Exegese em Gn.49 - II Parte

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Segunda parte.

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1 CONTEXTO CANNICOLITERRIO

ndice

HYPERLINK \l "_Toc22485671" 1.Contexto CannicoLiterrio2HYPERLINK \l "_Toc22485672" 1.1Contexto das Escrituras2HYPERLINK \l "_Toc22485673" 1.2Contexto do Antigo Testamento3HYPERLINK \l "_Toc22485674" 1.3Contexto Prximo Anterior [Gn. 49.1-7]3HYPERLINK \l "_Toc22485675" 1.4Contexto Prximo Posterior [Gn. 49.13-33]3HYPERLINK \l "_Toc22485676" 1.5Posio no Cnon4HYPERLINK \l "_Toc22485677" 1.5.1Anlise da Relao com a Revelao Anterior4HYPERLINK \l "_Toc22485678" 1.5.2Anlise da Relao com a Revelao Posterior5HYPERLINK \l "_Toc22485679" 2Contexto HistricoCultural5HYPERLINK \l "_Toc22485680" 2.1Autoria6HYPERLINK \l "_Toc22485681" 2.2Data7HYPERLINK \l "_Toc22485682" 2.3Destinatrio7HYPERLINK \l "_Toc22485683" 2.4Contexto Histrico8HYPERLINK \l "_Toc22485684" 2.5Contexto Religioso9HYPERLINK \l "_Toc22485685" 2.6Contexto Geogrfico9HYPERLINK \l "_Toc22485686" 2.7Contexto Poltico10HYPERLINK \l "_Toc22485687" 2.8Contexto Scio-Cultural11HYPERLINK \l "_Toc22485688" 2.9Sntese Contextual12HYPERLINK \l "_Toc22485689" 3Temas Principais13HYPERLINK \l "_Toc22485690" 3.1A Autoridade Real de Jud13HYPERLINK \l "_Toc22485691" 3.2A Autoridade Real do Governante Universal14HYPERLINK \l "_Toc22485692" Bibliografia15

141.Contexto CannicoLiterrio

A percope com a qual estamos trabalhando est inserido num bloco muito importante da revelao, quando Jac abenoou os seus filhos transferindo para eles a responsabilidade de manuteno e sustentao do relacionamento pactual com Yahweh. As bnos profticas de Jac ao seus filhos a ocasio que determinar todo o restante da histria de Israel, como povo do Senhor e do Pacto. Portanto, faz-se necessrio um esforo para identificarmos certos detalhes, que muito nos ajudaro no interpretao desta passagem.

Contexto das Escrituras

As Escrituras Sagradas so consideradas pelos cristos como infalvel palavra de Deus. E ns como cristos reformados damos muito mais nfase a esta afirmativa, dizendo em nossa Confisso que elas so a nica regra de f e prtica Confisso de F de Westminster, (So Paulo: Editora Cultura Crist, 2001), 17 . E Archibald Alexander Hodge, comentando a Confisso A partir deste ponto nos referiremos a Confisso de F de Westminster apenas como Confisso., diz que existem evidncias internas divinas nas Escrituras que comprovam a sua sobrenaturalidade, e uma destas o fenmeno que ela apresenta de um inteligncia supernatural na unidade de desgnio atravs de toda a sua estrutura Hodge, Archibald Alexander, Confisso de F de Westminster Comentada, (So Paulo: Editora Os Puritanos, 1999), 63. Ento, com base na Confisso podemos de fato crer que existe um pensamento ou uma tema unificador da Escritura, o qual ligar o texto que estamos trabalhando como todo o restante da Revelao Bblica, mas qual este tema? Dr. Gerard Van Groningen aceita a existncia de um fator integrador e unificador da Escritura. Segundo Groningen este fator unificador, que ele chama poeticamente de Cordo Dourado ou Mitte, que integra e unifica toda a mensagem escriturstica a correlao de trs temas dominantes: o reino, o pacto e o mediador Meister, Mauro Fernando, Carvalho, Tarczio, Apostila de Teologia Bblica EAT 201, (So Paulo: CPPGAJ, 1995), 119 No-editada.E concordando com o Dr. Van Groningen, asseveramos que o texto com o qual estamos trabalhando (Gn. 49.8-12) est em perfeita relao com toda a Escritura, pois apresentam a ocasio em que o Patriarca Jac, um dos mediadores pactuais, abenoa seus filhos, e de modo mais direto, abenoa Jud indicando que da sua descendncia sairia o Governante Universal, que como veremos adiante um dos ofcios do Messias, que o Mediador Pactual por excelncia. As idias do Reino, Pacto e Mediao Pactual so perceptveis em todo o Antigo Testamento e finalmente so explicados no Novo Testamento Meister, Apostila de Teol. Bblica, 119. Van Groningen refora isto quando afirma que Jesus Cristo confirma a existncia destes trs conceitos unificadores ao pregar sobre o Reino e se declarar o Mediador Pactual Ibid., 199.

Contexto do Antigo Testamento

Como vimos anteriormente, o reino, o pacto e a pessoa do mediador, formam o fator de unificao de toda a Escritura. Por conta disto, podemos encontrar em todo o Antigo Testamento a progresso e continuidade deste cordo dourado. Quando dizemos continuidade porque estamos considerando o Gnesis como o momento inicial da implantao destes trs elementos de unificao. O Pacto, o Reino e a Mediao Pactual tm o seu inicio no Gnesis, eles so revelados e desenvolvidos consistentemente [em todo o] Antigo Testamento Ibid., 119. Gnesis o livro que marca o inicio das grandes doutrinas bblicas sobre Deus, criao, homem, queda e redeno. Todos os demais livros do Antigo Testamento iro tomar como base o Gnesis. E claro, muito do que aconteceu com as doze tribos de Israel, dentro do contexto bblico, tem haver com o Gn. 49. Jud se levantando como o cabea de toda a nao, um exemplo disto. Gnesis o inicio, todo o Antigo Testamento a sua continuidade. Vejamos como se comporta o texto em relao aos seus contextos prximos.

Contexto Prximo Anterior [Gn. 49.1-7]

I.Jac rene os seus filhos (vv.1-2)

II.Jac condena a imoralidade de Rben (vv.3-4)

III.Jac condena a violncia de Simeo e Levi (vv.5-7)

Contexto Prximo Posterior [Gn. 49.13-33]

I.Jac abenoa os outros filhos (vv.13-28)

II.Jac d ordens a respeito do seu sepultamento (vv.29-32)

III.Jac condena a violncia de Simeo e Levi (v.33)

Posio no Cnon

Neste ponto, necessrio que faamos uma amarrao desta percope a todo o restante das Escrituras. J identificamos que Gnesis est em harmonia como toda Escritura e com o Antigo Testamento, sendo o trao desta unio a Mitte. Tambm trabalhamos os contextos prximos, o anterior e o posterior. Resta agora identificarmos qual a relao revelacional existem neste texto como a revelao anterior e que se segue a partir dela.

Anlise da Relao com a Revelao Anterior

A noo da continuidade pactual a base para definirmos a relao do nosso texto com toda a revelao anterior. Esta continuidade expressa na renovao do pacto feito com Abrao. O pacto no foi feito apenas e exclusivamente com Abrao, mas toda a descendncia abramica estava inserido nele (Gn.12.7; 15.13-18). Posteriormente, vemos no desenvolver da histrica este pacto ser renovado com Isaque (Gn.26.24), e por fim, ele novamente renovado com Jac (Gn.28.13-15).Esta renovao e continuidade pactual feita com os descendentes de cada patriarca, porm no com todos, mas sim com aqueles a que Deus escolheu e determinou que ocorresse desta forma, este o caso de Isaque e Jac. Deus at aqui tratou e renovou o seu pacto com indivduos e nitidamente vemos esta progresso. O pacto feito com um, renovado com um e novamente renovado com um. Mas onde est a descendncia que seria como o areia do mar?Esta descendncia comea se tornar numerosa em Jac. Ele recebeu a honra de nomear o Povo do Pacto. Se anteriormente vemos o pacto sendo renovado com indivduos nicos e da mesma forma estes indivduos sendo abenoados pelo seu antecessor, em Gnesis 49, vemos o patriarca Jac abenoando todos os seus filhos, de tal modo, que as promessas pactuais so dadas aos seus filhos, mesmo que algumas delas soem mais como uma condenao. Todas as 12 tribos de Israel esto debaixo do pacto firmado inicialmente com Abrao. E eles quem daro a continuidade ao Pacto.E algo alm do Pacto surge entre as bnos proferidas por Abrao. A idia de um Reino e um Governante Universal comeam a tomar corpo. At ento, nenhum destes temas haviam aparecido ainda no Antigo Testamento, o que nos remete ao mitte, provando mais enfaticamente que este o fator de unio das Escrituras. Anlise da Relao com a Revelao Posterior

Na relao posterior retornamos ao cordo dourado, qual nos conduzir pelo restante do Antigo Testamento, at ao Novo Testamento e, assim por todo ele at alcanarmos, no Apocalipse, o Novos Cus e a Nova Terra. De acordo com Paul Hoff, alguns dos temas encontrados no Gnesis mal voltam a aparecer at que seja tratados e interpretados no Novo Testamento Hoff, Paul, O Pentateuco, (So Paulo: Editora Vida,1985), 21 . E continuando no pensamento de Hoff, o Gnesis se relaciona mais com o Novo Testamento com os outros livros do Antigo Testamento.Tomando como base o nosso texto, podemos perceber um certo destaque com relao a influncia e a fora da tribo de Jud entre as demais tribos de Israel. O desenvolvimento desta tribo como a governante de todo o Israel continua at atingir o seu pice em Davi. Nota-se neste ponto, que Jud comea exercer domnio entre as tribos irms. O cetro j pertence a Jud. E este domnio continua at a Queda de Jerusalm, quando aparentemente o cetro cai das suas mos.Deixando o Antigo Testamento, encontramos em Jesus, o filho de Davi, como o cumprimento da bno proftica de Jac a Jud. Ele quem recebe a realeza, o cetro e o domnio sobre todas as coisas. Ele o Governante Universal, alm de receber outros ofcios durante a progresso revelacional. E em Apocalipse, tudo o que teve incio em Gnesis tem a sua consumao. E em Ap.11.15, o reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinar pelos sculos dos sculos. A profecia de Jac foi plenamente cumprida em Cristo, mas ainda-no. Contexto HistricoCultural

Algo que primeiramente devemos saber que o Antigo Testamento uma revelao ordenada historicamente, e consequentemente suas progresses e ordens literrias correspondem a atual histria dos processo de Yahweh com seu povo Stuart, Douglas, Old Testament Exegesis, (Philadelphia: Westminster Press, 1980), 30. Ou como diz o Dr. Fred H. Klooster as Escrituras no caram prontas dos cus. Foram divinamente produzidas, humanamente escritas, lingsticamente qualificadas e historicamente condicionadas (ao histrica divina e humana) Klooster, Fred H., Toward a Reformed Hermeneutic, In: Paula, Jos Joo, Apostial de Metodologia Exegtica, No-editada . Portanto, uma boa anlise histrica nos auxiliar, de forma mais contundente, a explorarmos as todas possibilidades do texto.Autoria

Sempre quando falamos sobre o Antigo Testamento difcil certos elementos contextuais, como por exemplo, a autoria, isto porque a maioria dos livros do Antigo Testamento so annimos Meister, Mauro Fernando, A Questo dos Pressupostos na Interpretao de Gnesis 1.1 e 2, In: Fides Reformata, Vol. V n. 2, Julho Dezembro 2000, 149. No entanto, tradicionalmente tanto judeus como cristos tm reputado a Moiss como o autor de gnesis como do restante do Pentateuco Young, Edward J., Introduo ao Antigo Testamento, (So Paulo: Edies Vida Nova,1964), p. 39. Edward Young considera esta tradio como correta e reconhece ainda que a autoria mosaica essencial do Pentateuco pode ser mantida. Mas o que Young quer dizer com autoria mosaica essencial? De acordo com ele, Moiss no escreveu necessariamente todas as palavras contidas no Gnesis ou nos demais livros, podendo ter sido usado por ele algum tipo de registro antigo previamente existente Ibid., 52. O Dr. Mauro Meister concorda com esta posio e afirma que o contedo principal desses livros saiu das mos de Moiss e no necessariamente a verso final Meister, Pressupostos na Interpretao de Gnesis, 149 . Esta proposta feita pelo Dr. Young no fere de modo algum a idia da Inspirao Divina de Gnesis ou do restante do Pentateuco, porque a prpria Inspirao que guiou Moiss, primeiramente, aos possveis registros anteriores e as tradies orais do povo. E claro, podemos aceitar que houve um revelao sobrenatural, atravs da qual Deus mostrou certos detalhes a Moiss. E sobre esta ltima possibilidade, Willian LaSor afirma que a Torah [Pentateuco] celebrada como () fruto de uma relao ntima singular entre Deus e o seu redator humano [Moiss] La Sor, William Sanford, Hubbard, David Allan., Bush, Frederic Willian, Introduo ao Antigo Testamento, (So Paulo: Edies Vida Nova, 1999), p. 646. Existem tambm evidncias no Novo Testamento sobre a autoria mosaica. O prprio Jesus Cristo, o melhor interprete que podemos encontrar, faz referncias aos escritos do Pentateuco, evidenciando que Moiss o seu autor. Por exemplo, quando Jesus defendias seu ministrio diante dos judeus, ele disse: Moiss... escreveu a meu respeito (Jo 5.46), assim como as exposies feitas por Jesus, no caminho de Emas: comeando por Moiss (Lc 24.27; cf. 44), e tambm quando ele disse: pelo motivo de que Moiss vos deu a circunciso (Jo 7.22; At 15.1), a qual mencionada somente em (Gn 17). Portanto podemos concluir nas palavras de Wilson, citado por Young, que o Pentateuco histrico e data do tempo de Moiss; e que Moiss foi o seu autor real, ainda que talvez tenha sido revisado (), adies essas inspiradas e verazes como o resto Young, Introduo, 52.

Data

Apoiando-nos na afirmao final acima citada, entendemos que precisamos identificar primeiramente o momento histrico em que o escrito os outros livros do Pentateuco, pois uma vez que o Gnesis integra o Pentateuco, no possvel estabelecer a sua autoria e data parte da composio deste grupo Bblia de Estudo de Genebra (So Paulo e Barueri: Editora Cultura Crist e Sociedade Bblica do Brasil, 1999). facilmente perceptvel que o Gnesis no foi escrito no perodo em que ocorriam os acontecimentos nele registrados. Muito pelo contrrio, se aceitamos Moiss como o seu escritor fundamental, precisamos tambm aceitar que houve um perodo de no mnimo 300 anos entre os acontecimentos do ltimo registro de Gnesis, cerca de 1859 a.C., e o momento em foi escrito, isto simplesmente porque Moiss surge neste perodo. A melhor possibilidade que Moiss tenha escrito o Gnesis no perodo de peregrinao pelo deserto aps o xodo, mais precisamente no tempo que o acampamento israelita permaneceu diante do Sinai Paula, Jos Joo de, Apostila de Introduo ao Antigo Testamento, No-Editada.Henry Halley entende que houve um perodo de 300 anos da morte de Jos at o nascimento de Moiss, que pode aumentar para 430 se considerarmos este perodo do momento em que Jac subiu para o Egito at a sada de l Halley, Henry H., Mnual Bblico, (So Paulo: Edies Vida Nova, 1998), 106. Neste caso, pela datao anterior, e dela subtrair este perodo de 430 anos teremos o xodo acontecendo por volta de 1429 a.C., ocasio em que ocupava o trono do Egito Amenotepe II (1450-1420 a.C.) Ibid., 110. Da podemos estabelecer como provvel o perodo de dois anos que Israel permaneceu no Sinai, sendo colocado entre 1429 a 1427 a.C.

Destinatrio

Considerando Moiss como o escritor fundamental de Gnesis, assim como de todo o Pentateuco, precisamos agora definir para quem foi direcionado o presente texto. A afirmao mais bvia sobre os destinatrios deste livro que ele fora escrito para os Israelitas que saram do Egito e que estavam dirigindo-se para Cana. Sendo este o seu pblico alvo Meister, Pressupostos na Interpretao de Gnesis, 151. Mas por que o Gnesis foi escrito para os israelitas?Lembremo-nos que Gnesis foi escrito muito tempo depois dos acontecimentos nele registrados. Possivelmente era do conhecimento de muitos o que Deus havia feito na vida dos seus patriarcas. Alguns estudiosos, como Edward J. Young Young, Introduo, 52, George Lawson Lawson, George, Lectures on the History of Joseph, (Grand Rapids: The Banner of Truth Trust, 1972), 21, aceitam a possibilidade que alm da tradio oral houvesse algum tipo de escrito antigo. No entanto, havia a necessidade de um registro desta histria que servisse tanto para aquele momento como para a posteridade. Alm disso, era necessrio que o povo entendesse o que estava acontecendo com eles. Naquele momento Israel deveria entender mais a respeito desse Deus redentor. O que significava a presena do povo ali, o que Deus j fizera e o que propunha fazer por esse povo e atravs desse povo Paula, Apostila, . Logo, aceitamos a opinio de Young que o propsito de Gnesis fornecer um breve sumrio da histria da revelao divina, desde o princpio at que os israelitas foram levados para o Egito e estavam prontos para se formarem em nao teocrtica Young, Introduo, 53. A partir deste relato o povo de Israel entenderia o seu papel como o Povo do Pacto. Pois Gnesis traa uma linha que une o povo no deserto Ado, em seu envolvimento pactual, e este pacto sendo renovado com No, e posteriormente, em Abrao, Isaque e Jac. E deste modo, os hebreus poderiam entender a importncia que eles tinham como o povo que daria continuidade a esta ligao de amor e vida. Paul Hoff resume muito bem esta idia dizendo que Deus comea a redeno escolhendo um Povo Hoff, O Pentateuco, 22, e era isto que Israel precisava de saber. Contexto Histrico

Moiss escreveu o livro de Gnesis no momento em que Deus est fazendo daquele povo que sara do Egito, o seu povo. Ainda mais importante, a narrativa de Gnesis no perodo do xodo, apresenta ao povo o prlogo do pacto que Deus havia estabelecido com Abro, e que estava se cumprindo neles, ou seja, era necessrio mostrar que o relacionamento pactual consistia na promessa feita por Deus aos patriarcas, de fazer da sua descendncia eleita uma grande nao e no compromisso da nao escolhida em obedecer-lhe para, assim, tornar-se uma luz para os gentios. Bblia Estudo de Genebra

Contexto Religioso

Achados arqueolgicos tm ajudado a confirmar o que diz as Escrituras Sagradas a respeito da religio dos povos que faziam parte do contexto daquele povo que estava sendo separado por Deus para ser o seu povo, um povo com uma religio diferente, uma religio monotesta. Gleason Archer cita um destes achados:Os Tabletes Ugarticos, ou de Rs Shamra (descobertos por Schaeffer em 1929) so datados de cerca de 1400 a.C. Foram inscritos com um alfabeto de trinta e trs letras, exprimindo uma linguagem mais semelhante ao hebraico do que a qualquer dialeto conhecido das lnguas semticas. Consistem principalmente em poesias picas religiosas que se referem a divindades tais como El, Baal, Anate, Aserate e Mote, exibindo o politesmo depravado to tpico dos cananitas da poca da conquista pelos israelitas. Lasor, Introduo ao Antigo Testamento, 186.Deus queria fazer daquele povo um povo diferente, um povo que se relacionasse com o Deus verdadeiro, aquele que tem olhos para olhar, ouvidos para ouvir, boca para falar e mos para atuar com poder, diferente do que os povos estavam acostumados, pois cada um invocava vrios deuses, que nada podiam fazer por eles, pois no eram vivos como o nosso Deus. O povo de Israel, que agora havia experimentado do poder de Deus e suas maravilhas, ao livr-los com mo forte, deveriam proclamar o nico e verdadeiro Deus, Yahweh.

Contexto Geogrfico

Trs meses depois de abandonarem o Egito, a escravido, os filhos de Israel chegaram ao grupo montanhoso, mas interno, do qual toma seu nome a Pennsula do Sinai. Pode se dizer que toda essa regio ocupa aproximadamente o dobro da rea de Yorkshire. Numerosos vales a cruzam como caminhos; todos parecem conduzir ao santurio central, de onde Deus iria dar sua lei a seu povo. Alfred Edersheim. Comentrio Histrico al Antiguo Testamento. (Viladecavalls: CLIE, 1995), 321. Essa regio montanhosa recebe dois nomes distintos nas Escrituras: Horebe e Sinai, isto , um se aplica a todo o grupo de montanhas, e o segundo a uma montanha distinta do grupo, cujo topo mais alto. Segundo alguns autores o significado do nome Horebe provavelmente Montanha da terra seca e o do Sinai Montanha do espinho. Hoje todo o macio sinatico se conhece com Jebel Musa, um monte com uma larga plancie sua base, que parece ajustar-se s evidncias bblicas. Essa plancie, conhecida na atualidade com Er Rhah, que pode abrigar uma multido de milhes de pessoas. E diante dessa plancie que se eleva o Jebel Musa, do qual se erige um penhasco inferior, visvel a todas as partes da plancie. O cume chama-se Rs Sufsafeh, e provavelmente foi ali onde Deus chamou a Moiss, lhe separando do ancios que o haviam acompanhado at ali, e lhe disse: Assim falars casa de Jac e anunciars aos filhos de Israel: Tendes visto o que fiz aos egpcios, como vos levei sobre asas de guia e vos cheguei a mim.(x 19.3b e 4). Sendo assim Er Rhah deve ser onde Israel esteve, em frente ao Rs Sufsfeh Ibid, 322.. A plancie esta quase 5.000 ps sobre o nvel do mar. Em frente, separado por vales, se levanta o grupo montanhoso do Horebe (cujo ponto mais elevado de 7.363 ps), e o mesmo se projeta em cima do vale, em forma de um plpito ou um altar gigantesco, o penhasco inferior de Rs Sufsfeh (6.830 ps), a parte baixa do nosso monte, o Sinai de onde escutou a voz de Deus. Pois o Seufsfeh se eleva to abruptamente que se pode estar debaixo dele e tocar sua base literalmente. O que facilitou para o estabelecimento de fronteiras ao povo do lugar, para evitar que subissem ao monte e tocassem-no.

Contexto Poltico

Aquele povo que at ento fora escravizado, agora estafa livre, s que tinham um compromisso com o Deus Todo-Poderoso, uma aliana. A aliana um meio de estabelecer um relacionamento (que no existe por vias naturais) sancionado por um juramento proferido numa cerimnia de ratificao Lasor, Introduo ao Antigo Testamento, 186.Essa relao de aliana difere da aliana abramica apenas na parte que fica obrigada pelo juramento. Essa mudana, entretanto, produz alianas que diferem tanto na forma como na funo. Na aliana abramica, Deus havia se colocado sobre juramento, isto , obrigou-se a cumprir por si mesmo as promessas irrevogveis feitas a Abrao e sua posteridade. O que na aliana do Sinai, ocorre de modo diferenciado, pois Israel agora faz o juramento, e a obrigao obedincia s estipulaes da aliana. Por isso Moiss escreve o prlogo. Gnesis vem lembr-los do Deus criador, fiel, poderoso, soberano, justo, misericordioso, o qual a partir daquele momento se tornaria o nico Senhor e governante de suas vidas, Ele ditaria o que fazer, Ele os conduziria, Deus estaria no meio deles com sua presena, e Moiss seria sua boca, o profeta do Senhor, o homem separado e preparado por Deus para ser representante e lder daquele povo que pertencia a Yahweh.Assim, os Dez Mandamentos nunca se propuseram a instituir u sistema de observncias legais pelas quais algum pudesse alcanar a aceitao de Deus. Antes, eram estipulaes de um relacionamento marcado por uma aliana ancorada na graa Ibid., 81..

Por isso o prlogo como citado acima, relembrou o livramento bondoso concedido por Deus e assim formou um Kerigma, uma proclamao de boas novas. Porm de forma quase que paradoxal, essa aliana de graa, carregava uma ameaa terrvel. Oferecia a Israel no apenas bno pela obedincia, mas maldio pela desobedincia. Ao longo do tempo, veremos que Israel quebra a aliana tantas vezes que Deus teve de invocar as maldies.Os Dez Mandamentos, portanto, no constituem leis no sentido moderno, pois no so definidos de modo claro nem contm penalidades. Formam sim, diretrizes legais, uma formulao bsica do tipo de comportamento que a comunidade deveria se dispor a manter por obrigao. Quando Israel aceitou a aliana, surgiu a necessidade de coloca-los numa forma mais condizente com leis. Esse desdobramento encontrado no Livro da Aliana (x 20.23-23.33). Um exame minucioso mostra que a maior parte das estipulaes de 20.1-17 se repete nessa seo, em forma de leis especficas Ibid, 83..

Contexto Scio-Cultural

O contexto que envolvia aquele momento onde Israel tornava-se uma nao especfica, onde leis regeriam aquela mais nova sociedade, esta intimamente ligado com o contexto cultural especfico da aliana do Sinai. Pois a aliana ali feita, segue bem de perto a estrutura dos tratados internacionais entre um senhor feudal (ou suserano) do antigo Oriente Prximo e as pessoas a ele sujeitas (vassalos). Essa forma era amplamente conhecida e empregada durante o segundo milnio. O maior nmero de exemplos de tratados suserano-vassalo, e os mais completos, so encontrados em textos hititas dos sculos XIV e XIII a.C. descobertos em Bobhazkoy. A maior parte dos elementos dessa frmula pode ser encontrada nos textos que tratam da aliana mosaica, principalmente em x 20.1-17.Algumas evidncias tambm deixam claras que havia provises para uma cerimnia formal de ratificao pela qual o vassalo jura obedincia, em geral com sacrifcios de sangue (cf. x 24). O tratado era escrito em temos bem pessoais, no qual se empregava a forma de dilogo eu e tu.Sendo assim percebemos que Israel era e seria uma sociedade parecida de certa forma, em alguns aspectos culturais, com alguns povos, porm em termos funcionais, deveriam viver para a glria de Deus, fazendo a sua vontade, andando segundo as suas leis, proclamando-o para as outras naes. Deveriam aprender a confiar e depender dele, pois ele quem seria o suprimento daquele povo em meio ao deserto, como o foi, enviando comida, cuidando de suas vestes para que no se desfizessem, dando gua para beber e outras muitas bnos. Se eles no estivessem prontos para exercer a confiana naquele que os libertara, no poderiam vencer.

Sntese Contextual

A sntese de tudo o que estava acontecendo ali, no monte Sinai, era a revelao de Deus e da sua vontade, o que fora ouvido por Israel, que est contida nos Dez Mandamentos, ou , como chamam em hebraico no original As Dez Palavras. Foram precedidas por uma declarao do que era e havia feito Yahweh: Eu sou Yahweh teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servido. Isto como diz Calvino, citado por Alfred Edersheim, para preparar as almas do povo para a obedincia Edersheim. Comentrio Histrico, 326-327. As Dez Palavras foram logo escritas sobre as tbuas de pedra, que deveriam ser conservadas dentro da arca do pacto, estando o propiciatrio colocado de modo significativo por cima delas Ibid., 326-327. Como muito bem diz Edersheim: Nenhum homem jamais promulgou uma lei como esta, nem sequer a sonharam em seus mais elevados raciocnios. E se o homem tivesse sido capaz, pelo menos, de observ-la, sem dvida a lei tivesse introduzido felicidade e gozo para sempre. Porm o que se tornou realidade foi o conhecimento do pecado. Porm, Deus seja bendito para sempre: pois a lei foi dada por meio de Moiss, porm a graa e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo Ibid., 327. Neste momento onde Deus inicia um relacionamento pactual com seu Povo, ele se prestou a mostrar a ele que aquele acontecimento no se deu por acaso, mas que era fruto de um grande trabalho da parte do prprio Deus em escolher, chamar e preparar a nao para ser um povo diferente dos demais. Um povo que conhecia e se relacionava com o seu Deus e, mais ainda, que deveria manifestar a gloria deste Deus em todas as naes da terra, de modo que estas tambm reconhecessem Yahweh como o nico Deus verdadeiro.

Temas PrincipaisA Autoridade Real de Jud

Este o primeiro tema trabalhado em nosso texto. O que precisamos ter em mente quanto a esta percope que a Jac foi revelado, por Deus, o que haveria de acontecer com os seus filhos a partir daquele momento. Como afirma Van Groningen, esta a mensagem real de Deus revelada por meio [de Jac] Van Groningen, Gerard, Revelao Messinica no Velho Testamento, (So Paulo: Luz Para o Caminho Publicaes, 1995), 164. Joo Calvino, comentando este texto, diz que a beno que seria dada a Rben, isto , o privilgio de primogenitura foi dividido entre Jos, que recebeu poro dupla pertencendo ao seu filho mais velho, enquanto Jud recebeu a distino real Calvin, John, Genesis, (Carlisle: The Banner of Truth Trust,1979), 450. Isto acontece pelo fato da profecia sobre Jud conter duas promessas correlacionadas: o louvor dos seus irmos e o domnio sobre os seus inimigos.A tribo de Jud indicada para ser a tribo regente de todas as demais. Ela exerceria a autoridade de controlar e dirigir o desenvolvimento de Israel como nao, e agindo desta forma ela receberia a louvor da parte dos seus irmos, os quais aceitariam o seu governo. Segundo Groningen, este louvor seria expresso por toda a comunidade, o que reflete a unidade [de toda a nao] Van Groningen, Revelao Messinica, 165. Israel seria um corpo de louvor unido sob o preeminente Jud Ibid., 165.No entanto, esta liderana no seria exercida sem problemas. Nas palavras do texto, Jac mostra que Jud no estria livres de inimigos, entretanto, promessa de Jac tambm que Jud seria vitorioso Calvin, Genesis, 451. Jud teria sua mo sobre a cerviz dos seus inimigos, ele dominaria sobre todos aqueles que se opusessem contra Israel. De fato, as prprias naes, no devido tempo, de bom grado lhe prestariam obedincia Van Groningen, Revelao Messinica, 165. Estes dois elemento concedem a Jud o ofcio de um mediador real Ibid., 165. Podemos dizer que Jud recebeu esta autoridade para governar, guiar e conduzir em batalha para adquirir a vitria. A Autoridade Real do Governante Universal

Contudo toda esta autoridade se desenvolveria at que viesse Shiloh. Detalhes sobre o significado deste termo j foram discutidos anteriormente e definimos que se trata da manifesta do Messias. Mas neste ponto da revelao possvel determinarmos uma crena messinica? De acordo com Walter Kaiser Jr, o que podemos afirmar para responder a esta pergunta que existiam informaes adequadas sobre o assunto Kaiser, Jr, Walter C., Mission in the Old Testament, (Grand Rapids: Baker Book House, 2000), 47. Estas informaes adequadas so perceptveis a partir da anlise de Gn.3.15, a promessa acerca da vinda do descendente de Eva, atravs da linha de Sem (Gn.9.27), quando Deus viria e estabeleceria a sua habitao Ibid., 47.At o momento em que aconteceu a revelao atravs de Jac, era possvel, ento, entender a idia de um Rei Universal que receberia a obedincia de todos os povos (v.10b). Este rei seria o cumprimento da promessa feita a Eva. Seria aquele que esmagaria a cabea da serpente, mas tambm que guiaria todas as naes a um perodo de fartura e abundncia de vveres (Gn.49.11-12). Van Groningen confirma a nossa idia ao dizer que no final do perodo patriarcal, a promessa de um Messias pessoal, em termos de um governante a quem as pessoas ho de obedecer, foi claramente revelada Van Groningen, Revelao Messinica, 170. evidente, falando de revelao, que havia um entendimento limitado sobre o tema messinico. No h, no texto, nenhuma referncia a divindade desta pessoa Ibid., 170. O nico ofcio messinico que aparece no texto o de rei, os dois outros ofcios messinicos ainda no haviam sido regularmente estabelecidos (Profeta, em Moiss, e Sacerdote, em Aro). Logo, a perspectiva messinica encontrava-se na figura de um Rei Poderoso que reinaria soberanamente sobre todas as coisas e que descenderia de Jud.

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Seminrio Teolgico PresbiterianoRev. Denoel Nicodemos Eller

Departamento de Teologia Exegtica

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Gladson Pereira da Cunha e Silvino da Cunha Dias

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