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Execução e Recursos - comentários ao CPC 2015 - Vol.3, 2ª ... · 08/04/2015  · ... pelo tempo que pude me ausentar para cuidar ... Comentar o Código como ele é, não ... do

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Capa: Rodrigo Lippi

Produo digital: Ozone

Fechamento desta edio: 18.06.2018

CIP BRASIL. CATALOGAO NA FONTE.SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ.E96v. 3

Execuo e Recursos: comentrios ao CPC 2015: volume 3 / Fernando da Fonseca Gajardoni ... [et

mailto:[email protected]://www.grupogen.com.br

al.]. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense; So Paulo: MTODO, 2018.

Inclui bibliografiaISBN 978-85-309-8175-4

1. Processo civil Brasil. 2. Direito processual civil Brasil. I. Gajardoni, Fernando da Fonseca. II.Ttulo.

18-50219 CDU: 347.91./95(81)

Sempre que concluo um trabalho, lembro-me de como minha famlia especial. Nunca demais, portanto,externar o meu agradecimento. Rosana, ao Ian e Mait, com todo o meu amor.

Sempre que tenho dvidas sobre o Novo CPC (e so tantas, cada vez maiores!), recorro a quem confio erespeito. Aos amigos e grandes processualistas Luiz Dellore, Andre Roque e Zulmar Duarte, com todo o meureconhecimento.

Sempre que penso em processo civil, lembro-me de minhas casas. Faculdade de Direito de Ribeiro Preto daUSP (FDRP-USP); Faculdade de Direito da USP (FD-USP); e Faculdade Paulista de Direito (PUC-SP):ontem, hoje e sempre.

Sempre que escrevo sobre o Novo Cdigo de Processo Civil, penso nos seus aplicadores, principalmente nosjuzes. magistratura brasileira, com meu respeito e admirao.

Fernando da Fonseca Gajardoni

Considerando que at aqui nos ajudou o Senhor (I Sm, 7:12), no h como deixar de agradecer a Deus.

Tambm necessrio agradecer famlia, especialmente querida Dani e ao Leo, pelo apoio e pelacompreenso nos momentos de ausncia (ou de presena parcial, pois havia o debate via celular com oscoautores...).

Agradeo tambm ao Andre, ao Gajardoni e ao Zulmar, pelas timas reflexes e parceria na elaborao destaobra. Antes de coautores, so amigos amizade esta que, estou certo, perdurar bem mais que o texto original doCPC/2015, que j foi emendado duas vezes... (e, talvez, dure mais at que o prprio Cdigo!).

Sou grato antiga discente e hoje Professora Cintia Martins pelo auxlio, neste terceiro volume, na pesquisa de

jurisprudncia j com julgados proferidos luz do CPC/2015.

E, principalmente, agradeo aos alunos (de ontem e de hoje, presenciais e virtuais) e leitores. Vocs so a maisrelevante motivao para que eu escreva.

Luiz Dellore

Agradeo, antes de mais nada, aos meus amigos Dellore, Gajardoni e Zulmar, sem os quais este projeto noseria possvel.

Devo agradecer tambm, seja l quem for, a quem inventou essas geniais ferramentas de comunicao virtual,origem do nosso grupo e fonte permanente de debates.

Aos meus colegas de trabalho, um agradecimento especial, pelo tempo que pude me ausentar para cuidardestes Comentrios.

Finalmente, aos meus alunos e leitores, razo deste trabalho e motivao para que possamos seguir em frente,apesar de todas as dificuldades. Muito do que acrescentei nesta nova edio se deveu a dvidas e debates comamigos e leitores, que me levam a buscar aprimorar o texto que aqui apresento, na convico de que essa umaobra em eterna construo.

Andre Vasconcelos Roque

Ao meu amor, Mariana, eternamente agradecido por nosso amor, Antnio, gratido esqulida ao colorido quevocs imprimem minha vida.

Aos meus pais, s minhas irms, aos pais e irmos de Mariana, que, conjuntamente, completam a paleta decores de nossas vidas.

Aos amigos Andre Roque, Fernando Gajardoni e Luiz Dellore, coautores desta aquarela e, certamente, sem osquais o quadro no passaria de um mero borro.

Os agradecimentos deste terceiro volume merecem tambm espelhar as alteraes nas cores da vida, pelo quea gratido para algumas pessoas deve ser retratada com tintas fortes. Aos meus scios Jailson Fernandes e JooEduardo De Nadal, bem como aos demais colegas de escritrio, em especial Ricardo Fretta Flores, pela ajuda nolabor dirio da advocacia, sem o que seria impensvel escrever.

Aos amigos Arnoldo Camanho de Assis, Bento Herculano Duarte, Lus Eduardo Simardi Fernandes, MarceloPacheco Machado, Marco Flix Jobim, Renato Montans de S, Ricardo Maffeis Martins, Rodrigo Cunha LimaFreire e Thiago Rodovalho, interlocutores frequentes sobre processo civil, os quais compem, em conjunto com osautores, aquilo que carinhosamente designamos como lado B do processo civil.

Zulmar Duarte

Quando da primeira edio deste livro, tnhamos acabado de completar a obra, na medida em que ela secompunha de trs volumes de comentrios ao Cdigo (parte geral; processo de conhecimento e cumprimento desentena; execuo e recursos).

Ainda assim, o livro representou a continuidade do desejo de interpretar o Cdigo de Processo Civil (Lei n13.105/2015); de potencializar suas novidades, sem desconsiderar o passado; mas tambm no ficando a eleamarrado. Comentar o Cdigo como ele , no como, ns ou outros, desejssemos que ele poderia ter sido.

A acolhida da primeira edio na academia e no mbito da prtica foi uma grata surpresa, que reforou aconvico dos autores do acerto das premissas estabelecidas para a construo da obra.

Ademais, neste momento, em que os outros volumes dos Comentrios restaram editados e j esto na segundaedio, com felicidade se verifica a harmonia e o equilbrio entre eles, certamente fruto e consequncia da slidabase estabelecida desde a primeira edio dos trs volumes.

Assim, nesta segunda edio, aprofundou-se o exame dos dispositivos do Cdigo, agora iluminados pelasnascentes doutrina e jurisprudncia construdas em torno dele nesse binio de sua vigncia, mas sem jamais descurardo objetivo de ser fiel e ele.

Embora falte muito para maturao do entendimento e da interpretao, j se apresentam acentuadastendncias na compreenso do sentido e do alcance de suas disposies, as quais, na medida possvel, foram objetode reflexo nessa nova edio, que ainda incorporou os primeiros pronunciamentos do STF e do STJ a respeito doCPC/2015, bem como os enunciados doutrinrios editados mais recentemente (em especial os das Jornadas deDireito Processual Civil do Conselho da Justia Federal 2017).

Tal qual o Cdigo, que est em fase de construo de sua inteleco, esta edio representa mais uma fasedessa jornada dos autores em manter atualizados os comentrios ao Cdigo de Processo Civil, dos quais j se podem

colher alguns resultados na vida real.

Nosso compromisso com a jornada qual convidamos os leitores a participar ativamente, no como meroespectadores, no objetivo final de um processo civil melhor.

Os Autores

O Brasil tem um novo Cdigo de Processo Civil (Lei 13.105/2015). O primeiro totalmente concebido emambiente democrtico. Tambm o primeiro promulgado aps a criao do Superior Tribunal de Justia, que ser,desde o incio, o seu ltimo intrprete sob a perspectiva infraconstitucional.

O Cdigo nasce sob o signo da esperana. Muitas so as apostas do legislador no novo CPC, destacando-se osprecedentes vinculantes, o incidente de resoluo de demandas repetitivas (IRDR), a tutela da evidncia e oincentivo conciliao e mediao, entre tantas outras novidades.

Poucas so as certezas.

Ser o problema do processo civil brasileiro, de fato, a legislao? Os institutos oferecidos pelo novo Cdigo, sedesacompanhados de uma mudana de mentalidade dos operadores do Direito, sero capazes de viabilizar aprometida prestao jurisdicional em tempo razovel?

Possivelmente, no.

O Pas precisa de muito mais do que um Cdigo. Precisa de uma nova cultura jurdica, na qual o Judicirio sejaa ltima ratio. Uma mentalidade de reverncia ao Direito, independentemente da interveno do Estado-Juiz. Ummodelo em que o paradigma seja o dilogo, com respeito aos precedentes dos Tribunais Superiores tambm nombito extrajudicial, particularmente pelas entidades pblicas. Devemos fomentar a cultura da pacificao, e no ado litgio.

Evidente que uma lei nova pode contribuir. alvissareira a novel codificao do processo civil, revigorando onimo dos operadores do Direito e motivando os debates a respeito do futuro do processo e da Justia brasileira.

Os benefcios, todavia, somente sero sentidos se os estudiosos do novo Cdigo (em especial o SuperiorTribunal de Justia, seu intrprete autntico) forem capazes de extrair do novo sistema o mximo rendimento, quecompatibilize o respeito s garantias constitucionais e o ideal de celeridade e de eficcia do processo.

Parabenizo, por isso, a iniciativa dos autores destes Comentrios, de oferecer para a comunidade jurdica umaesmerada anlise sobre tudo o que h de novo (ou mesmo aquilo que foi repetido) no Cdigo de Processo Civil.

Este terceiro e ltimo volume da coleo, de mais de 1.300 pginas, rene comentrios detalhados sobre osLivros II (Processo de Execuo) e III (Processo nos Tribunais e meios de impugnao das decises judiciais) daParte Especial da Lei 13.105/2015, bem como sobre o Livro Complementar e das Disposies Finais e Transitriasdo CPC/2015. Corresponde, assim, aos artigos 771 a 1.072 do novo diploma.

Outros dois livros j publicados completam a obra: Teoria Geral do Processo Comentrios ao CPC/2015(Parte Geral) e Processo de Conhecimento e Cumprimento de Sentena: Comentrios ao CPC/2015.

Os autores da obra, experimentados e reconhecidos professores de processo civil alm de terem participadoativamente da elaborao e da discusso do novo texto legal , tm profcua atividade acadmica e experincias econhecimentos colhidos na realidade do dia a dia da prtica forense, sob diferentes perspectivas, pois atuam ematividades profissionais diversificadas (advocacia pblica, advocacia privada e magistratura).

Apesar de revelarem preocupaes distintas em relao ao processo, ainda assim exprimem nestesComentrios suas impresses de forma compartilhada, oferecendo uma abordagem crtica da obra e preservando anecessria neutralidade hermenutica ao texto, fundamental para sua exata compreenso.

Fernando da Fonseca Gajardoni do interior paulista. Graduou-se na PUC-SP. Cursou mestrado e doutoradoem Processo na Faculdade de Direito da USP, no Largo So Francisco. Em 2010, por concurso pblico, tornou-seProfessor doutor de Direito Processual Civil da Faculdade de Direito da USP Ribeiro Preto (FDRP-USP), ondeleciona nos cursos de graduao, especializao e mestrado. Desde 1998 magistrado no Estado de So Paulo.Tem intensa produo cientfica, com foco nos estudos sobre tcnicas de acelerao do processo, legislaoprocessual estadual e flexibilizao do procedimento.

Luiz Dellore tambm paulista, da capital. Graduou-se na Faculdade de Direito da USP, onde tambm cursoumestrado e doutorado em Direito Processual Civil. Alm disso, Mestre em Direito Constitucional pela PUC-SP. advogado concursado da Caixa Econmica Federal desde 2001 e atuou, de 2011 a 2013, como meu assessor nombito do Superior Tribunal de Justia. Seus estudos centram-se na disciplina constitucional do processo,especialmente na coisa julgada e nas aes de controle de constitucionalidade. Leciona na UniversidadePresbiteriana Mackenzie, nos cursos de graduao e ps, como tambm em outras instituies.

Andre Vasconcelos Roque do Rio de Janeiro. Graduou-se na Faculdade de Direito da Universidade doEstado do Rio de Janeiro (UERJ), onde cursou tambm o mestrado e o doutorado em Direito Processual Civil.Desde 2014 professor adjunto da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Seusprincipais estudos voltam-se ao processo coletivo e arbitragem. advogado militante.

Zulmar Duarte de Oliveira Jnior catarinense. Especialista em Direito Processual Civil, tem intensa atividadedocente por todo o Pas. Foi Procura-dor-Geral do Municpio de Imbituba e Consultor jurdico do Estado de SantaCatarina. Atualmente advogado e parecerista. Centra seus estudos e publicaes, especialmente, na temtica daoralidade e dos princpios processuais.

Os autores dos presentes Comentrios no optaram por uma obra com breves e superficiais notas. Estudaramminuciosamente os temas tratados neste volume com profunda pesquisa cientfica sobre o que se construiu noregime do CPC/1973 e, tambm, a propsito do que decidiram os Tribunais Superiores na sua vigncia e j na

vigncia do CPC/2015.

Resistiram, por sua vez, tentao de comentar o Cdigo como desejavam que ele fosse. O texto legal no isento de crticas, sabe-se. Contudo, os presentes Comentrios exprimem o que o Cdigo , e no o que os seusautores gostariam que tivesse sido aprovado, conforme suas convices ou emendas legislativas no acolhidas.

Neste derradeiro livro da srie, que comenta a execuo, os meios de impugnao s decises judiciais e odireito transitrio, temas centrais e estruturantes do novo CPC so tratados: incidente de resoluo de demandasrepetitivas (IRDR), reclamao, agravo de instrumento, Direito processual intertemporal, entre outros.

Estes Comentrios certamente serviro de importante suporte e referncia para os operadores jurdicos.

Cumprimentos aos autores e Editora Mtodo (Grupo GEN) pelo belo projeto editorial e pela valorosacontribuio para a literatura jurdica brasileira.

Antonio Carlos FerreiraMinistro do Superior Tribunal de Justia

ndice Sistemtico do Cdigo de Processo CivilIntroduoLei 13.105, de 16 de maro de 2015 Cdigo de Processo Civil

LEI 13.105, DE 16 DE MARO DE 2015

PARTE ESPECIAL

LIVRO IIDO PROCESSO DE EXECUO

TTULO IDA EXECUO EM GERAL

Captulo I Das Disposies Gerais arts. 771 a 777Captulo II Das Partes arts. 778 a 780Captulo III Da Competncia arts. 781 e 782Captulo IV Dos Requisitos Necessrios para Realizar Qualquer Execuo arts. 783 a 788

Seo I Do Ttulo Executivo arts. 783 a 785Seo II Da Exigibilidade da Obrigao arts. 786 a 788

Captulo V Da Responsabilidade Patrimornial arts. 789 a 796

TTULO IIDAS DIVERSAS ESPCIES DE EXECUO

Captulo I Disposies Gerais arts. 797 a 805Captulo II Da Execuo para a Entrega de Coisa arts. 806 a 813

Seo I Da Entrega de Coisa Certa arts. 806 a 810Seo II Da Entrega de Coisa Incerta arts. 811 a 813

Captulo III Da Execuo das Obrigaes de Fazer e de No Fazer arts. 814 a 823Seo I Disposies Comuns art. 814Seo II Da Obrigao de Fazer arts. 815 a 821Seo III Da Obrigao de No Fazer arts. 822 e 823

Captulo IV Da Execuo por Quantia Certa arts. 824 a 909Seo I Disposies Gerais arts. 824 a 826Seo II Da Citao do Devedor e do Arresto arts. 827 a 830Seo III Da Penhora, do Depsito e da Avaliao arts. 831 a 875

Subseo I Do Objeto da Penhora arts. 831 a 836Subseo II Da Documentao da Penhora, de seu Registro e do Depsito arts. 837 a 844Subseo III Do Lugar de Realizao da Penhora arts. 845 e 846Subseo IV Das Modificaes da Penhora arts. 847 a 853Subseo V Da Penhora de Dinheiro em Depsito ou em Aplicao Financeira art. 854Subseo VI Da Penhora de Crditos arts. 855 a 860Subseo VII Da Penhora das Quotas ou Aes de Sociedades Personificadas art. 861Subseo VIII Da Penhora de Empresa, de Outros Estabelecimentos e de Semoventes arts. 862 a 865Subseo IX Da Penhora de Percentual de Faturamento de Empresa art. 866Subseo X Da Penhora de Frutos e Rendimentos de Coisa Mvel ou Imvel arts. 867 a 869Subseo XI Da Avaliao arts. 870 a 875

Seo IV Da Expropriao de Bens arts. 876 a 903Subseo I Da Adjudicao arts. 876 a 878Subseo II Da Alienao arts. 879 a 903

Seo V Da Satisfao do Crdito arts. 904 a 909Captulo V Da Execuo Contra a Fazenda Pblica art. 910Captulo VI Da Execuo de Alimentos arts. 911 a 913

TTULO IIIDOS EMBARGOS EXECUO

Arts. 914 a 920

TTULO IVDA SUSPENSO E DA EXTINO DO PROCESSO DE EXECUO

Captulo I Da Suspenso do Processo de Execuo arts. 921 a 923Captulo II Da Extino do Processo de Execuo arts. 924 e 925

LIVRO IIIDOS PROCESSOS NOS TRIBUNAIS E DOS MEIOS DE IMPUGNAO DAS DECISES

JUDICIAIS

TTULO IDA ORDEM DOS PROCESSOS E DOS PROCESSOS DE COMPETNCIA ORIGINRIA DOS

TRIBUNAIS

Captulo I Disposies Gerais arts. 926 a 928Captulo II Da Ordem dos Processos no Tribunal arts. 929 a 946Captulo III Do Incidente de Assuno de Competncia art. 947Captulo IV Do Incidente de Arguio de Inconstitucionalidade arts. 948 a 950Captulo V Do Conflito de Competncia arts. 951 a 959Captulo VI Da Homologao de Deciso Estrangeira e da Concesso do Exequatur Carta Rogatria arts.

960 a 965Captulo VII Da Ao Rescisria arts. 966 a 975Captulo VIII Do Incidente de Resoluo de Demandas Repetitivas arts. 976 a 987Captulo IX Da Reclamao arts. 988 a 993

TTULO IIDOS RECURSOS

Captulo I Disposies Gerais arts. 994 a 1.008Captulo II Da Apelao arts. 1.009 a 1.014Captulo III Do Agravo de Instrumento arts. 1.015 a 1.020Captulo IV Do Agravo Interno art. 1.021Captulo V Dos Embargos de Declarao arts. 1.022 a 1.026Captulo VI Dos Recursos para o Supremo Tribunal Federal e para o Superior Tribunal da Justia arts. 1.027 a

1.044Seo I Do Recurso Ordinrio arts. 1.027 e 1.028Seo II Do Recurso Extraordinrio e do Recurso Especial arts. 1.029 a 1.041

Subseo I Disposies Gerais arts. 1.029 a 1.035Subseo II Do Julgamento dos Recursos Extraordinrio e Especial Repetitivos arts. 1.036 a 1.041

Seo III Do Agravo em Recurso Especial e em Recurso Extraordinrio art. 1.042Seo IV Dos Embargos de Divergncia arts. 1.043 e 1.044

LIVRO COMPLEMENTAR DISPOSIES FINAIS E TRANSITRIAS

Arts. 1.045 a 1.072

Bibliografia

Existe uma velha fbula sobre um grande professor de piano que, no obstante seus mritos musicais, eradestitudo de posses, pois direcionava seu ensino s pessoas de poucos recursos, quando no despojadas destes.Esse professor ministrava suas aulas utilizando um velho piano, em que algumas teclas no mais funcionavam, peloque o professor habilidosamente ignorava-as com seus toques rpidos e certeiros. Ainda assim, o virtuoso professor,nas suas interpretaes musicais, extraa do piano os sons necessrios execuo musical.

Passados vrios anos de ensino, formados diversos alunos no maltratado instrumento, um deles presenteou oprofessor com um novo piano. Ainda que este funcionasse perfeitamente, o professor continuava a tocarmajestosamente suas peas ignorando as teclas do novo piano, correspondentes quelas que no funcionavam novelho instrumento.

Conquanto as interpretaes musicais do grande professor continuassem virtuosas, estavam sempre aqum daspotencialidades do novo piano, da execuo musical completa caso fossem utilizados todos os recursos sonorosdisponveis.

A lio por trs do conto que o novo instrumento no produz resultados renovadores se no acompanhado deuma nova viso, uma nova postura ou, melhor dizendo, uma nova prtica.

Nosso compromisso com esses Comentrios foi interpretar o Cdigo de Processo Civil (Lei 13.105/2015)potencializando suas novidades, sem desconsiderar o passado, mas tambm no ficando a ele amarrados. Tocamosno que o Cdigo traz de novidade para extrair sons antes no propagados pelo CPC de 1973.

Assim, ao comentarmos o Cdigo, pretendemos, sempre que possvel, apresentar sua dimenso renovadora doatual estado da arte do Processo Civil, buscando, na sua interpretao, novos sons que permitam uma sinfoniaprocessual mais virtuosa do que aquela produzida pelo CPC de 1973.

Comentamos o Cdigo aprovado como ele , e no como ns ou outros desejssemos que ele fosse. Cada

Cdigo, e esse no ser diferente, traz consigo sua poro de sombra e luz, de acerto e erro, de novos ideais,renovadas iluses e algumas frustraes.

Sem dvida, a maior qualidade do Cdigo, e isso no pouca coisa, est no seu carter democrtico. Emboranas audincias pblicas no se conhecesse o texto, mas algumas poucas diretrizes, o fato que, durante o trmitelegislativo do projeto que lhe deu origem, notadamente na Casa do Povo (Cmara de Deputados), o Cdigo restoudebatido pela sociedade.

Os defeitos do Cdigo derivados desse amplo debate e da tentativa de compatibilizar, acolher e absorver aspulses da sociedade chamam reflexo futura de como conciliar o exame de questes tcnicas com o exercciolivre da democracia. De como permitir decises qualificadas da maioria sobre determinados assuntos sem o risco dedirecionar o debate. Perceba-se, muitas decises previamente tomadas impedem ou direcionam decisesposteriores.

O Cdigo em si poderia ter nos dado uma melhor sinfonia. Deveria ter superado a realidade processual vigente,apresentado novas solues a problemas j conhecidos. Poderia ter rompido com alguns paradigmas vivenciados,trazendo novos arranjos processuais. O modo verbal se posiciona no futuro pretrito (aquilo que poderia ter sido,mas no foi), porque o Cdigo, em parte significativa, no atendeu s expectativas, dando continuidade ao sistemaprocessual do CPC de 1973. Os autores compartilharam viso crtica ao projeto apresentado para discusso noCongresso Nacional, hoje transformado em Cdigo. Durante cinco anos discutimos o projeto, apresentamospropostas de alterao ao texto, participamos, na medida do possvel, de sua tramitao, vivemos em plenitude asdiscusses sobre o Cdigo.

Os comentrios ao Cdigo surgem dessa viso partilhada entre os autores, de que se poderia fazer melhor, peloque no presente livro (e nos que se seguiro), ainda que sejam reconhecidos os mritos ao texto aprovado, seroanalisadas criticamente as escolhas legislativas realizadas, apresentando, quando permitido, solues aos problemasde sempre e queles por vir.

Ressalte-se, a empreitada no foi fcil. Embora o Cdigo no tenha feito bom uso das inovaes tecnolgicas poderia, mas no o fez , podemos dizer que utilizamos estas como nossas aliadas, discutindo intensamente oscomentrios por diversos meios eletrnicos. Por muitas noites e madrugadas, em prejuzo do convvio familiar, odebate entre os autores foi de uma nota s: o novo CPC, sob a perspectiva de como interpretar melhor os diversosdispositivos que trazem dificuldades na sua anlise e de como harmonizar as previses legais como um sistema.

Os autores tm diferentes formaes, atuam em frentes profissionais diversas, pelo que revelam preocupaesdistintas diante do processo. Ainda assim, os comentrios, na medida do possvel, exprimem perspectiva processualcompartilhada. A expanso dos enfoques permitiu ampliar os comentrios ao Cdigo, pois a alteridade na suaconfeco permite que o alter veja onde os olhos do outro no alcanavam, s vezes por cima do ombro.

Tanto para imprimir nos comentrios um tom renovador do sistema processual atual, quanto para possibilitarsua confeco compartilhada do novo, iniciamos os comentrios aps sua aprovao pelo Congresso Nacional.

Por conta disso, escolhemos a edio de trs obras comentadas, cada qual abordando uma parte do Cdigo(Parte Geral, Processo de Conhecimento e Cumprimento de Sentena, Execuo e Recursos), aproveitando aomximo dos aportes tericos trazidos lume nos perodos de tramitao, vacatio legis e incio de vigncia doCdigo.

Que tenha incio uma nova sinfonia processual, com a participao dos leitores na construo de uma melodiaque soe agradvel (ou seja, efetiva, justa e segura) para os jurisdicionados. o que desejamos, inclusive com ascrticas e sugestes dos leitores para as prximas edies.

LIVRO IIDO PROCESSO DE EXECUO

TTULO IDA EXECUO EM GERAL

CAPTULO IDAS DISPOSIES GERAIS

CPC/2015 CPC/1973Art. 771. Este Livro regula o procedimento daexecuo fundada em ttulo extrajudicial, e suasdisposies aplicam-se, tambm, no que couber,aos procedimentos especiais de execuo, aosatos executivos realizados no procedimento decumprimento de sentena, bem como aos efeitosde atos ou fatos processuais a que a lei atribuirfora executiva.

Art. 475-R. Aplicam-se subsidiariamente aocumprimento da sentena, no que couber, asnormas que regem o processo de execuo dettulo extrajudicial.

Pargrafo nico. Aplicam-se subsidiariamente execuo as disposies do Livro I da ParteEspecial.

Art. 598. Aplicam-se subsidiariamente execuo as disposies que regem o processode conhecimento

Comentrios de Fernando da Fonseca Gajardoni:

1. Classificao das pretenses ou das aes. A depender da pretenso a ser exercida, nosso sistemaoferece ao jurisdicionado 03 (trs) formas para o exerccio do direito de ao (pese sua abstrao e singularidade).Tem-se a pretenso cognitiva (Livro I, da parte especial), exercitada toda vez que se objetivar a afirmao dodireito, o acertamento ou a definio de quem tem razo, com a declarao da existncia ou inexistncia da relaojurdica controvertida; a criao, modificao ou extino de relao jurdica; ou o reconhecimento e imposio deuma obrigao de fazer, no fazer, dar ou pagar quantia. Tem-se a pretenso cautelar (arts. 300 a 302 e 305 a 310do CPC/2015) para os casos em que, havendo probabilidade do direito, seja necessria interveno judicial a bem deevitar risco ao resultado til do processo (de conhecimento ou execuo). E tem-se a pretenso executiva, tratadatanto nos arts. 513 a 538 do CPC/2015 (cumprimento de sentena) (execuo de ttulo judicial) quanto no livro II, daparte especial, do CPC/2015 (arts. 771 a 925) (execuo de ttulo extrajudicial).

2. A execuo . 2.1. A execuo o meio colocado disposio do jurisdicionado para o exerccio dapretenso executiva, isto , para obrigar o devedor a satisfazer, foradamente, o direito previamente declarado, sejano processo de conhecimento (cumprimento de sentena) (execuo de ttulo judicial), seja em documentoextrajudicial cuja lei confere eficcia executiva (execuo de ttulo extrajudicial). Predominantemente, consiste naprtica coativa de atos materiais que visam a proporcionar a satisfao forada de uma prestao devida einadimplida, a conformar o mundo externo determinao constante no ttulo executivo. Ou seja, a ndole daexecuo substancialmente satisfativa (no declaratria) (no acautelatria), substituindo a vontade do condenadorenitente (que no cumpriu a obrigao) pelo comando da lei declarado no ttulo executivo. 2.2. Conforme art. 786do CPC/2015, o cumprimento de sentena (execuo de ttulo judicial) ou a execuo de ttulo extrajudicial s temcabimento se, alm da existncia de ttulo executivo lquido, certo e exigvel (ainda que provisrio), o devedor nosatisfizer a obrigao na forma da lei (inadimplemento).

3. Processo de execuo (art. 771, caput, do CPC/2015). O CPC/2015 reserva a expresso processo deexecuo para designar, exclusivamente, a execuo de ttulo extrajudicial, isto , a fundada nos ttulos previstos noart. 784 do CPC/2015. Prova disso advm da prpria anunciao do ttulo do livro II da parte especial do CPC/2015:do processo de execuo . Para as execues fundadas nos ttulos judiciais previstos no art. 515 do CPC/2015,emprega-se a expresso cumprimento de sentena, conforme se observa dos arts. 513 a 538 do CPC/2015.Portanto, doravante, para fins destes Comentrios, a expresso processo de execuo ser designativa, apenas,para a execuo fundada em ttulo extrajudicial, cuja disciplina est praticamente toda no livro II da parte especial doCPC/2015, conforme art. 771, caput.

4. O cumprimento de sentena execuo? A opo legislativa em no se empregar a expressoprocesso de execuo aos ttulos judiciais se deveu ao fato de que, ordinariamente, as medidas executivastendentes satisfao da obrigao decorrente de ttulo judicial se do nos prprios autos do processo deconhecimento, sin intervalo (processo sincrtico). Da a preferncia pela terminologia cumprimento de sentena.Todavia, ontologicamente, no h absolutamente nada a distinguir a atividade estatal executiva no cumprimento desentena (ttulo judicial) ou no processo de execuo (ttulo extrajudicial): ambas so direcionadas prtica coativade atos materiais que visam a proporcionar a satisfao forada de uma prestao devida e inadimplida, a conformaro mundo externo determinao constante no ttulo executivo. Consequentemente, no se pode negar correo aodesignativo execuo de ttulo judicial, inclusive como sinnimo da expresso cumprimento de sentena. O

cumprimento de sentena , portanto, uma modalidade de execuo. De se evitar, todavia, o emprego da expressoprocesso de execuo de ttulo judicial. A rigor no h propriamente um processo autnomo derivado oudecorrente de uma fase cognitiva prvia que formou o ttulo executivo judicial, mas sim uma fase, um mdulo, umaoutra atividade exercida em continuidade ao prprio processo de conhecimento.

5. Procedimentos nas execues de ttulo extrajudicial (processo de execuo). 5.1 Embora deprocesso de execuo se trate, o procedimento executivo (o rito) variar em conformidade com a natureza do direitosubstancial reconhecido no ttulo executivo, ou com a condio da parte devedora. A partir da os procedimentosexecutivos se dividem em comuns e especiais. So procedimentos executivos comuns os atinentes satisfao dasobrigaes de entrega de coisa (arts. 806 a 813 do CPC/2015), fazer e no fazer (arts. 814 a 823 do CPC/2015) epagar quantia certa contra devedor solvente (art. 824 e ss. do CPC/2015). So procedimento executivos especiais oslanados contra a Fazenda Pblica (art. 910 do CPC/2015), para satisfao da pretenso alimentar (arts. 911 a 913do CPC/2015), os movidos contra devedor insolvente (art. 1.052 do CPC/2015 e arts. 748 a 786-A do CPC/1973) eoutras execues disciplinadas em legislao extravagante (v.g. Lei 6.830/1980 execuo fiscal). 5.2. luz doprincpio da adequao, os procedimentos executivos so adequados previamente pelo legislador conforme acondio da parte (Fazenda Pblica, insolvente etc.) ou a natureza jurdica do direito em debate (alimentos,obrigaes de fazer, dar etc.). Mas nada impede que, sem prejuzo da prvia disciplina legal, o juiz tambm promovaa adaptao toda vez que observar ser o instrumental processual incapaz de tutelar adequadamente a pretensoexecutiva, conforme, inclusive, autoriza o art. 139, VI, do CPC/2015 e o enunciado 35 da ENFAM (Alm dassituaes em que a flexibilizao do procedimento autorizada pelo art. 139, VI, do CPC/2015, pode o juiz,de ofcio, preservada a previsibilidade do rito, adapt-lo s especificidades da causa, observadas asgarantias fundamentais do processo ). Para melhor anlise da possibilidade de flexibilizao dos procedimentospelo juiz, conferir o que escrevemos no volume 01 destes Comentrios (GAJARDONI, Fernando da Fonseca.Teoria geral do processo: comentrios ao CPC/2015. So Paulo: Mtodo, 2015, p. 460-465).

6. Aplicao subsidiria das regras do processo de execuo (Livro II da parte especial doCPC/2015) ao cumprimento de sentena, execues especiais e efeitos dos atos ou fatos processuaiscom fora executiva (arts. 513, caput, e 771, caput, do CPC/2015). 6.1. A disciplina do processo (autnomo)de execuo (livro II da parte especial do CPC/2015) muito mais detalhada e completa que a do cumprimento dasentena (arts. 513 a 538 do CPC/2015) e de outros procedimentos executivos especiais, especialmente no quetange responsabilidade patrimonial e disciplina dos atos de penhora, avaliao, expropriao e satisfao do

crdito. Exemplificativamente, as regras sobre cumprimento de sentena no CPC/2015 concentram-se na fase inicialdo procedimento e na disciplina dos meios de defesa disponveis ao executado (na execuo de obrigao de pagarquantia certa), bem como nas tcnicas disponveis ao juiz (na execuo de obrigao de fazer, no fazer e entregarcoisa). Mas no h disciplina das impenhorabilidades nos artigos do CPC referentes ao cumprimento de sentena(arts. 513 a 538 do CPC/2015). E nem na Lei 6.830/1980, que trata da execuo fiscal. Por isso os arts. 513, caput,e 771, caput (ora comentado), ambos do CPC/2015, determinam a aplicao subsidiria das regras do processoautnomo de execuo isto , do livro II, da parte especial do CPC/2015 , no que couber, aos procedimentosespeciais executivos (Fazenda Pblica, alimentos, devedor insolvente e de legislao extravagante), ao cumprimentode sentena (arts. 513 a 538 do CPC/2015) e aos efeitos de atos ou fatos processuais a que a lei atribuir foraexecutiva (seja l o que isso significar). De modo que as regras sobre impenhorabilidade previstas no Livro II daparte especial do CPC/2015, relativas ao processo de execuo (arts. 833 e 834 do CPC/2015), so aplicveis aocumprimento de sentena e execuo fiscal. 6.2. A aplicao do CPC/2015, todavia, no automtica (aexpresso no que couber do texto legal bem indica isso). A subsidiariedade impe que sejam observadas trsregras para que o Livro II da parte especial incida na disciplina dos atos dos procedimentos executivos especiais,cumprimento de sentena e outros atos ou fatos processuais que a lei atribua fora executiva: (i) s incide o Livro IIse no houver regra especfica regendo o tema; (ii) a regra do processo de execuo deve ser compatvel com asistemtica dos procedimentos executivos especiais, do cumprimento da sentena ou dos atos ou fatos processuais aque lei atribua fora executiva (o que s pode ser definido a partir da intepretao da compatibilidade sistmica casoa caso); e (iii) no pode haver expressa disposio legal afastando a aplicao subsidiria do CPC/2015 sexecues especiais, cumprimento de sentena ou atos ou fatos processuais com eficcia executiva. 6.3. De fato,por vezes, o legislador se preocupou em afastar qualquer possibilidade de aplicao subsidiria. Exemplo clssico odo art. 916, 7 (afastando a possibilidade de parcelamento da dvida em at seis parcelas, mediante requerimentodo executado), que, a propsito, reverte jurisprudncia do STJ que a admitia no CPC/1973 (STJ, REsp 1.264.272,Rel. Min. Lus Felipe Salomo, j. 15.05.2012). Em outras ocasies, o CPC/2015 fez justamente o inverso,assegurando a aplicao das regras do processo de execuo explicitamente (por exemplo, art. 782, 5, que regulaa incluso do nome do executado em cadastros de inadimplentes; ou o art. 730, que manda aplicar as regras sobreexpropriao dos arts. 879 a 903 ao procedimento de jurisdio voluntria da alienao judicial). Nestes casos, aaplicao ou no aplicao das regras do processo de execuo, uma vez definida expressamente pelo prpriolegislador, impede qualquer interpretao sistmica em sentido contrrio.

7. Efeitos de atos ou fatos processuais a que a lei atribui fora executiva (art. 771, caput, doCPC/2015). O CPC/2015 inova ao autorizar o uso subsidirio das regras do processo de execuo (livro II da parteespecial do CPC/2015) para os efeitos de atos ou fatos processuais a que a lei atribuir fora executiva . rdua a tarefa do intrprete em tentar entender aonde quis o legislador chegar com tal previso. Alguns autoressugerem que o dispositivo autorizaria o uso das regras do processo de execuo mesmo que ausente ttulo executivo,pondo em xeque o brocardo de que no h execuo sem ttulo (nulla executivo sine ttulo) (CARVALHO,Fabiano. Breves comentrios ao Novo CPC CPC. So Paulo: RT, 2015, p. 1.772). Outros referenciam a regra apartir da disciplina dos negcios jurdicos processuais do art. 190 do CPC/2015, admitindo que a convenoprocessual das partes possa constituir um ttulo executivo e, portanto, a partir de a ser exigida a obrigaocontemplada na conveno com base no regramento do Livro II da parte especial do CPC/2015 (NEVES, DanielAssumpo. Novo Cdigo de Processo Civil comentado. Salvador: JusPodivm, 2016, p. 1.202). Na verdade, quernos parecer que o legislador no trouxe inovao alguma aqui, a par da mera previso legal expressa. Quis

simplesmente permitir o emprego subsidirio das regras do processo de execuo aos atos ou fatos processuais queprecisam ser efetivados no bojo de procedimentos no executivos, algo que j era pacfico na doutrina ao tempo doCPC/1973. o caso, entre outros, do arresto ou sequestro cautelares (art. 301 do CPC/2015), que para seremefetivados (fora do processo de execuo) podem demandar o uso dos expedientes de fora do art. 846 doCPC/2015, relativos penhora; da aplicao do mesmo dispositivo busca e apreenso de autos retidosindevidamente por advogado, defensor pblico, perito ou membro do MP (art. 234 do CPC/2015); o manejo dasregras sobre avaliao de bens (art. 870 e ss. do CPC/2015) para definio do valor da causa nas aes de direitoreal imobilirio (art. 292, IV, do CPC/2015); a determinao da aplicao de medidas coercitivas e mandamentais aocasos em que terceiro se recuse a prestar informaes ou exibir documentos ordenados judicialmente (arts. 380,pargrafo nico, e 773 do CPC/2015). Os efeitos de atos ou fatos processuais a que a lei atribui fora executivaso, portanto, nada mais do que os fatos/atos processuais cuja efetivao depende da prtica coativa de atosmateriais a conformar o mundo externo ao comando judicial, ainda que no constante de ttulo executivo (judicial ouextrajudicial).

8. Aplicao subsidiria das regras do processo de conhecimento (Livro I da parte especial doCPC/2015) ao processo de execuo (art. 771, pargrafo nico, do CPC/2015). As regras do processo deconhecimento, que apresentam maior nvel de detalhamento e profundidade, aplicam-se subsidiariamente aoprocesso de execuo, tanto os regulados no CPC/2015 quanto os de legislao extravagante (v.., execuofiscal). Para que tal incidncia subsidiria ocorra, devem concorrer os mesmos trs requisitos indicados no item 06supra: (i) ausncia de regra especial do processo de execuo, na medida em que esta prevalece sobre a regrageral; (ii) compatibilidade da regra geral do processo de conhecimento com o processo de execuo; e (iii) que nohaja expressa disposio legal afastando a aplicao subsidiria do CPC/2015 ao processo de execuo.Exemplificativamente, as regras sobre fundamentao da sentena (art. 489, 1, do CPC/2015); extino doprocesso sem anlise do mrito (art. 485 do CPC/2015), entre outras, so plenamente compatveis com o processode execuo, sendo a ele aplicveis. Por outro lado, no se aplicam ao processo de execuo as regras sobre prazoda contestao (art. 315 do CPC/2015), cumulao de pedidos (art. 327 do CPC/2015), entre outras, pela existnciade regramento prprio, no livro II do CPC/2015 (processo de execuo), a respeito do prazo para o exerccio dadefesa do devedor (art. 915 do CPC/2015) ou para cumulao de execues (art. 780 do CPC/2015). Por fim, porincompatibilidade sistmica, tambm no se aplicam ao processo de execuo, entre outras, regras especficas doprocesso de conhecimento incompatveis com o processo de execuo, como as que disciplinam o julgamento liminarde improcedncia (art. 332 do CPC/2015), a audincia de conciliao/mediao (art. 334 do CPC/2015), areconveno (art. 343 do CPC/2015) e a revelia (art. 344 do CPC/2015).

9. Aplicao das regras da parte geral do CPC/2015 ao processo de execuo. A parte geral doCPC/2015, como enuncia o prprio ttulo, aplicvel a todos os demais livros da parte especial, inclusive o livro IIatinente ao processo de execuo. Portanto, as regras l previstas sobre intimao/citao, contagem de prazos,tutelas provisrias, entre outras, so aplicveis ao processo de execuo. No mesmo sentido, conferir a obviedadedo enunciado n. 588 do Frum Permanente de Processualistas Civis (FPPC).

10. Aplicao das regras do Livro III da parte especial e disposies finais e transitrias doCPC/2015 ao processo de execuo. Considerando que no h regras procedimentais sobre recursos e aesimpugnativas no Livro II da parte especial do CPC/2015, tampouco sobre direito transitrio; e embora no hajaexpressa meno no CPC/2015 em relao a isso (o que bastante criticvel); parece bastante claro que so

aplicveis a regras a respeito do tema do Livro III da parte especial e das disposies finais e transitrias, ambas doCPC/2015, ao processo de execuo, de modo a admitir apelao (arts. 1.009 e 1.024 do CPC/2015), agravo deinstrumento (art. 1.015, pargrafo nico, do CPC/2015), entre outros, nos processos aqui referidos. Na verdade, arigor, o livro III de parte especial do CPC/2015, sobre processo nos tribunais e meios de impugnao s decisesjudiciais, deveria integrar a parte geral do CPC/2015, vez que suas regras so aplicveis ao processo deconhecimento, cumprimento de sentena, tutelas de urgncia e processo de execuo. No mesmo sentido, conferir aobviedade do enunciado 588 do Frum Permanente de Processualistas Civis (FPPC).

11. Aplicao das regras do Livro II, da parte especial, do CPC/2015 (processo de execuo), aosJuizados Especiais Cveis (art. 53 da Lei 9.099/1995). A execuo de ttulo executivo extrajudicial no valor deat quarenta salrios mnimos manejvel, facultativamente, no mbito dos Juizados Especiais Cveis obedecerao disposto no Livro II, da Parte Especial, do CPC/2015 (processo de execuo), com as modificaes introduzidaspelo art. 53 da Lei 9.099/1995, dentre as quais se destaca: a) efetuada a penhora, o devedor ser intimado acomparecer audincia de conciliao, quando poder oferecer embargos (art. 52, IX, da Lei 9.099/1995), porescrito ou verbalmente; b) na audincia, ser buscado o meio mais rpido e eficaz para a soluo do litgio, sepossvel com dispensa da alienao judicial, devendo o conciliador propor, entre outras medidas cabveis, opagamento do dbito a prazo ou a prestao, a dao em pagamento ou a imediata adjudicao do bem penhorado;c) no apresentados os embargos em audincia, ou julgados improcedentes, qualquer das partes poder requerer aoJuiz a adoo de uma das alternativas do item anterior; e d) no encontrado o devedor ou inexistindo benspenhorveis, no se aplicar a suspenso do art. 921 do CPC/2015, devendo o processo ser imediatamente extinto,devolvendo-se os documentos ao autor para ajuizamento na Justia Comum.

12. Negcio jurdico processual (convenes processuais atpicas) em sede de execuo civil (art.190 do CPC/2015). 12.1. A vontade das partes , no CPC/2015, fonte da norma processual. O art. 190 permiteque, nas causas em que se admitam autocomposio, possam pessoas capazes convencionar sobre procedimento,bem como sobre seus poderes, deveres, faculdades e nus processuais. 12.2. J tivemos a oportunidade de discorrersobre o tema no volume 1 destes Comentrios (2018, p. 683-688) e afirmar a existncia de seis requisitos devalidade/eficcia dos negcios jurdicos processuais atpicos. S sero aceitas convenes processuais nas hiptesesem que: 1) as partes sejam as titulares da situao jurdica a respeito da qual pretendam dispor, sendo vedadaconveno processual que atinja deveres, direitos, nus e faculdades de terceiros; 2) o objeto da conveno sejalcito, de modo a no se admitir negcios jurdicos processuais que acabem por violar o contedo mnimo do processoconstitucional (regras constitucionais de competncia, o contraditrio, a ampla defesa, a publicidade, a motivao, alicitude da prova etc.); 3) a celebrao da conveno seja feita por escrito (especialmente nos negcios jurdicospr-processuais), pois s assim possvel operacionalizar judicialmente, com o mnimo de segurana e presteza, aalterao da regra legal por conveno das partes; 4) haja preservao da autonomia da vontade do contratantes,devendo o juiz deixar de aplicar a conveno processual nos casos de nulidade (erro, dolo, coao etc.), inseroabusiva em contrato de adeso ou vulnerabilidade manifesta de um dos celebrantes; 5) as partes sejam civilmentecapazes, vedada a celebrao de conveno por incapazes, ainda que representados ou assistidos; e 6) o direitoobjeto da conveno processual seja autocomponvel, isto , esteja na esfera de disponibilidade das partes. 12.3. Osprincipais exemplos de convenes processuais atpicas advm de negcios celebrados para operar efeitos noprocesso de conhecimento. Fala-se na admisso de convenes para ampliar prazos de contestao e recursos; paravedar denunciao lide; para renunciar antecipadamente ao recurso de apelao contra a sentena; para partilhar

as eventuais verbas de sucumbncia; entre tantos outros. H, contudo, um campo enorme para a celebrao deconvenes em tema de execuo civil (cumprimento de sentena e execuo de ttulo extrajudicial), conforme jadverte importante doutrina (DIDIER Jr., Fredie; CABRAL, Antonio do Passos. Negcios jurdicos processuaisatpicos e execuo. Revista de Processo, RT, v. 275, p. 193-229, 2018). Ainda que se reconhea no exerccio dajurisdio executiva enorme preponderncia da natureza pblica/estatal do processo at porque so praticadosatos coativos e de fora pelo Estado/Juiz, ordinariamente vedados ao particular , absolutamente nada impede queas partes, observadas as seis condies retroexpostas, moldem tambm o processo e o procedimento executivos ssuas vontades ou s especificidades da causa. 12.4. Parece no haver problemas para que sejam admitidas asconvenes processuais a seguir exemplificativamente indicadas (inclusive em desfavor do devedor), todascelebradas com o fim de implementar mudanas no processo/procedimento executivos: a) pacto de no executar,que diversamente da renncia ao direito em que se funda a execuo, veda ao credor dar incio a fase/processoexecutivo (por prazo certo ou indeterminadamente), no estando proibido, todavia, de exercer medidas extrajudiciaisa bem do recebimento do crdito (v.g. protesto do ttulo, insero do nome do devedor no rol de maus pagadoresetc.); b) calendarizao da execuo, a fim de que, exemplificativamente, seja avenado o cumprimento parcial eprogressivo da obrigao; c) conveno dos credores na recuperao judicial ou falncia (Lei 11.101/2005), a fim dealterar regras procedimentais da execuo concursal; d) pacto para dispensa de cauo para fins de cumprimentoprovisrio de sentena (art. 520, V, do CPC), admitindo que atos de expropriao e levantamento de valores emdinheiro possam ser praticados independentemente de garantia por parte do credor; e) ampliao de hipteses deimpenho rabilidade de bens pela via negocial, com o devedor/credor avenando, inclusive para fins de preservaodo funcionamento da empresa devedora, outras hipteses, para alm do art. 833 do CPC, em que os bens doexecutado no estariam sujeitos expropriao; f) conveno para fins de admisso da intimao/citaoextrajudicial para o processo executivo (e-mail, notificao extrajudicial etc.), permitindo-se ao credor que j ajuze aexecuo com o fito de serem imediatamente iniciados os atos executivos (sem que o Judicirio tenha que procedernova intimao/citao do executado); g) conveno processual para dispensa, ampliao ou reduo da multa de10% pelo no pagamento da condenao por quantia no prazo de 15 dias (art. 523, 1, do CPC); h) negcioprocessual para permitir a aplicao da regra do art. 916 do CPC (parcelamento) tambm ao cumprimento desentena (algo tolamente vedado pelo 7 da disposio); i) conveno de remodelao do art. 916 do CPC,admitindo, por exemplo, que nos casos em que no efetuado o pagamento parcelado, seja possvel a oposio deembargos do devedor (afastada, assim, a vedao do art. 916, 6, do CPC); j) conveno para condicionar oajuizamento da execuo de ttulo extrajudicial a notificao extrajudicial ou protesto prvios, ou mesmo a umatentativa de conciliao extrajudicial prvia (o que no inconstitucional, considerando que o condicionamento aoexerccio do direito de ao partiu de ato das prprias partes); k) conveno para inadmitir averbao da execuo(art. 828 do CPC) ; l) negcio processual para dotar a impugnao ao cumprimento de sentena (art. 525 do CPC)ou os embargos do devedor (art. 914 do CPC) de efeito suspensivo automtico etc. 12.5. Por outro lado, h outrastantas convenes processuais imaginveis em sede executiva, que no seriam vlidas/eficazes por transbordaremos seis limites j estabelecidos do art. 190 do CPC. Assim, so inadmissveis convenes processuais antecedentesou incidentais: a) que impliquem renncia ao bem de famlia protegido pela Lei 8.009/90, pois atinentes a direito deterceiros (da famlia), ainda que o devedor voluntariamente deles disponha, renunciando proteo legal,considerando que a jurisprudncia do STJ tem, de forma reiterada e inequvoca, pontuado que o benefcio conferidopela Lei 8.009/90 se trata de norma cogente, que contm princpio de ordem pblica, e sua incidncia somente afastada se caracterizada alguma hiptese descrita no art. 3 da Lei 8.009/90 (STJ, Resp. EDcl no AREsp

511.486/SC, 4 Turma, Rel. Min. Raul Arajo, j. 03.04.2016); b) que admitam a priso civil do devedor fora dashipteses constitucionais (devedor de alimentos art. 5, LXVII, da CF), vez que o contedo da conveno teriaobjeto ilcito; c) que impliquem renncia prvia, pelo executado, do exerccio do direito de defesa via embargos (art.914 do CPC) ou impugnao ao cumprimento de sentena (art. 525 do CPC), considerando que o pacto tem objetoilcito na medida em que viola o contraditrio (contedo mnimo do processo constitucional); d) que estipulem aextrajudicializao integral da fase ou do processo executivo especialmente dos mecanismos de penhora eexpropriao dos bens do devedor , considerando a ilicitude do objeto (j que o Estado quem goza, salvo expressae excepcional autorizao legal, do monoplio do uso da fora); e e) que atribuam eficcia de ttulo judicial (art. 515do CPC) a documento ou ttulo extraju dicial, expediente que, por via transversa, afeta o contraditrio, pois priva odevedor do exerccio adequado do direito de defesa (limitao considervel das matrias arguveis em impugnao),tendo, portanto, objeto ilcito. 12.6. Evidentemente, h convenes processuais em sede executiva de cabimentobastante duvidoso, merecedoras de mais aprofundada reflexo e debate. S o tempo e a orientao dos Tribunaispodero guiar, com a segurana necessria, os operadores jurdicos no sentido do cabimento (ou no) delas. Masentendemos possvel a celebrao de conveno processual de renncia impenhorabilidade do salrio (art. 833, IV,do CPC/2015), nos limites e termos da Lei 10.820/2003 (com alterao pela Lei 13.172/2015), que autoriza ocomprometimento de 30 at 35% dos vencimentos do devedor para pagamento de emprstimos, financiamentos,carto de crdito e operaes de arrendamento mercantil. Se h possibilidade de disposio voluntria pelo devedorde parte do salrio para o pagamento das obrigaes retrolistadas, no se v razo lgica para que esteja vedadaconveno processual de penhorabilidade para outros tipos de obrigao, conforme autorizao do art. 190 do CPC.A vulnerabilidade do devedor ou a insero abusiva em contrato de adeso que podem comprometer apreservao da autonomia da vontade , devem ser analisadas casuisticamente, no havendo, portanto, vedaoprima facie para a admisso da conveno de penhorabilidade parcial do salrio. Este parece ser o entendimento,tambm, de Marcelo Pacheco Machado, para quem, desde que preservada a dignidade da pessoa humana e aautonomia da vontade, possvel o pacto de penhorabilidade de certos bens reconhecidos pela lei comoimpenhorveis (Negcio processual de renncia impenhorabilidade. Jota. Braslia. Publicado em 14.11.2016.Disponvel em: ). Como entendemos tambm que as partes podem convencionar medidas atpicas, na forma do art. 139,IV, do CPC/2015, a serem empregadas a fim de compelir o devedor a cumprir a obrigao. O estabelecimento demedidas coercitivas e inibitrias, extra e pr-pro-cessualmente, para os casos de inadimplemento da obrigao(como a vedao do exerccio de determinados direitos no perodo de inadimplemento), pode servir de poderosoinstrumento de presso em favor da satisfao dela. Obviamente a medida atpica eleita ficaria como todo negcioprocessual , sujeita a controle judicial oficioso (art. 190, pargrafo nico, CPC), inclusive para fins de aferio deeventual nulidade ou vulnerabilidade do devedor quando da pactuao. Mas no se pode negar, em princpio, apossibilidade de celebrao da conveno. 12.7. Enfim, o tema novo, palpitante, e ainda despertar dvidas einquietaes. O importante termos em mente que, se de um lado, deve sempre ser preservada a dignidade dodevedor, por outro, a efetividade da execuo e o respeito autonomia da vontade das partes no so valores quepodem, simplesmente, ser desconsiderados na equao.

13. Calendarizao da execuo (art. 191 do CPC/2015). O art. 191 do CPC/2015 autoriza que as partes,de comum acordo com o juiz, fixem calendrio para a prtica de atos processuais, o qual vincular todos edispensar a intimao das partes para a prtica dos atos processuais ali previstos. No h impedimento para que acalendarizao ocorra quanto prtica de atos executivos. Alis considerando o absurdo volume de demandas em

http://jota.info/colunas/novo-cpc/novo-cpc-e-negocio-processual-de-renuncia-impenhorabilidade-14112016

curso no Judicirio ptrio , talvez o grande foco de cabimento da calendarizao no Brasil seja nas execues deTACs e cumprimentos de sentenas coletivas a implementar polticas pblicas. Perfeitamente possvel que partes(MP, Administrao Pblica etc.) e juiz, avencem o cumprimento e eventual execuo, por etapas, do TAC ou dadeciso judicial, estabelecendo, por exemplo, um roteiro de implementao da poltica pblica (200 vagas em crecheno intervalo de 06 meses, mais 200 vagas no intervalo de um ano, e o total de 600 vagas em ano e meio...). Com amesma impresso, cf. COSTA, Eduardo Jos Fonseca. Calendarizao processual. Novas tendncias do processocivil. Organizadores Alexandre Freire et al. Salvador: JusPodivm, 2014.

JURISPRUDNCIA SELECIONADA:

Flexibilizao do procedimento executivo. Enunciado 35 da ENFAM: Alm das situaes em que a flexibilizao doprocedimento autorizada pelo art. 139, VI, do CPC/2015, pode o juiz, de ofcio, preservada a previsibilidade do rito,adapt-lo s especificidades da causa, observadas as garantias fundamentais do processo.Aplicao do Livro II do CPC/2015 s execues fiscais: Enunciado 537 do FPPC. A conduta comissiva ou omissivacaracterizada como atentatria dignidade da justia no procedimento da execuo fiscal enseja a aplicao damulta do pargrafo nico do art. 774 do CPC/15. Enunciado 540 do FPPC: A disciplina procedimental parapenhora de dinheiro prevista no art. 854 aplicvel ao procedimento de execuo fiscal.Aplicao do Livro II do CPC/2015 ao cumprimento de sentena: Enunciado 194 do FPPC. A prescriointercorrente (art. 921 do CPC/2015 e smula 150 do STF) pode ser reconhecida no procedimento de cumprimentode sentena. Enunciado 444 do FPPC: Para o processo de execuo de ttulo extrajudicial de obrigao de nofazer, no necessrio propor a ao de conhecimento para que o juiz possa aplicar as normas decorrentes dos arts.536 e 537. Enunciado 450 do FPPC. Aplica-se a regra decorrente do art. 827, 2, ao cumprimento de sentena.Enunciado 545 do FPPC: Aplicam-se impugnao, no que couber, as hipteses previstas nos incisos I e III do art.918 e no seu pargrafo nico. Enunciado 586 do FPPC: O oferecimento de impugnao manifestamenteprotelatria ato atentatrio dignidade da justia que enseja a aplicao da multa prevista no pargrafo nico doart. 774 do CPC.Aplicao dos Livros III, da parte especial, e das disposies finais e transitrias, ao processo de execuo.Enunciado 588 do FPPC: Aplicam-se subsidiariamente execuo, alm do Livro I da Parte Especial, tambm asdisposies da Parte Geral, do Livro III da Parte Especial e das Disposies Finais e Transitrias.Possibilidade de o juiz atribuir efeito suspensivo aos embargos execuo fiscal, regido pela Lei 6.830/1980, na formado art. 919, 1, do CPC/2015 (art. 739-A do CPC/1973): luz de uma interpretao histrica e dos princpios quenortearam as vrias reformas nos feitos executivos da Fazenda Pblica e no prprio Cdigo de Processo Civil de1973, mormente a eficcia material do feito executivo a primazia do crdito pblico sobre o privado e a especialidadedas execues fiscais, ilgico concluir que a Lei n. 6.830 de 22 de setembro de1980 Lei de Execues Fiscais LEF e o art. 53, 4 da Lei n. 8.212, de 24 de julho de 1991, foram em algum momento ou so incompatveis com aausncia de efeito suspensivo aos embargos do devedor. Isto porque quanto ao regime dos embargos do devedorinvocavam com derrogaes especficas sempre no sentido de dar maiores garantias ao crdito pblico aaplicao subsidiria do disposto no CPC/73 que tinha redao dbia a respeito, admitindo diversas interpretaesdoutrinrias. Desse modo, tanto a Lei n. 6.830/80 LEF quanto o art. 53, 4 da Lei n. 8.212/91 no fizeram aopo por um ou outro regime, isto , so compatveis com a atribuio de efeito suspensivo ou no aos embargos dodevedor. Por essa razo, no se incompatibilizam com o art. 739-A do CPC/73 (introduzido pela Lei 11.382/2006)

que condiciona a atribuio de efeitos suspensivos aos embargos do devedor ao cumprimento de trs requisitos:apresentao de garantia; verificao pelo juiz da relevncia da fundamentao (fumus boni juris) e perigo de danoirreparvel ou de difcil reparao (periculum in mora) (STJ, REsp 1.272.827/ PE, Rel. Min. Mauro CampbellMarques, 1 Seo, j. 22.05.2013. Acrdo submetido ao regime do art. 543-C do CPC/1973 e da Resoluo STJ8/2008).Inaplicabilidade do CPC/2015 quanto dispensa da garantia do juzo para oferecimento de embargos execuo, noscasos de execuo fiscal: Em ateno ao princpio da especialidade da LEF, mantido com a reforma do CPC/73, anova redao do art. 736, do CPC dada pela Lei n. 11.382/2006 artigo que dispensa a garantia como condicionantedos embargos no se aplica s execues fiscais diante da presena de dispositivo especfico, qual seja o art. 16, 1 da Lei n. 6.830/80, que exige expressamente a garantia para a apresentao dos embargos execuo fiscal.Muito embora por fundamentos variados ora fazendo uso da interpretao sistemtica da LEF e do CPC/73, oratrilhando o inovador caminho da teoria do Dilogo das Fontes, ora utilizando-se de interpretao histrica dosdispositivos (o que se faz agora) essa concluso tem sido a alcanada pela jurisprudncia predominante, conformeressoam os precedentes de ambas as Turmas deste Superior Tribunal de Justia (STJ, REsp 1.272.827/PE, Rel.Min. Mauro Campbell Marques, 1 Seo, j. 22.05.2013. Acrdo submetido ao regime do art. 543-C do CPC/1973e da Resoluo STJ 8/2008).Aplicabilidade do regramento do art. 917, 3 e 4, do CPC/2015 (arguio de excesso de execuo mediantedeclinao do valor incontroverso e apresentao de clculo) s execues fiscais regidas pela Lei 6.830/1980.Diante da reforma no processo de execuo civil, veiculada pela Lei n. 11.382/06, necessria sua compatibilizaocom o regime jurdico da cobrana da Dvida Ativa da Unio, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municpios, e desuas respectivas autarquias (art. 1 da Lei n. 6.830/80). Constatada uma relao de complementaridade entreambos, e no de especialidade excludente, autorizada est a aplicao das normas do Cdigo de Processo Civilnaquilo que no conflitem com a Lei n. 6.830/80, em carter subsidirio. Com o advento da Lei n. 11.382/06, tornou-se regra geral, na execuo civil por ttulo extrajudicial, a obrigatoriedade do Embargante, quando a aodesconstitutiva estiver fundada em excesso de execuo, declarar na petio inicial o valor que entende correto,apresentando memria do clculo, sob pena de rejeio liminar dos embargos ou de no conhecimento dessefundamento (art. 739-A, 5, do CPC/73). A Lei de Execues Fiscais (art. 16, 2) apenas traou preceitosnorteadores acerca dos Embargos do Executado, no exaurindo o regramento dessa ao. Diante dacomplementaridade dos sistemas de execuo civil por ttulo extrajudicial e fiscal vigentes, possvel a aplicao dodisposto no art. 739-A, 5, do estatuto processual civil de 1973 aos Embargos Execuo (STJ, AgRg no REsp1.453.745/MG, Rel. Min. Napoleo Nunes Maia Filho, Rel. para acrdo Min. Regina Helena Costa, 1 Turma, j.19.03.2015).

CPC/2015 CPC/1973Art. 772. O juiz pode, em qualquer momento doprocesso:

Art. 599. O juiz pode, em qualquer momento doprocesso:

I ordenar o comparecimento das partes; I ordenar o comparecimento das partes;II advertir o executado de que seuprocedimento constitui ato atentatrio dignidadeda justia;

II advertir ao devedor que o seu procedimentoconstitui ato atentatrio dignidade da justia.

III determinar que sujeitos indicados peloexequente forneam informaes em geralrelacionadas ao objeto da execuo, tais comodocumentos e dados que tenham em seu poder,assinando-lhes prazo razovel.

Comentrios de Fernando da Fonseca Gajardoni:

1. Presidncia do processo de execuo (art. 772 do CPC/2015). Compete ao juiz dirigir o processo, sendoseu presidente. Algo absolutamente natural, vez que apesar da mitigao do publicismo processual por algunsdispositivos do CPC/2015 (v.., art. 190), o processo ainda permanece como instrumento estatal, pblico, de soluodos conflitos. A presidncia do processo pelo juiz, contudo, no o torna a figura principal do processo, tampouco lhed ascendncia hierrquica sobre advogados, defensores, membros do MP ou partes. Mas tambm no significa como impropriamente apontam alguns que h igualdade entre eles. Cada uma cumpre o seu papel no processo, enessa medida no se pode dizer que os atores processuais sejam iguais. Todos devem se tratar com respeito eurbanidade. Mas isso no retira da autoridade judicial o dever/poder de controlar a relao processual, fazendo-a sedesenvolver de modo tico, vlido e regular e efetivo, por meio da edio de comandos de natureza cogente(pronunciamentos judiciais) que devem ser cumpridos pelos demais atores do processo. Principalmente no mbito daexecuo, onde a necessidade de poderes de efetivao pelo juiz mais sentida. O art. 772 do CPC/2015, emcontinuidade ao que j previsto no art. 139 do CPC/2015, traa diretrizes para que o juiz presida o processo deexecuo.

2. Modelo presidencial cooperativista (arts. 6, 139 e 772, todos do CPC/2015). 2.1. Todos os sujeitosdo processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razovel, deciso de mrito justa e efetiva. Namedida em que o princpio da cooperao passa a ser expressamente adotado no ordenamento jurdico processualbrasileiro, expande-se o papel presidencial (diretivo) do juiz. Antes, exclusivamente no controle da relaoprocessual e na tomada de decises. Agora, como rgo colaborativo, cooperador, a trabalhar em conjunto com aspartes para que se alcance o melhor resultado possvel, especialmente no mbito da execuo. 2.2. O modelopresidencialista cooperativista, catalisado pelo contraditrio (artigos 9 e 10 do CPC/2015), impe ao magistradooutros 4 (quatro) deveres alm do decidir (praticamente todos anunciados nos incisos do art. 139 do CPC/2015): a)dever de esclarecimento: o julgador deve esclarecer-se junto s partes acerca das dvidas que tenha em relao salegaes, pedidos e fatos, de modo a evitar que a deciso se d com base nas regras sobre nus da prova (vide art.139, VIII, do CPC/2015); b) dever de consulta: deve ser assegurado aos litigantes o direito de influenciar o julgadorna soluo da controvrsia, ainda que lhe seja lcito conhecer da questo oficiosamente; no se admite, em regra, aprolao de decises surpresa, sem que as partes a tenham previamente debatido (vide art. 10 do CPC/2015); c)dever de preveno: consiste no dever de o juiz apontar as deficincias das postulaes das partes, a fim de quepossam vir a ser supridas e o processo alcance resultado mais efetivo (vide art. 139, IX, do CPC/2015); e d) deverde auxlio: consiste no dever de o magistrado auxiliar as partes na remoo de dificuldades ao exerccio dos seusdireitos, no cumprimento de nus ou deveres processuais, e na efetivao dos comandos emitidos, inclusivesugerindo alteraes nas condutas processuais eleitas (v.., em deciso que ordena a emenda da inicial executiva naforma art. 801 do CPC/2015, o juiz deve no s apontar expressamente o que deve ser corrigido, como tambmsugerir a readequao da via nos casos em que houve uma medida processual mais adequada ou til para a tutela do

direito material em debate). 2.3. Nas precisas palavras de Carlos Alberto Alvaro de Oliveira, o juiz e as partesnunca esto ss no processo; o processo no um monlogo: um dilogo, uma conversao, uma troca depropostas, de respostas, de rplicas; um intercmbio de aes e reaes, de estmulos e impulsos contrrios, deataques e contra-ataques (Do formalismo no processo civil. So Paulo: Saraiva, 1997, p. 114).

3. Deveres/poderes do juiz na presidncia do processo de execuo e rol exemplificativo (art. 772,incisos, do CPC/2015). 3.1. O art. 772 do CPC/2015 estabelece que o juiz pode, em qualquer momento doprocesso (mas, obviamente, antes do pagamento e extino da execuo), de ofcio ou a requerimento da parte: a)ordenar o comparecimento de uma ou ambas partes; b) advertir o executado de que seu procedimento constitui atoatentatrio dignidade da justia; e c) determinar que sujeitos indicados pelo exequente forneam informaes emgeral relacionadas ao objeto da execuo, tais como documentos e dados que tenham em seu poder, assinando-lhesprazo razovel. 3.2. Longe de exaurir os deveres/poderes do juiz na presidncia da execuo, o art. 772 doCPC/2015 complementa a regra do art. 139 do CPC/2015, que determina ao juiz, no exerccio da jurisdio emqualquer processo (inclusive de execuo), assegurar s partes igualdade de tratamento; velar pela durao razoveldo processo; prevenir ou reprimir qualquer ato contrrio dignidade da justia e indeferir postulaes meramenteprotelatrias; determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatrias necessrias paraassegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas aes que tenham por objeto prestao pecuniria;promover, a qualquer tempo, a autocomposio, preferencialmente com auxlio de conciliadores e mediadoresjudiciais; dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produo dos meios de prova, adequando-os snecessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade tutela do direito; exercer o poder de polcia,requisitando, quando necessrio, fora policial, alm da segurana interna dos fruns e tribunais; determinar, aqualquer tempo, o comparecimento pessoal das partes, para inquiri-las sobre os fatos da causa, hiptese em que noincidir a pena de confesso; determinar o suprimento de pressupostos processuais e o saneamento de outros vciosprocessuais; quando se deparar com diversas demandas individuais repetitivas, oficiar o Ministrio Pblico, aDefensoria Pblica e, na medida do possvel, outros legitimados a que se referem o art. 5 da Lei 7.347, de 24 dejulho de 1985, e o art. 82 da Lei 8.078, de 11 de setembro de 1990, para, se for o caso, promover a propositura daao coletiva respectiva.

4. Ordenar o comparecimento das partes (art. 772, I, do CPC/2015). 4.1. O art. 772, I, do CPC/2015 na esteira do que consta do art. 139, VIII, do CPC/2015 insere entre os poderes diretivos do juiz na conduo doprocesso de execuo o de ordenar o comparecimento das partes (vistas aqui em sentido lato, isto , para abrangerqualquer interessado ou partcipe do processo de execuo). Trata-se de dever/poder intimamente relacionado como princpio da cooperao, servindo para o magistrado, principalmente: a) esclarecer-se sobre fatos da causa a fimde propiciar a conduo mais justa e efetiva do processo de execuo, inclusive a fim de se inteirar sobre condutasdas partes, existncia e paradeiro de bens penhorveis etc. (absolutamente nada impede que o magistrado, em vezde determinar o comparecimento das partes, pea esclarecimentos por escrito, medida que em unidades com grandevolume de audincia, potencializa a celeridade processual); b) advertir o executado de que seu procedimentoconstitui ato atentatrio dignidade da justia, inclusive sobre os apenamentos cabveis; e c) tentar aautocomposio das partes, firme na regra do art. 3, 3, e 139, V, ambos do CPC/2015. Note-se que no processode execuo no h um momento legalmente previsto para a tentativa de autocomposio das partes, como sacontece no processo de conhecimento de rito comum (art. 334 do CPC/2015). Eis ento a oportunidade que tem ojuiz para, flexibilizando o procedimento, inserir a audincia para tentativa de autocomposio das partes no processo

de execuo. 4.2. Controvertida a questo da possibilidade de conduo coercitiva da parte que se recuse a atender convocao judicial. H autores a entender que, como no h previso legal expressa, a gravosa determinao nopode ser imposta e redundar na conduo sob vara (NEVES, Daniel Assumpo. Novo Cdigo de Processo Civilcomentado. Salvador: JusPodivm, 2016, p. 1.203). Concordamos com tal posicionamento, mas ressalvamos que possvel, em vista do no atendimento ao chamado, a aplicao de multa na forma do art. 774, IV e pargrafo nico,do CPC/2015.

5. Advertir o executado sobre seu comportamento ofensivo dignidade da justia (art. 772, II, doCPC/2015). 5.1. A expresso ato atentatrio dignidade da justia, diversamente do que consta do art. 139, III, doCPC/2015, est em sentido tcnico. Pois de acordo com o CPC/2015, atos atentatrios dignidade da justia soaqueles previstos, entre outros, nos arts. 77, 1 a 6, 334, 8, e 774 do CPC/2015. Todavia, bom destacar que dever de o juiz prevenir ou reprimir qualquer ato contrrio ao dever de boa-f (art. 5 do CPC/2015) e probidadeprocessual, tal como disposto nos arts. 139, III, 77, 78 e 80 do CPC/2015. Portanto, a advertncia ao executado deque ele est se comportando de forma mproba no deve ocorrer, apenas, nas hipteses do art. 774 do CPC/2015,mas em qualquer conduta violadora da boa-f objetiva (art. 5 do CPC/2015), tenha ou no previso legal expressanos arts. 77 e 80 do CPC/2015. A diferena est na sano objeto da admoestao em caso de violao daprobidade processual: se o ato for considerado ato atentatrio dignidade da justia no mbito do processo deexecuo na forma do art. 774 do CPC/2015 diante da maior gravidade , fixa-se multa em at 20% do valoratualizado do dbito em execuo (art. 774, pargrafo nico, do CPC/2015); se de outra espcie de litigncia de m-f se tratar, incide o art. 81 do CPC/2015, fixando-se, sem prejuzo de apurao de eventuais perdas e danos, multade 1 a 10% do valor da causa.

6. Determinar que terceiros prestem informaes e documentos relacionados ao objeto da execuo(art. 772, III, do CPC/2015). 6.1. A disposio parece advir do modelo cooperativo do CPC/2015 (art. 6), almde ser decorrncia natural dos arts. 378 e 380 do CPC/2015, no sentido de que todos, inclusive terceiros, devemcolaborar com o Poder Judicirio na descoberta da verdade e, por conseguinte, na efetivao dos comandosjudiciais. Conforme adverte Zulmar Duarte, ainda que tenha assumido o monoplio da prestao da tutelajurisdicional, assegurando s partes o acesso justia (artigo 5, inciso XXXV, da Constituio), o Estado no podeprescindir do auxlio das partes e de terceiros para o bom andamento do processo e para a escorreita tutelajurisdicional (Processo de conhecimento e cumprimento de sentena: comentrios ao CPC/2015. So Paulo:Mtodo, 2016, p. 302). 6.2. Tratando-se de meras informaes (dados) a serem exigidas de terceiros (como, porexemplo, a indicao do paradeiro de bens do devedor), o juiz definir o procedimento a ser adotado pelo terceiro(prazo para cumprimento, modo de prestao da informao: por escrito, por ofcio, por telefone, por e-mail, para ooficial de justia etc.). Se se tratar da exibio de documento, razovel admitir-se a aplicao analgica do art. 403 epargrafo do CPC/2015 (art. 771, pargrafo nico, do CPC/2015). Agora, se de terceiro se exigir providncia maisefetiva, como o depsito de quantias devidas ao executado, de se observar o regime da penhora de crdito dodevedor, nos termos do art. 855 e ss. do CPC/2015).

7. Concesso de medidas executivas atpicas no processo de execuo (art. 139, IV, CPC/2015). 7.1.Conforme argutamente j demonstrado por Andre Roque (Execuo no novo CPC: mais do mesmo. Jota. Braslia.Publicado em 23.02.2015. Disponvel em: ), oprocesso legislativo que culminou com o advento da Lei 13.105/2015, lamentavelmente, passou ao largo de temasfundamentais relacionados execuo, os quais, ao menos em tese, poderiam levar a um processo executivo mais

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efetivo. Por exemplo, no se levou adiante o intento, j corrente na academia, de se extrajudicializar alguns atosexecutivos ou, pelo menos, descentraliz-los da figura do juiz; de prever juros progressivos com a prolongao doestado de inadimplemento; de criar um cadastro nacional de bens imveis, que auxiliasse na pesquisa por benspenhorveis do executado; de implementar um cadastro nacional de processos judiciais, que tornasse possvel exigirdo adquirente, sob pena de responder por fraude execuo, que o pesquisasse antes de qualquer transao; deampliar a desvantagem do Poder Pblico no processo de execuo por quantia, quando no cumprisse o precatriono prazo regulamentar. Silenciosamente, contudo, sem que grande parte da doutrina tenha percebido algojustificado, talvez, pelo fato de a regra no estar propriamente incrustrada nos captulos e livro atinentes aocumprimento de sentena e ao processo de execuo , o art. 139, IV, do Novo CPC, parece ter trazido ao pasalgo bastante novo, cuja aplicao, a depender do comportamento do Judicirio, pode implicar verdadeira revoluo(positiva ou negativa) na sistemtica executiva at ento vigente, percepo que j tive oportunidade de externaroutrora (GAJARDONI, Fernando da Fonseca. A revoluo silenciosa da execuo por quantia. Jota. Braslia.Publicado em 24.08.2015. Disponvel em: ). 7.2. Como voz corrente na academia, o CPC/1973, no tocante s execues de obrigao de fazer,no fazer e entregar, trabalhava com o modelo da atipicidade das medidas executivas. Em outros termos, significaque o magistrado, com arrimo nos arts. 461, 5, e 461-A, 3, do CPC/1973, tinha a possibilidade de, alm dasusuais medidas executivas de fixao de astreintes (obrigao de fazer e no fazer) e busca e apreenso (obrigaode entrega), determinar as medidas necessrias a bem da efetivao da tutela especfica ou a obteno do resultadoprtico equivalente, tais como a remoo de pessoas e coisas, o desfazimento de obras, o impedimento de atividadenociva, entre tantas outras (restries de direitos, proibio da prtica de determinados atos etc.). O iderio deatipicidade das medidas executivas no cumprimento de sentena de fazer, no fazer e entregar, no CPC/2015, foiintegralmente mantido (art. 536, 1). 7.3. As obrigaes de pagar, todavia, no eram abarcadas por este modelo deatipicidade das medidas executivas. A sua execuo, quando fundada em ttulo judicial, estava circunscrita incidncia da multa do art. 475-J do CPC/1973 (atual art. 523, 1, do CPC/2015) que exsurge do prprio textonormativo (ope legis), no de deciso judicial (ope judicis) , e ao vetusto ato executivo de penhora de bens, commanifesta preferncia por dinheiro (art. 655, I, do CPC/1973) (art. 840 do CPC/2015). Diante da tipicidade domodelo executivo nas obrigaes de pagar, era vedada, ao menos para a doutrina e jurisprudncia dominantes noCPC/1973, a fixao indiscriminada de medidas coercitivas e indutivas de execuo indireta a bem do cumprimentoda ordem de pagamento (restries de direitos, fixao de astreintes pelo perodo de inadimplemento etc.), salvo nosraros casos em que havia expressa previso legal (como o caso da execuo de alimentos, cf. art. 528, 3, doCPC/2015). 7.4. A novidade que parece ter sido trazida pelo Novo CPC que o art. 139, IV, inserido no captuloque trata dos poderes, deveres e responsabilidade do juiz, positiva genericamente (atipicamente) o dever deefetivao. Estabelece que compete ao juiz, na qualidade de presidente do processo, determinar todas as medidasindutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatrias necessrias para assegurar o cumprimento de ordemjudicial, inclusive nas aes que tenham por objeto prestao pecuniria . Certamente haver rdua discussona doutrina e jurisprudncia se as aes que tenham por objeto prestao pecuniria, tal como constante do art. 139,IV, do CPC/2015, abarcam todas as hipteses em que constatado o inadimplemento da obrigao de pagar, ouapenas aquelas em que a imposio da prestao pecuniria se relacione, muito mais, a uma obrigao de fazer(como a de implantar benefcio previdencirio, inserir a vtima em folha de pagamento da entidade etc.). Comohaver, tambm, discusso se o a expresso ordem judicial, constante do dispositivo, se refere exclusivamente ordem de cumprimento da obrigao (inclusive de pagar quantia) constante da sentena isto , de ttulo judicial ,

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ou se abrange, tambm, a deciso do Judicirio que manda cumprir a obrigao representada no ttulo executivoextrajudicial. 7.5. Admitida, todavia, a possibilidade do manejo da atipicidade das medidas executivas nocumprimento de sentena e no processo de execuo de pagar quantia (como indicam os enunciados 48 da ENFAMe 12 do FPPC), a potencialidade da aplicao do novo regramento evidente. No efetuado o pagamento de dvidaoriunda de multas de trnsito, e superados os expedientes tradicionais de adimplemento (penhora de dinheiro e bens),seria lcito o estabelecimento da medida coercitiva/indutiva de suspenso do direito a conduzir veculo automotor emsede executiva (inclusive fiscal) at o pagamento do dbito (inclusive com apreenso da CNH do devedor); noefetuado pagamento de verbas salariais devidas a funcionrios da empresa, possvel o estabelecimento de vedao contratao de novos funcionrios at que seja saldada a dvida; no efetuado o pagamento de financiamentobancrio na forma e no prazo avenados, possvel, at que se tenha a quitao, que se obstem novos financiamentosna mesma instituio, ou mesmo a participao do devedor pessoa jurdica em licitaes (como de ordinrio jacontece com pessoas jurdicas em dbito tributrio com o Poder Pblico); etc. Teramos ento no Brasil, por assimdizer, a adoo do padro da atipicidade das medidas executivas tambm para as obrigaes de pagar, vistas estascomo ordens do Estado/Juiz para que haja prestao de pagamento em pecnia.

8. Limites ao manejo de medidas executivas atpicas (art. 139, IV, do CPC/2015). A capacidade de ainterpretao potencializada do dispositivo (vide item supra) trazer resultados positivos para a causa da efetividadeda execuo igualmente proporcional possibilidade de que sejam excedidos os limites do razovel, com a prticade verdadeiros abusos judiciais contra inadimplentes. Por isso a prevalecer a interpretao potencializada do art.139, IV, do CPC/2015 , o emprego de tais medidas coercitivas/indutivas, especialmente nas obrigaes de pagar,encontrar limite certo em algumas regras que j esto sendo adequadamente tratadas por parcela importante dadoutrina (RODOVALHO, Thiago. O necessrio dilogo entre a doutrina e a jurisprudncia na concretizao daatipicidade dos meios executivos. Jota. Braslia. Publicado em: 21.09.2016. Disponvel em: ) e que doravante so esboadas: a) excepcionalidade da medida, atravs do esgotamento dos meiostradicionais de satisfao do dbito; b) contraditrio prvio na forma do art. 9 do CPC/2015, com oitiva doexecutado a respeito do eventual manejo de medidas atpicas; com o recebimento de explicaes do porqu do nopagamento; c) fundamentao idnea, na forma do art. 489, 1, do CPC/2015, inclusive em vista da enormeampliao dos poderes do juiz na seara executiva por conta do regramento e da necessidade de se demonstrar ocumprimento dos requisitos aqui postos; d) aplicao do princpio da proporcionalidade, observada a regra da menoronerosidade ao devedor do art. 805 do CPC/2015 (v.., no parece razovel aplicar, indistintamente, inmerasmedidas atpicas concomitantemente, ou mesmo intervir na esfera privada para forar o cumprimento da obrigao,obstando que o devedor mantenha seus filhos estudando em colgio particular etc.); e e) respeito aos direitos egarantias assegurados na Constituio Federal (v.., no parece possvel que se determine o pagamento sob pena depriso ou de vedao ao exerccio da profisso, do direito de ir e vir com a apreenso do passaporte do devedoretc.). Importante destacar, por fim, que o eventual uso de medidas indutivas/coercitivas para assegurar ocumprimento de ordem judicial que reconhea e imponha o cumprimento ou a execuo de obrigao de qualquernatureza, estar sujeito a controle por agravo de instrumento, na forma do art. 1.015, pargrafo nico, do CPC/2015,ou eventualmente at Habeas Corpus ou Mandado de Segurana nos casos de se, eventualmente, colocar em riscoalgum direito fundamental, o que permite a imediata corrigenda de eventuais desvios na aplicao do importantssimodispositivo (art. 139, IV, do CPC/2015). No sentido do exposto, o Superior Tribunal de Justia, em importantejulgado, decidiu que possvel, em tese, a apreenso de passaporte do devedor para pressionar o cumprimento da

http://jota.info/artigos/o-necessario-dia-logo-entre-doutrina-e-jurisprudencia-na-concretizacao-da-atipicidade-dos-meios-executivos-21092016

obrigao (embora, no caso em concreto, concedendo a ordem para afastar a determinao ante ausncia defundamentao adequada e incapacidade de coero da medida), bem como que suspenso da CNH no viola odireito constitucional de ir e vir (motivo pelo qual o HC impetrado no foi sequer conhecido nessa parte).Basicamente, o precedente admite a atipicidade da medidas executivas e trabalha com as condicionantes aquiexpostas para aferir, no caso concreto, a eleio das medidas cabveis contra o devedor inadimplente (STJ, RHC97.876-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomo. Vide trechos do julgado no item JURISPRUDNCIASELECIONADA).

JURISPRUDNCIA SELECIONADA:

Aplicao das medidas atpicas do art. 139, IV, do CPC, execuo de ttulo extrajudicial. Enunciado 48 da ENFAM:O art. 139, IV, do CPC/2015 traduz um poder geral de efetivao, permitindo a aplicao de medidas atpicas paragarantir o cumprimento de qualquer ordem judicial, inclusive no mbito do cumprimento de sentena e no processode execuo baseado em ttulos extrajudiciais. Enunciado 12 do FPPC: A aplicao das medidas atpicas sub-rogatrias e coercitivas cabvel em qualquer obrigao no cumprimento de sentena ou execuo de ttuloexecutivo extrajudicial. Essas medidas, contudo, sero aplicadas de forma subsidiria s medidas tipificadas, comobservao do contraditrio, ainda que diferido, e por meio de deciso luz do art. 489, 1, I e II.Requisio de informaes protegidas por sigilo fiscal e bancrio. Enunciado 536 do FPPC: O juiz poder, naexecuo civil, determinar a quebra de sigilo bancrio e fiscal.Atipicidades de medidas executivas na execuo civil: "No caso dos autos, observada a mxima vnia, quanto suspenso do passaporte do executado/paciente, tenho por necessria a concesso da ordem, com determinao derestituio do documento a seu titular, por considerar a medida coercitiva ilegal e arbitrria, uma vez que restringiu odireito fundamental de ir e vir de forma desproporcional e no razovel. Com efeito, no difcil reconhecer que aapreenso do passaporte enseja embarao liberdade de locomoo do titular, que deve ser plena, e, enquantomedida executiva atpica, no prescinde, como afirmado, da demonstrao de sua absoluta necessidade e utilidade,sob pena de atingir indevidamente direito fundamental de ndole constitucional (art. 5, incisos XV e LIV). (...)Nesse passo, cumpre ressaltar que, no caso dos autos, no foi observado o contraditrio no ponto, tampouco adeciso que implementou a medida executiva atpica apresentou qualquer fundamentao grave restrio de direitodo executado. De fato, a deciso de fl. 30 limitou-se a deferir o pedido feito pelo exequente de suspenso dopassaporte e CNH, sem preocupar-se com a demonstrao de sua necessidade e utilidade. (...) Noutro ponto, noque respeita determinao judicial de suspenso da carteira de habilitao nacional, anoto que a jurisprudncia doSTJ j se posicionou no sentido de que referida medida no ocasiona ofensa ao direito de ir e vir do paciente,portanto, neste ponto o writ no poderia mesmo ser conhecido. Isso porque, inquestionavelmente, com a decretaoda medida, segue o detentor da habilitao com capacidade de ir e vir, para todo e qualquer lugar, desde que no ofaa como condutor do veculo. De fato, entender essa questo de forma diferente significaria dizer que todosaqueles que no detm a habilitao para dirigir estariam constrangidos em sua locomoo" (STJ, RHC 97.876-SP,Rel. Min. Luis Felipe Salomo, trechos do acrdo ainda antes da reviso/publicao).

CPC/2015 CPC/1973Art. 773. O juiz poder, de ofcio ou arequerimento, determinar as medidas necessrias

Sem correspondente.

ao cumprimento da ordem de entrega dedocumentos e dados.Pargrafonico. Quando, em decorrncia dodisposto neste artigo, o juzo receber dadossigilosos para os fins da execuo, o juiz adotaras medidas necessrias para assegurar aconfidencialidade.

Comentrios de Fernando da Fonseca Gajardoni:

1. No cumprimento da ordem de exibio de documentos e dados por terceiros (art. 773, caput, doCPC/2015). No cumprida pelo terceiro a ordem, emitida com arrimo no art. 772, III, do CPC/2015, de entrega dedocumentos e dados, caber ao juiz, independentemente de pedido da parte, ordenar medidas executivas sub-rogatrias (busca e apreenso) ou coercitivas/indutivas (multa) a bem da obteno das informaes desejadas, semprejuzo do encaminhamento de peas ao MP ou Polcia, para apurao da prtica do crime de desobedincia (art.330 do CP) ou prevaricao (art. 319 do CP) pelo renitente.

2. No cumprimento da ordem de exibio de documentos e dados pelo executado (art. 733, caput,do CPC/2015). Observe-se que o art. 773 do CPC/2015 diversamente do art. 772, III, do CPC/2015 no utilizaa expresso terceiro, o que sugere a possibilidade de o juiz exigir tambm da parte a entrega dos documentos oudados necessrios ao processo de execuo. A grande dificuldade compatibilizar o regramento com o disposto noart. 379 do CPC/2015, que preserva o direito de a parte no produzir prova contra si mesma. Seria a disposioimpeditiva para que fossem tomadas contra o devedor medidas em vista da no exibio de documentos e dados, porexemplo, necessrios para revelar o paradeiro de bens penhorveis? Excetuadas as sanes criminais, parece queem vista do dever de cooperao (art. 6 do CPC/2015) e das regras constantes dos arts. 400, pargrafo nico(atinente a provas), e 774, V (relativo ao dever de o devedor indicar quais so e onde esto os bens penhorveis), aresposta s pode ser positiva, isto , plenamente aplicvel ao devedor no s a terceiros o disposto no art. 773 doCPC/2015.

3. Dados confidenciais (art. 773, pargrafo nico, do CPC/2015). 3.1. Quando, por conta da requisio dedados ou documentos, o juzo receber informaes sigilosas no processo de execuo, dever adotar as medidasnecessrias para assegurar a confidencialidade dos dados, preservando a privacidade do executado ou de terceiros.Afinal, os incisos X a XII, do art. 5 da CF, estabelecem a proteo intimidade e a vida privada, garantindo odireito imagem (inclusive com a reparao moral pela violao), a inviolabilidade de domiclio, o sigilo decorrespondncia e das comunicaes telefnicas. E os arts. 3 e 4 da LC 105/2001 e 198 do Cdigo TributrioNacional garantem o sigilo fiscal e bancrio, ainda que, nestes casos, a prpria legislao de regncia excepcione aregra desde que os documentos ou dados sejam judicialmente requisitados. Questes relacionadas intimidade daspartes ou alheias, podem, portanto, ser trazidas para o processo de execuo, especialmente na busca de benspenhorveis. Por conseguinte, indispensvel que se preservem esses dados do acesso pblico, irrestrito. A quebra desigilo bancrio e fiscal das partes em cumprimento de sentena ou execuo; a vinda de dadoscomerciais/estratgicos de empresas executadas para fins de localizao de bens penhorveis; so bons exemplosde processos cuja decretao do segredo de justia recomendvel. 3.2. Tratando-se de autos fsicos, deveria ser

permitido o arquivamento dos dados confidenciais em pasta prpria, fora dos autos principais (prtica bastantecomum no foro). Haveria, por via oblqua, a decretao de um segredo de justia parcial, pese criticvel a ausnciade previso legal especfica para isto (vide GAJARDONI, Fernando da Fonseca. Teoria geral do processo :comentrios ao CPC/2015. So Paulo: Mtodo, 2015, p. 608). A jurisprudncia superior, contudo, repele talpossibilidade (STJ, REsp 1.349.363/SP, Recurso Repetitivo, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, 1 Seo, j.22.05.2013) estabelecendo a impossibilidade de arquivamento de tais dados fora dos autos do processo fsico, o queacaba por impor a desnecessria necessidade de decretao do segredo de justia integral do feito (art. 189, III, doCPC/2015). 3.3. Tratando-se de autos digitais, os sistemas operacionais utilizados pelos Tribunais permitem controlede acesso a determinados documentos ou informaes mediante senha e registro do acesso, de modo que somenteas partes do feito so capazes de visualizar os documentos confidenciais, o que suficiente para preservao daintimidade das partes e terceiros.

4. Obteno de dados protegidos por sigilo fiscal e bancrio diretamente pelo Ministrio Pblico nombito das aes coletivas . Existe verdadeira celeuma em doutrina no sentido de o sigilo bancrio estar ou nocoberto pela proteo constitucional do art. 5, X, da CF (direito