dizer quando o indivíduo constitui pessoa idosa

ou deficiente e a viagem é feita para outro estado-membro.

Destarte, não se pode cerrar os olhos para a precária realidade

regional, podendo-se seguramente afirmar que a maioria das especialidades em

matéria médica somente é encontrada em outras regiões do país, sendo, por

conseguinte, inacessível para a população carente local.

Por fim, acerca do tema, socorre-se da irrepreensível e irrefutável lavra

do nobre Desembargador Federal Luiz Carlos de Castro Lugon, da 4ª Região, que

destrói qualquer argumentação contrária:

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“Acrescento, ainda, que com razão está o MM.Juízo monocrático ao explicitar que somente conferindo à indigitada categoria de excluídos o direito posto em lide, garante-se a oportunidade de serem os mesmos integrados no contexto sócio-econômico e cultural em igualdade de condições com os demais cidadãos (...), se a situação fática exige que o deficiente carente seja transportado, este deve ser beneficiado com a isenção total de custos na aquisição da passagem aérea da mesma forma que os demais indivíduos em situação financeira e saúde semelhante a sua são ao serem transportados através de rodovias, ferrovias e portos.”

V – DO DANO MORAL COLETIVO

A mais moderna e avançada doutrina pátria, indubitavelmente, aceita a

possibilidade de ocorrência de danos em interesses coletivos latu sensu, pois a

violação de direito independe de sua titularidade, seja de um único indivíduo ou de

muitos ou de todos. Nesse passo, inexorável outrossim o reconhecimento da

indenização por tais danos, sendo falaciosa a alegação de que inexiste reparação

para pessoas indeterminadas, pois nesse ponto a Lei n°7347/85 foi profícua ao

engendrar um Fundo Fluído (“Fluid Recovery”, previsto no art.13), cujo conteúdo

reverte em benefício de todos.

Os fatos objetos desta ação abalam seriamente a confiança da

população no sistema de saúde brasileiro e desprestigiam o ordenamento jurídico

pátrio. As violações à Constituição e às leis, per si, configuram danos passíveis de

reparação moral, pois o cidadão se queda nitidamente intranqüilo e receoso acerca

da seriedade das instituições públicas nacionais. Em razão disso que, como é

notório para quem viaja ao exterior, a nação brasileira é a única que não prestigia

seus próprios valores e somente ressalta seus pontos negativos, em virtude desse

descrédito ocasionado pelo descaso da Administração Pública, por vezes com o

beneplácito dos demais Poderes1. Com o devido respeito, esse descrédito não pode 1 No sentido do exposto, toma-se a liberdade de reproduzir a correspondência eletrônica veiculada, há pouco tempo, via rede mundial de computadores, demonstrando os efeitos do descrédito das instituições públicas (inequívoco dano coletivo) no sentimento popular brasileiro:

COMENTÁRIOS DE UMA HOLANDESA SOBRE O BRASIL...

"Os brasileiros acham que o mundo todo presta, menos o Brasil. E realmente parece que é um vício falar mal do Brasil. Todo lugar tem seus pontos positivos e negativos, mas no exterior eles maximizam os positivos, enquanto no Brasil se maximizam Av. Barão doRio Branco, 252 - Centro - CEP. 68.005-310 -Fone/Fax (93) 523-2651- e-mail: [email protected] - Santarém/PA 21

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ser a regra, tampouco entendido como razoável ou de somenos importância,

devendo ser arduamente combatido por ações positivas dos demais Poderes e

mesmo por meio de indenização pelo inconteste prejuízo coletivo.

Esse prejuízo moral – que segue paralelo ao dano material – há de ser

ressarcido, conforme previsto no inciso V do art.1º da Lei n.º 7.347/85:

os negativos. Aqui na Holanda, os resultados das eleições demoram horrores porque não há nada automatizado. Só existe uma companhia telefônica e (pasmem!) se você ligar reclamando do serviço, corre o risco de ter seu telefone temporariamente desconectado. Nos Estados Unidos e na Europa, ninguém tem o hábito de enrolar o sanduíche em um guardanapo - ou de lavar as mãos - antes de comer. Nas padarias, feiras e açougues europeus, os atendentes recebem o dinheiro e com mesma mão suja entregam o pão ou a carne. Em Londres, existe um lugar famosíssimo que vende batatas fritas enroladas em folhas de jornal - e tem fila na porta. Na Europa, não-fumante é minoria. Se pedir mesa de não-fumante, o garçom ri na sua cara, porque não existe. Fumam até em elevador. Em Paris, os garçons são conhecidos por seu mau humor e grosseria e qualquer garçom de botequim no Brasil podia ir para lá dar aulas de como conquistar o cliente."

Você sabe como as grandes potências fazem para destruir um povo? Impõem suas crenças e cultura. Se você parar para observar, em todo filme dos EUA a bandeira nacional  aparece, e geralmente na hora em que estamos emotivos. O Brasil tem uma língua que, apesar de não se parecer quase nada com a língua portuguesa, é chamada de língua portuguesa, enquanto que as empresas de software a chamam de português brasileiro, porque não conseguem se comunicar com os seus usuários brasileiros através da língua Portuguesa.

Os brasileiros são vítimas de vários crimes contra sua pátria, crenças, cultura, língua, etc... Os brasileiros mais esclarecidossabem que tem muitas razões para resgatar as raízes culturais. Os dados são da Antropos Consulting:

1. O Brasil é o país que tem tido maior sucesso no combate à AIDS e outras doenças sexualmente transmissíveis, e vem sendo exemplo mundial.

2. O Brasil é o único país do hemisfério sul que está participando do Projeto Genoma.

3. Numa pesquisa envolvendo 50 cidades de diversos países, a cidade do Rio de Janeiro foi considerada a mais solidária.

4. Nas eleições de 2000, o sistema do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) estava informatizado em todas as regiões do Brasil, com resultados em menos de 24 horas depois do início das apurações. O modelo chamou a atenção de uma das maiores potências mundiais: os Estados Unidos, onde a apuração dos votos teve que ser refeita várias vezes, atrasando o resultado e colocando em xeque a credibilidade do processo.

5. Mesmo sendo um país em desenvolvimento, os internautas brasileiros representam uma fatia de 40% do mercado na América Latina.

6. No Brasil, há 14 fábricas de veículos instaladas e outras 4 se instalando enquanto alguns países vizinhos não possuem nenhuma.

7. Das crianças e adolescentes entre 7 a 14 anos, 97,3% estão estudando.

8. O mercado de telefones celulares do Brasil é o segundo do mundo, com 650 mil novas habilitações a cada mês.

9. Na telefonia fixa, o país ocupa a quinta posição em número de linhas instaladas.

10. Das empresas brasileiras, 6.890 possuem certificado de qualidade ISO 9000, maior número entre os países em desenvolvimento. No México, são apenas 300 empresas e 265 na Argentina.

11. O Brasil é o segundo maior mercado de jatos e helicópteros executivos.

Por que esse vício de só falar mal do Brasil?

1.Por que não se orgulhar em dizer que o mercado editorial de livros é maior do que o da Itália, com mais de 50 mil títulos novos a cada ano?

2. Que o Brasil tem o mais moderno sistema bancário do planeta?Av. Barão doRio Branco, 252 - Centro - CEP. 68.005-310 -Fone/Fax (93) 523-2651- e-mail: [email protected] - Santarém/PA 22

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Art. 1º - Regem-se pelas disposições desta lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados. (grifo próprio)

O Código de Defesa do Consumidor, por seu turno, também contempla

a indenização por dano moral, nos incisos VI e VII, do art. 6º, escudado pela

previsão da Carta Política de 1988, na dicção do inciso V do art. 5º. Diz o citado

artigo do Código de Defesa do Consumidor:

“Art.6º - São direitos básicos do consumidor:

VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais, morais, individuais, coletivos e difusos;

VII – o acesso aos órgãos judiciários e administrativos, com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais, morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção jurídica, administrativa e técnica aos necessitados.” (grifo próprio)

Na preclara lembrança do estudioso Alberto Bittar Filho:

“...chega-se a conclusão de que o dano moral coletivo é a injusta lesão da esfera moral de uma dada comunidade, ou seja, é a violação antijurídica de um determinado círculo de valores coletivos. Quando se fala em dano moral coletivo, está-se fazendo menção ao fato de que o patrimônio valorativo de uma certa comunidade (maior ou menor), idealmente considerado, foi

3. Que as agências de publicidade ganham os melhores e maiores prêmios mundiais?

4. Por que não se fala que o Brasil é o país mais empreendedor do mundo e que mais de 70% dos brasileiros, pobres e ricos, dedicam considerável parte de seu tempo em trabalhos voluntários?

5. Por que não dizer que o Brasil é hoje a terceira maior democracia do mundo?

6. Que apesar de todas as mazelas, o Congresso está punindo seus próprios membros, o que raramente ocorre em outros países ditos civilizados?

7. Por que não lembrar que o povo brasileiro é um povo hospitaleiro, que se esforça para falar a língua dos turistas, gesticula e não mede esforços para atendê-los bem?

8. Por que não se orgulhar de ser um povo que faz piada da própria desgraça e que enfrenta os desgostos sambando?

É! O Brasil é um país abençoado de fato. Bendito este povo, que possui a magia de unir todas as raças, de todos os credos.Bendito este povo, que sabe entender todos os sotaques. Bendito este povo, que oferece todos os tipos de climas para contentar toda gente. Bendita seja, querida pátria chamada Brasil! Divulgue esta mensagem para o máximo de pessoas que você puder. Com essa atitude, talvez não consigamos mudar o modo de pensar de cada brasileiro, mas ao ler estas palavras irá, pelo menos, por alguns momentos, refletir e se orgulhar de ser BRASILEIRO!!!

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agredido de maneira absolutamente injustificável do ponto de vista jurídico: quer dizer, em última instância, que se feriu a própria cultura, em seu aspecto imaterial” – grifo próprio - (em “Do dano moral coletivo no atual contexto jurídico brasileiro” , Direito do Consumidor, vol. 12 – Ed. RT)

Vale destacar, ainda, o escólio do douto Procurador Regional da

República André de Carvalho Ramos, que, analisando o dano moral coletivo,

ponderou:

“Assim, é preciso sempre enfatizar o imenso dano moral coletivo causado pelas agressões aos interesses transindividuais. Afeta-se a boa-imagem da proteção legal a estes direitos e afeta-se a tranqüilidade do cidadão, que se vê em verdadeira selva, onde a lei do mais forte impera” – grifo próprio - ( “A ação civil pública e o dano moral coletivo” Direito do Consumidor, vol. 25 –Ed. RT, pg. 83)

Continua o citado autor, dizendo:

“Tal intranqüilidade e sentimento de desapreço gerado pelos danos coletivos, justamente por serem indivisíveis, acarretam lesão moral que também deve ser reparada coletivamente. Ou será que alguém duvida que o cidadão brasileiro, a cada notícia de lesão a seus direitos não se vê desprestigiado e ofendido em seu sentimento de pertencer a uma comunidade séria, onde as leis são cumpridas? A expressão popular ‘o Brasil é assim mesmo’ deveria sensibilizar todos os operadores do Direito sobre a urgência na reparação do dano moral coletivo” – grifo próprio - ( “A ação civil pública e o dano moral coletivo” Direito do Consumidor, vol. 25 – Ed. RT, pg. 83)2

No suporte dessa responsabilidade comparece novamente a

Constituição Federal, estabelecendo em seu art. 37, § 6º, a responsabilidade civil do

Estado por ato de seus agentes. Nas palavras do douto José Afonso da Silva, na

essência do preceito a:

2 Pertinente comentar que o descrédito do brasileiro com o país se revela tão nítido que a Associação Brasileira de Anunciantes (ABA) começou a veicular, nessa semana, um série de comerciais, objetivando resgatar o orgulho nacional, totalmente malferido pelo constante desrespeito à dignidade humana, perpetrado, sobretudo, pelo próprio Estado e pelas grandes sociedades empresariais.Av. Barão doRio Branco, 252 - Centro - CEP. 68.005-310 -Fone/Fax (93) 523-2651- e-mail: [email protected] - Santarém/PA 24

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“Responsabilidade civil significa a obrigação de reparar os danos ou prejuízos de natureza patrimonial (e, às vezes, moral) que uma pessoa cause a outrem.” (“Curso de Direito Constitucional Positivo”, RT, 6ª ed., pág. 567).

Logo, a ilegalidade guerreada, por ferir os mandamentos do direito

pátrio, ofendeu o patrimônio imaterial de toda a coletividade. A tolerância

administrativa significou e continua significando o sofrimento de milhões de pessoas

que poderiam e deveriam usufruir de um benefício assegurado constitucionalmente.

Por todo o exposto, não parece pairar dúvida acerca do cabimento da

reparação por danos morais coletivos. Já, no tocante ao quantum apurável para o

ressarcimento do dano coletivo, a ser revertido para o Fundo de Bens Lesados

(“Fluid Recovery”) de que trata o art.13 da Lei da Ação Civil Pública, a melhor

solução se mostra sua fixação de acordo com o costumeiro bom senso e eqüidade

deste juízo.

VI – DA TUTELA ANTECIPADA

Ante o exposto, requer o Ministério Público Federal a concessão de

TUTELA ANTECIPADA, para determinar:

1. à União que implemente, imediatamente, o sistema de

passe livre em todo o sistema de transporte aéreo interestadual para as pessoas

portadoras de deficiência e idosos comprovadamente carentes, que necessitem de

tratamento fora do domicílio (outro estado ou região) – TFD. Para tanto, requer seja

utilizado os conceitos e parâmetros da Portaria Interministerial n.º 003, de

10.04.2001 e da Lei n°10.741/2003;

2. ao Município de Santarém, pois responsável pela

administração do Sistema Único de Saúde, seja dada efetiva prioridade aos casos

de deslocamento de idosos para outros estados da Federação ou região, via aérea,

em prazo estabelecido por médico credenciado pelo SUS, ante a urgência de cada

caso;

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3. às prestadoras de serviços de navegação aérea que, no

prazo de 5 (cinco) dias, iniciem a concessão de “passe livre” para todos os

portadores de deficiência e idosos carentes, que comprovem sua condição, desde

que demonstrado, por laudo médico reconhecido pelo SUS, a necessidade de

transporte para tratamento de saúde;

4. à União, ao Município de Santarém e às companhias aéreas, no prazo máximo de 30 dias, proceder à ampla divulgação desse direito, por

todos os meios disponíveis (v.g., publicação de avisos na imprensa; notificação ao

DAC e à INFAERO para devida divulgação e fiscalização; avisos nos terminais

aeroportuários, nos guichês e nos pontos de venda de passagem; dentre outras

medidas), a fim de que não seja frustrado pelo desconhecimento por parte de seus

beneficiários;

5. à União, ao Município de Santarém e às sociedades prestadoras de serviços de navegação aérea rés que disponibilizem,

gratuitamente, um modelo de declaração de carência para os beneficiários desta

Ação Civil Pública, a ser distribuído em todo o SUS e nas empresas integrantes do

sistema de transporte aéreo interestadual do país;

6. à União e às companhias aéreas rés o pagamento de

multa diária (“astreinte”) no valor de R$10.000,00 (dez mil reais) por beneficiário

recusado. Ademais, requer seja fixada multa diária no valor de R$10.000,00 (dez mil

reais) à União, ao Município de Santarém e às sociedades prestadoras de serviços de navegação aérea para eventual descumprimento de qualquer um dos

pedidos contidos nos itens “4” ou “5” supra arrolados. Por derradeiro, requer-se a

imposição de “astreinte” no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) ao Município de Santarém, por eventual omissão na obrigatória prioridade envolvendo doentes

idosos ou portadores de deficiência que necessitem de tratamento médico fora do

domicílio;

7. intimação do Departamento de Aviação Civil, na pessoa

de seu superintendente regional, acerca do deferimento da medida liminar, para fins

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de fiscalização junto às empresas de transporte aéreo interestadual de seu

cumprimento;

8. por fim, a extensão do benefício ao acompanhante do doente, quando se revelar imprescindível sua presença, consoante atestado médico

do SUS (ou de médico credenciado).

Inequívoca, no caso, a presença dos elementos consubstanciadores da

verossimilhança do direito alegado e do fundado receio de dano irreparável ou de

difícil reparação (art. 273. CPC). Nessa esteira, a verossimilhança decorre do

agudo contraste entre a conduta dos réus e as normas constitucionais e legais

explicitadas (recusa da União, do Município de Santarém e das companhias aéreas

em dar cumprimento ao direito de passe livre aéreo intra e interestadual aos

deficientes e idosos carentes que precisam de tratamento médico fora da região

oeste do Pará).

Soma-se o evidente perigo na demora, revelado pelo risco à saúde e,

em última análise, à vida de toda a comunidade de portadores de deficiência e

idosos carentes necessitados de atendimento médico fora da região de Santarém.

De fato, nesse ponto toma-se a liberdade de emprestar a lapidar

decisão, em caso idêntico, do ilustre Desembargador Federal Luiz Carlos de Castro

Lugon:

“Pertinentemente à impossibilidade de medida que esgote o objeto da ação, o regramento do §2° do art.273, do CPC, de olhos postos na situação fática, deve ser relativizado, sob pena de ver-se obstada, em casos extremos, a concessão do provimento antecipatório. Assim, põe-se em confronto a segurança jurídica e a efetividade da jurisdição. Neste quadro, a interpretação literal ao dispositivo de lei, ver-se-á amparando o improvável direito do agravante em detrimento do provável dos portadores de deficiência física carentes de recursos financeiros. Para o equacionamento da questão, como ensina Luiz Paulo da Silva Araújo Filho, citando Egas Moniz de Aragão:

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‘Quando o problema consista em determinar onde se situa o limite da satisfação lícita de um interesse à custa de outro (...) também digno de tutela, deve o juiz ponderar os interesses em jogo à luz do chamado princípio da proporcionalidade: quanto mais grave for a interferência do provimento na esfera do peticionado, tanto mais rigoroso tem de ser o exame do direito e tanto mais severas hão de ser as exigências a impor a quem cabe tornar críveis as alegações’ (Da Antecipação de Tutela, in Revista de Jurisprudência da Seção Judiciária do Rio de Janeiro, n°3, pg.235, ano 1996).

Assim, a irreversibilidade dos efeitos da medida, prevista no §2° do art.273 do CPC, não se pode erigir em impedimento inafastável ao deferimento de provimento antecipatório em casos como o dos autos, em que os cidadãos representados pelo Ministério Público, por absoluta falta de outro recurso, socorrem-se por meio do fornecimento de passes aéreos gratuitos. O princípio da proporcionalidade deve inspirar a prestação jurisdicional, de jeito que na colisão de interesses deve o julgador precatar aquele de maior valor, o qual, no caso, reputo ser o pertencente à categoria defendida pelo agravado, que necessita do transporte aéreo para tratamento de saúde adequado.” – grifo próprio

Por outro lado, o bem da vida aqui postulado ( o direito à integração

econômica e social do portador de deficiência e do idoso carente – bem deveras

caro, a ponto de ser incluído, retoricamente, em todos os programas de governo) é

de insofismável relevância individual e social, razão pela qual sua proteção deve

prevalecer na ponderação de valores, consoante a lição sempre memorável de Teori

Albino Zavascki:

“Efetivamente, ao estabelecer que o juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, o legislador ordinário está, sem dúvida, estabelecendo restrição ao direito à segurança jurídica, consagrado pelo art. 5º da Constituição. Justamente por isso, e conforme evidenciam os incisos do artigo, tal restrição somente é admitida quando outro direito fundamental ( o da efetividade da jurisdição) estiver em vias de ser desprestigiado. O desprestígio pode ocorrer a) quando ‘haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação’ (situação que põe em xeque a utilidade prática da futura sentença ante o possível comprometimento do próprio direito afirmado

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na inicial) ou b) (..) E a opção do legislador, de adotar como técnica de solução a antecipação provisória do bem da vida reclamado pelo autor, revela claramente que, na ponderação dos valores colidentes, ficou estabelecida uma relação específica de prevalência do direito fundamental à efetividade do processo sobre o da segurança jurídica” – grifo próprio - (Antecipação da Tutela, 1997, Saraiva, págs. 73/74).

Frise-se que o TRIBUNAL REIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO já se

pronunciou, em sede de Agravo Regimental nº 2003.04.01.01290-0/PR, favorável à

decisão proferida por juízo a quo, no sentido de confirmar a tutela antecipada que

determinava a concessão de passe livre aéreo aos deficientes carentes que necessitassem de atendimento médico, hospitalar ou ambulatorial, em razão de problemas relacionados à enfermidade.

Por oportuno e derradeiro, requer-se a concessão de eficácia erga omnes para a liminar, conferindo-lhe abrangência nacional, em virtude do

interesse ser coletivo, portanto de natureza transindividual e indivisível, consoante

entendimento doutrinário pacífico, sendo inaplicável o art.16 da Lei n°7.347/85.

Destarte, sendo o direito o mesmo em todo o território nacional, seria total

despautério ter eficácia no Pará, todavia não no Amazonas. Seria o mesmo que um

divórcio realizado em Santarém não ter valia em São Paulo, pois o juiz de direito do

Pará somente tem competência em sua comarca, não tendo sua sentença eficácia

erga omnes. Data maxima venia, total teratologia!

VI - REQUERIMENTOS E PEDIDO PRINCIPAL

Em face do exposto, requer o Ministério Público Federal a citação dos réus para responderem à presente ação, bem como a notificação antecipada da

União e do Município quanto ao pedido de tutela antecipada (Lei 8.437/92),

julgando-se, ao final, procedente o pedido, com vistas à:

(1) confirmação integral da tutela antecipada, julgando-se

procedentes os pedidos;

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(2) condenação da União e das empresas aéreas rés em conceder, independente da necessidade de tratamento médico fora da região de Santarém, o direito de portadores de deficiência e idosos carentes ao “passe livre” no transporte interestadual, nos termos das Leis n°8.899/94 e n°10.741/2003 (duas vagas por veículo para idosos e duas para portadores de

deficiências), em homenagem ao sagrado direito de efetiva integração social dos

referidos hipossuficientes;

(3) efeito erga omnes, com abrangência nacional, em

homenagem à natureza do direito, bem como ao sistema simbiótico estabelecido

pelo art.21 da Lei n°7.347/85 c/c. arts.90 e 103 da Lei n°8.078/90;

(4) condenação dos réus ao pagamento de danos morais coletivos, a serem revertidos ao fundo previsto no art. 13 da Lei n.º 7.347/85, pelos

fatos narrados, em montante a ser fixado pelo juízo de acordo com a gravidade da

lesão;

(5) a isenção de custas, despesas e de inesperado ônus da sucumbência.

Por oportuno, esclarece-se que eventual produto da aplicação das

multas diárias por descumprimento de liminar seja revertido ao fundo fluído a que se

refere o art. 13 da Lei n.º 7.347/85.

Dá-se à causa, para efeitos meramente fiscais, o valor de R$ 10.000,00

(dez mil reais).

Santarém/PA, 11 de agosto de 2004.

GUSTAVO NOGAMIPROCURADOR DA REPÚBLICA

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