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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE IRATI - PR O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ, por seus agentes signatários em exercício junto às 1ª e 2ª Promotorias de Justiça da Comarca de Irati, com atribuições na área de Proteção ao Patrimônio Público e à Saúde Pública, onde podem ser pessoalmente intimados, no uso de suas atribuições constitucionais e legais, com fundamento no artigo 129, incisos II e III, da Constituição Federal de 1988, e nas Leis n. o 7.347/85 e n. o 8.429/92, com base no Procedimento Preparatório nº. MPPR – 0067.11.000146-7, vem perante Vossa Excelência, propor a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA, em face de

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA … · cobrança, após ter emitido o título de crédito supramencionado, influenciado pela emoção do momento e com fim de rechaçar

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  • EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA

    VARA CÍVEL DA COMARCA DE IRATI - PR

    O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO

    DO PARANÁ, por seus agentes signatários em exercício junto às 1ª e

    2ª Promotorias de Justiça da Comarca de Irati, com atribuições na área

    de Proteção ao Patrimônio Público e à Saúde Pública, onde podem ser

    pessoalmente intimados, no uso de suas atribuições constitucionais e

    legais, com fundamento no artigo 129, incisos II e III, da Constituição

    Federal de 1988, e nas Leis n.o 7.347/85 e n.o 8.429/92, com base no

    Procedimento Preparatório nº. MPPR – 0067.11.000146-7, vem

    perante Vossa Excelência, propor a presente

    AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR ATO DE

    IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA,

    em face de

  • JORGE ALBERTO ANEZ ARAMAYO,

    boliviano, médico, portador do registro nacional de estrangeiro nº.

    V232449-9, com domicílio na Rua Visconde de Nacar, nº. 1510, apto.

    609, centro, Curitiba/Paraná, pelos fundamentos de fato e de Direito a

    seguir expostos:

    DA LEGITIMIDADE ATIVA

    É preceito do Título IV, Capítulo IV, Seção I, da

    Carta Constitucional de 1988, mais precisamente do inciso III, do artigo

    129, que são funções institucionais do Ministério Público:

    “(...) III - promover o inquérito civil e a ação

    civil pública, para a proteção do patrimônio

    público e social, do meio ambiente e de outros

    interesses difusos e coletivos (...)”

    Conferindo eficácia plena ao referido preceito,

    várias são as Leis a lhe outorgar a substituição processual, mormente

    aquela que regulamentou o citado dispositivo, a Lei nº 7.347, de 24 de

    Julho de 1985, que, em seu art. 1°, assim preconiza:

  • “Art. 1º. Regem-se pelas disposições desta Lei,

    sem prejuízo da ação popular, as ações de

    responsabilidade por danos morais e

    patrimoniais causados:

    l - ao meio-ambiente;

    ll - ao consumidor;

    III – a bens e direitos de valor artístico,

    estético, histórico, turístico e paisagístico;

    IV - a qualquer outro interesse difuso ou

    coletivo.

    V - por infração da ordem econômica e

    da economia popular;

    VI - à ordem urbanística.”

    A Lei Orgânica Nacional do Ministério Público,

    também cuidou de legitimar-lhe a substituição, como estabelecido no

    Capitulo IV, Seção I, da Lei nº. 8.625/93 da seguinte forma:

    “Art.25. Além das funções previstas nas

    Constituições Federal, na Lei Orgânica e em

  • outras leis, incumbe, ainda, ao Ministério

    Público: (…)

    IV – promover o inquérito civil e a ação civil

    pública, na forma da lei:

    a) para a proteção, prevenção e reparação dos

    danos causados ao meio ambiente, ao

    consumidor, aos bens e direitos de valor

    artístico. Estético, histórico, turístico e

    paisagístico, e a outros interesses difusos,

    coletivos e individuais indisponíveis e

    homogêneos;

    b) para a anulação ou declaração de nulidade

    de atos lesivos ao patrimônio público ou à

    moralidade administrativa do Estado ou de

    Município, de suas administrações indiretas

    ou fundacionais ou de entidades privadas de

    que participem;”

    Não bastassem referidos textos legais, outro se

    incorpora a legitimar o Ministério Público em busca de prevenir e

    reprimir prejuízos ao erário e ao patrimônio públicos, como é o caso da

    Lei n°. 8.429/92 que dispõe o seguinte sobre o tema em comento:

  • “Art. 7°- Quando o ato de improbidade

    causar lesão ao patrimônio público ou ensejar

    enriquecimento ilícito, caberá à autoridade

    administrativa responsável pelo inquérito

    representar ao Ministério Publico, para a

    indisponibilidade dos bens do Indiciado.

    Art. 14. Qualquer pessoa poderá representar à

    autoridade administrativa competente para

    que seja instaurada investigação destinada a

    apurar a prática de ato de improbidade.

    § 1º A representação, que será escrita ou

    reduzida a termo e assinada, conterá a

    qualificação do representante, as informações

    sobre o fato e sua autoria e a indicação das

    provas de que tenha conhecimento.

    § 2º A autoridade administrativa rejeitará a

    representação, em despacho fundamentado, se

    esta não contiver as formalidades

    estabelecidas no § 1º deste artigo. A rejeição

    não impede a representação ao Ministério

    Público, nos termos do art. 22 desta lei.

  • Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previsto

    nesta lei, o Ministério Público, de ofício, a

    requerimento de autoridade administrativa

    ou mediante representação formulada de

    acordo com o disposto no art. 14, poderá

    requisitar a instauração de inquérito policial

    ou procedimento administrativo.”

    Não é outro o entendimento jurisprudencial

    exposto pela Súmula do Superior Tribunal de Justiça nº. 329, que traz o seguinte

    enunciado:

    “O Ministério Público tem legitimidade para

    propor ação civil pública em defesa do

    patrimônio público.”

    Dessa forma, não há que se questionar a

    legitimidade do Ministério Público para agir em defesa do patrimônio público e

    da moralidade administrativa.

    DA LEGITIMIDADE PASSIVA

    A Lei Federal nº. 8429/92 traz em seus artigos 1º

    e 2º, de forma extremamente ampla e abrangente, o conceito de agente público

    para fins de Improbidade Administrativa, isto é, todo agente que pode ser

    responsabilizado pela prática de atos ímprobos, senão vejamos:

  • “Art. 1° Os atos de improbidade praticados

    por qualquer agente público, servidor ou não,

    contra a administração direta, indireta ou

    fundacional de qualquer dos Poderes da

    União, dos Estados, do Distrito Federal, dos

    Municípios, de Território, de empresa

    incorporada ao patrimônio público ou de

    entidade para cuja criação ou custeio o erário

    haja concorrido ou concorra com mais de

    cinqüenta por cento do patrimônio ou da

    receita anual, serão punidos na forma desta

    lei.

    Parágrafo único. Estão também sujeitos

    às penalidades desta lei os atos de

    improbidade praticados contra o patrimônio

    de entidade que receba subvenção, benefício

    ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão

    público bem como daquelas para cuja criação

    ou custeio o erário haja concorrido ou

    concorra com menos de cinqüenta por cento

    do patrimônio ou da receita anual, limitando-

    se, nestes casos, a sanção patrimonial à

    repercussão do ilícito sobre a contribuição dos

    cofres públicos.

  • Art. 2° Reputa-se agente público, para os

    efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda

    que transitoriamente ou sem remuneração,

    por eleição, nomeação, designação,

    contratação ou qualquer outra forma de

    investidura ou vínculo, mandato, cargo,

    emprego ou função nas entidades

    mencionadas no artigo anterior.”

    Portanto, a legitimidade “ad causan” resta

    devidamente demonstrada, uma vez que o sujeito passivo da presente ação

    amolda-se perfeitamente aos conceitos delineados pelos dispositivos legais

    supramencionados.

    DOS FATOS

    Inicialmente, conforme denúncias dirigidas a esta

    Promotoria de Justiça, verificou-se que a prática de cobrar valores em

    atendimento pelo Sistema Único de Saúde nos Hospitais do município de Irati, e

    até, na região, é cotidiana e muito difundida, embora sempre negada, quando

    perquiridos administradores, médicos e funcionários, conforme resposta ao

    ofício de fls. 12/18 do anexo procedimento preparatório.

    A prática de exigir valores em atendimentos cobertos

    pelos SUS, na Irmandade do Hospital de Caridade de Irati encontrou solo fértil

    para crescer, pois os pacientes atendidos pelo SUS fazem parte da camada mais

  • humilde da população, logo não têm condições de argumentar ou mesmo não

    sabem de seus direitos, muitos, talvez, até concordem com a cobrança. Enfim, o

    ambiente proporcionado dá até certa naturalidade ao procedimento abusivo.

    Conforme se constatou em diligência realizada por

    esta Promotoria, na Irmandade do Hospital de Caridade de Irati, desde a época

    dos fatos até hoje, não há cartazes esclarecendo aos usuários do Sistema Único

    de Saúde sobre seus direitos.

    Permeados por este ambiente, os fatos abaixo

    descritos aconteceram.

    Do Ato de Improbidade Administrativa consistente em enriquecimento

    ilícito

    No dia 17 de junho de 2010, em horário

    indeterminado, na Irmandade do Hospital de Caridade de Irati, localizada na Rua

    Zeferino Bittencourt, nº. 1111, na cidade de Irati, Estado do Paraná, o

    demandado Jorge Alberto Anez Aramayo, então médico plantonista prestador

    de serviços pelo Sistema Único de Saúde – SUS, exigiu e recebeu, para si, em

    razão da função pública que ora exercia, vantagem indevida para atender a

    paciente Rosa Maria Riberro Godini, no valor de R$ 50,00 (cinquenta Reais),

    pago pela pessoa de Ciro Gilmar Ivatiuk, conforme documento de fl. 38 (ordem

    de pagamento à vista emitida em favor do demandado) do anexo procedimento

    preparatório.

  • Na ocasião, o demandado, Jorge Alberto Anez

    Aramayo, estava no exercício de função pública, pois realizava atendimento à

    saúde com cobertura de recursos públicos provenientes do Sistema Único de

    Saúde – SUS. O atendimento médico consistiu em procedimento de emergência

    desencadeado por falta de ar e dores experimentadas pela paciente que era

    portadora de câncer em estágio avançado.

    A paciente procurou a Irmandade do Hospital de

    Caridade de Irati por recomendação do Hospital Erasto Gaertner, de Curitiba,

    referência no tratamento da doença. Na ocasião, a paciente portava, inclusive,

    carteira emitida pelo mencionado hospital da capital conveniado ao SUS.

    No momento em que foi levada à Irmandade do

    Hospital de Caridade de Irati por sua ex-patroa Débora Henzen, não lhe foi

    carreado o devido atendimento, sendo o Sr. Ciro Gilmar Ivatuik procurado pela

    acompanhante da paciente para que ajudasse a senhora doente, em virtude da

    cobrança que havia sido feita pelo hospital, primeiramente pela recepcionista e

    depois confirmado pelo médico demandado, no valor de R$ 50,00(cinquenta

    reais), momento em que Ciro emitiu um cheque com a importância referida em

    nome do demandado para possibilitar o atendimento da portadora de

    enfermidade grave que corria risco de vida.

    O Sr. Ciro Gilmar Ivatuik, inconformado com a

    cobrança, após ter emitido o título de crédito supramencionado, influenciado

    pela emoção do momento e com fim de rechaçar qualquer consequência mais

    séria à saúde da Sra. Rosa Maria Riberro Godini, configurado, portanto, o vício

  • da vontade do emitente da ordem de pagamento, uma vez que realizada mediante

    estado de perigo (artigo 156 do Código Civil), chamou a Polícia Militar que

    conduziu o demandado até a Delegacia de Policia local, onde prestou

    esclarecimentos e foi liberado pela Autoridade Policial, (fls. 35 e 36 do

    procedimento preparatório anexo).

    Tentando disfarçar a ilegalidade da cobrança, foi

    lavrado termo de opção particular em nome da paciente atendida, termo esse que

    sequer foi assinado por ela, configurando mais um indício da má-fé que se faz

    presente no procedimento adotado pelos profissionais da Santa Casa de Irati.

    Ademais, o referido termo de opção particular, ainda que houvesse sido assinado

    pela paciente, estaria contaminado por vício do consentimento (estado de

    perigo), uma vez que tal declaração jurídica teria emanado de quem não poderia,

    pelas circunstâncias do caso, fazê-la.

    Os atendimentos, em especial os de emergência, não

    devem passar por triagem prévia nas entidades de atendimento à saúde que

    recebem recursos orçamentários do SUS. A saúde faz parte da seguridade social

    e, ao contrário da previdência e da assistência social, submete-se ao princípio da

    universalidade do atendimento, isto é, toda e qualquer pessoa tem o direito de ter

    acesso a todo tipo de serviços e ações de saúde oferecidos. Em se tratando de

    previdência social e assistência social, necessária se faz uma situação anterior para

    que se possa utilizar de tais institutos, por exemplo, para ter direito a um

    benefício previdenciário o eventual beneficiado deve ostentar a condição de

  • segurado ou dependente de um segurado, para atingir tal condição é preciso que

    contribua com o regime previdenciário adequado ao seu perfil.

    O princípio da universalidade do atendimento vem

    insculpido no artigo 196 da Constituição Federal de 1988, “in verbis”:

    “Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do

    Estado, garantido mediante políticas sociais e

    econômicas que visem à redução do risco de

    doença e de outros agravos e ao acesso universal e

    igualitário às ações e serviços para sua promoção,

    proteção e recuperação.”

    A legislação infra-constitucional também trata do

    principio da universalidade do atendimento, veja-se, por exemplo, o artigo 2º, §

    1º, da lei 8080/90:

    § 1º - O dever do Estado de garantir a saúde

    consiste na reformulação e execução de políticas

    econômicas e sociais que visem à redução de riscos

    de doenças e de outros agravos no estabelecimento

    de condições que assegurem acesso universal e

    igualitário às ações e aos serviços para a sua

    promoção, proteção e recuperação.

  • Assim, a triagem prévia, prática rotineira em entidades

    de atendimento à saúde, mostra-se contrária às normas constitucionais e legais

    vigentes em nosso ordenamento jurídico, constituindo conduta reprovável e, sem

    dúvida, ímproba.

    Do Elemento Subjetivo

    O réu Jorge Alberto Anez Aramayo praticou ato de

    improbidade administrativa, porque, na condição de agente público (art. 2o da Lei

    n.o 8.429/92), obteve enriquecimento ilícito e atuou de modo contrário ao

    Direito, violando, conscientemente, os princípios informadores da

    Administração Pública.

    Conforme pontuado, o demandado, na condição de

    médico que prestava serviço pelo Sistema Único de Saúde – SUS, exigiu o

    pagamento de quantia indevida à paciente que, por estar utilizando o SUS, fazia

    jus ao atendimento gratuito.

    A conduta do demandado foi consciente e deliberada

    no sentido de exigir o pagamento da quantia, que era indevido.

    Resta demonstrada a vontade livre e consciente do

    demandado de, na qualidade de médico que prestava serviço pelo Sistema Único

    de Saúde – SUS, exigir e receber o pagamento de quantia indevida da paciente

    que, por estar utilizando o SUS, fazia jus ao atendimento gratuito.

  • Outrossim, de acordo o depoimento do Sr. Ciro

    Gilmar Ivatiuk colhido nesta Promotoria, ficou evidenciada a insistência em

    receber os valores, pois há ação de cobrança proposta pelos demandados contra

    ele, conforme o relato de fls. 31/32 e cópia da inicial e contestação da

    mencionada ação de cobrança (fls. 40/49) no anexo procedimento preparatório.

    Evidenciado, igualmente, que a prática implicou o

    enriquecimento ilícito e o descumprimento de princípios informadores da

    Administração Pública e aos deveres de honestidade, legalidade e de lealdade às

    Instituições.

    Da Improbidade Administrativa

    O demandado, na condição de médico que prestava

    serviço pelo Sistema Único de Saúde – SUS, exigiu e recebeu o pagamento de

    quantia indevida aos pacientes que, por estarem utilizando o SUS, faziam jus ao

    atendimento gratuito.

    Prescreve a Lei n.o 8.429/92, “in verbis”:

    “Art. 9º. Constitui ato de improbidade administrativa importando em enriquecimento ilícito auferir qualquer vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1º desta Lei, e notadamente: I – receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou indireta, a título de comissão,

  • percentagem, gratificação ou presente de quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público;”

    Inicialmente, deve ser frisado que o rol apresentado no

    “caput” do art. 9º da Lei de Improbidade Administrativa é meramente

    exemplificativo, visto que contém a expressão “notadamente”, o que implica

    dizer constituem atos de improbidade administrativa, na modalidade de

    enriquecimento ilícito, aqueles relacionados e outros que, porventura,

    enquadrem-se no suporte fático do caput do mencionado artigo.

    Assim, o funcionário público que aufere, dolosamente,

    qualquer vantagem patrimonial indevida, em razão do exercício do cargo, pratica

    ato de improbidade administrativa e, como já ressaltado, foi exatamente a

    conduta realizada pelo demandado.

    Além disso, no presente caso, os fatos enquadram-se

    ao inciso I, do referido artigo, visto que Jorge Alberto Anez Aramayo recebeu,

    para si, ordem de pagamento à vista, a título de honorários médicos de paciente,

    sendo que todo o procedimento realizado foi pago pelo Sistema Único de Saúde

    – SUS, não podendo, por evidente, ser, também, cobrado do paciente.

    Juridicamente, a prática do réu é ímproba, inclusive, o

    Superior Tribunal de Justiça tem reiteradamente julgado a ilegalidade da exigência

    de valores em serviços médicos cobertos pelo Sistema Único de Saúde,

    declarando a improbidade administrativa do médico que assim proceder.

  • ADMINISTRATIVO – AÇÃO CIVIL PÚBLICA – IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA – SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE – CONFIGURAÇÃO DO ATO ILÍCITO – ART. 9º DA LEI N. 8.429/92. 1. Resume-se a controvérsia em ação civil pública de

    improbidade administrativa em razão de supostas práticas de exigências de honorários médicos de pacientes do SUS, por duas vezes. 2. Consta dos autos a contratação do recorrido para o serviço de anestesia, quando da realização de cesariana em paciente do SUS, com pagamento particular ao médico para a realização do referido procedimento. Cabe a esta Corte aferir a questão de direito devolvida, qual seja, a configuração da improbidade administrativa. 3. A aludida situação, ao contrário do entendimento proferido pelo Tribunal a quo, não pode ser considerada mera irregularidade, especialmente quando existe norma expressa que tipifica o ato em questão. 4. O Ministério Público Federal, ao analisar os autos, verificou que os procedimentos realizados na internação, assim como os medicamentos e demais serviços prestados, encontravam-se cobertos pelo SUS. Deixou claro, em seu parecer, que a referida autorização garantia a gratuidade total da assistência prestada e estaria vedada a cobrança de qualquer valor a título de diferença. 5. Não há como entender o procedimento de anestesia como "complementaridade" aos serviços prestados, pois sua essencialidade é manifesta. Nesse contexto, patente configuração do ato de improbidade administrativa, previsto no art. 9º, inciso I, da Lei n.8.429, de 2 de junho de 1992. 6. Em razão da devolutividade vinculada do recurso especial, não cabe a esta Corte adentrar no contexto fático-probatório para verificar a extensão da pena cabível. Devolução dos autos para o Tribunal a quo, a fim de que seja julgada a questão da aplicação da pena e condenação em eventuais honorários. Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp 961586/RS Agravo Regimental no Recurso Especial 2007/0141524-6, Relator Ministro Humberto Martins, 2ª Turma, Data do Julgamento: 27/05/2008)”.

  • No que tange à vantagem ilícita efetivamente auferida

    pelo demandado, pode se argumentar que não restou caracterizada, tendo em

    vista que a ordem de pagamento à vista emitida em seu favor foi sustada pelo

    emitente do título. Todavia, tal circunstância posterior ao ato de improbidade não

    deve servir para afastar a ilicitude da conduta, conforme ensina Silvio Antônio

    Marques ao tecer comentário sobre o artigo 9º, inciso I, da Lei nº. 8.429/92:

    “Trata-se de tipo formal que pode ser aplicado a qualquer

    situação concreta em que o agente recebe vantagem ilícita,

    independente da ocorrência do resultado finalístico contrário ao

    erário ou ao interesse público.

    Também não importa o total desviado ou a posterior devolução

    do valor.” (Silvio Antônio Marques, Improbidade

    Administrativa, 2010, Ed. Saraiva, pág. 68/69)

    Com relação ao montante da vantagem ilícita, não há

    que se falar em eventual aplicação do princípio da insignificância pertinente ao

    Direto Penal, pouco importando a quantia ou natureza da vantagem ilícita. Trata-

    se de ato que atenta contra a moralidade administrativa, sendo impossível calcular

    ou estabelecer um “quantum” para esse valor supremo da sociedade. Nesse

    sentido, caminha a Jurisprudência pátria, tome-se, por exemplo, as palavras

    utilizadas pelo eminente Ministro Herman Benjamin em seu voto ao julgar o

    REsp 892.818/RS,j. em 11-11-2008 da Superior Corte Federal:

    “O princípio da insignificância do Direito Penal não pode ser

    aplicado para afastar as condutas reconhecidas com ímprobas, os

  • atos de improbidade administrativa não se confundem com as

    irregularidades administrativas, a despeito de serem espécie do

    mesmo gênero. Não se aplica o princípio da insignificância às

    condutas reconhecidas como ímprobas, pois não existe ofensa

    insignificante ao princípio da moralidade, não há com aplicar os

    princípios administrativos com a calculadora na mão,

    expressando em forma de reais e centavos.”

    Não obstante, as hipóteses previstas no artigo 11, da

    Lei n.o 8.429/1992 – atos que decorrem da violação de princípios –

    acompanham, neste caso, o ato de improbidade praticado pelo demandado.

    O réu Jorge Alberto Anez Aramayo praticou ato de

    improbidade administrativa, porque, na condição de agente público (art. 2o da Lei

    n.o 8.429/92), atuou de modo contrário ao Direito, violando, conscientemente, os

    princípios informadores da Administração Pública. Mesmo que não tenha

    recebido o valor exigido, teria o agente público consumado a improbidade

    administrativa, no momento da exigência realizada, pois sua conduta já atentaria

    contra o princípio da moralidade administrativa e legalidade, estando capitulada

    no artigo 11 da Lei nº. 8.429/92.

    No entanto, a atitude do réu foi além, pois, como

    pontuado, o demandado recebeu, na condição de médico que prestava serviço

    pelo Sistema Único de Saúde – SUS, o pagamento de quantia indevida ao

    paciente, que, por estar utilizando o SUS, fazia jus ao atendimento gratuito.

    Apenas não se locupletou ilicitamente da quantia representada pela cártula

  • comercial por circunstância alheia à sua vontade, qual seja a sustação do cheque

    pelo correntista titular.

    Essa conduta vai contra o ordenamento jurídico,

    ofendendo, notadamente, os artigos 196 da Constituição Federal, artigo 7o da Lei

    Federal n.o 8.080/90, além de configurar conduta criminosa tipificada pelo artigo

    316 do Código Penal.

    Violado, assim, o princípio da legalidade.

    Não se olvide, também, que ao exigir vantagem

    indevida, o demandado atentou contra seu dever de honestidade.

    Quanto à aferição de dolo (elemento volitivo) na

    conduta do primeiro réu, Emerson Garcia e Rogério Pacheco Alves, ao

    comentarem o princípio da moralidade administrativa, assim lecionam:

    “Para que seja identificada a real intenção do agente, a qual poderá revelar a verdadeira motivação do ato e o objetivo colimado com a sua prática, afigura-se impossível a penetração em seu psiquismo, o que conduzirá à analise de tal elemento volitivo a partir da situação fática embasadora do ato e dos elementos externos – ainda que não declinados – que venham a influir na sua prática.

    A intenção, assim, é indício aferidor da moralidade do ato, sendo também verificada a partir da compatibilidade entre a competência prevista na norma e a finalidade pretendida com a prática do ato. (Emerson Garcia e Rogério Pacheco Alves, Improbidade Administrativa, 3a Edição, pág. 79”).

  • De acordo com os ilustres estudiosos, o elemento

    volitivo somente é aferível a partir das circunstâncias que cercam determinado

    ato, visto que é impossível a penetração no psiquismo do agente.

    No caso apresentado, existem três circunstâncias que

    são indispensáveis para aferir a intenção do agente e verificar a imoralidade do

    ato. A primeira circunstância externa seria o estado de perigo, pois alguém

    acometido de dano iminente é capaz de contrair obrigação onerosa para salvar-se.

    No entanto, sozinha, tal circunstância não denota imoralidade, visto que não é

    irresistível, podendo tal pessoa contrair obrigações justas. A segunda

    circunstância fática seria o conhecimento da outra parte da circunstância anterior.

    A última circunstância seria a existência de obrigação excessivamente onerosa ou

    indevida envolvida no negócio jurídico, pois evidentemente estaríamos diante de

    um abuso propiciado pela primeira circunstância, pois óbvio que tal era de

    conhecimento do outro contraente, dando certo grau de segurança para aferir a

    intenção de quem aproveitou tal obrigação.

    Assim, objetivamente, a junção de estado de perigo,

    conhecimento de tal pelo outro contraente e obrigação excessivamente onerosa

    ou indevida enseja um grau razoável de certeza para sustentar-se juridicamente a

    má-fé do contraente que tentou lucrar indevidamente. E má-fé, de acordo com a

    Lei 8.429/92, é igual à improbidade administrativa.

    Destarte, exsurge cristalina a imoralidade existente na

    conduta do réu que, aproveitando-se de momento de fragilidade e necessidade da

    paciente Rosa Maria Riberro Godini, a qual era de seu inteiro conhecimento,

  • exigiu prestação indevida ao seu serviço de atendimento médico. Obviamente,

    não podia a paciente apresentar resistência à exigência do pagamento ilegal do

    réu, que exigiu e acabou por receber título representativo da vantagem indevida.

    De resto, a cobrança de paciente beneficiário do SUS,

    além de, como já pontuado, significar atuação contrária ao Direito e desrespeito

    ao dever de honestidade, encontra, também, tipificação no artigo 11, caput, da Lei

    n.o 8.429/92, por ofensa aos demais princípios que informam a Administração

    Pública e de lealdade às Instituições.

    Do Conceito Jurídico de Moralidade

    O valor moralidade administrativa, previsto

    constitucionalmente, trata-se de um bem jurídico a ser protegido pelo

    Ordenamento Jurídico, tendo, inclusive, algumas garantias processuais

    expressamente previstas na própria Constituição Federal, como é o caso da Ação

    Popular e da Ação Civil Pública.

    A previsão do princípio da moralidade, em nível

    constitucional, trouxe maior preocupação quanto ao seu exato conceito aos

    operadores do Direito. O Direito Administrativo desenvolveu algumas teses no

    tocante à moralidade administrativa, evoluindo desde a noção básica de

    identificação legal até as novas modalidades de aferimento conceitual.

    O problema não é meramente conceitual, mas se

    refere, principalmente, aos limites entre a moralidade social e jurídica. A Ciência

    do Direito, através dos tempos, construiu critérios sólidos para a verificação de

  • casos concretos acerca da moralidade da conduta de agentes. Assim, o primeiro

    critério aferidor da moralidade envolvida em determinado caso era o critério do

    “bonus pater famílias”, segundo o qual, se o agente se comportou objetivamente

    como se comportaria um bom pai de família, sua conduta estaria então em

    conformidade com a moralidade exigida para o caso.

    Após surgiram outros critério aferidores, inclusive, o

    critério decorrente das teorias monistas, as quais identificavam a norma e o valor,

    ou seja, tudo que é legal é moral. Naturalmente, esse critério não foi bem aceito

    pela doutrina, pois como se sabe, nem sempre a Lei identifica-se com a moral.

    Atualmente, o princípio da boa-fé objetiva nas

    relações entre privados também reclama novas análises da Ciência do Direito.

    Hoje, a valoração da probidade, no Direito Privado, dá-se, diretamente, nas

    condutas dos sujeitos. Por isso, atualmente, entende-se que o aspecto de maior

    relevância está no agir, pois revela, segundo o finalismo, com certo grau de

    segurança, as intenções subjetivas e interiores da psique humana.

    Hodiernamente, o meio de aferir a moralidade

    administrativa mais aceito seria o critério segundo o senso médio superior da

    moralidade vigente em determinada comunidade. Na verdade, trata-se de

    conceituar a moralidade com a reprovabilidade de conduta segundo o sentir do

    homem comum.

    Portanto, deve-se analisar o caso dentro do prisma de

    raciocínio moral de certa comunidade para sabermos se o agir corrompeu a

    moralidade vigente daquele grupo humano. Naturalmente, as reações adversas

  • apresentadas pela comunidade quanto a determinado fato indicam o seu conceito

    de moral. As manifestações sociais de inconformidade, em verdade, compõem de

    certa forma a conceito negativo do que é moral, pois a sociedade, no tocante à

    moral, sempre se manifesta em reação, portanto contrária a alguma coisa. Assim

    seria o caso das reações adversas das pessoas, quando veem outras pessoas nuas

    em via pública, materializando as normas morais vigentes naquela comunidade,

    no sentido de que não se pode andar pelado pela rua.

    Observa-se que o conceito de moral segundo esse

    critério, logo, tem certa gama de variabilidade, pois alguns fatos considerados

    imorais, anteriormente, hoje, são mais aceitos. Em contra partida, alguns fatos

    considerados imorais, hoje, ganharam maior relevo de imoralidade segundo o

    sendo médio superior de moralidade.

    Portanto, seguramente, a análise da moralidade

    administrativa, no tocante a sua incidência ao caso particular, deve sempre ter

    como ponto de partida a moral vigente no senso médio superior da comunidade,

    que se manifesta através de reações adversas aos fatos considerados imorais.

    Não se trata de equiparar o valor à norma, embora

    ambas possuam, indiscutivelmente, ponto de contato. A moralidade

    administrativa seria a exigência constitucional e legal do agente agir em

    conformidade com seu dever de honestidade, vale dizer, a atuação correta

    pressupõe a conformação da conduta aos ditames superiores da moralidade

    normativa.

  • A Lei n.º 8.429/92 descreve como sendo atos de

    improbidade administrativa aqueles que importam enriquecimento ilícito (artigo

    9.º - previsto apenas na forma dolosa), lesão ao erário, por ação ou omissão,

    dolosa ou culposa (artigo 10) e os que atentam contra os princípios da

    Administração Pública (artigo 11 - igualmente apenas na forma dolosa). Nesse

    passo, a grave violação do princípio da moralidade já possui o condão de

    configurar a improbidade administrativa que, por sua vez, requer (para sua

    conformação) inequívoca intenção desonesta e grave violação do senso médio

    superior da moralidade vigente numa determinada comunidade.

    Sem prejuízo do conceito de moralidade até o

    momento exposto, a Moralidade Administrativa vai além. O entendimento

    mais aceito e difundido por estudiosos da seara pública é no sentido de

    conceituar a o Princípio Moralidade Administrativa como um superprincípio

    informador dos demais, e não mero integrante do Princípio da Legalidade. Dessa

    forma, torna-se possível o combate ao ato válido, porque respeitado o processo

    de formação previsto em lei, mas destituído do elemento moral.

    Conforme ensina, brilhantemente, Maria Sylvia Zanella

    Di Pietro:

    “O Princípio da Moralidade Administrativa exige o

    comportamento (do administrador e do administrado) compatível

    não somente com a lei, mas, também, com a moral

    administrativa, os bons costumes, as regras de boa

  • administração, justiça, equidade e honestidade” (Maria Sylvia

    Zanella Di Pietro, Direito Administrativo, pág. 71)

    A Moralidade Administrativa possui um “plus” em

    relação à moralidade comum, uma vez que abrange a noção de boa

    administração; o administrador não deve exercer sua função pública apenas de

    acordo com a boa-fé e os bons costumes, ele deve administrar da melhor forma

    possível, de maneira que venha a assegurar e perseguir incessantemente o

    interesse público.

    No que toca à aplicação do Princípio da Moralidade

    Administrativa, representando a melhor doutrina sobre o assunto, preconiza

    Wallace Paiva Martins Júnior:

    “É certo que, à primeira vista, parece carregado o princípio da

    moralidade administrativa por uma certa e exagerada dose de

    subjetividade, individualizada e diferente. No entanto, trata-se

    de uma aparência. O princípio da moralidade administrativa

    não precisa ter seu conteúdo definido ou explicitado por regra

    expressa em lei. Ele se estabelece objetivamente a partir do

    confronto do ato administrativo (desde a pesquise de seus

    requisitos, com destaque ao motivo, ao objeto e à finalidade, até a

    produção de seus efeitos, ou seja, perquirindo-se a validade e a

    eficácia) ou da conduta do agente com as regra éticas tiradas da

    disciplina interna da Administração (e que obrigam sempre ao

    alcance do bem comum, do interesse público), em que se deve

  • fixar uma linha divisória entre o justo e o injusto, o moral e o

    imoral (e também o amoral), o honesto e o desonesto.” (Wallace

    Paiva Martins Júnior, Probidade Administrativa, 4ª edição,

    Saraiva, pág. 35)

    Portanto, realmente, a conduta do médico aqui

    descrita viola o sentimento de moralidade, em seu senso médio superior, e, sem

    dúvida, desrespeita a moralidade administrativa, juridicizando a conduta descrita

    anteriormente, tipificando-a como ímproba, perante a Lei nº 8.429/92.

    Dos pedidos

    Ante o exposto, o Ministério Público requer:

    a) seja o requerido notificado para que ofereça

    manifestação escrita, nos termos do art. 17, § 7º, Lei n.o 8429/92;

    b) com ou sem manifestação escrita, seja recebida a

    inicial, sendo o réu citado para que apresente resposta;

    c) a produção de todos os meios de prova em direito

    admitidos, especialmente a pericial, documental e testemunhal, cujo rol segue

    abaixo, além do depoimento pessoal do demandado;

    d) a procedência da ação proposta, a fim de que seja

    declarado o fato imputado ao demandado como ato de improbidade

    administrativa tipificado pelo art. 9o, inciso I, ou art. 9o, caput, da Lei n.º 8.429/92.

    Subsidiariamente, requer-se seja declarado o fato imputado ao demandado

  • como ato de improbidade administrativa tipificado pelo artigo 11, caput, da Lei n.o

    8.429/92;

    e) como conseqüência do item anterior, seja o

    demandado condenado, a fim de que lhe sejam aplicadas as sanções previstas no

    artigo 12, inciso I, da Lei n.o 8.429/92, especificamente: e.1) suspensão dos

    direitos políticos por 10 (dez) anos; e.2) pagamento de multa civil de 03 (três)

    vezes o valor do acréscimo patrimonial obtido pelo demandado; e.3) proibição de

    contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou

    creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica

    da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de 10 (dez) anos; Subsidiariamente,

    sejam aplicadas as sanções previstas no artigo 12, inciso III, especificamente: e.4)

    suspensão dos direitos políticos por 05 (cinco) anos; e.5) pagamento de multa

    civil de 100 (cem) vezes o valor da remuneração percebida pelos demandados, na

    época, devidamente corrigida; e.6) proibição de contratar com o Poder Público

    ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente,

    ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo

    prazo de 03 (três) anos.

    Dá-se à causa o valor de alçada.

    Irati, 29 de fevereiro de 2012.

    Caio Bergamo Marques da Silva Maria Luíza Correa de Mello

    Promotor de Justiça Substituto Promotora de Justiça

  • ROL DE TESTEMUNHAS:

    CIRO GILMAR IVATIUK, brasileiro, RG nº 6.020.439-0, residente e

    domiciliado à Rua Nossa Senhora de Fátima, nº 661, nesta cidade e

    Comarca de Irati (fl. 31);

    ROSA MARIA RIBERRO GODINI, brasileira, cuja qualificação e

    endereço será oportunamente informado nos autos;

    DÉBORA HENZEN, brasileira, cuja qualificação e endereço será

    oportunamente informado nos autos.

    OSMAR GONÇALVES PEREIRA, brasileiro, RG nº 1.318.622, residente e

    domiciliado à Rua Teixeira Soares, nº 27, Bairro Rio Bonito, nesta cidade

    e Comarca de Irati (fl. 13).